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Brazilian Journal of Development 50231

ISSN: 2525-8761

Principais alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo vírus


da Imunodeficiência Humana Adquirida - HIV

main immunological alterations resulting from infection by the


Acquired Human Immunodeficiency virus - HIV

DOI:10.34117/bjdv8n7-101

Recebimento dos originais: 23/05/2022


Aceitação para publicação: 30/06/2022

Isabela Trappel de Alencar


Graduando em Curso de Biomedicina pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho
(FIMCA)
Instituição: Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA)
Endereço: R. das Ararás, 241, Eldorado, Porto Velho - RO, CEP: 76811-678
E-mail: isahtrappel@gmail.com

Dayana Oliveira Almeida


Graduando em Curso de Biomedicina pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho
(FIMCA)
Instituição: Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA)
Endereço: R. das Ararás, 241, Eldorado, Porto Velho - RO, CEP: 76811-678
E-mail: dayanaolvralmeida@gmail.com

Ana Clara Oliveira Couto


Graduando em Curso de Biomedicina pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho
(FIMCA)
Instituição: Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA)
Endereço: R. das Ararás, 241, Eldorado, Porto Velho - RO, CEP: 76811-678
E-mail: claracouto38@gmail.com

Juliana L. Furtado Fontes


Docente das Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA)
Instituição: Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA)
Endereço: R. das Ararás, 241, Eldorado, Porto Velho - RO, CEP: 76811-678
E-mail: claracouto38@gmail.com

RESUMO
OBJETIVOS:Analisar quais as principais alterações imunológicas decorrentes da
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV). OBJETIVOS
ESPECÍFICOS:Os objetivos específicos do presente estudo foram descrever a
fisiopatologia da infecção por HIV, elencar quais as principais alterações imunológicas
em indivíduos adultos, descrever os métodos de diagnóstico laboratorial e verificar a
existência e organização de políticas públicas de impacto voltadas para identificação e
controle epidemiológico da doença no país. METODOLOGIA:Partindo de uma revisão
de literatura de caráter qualitativo, baseada no método bibliométrico, este estudo verificou
o volume de estudos publicados entre os anos de 2010 e 2020 sobre as principais
alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
adquirida (HIV), utilizando descritores como alterações imunológicas do HIV,

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fisiopatologia do HIV, panorama estatístico e epidemiológico da infecção por HIV e


políticas públicas de impacto e controle epidemiológico da doença no Brasil.
RESULTADOS: Com este estudo, podemos verificar que principais alterações
imunológicas do HIV são, primordialmente, a degradação progressiva das células do
sistema imune, o que leva à imunossupressão, e assim, à vulnerabilidade à várias doenças,
dentre elas a candidíase, sífilis, pneumonia, toxoplasmose, tuberculose pulmonar, sendo
a maior causadora dos óbitos registrados atualmente. Além delas, existem outras
alterações como infecções por vírus, bactérias, fungos e protozoários, causando diversas
complicações. Atualmente, o diagnóstico da doença é pautado nas diretrizes e nos
fluxogramas criados pelo Ministério da Saúde. Quanto às políticas públicas, é possível
perceber que as ações são voltadas tanto para o diagnóstico quanto para a conscientização
da doença, além do tratamento gratuito disponibilizado pelo SUS. CONCLUSÃO:
Compreender as principais alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo vírus
HIV contribui diretamente para o desenvolvimento científico dos métodos de combate e
identificação dos pontos de impacto, tanto no que se trata do diagnóstico em si quanto do
combate à doença.

Palavras-chave: alterações imunológicas, diagnóstico laboratorial, vírus da


Imunodeficiência Humana Adquirida (HIV).

ABSTRACT
OBJECTIVES: Analyze the main immunological alterations resulting from the infection
by the acquired human immunodeficiency virus (HIV). METHODS: Based on a
qualitative literature review, based on the bibliometric method, this study verified the
volume of studies published between the years 2010 and 2020 on the main immunological
changes resulting from the infection by the acquired human immunodeficiency virus
(HIV), using descriptors such as immunological alterations of HIV, pathophysiology of
HIV, statistical and epidemiological overview of HIV infection and public policies of
impact and epidemiological control of the disease in Brazil. RESULTS: With this study,
we can verify that the main immunological alterations of HIV are, primarily, the
progressive degradation of the cells of the immune system, which leads to
immunosuppression, and thus, to vulnerability to several diseases, among them
candidiasis, syphilis, pneumonia, toxoplasmosis. pulmonary tuberculosis, being the major
cause of deaths currently recorded. In addition to them, there are other changes such as
infections by viruses, bacteria, fungi and protozoa, causing various complications.
Currently, the diagnosis of the disease is based on the guidelines and flowcharts created
by the Ministry of Health. As for public policies, it is possible to see that the actions are
aimed at both diagnosis and awareness of the disease, in addition to the free treatment
provided by the SUS. CONCLUSION: Understanding the main immunological changes
resulting from HIV infection directly contributes to the scientific development of methods
to combat and identify the points of impact, both in terms of the diagnosis itself and the
fight against the disease.

