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ISSN: 2525-8761
RESUMO
A endometriose é definida como a presença anormal de tecido endometrial fora da
cavidade uterina, manifestando-se como uma condição inflamatória crônica, benigna,
estrogênio-dependente e grande causadora de dor e infertilidade. Essa afecção atinge
cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva e afeta mais de 170 milhões de mulheres
no mundo, apresentando seu pico de incidência entre 25 e 45 anos de idade e a sua
prevalência aumenta em mulheres com dismenorreia, infertilidade e/ou dor pélvica. Os
mecanismos dessa condição não são completamente conhecidos, mas entre eles,
coexistem fatores etiológicos, congênitos, ambientais, genéticos, autoimunes,
imunológicos e endócrinos. A sintomatologia da endometriose é diversa, porém, destaca-
se dor pélvica crônica, dismenorreia e infertilidade. A anamnese e o exame físico dessa
patologia revelam queixa principal de dor, em suas mais variadas durações, formas e
localidades, sendo primariamente citadas dor pélvica cíclica, dismenorreia, dor
periovulatória, dor pélvica crônica não cíclica, dispareunia posicional ou permanente,
disquezia e disúria. Os fatores genéticos mais comuns relacionados ao risco de
endometriose estão localizados em sequências reguladoras de DNA, que acabam por
alterar a regulação da transcrição gênica. A ultrassonografia transvaginal é um exame
básico no diagnóstico da endometriose, sendo uma ferramenta investigativa e técnica de
imagem de primeira linha em pacientes com suspeita de tal afecção. A tomografia
computadorizada não detém papel na avaliação de rotina da endometriose, exceto em
poucos e particulares cenários. A laparoscopia com confirmação simultânea no exame
histopatológico é o padrão ouro para o diagnóstico. As terapêuticas possíveis são o
controle de sintomas, melhora da qualidade de vida das pacientes, manutenção da
fertilidade, redução da recorrência e das abordagens cirúrgicas. A abordagem cirúrgica,
ainda que não seja a indicação primária, tem extrema valia e o método usado varia
conforme a clínica do paciente, sendo a videolaparoscopia o método preferencial de
tratamento.
ABSTRACT
Endometriosis is defined as the abnormal presence of endometrial tissue outside the
uterine cavity, manifesting as a chronic, benign, estrogen-dependent inflammatory
condition and a major cause of pain and infertility. This condition affects about 10% of
women of reproductive age and affects more than 170 million women worldwide, with
its peak incidence between 25 and 45 years of age and its prevalence increases in women
with dysmenorrhea, infertility and/or pain. pelvic. The mechanisms of this condition are
not completely known, but etiological, congenital, environmental, genetic, autoimmune,
1 INTRODUÇÃO
A endometriose é uma manifestação clínica de alterações celulares atípicas que se
faz presente fora do tecido uterino, sendo essas mais associadas a região ovariana e
pélvica (BROI; FERRIANI; NAVARRO, 2019; DELLA CORTE et al., 2020;
BRICHANT et al., 2021). Nesse sentido, apesar da origem dessas manifestações ser
incerta, alguns fatores congênitos, ambientais, epigenéticos, autoimunes e alergias são
associados recorrentemente em pesquisas visando entender melhor o desenvolvimento
desse quadro. Atualmente, acredita-se que o mecanismo primário da formação de focos
endometrióticos seja a menstruação retrógrada. No entanto, ocorre também o
desenvolvimento do quadro da endometriose em pacientes saudáveis o que evidencia a
presença de outros possíveis fatores que são influentes no quadro (SMOLARZ; SZYŁŁO;
ROMANOWICZ, 2021).
Durante o desenvolvimento dessa patologia temos a dependência do estrogênio
para o desenvolvimento da proliferação celular e esse fator é diretamente relacionado com
a presenca de dor e infertilidade em cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva
(BRICHANT et al., 2021). A patogênese dessa doença é complexa e o seu tratamento
inclui o atendimento médico adequado e em alguns casos a intervenção cirúrgica (BROI;
FERRIANI; NAVARRO, 2019; DELLA CORTE et al., 2020).
