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Brazilian Journal of Health Review 6645

ISSN: 2595-6825

Dieta ocidental e a síndrome metabólica em adolescentes ativos: uma


revisão da literatura

Western diet and the metabolic syndrome in active adolescents: a review of


literature
DOI:10.34119/bjhrv7n1-538

Recebimento dos originais: 22/01/2024


Aceitação para publicação: 12/02/2024

Talita Vilela Sancho


Pós-Graduada em Nutrologia Espotiva
Instituição: Instituto BWS
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E-mail: tali.vilela@gmail.com

Luciana Batista Ferreira Vaz


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Felipe Chalella Nogueira


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Victor Hugo Heckert


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Matheus Henrique Pizzol


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Thays Valentim de Simone


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José Itamário Hymer de Brito Costa dos Santos Oliveira


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Talles Matos de Oliveira


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Cláudio Duarte Branco de Farias


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RESUMO
Objetivo: Apresentar uma revisão abrangente sobre a síndrome metabólica (SM), abordando
sua prevalência, causas e possíveis intervenções. Métodos: Revisão da literatura atual sobre a
síndrome metabólica, incluindo estudos sobre sua epidemiologia e implicações clínicas.
Resultados: A SM afeta uma proporção significativa da população global e está associada a
complicações como doença cardíaca coronária, diabetes tipo 2 e obesidade. A prevalência está
em crescimento tanto em adultos quanto em adolescentes. A dieta, particularmente o consumo
excessivo de bebidas açucaradas, surge como um fator de risco central. A dieta mediterrânea é
apontada como uma possível intervenção benéfica.Conclusões: Dada a crescente prevalência
da SM e suas graves implicações para a saúde pública, é essencial a realização de mais pesquisas
e a implementação de intervenções direcionadas. A dieta pode desempenhar um papel crucial
tanto na prevenção quanto no tratamento da síndrome.

Palavras-chave: dieta ocidental, nutrição, síndrome metabólica, fatores de risco, doenças


cardiovasculares.

ABSTRACT
Objective: Present a comprehensive review on metabolic syndrome (MS), addressing its
prevalence, causes and possible interventions. Methods: Review of the current literature on
metabolic syndrome, including studies on its epidemiology and clinical implications. Results:
SM affects a significant proportion of the global population and is associated with
complications such as coronary heart disease, type 2 diabetes and obesity. Prevalence is
growing in both adults and adolescents. Diet, particularly excessive consumption of sugary
drinks, appears to be a central risk factor. The Mediterranean diet is pointed out as a possible
beneficial intervention.Conclusions: Given the increasing prevalence of SM and its serious
implications for public health, it is essential to carry out more research and implement targeted
interventions. Diet can play a crucial role in both the prevention and treatment of the syndrome.

Keywords: western diet, nutrition, metabolic syndrome, risk factors, cardiovascular diseases.

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1 INTRODUÇÃO
O presente artigo objetiva revisar a literatura existente sobre o impacto da dieta ocidental
na ocorrência da síndrome metabólica em adolescentes ativos. A síndrome metabólica (SM) é
uma condição clínica de crescente relevância epidemiológica, cuja prevalência tem aumentado
drasticamente nos últimos anos. De acordo com um estudo publicado pelo Journal of the
American Heart Association, a prevalência da síndrome metabólica nos Estados Unidos foi
estimada em aproximadamente 34,7% da população adulta (Moore et al., 2017). Embora a
maioria das pesquisas tenha focado em adultos, a prevalência em adolescentes também está
aumentando, justificando a necessidade de investigação e intervenção (Weiss et al., 2004).
A síndrome metabólica não é apenas preocupante por si só, mas também devido à sua
estreita associação com outras doenças potencialmente letais. A condição é frequentemente
associada à hipertensão, doença coronariana e diabetes mellitus tipo 2 (Alberti et al., 2009).
Estas doenças associadas agravam o risco de complicações cardiovasculares, aumentando a
morbimortalidade e colocando uma carga significativa nos sistemas de saúde.
Dada a sua gravidade e prevalência crescente, a necessidade de investigação sobre os
fatores contribuintes e abordagens de tratamento eficazes é imperativa. Este artigo visa
consolidar o corpo atual de conhecimento científico a este respeito, fornecendo uma base para
futuras investigações e orientações clínicas, auxiliando também profissionais e estudantes da
área a entender melhor essa condição para fins de pesquisa, assistência ou ensino.

