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Brazilian Journal of Health Review 23582

ISSN: 2595-6825

Transtornos Obsessivo Compulsivo e suas repercussões clínicas

Obsessive-Compulsive Disorders and their clinical repercussions


DOI:10.34119/bjhrv6n5-414

Recebimento dos originais: 28/08/2023


Aceitação para publicação: 28/09/2023

Leticia Morais Silva


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Ana Carolina Vidal da Silva


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Marianna Tonaco Silva


Graduanda em Medicina
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Marianne Morais de Pinho da Fonseca


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Gabryel Cordeiro de Lima


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Daiana de Freitas Ferreira Ramos


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Lareynne Cristina Alves Sobrinho


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Pablo Renan da Silva Pereira


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Ana Beatriz Pereira de Souza


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Neumar Inácio Martins de Campos Júnior


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Fillype da Silva Varão


Graduando em Medicina
Instituição: Afya Faculdade de Ciências Médicas
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Laís Freitas Soares


Graduanda em Medicina
Instituição: Afya Faculdade de Ciências Médicas
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João Artur Veloso Antunes


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RESUMO
O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é representado por uma combinação de sintomas que
inclui obsessões ou pensamentos intrusivos, que dominam a mente do paciente de maneira
incontrolável e angustiante, associados a rituais e atos mentais ou compulsões. O transtorno
tem causado consequências negativas na qualidade de vida dos portadores, devido a prejuízo
em relacionamentos interpessoais ou no trabalho, levando a um ciclo vicioso de obsessões e
atos compulsivos, tornando-o incapaz de desempenhar suas atividades e reponsabilidades. É
acerca desses efeitos e repercussões clínicas que se torna essencial compreender precocemente

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o transtorno e estabelecer um tratamento adequado. Trata-se de uma revisão bibliográfica de


caráter exploratório, tendo como base teórica a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Google
Acadêmico, Scielo e Lilacs.

Palavras-chave: compreensão clínica, ciclo vicioso, repercussões clínicas.

ABSTRACT
Obsessive compulsive disorder (OCD) is represented by a combination of symptoms that
includes obsessions or intrusive thoughts, which dominate the patient's mind in an
uncontrollable and distressing way, associated with rituals and mental acts or compulsions. The
disorder has caused negative consequences on the quality of life of patients, due to impairment
in interpersonal relationships or at work, leading to a vicious cycle of obsessions and
compulsive acts, making them unable to perform their activities and responsibilities. It is about
these effects and clinical repercussions that it becomes essential to understand the disorder early
and establish an appropriate treatment. This is an exploratory bibliographic review, based on
the theoretical basis of the Brazilian Society of Psychiatry, Google Scholar, Scielo and Lilacs.

Keywords: clinical understanding, vicious cycle, clinical repercussions.

1 INTRODUÇÃO
O transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um transtorno mental incluído pelo
DSM-IV entre os chamados transtornos de ansiedade, sua característica principal é a presença
de obsessões: ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, que são vivenciados
como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento e as compulsões
ou rituais, que são a contraparte comportamental das obsessões: comportamentos repetitivos ou
atos mentais incontroláveis, cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade ou sofrimento.9
A etiologia do TOC ainda permanece pouco compreendida, apesar de evidencias
empíricas corroborarem a hipótese de um componente genético na sua origem. A herança
genética é tida como poligênica, exercendo individualmente efeito relativamente pequeno sobre
o fenótipo. Os genes, da via serotoninérgica, do sistema dopaminérgico e do glutamatérgico,
parecem influenciar o desenvolvimento do TOC10, agindo em diversos mecanismos, desde a
alteração nos receptores de serotonina até o transporte dos estímulos cerebrais.
Os sintomas dessa doença podem melhorar ou piorar ao longo do tratamento, mas,
geralmente, tendem a seguir um curso crônico, causando acentuado prejuízo funcional em
vários domínios, incluindo casa, escola, trabalho, relações interpessoais, refletir nas práticas
alimentares. Apesar de conceitualmente poder existir um TOC apenas com obsessões ou apenas
com compulsões, este tipo de apresentação é muito incomum, porque normalmente as
compulsões são atos ritualísticos.

