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ISSN: 2595-6825
RESUMO
Introdução: A síndrome de Rett é um distúrbio genético que ocorre mais comumente nas
crianças do sexo feminino em que grande parte identifica-se o gene methyl-CpG-binding
protein 2 do cromossomo X. É caracterizada pela deterioração neurológica e motora na faixa
etária pediátrica, associada ao aumento da amônia sérica. O diagnóstico é realizado através da
combinação de sinais e sintomas, pesquisa da anomalia genética e exames laboratoriais
complementares. Apresentação do caso: Uma menina de 5 anos, residente no estado de Goiás,
foi encaminhada para avaliação em um centro especializado em neurologia pediátrica, devido
a preocupações com seu atraso no desenvolvimento neuromotor. Embora tenha mostrado um
desenvolvimento aparentemente típico nos primeiros oito meses, houve um declínio notável a
partir dessa época, incluindo a perda de habilidades verbais previamente adquiridas e o
surgimento de movimentos repetitivos das mãos, como esfregar ou apertar. A criança também
começou a exibir balanço corporal e uma diminuição acentuada na interação social, evitando
contato visual e não respondendo ao afeto parental de maneira esperada. Discussão: O
tratamento da Síndrome de Rett visa obter melhora na qualidade de vida, já que o tratamento
farmacológico não prediz melhora da patologia em si, apenas no manejo das complicações dos
diversos sistemas. O tratamento multidisciplinar visa atenuar a progressão, através de
fisioterapia, acompanhamento fonoaudiológico, bem como musicoterapia. Além disso, o
diagnóstico e manejo das complicações são aspectos a serem considerados durante o
acompanhamento dessa população. Bem como orientações gerais aos cuidadores. Conclusão:
A síndrome de Rett constitui como uma das causas genéticas mais frequentes, que cursam com
deficiência múltipla na infância e por isso, deve ser diagnosticada precocemente, visando
minimizar maiores danos. Tendo em vista o impacto direto na qualidade de vida da criança,
medidas comportamentais e tratamentos intervencionistas de desenvolvimento
neuropsicomotor devem ser abordados.
ABSTRACT
Introduction: Rett syndrome is a genetic disorder that occurs more commonly in female
children, in which a large number of the X chromosome methyl-CpG-binding protein 2 gene is
identified. It is characterized by neurological and motor deterioration in the pediatric age group,
associated with to an increase in serum ammonia. The diagnosis is made through the
combination of signs and symptoms, genetic anomaly research and complementary laboratory
tests. Case presentation: A 5-year-old girl, residing in the state of Goiás, was referred for
evaluation at a center specialized in pediatric neurology, due to concerns about her delay in
neuromotor development. Although it showed apparently typical development in the first eight
months, there was a notable decline from that time onwards, including the loss of previously
acquired verbal skills and the emergence of repetitive hand movements such as rubbing or
squeezing. The child also began to exhibit body rocking and a marked decrease in social
interaction, avoiding eye contact and not responding to parental affection as expected.
Discussion: The treatment of Rett Syndrome aims to improve the quality of life, since the
pharmacological treatment does not predict improvement of the pathology itself, only in the
management of the complications of the different systems. The multidisciplinary treatment
aims to mitigate the progression, through physiotherapy, speech therapy, as well as music
therapy. In addition, the diagnosis and management of complications are aspects to be
considered during the follow-up of this population. As well as general guidelines for caregivers.
Conclusion: Rett syndrome is one of the most frequent genetic causes that present with multiple
disabilities in childhood and, therefore, must be diagnosed early, in order to minimize further
damage. In view of the direct impact on the child's quality of life, behavioral measures and
interventional treatments for neuropsychomotor development should be addressed.
1 INTRODUÇÃO
A Síndrome de Rett é uma desordem causada por mutação genética, e caracteriza-se
como um distúrbio progressivo do neurodesenvolvimento, atribuído à perda da função do gene
Methyl-CpG binding protein 2 (MECP2) em 95% dos casos. Afeta aproximadamente 1:10000
pessoas do sexo feminino e 1:1000000 para meninos, sendo esta uma das maiores causas de
deficiência intelectual em meninas.
As meninas desenvolvem-se normalmente durante o primeiro semestre de vida, em
seguida começam a apresentar uma série de anormalidades do neurodesenvolvimento,
incluindo dificuldades de aprendizagem, perda de habilidades motoras, movimentos
estereotipados das mãos, respiração irregular e convulsões. Os meninos são mais gravemente
afetados e tendem a não sobreviver à infância devido à encefalopatia. Alguns pacientes também
exibem déficits nas interações sociais, uma característica que lembra o autismo.
A doença foi descrita pela primeira vez em 1966, pelo médico austríaco Andreas Rett,
quando observou duas meninas que tiveram o desenvolvimento normal no primeiro ano de vida
e após regressão com perda das habilidades adquiridas. No ano de 1985, Hanefeld et al.
separaram a progressão da doença em quatro fases distintas.
