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DOI:10.34117/bjdv6n11-539
RESUMO
O Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV surgiu na década de 80 no Brasil, sendo desde
então considerado um problema de saúde pública e que ainda é estigmatizado pela sociedade
atualmente. É uma infecção que pode levar à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA),
quadro mais avançado da doença. Os últimos dados coletados pelo Ministério da Saúde dão
conta de que a infecção pelo vírus tem diminuído ao longo dos anos, e diferente do que se
pensa, a maior parte dos infectados se declararam heterossexuais. O risco de exposição
ocupacional apesar de ser mínimo, tendo em vista o rigor na adoção as normas de
biossegurança, ainda há profissionais que se negam a realizar o tratamento odontológico no
paciente soropositivo. Ao passo que a doença se instala no organismo, acomete o sistema
imunológico, causando imunossupressão. Diante disso ocorrem os primeiros sinais e sintomas
ABSTRACT
The Human Immunodeficiency Virus – HIV emerged in the 1980s in Brazil, and has since been
considered a public health problem and is still stigmatized by society today. It is an infection
that can lead to Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS), the most advanced picture of
the disease. The latest data collected by the Ministry of Health report that virus infection has
decreased over the years, and unlike what is thought, most of the infected have declared
themselves heterosexual. The risk of occupational exposure, although minimal, in view of the
strict adoption of biosafety standards, there are still professionals who refuse to perform dental
treatment in the seropositive patient. While the disease settles in the body, it affects the immune
system, causing immunosuppression, in view of this occurs the first signs and symptoms of the
disease, such as oral manifestations. The objective of this work is to clarify through a literature
review the aspects that still contribute to the stigmatization of people living with HIV in the
search for dental care, such as emphasizing the relevance of the dentist in identifying the main
lesions of the oral cavity. In this context, it can be concluded that although the stigmas still
prevail around this disease, the dentist should perform care within the same precepts of
biosafety for any patient and have sufficient theoretical basis to recognize the changes in the
oral environment and the appropriate treatment for this public.
1 INTRODUÇÃO
“O vírus da Imunodeficiência humana (HIV) infecta células imunológicas humanas,
levando o hospedeiro vulnerável a diversos tipos de antígenos de bactérias, vírus, fungos e
protozoários” (LOROSA et al., 2019). Segundo Silva (2017), a epidemia do HIV tomou
grandes proporções no início dos anos 80 e as pessoas em todo o mundo ficaram extremamente
abaladas e assustadas com essa doença. O índice de mortalidade era muito alto e a estimativa
de sobrevida em pessoas que descobriam ser portadoras era muito baixa; não havia medicação
capaz de bloquear a replicação do HIV e assim ele ia destruindo a imunidade das pessoas,
levando-as a adquirir várias doenças oportunistas, e consequentemente à morte.
De acordo com Brasil (2019), a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é a
doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esse vírus ataca
o sistema imunológico, atingindo principalmente os linfócitos T CD4+, que são responsáveis
2 REVISÃO DE LITERATURA
Estudos realizados por Duro (2016) relataram o surgimento do HIV após a primeira
publicação da patologia em 5 de junho de 1981, quando os Centers for Disease Control and
Prevention (CDC) dos EUA publicaram um artigo no qual descreveram cinco casos de
pneumonia por Pneumocystis carinii (hoje classificado como Pneumocystis jiroveci), em
contextos clínicos que evidenciaram uma queda brusca na condição imunológica. Segundo
Fauci et al. (2019), mais de 700.000 pessoas morreram em decorrência do HIV/AIDS desde o
surgimento da doença, em 1981 nos EUA. Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças
(CDC) estimam que de 1,1 milhão de pessoas vivem atualmente com o HIV, cerca de 15%
desconhecem a sua condição sorológica.
Conforme pesquisas realizadas por Ribeiro et al. (2018), a contaminação do HIV-1 ao
ser humano se deu através do contato direto com o sangue de chimpanzés durante a caça e
abate na natureza. “Foram denominados genericamente como SIVs, cujos sufixos estão ligados
a suas espécies de origem, como SIVsmm (sooty mangabey), SIVcpz (chimpanzés), dentre
outros” (SOUZA, 2017).
“A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é tema de grande relevância
no meio científico, devido a quantidade de infectados em todo mundo” (DALALIO et al.,2018).
