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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv8n7-101
RESUMO
OBJETIVOS:Analisar quais as principais alterações imunológicas decorrentes da
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV). OBJETIVOS
ESPECÍFICOS:Os objetivos específicos do presente estudo foram descrever a
fisiopatologia da infecção por HIV, elencar quais as principais alterações imunológicas
em indivíduos adultos, descrever os métodos de diagnóstico laboratorial e verificar a
existência e organização de políticas públicas de impacto voltadas para identificação e
controle epidemiológico da doença no país. METODOLOGIA:Partindo de uma revisão
de literatura de caráter qualitativo, baseada no método bibliométrico, este estudo verificou
o volume de estudos publicados entre os anos de 2010 e 2020 sobre as principais
alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
adquirida (HIV), utilizando descritores como alterações imunológicas do HIV,
ABSTRACT
OBJECTIVES: Analyze the main immunological alterations resulting from the infection
by the acquired human immunodeficiency virus (HIV). METHODS: Based on a
qualitative literature review, based on the bibliometric method, this study verified the
volume of studies published between the years 2010 and 2020 on the main immunological
changes resulting from the infection by the acquired human immunodeficiency virus
(HIV), using descriptors such as immunological alterations of HIV, pathophysiology of
HIV, statistical and epidemiological overview of HIV infection and public policies of
impact and epidemiological control of the disease in Brazil. RESULTS: With this study,
we can verify that the main immunological alterations of HIV are, primarily, the
progressive degradation of the cells of the immune system, which leads to
immunosuppression, and thus, to vulnerability to several diseases, among them
candidiasis, syphilis, pneumonia, toxoplasmosis. pulmonary tuberculosis, being the major
cause of deaths currently recorded. In addition to them, there are other changes such as
infections by viruses, bacteria, fungi and protozoa, causing various complications.
Currently, the diagnosis of the disease is based on the guidelines and flowcharts created
by the Ministry of Health. As for public policies, it is possible to see that the actions are
aimed at both diagnosis and awareness of the disease, in addition to the free treatment
provided by the SUS. CONCLUSION: Understanding the main immunological changes
resulting from HIV infection directly contributes to the scientific development of methods
to combat and identify the points of impact, both in terms of the diagnosis itself and the
fight against the disease.
1 INTRODUÇÃO
No ano de 2020, foram contabilizados cerca de 37,7 milhões de pessoas
convivendo com o HIV, onde 36 milhões eram adultos, 1,7 milhão eram crianças na faixa
etária entre 0 a 14 anos, e desse total, 6,1 milhões de pessoas não sabiam que estavam
vivendo com o HIV. (UNAIDS, 2020)
Dados do Ministério da Saúde (2020) afirmam que no Brasil, entre os anos de
2007 a 2021, foram notificados 381.793 casos de HIV, e que no ano de 2020, foram
diagnosticados 32.701 novos casos de HIV e 32.701 novos casos de AIDS.
Conceitualmente, a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é causada
pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), a qual provoca a supressão do sistema
imune e torna o indivíduo suscetível a infecções, podendo até mesmo levar a morte.
Para Daminelli, Tritinger e Spada (2010), a infecção pelo vírus da
imunodeficiência adquirida (HIV) é caracterizada pela replicação viral contínua e pela
depleção dos linfócitos T CD4+, a qual pode acarretar alterações imunológicas e
infecções por diversos patógenos.
Nesse sentido, a infecção pelo HIV é dividida em 03 (três) fases, sendo elas a fase
aguda, a fase assintomática e a fase sintomática. Caso não haja o tratamento terapêutico,
a mediana de progressão entre a fase aguda e a fase sintomática é de 10 anos, mas essa
média pode variar de acordo com as condições de saúde do paciente. (DIAS et al, 2020)
De acordo com Dias et al (2020), na fase aguda da doença, os pacientes podem
apresentar um quadro clínico que vai desde uma síndrome gripal, febre, astenia, faringite,
mialgia, cefaléia, adenomegalia, dentre outros sintomas e quadros.
Entretanto, o tratamento atual para o HIV é o uso de terapia antirretroviral
(TARV), que tem o propósito de restaurar o sistema imunológico e melhorar a qualidade
de vida das pessoas que convivem com HIV/AIDS.
Segundo Dias et al (2020), desde 1996 as pesquisas clínicas vêm avançando, e a
TARV surge juntamente com estes novos estudos, trazendo uma terapia potente que
diminua a replicação viral e o progresso da infecção, combinando 03 (três) ou mais
antirretrovirais, as quais atuam nas diferentes etapas de replicação viral e melhorando na
qualidade e expectativa de vida das pessoas.