Com evolução previsível, o seu padrão clínico característico vem acompanhado por um
período de regressão, seguido de recuperação ou de estabilização e foram nomeados e divididos
em IV estágios. O estágio I equivale ao período de estagnação precoce e aparece entre 6 e 18
meses de idade. Nessa fase as crianças param de cumprir seus marcos esperados de
desenvolvimento. O estágio II é um período de alta regressão no desenvolvimento, entre 1 e 4
anos de idade. As crianças afetadas perdem as habilidades adquiridas, como a linguagem e a
socialização, além do prejuízo de algumas habilidades motoras. É durante esse período que
geralmente aparecem os movimentos estereotipados das mãos. O estágio III também é chamado
de estágio pseudoestacionário, visto que ocorre uma estabilização do quadro. As crianças
podem recuperar parcialmente algumas das habilidades perdidas. O último estágio, o estágio
IV, é conhecido como o estágio final da deterioração motora e pode durar anos ou décadas.
Essa etapa é manifestada por mobilidade reduzida, fraqueza muscular, rigidez e espasticidade,
distonia e deformidades das mãos e pés à medida que envelhecem.
2 APRESENTAÇÃO DE CASO
Uma menina de 5 anos, residente no estado de Goiás, foi encaminhada para avaliação
em um centro especializado em neurologia pediátrica, devido a preocupações com seu atraso
no desenvolvimento neuromotor. Embora tenha mostrado um desenvolvimento aparentemente
típico nos primeiros oito meses, houve um declínio notável a partir dessa época, incluindo a
perda de habilidades verbais previamente adquiridas e o surgimento de movimentos repetitivos
das mãos, como esfregar ou apertar. A criança também começou a exibir balanço corporal e
uma diminuição acentuada na interação social, evitando contato visual e não respondendo ao
afeto parental de maneira esperada.
No exame físico, a menina apresentava circunferência cefálica abaixo do terceiro
percentil para a sua idade, sugerindo microcefalia adquirida. Outros achados incluíam hipotonia
generalizada e uma marcha caracteristicamente descoordenada. A ressonância magnética do
cérebro não mostrou anomalias estruturais significativas, mas a análise genética identificou uma
mutação no gene MECP2, estabelecendo assim o diagnóstico de Síndrome de Rett.
3 DISCUSSÃO
A Síndrome de Rett é um distúrbio neuro-metabólico gradual, progressivo e previsível
descrito pela primeira vez em 1966, pelo neuropediatra Andreas Rett, após observação de
quadros clínicos semelhantes em algumas de suas pacientes (KYLE; 2018). Possui origem
genética, com gene mutado mais relacionado denominado de MECP2, localizado no braço largo
4 CONCLUSÃO
A Síndrome de Rett é uma condição neurológica rara e complexa que afeta
principalmente as meninas. Neste trabalho científico, exploramos os aspectos clínicos,
genéticos e neurológicos dessa síndrome, bem como suas implicações no desenvolvimento e na
qualidade de vida das pessoas afetadas.
Nossa revisão da literatura revelou que a Síndrome de Rett é causada por mutações no
gene MECP2, que desempenha um papel fundamental na regulação da expressão gênica (Amir
et al., 1999; Chahrour & Zoghbi, 2007). Essas mutações levam a uma disfunção neuronal
generalizada, resultando em um quadro clínico característico, incluindo regressão do
desenvolvimento, perda de habilidades motoras e linguísticas, estereotipias e problemas
respiratórios (Neul, 2012; Percy et al., 2017).
Embora a Síndrome de Rett seja uma condição complexa e debilitante, avanços
significativos foram feitos no diagnóstico precoce e no manejo dos sintomas. Terapias
multidisciplinares, incluindo intervenções fisioterapêuticas, terapia ocupacional e
fonoaudiologia, têm demonstrado benefícios significativos na melhoria da qualidade de vida e
no desenvolvimento funcional das pessoas com Síndrome de Rett (Roze & Percy, 2017; Renieri
et al., 2018).
Além disso, pesquisas recentes têm explorado abordagens terapêuticas baseadas em
terapia genética e farmacológica, com o objetivo de corrigir as alterações no gene MECP2.
Embora essas terapias ainda estejam em estágios iniciais de desenvolvimento, elas apresentam
um grande potencial para o tratamento da Síndrome de Rett no futuro (Gadalla et al., 2020; Liu
et al., 2021).
É importante destacar que a Síndrome de Rett não apenas afeta as pessoas
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Síndrome de Rett: uma revisão da literatura Rett Syndrome: a review of the literature Natália
Lorena Sousa e Silva1, Xisto Sena Passos1, Samara Lamounier Santana Parreira1 1 Curso de
Fisioterapia da Universidade Paulista, Goiânia-GO,Brasil
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/09/2048/v34_n1_2016_p53a57.pdf