Keywords: immune changes, laboratory diagnosis, Acquired Human Immunodeficiency


virus (HIV)

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1 INTRODUÇÃO
No ano de 2020, foram contabilizados cerca de 37,7 milhões de pessoas
convivendo com o HIV, onde 36 milhões eram adultos, 1,7 milhão eram crianças na faixa
etária entre 0 a 14 anos, e desse total, 6,1 milhões de pessoas não sabiam que estavam
vivendo com o HIV. (UNAIDS, 2020)
Dados do Ministério da Saúde (2020) afirmam que no Brasil, entre os anos de
2007 a 2021, foram notificados 381.793 casos de HIV, e que no ano de 2020, foram
diagnosticados 32.701 novos casos de HIV e 32.701 novos casos de AIDS.
Conceitualmente, a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é causada
pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), a qual provoca a supressão do sistema
imune e torna o indivíduo suscetível a infecções, podendo até mesmo levar a morte.
Para Daminelli, Tritinger e Spada (2010), a infecção pelo vírus da
imunodeficiência adquirida (HIV) é caracterizada pela replicação viral contínua e pela
depleção dos linfócitos T CD4+, a qual pode acarretar alterações imunológicas e
infecções por diversos patógenos.
Nesse sentido, a infecção pelo HIV é dividida em 03 (três) fases, sendo elas a fase
aguda, a fase assintomática e a fase sintomática. Caso não haja o tratamento terapêutico,
a mediana de progressão entre a fase aguda e a fase sintomática é de 10 anos, mas essa
média pode variar de acordo com as condições de saúde do paciente. (DIAS et al, 2020)
De acordo com Dias et al (2020), na fase aguda da doença, os pacientes podem
apresentar um quadro clínico que vai desde uma síndrome gripal, febre, astenia, faringite,
mialgia, cefaléia, adenomegalia, dentre outros sintomas e quadros.
Entretanto, o tratamento atual para o HIV é o uso de terapia antirretroviral
(TARV), que tem o propósito de restaurar o sistema imunológico e melhorar a qualidade
de vida das pessoas que convivem com HIV/AIDS.
Segundo Dias et al (2020), desde 1996 as pesquisas clínicas vêm avançando, e a
TARV surge juntamente com estes novos estudos, trazendo uma terapia potente que
diminua a replicação viral e o progresso da infecção, combinando 03 (três) ou mais
antirretrovirais, as quais atuam nas diferentes etapas de replicação viral e melhorando na
qualidade e expectativa de vida das pessoas.
Inclusive, o Brasil foi o primeiro país subdesenvolvido a oferecer, de maneira
gratuita e pelo sistema público de saúde, os medicamentos antirretrovirais, com o objetivo
de executar as políticas públicas de saúde e suprimir a epidemia de AIDS e HIV,
envolvendo as 03 (três) grandes esferas de atenção à saúde, que são a prevenção, o

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tratamento e o respeito aos direitos humanos, sem contar com a conscientização e


mobilização da sociedade civil. (DIAS et al, 2020)
Assim, este estudo se faz relevante pelo fato de que é essencial para o tratamento
e melhoria da qualidade de vida dos pacientes compreender a sintomatologia e as
alterações imunológicas vividas pelos portadores da imunodeficiência humana adquirida
(HIV), bem como as políticas públicas para auxílio destes pacientes.

2 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura de caráter qualitativo,
baseada no método bibliométrico, verificando o volume de estudos publicados entre 2010
e 2020 sobre as principais alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana adquirida (HIV).
Nesse sentido, a pesquisa foi realizada na base de dados do Portal da Capes e
Scielo, buscando os estudos já publicados no horizonte temporal de 10 (dez) anos, entre
2010 a 2020, acerca das principais alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo
vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV), utilizando os seguintes descritores:
alterações imunológicas do HIV, fisiopatologia do HIV, diagnóstico laboratorial do HIV,
panorama estatístico e epidemiológico da infecção por HIV e políticas públicas de
impacto e controle epidemiológico da doença no Brasil.
Para que seja possível atender ao objetivo geral desta pesquisa, o modelo
metodológico utilizado foi o de pesquisa qualitativa básica, visando a construção de
conhecimentos científicos, validados por meio da investigação do problema central que
permeia esta pesquisa.
Sendo assim, a pesquisa também é uma pesquisa descritiva, visando proporcionar
maior familiaridade com o objeto e descrever a fisiopatologia da infecção por HIV,
elencando quais as principais alterações imunológicas em indivíduos adultos e ainda
verificando a existência e construção de políticas públicas de impacto voltadas para
identificação e controle epidemiológico da doença no país.