Inclusive, o Brasil foi o primeiro país subdesenvolvido a oferecer, de maneira
gratuita e pelo sistema público de saúde, os medicamentos antirretrovirais, com o objetivo
de executar as políticas públicas de saúde e suprimir a epidemia de AIDS e HIV,
envolvendo as 03 (três) grandes esferas de atenção à saúde, que são a prevenção, o
2 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura de caráter qualitativo,
baseada no método bibliométrico, verificando o volume de estudos publicados entre 2010
e 2020 sobre as principais alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana adquirida (HIV).
Nesse sentido, a pesquisa foi realizada na base de dados do Portal da Capes e
Scielo, buscando os estudos já publicados no horizonte temporal de 10 (dez) anos, entre
2010 a 2020, acerca das principais alterações imunológicas decorrentes da infecção pelo
vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV), utilizando os seguintes descritores:
alterações imunológicas do HIV, fisiopatologia do HIV, diagnóstico laboratorial do HIV,
panorama estatístico e epidemiológico da infecção por HIV e políticas públicas de
impacto e controle epidemiológico da doença no Brasil.
Para que seja possível atender ao objetivo geral desta pesquisa, o modelo
metodológico utilizado foi o de pesquisa qualitativa básica, visando a construção de
conhecimentos científicos, validados por meio da investigação do problema central que
permeia esta pesquisa.
Sendo assim, a pesquisa também é uma pesquisa descritiva, visando proporcionar
maior familiaridade com o objeto e descrever a fisiopatologia da infecção por HIV,
elencando quais as principais alterações imunológicas em indivíduos adultos e ainda
verificando a existência e construção de políticas públicas de impacto voltadas para
identificação e controle epidemiológico da doença no país.
3 RESULTADO
3.1 PANORAMA ESTATÍSTICO E EPIDEMIOLÓGICO DA INFECCÇÃO POR HIV
Para a construção deste artigo, utilizaremos como parâmetro o último boletim
epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde, em 2021.
Assim, o primeiro dado que o boletim traz é o número de casos relatados entre os
anos de 2007 a 2021, que ao total contabilizou 381.793 casos de HIV no Brasil. Quando
contabilizados por região, os casos se apresentam da seguinte forma: 43,3% na região
Sudeste, 19,8% na região Nordeste, 19,7% na região Sul, 9,5% na região Norte e 7,7%
na região Centro-Oeste. (BRASIL, 2021)
Quando falamos da infecção por HIV entre os gêneros, a maioria dos casos, 69,8%
foram registrados em homens. Inclusive, o panorama estatístico demonstra que a razão
entre os sexos no ano de 2020 era de 28 homens para cada 10 mulheres, o que pode
explicar o percentual de homens identificados com HIV em 2021. (BRASIL, 2021)
Quanto à faixa etária, o Boletim Estatístico demonstrou que a maioria dos casos
de infecção por HIV encontrava-se nas pessoas entre 20 a 34 anos, tal como e, pessoas
com níveis de escolaridade mais básicos, como ensino médio e escolaridade ignorada.
Além disso, os índices de HIV se apresentam mais comuns entre pessoas pretas, com
percentual de 51,7%. (BRASIL, 2021).
Quanto à sexualidade, existem dois dados merecem a atenção, que é o fato de que
o HIV se apresentou mais comum entre pessoas do sexo masculino declaradas
homossexuais e bissexuais, onde o índice é de 52,1% dos relatos coletados. Quanto às
mulheres, cerca de 86,8% dos casos registados indicaram a exposição heterossexual
quanto ao fator principal da infecção.
Além desses dados, também é importante destacar que o HIV também se
apresentou entre gestantes, onde foram contabilizados 141.025 casos, apresentando em
sua grande maioria na região Sul do país, correspondendo à um percentual de 29,5% dos
casos.
Um dos pontos que é bem interessante quando falamos do HIV em gestante é que
o próprio estudo indica que houve o aumento do índice do percentual nos últimos anos,
associando-o à ampliação do diagnóstico no pré-natal e a melhoria da vigilância e
prevenção de saúde. (BRASIL, 2021)
Inclusive, o próprio boletim epidemiológico demonstra que os estados com maior
índice de detecção de gestantes com HIV foram o Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Roraima, Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas, Alagoas, Pernambuco e Pará.
Segundo os estudos realizados por Lazzarotto, Deresz e Sprinz (2010), o uso da
terapia antirretoviral combinada (TARV) é disponibilizada pela rede pública de saúde, e
cerca de 170 mil pessoas utilizam a terapia de forma gratuita, e considerando a população
mundial, apenas 300 mil pessoas tem acesso ao tratamento, o que demonstra ainda uma
dificuldade no acesso ao tratamento.
