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Brazilian Journal of Development 13189

ISSN: 2525-8761

Psoríase: aspectos etiopatogênicos, métodos diagnósticos e condutas


terapêuticas

Psoriasis: etiopathogenic aspects, diagnostic methods and therapeutic


approaches
DOI:10.34119/bjhrv6n3-373

Recebimento dos originais: 16/05/2023


Aceitação para publicação: 19/05/2023

Gabriela Nunes Pascoal


Graduanda em Medicina
Instituição: Universidade Nove de Julho (UNINOVE)
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Mariana Versiani Barreto


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Carine Nardelli
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Iago Montanha Pinto de Moraes


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Lara Bardella Caldeira


Graduanda em Medicina
Instituição: Universidade de Marília (UNIMAR)
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E-mail: lala.caldeira@hotmail.com

Guilherme da Costa Valente


Graduando em Medicina
Instituição: Universidade de Marília (UNIMAR)
Endereço: Av. Higino Muzi Filho, 1001, Mirante, Marília-SP, CEP: 17525-902
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Luiza Lubiana Fontana


Graduanda em Medicina
Instituição: Universidade Vila Velha (UVV)
Endereço: Av. Comissário José Dantas de Melo, 21, Boa Vista II, Vila Velha - ES,
CEP: 29102-920
E-mail: lulubianaf@gmail.com

Maeli Brito Concetto


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Instituição: Universidade Nove de Julho (UNINOVE)
Endereço: Rua Vergueiro, 235/249, Liberdade, São Paulo - SP, CEP: 01525-000
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Rebecca Bacellar Barreto de Sousa


Graduanda em Medicina
Instituição: Universidade Vila Velha (UVV)
Endereço: Av. Comissário José Dantas de Melo, 21, Boa Vista II, Vila Velha - ES,
CEP: 29102-920
E-mail: rebeccabacellar@gmail.com

RESUMO
A psoríase consiste em uma doença inflamatória crônica e autoimune caracterizada pelo
aparecimento de placas eritemato-escamosas na superfície da pele, principalmente nos
cotovelos, nos joelhos e no couro cabeludo, a qual afeta significativamente o bem-estar e
a qualidade de vida dos portadores. Etiologicamente, sabe-se que a psoríase é
multifatorial e está relacionada com fatores imunes, genéticos, ambientais, entre outros.
Em virtude da sua variedade etiológica, a epidemiologia é variada e a incidência depende
de diversos fatores. A patogênese se dá pela interação entre os linfócitos T e os
queratinócitos da pele, resultando em uma proliferação exagerada dessas células. As
manifestações clínicas decorrentes da psoríase são muito amplas e variam de paciente
para paciente e conforme a apresentação e gravidade da doença. Contudo, a lesão clássica
caracteriza-se como uma placa eritematoescamosa bem delimitada, podendo atingir
qualquer parte da pele, o que diferencia os diversos tipos de psoríase existentes. No que
tange ao diagnóstico, este é, frequentemente, clínico, baseado na história de evolução e
características clínicas das lesões. Comumente, utiliza-se métodos para confirmação
diagnóstica, como a curetagem metódica de Brocq e a biópsia da lesão. Ademais, escores
de gravidade da doença são, usualmente, utilizados, como o PASI e o DLQI. O manejo
terapêutico é imprescindível, a fim de evitar evolução do quadro e piora substancial na
qualidade de vida. Inicialmente, o manejo pode ser realizado com terapias tópicas, como
calcipotriol, agentes ceratolíticos, corticoides tópicos e etc. A fototerapia também é
indicada, pelo seu benefício comprovado e, em casos graves, associa-se o uso de fármacos
sistêmicos, como corticoides orais, agentes imunomoduladores e etc. Vale ressaltar que
o uso de emolientes para a pele e a exposição solar controlada devem ser indicadas em
associação à qualquer modalidade terapêutica.

Palavras-chave: Psoríase, tipos de psoríase, tratamento.

ABSTRACT
Psoriasis is a chronic inflammatory and autoimmune disease characterized by the
appearance of erythematous-scaly plaques on the surface of the skin, mainly on the