3 RESULTADO
3.1 PANORAMA ESTATÍSTICO E EPIDEMIOLÓGICO DA INFECCÇÃO POR HIV
Para a construção deste artigo, utilizaremos como parâmetro o último boletim
epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde, em 2021.

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Assim, o primeiro dado que o boletim traz é o número de casos relatados entre os
anos de 2007 a 2021, que ao total contabilizou 381.793 casos de HIV no Brasil. Quando
contabilizados por região, os casos se apresentam da seguinte forma: 43,3% na região
Sudeste, 19,8% na região Nordeste, 19,7% na região Sul, 9,5% na região Norte e 7,7%
na região Centro-Oeste. (BRASIL, 2021)
Quando falamos da infecção por HIV entre os gêneros, a maioria dos casos, 69,8%
foram registrados em homens. Inclusive, o panorama estatístico demonstra que a razão
entre os sexos no ano de 2020 era de 28 homens para cada 10 mulheres, o que pode
explicar o percentual de homens identificados com HIV em 2021. (BRASIL, 2021)
Quanto à faixa etária, o Boletim Estatístico demonstrou que a maioria dos casos
de infecção por HIV encontrava-se nas pessoas entre 20 a 34 anos, tal como e, pessoas
com níveis de escolaridade mais básicos, como ensino médio e escolaridade ignorada.
Além disso, os índices de HIV se apresentam mais comuns entre pessoas pretas, com
percentual de 51,7%. (BRASIL, 2021).
Quanto à sexualidade, existem dois dados merecem a atenção, que é o fato de que
o HIV se apresentou mais comum entre pessoas do sexo masculino declaradas
homossexuais e bissexuais, onde o índice é de 52,1% dos relatos coletados. Quanto às
mulheres, cerca de 86,8% dos casos registados indicaram a exposição heterossexual
quanto ao fator principal da infecção.
Além desses dados, também é importante destacar que o HIV também se
apresentou entre gestantes, onde foram contabilizados 141.025 casos, apresentando em
sua grande maioria na região Sul do país, correspondendo à um percentual de 29,5% dos
casos.
Um dos pontos que é bem interessante quando falamos do HIV em gestante é que
o próprio estudo indica que houve o aumento do índice do percentual nos últimos anos,
associando-o à ampliação do diagnóstico no pré-natal e a melhoria da vigilância e
prevenção de saúde. (BRASIL, 2021)
Inclusive, o próprio boletim epidemiológico demonstra que os estados com maior
índice de detecção de gestantes com HIV foram o Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Roraima, Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas, Alagoas, Pernambuco e Pará.
Segundo os estudos realizados por Lazzarotto, Deresz e Sprinz (2010), o uso da
terapia antirretoviral combinada (TARV) é disponibilizada pela rede pública de saúde, e
cerca de 170 mil pessoas utilizam a terapia de forma gratuita, e considerando a população

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mundial, apenas 300 mil pessoas tem acesso ao tratamento, o que demonstra ainda uma
dificuldade no acesso ao tratamento.

3.2 FISIOPATOLOGIA DO HIV: DA INFECÇÃO À TARV


Antes de tudo, é importante compreender como funciona a doença e sua
fisiopatologia. De acordo com Lazzarotto, Deresz e Sprinz (2010) afirmam que a infecção
se diferencia em 02 (dois) tipos, sendo elas o tipo 1 (HIV-1) e o tipo 2 (HIV-2). Segundo
os autores, o tipo 1 é o tipo mais patogênico e que prevalece entre as estatísticas, e o tipo
2 é o mais endêmico na África Ocidental, e que se dissemina pela Ásia.
O HIV pertence à família Retroviridae, subfamília Lentiviridae, causando efeitos
citopáticos em curto prazo, tal como uma infecção longitudinal persistente a qual culmina
em um quadro clínico correspondente ao da AIDS. Sendo assim, o vírus infecta os
macrófagos, tal como as células dentíticas e os linfócitos T, os quais são responsáveis
pela modulação de toda a resposta imunológica. (LAZZAROTTO, DERESZ E SPRINZ,
2010)
De acordo com os autores, todas essas células possuem marcador fenotípico de
superfície, conhecido como CD4, o qual é receptor de alta afinidade da proteína gp120
do HIV. Porém, existe outra linhagem de células, denominadas como linfócitos T CD8+,
que são responsáveis pela defesa do organismo dos indivíduos infectados pelo HIV, as
quais são definidas como células citotóxicas, responsáveis pela eliminação celular das
células infectadas pelo HIV.
Assim, as células com os marcadores CD4+, após invadidas, pelo vírus,
expressam as partículas da proteína viral, as quais são reconhecidas pelos linfócitos
CD8+, e como consequência, há a destruição. Nesse sentido, o processo de replicação se
inicia quando há a ligação da proteína gp120 do envelope do vírus à molécula CD4 e ao
receptor para quimiocinas. Após a ligação, há a fusão com a membrana plasmática da
célula do hospedeiro, e consequentemente, a entrada do vírus no citoplasma.
(LAZZAROTTO, DERESZ E SPRINZ, 2010)
Em seguida, a proteína transciptase transcreve o genoma de RNA viral em DNA
pró-vital de fita dupla, integrando-se ao genoma humano por meio da ação da integrasse,
transcrevendo o HIV no genoma, saindo novamente para o citoplasmaem forma de
proteínas virais desorganizadas, ocorrendo a clivagem pela protease a sua liberação na
corrente sanguínea. (LAZZAROTTO, DERESZ E SPRINZ, 2010)

