Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISSN: 2595-6825
RESUMO
Objetivo: Apresentar uma revisão abrangente sobre a síndrome metabólica (SM), abordando
sua prevalência, causas e possíveis intervenções. Métodos: Revisão da literatura atual sobre a
síndrome metabólica, incluindo estudos sobre sua epidemiologia e implicações clínicas.
Resultados: A SM afeta uma proporção significativa da população global e está associada a
complicações como doença cardíaca coronária, diabetes tipo 2 e obesidade. A prevalência está
em crescimento tanto em adultos quanto em adolescentes. A dieta, particularmente o consumo
excessivo de bebidas açucaradas, surge como um fator de risco central. A dieta mediterrânea é
apontada como uma possível intervenção benéfica.Conclusões: Dada a crescente prevalência
da SM e suas graves implicações para a saúde pública, é essencial a realização de mais pesquisas
e a implementação de intervenções direcionadas. A dieta pode desempenhar um papel crucial
tanto na prevenção quanto no tratamento da síndrome.
ABSTRACT
Objective: Present a comprehensive review on metabolic syndrome (MS), addressing its
prevalence, causes and possible interventions. Methods: Review of the current literature on
metabolic syndrome, including studies on its epidemiology and clinical implications. Results:
SM affects a significant proportion of the global population and is associated with
complications such as coronary heart disease, type 2 diabetes and obesity. Prevalence is
growing in both adults and adolescents. Diet, particularly excessive consumption of sugary
drinks, appears to be a central risk factor. The Mediterranean diet is pointed out as a possible
beneficial intervention.Conclusions: Given the increasing prevalence of SM and its serious
implications for public health, it is essential to carry out more research and implement targeted
interventions. Diet can play a crucial role in both the prevention and treatment of the syndrome.
Keywords: western diet, nutrition, metabolic syndrome, risk factors, cardiovascular diseases.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo objetiva revisar a literatura existente sobre o impacto da dieta ocidental
na ocorrência da síndrome metabólica em adolescentes ativos. A síndrome metabólica (SM) é
uma condição clínica de crescente relevância epidemiológica, cuja prevalência tem aumentado
drasticamente nos últimos anos. De acordo com um estudo publicado pelo Journal of the
American Heart Association, a prevalência da síndrome metabólica nos Estados Unidos foi
estimada em aproximadamente 34,7% da população adulta (Moore et al., 2017). Embora a
maioria das pesquisas tenha focado em adultos, a prevalência em adolescentes também está
aumentando, justificando a necessidade de investigação e intervenção (Weiss et al., 2004).
A síndrome metabólica não é apenas preocupante por si só, mas também devido à sua
estreita associação com outras doenças potencialmente letais. A condição é frequentemente
associada à hipertensão, doença coronariana e diabetes mellitus tipo 2 (Alberti et al., 2009).
Estas doenças associadas agravam o risco de complicações cardiovasculares, aumentando a
morbimortalidade e colocando uma carga significativa nos sistemas de saúde.
Dada a sua gravidade e prevalência crescente, a necessidade de investigação sobre os
fatores contribuintes e abordagens de tratamento eficazes é imperativa. Este artigo visa
consolidar o corpo atual de conhecimento científico a este respeito, fornecendo uma base para
futuras investigações e orientações clínicas, auxiliando também profissionais e estudantes da
área a entender melhor essa condição para fins de pesquisa, assistência ou ensino.
2 METODOLOGIA
Para esta revisão da literatura, foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados
PubMed, Scopus e Web of Science, usando palavras-chave como "dieta ocidental", "síndrome
metabólica", "adolescentes" e "atividade física". Os critérios de inclusão foram estudos
publicados nos últimos dez anos, em inglês, que abordaram diretamente a relação entre a dieta
ocidental e a síndrome metabólica em adolescentes. Foram ainda utilizados referências dos
artigos encontrados neste levantamento bibliográficos, ainda que mais antigos, visto sua
relevância no tocante ao tema apresentado
3 RESULTADOS
3.1 DIETA OCIDENTAL E DIFERENÇAS CULTURAIS
A dieta ocidental, marcada pelo consumo excessivo de gorduras saturadas, açúcares
refinados e sal, contrasta nitidamente com padrões alimentares mais tradicionais, como a dieta
Oriental e Mediterrânea, que enfatiza frutas, vegetais, peixe e grãos integrais (Hu, 2002).
3.2.2 Etiologia
A etiologia da síndrome metabólica é multifatorial e decorre de uma interação complexa
entre fatores genéticos e ambientais. Variáveis genéticas, incluindo polimorfismos em genes
relacionados à homeostase da glicose e metabolismo lipídico têm sido identificados como
fatores contribuintes (Kaur, 2014). No entanto, é o ambiente obesogênico—caracterizado por
uma dieta rica em calorias, gordura saturada e carboidratos simples, além de inatividade
física—que atua como catalisador para a expressão fenotípica da síndrome (Cornier et al.,
2008).