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elbows, knees and scalp, which significantly affects the well-being and quality of life of
patients. Etiologically, it is known that psoriasis is multifactorial and is related to immune,
genetic, and environmental factors, among others. Due to its etiological variety, the
epidemiology is varied and the incidence depends on several factors. The pathogenesis is
due to the interaction between T lymphocytes and skin keratinocytes, resulting in an
exaggerated proliferation of these cells. The clinical manifestations resulting from
psoriasis are very broad and vary from patient to patient and according to the presentation
and severity of the disease. However, the classic lesion is characterized as a well-defined
erythematous squamous plaque, which can affect any part of the skin, which differentiates
the different types of psoriasis that exist. With regard to the diagnosis, this is often
clinical, based on the evolution history and clinical characteristics of the lesions.
Commonly, diagnostic confirmation methods are used, such as methodical Brocq
curettage and biopsy of the lesion. Furthermore, disease severity scores are usually used,
such as the PASI and DLQI. Therapeutic management is essential in order to avoid
evolution of the condition and substantial worsening in quality of life. Initially,
management can be performed with topical therapies, such as calcipotriol, keratolytic
agents, topical corticosteroids, etc. Phototherapy is also indicated, due to its proven
benefit and, in severe cases, the use of systemic drugs is associated, such as oral
corticosteroids, immunomodulatory agents, etc. It is noteworthy that the use of emollients
for the skin and controlled sun exposure should be indicated in association with any
therapeutic modality.

Keywords: Psoriasis, types of psoriasis, treatment.

1 INTRODUÇÃO
A psoríase consiste em uma doença inflamatória sistêmica crônica comum e sem
cura, caracterizada pelo aparecimento de placas eritematosas demarcadas. As lesões
podem ser de diversos tipos, sendo a mais comum a vulgar e aparecem mais
frequentemente ao redor do cotovelo, couro cabeludo, tronco e joelhos (ANUSHKA
DHABALE; SHAILESH NAGPURE, 2022). Está associada a múltiplas condições
médicas comórbidas, fatores de risco genéticos e ambientais. Tal relação entre a doença
e as múltiplas comorbidades são de extrema importância para o desenvolvimento de um
plano de tratamento adequado do paciente (AMIN et al., 2020).
Embora seja a segunda doença de pele mais comum dentre a população mundial,
a etiopatogenia da psoríase não é totalmente definida (MARIJANA VIČIĆ et al., 2021).
Acredita-se que a mesma seja causada por uma alteração nas células do sistema
imunológico, que atacam as células saudáveis da pele, provocando a doença. Ademais,
fatores ambientais como tabagismo podem agravar os sintomas ou até mesmo contribuir
para seu aparecimento (ANUSHKA DHABALE; SHAILESH NAGPURE, 2022).

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O tratamento da psoríase tem evoluído muito nos últimos anos e consiste no uso
de medicamentos específicos como glicocorticóides, análogos de vitamina D, fototerapia
e produtos biológicos selecionados de acordo com o tipo e características das lesões
(PONA, 2019). Além disso, devemos destacar a crescente importância da abordagem
individual com cada paciente, avaliando como é a apresentação clínica da doença,
recorrência, rotina, costumes, hábitos e vícios (REID; CHRISTOPHER E.M.
GRIFFITHS, 2020).

2 OBJETIVO
O objetivo deste artigo é reunir informações, mediante análise de estudos recentes,
acerca dos aspectos inerentes da psoríase, sobretudo no tocante à etiologia, fisiopatologia,
diagnóstico e manejo.

3 METODOLOGIA
Realizou-se pesquisa de artigos científicos indexados nas bases de dados
Latindex, MEDLINE/PubMed e Google Schoolar entre os anos de 2017 e 2023. Os
descritores utilizados, segundo o “MeSH Terms”, foram: psoriasis, types of psoriasis,
treatment. Foram encontrados 2628 artigos, segundo os critérios de inclusão: artigos
publicados nos últimos 6 anos, textos completos, gratuitos e tipo de estudo. Papers pagos
e com data de publicação em período superior aos últimos 5 anos foram excluídos da
análise, selecionando-se 16 artigos pertinentes à discussão.

4 EPIDEMIOLOGIA
A psoríase consiste em uma doença inflamatória sistêmica crônica comum, a qual
está relacionada a diversas comorbidades, como artrite, obesidade, diabetes mellitus,
depressão, hipertensão e doenças cardiovasculares (CHIANG et al., 2019). Além das
repercussões físicas observadas, a psoríase comumente está associada com a redução da
qualidade de vida, gerando grande impacto nos aspectos sociais e emocionais de quem
convive com tal condição (MARIJANA VIČIĆ et al., 2021).
Acerca da prevalência, a psoríase acomete cerca de 2 a 3% da população em todo
o mundo, o que representa mais de 125 milhões de pessoas, acometendo, principalmente,
a população adulta e, revelando uma incidência igual em ambos os sexos. Ademais, é
comumente mais observada em países de alta renda (CHIANG et al., 2019; MARIJANA
VIČIĆ et al., 2021). Todavia, quando analisado minunciosamente a incidência de psoríase