No que diz respeito à evolução natural da infecção por HIV divide-se em quadros,
sendo eles a infecção aguda, assintomática, também compreendida como o período de
latência clínica, e assim, a infecção sintomática.
O estudo feito por Lazzarotto, Deresz e Sprinz (2010) traz as definições de cada
uma das fases de evolução do HIV, as quais listaremos a seguir.
Para os autores, a infecção aguda, a qual ocorre após a transmissão viral, se
estabelece através da transferência de fluídos corporais, como por exemplo, sangue,
sêmen, líquido vaginal ou leite materno infectado, seja por via sexual, parental ou vertical.
Esta fase dura, em média, entre duas ou três semanas, podendo se estender até seis meses,
manifestando-se clinicamente entre 50 a 90% dos indivíduos.
Quanto aos sintomas, podem varial desde um quadro gripal até uma síndrome
similar à mononucleose e duram, em média, 14 dias. Quanto características, Lazzarotto,
Deresz e Sprinz (2010) listama viremia elevada, tal como respostas imunológicas
Entretanto, Brasil (2016) afirma que devido as diversidades dos cenários nos
diagnósticos, não é possível utilizar apenas um fluxograma para abranger a todas as
situações e diagnósticos do HIV. Assim, o mais indicado é que nas infecções recentes
sejam utilizados os testes de quarta geração, e ainda utilizar o teste molecular como um
teste complementar.
Nos casos dos controladores de elite, que são aqueles que mantém a viremia em
um nível baixo, ou até mesmo indetectável em testes moleculares, o mais indicado é o
diagnóstico pelos imunoensaios (IE) de terceira e quarta geração, seguidos pela realização
de um WB como teste complementar. (BRASIL, 2016)
Quanto aos fluxogramas, o próprio Ministério da Saúde estabelece os parâmetros
e diretrizes. Assim, o Fluxograma 1 é composto dois testes rápidos (TR1 e TR2)
realizados em sequência com amostras de sangue. Assim, os dois testes são utilizados
sequencialmente, com amostras de sangue, melhorando o valor preditivo positivo do
fluxograma de testagem. No caso das amostras de sangue, elas podem ser obtidas por
punção da polpa digital ou por punção venosa em tudo contendo anticoagulante, conforme
a Figura 2.
Sendo assim, o Ministério da Saúde (2016) orienta que a amostra que obtiver o resultado
reagente no TR1 deve ser submetida ao TR2, e em caso de resultados discordantes,
devem-se repetir os dois testes, e persistindo os resultados, as amostras devem ser
encaminhadas para laboratório.
No Fluxograma 2, é realizado um teste rápido utilizando fluido oral (TR-FO)
seguido por um teste rápido utilizando sangue (TR), onde os testes utilizados são de
fabricantes diferentes, aplicados sequencialmente, onde o primeiro está com amostra de
fluído oral e o segundo com amostra de sangue, sendo amplamente utilizados fora das
unidades de saúde, em campanhas de testagem e em populações de vulnerabilidade,
conforme a Figura 3. (BRASIL, 2016)
Figura 4 – Triagem com Imunoensaio de 4ª Geração e Teste Molecular como Teste Complementar
Figura 5 – Fluxograma 4: Triagem com Imunoensaio de 3ª geração e Teste Molecular como Teste
Complementar
De modo geral, os fluxogramas são um método criado para abranger todas as fases
do diagnóstico, direcionando todo o procedimento de diagnóstico, o qual faz parte das
políticas públicas de impacto.
para a evolução das políticas públicas, que tinham como pilares o desenvolvimento das
pesquisas em relação à doença, a mobilização e atuação de diferentes atores sociais, tal
como instituições que trabalham na identificação das epidemias e nas articulações dessas
ações.
De acordo com o estudo de Callais e Perucchi (2017), as primeiras articulações
das políticas públicas foram realizadas com a compreensão de que a saúde é um direito
de todos, além de ser um dever do próprio Estado. Nesse sentido, o Sistema Único de
Saúde (SUS) fortaleceu as ações de saúde, dando o acesso público aos atendimentos de
saúde, pautados na universalidade, equidade, integralidade e descentralização. Nesse
sentido, as ações de enfrentamento ao HIV/AIDS tomaram impulso a partir de 1996, com
a criação das políticas públicas de acesso universal ao tratamento antirretroviral, o que
transformou o cenário de saúde nacional.