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O DSM-5 adaptou critérios para diagnósticos do TOC: Presença de obsessões,


compulsões ou ambas. Obsessões são definidas por (1) pensamentos, impulsos ou imagens
recorrentes e persistentes que causam acentuada ansiedade ou sofrimento; (2) o individuo tenta
ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou, ainda, neutralizá-los com outro
pensamento ou ação. Compulsões são definidas por (1) comportamentos repetitivos que o
individuo sente-se compelido a executar em resposta a uma obsessão; (2) os comportamentos
visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou, ainda, evitar algum evento ou
situação temidos; (3) as obsessões ou compulsões tomam tempo ou causam sofrimento
clinicamente significativo.
Ainda segundo o DSM-5, é necessário caracterizar o grau de compreensão que o
paciente tem sobre seus sintomas, ou seja, se o paciente reconhece que os sintomas que
apresenta são de origem patológica ou se acredita que seus atos são realmente necessários para
que sejam evitadas tragédias, como a morte de alguém ou a queda de um avião.
O paciente apresente “insight” que são como “compreensão interna”, o insight ausente
acredita piamente na necessidade de completar seu ritual para evitar que algo de ruim aconteça.
Por exemplo, um paciente pode acreditar que, se não rezar todas as noites 30 orações, sua mãe
será acometida por uma grave e incurável doença, portanto rezará todas as noites para evitar
que isso aconteça. Por outro lado, pacientes com “insight pobre” acreditam que “sua crença é
provavelmente verdadeira”, ou seja, na dúvida, ele vai achar melhor realizar seu ritual. Quando
o paciente apresenta “Insight bom”, compreende que o TOC, apesar de causarem intensa
angústia, não provocarão consequências reais caso não realize a obsessão ou compulsão, ou
seja, não realizará rituais.

2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A VIDA DOS PACIENTES PORTADOR DE TRANSTORNO OBSESSIVO
COMPULSIVO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o Transtorno obsessivo compulsivo
(TOC) entre os dez principais transtornos que mais incapacitam os seres humanos. Embora as
mulheres sejam afetadas em uma taxa ligeiramente maior do que os homens na adolescência e
na idade adulta, os homens são mais comumente afetados na infância1.
O TOC é caracterizado pela presença de comportamentos obsessivos além de
compulsões recorrentes. No dia a dia, esses comportamentos se assemelham a rituais que
consomem tempo, gerando sofrimento e até danos à pessoa com a doença. As obsessões são
pensamentos, impulsos ou ideias ansiogênicas, indesejadas e obstinadas que o paciente vivencia

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como egodistônicas, ou seja, como intrusivas, estressantes e inadequadas, não correspondendo


aos seus próprios sentimentos aparentes e percebidos.
Interferências nas relações sociais e familiares têm dificuldades em conviver com os
outros, devido ao estigma e vergonha de possuírem um distúrbio de saúde mental,
preocupando-se com o facto de estarem a “enlouquecer” e se sentirem diferentes das restantes
pessoas, preservando inicialmente segredo da sua condição, que faz com que, geralmente,
retardem a procura de ajuda2.As pessoas com TOC quando revelam a sua condição, as pessoas
significativas na sua vida acham que é difícil conviver com essas pessoas e frequentemente as
instigam a procurar cuidados psiquiátricos2.
A maioria das pessoas se afastaram dos amigos, desistiram de atividades e queriam ficar
sozinhas nos seus quartos, devido ao medo da contaminação, receios de agir com pensamentos
violentos, medos de não conseguirem cumprir as suas compulsões, o que é corroborado por, ao
referirem que os pensamentos obsessivos levam as pessoas que fiquem confinadas às suas
próprias esferas, em vez de socializarem com amigos e família. O motivo do isolamento das
pessoas pode ocorrer devido a se sentirem cansadas com frequência e não estarem
emocionalmente ou fisicamente dispostas para se relacionarem com a sua família e amigos2.
Muitos familiares descreveram sentir-se intimidados pelo paciente a fazer coisas para
se adaptar a suas obsessões e compulsões. De forma semelhante, esse padrão de relacionamento
torna-se internalizado e, frequentemente, é recriado quando os pacientes com transtorno
obsessivo-compulsivo são admitidos em centros de atenção diária ou em unidades de
internação. Quando se sentem autorizados a assumir sua postura caracterológica, em geral,
alguns pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo sentem-se no direito de insistir que
todos devem se adaptar à sua doença3.
Interferências nas áreas profissionais, as pessoas podem ter problemas na área
profissional, mais especificamente a nível de funções executivas. De acordo com estes autores,
uma maior gravidade de sintomas obsessivo-compulsivos na dimensão contaminação/limpeza
pode resultar num pior planeamento, organização, perceção visual, flexibilidade cognitiva e
velocidade de processamento, levando a possíveis problemas na capacidade de desenvolver
estratégias eficientes de resolução de problemas, o que se correlaciona negativamente a nível
de funções executivas. Os portadores apresentam maior taxa de desemprego e menor nível
socioeconómico2.
As pessoas com TOC que, por vezes, não se sentem capacitadas para trabalhar devido
às suas rotinas provocadas pelas obsessões/compulsões, não consegue trabalhar porque passa
a maior parte do dia alinhando e realinhando itens, ou a mulher que se sente compelida a

