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2 MÉTODOS
O presente trabalho busca conceituar a inserção da Odontologia no
Sistema Único de Saúde e analisar a importância do Cirurgião Dentista no
desenvolvimento dos serviços para a comunidade, e como o mesmo pode
contribuir de maneira positiva na vida dos indivíduos.
Recorreu-se a fontes bibliográficas e documentos oficiais que abordam as
temáticas referentes a importância dos serviços do Cirurgião Dentista e como
sucede o desenvolvimento e a aplicação das ações voltadas para este contexto
no Programa de Saúde da Família.
Com esse objetivo, foram selecionados para leitura e aprimoramento do
conhecimento 39 artigos publicados a partir do ano de 2019, retirados do Google
Acadêmico, Scielo, Science.gov, SiBi, Scopus, Pubmed, Biblioteca Digital de
Teses e Dissertações (BDTD) e Portal de Periódicos da CAPES de modo que,
destes, 16 exemplares foram descartados, devido ao fato dos mesmos não
apresentarem as palavras chaves correlacionadas ao tema e não seguirem a
perspectiva desejada com relação ao tema. Por fim, 23 artigos foram usados
como base para o desenvolvimento dessa abordagem.
3 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BRASILEIRA (BRASIL SORRIDENTE)
Nas últimas décadas, o Brasil evoluiu de um sistema de saúde excludente
e mutilador, no qual apenas aqueles que contribuíam para o sistema de
seguridade social tinham direito à assistência de saúde, para um sistema
universal, chamado Sistema Único de Saúde (SUS), no qual a saúde é um direito
de todos e um dever do Estado, garantido na Constituição de 1988.
(CAYETANO, et al. 2019)
No SUS, a atenção básica é ordenadora do cuidado em saúde e
representa o eixo estruturante do sistema, de acordo com as diretrizes da
OPAS/OMS. O que se busca é a garantia da integralidade do cuidado e da
universalização do acesso, por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Apesar dos avanços que ocorreram desde 1988, quando o SUS foi criado, é
evidente que este é um sistema que enfrenta enormes desafios, entre eles, a
grande diversidade socioeconômica da população, em um país com dimensões
continentais e o subfinanciamento do sistema de saúde desde sua criação
(CAYETANO, et al. 2019)
Sendo assim no início da década de 2000, com base na nova Política
Nacional de Saúde Bucal resultante dos debates da 3a Conferência de Saúde
Bucal, o “Brasil Sorridente” foi criado, o qual teve como as principais linhas de
ação: a reorganização da atenção primária em saúde bucal, com a
implementação e ampliação das equipes de saúde bucal na Estratégia Saúde da
Família; e ampliação e qualificação da Atenção Especializada (PUCCA, et al.,
2015). Previamente à criação do Brasil Sorridente, como mencionado, a
Odontologia pública Brasileira expressava seu caráter materno-infantil, que não
era suficiente para atender às demandas epidemiológicas da população naquele
contexto.
Desta forma, o processo de trabalho em saúde bucal passou
por uma reorganização, tendo foco na interdisciplinaridade, no
multiprofissionalismo e na intersetorialidade. A atuação da equipe de saúde
bucal não se limitou exclusivamente ao campo biológico ou ao trabalho técnico
– odontológico, mas passou a interagir com profissionais de outras áreas, de
forma a ampliar seu conhecimento, permitindo a abordagem do indivíduo em seu
contexto mais amplo, atentando - se ao contexto socioeconômico - cultural no
qual ele está inserido.
Ademais, a equipe se adequa de modo a alcançar a integralidade da
atenção em saúde bucal através das redes de atenção (GABRIEL, et al., 2020),
visto que passa a oferecer de forma conjunta as ações de promoção de saúde,
prevenção de doenças, tratamento, cura e reabilitação, tanto no nível individual
quanto coletivo.
Segundo Cayetano, et al. (2019) no que se refere ao modelo em que a
Odontologia está inserida no sistema público de saúde atualmente, é importante
destacar que o Brasil Sorridente está inserido no Sistema de Redes de Atenção
à Saúde (RAS), como uma rede poliarquia que visa a integralidade do cuidado,
equidade e a articulação (entre todos os níveis de atenção e com outras redes
temáticas).