2 METODOLOGIA
Para esta revisão da literatura, foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados
PubMed, Scopus e Web of Science, usando palavras-chave como "dieta ocidental", "síndrome
metabólica", "adolescentes" e "atividade física". Os critérios de inclusão foram estudos
publicados nos últimos dez anos, em inglês, que abordaram diretamente a relação entre a dieta
ocidental e a síndrome metabólica em adolescentes. Foram ainda utilizados referências dos
artigos encontrados neste levantamento bibliográficos, ainda que mais antigos, visto sua
relevância no tocante ao tema apresentado

3 RESULTADOS
3.1 DIETA OCIDENTAL E DIFERENÇAS CULTURAIS
A dieta ocidental, marcada pelo consumo excessivo de gorduras saturadas, açúcares
refinados e sal, contrasta nitidamente com padrões alimentares mais tradicionais, como a dieta
Oriental e Mediterrânea, que enfatiza frutas, vegetais, peixe e grãos integrais (Hu, 2002).

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Enquanto a dieta Mediterrânea está associada a um risco reduzido de doenças cardiovasculares,


a dieta ocidental tem sido ligada ao desenvolvimento da síndrome metabólica (Esposito et al.,
2014).
A revolução industrial teve um papel significativo na alteração dos padrões alimentares.
Com a mecanização da produção de alimentos e o surgimento de conservantes químicos,
tornou-se possível produzir alimentos processados e ultraprocessados em escala massiva
(Moubarac et al., 2013). Além disso, mudanças no estilo de vida, como jornadas de trabalho
mais longas, contribuíram para uma menor disponibilidade de tempo para o preparo de
alimentos saudáveis. Como resultado, alimentos ultraprocessados, que são rápidos e
convenientes, ganharam popularidade.
Por exemplo, um estudo realizado com adolescentes americanos demonstrou que mais
de 50% de sua ingestão calórica diária provém de alimentos ultraprocessados, como fast food
e bebidas açucaradas (Ambrosini et al., 2013). Esta tendência é preocupante, pois mesmo
adolescentes que mantêm níveis significativos de atividade física ainda apresentam risco
elevado de desenvolver síndrome metabólica quando aderem a uma dieta rica em alimentos
ultraprocessados.

3.2 SÍNDROME METABÓLICA


3.2.1 Definição e critérios diagnósticos ATP III
A síndrome metabólica (SM) é uma constelação de anormalidades metabólicas
interconectadas, manifestando-se como dislipidemia potencialmente aterogênica, intolerância
à glicose, estado pró-trombótico e pró-inflamatório, hipertensão e obesidade. Os critérios
diagnósticos estabelecidos pelo Terceiro Painel de Tratamento de Adultos (ATP III) do
National Cholesterol Education Program recomendam que para o diagnóstico da SM sejam
identificados três ou mais dos seguintes fatores: circunferência abdominal ≥ 102 cm em homens
ou ≥ 88 cm em mulheres, triglicerídeos ≥ 150 mg/dL, HDL-C < 40 mg/dL em homens ou < 50
mg/dL em mulheres, pressão arterial sistólica ≥ 130 mmHg ou diastólica ≥ 85 mmHg, e
glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL (Grundy et al., 2004; Alberti et al., 2009).

3.2.2 Etiologia
A etiologia da síndrome metabólica é multifatorial e decorre de uma interação complexa
entre fatores genéticos e ambientais. Variáveis genéticas, incluindo polimorfismos em genes
relacionados à homeostase da glicose e metabolismo lipídico têm sido identificados como
fatores contribuintes (Kaur, 2014). No entanto, é o ambiente obesogênico—caracterizado por

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uma dieta rica em calorias, gordura saturada e carboidratos simples, além de inatividade
física—que atua como catalisador para a expressão fenotípica da síndrome (Cornier et al.,
2008).