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lavar as mãos após tocar um objeto ou numa pessoa2.Pessoas com TOC se sentem incapazes de
trabalhar por causa de suas rotinas obsessivas/compulsivas, passam a maior parte do dia
alinhando e realinhando objetos, ou mulheres que se sentem obrigadas a lavar as mãos depois
de tocar em um objeto ou uma pessoa.
As manifestações desta doença têm caráter significativamente incapacitante que gera
um grave comprometimento do funcionamento psicossocial com limitações no desempenho de
tarefas no ambiente profissional, que são características nestas pessoas, o que faz com que esta
perturbação psiquiátrica afete não só a pessoa, mas todos os grupos em que estase
insere2.Interferências nas áreas académicas afeta negativamente a pessoa a nível da educação,
pois as experiências relacionadas a TOC ocupam grande parte do seu tempo e energia, levando-
os a isolarem-se dos outros.
Desta forma, impediu-os de participar ou desfrutar de atividades ou alcançarem seu
potencial. Um outro achado é de que interfere significativamente no funcionamento da criança
ou do adolescente a nível académico, social e familiar, sendo que as dificuldades mais comuns
surgem na concentração durante as tarefas escolares, mas também na interação com os pares2.
O TOC pode atingir significativamente na qualidade de vida do portador e todos que
estão ao seu redor. Em muitos casos, ocorre a incapacidade de frequentar ambientes acadêmicos
e laborais em decorrência das características do problema. Nos últimos anos, vários estudos
empíricos também mostraram que o TOC tem um efeito adverso na qualidade de vida dos
parentes e a presença de sintomas de TOC tem sido associada à acomodação familiar e emoção
expressa elevada entre os membros da família3.
Interferências nas atividades de lazer geralmente apresentam um comprometimento
maior no lazer, comparativamente a indivíduos sem TOC. Relataram evitar atividades que
desfrutavam (como por exemplo a leitura, ver TV, ir de férias, exercício físico e hobbies), pois
estas atividades desencadeavam diversos sintomas de TOC2.
Estudos apontam que as obsessões e sintomas depressivos foram associados a prejuízos
significativos na qualidade de vida do que quando comparados as compulsões-rituais.
Entretanto, as compulsões parecem provocar maior interferência no funcionamento da família
e nos relacionamentos com os amigos. A maioria dos estudos encontrados sobre a qualidade de
vida em pacientes com TOC é transversal, o que impede o estabelecimento de relação causal
entre fatores e desfechos estudados. Os indivíduos com TOC possuem inúmeros medos, sendo
supersticiosos, perfeccionistas, lentificados e envergonham-se de realizar os rituais,
ocasionando brigas frequentes e isolamento4.

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2.2 REPERCUSSÃO DO MANEJO FAMILIAR NO TRATAMENTO


Um processo abrangente e estruturado de avaliação deve ser o primeiro passo para a
identificação e tratamento do TOC. Os principais objetivos dessa avaliação compreendem a
realização de um diagnóstico preciso, a caracterização dos sintomas obsessivo compulsivos
quanto ao tipo/dimensão e gravidade, além da orientação dos alvos de tratamento5.
Referente a psicoeducação, cabe destacar que pacientes com TOC (e seus familiares)
podem se beneficiar de um alívio substancial quando aprendem com um profissional que sua
condição psiquiátrica é relativamente comum na população, sendo cada vez mais investigada e
compreendida, além do fato de que os tratamentos disponíveis podem
contribuir para a redução dos sintomas e consequente promoção de qualidade de vida.
falta de conhecimento sobre o transtorno ou o constrangimento sobre seus sintomas podem se
somar a outros fatores que geram atraso na busca por tratamento5.
A acomodação familiar está associada com menor resposta à terapia cognitivo-
comportamental e/ou farmacoterapia. A compreensão do processo de acomodação familiar pelo
terapeuta é necessária, portanto, para que ele seja capaz de amparar os familiares no auxílio
apropriado ao paciente, potencializando os efeitos do tratamento. A participação da família é
de suma importância para o tratamento e o bom prognóstico da doença, incidindo na motivação
do paciente para realizar as exposições e manterse em tratamento 6.
Oferecer aos familiares instrução específica sobre a acomodação familiar demonstrou
ser uma fonte de contribuição adicional ao tratamento-padrão, resultando em melhora mais
expressiva no funcionamento global do paciente6.
Contudo, a ação do familiar de abreviar o sofrimento do paciente, facilitando seus
rituais, funciona como um reforço do sintoma, pois elimina parte da consequência de
desconforto. Em termos comportamentais, trata-se de um reforço negativo, por remover um
efeito desagradável que ocorre após o comportamento-chave (a obsessão, entendida como um
evento privado quando se trata de um pensamento ou de uma imagem)6.
Desse modo, o reforço negativo contribui para a perpetuação dos sintomas obsessivo-
compulsivos, visto que interfere no processo de exposição. Sem um efetivo tratamento de
exposição, a remissão das obsessões e das compulsões fica comprometida, já que é elemento
central do tratamento. Para que os familiares contribuam com o tratamento, recomenda-se que
o terapeuta oportunize a eles psicoeducação de modo geral, assim, os familiares podem ficar
mais confortáveis e aliviar os próprios medos e a esquiva diante da realização dos exercícios,
incentivando a adesão6.