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Esta replicação desencadeia consequências tóxicas e diretas da infecção,


formando os sincídios e ocasionando a destruição das células com gp120 absorvidas, além
da regeneração prejudicada do compartimento das células T periféricas, além da
destruição autoimune, os superantígenos e a apoptose, conforme ilustrado na Figura 1.
(LAZZAROTTO, DERESZ E SPRINZ, 2010)

Figura 1 – Ciclo de vida resumido da replicação viral do HIV

Fonte: Cunico et al, 2008.

No que diz respeito à evolução natural da infecção por HIV divide-se em quadros,
sendo eles a infecção aguda, assintomática, também compreendida como o período de
latência clínica, e assim, a infecção sintomática.
O estudo feito por Lazzarotto, Deresz e Sprinz (2010) traz as definições de cada
uma das fases de evolução do HIV, as quais listaremos a seguir.
Para os autores, a infecção aguda, a qual ocorre após a transmissão viral, se
estabelece através da transferência de fluídos corporais, como por exemplo, sangue,
sêmen, líquido vaginal ou leite materno infectado, seja por via sexual, parental ou vertical.
Esta fase dura, em média, entre duas ou três semanas, podendo se estender até seis meses,
manifestando-se clinicamente entre 50 a 90% dos indivíduos.
Quanto aos sintomas, podem varial desde um quadro gripal até uma síndrome
similar à mononucleose e duram, em média, 14 dias. Quanto características, Lazzarotto,
Deresz e Sprinz (2010) listama viremia elevada, tal como respostas imunológicas

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intensas, depleção na contagem T CD4+ e o aumento de T CD8+, findando na


disseminação do HIV pelo organismo, atingindo o sistema nervoso central (SNC) e os
linfonodos. Ao final da fase aguda, há a diminuição e estabilização da viremia e da
resposta imunológica que determinarão o prognóstico de evolução para AIDS.
Já no caso da infecção assintomática, como o próprio nome já diz, os sintomas
clínicos são mínimos ou inexistentes, iniciando-se no sexto mês de infecção, podendo
durar entre cinco e nove anos, culminando assim para a fase sintomática ou clinicamente
doente.
Por fim, na fase sintomática, o quadro é de imunodeficiência grave e de difícil
recuperação, que é decorrente da evolução da viremia, podendo apresentar um conjunto
de sintomas como por exemplo, sudorese noturna, síndrome da desnutrição, trazendo
outros sintomas como caquexia associada a diarreia, fraqueza crônica e febre.
(LAZZAROTTO, DERESZ E SPRINZ, 2010).

3.3 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS EM INDIVÍDUOS ADULTOS


Partindo dos dados estatísticas coletados por Brasil (2021), vamos tratar das
principais alterações imunológicas e imunopatológicas em indivíduos adultos. De acordo
com o estudo realizado por Geraldelli e Castoldi (2015), o HIV tem como principal ação
degradativa progressiva das células do sistema imune, o que leva à imunossupressão e
consequentemente, à vulnerabilidade à várias doenças.
Sendo assim, as principais alterações que Geraldelli e Castoldi (2015) citam são a
candidíase, pneumonia, toxoplasmose e tuberculose pulmonar, sendo a patologia mais
comuns, e inclusive, a maior causadora dos óbitos registrados pelo próprio Ministério da
Saúde. Nesse sentido, a imunossupressão está diretamente ligada à diminuição dos
linfócitos T, que são os marcados do acompanhamento clínico e do mapeamento de risco
de outras doenças, tal como a progressão da doença e a morte do indivíduo.
Além dos linfócitos T, as alterações imunológicas também estão relacionadas aos
macrófafos, que de acordo com Geraldelli e Castoldi (2015) demonstram que a proteína
regulatória produzida pelo HIV reduz expressivamente os receptores de reconhecimento
padrão na superfície das células, que está diretamente ligado com a fagocitose.
Os autores também listam que uma das respostas imunes inatas ao HIV são a
intensa produção de citocinas, como interleucina (IL)-1 e interferon (IFN)-1, além da
ativação das células natural killers (NK) que podem controlar temporariamente a
replicação do HIV. (GERALDELLI e CASTOLDI, 2015).