3.2.3 Fisiopatologia e mecanismos moleculares


Um dos mecanismos fundamentais na fisiopatologia da síndrome metabólica é a
resistência à insulina. A insulina é um hormônio anabólico que regula vários processos
metabólicos, incluindo a captação de glicose, síntese de glicogênio, lipogênese e proteossíntese.
A resistência à insulina é caracterizada por uma resposta diminuída das células-alvo—
principalmente hepatócitos, miócitos e adipócitos—a ação da insulina (Samuel & Shulman,
2016).

3.2.4 Mecanismos moleculares específicos incluem


1. Desregulação da Sinalização da Insulina: A resistência à insulina pode resultar
de defeitos na fosforilação do receptor de insulina e na subsequente ativação da cascata
de sinalização da insulina, incluindo proteínas como IRS-1 e PI3K (Taniguchi et al.,
2006).
2. Inflamação Crônica: O tecido adiposo libera citocinas pró-inflamatórias como
TNF-α e IL-6, que interferem na sinalização da insulina através da indução de vias de
sinalização inflamatórias como a via NF-κB (Hotamisligil, 2006).
3. Estresse do Retículo Endoplasmático (ER): O ER estressado ativa a resposta
de proteína desdobrada (UPR), que pode levar à resistência à insulina por meio da
fosforilação de JNK, um modulador da sinalização de insulina (Ozcan et al., 2004).
4. Disfunção Mitocondrial: A deficiência na capacidade oxidativa mitocondrial
pode levar ao acúmulo de intermediários lipídicos, que interferem na sinalização da
insulina (Petersen et al., 2004).
Esses mecanismos não são mutuamente exclusivos e muitas vezes ocorrem
simultaneamente em diferentes tecidos, contribuindo para a patogênese da síndrome
metabólica.

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3.2.5 Riscos Associados


O complexo patofisiológico da SM aumenta consideravelmente o risco de doenças
cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e mortalidade por todas as causas (Lakka et al., 2002;
Isomaa et al., 2001).
1. Doença Cardiovascular (DCV):
• A SM está fortemente associada à DCV. Estudos mostram que pessoas com SM
têm um risco 2 a 3 vezes maior de ter um evento cardiovascular, como infarto do
miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC), em comparação com aquelas sem a
síndrome (Grundy et al., 2004).
• Adicionalmente, pacientes com SM têm um risco 5 vezes maior de desenvolver
diabetes tipo 2, que é um fator de risco independente para DCV (Lakka et al., 2002).
2. Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2):
• Estima-se que a presença de SM aumente o risco de desenvolvimento de DM2
em cerca de 5 vezes (Ford, 2005).
• Globalmente, em 2019, cerca de 463 milhões de adultos (20-79 anos) tinham
diabetes, e esse número deverá aumentar para 578 milhões até 2030 (IDF Diabetes
Atlas, 9ª edição).
3. Hipertensão:
• A hipertensão é comum em indivíduos com SM e é um dos critérios diagnósticos
para a condição. Estima-se que cerca de 40% dos adultos com mais de 25 anos tinham
hipertensão em 2008, e a prevalência está aumentando (World Health Organization,
2013).
4. Doenças Hepáticas:
• A SM é um fator de risco para a doença hepática gordurosa não alcoólica
(DHGNA), que pode evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular. A prevalência
global da DHGNA é estimada em 25%, com a maior prevalência nos países do Oriente
Médio e na América do Sul, no entanto, quando avaliados especificamente indivíduos
com síndrome metabólica, sua prevalência passa para 42,5% em média (Younossi et al.,
2016).

3.2.6 Prevalência
A síndrome metabólica (SM) não é apenas uma preocupação de saúde em adultos; sua
prevalência tem sido progressivamente reconhecida em populações pediátricas, em particular

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entre adolescentes. A identificação da SM em adolescentes é preocupante devido ao potencial


