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ISSN: 2595-6825
DOI:10.34119/bjhrv4n2-044
Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.2, p. 4570-4581 mar./apr. 2021
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RESUMO
INTRODUÇÃO: A obesidade é uma doença multifatorial, associada a múltiplas
comorbidades, e representa um grande e crescente risco para a saúde a nível global. O
aumento gradual no número de pacientes pediátricos obesos no mundo tem adquirido
destaque no âmbito dos estudos e pesquisas que abordam as possibilidades de assistência
terapêutica. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As principais terapias não-farmacológicas
da obesidade infantil incluem mudança do estilo de vida, suplementação de Ômega-3, uso
de prebióticos e dietas com restrição calórica, que a longo prazo apresentam baixa adesão
dos pacientes pediátricos. O uso de inulina enriquecida com oligofrutose promoveu
melhoria na composição corporal além de uma diminuição de Interleucina-6 e
triglicerídeos e uma alteração da microbiota. Já o uso isolado de ômega-3 apresentou
resposta satisfatória na hipertrigliceridemia sem alterações de IMC e perfis glicêmico e
lipídico. Na abordagem farmacológica, a Metformina é o tratamento padrão para crianças
pré-diabéticas e adolescentes obesos. Foi percebido em um ensaio clínico randomizado
que esse medicamento diminui o IMC, porém não aumenta a sensibilidade insulínica. Já
o Orlistate possui uma eficácia modesta, enquanto o uso da Liraglutida foi considerado
seguro na população pediátrica e positivo para a redução de IMC. Em uma metanálise
com significância estatística, metformina, sibutramina e orlistat demonstraram mudança
no IMC dos pacientes. A abordagem familiar demonstrou grande importância no
tratamento da obesidade infantil. O envolvimento assíduo dos pais contribui
positivamente para o sucesso da terapêutica. Em contrapartida, o fraco envolvimento
familiar foi considerado um entrave para o tratamento da obesidade. E intervenções
baseadas na família mostraram-se mais efetivas do que atuações educacionais
individualizadas e farmacológicas. CONCLUSÃO: Os resultados encontrados até então
demonstram que a literatura científica atual ainda carece de ensaios e estudos clínicos
adicionais acerca da aplicabilidade das abordagens terapêuticas na obesidade infantil.
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ABSTRACT
INTRODUCTION Obesity is a multifactorial disease, associated with multiple
comorbidities, and represents a large and growing health risk globally. The gradual
increase in the number of obese pediatric patients worldwide has gained prominence in
the scope of studies and research that address the possibilities of therapeutic assistance.
RESULTS AND DISCUSSION: The main non-pharmacological therapies for childhood
obesity include lifestyle changes, Omega-3 supplementation, use of prebiotics and
calorie-restricted diets, which in the long term have low adherence among pediatric
patients. The use of inulin enriched with oligofructose promoted an improvement in body
composition in addition to a decrease in Interleukin-6 and triglycerides and a change in
the microbiota. Already the isolated use of omega-3 shows a satisfactory response in
hypertriglyceridemia without changes in BMI and glycemic and lipid profiles. In the
pharmacological approach, Metformin is the standard treatment for pre-diabetic children
and obese adolescents. It was noticed in a randomized clinical trial that this drug decreases
BMI, but does not increase insulin sensitivity. Orlistate has a modest efficacy, while the
use of Liraglutide was considered safe in the pediatric population and positive for
reducing BMI. In a meta-analysis with statistical significance, metformin, sibutramine
and orlistat showed a change in patients' BMI. The family approach has shown great
importance in the treatment of childhood obesity. The parents' assiduous involvement
contributes positively to the success of the therapy. In contrast, weak family involvement
was considered an obstacle to the treatment of obesity. And family-based interventions
proved to be more effective than individualized and pharmacological educational
activities. CONCLUSION The results found so far demonstrate that the current scientific
literature still lacks additional clinical trials and studies about the applicability of
therapeutic approaches in childhood obesity.
1 INTRODUÇÃO
A obesidade é uma síndrome grave e em ascensão. Definida pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) como excesso de massa gorda corporal e Índice de Massa
Corporal (IMC) acima de 30 Kg/m2, essa doença se desenvolve de forma ainda mais
complexa na população pediátrica. A obesidade infantil é definida segundo variáveis
como: idade, altura e sexo da criança ou do adolescente, uma vez que na pediatria, a faixa
etária e as características sexuais primárias e secundárias influenciam na composição
corporal. Por se tratar de uma doença multifatorial, pode ser causada por motivos
genéticos, metabólicos, psicológicos, socioeconômicos e bioquímicos, resultando em
uma dificuldade de escolha na estratégia de tratamento que quase nunca é única e
padronizada. Entender e analisar as opções mais atualizadas ao escolher uma abordagem
terapêutica adequada no tratamento da obesidade infantil é essencial para um prognóstico
positivo. (BAHIA L, et al., 2019).
Esta condição clínica é um problema de saúde de abrangência mundial e predispõe
o indivíduo obeso ao desenvolvimento de diversas patologias que envolvem
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2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.1 ABORDAGEM NÃO-FARMACOLÓGICA
Segundo o comitê norte americano especialista em avaliação, prevenção e
tratamento de sobrepeso e obesidade na infância e na adolescência a abordagem deve ser
feita em quatro estágios:
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Kg (0 a 4) e por isso caiu em desuso para perda de peso (MORALES CAMACHO WJ, et
al., 2019).