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por sexo e faixa etária, revela-se dois picos distintos de faixa etária de inicio da
manifestação dos sintomas, sendo mais frequente nas mulheres em torno de 18-29 e 50-
59 anos e, em homens em torno de 30-39 e 60-69 ou 70-79 anos (PARISI et al., 2020).
A manifestação grave da doença eleva a mortalidade geral e reduz a expectativa
de vida em 3,5 anos em homens e 4,4 anos em mulheres, quando comparado com
indivíduos sem psoríase. As doenças específicas mais relacionadas a óbitos em pacientes
portadores desta enfermidade são as afecções cardiovasculares, seguida por infecções,
malignidades, doenças hepáticas, renais, respiratórias e do sistema digestivo
(MARIJANA VIČIĆ et al., 2021). Em decorrência disso, a Organização Mundial da
Saúde (OMS), em 2014, qualificou a psoríase como uma doença grave não transmissível
e, em 2016, publicou um relatório evidenciando a importância de compreender melhor os
aspectos clínicos e psicológicos que envolvem tal patologia (PARISI et al., 2020).

5 ETIOPATOGENIA
A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele que envolve uma interação
complexa entre diferentes células do sistema imunológico e as células cutâneas. Possui
etiologia multifatorial, sendo que a predisposição genética é o principal fator para o seu
aparecimento; mas os fatores ambientais também são uma influência, podendo contribuir
para o agravamento dos sintomas. Ademais, fatores desencadeantes específicos, como
infecções, medicamentos, estresse emocional, entre outros, também podem abrir o quadro
nos pacientes pré-dispostos (RENDON; KNUT SCHÄKEL, 2019; TASHIRO;
SAWADA, 2022).
As células dendríticas são as primeiras células do sistema imunológico a
reconhecerem e responderem aos antígenos presentes na pele e são ativadas por diversos
estímulos, incluindo estressores psicológicos, infecções, fármacos e alterações no
equilíbrio microbiológico da pele. Tais células, como as células de Langerhans, migram
para os linfonodos onde vão fazer a ativação dos linfócitos T, que iniciam um processo
de proliferação e diferenciação. Quando os linfócitos chegam na derme e na epiderme, as
células dendríticas apresentam antígenos específicos para essas células, tornando-as
células efetoras do tipo T (HU et al., 2021).
As células T CD4+ são as principais células T envolvidas na psoríase, produzindo
citocinas inflamatórias, incluindo a interleucina-17 (IL-17), que estimula a proliferação
das células da pele, perpetuando a mitose dos queratinócitos e diminuindo o tempo do seu
ciclo mitótico, fazendo com que haja uma hiperproliferação deles, deixando a epiderme

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com uma camada mais grossa e em constante renovação, além de incentivar a produção
de mais citocinas inflamatórias. Já as células natural killer (NK) também são ativadas e
produzem citocinas inflamatórias que contribuem para a inflamação e a proliferação
excessiva das células cutâneas (HU et al., 2021).
Ademais, outras células do sistema imunológico, incluindo neutrófilos, células de
Langerhans e mastócitos, também estão envolvidas na fisiopatologia da psoríase. Os
neutrófilos, por exemplo, são recrutados para as lesões de psoríase e liberam enzimas que
danificam as células da pele, devido à liberação de IL-6. Esse processo acarreta na
formação de placas com borda apresentando eritema e descamação estratificada
(CHIANG et al., 2019; TASHIRO; SAWADA, 2022).
A fisiopatologia da psoríase também envolve a hiperproliferação das células
epidérmicas, com um aumento na taxa de divisão e um acúmulo de células imaturas,
influenciados por fatores genéticos, ambientais e imunológicos. Além disso, está
associada a alterações na angiogênese, com uma produção aumentada de fatores de
crescimento vascular, como o VEGF e a PDGF, e um aumento no número de vasos
sanguíneos na pele, permitindo a proliferação e a inflamação exacerbada (DAND et al.,
2020).

6 TIPOS E SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


A lesão clássica da psoríase é a placa eritematoescamosa bem delimitada, podendo
atingir qualquer parte da pele. Variam de paciente para paciente, conforme a apresentação
e gravidade da doença. Tais lesões podem incluir: manchas vermelhas com escamas secas
esbranquiçadas ou prateadas; pequenas manchas brancas ou escuras residuais após
melhora das lesões avermelhadas; pele ressecada e rachada, às vezes, com sangramento;
unhas grossas, descoladas, amareladas e com alterações da sua forma, como sulcos e
depressões; sensação de coceira, queimação e dor nas lesões; além de inchaço e rigidez
nas articulações, podendo, inclusive, cursar com destruição em casos mais graves
(ANUSHKA DHABALE; SHAILESH NAGPURE, 2022). Vale ressaltar os tipos de
psoríase e suas respectivas manifestações clínicas (RENDON; KNUT SCHÄKEL, 2019):
● Psoríase em placas ou vulgar: É o tipo mais comum da doença. São
lesões em placas secas, eritematosas, com escamas prateadas ou esbranquiçadas.
Podem estar associadas com dor e prurido. Os principais locais acometidos da pele
são: joelhos, cotovelos, couro cabeludo, região lombar e cicatriz umbilical,

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genitais ou ainda em qualquer outro lugar do corpo. Nos casos graves, a pele pode
rachar e sangrar.