Depois de institucionalizar a Política Brasileira de Saúde Bucal “Brasil
Sorridente”, com leis, portarias e normas específicas, foi necessário substituir
equipamentos sucateados e ampliar a estrutura física da rede de saúde bucal
em construção para receber esse novo serviço, aprimorando sua capacidade
instalada. (CAYETANO, et al. 2019)
Cayetano, et al. (2019) ainda cita outra importante vertente se deu na
formação dos Recursos Humanos em Saúde, uma vez que a política induziu
mudanças estruturais no processo de trabalho, por meio de uma atuação
multiprofissional, com foco na prevenção e em uma atuação voltada para o
serviço público, diferente da lógica da clínica curativa e individual da profissão
caracterizada até o momento.
Para garantir a linha de cuidado do usuário, além da reestruturação da
atenção primária, o Brasil Sorridente criou os Centros de Especialidades
Odontológicas (CEO), que oferecem atendimento nas especialidades de cirurgia
oral menor, diagnóstico de câncer de boca e outras doenças de tecidos moles,
periodontia, atenção aos pacientes com necessidades especiais e endodontia.
(CAYETANO, et al. 2019)
Em 2010 foram acrescidos aos CEO tratamentos de ortodontia e
implantes dentários. Além disso, iniciou-se a implantação dos Laboratórios
Regionais de Prótese Dentária (LRPD), a fim de responder à demanda da
população adulta e idosa do Brasil e garantir a integralidade do cuidado.
(CAYETANO, et al. 2019)
Mais de R$ 6 bilhões foram investidos em saúde bucal no Brasil nos
primeiros 10 anos da implantação do “Brasil Sorridente”. Esse investimento foi
realizado em diversas áreas, incluindo o financiamento de estudos científicos e
a formação de membros da equipe de saúde bucal (dentistas, técnicos em saúde
bucal e auxiliares de saúde bucal) (ANTONIASSI, et al., 2021; PUCCA, et
al.,2015).
A partir do “Brasil Sorridente”, o aumento no número de cirurgiões-
dentistas atuando no SUS foi significativo, sendo que um quarto de todos os
dentistas brasileiros passaram a ter vínculo com o setor público de saúde
(GABRIEL, et al., 2020; PUCCA, et al., 2015).
5 CONCLUSÃO
Diante dos dados supra relatados no exemplar, fica evidente a importância
do cirurgião-dentista no Programa Saúde da Família (PSF) e como sua inclusão
garantiu acesso às ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde
bucal.
Embora os profissionais vejam a atuação interprofissional como um
importante meio de potencializar a ação assistencial, os cirurgiões-dentistas
ainda precisam se envolver de forma mais efetiva nesse processo, inclusive com
o enfraquecimento da própria relação multidisciplinar.
Conclui-se que promoção é educação, e para melhor desenvolver o papel do
Dentista na atenção básica é necessário não apenas formar profissionais
generalistas e bem formados técnica e cientificamente, mas também com uma
perspectiva clínica mais ampla, que sejam humanistas, que atuam de forma
crítica e reflexiva em todos os níveis da atenção à saúde para prepará-los para o
trabalho no SUS
Além disso, se faz necessário que novos estudos devem ser desenvolvidos,
com o objetivo de que se discorram novos debates correlacionados ao papel do
cirurgião-dentista no Sistema Único de Saúde, de modo que possibilitem melhor
esclarecimento e mais conteúdos que auxiliem no aprimoramento de
conhecimento do assunto abordado.
REFERÊNCIAS
CAYETANO MH, Carrer FC, Gabriel M, Martins FC, Pucca Jr. GA. POLÍTICA
NACIONAL DE SAÚDE BUCAL BRASILEIRA (BRASIL SORRIDENTE):Política
Nacional de Saúde Bucal Brasileira (Brasil Sorridente): Um resgate da história,
aprendizados e futuro. Univ Odontol. 2019 ene-jun; 38(80).
https://doi.org/10.11144/Javeriana.uo38-80.pnsb