A atual diretriz de tratamento se baseia n22-o alívio dos sintomas da dor. Apesar
de existirem alguns medicamentos desenvolvidos para o tratamento do quadro, esses são
recorrentemente associados a quadros de indução de amenorreia em pacientes o que
dificulta a sua adesão e demonstra a necessidade de se desenvolver medicamentos mais
específicos e direcionados para a endometriose. Esses medicamentos são frequentemente
rejeitados nos critérios de direcionamento do tratamento da doença uma vez que a maior
parte possui como mecanismo de ação principal seja a cura ao invés da supressão dos
mecanismos da doença pois podem causar a não redução da dor, infertilidade continua,
efeitos colaterais significativos e em sua maioria irão provocar problemas na
contracepção e desenvolvimento da gravidez (BRICHANT et al., 2021).
Os tratamentos atuais que são investigados visam um alvo específico da
patogênese da doença e em sua maioria são classificados em hormonais e não hormonais
como por exemplo: imunomoduladores, agentes antiangiogênicos e agentes anti
fibróticos (BRICHANT et al., 2021). Esses medicamentos possuem um papel importante
pois a endometriose é uma condição patológica que afeta cerca de 25 a 50% das mulheres
inférteis podendo causar desconforto e possíveis quadros de sangramento como também
provoca dificuldades no processo da fecundação em cerca de 30 a 50% das mulheres
férteis (BRICHANT et al., 2021).
Embora a literatura apresenta um recorrente associação entre a doença e a
infertilidade, os mecanismos etiopatogênicos envolvidos nessa relação não foram ainda
totalmente compreendidos (BROI; FERRIANI; NAVARRO, 2019).
Nos critérios de classificação existem diversos tipos de endometriose como:
endometriose por implantes peritoneais superficiais, por cistos ovarianos endometrióticos
e endometriose infiltrativa profunda (DIE). A antiga definição do último quadro se refere
a uma forma de endometriose penetrante que ultrapassa 5 mm sob a superfície peritoneal.
Porém, essa definição permite a inclusão apenas das lesões mais profundas e dessa forma
é preferível classificar a endometriose profunda como adenomiose externa ou nódulos
adenomiose-like. No geral, essas lesões podem envolver os ligamentos uterossacros, a
vagina, parede intestinal, bolsa retovaginal, ureter e bexiga (DELLA CORTE et al.,
2020).
O diagnóstico do quadro é muitas vezes esquecido e as pacientes passam por
perambulação médica às vezes por longos períodos antes de serem corretamente
diagnosticadas e tratadas. No entanto, existem formas assintomáticas da endometriose
que são apenas diagnosticadas após uma investigação pós laparoscopia. Outro meio de
diagnóstico é o exame vaginal e pode ser útil para pesquisar o endurecimento doloroso
da vagina, ligamentos útero-sacros e/ou tórus uterino assim como a dor na mobilização
uterina. Ainda nesse contexto, o toque retal é também essencial na avaliação de nódulos
do septo vaginal ou que infiltra a parede retal. O método de imagem como a
ultrassonografia transvaginal, pélvica e ressonância magnética são utilizados como forma
de diagnóstico mais preciso nos quadros assintomáticos. Por fim, os biomarcadores
também podem ser utilizados e apesar das diversas formas de pesquisa da doença, a
laparoscopia e o exame padrão ouro para realizar o diagnóstico. Já nas opções de
tratamento é utilizada a terapia hormonal para atingir um estado hipoestrogenico, agentes
analgesicos ou em casos extremos a remoção cirúrgica de implantes endometrióticos
(DELLA CORTE et al., 2020).
Portanto, é uma patologia que pode ter um impacto em diversos aspectos de vida
com implicações econômicas tanto de forma individual quanto para a comunidade
(DELLA CORTE et al., 2020).
2 OBJETIVO
O objetivo deste artigo é reunir informações, mediante análise de estudos recentes,
acerca dos aspectos inerentes à endometriose, sobretudo a etiopatogenia, manifestações
clínicas e o manejo terapêutico.
3 METODOLOGIA
Realizou-se pesquisa de artigos científicos indexados nas bases de dados Latindex
e MEDLINE/PubMed entre os anos de 2017 e 2021. Os descritores utilizados, segundo o
“MeSH Terms”, foram: endometriosis, etiology, pathogenesis, etiopathogenesis,
diagnosis, diagnostic, treatment, surgery, conservative treatment, surgical treatment e
infertility. Foram encontrados 903 artigos, segundo os critérios de inclusão: artigos
publicados nos últimos 5 anos, textos completos, gratuitos e tipo de estudo. Papers pagos
e com data de publicação em período superior aos últimos 5 anos foram excluídos da
análise, selecionando-se 15 artigos pertinentes à discussão.
