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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Introdução: A resistência a antimicrobianos em ambientes hospitalares representa uma
enorme preocupação, constituindo-se um importante problema de saúde pública. Os
microrganismos multirresistentes têm sido alvo de elevada implicação no tratamento das
infecções hospitalares. O objetivo do estudo foi verificar na literatura vigente quais as
consequências e desafios que a resistência antimicrobiana vem provocando para o
tratamento das infecções hospitalares. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da
literatura pautada com estudos utilizando as seguintes bases de dados: Scientific Eletronic
Library Online (SCIELO); Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE).
Descritores em Ciências da Saúde - DeCS: Antibióticos, Infecções Hospitalares e
Terapêutica. A seleção respeitou critérios de inclusão e exclusão dos artigos disponíveis de
forma completa e gratuita, entre os anos de 2014 a 2020, nos idiomas português, inglês e
espanhol. Foram excluídos estudos que se mostravam incompletos e repetidos, assim como
estudos de revisão. Resultados: Foram encontrados 30 estudos dos quais 19 cumpriram os
critérios previamente estabelecidos e foram incluídos na revisão. No qual, o ambiente
hospitalar, além de permitir a propagação de agentes infecciosos resistentes, pode afetar
diretamente na prevenção e o tratamento eficaz de cada paciente. Considerações finais:
Embora a resistência antimicrobiana seja um desafio atual é necessário a implementação
de políticas nacionais de prevenção e controle de infecção que visam segurança hospitalar
e uso racional de antimicrobianos para melhor adesão na farmacoterapia dos pacientes
internados.
ABSTRACT
Introduction: Resistance to antimicrobials in hospital environments represents an enormous
concern, constituting an important public health problem. Multidrug-resistant
microorganisms have been the target of high implications in the treatment of nosocomial
infections. The objective of the study was to verify in the current literature what are the
consequences and challenges that antimicrobial resistance has been causing for the
treatment of nosocomial infections. Method: This is an integrative review of the literature
based on studies using the following databases: Scientific Eletronic Library Online
(SCIELO); Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) and
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Health Sciences
Descriptors - DeCS: Antibiotics, Hospital Infections and Therapeutics. The selection
followed criteria for inclusion and exclusion of articles available completely and free of
charge, between the years 2014 to 2020, in Portuguese, English and Spanish. Studies that
were incomplete and repeated, as well as review studies, were excluded. Results: Thirty
studies were found, of which 19 met the previously established criteria and were included
in the review. In which, the hospital environment, in addition to allowing the spread of
resistant infectious agents, can directly affect the prevention and effective treatment of each
patient. Final considerations: Although antimicrobial resistance is a current challenge, it is
necessary to implement national infection prevention and control policies aimed at hospital
safety and rational use of antimicrobials for better adherence to inpatient pharmacotherapy.
1 INTRODUÇÃO
Os antimicrobianos são fármacos de origem natural, sintética ou semissintética
com a finalidade de impedir ou inibir o crescimento de patógenos e destruí-los. Sua
utilização na atuação clínica modificou o curso natural, melhorando o prognóstico das
doenças infecciosas, que são combatidas com a utilização desses medicamentos. Nota-se
que uma das consequências mundiais é uso indiscriminado desses medicamentos, o que
ocasiona a resistência bacteriana, no qual a terapia antimicrobiana é rotineira, e as cepas
multirresistentes são selecionadas e propagadas com mais facilidade, contribuindo com o
aumento da mortalidade, morbidade e o prolongamento no tempo de internação,
provocando a elevação nos custos do tratamento (FURTADO; et al, 2019).
No decorrer dos tempos históricos, a partir do século XX em decorrência da
predominância de mortalidade por doenças infecciosas como febre pós-parto ou
pneumonia, possibilitou a descoberta da penicilina por Alexander Fleming que combatia
infecções previamente letais, dando ênfase as pesquisas para síntese de novos antibióticos.
Após isso, Fleming havia observado o surgimento de mutantes resistentes com o resultado
da exposição à penicilina em laboratório, onde emitiu um aviso em seu discurso de
recepção ao Prêmio Nobel, onde esses avisos foram ignorados pelo sucesso nos
tratamentos. E ainda hoje, as pessoas acreditam nos antibióticos tanto pelos profissionais
de saúde quanto pelos pacientes e pelo público em geral (CAMOU; ZUNIDO; HORTAL,
2017).
No contexto social vigente, a resistência a antimicrobianos em ambientes
hospitalares representa uma enorme preocupação, constituindo-se um importante problema
de saúde pública. Devido a isso, estão sendo desenvolvidas estratégias e medidas de
prevenção e controle de infecções. Dessa forma, em 1997 o Brasil determinou sobre a
obrigatoriedade dos hospitais de manterem um Programa de Controle de Infecção
Hospitalar (PCIH), junto com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
tendo um hospital com um PCIH em pleno funcionamento prevenir o uso indiscriminado
de antimicrobianos e germicidas hospitalares, evitando a resistência e contribuindo para
uma redução nos custos hospitalares (MENEZES; PORTO; PIMENTA, 2016).