Figura 1 - Lesões típicas de psoríase vulgar.

Fonte: RENDON; KNUT SCHÄKEL, 2019.

● Psoríase ungueal: pode afetar, tanto as unhas das mãos, quanto as dos pés
e apresenta aspecto anormal. Dentre as alterações, a aparência das mesmas podem
se apresentar como escamosas, grossas, depressões em pontos e até deformação
da matriz ungueal. Alguns casos podem evoluir para o descolamento do leito
ungueal.

Figura 2 - Lesões típicas de psoríase ungueal.

Legenda: onicoliólise e alterações na gota de óleo no envolvimento da unha psoriática.


Fonte: RENDON; KNUT SCHÄKEL, 2019.

● Psoríase do couro cabeludo: áreas eritematosas com escamas espessas


branco-prateadas, principalmente após prurido intenso, sendo característico nesta
localização. O paciente pode perceber os flocos de pele morta em seus cabelos ou
em seus ombros, especialmente depois de coçar o couro cabeludo. Faz diagnóstico
diferencial com a caspa.

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● Psoríase gutata: pode ser decorrente de uma infecção bacteriana prévia.


É representada por pequenas feridas em forma de gota na região do tronco, braços,
pernas e couro cabeludo, as quais são cobertas por uma fina escama, diferente das
placas típicas da psoríase que são grossas. Este tipo acomete mais crianças e
jovens antes dos 30 anos, podendo melhorar espontaneamente.
● Psoríase invertida: acomete as dobras da pele, mais preferencialmente as
áreas úmidas, como região axilar, intergluteal, inframamária e genital. São
manchas inflamadas e eritematosas, sem a descamação grosseira que existe nas
lesões no resto do corpo. O quadro pode agravar em pessoas obesas ou quando há
sudorese excessiva e atrito na região.

Figura 3 - Lesões típicas de psoríase invertida.

Fonte: RENDON; KNUT SCHÄKEL, 2019.

● Psoríase pustulosa: São descritas como pústulas que se manifestam em


caráter eritematoso intenso. As lesões podem ocorrer de maneira difusa ou
localizada, como mãos, pés ou dedos (psoríase palmoplantar). Geralmente, sua
evolução é rápida e cursa com bolhas de pus que aparecem poucas horas depois
que a pele se torna eritematosa. As bolhas secam dentro de um dia ou dois, mas
podem reaparecer durante dias ou semanas. A psoríase pustulosa generalizada
pode causar febre, calafrios, coceira intensa e fadiga. É uma apresentação grave
da doença que pode trazer risco de morte se não for tratada de forma adequada.

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Figura 4 - Lesões típicas de psoríase pustulosa.

Fonte: RENDON; KNUT SCHÄKEL, 2019.

● Psoríase eritrodérmica: é o tipo menos comum. Acomete todo o corpo


com manchas eritematosas associadas a prurido intenso e ardor, além de
manifestações constitucionais como febre e calafrios. Ela pode ser desencadeada
por queimaduras graves, tratamentos intempestivos, infecções ou por outro tipo
de psoríase mal-controlada. Sendo caracterizada como uma forma grave da
psoríase, muitas vezes é preciso internação hospitalar para seu controle.

Figura 5 - Lesões típicas de psoríase eritrodérmica.

Fonte: RENDON; KNUT SCHÄKEL, 2019.

● Psoríase artropática: provoca fortes dores nas articulações,


principalmente ao iniciar o movimento e tende a melhorar com o movimento
contínuo. Podendo estar associado, rigidez progressiva e até deformidades
permanentes. Afeta qualquer articulação do corpo, inclusive a coluna vertebral.

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Tabela 1 - Síntese dos tipos de psoríase e suas características.


Tipos de Psoríase Características

Psoríase em placas Coceira, seca, coberta em escamas

Psoríase Ungueal Unhas com crescimento anormal e descoloração

Psoríase Gutata Pontos de descamação em tronco e braços

Psoríase Inversa Pele inflamada em regiões úmidas

Psoríase Eritrodérmica Forma de descamação com erupção cutânea

Psoríase Pustular Bolhas com pus

Psoríase Artrítica Artrite associada


Fonte: ANUSHKA DHABALE; SHAILESH NAGPURE, 2022.