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Complementando os dados trazidos por Geraldelli e Castoldi, Lazzarotto, Deresz


e Sprinz (2010) afirmam que o espectro final da infecção por HIV é o desenvolvimento
de doenças oportunistas, como por exemplo, outras infecções causadas por vírus,
bactérias, fungos e protozoários, tal como neoplasias e alterações neurológicas. Além
disso, é possível que surjam complicações cardiorrespiratórias, antropométricas,
musculares e psiquiátricas.
Dias et al (2020) afirma que o uso dos antirretrovirais podem ocasionar mudanças
significativas no quadro de saúde das pessoas, incluindo doenças como hepatite C,
alterações lipídicas, perda de gordura corporal e osteopenia, tal como sífilis, tuberculose,
causando alterações sintomáticas associadas à doença, dificultando assim a identificação
de sintomas das patologias.
O autor também afirma que as anormalidades lipídicas são muito comuns, tendo
os distúrbios como a hipercolesterolemia e a hipertrigliceridemia como os quadros mais
marcantes, causando alterações metabólicas como o aumento da resistência periférica à
insulina, tal como alterações dos lipídios, acidose lática, dentre outras.
Segundo Dias et al (2020), o tratamento antirretroviral (TARV) é utilizado como
a principal estratégia para restaurar o sistema imunológico e melhorar a qualidade de vida
das pessoas, o que contribui para o equilíbrio epidemiológico e para o planejamento,
operação e controle dos casos.

3.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DO HIV


De acordo com a obra de Ferreira e Mota (2021), o diagnóstico laboratorial em
HIV vem traçando o seu histórico desde 1985, e os estudos na área estão diretamente
relacionados com os estudos sorológicos, inclusive, os testes moleculares só foram
inclusos e validados nos últimos anos, principalmente pelo fato de que os ensaios
auxiliam no diagnóstico da infecção pelo HIV.
De acordo com o Manual Técnico criado por Brasil (2016), para que seja realizado
o diagnóstico da infecção pelo HIV, é necessário que haja uma base lógica para garantir
que o diagnóstico seja seguro e concluído de forma rápida. Nesse sentido, a base lógica
em fluxogramas é construída com base no sistema de estagiamento laboratorial da doença.
Sendo assim, os ensaios de terceira geração permitem a detecção de imunoglobina M
(IgM) e imunoglobina G (IgG), enquanto os ensaios de quarta geração possibilitam a
detecção combinada entre antígeno e anticorpo, diminuindo assim a janela diagnóstica.

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Brasil (2016) ainda afirma que testes complementares convencionais como o


western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoblot rápido (IBR) são menos sensíveis que
os ensaios de terceira e quarta geração, os quais podem apresentam resultados falso-não
reagentes. Assim, estes testes não são indicados para a detecção de infecções recentes, o
que impacta diretamente nos custos dos diagnósticos. Sendo assim, é possível afirmar que
os testes moleculares são muito mais eficazes para os diagnósticos de infecções agudas
ou recentes, tanto pela precisão dos resultados quanto pelo custo.
Castejon et al (2020) também traz contribuições sobre o diagnóstico laboratorial
do HIV, e segundo ela, o diagnóstico precoce da doença é essencial para o cuidado
adequado dos indivíduos. Assim, os testes e diagnósticos devem ser realizados de acordo
com as recomendações do Ministério da Saúde, os quais são divididos por finalidades,
sendo elas: diagnóstico, vigilância ou seleção de doadores de sangue
Segundo Castejon et al (2020), em alguns países, o diagnóstico é feito por meio
de testes rápidos para a triagem, justamente pelas dificuldades em realizar os ensaios
automatizados. Porém, a autora destaca que embora a qualidade dos testes seja promissora
para aumentar a segurança da triagem nos bancos de sangue, existem alguns debates
acerca da sua aplicação, o que afeta diretamente nos resultados.
Segundo Brasil (2016), existem as dificuldades em implementar novos
fluxogramas de diagnóstico do HIV, principalmente no que se trata da precisão das
amostras biológicas submetidas a testes para o diagnóstico da infecção pelo vírus. Sendo
assim, os principais desafios dessa implementação são a evolução constante da
tecnologia, o que pode afetar diretamente na precisão dos resultados, tal como as
metodologias utilizadas, aprovações nas agências reguladoras e aceitação para uso na
rotina de diagnósticos.
Sendo assim, o Manual Técnico demonstra que caso sejam utilizadas quaisquer
metodologias ou testes, sem nenhum critério ou cuidado específico, pode haver resultados
inconclusivos, indeterminados, falso-reagentes ou falso-não-reagente, e isso se dá pela
limitação da própria metodologia. (BRASIL, 2016)
Além disso, no caso de amostras que apresentam os resultados indeterminados em
testes como o western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoblot rápido (IBR), os testes
moleculares podem auxiliar no diagnóstico. Contudo, é importante destacar que existe
um intervalo de tempo entre a exposição do indivíduo e a detecção do vírus, onde nenhum
teste atual pode definir o resultado da amostra.