de complicações em idade precoce e ao risco elevado de persistência da síndrome na vida
adulta.
Dados Globais:
• Um estudo publicado na revista "The Lancet" em 2017 indicou que,
globalmente, a prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças e adolescentes
(de 5 a 19 anos) aumentou de menos de 1% em 1975 para quase 6% em meninas e quase
8% em meninos em 2016. Esse aumento está fortemente associado à crescente
prevalência de síndrome metabólica nesta população (NCD Risk Factor Collaboration,
2017).
Dados Específicos:
• Nos Estados Unidos, uma análise dos dados do National Health and Nutrition
Examination Survey (NHANES) 2011-2016 mostrou que a prevalência da SM em
adolescentes (de 12 a 19 anos) foi de aproximadamente 9,1%. Notavelmente, a
prevalência foi substancialmente maior entre aqueles com obesidade (Cook et al., 2018).
A prevalência da SM em adultos foi de aproximadamente 34% entre 1999 e 2006 (Ervin,
2009)
• Na Europa, um estudo multicêntrico conduzido em dez cidades revelou que a
prevalência da SM entre adolescentes variou de 2% a 23%, dependendo da cidade e dos
critérios diagnósticos utilizados (Moreno et al., 2007). A prevalência da SM em adultos
varia consideravelmente entre os países europeus. Em alguns lugares, pode chegar a
24% em homens e 22% em mulheres, dependendo da definição usada e da população
estudada (Zabetian et al., 2005).
• No Brasil, um estudo de 2016 envolvendo adolescentes de 12 a 17 anos de
escolas públicas e privadas em São Paulo mostrou que a prevalência da SM foi de 2,6%,
sendo mais frequente em meninos do que em meninas e mais comum em adolescentes
com excesso de peso (Cureau et al., 2016).
• Em áreas rurais da China, por exemplo, onde a dieta é menos ocidentalizada, a
prevalência da SM foi significativamente mais baixa do que nas áreas urbanas, estando
em torno de 10,5% (Gu et al., 2005).
• Nas zonas rurais da África, a prevalência da SM tende a ser baixa, mas está em
ascensão, particularmente nas áreas urbanas. Em algumas áreas urbanas da África,
devido à modificação dietetica, a prevalência pode ser comparável à das populações
ocidentais. Por exemplo, em estudos urbanos em Camarões, a prevalência variou de

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12,1% a 35,9%, dependendo da população e do critério diagnóstico usado (Fezeu et al.,


2007)

4 CONCLUSÃO
A associação entre modificações dietéticas e a ocorrência da síndrome metabólica (SM)
tem sido uma área de estudo proeminente na epidemiologia nutricional. A transição da dieta
tradicional para uma dieta ocidentalizada, rica em alimentos ultraprocessados, gorduras
saturadas e açúcares adicionados, tem mostrado uma correlação positiva com o aumento da
prevalência da SM em várias populações.
A adolescência é um período crítico de desenvolvimento físico, metabólico e endócrino.
A exposição a fatores de risco para SM durante esses anos formativos pode predispor os
indivíduos a complicações a longo prazo, acelerando a patogênese de várias comorbidades. A
presença de SM na adolescência está associada ao desenvolvimento precoce de doenças
cardíacas, diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão. Estas são condições que tradicionalmente eram
vistas principalmente em adultos mais velhos, mas agora estão se manifestando em idades cada
vez mais jovens (Steinberger & Daniels, 2003).
A fisiopatologia por trás dessa associação é multifacetada. A dieta ocidental, por ser rica
em calorias, promove um balanço energético positivo, levando ao acúmulo de adiposidade,
especialmente a visceral. A adiposidade visceral é metabolicamente ativa, secreta uma
variedade de citocinas pró-inflamatórias e está implicada na resistência à insulina, um
componente chave da SM (Després & Lemieux, 2006). Esta resistência à insulina precoce,
quando presente na adolescência, pode levar a um curso acelerado de deterioração da função
das células beta pancreáticas, predispondo ao diabetes tipo 2 (Weiss et al., 2005).
Mais alarmante é o fato de que o desenvolvimento precoce de SM e suas comorbidades
associadas na adolescência pode se traduzir em uma morbimortalidade cardiovascular
aumentada na meia-idade. O risco cardiovascular aumentado, juntamente com outros riscos
associados à SM, como a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e a aterosclerose
precoce, pode resultar em uma expectativa de vida reduzida e uma qualidade de vida diminuída
para esses indivíduos (Morrison et al., 2008).
Em resumo, a adoção de dietas ocidentais e a subsequente elevação da prevalência da
SM na adolescência têm implicações significativas para a saúde pública global. Intervenções
precoces, centradas na promoção de padrões dietéticos saudáveis e na prevenção da SM na
adolescência, podem ser ferramentas cruciais para reverter essa tendência alarmante e melhorar
a trajetória de saúde de futuras gerações.

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