7 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de psoríase baseia-se na anamnese e exame clínico da pele, unhas
e couro cabeludo, sendo, por vezes, necessário o uso de exames complementares, como
biópsia, para confirmação. No exame físico, pode-se usar como ferramenta a curetagem
metódica de Brocq, que consiste em realizar um atrito de forma suave na pele com uma
cureta. Feito isso, quando positivo para psoríase, têm-se o destacamento de escamas
micáceas esbranquiçadas, aparentando cera de vela e, por isso, sendo chamado de sinal
da vela. Com a continuação do movimento há elevação de uma membrana, que quando
curetada, culminará no ferimento desses ápices, surgindo o orvalho sangrante, vulgo sinal
de Aupstz. Apesar do atrito, a manobra não gera dor no local da lesão (KIM; JEROME;
YEUNG, 2017; SBD, 2020; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).
Quando necessário o uso da biópsia, os achados histopatológicos na lesão ativa
incluem hiperceratose, paraceratose, acantose regular (hiperplasia psoriasiforme), papílas
dérmicas alongadas com capilares dilatados e tortuosos, além de também poder observar
infiltrados predominantes de linfócitos na derme papilar. Quando presentes, os neutrófilos
podem se estender para a camada espinhosa, formando as pústulas espongiformes de
Kogoj, e na camada córnea, os microabscessos de Munro. É importante salientar que esses
achados são inespecíficos e mudam de acordo com o tipo e tempo da doença (KIM;
JEROME; YEUNG, 2017; SBD, 2020; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).
É de grande valia no diagnóstico de psoríase o uso do instrumento PASI - Psoriasis
Area and Severity Index – que auxilia na medição da gravidade e extensão da psoríase.
Para o cálculo de PASI, divide-se o corpo em 4 partes: cabeça, tronco, braços e perna.
Para cada parte analisada, avalia-se três parâmetros: eritema, infiltração e descamação.

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Após isso, classifica os mesmos em ausente (0), leve (1), moderado (2), intenso (3) e
muito intenso (4). A pontuação desses fatores é multiplicada pela extensão da doença em
cada região e pela porcentagem de superfície corporal que aquela região representa. Por
último, deve-se somar os dados de cada região. O PASI é considerado leve quando o
resultado é igual ou inferior a 10 e moderado a grave quando superior a 10. Esse
instrumento permite estratificar a gravidade da doença e avaliar a eficácia dos tratamentos
(KIM; JEROME; YEUNG, 2017; SBD, 2020; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

8 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O diagnóstico diferencial de psoríase é diverso e extenso, devendo ser avaliado de
forma minuciosa, a fim de evitar tratamento inadequado. Importante diagnósticos
diferenciais são dermatite seborréica, pitiríase rósea, eczema, líquen plano e micose
fungóide, os quais podem se manifestar com características clássicas semelhantes (KIM;
JEROME; YEUNG, 2017; GISONDI; BELLINATO; GIROLOMONI, 2020):
● Dermatite seborreica: é uma condição inflamatória da pele que pode ser
confundida com a psoríase do couro cabeludo devido a sintomas semelhantes,
como eritema e descamação. A dermatite seborreica, no entanto, tende a ter uma
distribuição mais generalizada no couro cabeludo e em outras áreas, como a face,
tórax e axilas. Além disso, a psoríase do couro cabeludo é caracterizada por placas
bem definidas e mais espessas, enquanto a dermatite seborreica apresenta
descamação fina e menos delimitada.
● Pitiríase rósea: é uma condição cutânea caracterizada por uma erupção
oval e rosa-avermelhada que geralmente aparece na parte superior do corpo. Pode
ser confundida com a psoríase em placas, pois ambas apresentam lesões
escamosas e vermelhas. No entanto, a psoríase em placas é mais simétrica e
geralmente afeta áreas extensoras do corpo, enquanto a pitiríase rósea tem uma
distribuição mais aleatória e, frequentemente, afeta áreas como o tronco e a região
abdominal.
● Eczema: é uma condição inflamatória da pele que causa prurido, eritema
e descamação. Pode ser confundida com a psoríase em placas, pois ambas
apresentam lesões escamosas na pele. No entanto, o eczema geralmente é mais
pruriginoso e pode apresentar vesículas ou bolhas, enquanto a psoríase em placas
não apresenta essas características.