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Entretanto, Brasil (2016) afirma que devido as diversidades dos cenários nos
diagnósticos, não é possível utilizar apenas um fluxograma para abranger a todas as
situações e diagnósticos do HIV. Assim, o mais indicado é que nas infecções recentes
sejam utilizados os testes de quarta geração, e ainda utilizar o teste molecular como um
teste complementar.
Nos casos dos controladores de elite, que são aqueles que mantém a viremia em
um nível baixo, ou até mesmo indetectável em testes moleculares, o mais indicado é o
diagnóstico pelos imunoensaios (IE) de terceira e quarta geração, seguidos pela realização
de um WB como teste complementar. (BRASIL, 2016)
Quanto aos fluxogramas, o próprio Ministério da Saúde estabelece os parâmetros
e diretrizes. Assim, o Fluxograma 1 é composto dois testes rápidos (TR1 e TR2)
realizados em sequência com amostras de sangue. Assim, os dois testes são utilizados
sequencialmente, com amostras de sangue, melhorando o valor preditivo positivo do
fluxograma de testagem. No caso das amostras de sangue, elas podem ser obtidas por
punção da polpa digital ou por punção venosa em tudo contendo anticoagulante, conforme
a Figura 2.

Figura 2 – Fluxograma 1: TR1+TR2: sequencial. TR-1 e TR-2 de fabricantes diferentes

Fonte: BRASIL, 2016

No caso desse fluxograma, o principal objetivo é diferenciar os indivíduos que


estão infectados daqueles que obtiveram um resultado falso-reagente no teste de triagem.

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Sendo assim, o Ministério da Saúde (2016) orienta que a amostra que obtiver o resultado
reagente no TR1 deve ser submetida ao TR2, e em caso de resultados discordantes,
devem-se repetir os dois testes, e persistindo os resultados, as amostras devem ser
encaminhadas para laboratório.
No Fluxograma 2, é realizado um teste rápido utilizando fluido oral (TR-FO)
seguido por um teste rápido utilizando sangue (TR), onde os testes utilizados são de
fabricantes diferentes, aplicados sequencialmente, onde o primeiro está com amostra de
fluído oral e o segundo com amostra de sangue, sendo amplamente utilizados fora das
unidades de saúde, em campanhas de testagem e em populações de vulnerabilidade,
conforme a Figura 3. (BRASIL, 2016)

Figura 3 – Fluxograma 2: TR-FO + TR

Fonte: BRASIL, 2016

No caso do Fluxograma 2, é possível obter as amostras de forma invasiva, já que


o material coletado é o fluido oral e a amostra de sangue. Assim, o objetivo desse
fluxograma é melhorar valor preditivo do TR que utiliza a amostra de fluido oral, e para
isso, é necessário que o teste rápido tenha resultados válidos, e caso não ocorra, será
necessário repetir o teste com o mesmo conjunto de diagnóstico utilizando teste de lote

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diferente do primeiro. Caso o resultado continue inválido, é necessário coletar o material


por punção venosa, e encaminhá-lo para testagem, conforme o fluxograma de
laboratórios. (BRASIL 2016)
O fluxograma 3 consiste na triagem com imunoensaio de 4ª geração e teste
molecular como teste complementar para amostras reagentes na triagem. Assim, o IE
deve possuir tanto os antígenos do HIV-1 quanto os antígenos do HIV-1 grupo “O” e do
HIV-2, obedecendo ao fluxograma demonstrado na Figuras 4.

Figura 4 – Triagem com Imunoensaio de 4ª Geração e Teste Molecular como Teste Complementar

Fonte: BRASIL, 2016

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Assim, as amostras reagentes nos testes de triagem e positivas no teste molecular


representam infecção por HIV. Porém, amostras reagentes no IE de triagem, mas
negativas no teste molecular podem indicar infecção pelo HIV-2 ou infecção em
indivíduos com carga viral abaixo do limite de detecção. (BRASIL,2016)
No Fluxograma 4, o Ministério da Saúde (2016) propõe a Triagem com
Imunoensaio de 3ª geração e teste molecular como teste complementar para amostras
reagentes na triagem. Assim, o IE deve possuir tanto os antígenos do HIV-1 quanto os
antígenos do HIV-1 grupo “O” e do HIV-2, obedecendo ao fluxograma demonstrado na
Figuras 5.

