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RESUMO
Introdução: O desenvolvimento infantil saudável depende de inúmeros fatores, dentre
eles, a adequada mielinização neuronal na formação de sinapses nervosas. Desta forma,
doenças da substância branca representam um obstáculo no campo da neurologia no que
tange a garantia de um diagnóstico precoce e manutenção de terapêuticas adequadas para
cada paciente. Apresentação do Caso: Um menino de 3 anos, nascido em Anápolis,
estado de Goiás, filho único de pais não aparentados, veio ao mundo por meio de um
parto cesáreo sem complicações. Na ocasião, pesava 2.800 gramas, media 50 centímetros
e tinha um perímetro cefálico de 36 centímetros. Este paciente foi submetido a uma
consulta pediátrica para acompanhamento de um retardo no desenvolvimento que tinha
se tornado aparente a partir dos 8 meses de idade. Discussão: Neste contexto, a Síndrome
de Pelizeaus-Merzbacher (SPM) é um tipo de leucodistrofia hipomielinizante de etiologia
genética, caracterizada pela deficiência na produção ou manutenção da mielina. Os
principais sintomas da Síndrome de Pelizaeus-Merzbacher incluem atraso no
desenvolvimento motor, espasticidade, ataxia, distúrbios visuais e déficits cognitivos. O
diagnóstico é geralmente baseado na história clínica, exame neurológico, exames de
imagem, como a ressonância magnética cerebral, e testes genéticos para identificar
mutações no gene PLP1. A confirmação diagnóstica é realizada por biologia molecular.
Conclusão: Não há cura para a Síndrome de Pelizaeus-Merzbacher, e o tratamento visa,
principalmente, o controle dos sintomas e o suporte multidisciplinar, para melhorar a
qualidade de vida dos pacientes.
Palavras-chave: Síndrome de Pelizaeus-Merzbacher, desmielinização, gene PLP1,
espasticidade, ataxia.
ABSTRACT
Introduction: Healthy child development depends on numerous factors, including
adequate neuronal myelination in the formation of nerve synapses. Thus, white matter
diseases represent an obstacle in the field of neurology regarding the guarantee of an early
diagnosis and maintenance of appropriate therapies for each patient. Case Presentation:
A 3-year-old boy, born in Anápolis, state of Goiás, the only child of unrelated parents,
was born through an uncomplicated cesarean section. At the time, he weighed 2,800
grams, measured 50 centimeters and had a head circumference of 36 centimeters. This
patient underwent a pediatric consultation for follow-up of a developmental delay that
had become apparent from 8 months of age. Discussion: In this context, Pelizeaus-
Merzbacher Syndrome (PMS) is a type of hypomyelinating leukodystrophy of genetic
etiology, characterized by deficiency in the production or maintenance of myelin. The
main symptoms of Pelizaeus-Merzbacher Syndrome include delay in motor development,
spasticity, ataxia, visual disturbances and cognitive deficits. Diagnosis is usually based
on clinical history, neurological examination, imaging tests such as brain MRI, and
genetic testing to identify mutations in the PLP1 gene. Diagnostic confirmation is
performed by molecular biology. Conclusion: There is no cure for Pelizaeus-Merzbacher
Syndrome, and treatment is mainly aimed at symptom control and multidisciplinary
support to improve patients' quality of life.
Keywords: Pelizaeus-Merzbacher Syndrome, demyelination, PLP1 gene, spasticity,
ataxia.
INTRODUÇÃO
APRESENTAÇÃO DE CASO
Um menino de 3 anos, nascido em Anápolis, estado de Goiás, filho único de pais não
aparentados, veio ao mundo por meio de um parto cesáreo sem complicações. Na ocasião,
pesava 2.800 gramas, media 50 centímetros e tinha um perímetro cefálico de 36 centímetros.
Este paciente foi submetido a uma consulta pediátrica para acompanhamento de um retardo no
desenvolvimento que tinha se tornado aparente a partir dos 8 meses de idade.
A DPM é causada por mutações no gene PLP1, localizado no cromossomo X. O gene PLP1 é
responsável pela produção de uma proteína chamada proteolipídica 1 (PLP1), que desempenha
um papel essencial na formação e manutenção da mielina. A mielina é uma substância lipídica
que envolve os axônios dos neurônios, proporcionando isolamento e acelerando a condução
dos impulsos elétricos no sistema nervoso. As mutações no gene PLP1 resultam em
anormalidades na produção ou na estrutura da proteína PLP1, levando à desmielinização
observada na DPM. (GARBERN et al., 1999; KOEPPEN; ROBITAILLE, 2002)
A DPM segue um padrão de herança ligado ao cromossomo X. Como os homens têm apenas
um cromossomo X, se herdarem uma cópia mutada do gene PLP1, desenvolverão a doença. Já
as mulheres têm dois cromossomos X e, portanto, podem ser portadoras da mutação sem
apresentar sintomas, ou podem ser afetadas se tiverem uma cópia mutada em ambos os
cromossomos X. A manifestação clínica em mulheres é menos comum e geralmente menos
intensa do que em homens, devido à possibilidade de compensação pela cópia normal do gene
em um dos cromossomos X. (OSORIO; GOLDMAN, 2018; RASKIND et al., 1991)
Além dos sintomas motores, a DPM pode causar problemas neurológicos adicionais, como
distúrbios da fala e da linguagem, distúrbios visuais, incluindo nistagmo (movimentos oculares
involuntários) e estrabismo, bem como convulsões em alguns casos. A velocidade e a gravidade
da progressão da doença podem variar, e alguns pacientes podem experimentar uma
estabilização dos sintomas após um período de progressão inicial. (SINGH; SAMANTA, 2022)
O diagnóstico da DPM é realizado por meio de uma avaliação clínica minuciosa, histórico
familiar, exame neurológico e testes genéticos. A ressonância magnética (RM) do cérebro é
uma ferramenta diagnóstica importante, pois pode revelar anormalidades características na
substância branca cerebral, como a presença de áreas de hipersinal ou hipossinal na sequência
de imagens ponderadas em T2. Essas anormalidades correspondem à desmielinização e à falta
de mielina nas áreas afetadas. (KUMAR et al., 1997)
Atualmente, não há cura para a DPM. O tratamento é focado no manejo dos sintomas e no
fornecimento de suporte multidisciplinar aos pacientes. A equipe de cuidados pode incluir
neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, oftalmologistas e
outros especialistas, dependendo dos sintomas apresentados por cada indivíduo. (BORGES et
al., 2022)
Embora não haja uma terapia específica para a DPM, a pesquisa está em andamento para
investigar novas abordagens terapêuticas. Isso inclui o uso de terapia gênica, onde o gene PLP1
defeituoso seria substituído por uma cópia normal por meio de técnicas de transferência de
genes. A terapia com células-tronco também está sendo estudada para promover a
remielinização e reparação dos danos causados pela desmielinização. (BORGES et al., 2022)
Ainda não existe tratamento definitivo para a doença, sendo assim, os sintomas
passam a ser os principais alvos terapêuticos: anticonvulsivantes, relaxantes musculares
de ação central e cirurgia estão entre as intervenções. (SINGH et al, 2022).
REFERÊNCIAS
Research, Society and Development, v. 11, n. 13, e256111335315, 2022 (CC BY 4.0) |
ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35315