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● Líquen plano: é uma condição inflamatória crônica da pele que causa


lesões salientes, roxas ou vermelhas, frequentemente pruriginosas. Pode ser
confundida com a psoríase pustulosa, que também causa lesões vermelhas e
inflamadas na pele. No entanto, a psoríase pustulosa apresenta pústulas ou bolhas
preenchidas com pus na pele, enquanto o líquen plano não apresenta essas
características.
● Micose fungóide: é um tipo de linfoma cutâneo que pode causar lesões
cutâneas semelhantes às da psoríase. No entanto, a micose fungóide apresenta
uma progressão mais lenta e pode afetar outras áreas do corpo, como os gânglios
linfáticos e órgãos internos. A biópsia da pele pode ser necessária para diferenciar
as duas condições.

9 TRATAMENTO
O tratamento da psoríase evoluiu consideravelmente nos últimos 100 anos, o que
se deve ao entendimento da patogênese da doença. Com o direcionamento preciso das
vias imunes envolvidas na gênese, percebeu-se que a abordagem mais eficaz é aquela que
engloba a natureza biopsicossocial da doença. Isso envolve uma abordagem para
identificar o melhor medicamento para um indivíduo, aliada à educação do paciente,
triagem de comorbidade e revisão regular, uma vez que a apresentação clínica e as
necessidades do paciente mudam com o tempo (REID; CHRISTOPHER E.M.
GRIFFITHS, 2020).
A gravidade da doença clínica e a resposta ao tratamento podem ser classificadas
por meio de vários escores diferentes. O escore Índice de Área e Gravidade da Psoríase
(PASI) tem sido amplamente utilizado. A psoríase caracterizada como leve a moderada
pode ser tratada topicamente com uma combinação de glicocorticóides, análogos da
vitamina D e fototerapia. Já a psoríase moderada a grave, geralmente, requer tratamento
sistêmico. Vale ressaltar que a presença de comorbidades, como a artrite psoriásica
também é altamente relevante para seleção do tratamento (PONA, 2019; KORMAN,
2020).
Sabe-se ainda que dietas de baixas calorias melhoram o PASI e o Índice de
Qualidade de Vida Dermatológica (DLQI) quando em conjunto com a terapia tópica ou
sistêmica. Em virtude disso, observou-se que o óleo de peixe, a suplementação de zinco,
a dieta sem glúten e a suplementação de vitamina D foram eficazes. Porém as mudanças
dietéticas por si só não causam um grande efeito na psoríase, mas podem se tornar um

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complemento importante para os tratamentos atuais de primeira linha (PONA, 2019;


KORMAN, 2020).

9.1 AVALIAÇÃO PRÉ-TRATAMENTO


A avaliação inicial do paciente com psoríase visa a escolha assertiva do tratamento
e, para isso, além de conhecer as indicações, contraindicações e possíveis eventos
adversos do tratamento, deve-se analisar o impacto do tratamento na doença e as suas
comorbidades. A avaliação pré-tratamento considera a anamnese, exame físico e exames
laboratoriais. O tempo de evolução da psoríase, idade de início, gravidade, acometimento
de áreas específicas, impacto na qualidade de vida e presença de artrite psoriásica são
critérios que influenciam a escolha terapêutica. Ademais, deve-se avaliar condições que
contraindicam os diferentes tratamentos sistêmicos, como insuficiência cardíaca
congestiva, malignidade, doença inflamatória intestinal e doenças neurológicas
desmielinizantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).
Deve-se pesquisar sintomas de infecções e considerar a possibilidade de
tuberculose (TB), HIV, hepatite B e C e sífilis. No que se refere à TB, deve-se excluir
infecção ativa e investigar TB latente (TBL), devido ao risco de reativação associado a
determinados tratamentos da psoríase. O rastreamento de TB deve considerar o risco
epidemiológico (contato, ocupação, área endêmica, situação socioeconômica etc.), além
de sinais e sintomas de TB ativa, como febre, tosse persistente e perda de peso e exames
diagnósticos. O tratamento da TBL é recomendado por, ao menos, um mês antes do início
da terapia imunobiológica e deve ser mantido durante um total de 9 meses (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2021).
Verificar a situação vacinal e atualizá-la antes de iniciar qualquer tratamento
imunossupressor pode diminuir o risco de infecções futuras. Vacinas não-vivas durante o
tratamento com imunossupressor não estão contraindicadas. Já as vacinas com vírus
atenuado são contraindicadas nos pacientes em uso de imunossupressores ou de
imunomoduladores. Contudo, se o paciente precisar delas, durante o tratamento, as
recomendações podem variar conforme o consenso consultado e de acordo com a bula da
medicação. De forma geral, recomenda-se não receber vacinas de vírus vivo ou atenuados
4 semanas antes, durante e após um mínimo de 4 semanas até 4-5 meias-vidas da última
dose do imunobiológico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).
O exame físico deve explorar peso, índice de massa corporal (IMC),
circunferência abdominal, sinais de artrite psoriática, entre outras comorbidades. É