Figura 5 – Fluxograma 4: Triagem com Imunoensaio de 3ª geração e Teste Molecular como Teste
Complementar

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ISSN: 2525-8761

Fonte: BRASIL, 2016

Assim, as amostras reagentes nos testes de triagem e detectáveis (qualitativo) ou


contagem igual ou superior a 5.000 cópias/mL (quantitativo) no teste molecular
representam infecção por HIV. Porém, amostras reagentes no IE de triagem, mas
negativas no teste molecular podem indicar infecção pelo HIV-2 ou infecção em
indivíduos com carga viral abaixo do limite de detecção. (BRASIL,2016)
Por último, o Ministério da Saúde (2016) traz o fluxograma 5, que consiste na
representação do fluxograma convencional, o qual não representa um avanço no esforço
de contribuir mais efetivamente com o diagnóstico do HIV mais precoce, preciso e com
custos menores.

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ISSN: 2525-8761

Figura 6 – Fluxograma 5: Triagem com Imunoensaio de 3ª geração e Western blot, Imonublot ou


Imunoblot Rápido como Teste Molecular como Teste Complementar

Fonte: BRASIL, 2016

De modo geral, os fluxogramas são um método criado para abranger todas as fases
do diagnóstico, direcionando todo o procedimento de diagnóstico, o qual faz parte das
políticas públicas de impacto.

3.5 POLÍTICAS PÚBLICAS DE IMPACTO E CONTROLE EPIDEMIOLÓGICO DA


DOENÇA NO BRASIL
Segundo Bezerra (2019), os primeiros passos contra a epidemia de AIDS2
iniciaram-se junto ao período de redemocratização do país, que trouxe diversos debates
acerca da saúde pública. Ao longo do tempo, as preocupações e esforços foram voltados

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ISSN: 2525-8761

para a evolução das políticas públicas, que tinham como pilares o desenvolvimento das
pesquisas em relação à doença, a mobilização e atuação de diferentes atores sociais, tal
como instituições que trabalham na identificação das epidemias e nas articulações dessas
ações.
De acordo com o estudo de Callais e Perucchi (2017), as primeiras articulações
das políticas públicas foram realizadas com a compreensão de que a saúde é um direito
de todos, além de ser um dever do próprio Estado. Nesse sentido, o Sistema Único de
Saúde (SUS) fortaleceu as ações de saúde, dando o acesso público aos atendimentos de
saúde, pautados na universalidade, equidade, integralidade e descentralização. Nesse
sentido, as ações de enfrentamento ao HIV/AIDS tomaram impulso a partir de 1996, com
a criação das políticas públicas de acesso universal ao tratamento antirretroviral, o que
transformou o cenário de saúde nacional.
Para Villarinhoet al (2013), as políticas públicas passaram por três fases para
poder chegar até onde conhecemos. A primeira fase se deu na década de 80, onde os
primeiros casos de HIV foram identificados. Nessa época, houve omissão por parte das
autoridades governamentais, especialmente no plano federal. Porém, com a pressão por
respostas e com o número de programas estaduais crescendo, chega a segunda fase das
respostas e políticas públicas.
Nesse sentido, a segunda fase ocorreu entre os anos de 1986 e 1990, quando a
liderança do Programa Nacional de DST/AIDS mudou os seus dirigentes, seguindo assim
as políticas nacionais. Porém, a abordagem era cada vez mais burocrática, o que gerou
conflitos com as instituições não governamentais atuantes, que demandavam respostas
rápidas para o quadro. (VILLARINHO et al, 2013)
Assim, a terceira fase, que ocorreu entre os anos de 1990 e 1992, foi marcada pela
falta de diálogo entre a sociedade civil e o próprio governo federal, o que tornava as
articulações cada vez mais tensas e complicadas, sem contar com a dificuldade de trazer
resultados e respostas para as demandas da sociedade.
Por fim, chega a quarta fase, que durou de 1993 até os dias atuais, marcadas pela
efetivação das políticas de controle da epidemia, organizada pelo próprio Ministério da
Saúde e pela efetivação dos programas assistenciais às pessoas com HIV. Nesse sentido,
todas as intervenções voltadas para a assistência sempre estiveram presentes nas ações
das políticas públicas de saúde, o que contribuiu para a consolidação de leis, programas
e coordenações de saúde, fazendo com que o cenário seja muito mais favorável.
(VILLARINHO et al, 2013)