4 EPIDEMIOLOGIA
A endometriose é definida como a presença anormal de tecido endometrial fora
da cavidade uterina. Essa afecção constitui uma condição inflamatória crônica, benigna,
estrogênio-dependente e grande causa de dor e infertilidade (LEONARDI et al., 2020;
BRICHANT et al., 2021; SAUNDERS; HORNE, 2021). Vale lembrar que ela atinge
cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva e afeta mais de 170 milhões de mulheres
no mundo. Apresenta seu pico de incidência entre 25 e 45 anos de idade e a sua
prevalência aumenta em mulheres com dismenorreia (40-60%), infertilidade (21-47%)
e/ou dor pélvica (71-87%) (DELLA CORTE et al., 2020; SMOLARZ; SZYŁŁO;
ROMANOWICZ, 2021).
Outrossim, os mecanismos dessa condição não são completamente conhecidos,
mas entre eles coexistem fatores etiológicos, congênitos, ambientais, genéticos,
autoimunes, imunológicos e endócrinos (BROI; FERRIANI; NAVARRO, 2019;
SMOLARZ; SZYŁŁO; ROMANOWICZ, 2021). A endometriose é uma doença
hereditária e o risco de desenvolvimento é maior em mulheres com parentes de primeiro
grau com endometriose (6%-9%). Mais recentemente, os fatores hereditários foram
estimados em 50% (KONINCKX et al., 2019).
À soma disso, podem ser encontradas lesões decorrentes da doença em ovários,
intestinos, fundo de saco de Douglas, pulmão e vias aéreas, além da formação de
aderências entre órgãos pélvicos (DELLA CORTE et al., 2020; SINGH et al., 2020;
SMOLARZ; SZYŁŁO; ROMANOWICZ, 2021). Ademais, a prevalência da doença no
sistema urinário gira em torno de 0,3 a 12% de todas as mulheres com endometriose,
sendo mais prevalente na bexiga (85%), seguido de ureter (10%), rim (4%) e uretra (2%)
(LEONARDI et al., 2020).
É de extrema valia ressaltar que a endometriose é diagnosticada em cerca de 50%
das mulheres em tratamento para infertilidade. Diferentes mecanismos podem estar
relacionados com a infertilidade em mulheres com esta doença, como condições
anatômicas e microambientais que podem impactar na competência do oócito,
fertilização, transporte do zigoto pela trompa e na implantação do embrião na cavidade
uterina (BROI; FERRIANI; NAVARRO, 2019; SAUNDERS; HORNE, 2021;
SMOLARZ; SZYŁŁO; ROMANOWICZ, 2021; VANNUCCINI et al., 2021).
Não obstante, entre os fatores de risco destacam-se a idade entre 25-29 anos,
menarca precoce, ciclos menstruais curtos (<27 dias), baixo índice de massa corporal,
nuliparidade, asiáticas, caucasianas, consumo de álcool >10 gramas por dia (WANG;
NICHOLES; SHIH, 2020; SMOLARZ; SZYŁŁO; ROMANOWICZ, 2021). Por outro
lado, considera-se como fatores de proteção o tabagismo e a multiparidade (WANG;
NICHOLES; SHIH, 2020).
Além do risco aumentado para câncer de mama e ovário, melanoma, asma, artrite
reumatóide e doenças cardiovasculares, a endometriose causa grande impacto na
qualidade de vida dessas mulheres, nas esferas social, profissional e sexual (BULUN et
al., 2019; SMOLARZ; SZYŁŁO; ROMANOWICZ, 2021; SAUNDERS; HORNE,
2021).