3.2.6 Prevalência
A síndrome metabólica (SM) não é apenas uma preocupação de saúde em adultos; sua
prevalência tem sido progressivamente reconhecida em populações pediátricas, em particular
4 CONCLUSÃO
A associação entre modificações dietéticas e a ocorrência da síndrome metabólica (SM)
tem sido uma área de estudo proeminente na epidemiologia nutricional. A transição da dieta
tradicional para uma dieta ocidentalizada, rica em alimentos ultraprocessados, gorduras
saturadas e açúcares adicionados, tem mostrado uma correlação positiva com o aumento da
prevalência da SM em várias populações.
A adolescência é um período crítico de desenvolvimento físico, metabólico e endócrino.
A exposição a fatores de risco para SM durante esses anos formativos pode predispor os
indivíduos a complicações a longo prazo, acelerando a patogênese de várias comorbidades. A
presença de SM na adolescência está associada ao desenvolvimento precoce de doenças
cardíacas, diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão. Estas são condições que tradicionalmente eram
vistas principalmente em adultos mais velhos, mas agora estão se manifestando em idades cada
vez mais jovens (Steinberger & Daniels, 2003).
A fisiopatologia por trás dessa associação é multifacetada. A dieta ocidental, por ser rica
em calorias, promove um balanço energético positivo, levando ao acúmulo de adiposidade,
especialmente a visceral. A adiposidade visceral é metabolicamente ativa, secreta uma
variedade de citocinas pró-inflamatórias e está implicada na resistência à insulina, um
componente chave da SM (Després & Lemieux, 2006). Esta resistência à insulina precoce,
quando presente na adolescência, pode levar a um curso acelerado de deterioração da função
das células beta pancreáticas, predispondo ao diabetes tipo 2 (Weiss et al., 2005).
Mais alarmante é o fato de que o desenvolvimento precoce de SM e suas comorbidades
associadas na adolescência pode se traduzir em uma morbimortalidade cardiovascular
aumentada na meia-idade. O risco cardiovascular aumentado, juntamente com outros riscos
associados à SM, como a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e a aterosclerose
precoce, pode resultar em uma expectativa de vida reduzida e uma qualidade de vida diminuída
para esses indivíduos (Morrison et al., 2008).
Em resumo, a adoção de dietas ocidentais e a subsequente elevação da prevalência da
SM na adolescência têm implicações significativas para a saúde pública global. Intervenções
precoces, centradas na promoção de padrões dietéticos saudáveis e na prevenção da SM na
adolescência, podem ser ferramentas cruciais para reverter essa tendência alarmante e melhorar
a trajetória de saúde de futuras gerações.
REFERÊNCIAS
Alberti, K. G., Eckel, R. H., Grundy, S. M., Zimmet, P. Z., Cleeman, J. I., Donato, K. A., ... &
Smith, S. C. (2009). Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the
International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart,
Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International
Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation,
120(16), 1640-1645.
Ambrosini, G. L., Oddy, W. H., Huang, R. C., Mori, T. A., Beilin, L. J., & Jebb, S. A. (2013).
Prospective associations between sugar-sweetened beverage intakes and cardiometabolic risk
factors in adolescents. The American Journal of Clinical Nutrition, 98(2), 327-334.
Cook, S., Weitzman, M., Auinger, P., & Nguyen, M. (2018). Prevalence of a Metabolic
Syndrome Phenotype in Adolescents: Findings From the Third National Health and Nutrition
Examination Survey, 1988-1994. Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, 157(8), 821–
827.
Cornier, M. A., Dabelea, D., Hernandez, T. L., Lindstrom, R. C., Steig, A. J., Stob, N. R., ... &
Eckel, R. H. (2008). The metabolic syndrome. Endocrine Reviews, 29(7), 777-822.
Cureau, F. V., Bloch, K. V., Henz, A., Schaan, C. W., & Ekelund, U. (2016). Prevalence of
metabolic syndrome in Brazilian adolescents: a systematic review and meta-analysis. BMC
Public Health, 16(1), 1049.
Després, J. P., & Lemieux, I. (2006). Abdominal obesity and metabolic syndrome. Nature,
444(7121), 881-887.
Ervin, R. B. (2009). Prevalence of metabolic syndrome among adults 20 years of age and over,
by sex, age, race and ethnicity, and body mass index: United States, 2003-2006. National health
statistics reports, (13), 1-7.
Esposito, K., Kastorini, C. M., Panagiotakos, D. B., & Giugliano, D. (2014). Mediterranean
diet and metabolic syndrome: an updated systematic review. Reviews in Endocrine and
Metabolic Disorders, 15(3), 213-220.