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De acordo com os estudos da Universidade de São Paulo – USP (2019),


acreditava-se que a infecção pelo HIV estaria restrita aos “grupos de risco”, representados
por homossexuais, profissionais do sexo, dependentes químicos e hemofílicos, refletindo
assim um estigma e apresentando comportamentos preconceituosos, os quais devem ser
completamente combatidos.
Com o passar do tempo, o termo foi substituído por “comportamento de risco”,
estando diretamente ligado à práticas individuais que podem colocar as pessoas em risco,
como por exemplo, as fragilidades de vínculos afetivos, associados à desigualdade de
acesso a bens e serviços públicos. (USP, 2019)
Nesse sentido, Villarinho et al (2013) nos mostra que uma das primeiras políticas
públicas que podemos citar como marco no combate ao HIV foi o Projeto AIDS II, que
vigorou até o ano de 2003, e tinha como objetivo reduzir os casos de HIV e DST, tal como
expandir e melhorar a qualidade do diagnóstico, tratamento e assistência às pessoas
diagnosticadas.
Posteriormente, o projeto foi remodelado, dando origem ao Projeto AIDS III, que
vigorou até 2006 e foi focado na ampliação do acesso ao diagnóstico precoce do HIV, tal
como a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Com o passar do tempo e com o
aumento de passos notificados, o foco das políticas passou a ser o atendimento
ambulatorial, a definição de condutas terapêuticas e a criação de políticas de
medicamentos. (VILLARINHO et al, 2013)
Bezerra (2019) ainda perpassa pela implementação de novas tecnologias, as quais
vão além do uso do preservativo, oferecendo uma diversidade para os pacientes atendidos
pelo SUS, incluindo profilaxias de prevenção como a Profilaxia Pós-exposição (PEP) e a
Profilaxia Pré-exposição (PrEP).
O autor ainda afirma que as políticas públicas atuais oferecidas pelo SUS também
estão associadas ao gerenciamento e identificação do perfil epidemiológico, construído
por meio de atividades e protocolos como a orientação e apoio psicológico, cuidados de
enfermagem, atendimento em infectologia, tal como o controle e a distribuição de
antirretrovirais, realização de exames de monitoramento, distribuição de insumos de
prevenção e a promoção de atividades educativas para a adesão do tratamento.
(BEZERRA, 2019)

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4 DISCUSSÕES
Quando falamos da infecção por HIV, é importante destacar que as ações e
movimentos acerca do tema iniciaram-se em 1985, com a criação da Coordenação
Nacional de Doenças Sexualmente Transmitidas e AIDS para gerir toda a política de
combate à epidemia no país.
Em grande parte dos estudos existentes sobre o tema, os traçados epidemiológicos
têm como base dados e amostras que estudam as triagens, o diagnóstico a sua importância
para a construção de políticas públicas. A partir desses estudos, é possível traçar um perfil
dos pacientes, definindo faixa etária, sexo, localidade e a própria taxa de detecção da
doença.
Castejon et al (2020) afirma que as novas tecnologias desenvolvidas, tal como a
diversidade dos testes disponíveis no mercado, tal como os diferentes cenários onde os
diagnósticos da infecção demonstram a necessidade de avaliações frequentes dos ensaios
utilizados.
Além disso, a autora também cita que a principal deficiência dos testes para a
detecção dos testes para a detecção precoce do HIV foi suprida pela tecnologia
implementada nos ensaios de quarta geração, os quais são muito característicos no que se
trata da alta sensibilidade do teste.
Contudo, é possível afirmar que existe uma série de fatores que podem prejudicar
estes resultados, especificamente pelo fato de que os participantes podem não revelar o
seu status sorológico e o uso da TARV, e em casos em que o resultado se mostra não-
reagente, os pacientes podem acreditar que os seus resultados estão incorretos, ou ainda,
que estão curados.
Por isso, é importante compreender que o diagnóstico deve acompanhar as
tecnologias do mercado, o que é um dos grandes desafios nesse quesito. Porém,
destacamos que o diagnóstico pode apresentar falhas, mas que a rápida evolução da
tecnologia e dos métodos de diagnósticos contribui diretamente para a compreensão da
doença e para a criação de políticas públicas na área.

5 CONCLUSÃO
Diante ao objetivo definido neste trabalho, é possível perceber que o vírus ainda
preocupa a população e os seus governos. Porém, para que ela seja combatida, os estudos
e diagnósticos em laboratório são essenciais, principalmente pelo fato de traçar com
clareza a população da pesquisa, além de compreender quais as principais dificuldades e

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traçar assim estratégias mais eficazes que contribuam para impedir a disseminação do
vírus.
Sendo assim, devemos dizer que a compreensão da doença contribui diretamente
para o desenvolvimento científico dos métodos de combate e identificação dos pontos de
impacto, tanto no que se trata do diagnóstico em si quanto do combate à doença.
Embora os investimentos em pesquisa, vacinas e medicamentos para combater a
doença são cada vez maiores e as medidas profiláticas ainda sejam focadas no combate à
replicação do vírus, devemos destacar que ainda estamos longe da cura. Por mais que o
cenário não seja positivo nesse sentido, os medicamentos e terapias atuais se mostram
benéficas, já que buscam diminuir os danos da doença.

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políticas públicas de saúde no contexto da prevenção e tratamento do HIV/AIDS e IST’s.
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