Todavia, há importância de prevenir o uso inadequado de medicamentos pela
automedicação, pelo uso abusivo, pela prescrição inadequada e, ainda, pela utilização fora
das recomendações dadas pelos fabricantes é relevante dentre as demais recomendações
para reduzir esse impacto, estão a vigilância da resistência aos antimicrobianos, a promoção
do uso adequado, a aplicação de normas destinadas a controlar a venda de antimicrobianos
sem prescrição e o cumprimento rigoroso das medidas de prevenção das infecções, como
lavar as mãos nos serviços de saúde (SAMPAIO; SANCHO; LAGO, 2018).
Diante do contexto, surge o seguinte questionamento: A resistência
antimicrobiana representa um enorme problema de saúde pública?. Nos últimos trinta anos,
o desenvolvimento destes fármacos diminuiu significativamente e em consequência, as
opções para o tratamento de infecções causadas por bactérias resistentes estão se tornando
cada vez mais limitadas. Os antimicrobianos desenvolvidos atualmente, pertencem às
classes já existentes e possuem amplo espectro de ação, o que demonstra que são passíveis
de promover o desenvolvimento de resistência, se utilizados de forma descuidada (FARIA;
PESSALACIA; SILVA, 2016).
Nessa perspectiva, acerca dos benefícios que os antibióticos vêm trazendo no
decorrer do contexto social, o estudo foi elaborado com o objetivo de verificar na literatura
vigente quais as implicações e desafios que a resistência antimicrobiana vem
proporcionando para o tratamento das infecções hospitalares.
2 MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada em maio e junho do ano
de 2020, seguindo seu desenho em seis etapas: Formação da questão de pesquisa; busca na
literatura; categorização dos estudos; avaliação dos incluídos; interpretação dos resultados;
e, síntese do conhecimento (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008),
Para a busca dos artigos, foram utilizadas as seguintes bases de dados: Scientific
Eletronic Library Online (SCIELO); Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), utilizando os descritores em DeCS – Descritores em Ciências da Saúde:
Antibióticos, Infecções hospitalares e Terapêutica com o uso do operador Booleano AND
e foi utilizado o instrumento Preferred Reporting Iterns for Systematic Review (PRISMA)
(
MOHER; et al, 2009), para demonstrar de maneira mais explicita a busca e seleção dos
estudos, conforme a figura 01.
Os critérios de inclusão foram estabelecidos no início da pesquisa, quando foi
definido o tema a estudar: optou-se por incluir estudos, no período de 2014 a 2020, por
apresentarem resultados mais atualizados acerca da temática. Na elegibilidade foram
incluídos artigos originais, publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, e
excluídos estudos que se encontrassem repetidos entre as bases de dados pesquisadas,
Figura 1: Fluxograma da seleção dos estudos. Juazeiro do Norte, CE, Brasil, 2020
Identificação
Artigos completos
Artigos completos excluídos da análise e
Elegibilidade
analisados (n = 19)
motivos (n = 7)
Estudos incluídos na
síntese qualitativa
(n = 10)
Inclusão
Estudos incluídos na
síntese quantitativa
(metanálise)
(n = 0)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos artigos selecionados, foi elaborada a tabela 01, contendo nome dos
autores, ano das publicações, título, em qual revistas foram publicados os artigos e um
resumo simples dos artigos lidos.
Tabela 01- Artigos utilizados no estudo trazendo objetivo e Resultados, 2020.
de antibioticoterapia
evitando o tratamento
inadequado.
A partir dos artigos estudados, foi feita a divisão em duas categorias, conforme
segue na tabela 2.
QUADRO 2 – Categorias do tipo de estudo, Brasil, 2020.
CATEGORIAS ARTIGOS
Categoria 01: Importância da higienização das mãos pelos profissionais da saúde
FURTADO; et al, 2019; MENEZES; PORTO; PIMENTA, 2016; SAMPAIO; SANCHO; LAGO, 2018; FARIA;
PESSALACIA; SILVA, 2016; VOLKART; SPAGIARI; BIZANI, 2017.
Categoria 02: Desafios e estratégias da resistência antimicrobiana 2, 6, 7, 8, 9
CAMOU; ZUNIDO; HORTAL, 2017; MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008; MOHER; et al, 2009; COSTA; et
al, 2019; LARA; et al, 2017.
Fonte: Dados LILACS, MEDLINE, SCIELO, BVS,2020
se transferir de um paciente para outro por contato direto (pele com pele), ou indireto,
através do contato com superfícies ou objetos contaminados. Inegavelmente, há estudos
que comprovam que lavar as mãos pode promover uma redução do risco de infecção e
transmissão de patógenos resistentes a antimicrobianos. Contudo, é preciso admitir que a
antissepsia das mãos com preparações alcoólicas constitui o método preferido de
higienização pelos profissionais que atuam em serviços de saúde e principalmente uma
medida primária muito importante no controle de infecções (SOTTE; et al, 2019).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todavia, os avanços tecnológicos estão relacionados aos procedimentos invasivos,
aos diagnósticos, aos terapêuticos e ao aparecimento de microrganismos multirresistentes
que podem comprometer o desequilíbrio dos mecanismos de defesa do organismo em
decorrência da doença ou pelo contato direto ou indireto com esses microrganismos
hospitalares.
REFERÊNCIAS
MOHER, D. et al.. Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses:
The PRISMA Statement. PLoS Med. 2009;6(7):1-6