Ford, E. S. (2005). Risks for all-cause mortality, cardiovascular disease, and diabetes associated
with the metabolic syndrome: a summary of the evidence. Diabetes care, 28(7), 1769-1778.
Friend, A., Craig, L., & Turner, S. (2013). The prevalence of metabolic syndrome in children:
A systematic review of the literature. Metabolic Syndrome and Related Disorders, 11(2), 71-
80.
Grundy, S. M., Cleeman, J. I., Daniels, S. R., Donato, K. A., Eckel, R. H., Franklin, B. A., ...
& Costa, F. (2004). Diagnosis and management of the metabolic syndrome: an American Heart
Association/National Heart, Lung, and Blood Institute scientific statement. Circulation,
112(17), 2735-2752.
Grundy, S. M., Hansen, B., Smith, S. C., Cleeman, J. I., & Kahn, R. A. (2004). Clinical
management of metabolic syndrome: report of the American Heart Association/National Heart,
Lung, and Blood Institute/American Diabetes Association conference on scientific issues
related to management. Arteriosclerosis, thrombosis, and vascular biology, 24(2), e19-e24.
Hotamisligil, G. S. (2006). Inflammation and metabolic disorders. Nature, 444(7121), 860-867.
Hu, F. B. (2002). Dietary pattern analysis: a new direction in nutritional epidemiology. Current
Opinion in Lipidology, 13(1), 3-9.
IDF Diabetes Atlas, 9ª edição, International Diabetes Federation, 2019.
Isomaa, B., Almgren, P., Tuomi, T., Forsén, B., Lahti, K., Nissén, M., ... & Groop, L. (2001).
Cardiovascular morbidity and mortality associated with the metabolic syndrome. Diabetes
Care, 24(4), 683-689.
Kaur, J. (2014). A comprehensive review on metabolic syndrome. Cardiology Research and
Practice, 2014.
Lakka, H. M., Laaksonen, D. E., Lakka, T. A., Niskanen, L. K., Kumpusalo, E., Tuomilehto,
J., & Salonen, J. T. (2002). The metabolic syndrome and total and cardiovascular disease
mortality in middle-aged men. Jama, 288(21), 2709-2716.
Moreno, L. A., Pineda, I., Rodriguez, G., Fleta, J., Sarría, A., Bueno, M., & Committee, R. A.
(2002). Waist circumference for the screening of the metabolic syndrome in children. Acta
Paediatrica, 91(12), 1307-1312.
Mozumdar, A., & Liguori, G. (2011). Persistent increase of prevalence of metabolic syndrome
among US adults: NHANES III to NHANES 1999-2006. Diabetes care, 34(1), 216-219.
O'Neill, S., & O'Driscoll, L. (2015). Metabolic syndrome: a closer look at the growing epidemic
and its associated pathologies. Obesity Reviews, 16(1), 1-12.
Ros, E., & Martínez-González, M. A. (2014). Mediterranean diet and prevention of coronary
heart disease in the elderly. Clinical interventions in aging, 3, 97.
Saklayen, M. G. (2018). The global epidemic of the metabolic syndrome. Current Hypertension
Reports, 20(2), 12.
Simão, A. F., Précoma, D. B., Andrade, J. P., Correa, H., Saraiva, J. F. K., Oliveira, G. M. M.,
... & Lima, J. J. G. (2020). I Brazilian Guidelines for cardiovascular prevention. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, 103(2), 1-63.
Srinivasan, S. R., Bao, W., Wattigney, W. A., & Berenson, G. S. (1996). Adolescent overweight
is associated with adult overweight and related multiple cardiovascular risk factors: The
Bogalusa Heart Study. Metabolism, 45(2), 235-240.
Thorsdottir, I., Ramel, A., Palsson, G. I., & Tomasson, H. (2006). Randomized trial of weight-
loss-diets for young adults varying in fish and fish oil content. International Journal of Obesity,
30(10), 1560-1566.
Tremblay, A., & Gilbert, J. A. (2009). Milk products, insulin resistance syndrome and type 2
diabetes. Journal of the American College of Nutrition, 28(sup1), 91S-102S.
Vancampfort, D., Stubbs, B., Mitchell, A. J., De Hert, M., Wampers, M., Ward, P. B., ... &
Correll, C. U. (2015). Risk of metabolic syndrome and its components in people with
schizophrenia and related psychotic disorders, bipolar disorder and major depressive disorder:
a systematic review and meta-analysis. World Psychiatry, 14(3), 339-347.
World Health Organization. (2008). Waist circumference and waist-hip ratio: report of a WHO
expert consultation, Geneva, 8-11 December 2008.