5 FISIOPATOLOGIA
Primeiramente, vale ressaltar que o quadro da endometriose possui mecanismos
ainda não muito bem esclarecidos, mas que envolvem a degradação da matriz
extracelular, a invasão peritoneal e o crescimento de células estromais e endometriais
ectópicas com a consequente infertilidade na maioria dos casos. Apesar da principal
hipótese envolver o fluxo menstrual retrógrado, acredita-se que há o envolvimento de
mecanismos moleculares individuais que promovam o crescimento do endométrio fora
da cavidade uterina. Embora esse componente molecular seja importante, o estrógeno
também possui um papel fundamental na sobrevivência celular, proliferação e resposta
inflamatória de forma a agravar os fatores envolvidos no desenvolvimento da
endometriose. Nesse quadro, pode-se regular a influência dos receptores de estrógeno por
meio da interferia dos receptores de progesterona que possui uma influência negativa nos
mecanismos regulados pelo estrógeno, além de ser importante na regulação da
neovascularização e neurogênese, dificultando a progressão da endometriose
(BRICHANT et al., 2021).
Além disso, o envolvimento de células tronco/ progenitoras de origem
mesenquimal endometrial defeituosas também se faz presente na fisiopatologia da
doença. Essas células, embora não apresentem mutações somáticas em todos os casos,
irão manifestar anormalidades epigenéticas específicas que alteram os principais fatores
de transcrição como por exemplo o fator beta de transcrição. Outra deficiência como o
aumento da resistência do receptor de progesterona irá influenciar negativamente no
controle da proliferação e da resposta inflamatória no quadro. Nesse sentido, a repressão
de genes como ER alfa e GATA 2, que são responsáveis pela diferenciação das células
6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Dentre a sintomatologia diversa da endometriose, destacam-se: dor pélvica
crônica, dismenorreia e infertilidade. Estas são as resultantes de um estado permanente
de inflamação e fibrose. O quadro pode, ademais, se manifestar de modo sistêmico e levar
a alterações em múltiplos órgãos. Aumentando o risco de desenvolver outras afecções,
como alergias, doenças autoimunes, doenças psiquiátricas, síndrome metabólica, doença
cardíaca coronariana, câncer de ovário e mama, e melanoma (WANG; NICHOLES;
SHIH, 2020). Em especial, doença de Crohn, colite ulcerativa, rinite alérgica, alergia
7 DIAGNÓSTICO
7.1 ANAMNESE E EXAME FÍSICO
Geralmente, a paciente com endometriose informa, como queixa principal, dor,
em suas mais variadas durações, formas e localidades, sendo primariamente citadas dor
pélvica cíclica, dismenorreia, dor periovulatória, dor pélvica crônica não cíclica,
dispareunia posicional ou permanente, disquezia e disúria. Somando-se a isso, a
infertilidade involuntária também pode ser considerada como um dos sintomas frequentes
da endometriose, e mesmo que a paciente não traga no relato, é passível de
disso, apenas 2 biomarcadores – PGP 9.5 (marcador de fibra neural) e CYP19 (marcador
hormonal) – mostraram acurácia suficiente para substituir o diagnóstico cirúrgico.
Todavia, a laparoscopia continua sendo o padrão-ouro para o diagnóstico de endometriose
e quaisquer testes não invasivos devem ser realizados apenas em um ambiente de pesquisa
(ROLLA, 2019).
pode gerenciar este método de diagnóstico não invasivo para outros locais de EPI, exceto
para endometriose infiltrativa profunda de septo retovaginal (ROLLA, 2019).
Na EPI, além da clássica síndrome dolorosa (caracterizada por dismenorreia,
dispareunia, dor pélvica crônica, distrofia e disquesia), há disfunção dos órgãos pélvicos
e dos músculos do assoalho pélvico (MAP). Consequentemente, a USG transperineal
torna-se uma ferramenta importante, confiável e não invasiva para avaliar a morfometria
do assoalho pélvico. Mulheres com EPI têm uma área menor do hiato do elevador, e
manobras dinâmicas com o USG transperineal sugerem que elas têm maior tônus
muscular e menor força do que aquelas sem EPI. Além disso, nas lesões de EPI, são
demonstrados aumento da densidade das fibras nervosas e o fenômeno de invasão
perineural e intraneural. Somando-se a isso, a disfunção hipertônica dos MAP pode estar
associada a sintomas de dor miofascial e alterações na função dos órgãos pélvicos em
mulheres com EPI. De fato, o papel dos MAP não é apenas apoiar os órgãos pélvicos,
mas sua contração e relaxamento são necessários para o bom funcionamento dos
intestinos e da bexiga e para permitir a relação sexual indolor. Como a disfunção dos
MAP pode causar sintomas de dor e disfunção de órgãos pélvicos potencialmente
resistentes à terapia hormonal ou cirúrgica da endometriose, a USG transperineal pode
permitir uma avaliação funcional mais completa em mulheres com EPI, com o objetivo
de alcançar uma terapia personalizada, incluindo reabilitação do assoalho pélvico.