No ensaio clínico realizado utilizando placebo e Metformina, os resultados obtidos
foram: em comparação ao placebo, crianças tratadas com Metformina apresentaram após
6 meses: redução do IMC, a leptina e a proporção leptina/adiponectina de alto peso
molecular. Após 12 meses, além dos resultados anteriores, apresentaram também redução
da proteína C- reativa ultrassensível, da espessura da íntima- média da carótida e da
gordura corporal e hepática. Após 24 meses, houve redução da pontuação do IMC,
leptina, proporção de leptina/ adiponectina de alto peso molecular. Já a proteína C-reativa
ultrassensível e gordura hepática foram mantidas (BASSOLS J, et al., 2019).
Em crianças pré-púberes e púberes, com o uso de Metformina e placebo, observou-
se, em comparação ao placebo, que as crianças do grupo pré-púbere tratadas com
metformina apresentaram: redução do escore Z do IMC e níveis de interferon-γ e do
inibidor-1 do ativador do plasminogênio total; aumento no índice de verificação de
sensibilidade à insulina quantitativa e na relação adiponectina-leptina. Já no grupo
púbere, não houve alterações entre grupo placebo versus metformina. Foram relatados
efeitos colaterais nos dois grupos, sendo nenhum desses grave. (PASTOR-
VILLAESCUSA B, et al., 2017).
Esse resultado vai ao encontro com o achados de uma revisão sistemática realizada
nas bases PubMed e MEDLINE. Foram incluídos 5 ensaios clínicos randomizados em
que também foi possível perceber que a metformina diminuiu o IMC dos pacientes
obesos, mas não aumentou a sensibilidade insulínica. (COMINATO L, et al., 2015)
A eficácia do Orlistat no tratamento da obesidade infantil é modesta, após um ano
comparando Orlistat com placebo, demonstrou diferença menor que 1kg/m2. (KUMAR
S, KELLY AS., 2017). Esses resultados diferem do que foi encontrado em um ensaio
clínico randomizado duplo-cego com 528 adolescentes participantes. 348 pacientes
fizeram uso do orlistate e 180, placebos. E, após 1 ano de estudo, 26,5% dos pacientes
do grupo em uso do medicamento perderam pelo menos 5% de sua massa e 13,3%
perderam pelo menos 10%. Ao passo que no grupo placebo a perda de massa foi menor,
onde 15,7% dos indivíduos perderam 5% e apenas 4,5% perderam 10% (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2019).
O uso da Liraglutida foi considerado seguro na população pediátrica (faixa etária
pesquisada: 7 – 11 anos e 12 a 17 anos), sendo positivo para redução de IMC/obesidade
(MASTRANDREA LD, et al., 2019).
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ao que necessita. Esta vivência é de caráter subjetivo e é modulada pela gama de afetos
que cercam esse vínculo. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2019)
Diante disso, um aspecto importante a respeito dos trabalhos que descrevem ou
relatam intervenções no estilo de vida de crianças e adolescentes, dizem respeito ao
envolvimento familiar nesse processo. De acordo com Gaspar, et. al., (2014) o
envolvimento dos pais tem sido um componente essencial nos estudos sobre o tratamento
da obesidade infantil, pois, sabe-se que o fraco envolvimento familiar pode se tornar um
obstáculo ao progresso do tratamento. Os autores ainda sugerem que as abordagens
baseadas na família conseguem melhores reduções no sobrepeso infantil do que as
intervenções farmacológicas e educacionais individualizadas.
A negação ou o desconhecimento sobre os efeitos deletérios da obesidade para a
saúde são fatores que podem postergar a busca por ajuda profissional e o início do
tratamento. É notório que algumas crianças já enfrentam efeitos negativos da obesidade,
principalmente na execução de tarefas simples do dia a dia e durante as práticas esportivas
e, nestes casos, as famílias reconhecem mais facilmente a obesidade como problema de
saúde se comparadas com aquelas crianças em que os reflexos negativos ainda não se
manifestaram. (BORGES F, et al., 2013). Os bloqueios nas famílias em considerar o
excesso de peso estão frequentemente relacionados ao não reconhecimento da obesidade
como doença ou dos problemas de saúde que ela pode acarretar (Moraes PM e Dias
CMSB, 2013).
A família é considerada a principal influência ambiental para a criança e o
conhecimento que ela tem sobre os alimentos não advém apenas de suas experiências,
mas também da observação do comportamento alimentar do outro, e, nesses casos, dado
a proximidade, sobressaem as escolhas alimentares da família (KIM HF, et al., 2016). A
família pode intervir no desenvolvimento e na continuidade da obesidade na infância.
Quando são evidenciadas relações conflituosas, com vínculos frágeis e estressantes,
transmite-se às crianças a insegurança emocional, de tal modo que a família deixa de ser
reconhecida como um ambiente acolhedor e seguro (HONDT ED, et al., 2013)
5 CONCLUSÃO
O aumento global na incidência da obesidade infantil tem conquistado a atenção
da medicina no âmbito das pesquisas clínicas que abordam as possíveis estratégias
terapêuticas mais atualizadas e eficazes para o manejo do quadro e suas comorbidades,
uma vez que representam um risco exponencial à saúde. O tratamento abordado pelos
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