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indispensável a avaliação da gravidade, usando escores clínicos, como BSA, PASI ou


PGA; o impacto na qualidade de vida, por meio do do DLQI e a verificação de
acometimento de áreas específicas, como couro cabeludo, unhas, palmas, plantas e região
genital (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

9.2 TRATAMENTO TÓPICO


O tratamento tópico está indicado para todas as formas de psoríase, podendo ser
usado isoladamente nos casos leves ou combinado em casos mais graves. São eles (SBD,
2020; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021):
a) Os emolientes são cremes destinados ao tratamento de pele seca resultante da
atividade de diferentes doenças, os quais melhoram a função da barreira cutânea
e, portanto, são indicados no tratamento da psoríase.
b) Os ceratolíticos são agentes que amolecem e soltam a camada córnea da
epiderme, facilitando o processo de descamação, sendo que os mais utilizados na
prática são a ureia e o ácido salicílico. A ureia pode potencializar a penetração de
corticoides e, principalmente, melhorar a hidratação da pele. O ácido salicílico é
o mais utilizado e pode ser aplicado em palmas, plantas e couro cabeludo;
contudo, seu uso é limitado devido ao risco de intoxicação que ocorre após
tratamentos prolongados em áreas extensas do corpo e por poderem interferir na
eficácia do calcipotriol.
c) Os corticoides tópicos exercem na pele ação antiproliferativa,
imunossupressora, antipruriginosa, anti-inflamatória e vasoconstritora, sendo as
medicações tópicas mais utilizadas no tratamento da psoríase. O propionato de
clobetasol a 0,05% e o dipropionato de betametasona 0,05 mg/g são os mais
usados por um período de 2 a 4 semanas ou de forma intermitente, a fim de
diminuir os possíveis efeitos colaterais. Dentre os efeitos adversos locais,
destacam-se a atrofia da epiderme, surgimento de estrias, dermatite de contato,
sensação de ardência e queimação no local da aplicação. Ademais, a aplicação em
grandes superfícies pode levar a absorção sistêmica e hipercortisolismo, o que
requer cuidado no seu uso.
d) Os análogos da vitamina D têm como propriedade o estímulo à diferenciação
dos queratinócitos, inibição da proliferação epidérmica e a modificação da
resposta imune. O calcipotriol pomada 50mcg/g possui atividade antipsoriásica
com início de ação entre 6 a 8 semanas, sem os efeitos adversos comumente

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observados nos corticoides. Contudo, como toda medicação, também cursa com
efeitos colaterais, como irritação no local da aplicação. Ademais, o seu uso pode
ser associado à betametasona para melhores resultados.
e) Imunomoduladores tópicos inibem a ação da calcineurina e bloqueiam a
produção de substâncias inflamatórias. Seu uso é off label na psoríase. Há duas
preparações tópicas: tacrolimo (em pomada a 0,03% e 0,1% - aprovado para
maiores de 2 e 16 anos de idade, respectivamente) e pimecrolimo (em creme a 1%
- aprovado para maiores de 3 meses de idade). O efeito adverso mais comum é a
sensação de queimação, geralmente transitória e mais comum com o uso do
tacrolimo.
f) Coaltar é um derivado do alcatrão, cuja destilação e emulsificação em
polissorbato 80, produz o liquor carbonis detergens (LCD), que tem cosmética
melhor. O mecanismo de ação é desconhecido, mas acredita-se que diminua a
proliferação dos queratinócitos, efeito potencializado com a associação a radiação
ultravioleta B (UVB). São formulados em concentrações de 1 a 5% e aplicados
nas lesões, deixando o maior tempo possível. A aplicação da UVB é feita em doses
crescentes, diariamente ou em dias alternados, sem remoção do produto. Os
efeitos adversos mais comuns são manchas na pele ou nas roupas, odor
desagradável do produto, reações fotoalérgicas e fototóxicas. Vale ressaltar que a
absorção sistêmica e toxicidade são insignificantes.
g) Antralina é um derivado sintético da crisarobina, obtida de uma árvore
chamada Araroba. Atualmente seu uso na psoríase é restrito, podendo ser utilizada
em baixas (0,1 a 0,5%) ou altas concentrações (1 a 3%) em aplicações de 15 a 30
minutos.