Estudos realizados por Marquezine e Boni (2017), ressaltaram a origem do vírus HIV como
um dos mais desafiantes para a comunidade científica global. Tal fato deve-se a amplitude de
seus efeitos, a ausência de uma vacina profilática, ao aumento no número de pessoas infectadas
e as limitações da terapia antirretroviral (TARV), que tornam a busca de uma cura definitiva
para o HIV uma prioridade mundial de constantes pesquisas.
“A limitação estigmatizante do conceito de “grupo de risco” como vetor operacional das
evidências na propagação do HIV explicitou-se com os processos de heterossexualização,
feminilização, envelhecimento, baixa escolarização, interiorização e pauperização da
epidemia” (HAMANN et al.,2017). De acordo com Rocha (2016), desde a descoberta da AIDS,
a terminologia “grupo de risco” foi inserida na sociedade antiga para designar a ideia
comportamental de risco, identificável por características individuais próprias de pessoas
infectadas pelo vírus.
2.3 BIOSSEGURANÇA
Em sua pesquisa científica Oliveira e De Almeida (2015), ressaltaram, ainda, que o
cirurgião-dentista e sua equipe estão constantemente vulneráveis aos aerossóis e gotículas
originados da caneta de alta rotação, bem como da saliva dos pacientes, contaminando o
ambiente e seus vestuários. Conforme apresentado por Silva Furlan et al. (2020) expuseram
em seu estudo que os profissionais devem estar agindo sempre de acordo com os princípios
éticos e de biossegurança, na intenção de resguardar o atendimento de seus pacientes, a sua
vida, e de sua equipe de trabalho. “O tratamento odontológico em pacientes na fase ativa da
doença deve ser postergado para que não haja uma inoculação do vírus para outras partes do
corpo do paciente e que não seja um risco para o cirurgião-dentista” (OLIVEIRA e DE
ALMEIDA, 2015).
“O cumprimento das medidas de biossegurança está baseado principalmente no manejo
e descarte correto dos materiais perfurocortantes, fazendo a segregação de acordo com o real
potencial de contaminação” (MOURA et al., 2016). Em seu trabalho, Lucena et al. (2016)
citaram que, além dos instrumentos e perfurocortantes utilizados na rotina clínica dos
2.5.2 Bacterianas
a) Periodontite Ulcerativa Necrosante Aguda (PUNA): é uma lesão de rápida
progressão, o paciente tem sangramento espontâneo, como o próprio nome diz, ocorre necrose,
tem odor característico podre-adocicado, com grave perda de ligamento periodontal e osso
alveolar;
b) Gengivite Ulcerativa Necrosante Aguda (GUNA): muito semelhante às
características da PUNA, com distinção que ocorre edema e pseudomembrana;
c) Eritema Gengival Linear: ocorre na gengiva marginal com distância da gengiva
livre, com características clínicas de eritema e edema.
2.5.4 Neoplásicas
a) Sarcoma de Kaposi: podendo manifestar-se como única mancha ou múltiplas,
vermelha ou violácea e/ou nódulos-tumorais vermelhos ou acastanhados.
b) Linfoma não-hodgkin: ocorre com frequência em gengiva, tem aumento de
volume firme e indolor podendo se localizar em qualquer região da cavidade oral (Figura 16).
3 DISCUSSÃO
Pela observação dos aspectos analisados por Júnior et al. (2018), estes autores afirmaram
que, em relação a prevalência de pessoas que vivem com HIV/AIDS, as estatísticas variam de
acordo com a população estudada, sendo o sexo masculino o mais prevalente no Brasil, porém,
o sexo feminino quando afetado possuíam idade mais precoce. Em divergência com o que foi
exposto, Melo et al. (2018) discordaram, pois de acordo com os resultados de seus estudos, a
prevalência varia de acordo com o país ou o continente a ser analisado, tão logo seus estudos
evidenciaram que as maiores taxas de prevalência do HIV estão localizadas no continente
africano, nos quais as mulheres jovens são as mais afetadas. Relataram ainda, que no Brasil
4 CONCLUSÃO
Com base no que foi exposto, é de suma importância que o profissional de odontologia
tenha conhecimento das características das principais manifestações orais oriundas do HIV, tão
logo podem ser o primeiro passo para o diagnóstico precoce da doença. As normas de
REFERÊNCIAS
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