Embora os distúrbios hipotônicos do assoalho pélvico sejam facilmente identificados, os
sintomas dos distúrbios hipertônicos da MAP muitas vezes não são bem estudados,
tornando esses distúrbios não relatados ou diagnosticados erroneamente como outras
condições concomitantes mais conhecidas (SMOLARZ; SZYŁŁO; ROMANOWICZ,
2021).
7.5 LAPAROSCOPIA
A laparoscopia com confirmação simultânea no exame histopatológico é o padrão
ouro para o diagnóstico da endometriose, pois certifica a presença da doença e sua
extensão. Por meio de biópsias teciduais e sua análise patológica, a agressividade das
lesões pode ser determinada (ROLLA, 2019; SMOLARZ et al., 2021).
8 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Tendo em vista o diagnóstico diferencial da endometriose, a inespecificidade dos
sintomas da endometriose e a variação da apresentação destes de acordo com a
localização anatômica da doença, faz com que outras patologias também sejam
consideradas e investigadas. Os principais diagnósticos diferenciais são condições que
também podem gerar dor pélvica, como síndrome do intestino irritável, cistite,
pielonefrite, bexiga hiperativa, neoplasias e outras doenças. Nesse contexto, os exames
laboratoriais e exames de imagem são essenciais para descartar infecções e/ou alterações
estruturais que justifiquem a sintomatologia apresentada pela paciente, além de auxiliar
no tratamento adequado (FOTI et al., 2018; KALAITZOPOULOS et al., 2021).
9 TRATAMENTO
No prisma do manejo terapêutico, os objetivos principais no âmbito clínico da
endometriose são o controle de sintomas, melhora da qualidade de vida das pacientes,
manutenção da fertilidade, redução da recorrência e das abordagens cirúrgicas.
Atualmente, as terapêuticas possíveis consistem em hormonais e não hormonais
10 CONCLUSÃO
Diante do exposto neste estudo, foi possível concluir que a endometriose, seja
aquela com manifestações leves, agudas ou complicadas, tem ganhado cada vez mais
atenção no campo da pesquisa médica mundial. Desse modo, muitos estudos têm sido
realizados nessa área, a fim de elucidar a gama de diferenciações que essa afecção possui.
Os estudos epidemiológicos demonstraram o seu aumento em escala global, com ênfase
nos estudos nacionais. Também, demonstrou-se a importância do conhecimento
fisiopatológico que essa doença se encontra envolvida, visto que esse conhecimento,
atrelado às manifestações clínicas (sinais e sintomas) favorecem um diagnóstico mais
assertivo. No campo das pesquisas, na atual conjuntura, ainda não existem modelos
prognósticos que possam prever com exatidão a evolução pregressa de uma paciente com
endometriose, de modo que urge a necessidade de mais evidências sobre os fatores de
risco dos quais essa afecção esta envolvida. Tornou-se nítido que se deve estabelecer
modelos que assistam o médico na antecipação do curso da endometriose e produzindo
tratamento correto na apresentação inicial, em que uma revisão sistemática e metanálise
podem ser opções de escolha para identificar fatores de risco para diverticulite
complicada. Além disso, ficou nítido a importância do diagnóstico diferencial, haja vista
que por meio dele é possível a exclusão de afecções com manifestações clínicas
semelhantes. Notou-se a extrema importância do tratamento da endometriose,
ressaltando-se as variadas modalidades existentes, ressaltando-se as abordagens
cirúrgicas que, ainda que sendo métodos secundários de terapêutica, têm sido importantes
e cruciais para estabilização e recuperação da saúde do paciente. Por fim, urge a
necessidade de, no futuro, aprofundar estudos voltados para o aumento da inibição
hormonal e evitar o desenvolvimento de novas lesões, assim como a possibilidade de
tratar todos os fenótipos de endométrios.
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