9.3 FOTOTERAPIA
A fototerapia é um tratamento que envolve a exposição das áreas afetadas da pele
à luz ultravioleta (UV), sendo que seus efeitos estão baseados nas ações de
imunossupressão local, redução da hiperproliferação epidérmica e apoptose de linfócitos
T, reduzindo a inflamação e a coceira típicas da psoríase. Está indicada a sua realização
de 2 a 3 vezes na semana, estando associada à melhora na qualidade de vida do paciente.
É segura na gestação e na amamentação, além de possuir boas respostas em crianças.
Além disso, vale salientar que a fototerapia atrasa em até 1 ano o início de drogas
sistêmicas, diminuindo custos para o sistema público de saúde. Quando usada em

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associação, geralmente é acrescido o uso de metotrexato, ciclosporina ou retinóides. Tal


método pode ser realizado com radiação UVB de faixa larga ou UVB de faixa estreita
(preferível) ou, ainda, com psoraleno mais radiação ultravioleta (PUVA) (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2021).

9.4 TRATAMENTO SISTÊMICO


Medicamentos sistêmicos são clássicos no tratamento da psoríase, sendo de maior
eficácia quando em associação com a fototerapia. Segundo avaliação do PGA e PASI são
mais utilizados nas formas graves da doença. São eles (SBD, 2020; MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2021):
a) Acitretina: é um fármaco, derivado da vitamina A, que atua reduzindo a
descamação da pele. Eficaz com fototerapia com radiação UVB ou fototerapia
com psoraleno mais radiação ultravioleta (PUVA). Dose máxima 25 mg/dia e UV
reduzida em 50%, pois há diminuição da dose eritematosa mínima. Se introduzida
antes, a fototerapia inicia após 2 semanas, com protocolo de dosagem usual.
b) Ciclosporina: é uma droga imunossupressora, da classe dos inibidores de
calcineurina. Em longo prazo é contraindicada por risco de carcinogênese. Em
curto prazo, pode ser utilizada até controle e manutenção com fototerapia,
abreviando o período de sobreposição das terapias, com risco de malignidade
teoricamente insignificante.
c) Metotrexato: é considerado uma droga antirreumática modificadora da doença
(DRMD) e estudos de eficácia e segurança mostram sinergismo na combinação
com UVB ou PUVA. Início 3 semanas antes da fototerapia, sendo que após
melhora suspende-se a droga, mantendo a fototerapia. Vale ressaltar que os
estudos sobre as consequências em longo prazo dessa combinação, como
carcinogênese, são escassos.
d) Imunobiológicos: são estruturalmente anticorpos ou receptores, direcionados
a um alvo específico. A principal preocupação está relacionada ao risco de
infecção ou carcinogênese. A fototerapia não causa efeito imunossupressor
sistêmico, permitindo a combinação com imunobiológicos em alguns casos.
e) Etarnecepte: é um medicamento antirreumático, obtido por biotecnologia. Seu
uso em combinação é superior à monoterapia, com rápida regressão do quadro
inicial. Na falha com UVB, o excimer laser se mostrou eficaz.

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f) Adalimumabe: é um medicamento imunobiológico que tem como alvo


terapêutico o bloqueio da molécula TNF-alfa. Sua associação parece acelerar a
resposta terapêutica, mostrando redução do PASI na metade irradiada.
g) Ustequinumabe: é um inibidor seletivo de IL-12 e 23. Recomendações para
tratamentos combinados PUVA ou UVB associados a outros tratamentos
aceleram a melhora nas avaliações de 6 e 16 semanas, reduzindo o PASI em
relação aos tratamentos isolados.

10 CONCLUSÃO
Em suma, a psoríase é uma doença crônica da pele, não contagiosa, caracterizada
pela presença de lesões eritrodérmicas, recobertas por escamas esbranquiçadas, as quais
podem estar presentes em diferentes locais do corpo. A sua fisiopatologia envolve uma
interação complexa entre fatores genéticos e ambientais, incluindo uma resposta
imunológica desregulada e uma barreira cutânea disfuncional. O diagnóstico baseia-se
principalmente na avaliação clínica dos sintomas e lesões da pele. O tratamento inclui
medidas gerais de cuidados com a pele, incluindo hidratação regular e uso de emolientes.
Somado a isso, o tratamento farmacológico pode envolver o uso de corticosteroides
tópicos, imunomoduladores tópicos, fototerapia e terapia sistêmica. Embora grandes
avanços tenham sido identificados, algumas questões ainda permanecem indefinidas,
ficando evidente a necessidade de novos estudos que abordem de maneira meticulosa a
psoríase e seu manejo, objetivando-se sanar as lacunas do conhecimento evidenciadas no
presente artigo.

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