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ISSN: 2595-6825
RESUMO
Introdução: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) faz parte do Sistema Único de Saúde
(SUS), e dentro dela uma das práticas preconizadas é a atenção domiciliar (AD) com objetivo
principal fornecer continuidade do cuidado. Na equipe multiprofissional uma das atribuições
ABSTRACT
Introduction: The Estratégia Saúde da Família (ESF) is part of the Sistema Único de Saúde
(SUS), and within it one of the recommended practices is home care (HC) with the main
objective of providing continuity of care. In the multidisciplinary team, one of the attributions
for the dental surgeon (DC) provided for in the Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
is home care. Poor oral health can interfere with the general health of the bedridden individual,
prolonging recovery time or aggravating the disease. Objective: to carry out a review to discuss
the role of the Dental Surgeon (CD) in the oral health strategy (OHS) in the FHS home care.
Methodology: Twelve articles published between 2012 and 2021, published in Scielo and BVS
databases, in Portuguese, were used. Results and discussion: The main oral health problems
reported in bedridden elderly patients are toothache, dental caries, edentulism and periodontal
disease. The oral health practices developed in the home context by the ESB are essential to
promote education and awareness about the importance of oral health among bedridden elderly
people and their caregivers, through guidance on oral hygiene, adequate diet and preventive
care, in addition to self-examination of the mouth, offering the possibility of early identification
of possible injuries, thus enabling the elderly and their caregivers to maintain good oral health
even at home. Conclusion: The bedridden elderly population is considered vulnerable, mainly
due to their reduced mobility. It is essential to invest in public policies that strengthen the
presence of the ESB in home care for bedridden elderly, ensuring adequate resources and
continuous training of professionals.
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o modelo de saúde vigente no Brasil, estruturado
hierarquicamente por região e orientado prioritariamente para integrar os serviços de promoção,
2 METODOLOGIA
Trata-se de revisão narrativa, considerada apropriada para descrever e discutir o
desenvolvimento ou “estado da arte” de determinado assunto, sob o ponto de vista teórico ou
contextual.
Foi realizado um levantamento de estudos publicados sobre a atuação da equipe de
saúde bucal inserida na estratégia saúde da família para a saúde bucal de idosos acamados. Para
busca dos artigos utilizaram-se os termos: assistência domiciliar, estratégia saúde da família,
atendimento domiciliar, idoso acamado e saúde bucal. Os critérios de inclusão foram artigos
publicados entre os anos de 2012 a 2021, na língua portuguesa, nas bases de dados Scielo e
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de exclusão foram anais, artigos pagos e
artigos que não tivessem consonância com o tema. Utilizaram-se 12 artigos para discussão do
assunto.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ampliação da atenção primária em saúde bucal no Brasil e sua (re)valorização através
da incorporação de cirurgiões-dentistas às equipes da ESF apontam para a necessidade de se
investigar como se formulam e se instalam as práticas de saúde bucal em diferentes contextos
organizacionais e políticos e em que medida os agentes dessas práticas estabelecem suas ações
e as compreendem. O sistema de atendimento utilizado na ESF pelas equipes de saúde bucal
deve ser voltado à promoção de saúde, controle e tratamento das doenças bucais, sendo
prioritária a eliminação da dor e da infecção (MATOS et al., 2014).
Com o avanço da idade, percebemos que a cavidade bucal apresenta mudanças
recorrentes do envelhecimento, que podem estar relacionadas com o físico e psicológico do
idoso. Ocorrem mudanças no aparelho estomatognático como: mucosas mais frágeis e
sensíveis, gengivas retraídas, coloração escurecida dos dentes, perda de vários elementos
dentários (edentulismo) por diversos motivos, entre eles os problemas periodontais
consequentes de perda de estruturas ósseas; além de cáries e diminuição do fluxo salivar
(xerostomia) devido, principalmente, ao uso constante de medicamentos (ROCHA et al., 2013).
Esses achados estão em consonância com o estudo de Moraes e Cohen (2021), que
destacam a alta prevalência de dor de dente, cárie, halitose, perda de dentes, lesões na mucosa
e doença periodontal como os principais problemas bucais nessa população. Esse mesmo estudo
mostra que muitos idosos não conseguem ou não querem receber cuidados preventivos de rotina
devido a condições de saúde, deficiências, problemas de acesso, recursos financeiros limitados
e/ou crença de que os cuidados não são necessários ou não têm valor para eles. Idosos acamados
correm maior risco de doenças bucais e muitas vezes têm muitas necessidades em relação à
saúde bucal derivadas de fatores médicos, funcionais, comportamentais e situacionais.
O adoecer, as péssimas condições de saúde bucal e o edentulismo são aceitos como
condição natural e normal do indivíduo que envelhece. Assim, observa-se que o uso dos
serviços odontológicos por idosos se reduz conforme aumenta a idade. Essa cultura acaba
refletindo em menores cuidados com a saúde bucal (DUTRA e SANCHEZ, 2015).
Dentre as principais dificuldades encontradas pelos idosos dependentes para a utilização
do serviço odontológico no consultório podemos citar: transportes públicos, calçadas e
ambientes inadequados, consultório mal adaptado, longo tempo de espera para atendimento,
ausência de informações sobre os serviços odontológicos disponíveis, ausência de
equipamentos e dificuldades na mobilidade pela diminuição dos sentidos (DO NASCIMENTO,
2015).