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Abordagens farmacológicas e psicoterapêuticas estão entre as principais formas de


tratamento do TOC. De modo geral, pacientes adultos com sintomas obsessivo-compulsivos
são tratados farmacologicamente com a administração de clomipramina ou de inibidores
seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs; e.g., citalopram, escitalopram, fluoxetina,
fluvoxamina, paroxetina e sertralina); e/ou psicologicamente com Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC), incorporando técnicas de exposição e prevenção de rituais (EPR) e
de reestruturação cognitiva 5.
Contudo, é importante salientar que os resultados não dependem exclusivamente da
estratégia terapêutica utilizada, podendo variar em função de diversos fatores (e.g., idade de
início do TOC, tempo sem tratamento, dimensão dos sintomas, comorbidades associadas etc.).
Por isso, o tratamento deve ser devidamente adaptado para cada caso5.
Os meios psicoterapêuticos tradicionais são a psicoeducação sobre sintomas de TOC,
uso de estratégias cognitivas enfrentar pensamentos e exposições disfuncionais com a
prevenção de reações. No que diz a respeito especificamente para alojamento familiar, é
necessário especificar seu papel na manutenção do transtorno, permitindo portadores e suas
famílias para reconhecer e controlar os sintomas e comportamentos que mantêm o TOC.

3 METODOLOGIA
O presente estudo teve como base teórica estudos registrados no Google Acadêmico,
publicações na Revista Brasileira de Psiquiatria, Scielo e Lilacs, visando formular a etiologia,
compreensão sobre o assunto, os critérios de diagnóstico, repercussões clínicas, nas relações
interpessoais e consequências na qualidade de vida dos portadores, fornecendo uma fonte
importantes para estudos e compreensão.
Trata-se de uma revisão bibliográfica, com caráter descritivo. Os critérios de inclusão
foram 1) artigos que discorriam acerca do diagnóstico do TOC 2) Artigos que descrevia
manifestações clínicas do TOC 3) Artigos com idioma além do português. Os critérios de
exclusão foram 1) Artigos que discorriam sobre outros transtornos mentais.
O estudo visa estabelecer objetivos mais específicos, com uma análise descritiva.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Transtorno obsessivo compulsivo é uma doença mental grave, está entre as dez
doenças que mais causam incapacidade. Considerada multifatorial, com aspectos genéticos e
ambientais envolvidos em sua patogênese. O TOC tem quatro vezes mais chances de se
desenvolver em parentes de primeiro grau de pessoas com transtorno. Estabelecer o diagnóstico

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e tratamento o mais precocemente possível é importante para prevenir a piora dos sintomas e
aumento das chances de remissão completo.
A família tem assim um papel importante no tratamento do paciente, pois suas ações
refletem diretamente no paciente, o que pode levar à não adesão ao tratamento ou à cronificação
dos sintomas.
Podemos dizer que a maioria das famílias não está preparada para absorver o impacto
causado pelos sinais e sintomas do paciente, pois muitos sentimentos negativos podem surgir
por parte de todos os envolvidos na dinâmica familiar, criando uma situação de imenso estresse
que pode agravar doenças e até causar distúrbios psicológicos em outros membros da família.
As terapias farmacológicas e as terapias cognitivo-comportamentais têm sido
consideradas as mais utilizadas atualmente e visam melhorar o relacionamento entre familiares
e cuidadores no processo de aplicação dessas terapias e manter o paciente em um ambiente
agradável e acolhedor, melhorar sua perspectiva sobre a doença.
Em suma, este trabalho de revisão indica as repercussões clínicas dos portadores de
TOC, portanto, o conhecimento do profissional de saúde sobre as variáveis que influenciam no
prognóstico do paciente, conhecer medidas terapêuticas eficazes, é de suma importância para o
manejo do paciente com TOC, melhorando sua qualidade de vida e objetivando a remissão
completa dos sintomas.

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