Para Villarinhoet al (2013), as políticas públicas passaram por três fases para
poder chegar até onde conhecemos. A primeira fase se deu na década de 80, onde os
primeiros casos de HIV foram identificados. Nessa época, houve omissão por parte das
autoridades governamentais, especialmente no plano federal. Porém, com a pressão por
respostas e com o número de programas estaduais crescendo, chega a segunda fase das
respostas e políticas públicas.
Nesse sentido, a segunda fase ocorreu entre os anos de 1986 e 1990, quando a
liderança do Programa Nacional de DST/AIDS mudou os seus dirigentes, seguindo assim
as políticas nacionais. Porém, a abordagem era cada vez mais burocrática, o que gerou
conflitos com as instituições não governamentais atuantes, que demandavam respostas
rápidas para o quadro. (VILLARINHO et al, 2013)
Assim, a terceira fase, que ocorreu entre os anos de 1990 e 1992, foi marcada pela
falta de diálogo entre a sociedade civil e o próprio governo federal, o que tornava as
articulações cada vez mais tensas e complicadas, sem contar com a dificuldade de trazer
resultados e respostas para as demandas da sociedade.
Por fim, chega a quarta fase, que durou de 1993 até os dias atuais, marcadas pela
efetivação das políticas de controle da epidemia, organizada pelo próprio Ministério da
Saúde e pela efetivação dos programas assistenciais às pessoas com HIV. Nesse sentido,
todas as intervenções voltadas para a assistência sempre estiveram presentes nas ações
das políticas públicas de saúde, o que contribuiu para a consolidação de leis, programas
e coordenações de saúde, fazendo com que o cenário seja muito mais favorável.
(VILLARINHO et al, 2013)
4 DISCUSSÕES
Quando falamos da infecção por HIV, é importante destacar que as ações e
movimentos acerca do tema iniciaram-se em 1985, com a criação da Coordenação
Nacional de Doenças Sexualmente Transmitidas e AIDS para gerir toda a política de
combate à epidemia no país.
Em grande parte dos estudos existentes sobre o tema, os traçados epidemiológicos
têm como base dados e amostras que estudam as triagens, o diagnóstico a sua importância
para a construção de políticas públicas. A partir desses estudos, é possível traçar um perfil
dos pacientes, definindo faixa etária, sexo, localidade e a própria taxa de detecção da
doença.
Castejon et al (2020) afirma que as novas tecnologias desenvolvidas, tal como a
diversidade dos testes disponíveis no mercado, tal como os diferentes cenários onde os
diagnósticos da infecção demonstram a necessidade de avaliações frequentes dos ensaios
utilizados.
Além disso, a autora também cita que a principal deficiência dos testes para a
detecção dos testes para a detecção precoce do HIV foi suprida pela tecnologia
implementada nos ensaios de quarta geração, os quais são muito característicos no que se
trata da alta sensibilidade do teste.
Contudo, é possível afirmar que existe uma série de fatores que podem prejudicar
estes resultados, especificamente pelo fato de que os participantes podem não revelar o
seu status sorológico e o uso da TARV, e em casos em que o resultado se mostra não-
reagente, os pacientes podem acreditar que os seus resultados estão incorretos, ou ainda,
que estão curados.
Por isso, é importante compreender que o diagnóstico deve acompanhar as
tecnologias do mercado, o que é um dos grandes desafios nesse quesito. Porém,
destacamos que o diagnóstico pode apresentar falhas, mas que a rápida evolução da
tecnologia e dos métodos de diagnósticos contribui diretamente para a compreensão da
doença e para a criação de políticas públicas na área.
5 CONCLUSÃO
Diante ao objetivo definido neste trabalho, é possível perceber que o vírus ainda
preocupa a população e os seus governos. Porém, para que ela seja combatida, os estudos
e diagnósticos em laboratório são essenciais, principalmente pelo fato de traçar com
clareza a população da pesquisa, além de compreender quais as principais dificuldades e
traçar assim estratégias mais eficazes que contribuam para impedir a disseminação do
vírus.
Sendo assim, devemos dizer que a compreensão da doença contribui diretamente
para o desenvolvimento científico dos métodos de combate e identificação dos pontos de
impacto, tanto no que se trata do diagnóstico em si quanto do combate à doença.
Embora os investimentos em pesquisa, vacinas e medicamentos para combater a
doença são cada vez maiores e as medidas profiláticas ainda sejam focadas no combate à
replicação do vírus, devemos destacar que ainda estamos longe da cura. Por mais que o
cenário não seja positivo nesse sentido, os medicamentos e terapias atuais se mostram
benéficas, já que buscam diminuir os danos da doença.
REFERÊNCIAS
CUNICO, Wilson et al. HIV – Recentes avanços na pesquisa de fármacos. Quim. Nova,
v. 31, n. 8, p. 2111-2117, 2008.