Um estudo de Dutra e Sanches (2015) pontua um baixo índice do uso de serviços
odontológicos por idosos, uma vez que 6,3% relataram nunca terem utilizado os serviços,
13,2% utilizaram há menos de um ano e que 80,5% utilizaram os serviços há um ano ou mais.
Ainda afirma que 56,5% dos idosos não iam ao dentista há mais de três anos. Quanto a idosos
restritos ao domicílio, 79% relataram não ter acesso aos serviços odontológicos há mais de
cinco anos.
A atenção domiciliar é uma modalidade de cuidado que visa levar assistência de saúde
para o ambiente familiar, proporcionando maior conforto e qualidade de vida aos pacientes que
não podem se deslocar até uma unidade de saúde. A ESB desempenha um papel fundamental
nesse contexto, pois é responsável por garantir a saúde bucal desses pacientes, prevenindo
doenças e promovendo um equilíbrio na saúde bucal (BIZZERIL et al, 2015).
A odontologia domiciliar pode ser considerada como mais uma área de atuação
odontológica a ser realizada pelo cirurgião-dentista, com ênfase multidisciplinar, em que se
avalia o paciente como um todo e contribui na promoção de uma qualidade de vida saudável e
funcional, quando possível, para essas pessoas. Poucos são os relatos na literatura a respeito
dessa específica prática odontológica, talvez pela falta de capacitação profissional em atuar de
maneira multidisciplinar e de adaptação profissional, ou o desconhecimento por parte dos
próprios pacientes, familiares e profissionais envolvidos a respeito da existência desses serviços
(ROCHA, 2013).
Segundo Moraes e Cohen (2021), os agravos na saúde bucal não estão isolados de outras
enfermidades e necessitam de atuação integrada da ESF com uma abordagem interdisciplinar.
Consoante a isso, De-carli et al, (2015) acrescenta que o trabalho em equipe e a realização de
ações coletivas ainda são consideradas desafiadoras para todos os profissionais da saúde, os
quais ainda tem, em sua formação, a centralidade na realização de procedimentos técnicos,
individualizados e atrelados a tecnologias duras.
Maciel et al. (2016) enfatizam que a incorporação da atenção domiciliar a pacientes
restritos ao lar no processo de trabalho do cirurgião-dentista apresenta desafios significativos.
Um dos principais obstáculos é o elevado número de pacientes nessa condição, aliado à
cobertura insuficiente das ESB que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de territórios
densamente populosos. Além disso, a falta de condições adequadas para realizar essa atenção
domiciliar é um fator relevante, conforme evidenciado na literatura.
As práticas de saúde bucal desenvolvidas no contexto domiciliar pela ESB são
essenciais para promover a educação e conscientização sobre a importância da saúde bucal entre
os idosos acamados e seus cuidadores, através de orientações sobre higiene bucal, dieta
adequada e cuidados preventivos, além do autoexame da boca, oferecendo a possibilidade de
identificar de forma precoce possíveis lesões, capacitando assim, os idosos e seus cuidadores a
manter uma boa saúde bucal mesmo em casa (MATOS et al, 2014).
Esse aspecto é reforçado por Do Nascimento et al. (2015), que trazem o diagnóstico
precoce como fator chave para evitar potenciais problemas e riscos ao paciente idoso, no qual
a ESB pode tomar medidas preventivas para cada caso, além de destacar medidas mais rigorosas
para um controle mais rígido em pacientes com alto risco devido a fatores locais, sistêmicos ou
deficiências cognitivas.
De Aquino et al. (2019) afirmam que para garantir a aplicação adequada dos princípios
éticos do SUS e o cumprimento das regulamentações, é essencial que a ESB esteja devidamente
preparada e qualificada. É necessário que os profissionais conheçam as condutas apropriadas
ao realizar visitas domiciliares, buscando oferecer um atendimento individualizado e
personalizado. Rocha et al, (2013) ressaltam que devem-se fazer uma anamnese criteriosa, ter
conhecimento sobre as patologias orais e promover a integralidade do cuidado, devendo estar
atentos aos princípios do SUS, como a universalidade, equidade e acolhimento, garantindo que
todos os idosos acamados tenham acesso igualitário aos cuidados odontológicos necessários.
Ademais, é importante que os profissionais sejam capacitados tanto em aspectos
técnicos quanto humanos. Esses conceitos são essenciais para estabelecer uma conexão sólida
entre os idosos que necessitam desses cuidados e os profissionais envolvidos, sendo essenciais
para o sucesso do atendimento (DE AQUINO et al, 2019).
No entanto, é necessário reconhecer que existem desafios e limitações nesse contexto,
como a falta de recursos e a sobrecarga de trabalho da ESB. Portanto, é fundamental investir
em políticas públicas que fortaleçam a presença da ESB na atenção domiciliar de idosos
acamados, garantindo recursos adequados e capacitação contínua dos profissionais (DE
OLIVEIRA, 2021).
4 CONCLUSÃO
A população idosa é considerada vulnerável devido aos desafios específicos que
enfrentam em relação à saúde bucal, principalmente devido à sua mobilidade reduzida. A
dificuldade de acesso aos serviços odontológicos convencionais torna essencial a presença da
ESB em suas residências. É fundamental destacar a falta de estudos relacionados à
problemática, sendo crucial incentivar e apoiar iniciativas de pesquisa para preencher essa
lacuna e promover avanços significativos na compreensão e resolução do problema em questão.
REFERÊNCIAS