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Política Nacional de Saúde Bucal.

Tópico I: Determinantes Sociais da Saúde (DSS)

Determinantes Socias da Saúde:

- Acontecem, em sua maioria, fora do ambiente clínico.

- São condições em que as pessoas nascem, crescem, trabalham, vivem e


envelhecem.

- São o conjunto mais amplo de forças e sistemas que moldam as condições da vida
cotidiana.

- Moldam diretamente ou indiretamente a nossa saúde.

- Influenciam a incidência de doenças crônicas não transmissíveis: diabetes,


hipertensão, cárie dental, doença periodontal, etc.

*Fatores econômicos, físicos e psicológicos possuem uma grande influência no estado de


saúde de uma pessoa. Esses fatores são os DSS.

*Esses determinantes, muitas vezes fora do controle do próprio indivíduo e impostos sobre
eles a partir de forças externas, também atuam como Fator de Risco Comum a várias
doenças.

Fatores Protetivos de Saúde: fatores que contribuem positivamente para uma vida
cotidiana mais saudável.

*Plano de Ação Global da OMS - Prevenção e Controle de Doenças Crônicas Não


Transmissíveis 2013-2020 menciona as doenças bucais como:

“Condições de importância para a saúde pública, que estão intimamente associadas


a doenças não transmissíveis.”

A abordagem de Fator de Risco Comum:

- Permite diagnosticar e enfrentar fatores de risco, que são compartilhados entre


condições sistêmicas crônicas e as doenças bucais,

- E assim, fornece a base para uma integração mais próxima das atividades de
promoção de saúde bucal e geral.

Portanto, a pesquisa em saúde bucal e prática clínica odontológica, em busca dessa


integração, deveriam incorporar metodicamente os principais DSS em suas
abordagens e intervenções.

Tais DSS são:


- Status socioeconômico ou condição de classe social.
- Escolaridade.
- Acesso/uso de bens e serviços.
- Localização geográfica.
- Raça/etnia.
- Gênero e geração.

OBE: Odontologia baseada em evidências científicas.

- Essas estratégias para desenvolvimento de competências para o uso de OBE ainda


são limitadas, devido à complexidade associada à aquisição desses conhecimentos
(desde a graduação e dos comportamentos de boas práticas efetivamente
incorporados na vida profissional).

Diagnóstico das iniquidades de sociais refletidas na saúde:

- É o reconhecimento de “diferenças” específicas de saúde da população na


prevalência de doenças, ou acesso a cuidados de saúde.

- Particularmente, aquelas que são evitáveis e injustas, quando consideradas à luz da


justiça social, da ética e dos direitos humanos.

Logo, o profissional deve diagnosticar e contextualizar cada situação pessoal.

*A saúde bucal requer uma conexão especial no contexto de saúde geral, através de
uma reorientação integradora da política de saúde bucal.

Uma ação sobre os DSS é necessária para reduzir as iniquidades na saúde e é realizada
em termos de compromisso e estratégia.

Existe apoio generalizado a uma abordagem sobre os DSS:

- Compromisso Político Global manifestados por órgãos como a OMS, instituições


nacionais e locais (Ministérios, Secretarias e Serviços de Saúde).

*Idade, raça/etnia, deficiência: exemplos de iniquidades que as pessoas nascem, vivem e


trabalham.

*As iniquidades são potencializadas por desigualdades relativas ao poder, dinheiro,


acesso à informação e recursos sociais/culturais (os quais são considerados motores
dinâmicos da sociedade).

- O acesso a esses motores é feito predominantemente fora do setor da saúde.

*A Abordagem “Saúde em todas as políticas” pode ser uma maneira de assegurar melhor
distribuição social dos benefícios que impactam positivamente os DSS.
Os DSS produzem iniquidades em saúde e também afetam marcadamente a prevalência
das duas principais doenças abordadas mas na odontologia:

- Cárie dental.
- Doença periodontal.

*Os custos diretos do tratamento devido a doenças bucais em todo o mundo


corresponderam a 4,6% dos gastos globais em saúde. Gerando um impacto global de 442
bilhões em 2010.

● Revisões sistemáticas de literatura sintetizam melhor as evidências da influência


dos DSS e a associação entre iniquidades sociais e cárie dental.

● Estudos mostram que, embora seja a doença bucal mais prevalente no mundo, a
maioria das lesões de cárie está concentrada em grupos sociais que vivem em
condições materiais e sociais de pobreza relativa ou absoluta.

● O mesmo vale para Doença Periodontal.

● Portanto, o mesmo vale para perda dentária.

Declaração do Rio de Janeiro 2011 sobre os DSS:

- A OMS e seus Estados-Membros prometeram 5 medidas em cinco áreas cruciais


para abordar as iniquidades que influenciam os DSS:

I. Melhor direção para o desenvolvimento econômico e social, com um olhar para os


seus impactos na saúde.

II. Maior participação social na formulação de políticas e sua efetiva implementação.

III. Maior reorientação do setor da saúde para reduzir as iniquidades.

IV. Fortalecimento da governança global e colaboração entre setores governamentais e


das sociedades civil.

V. Monitoramento do progresso e aumento da responsabilidade de todos os envolvidos,


especificamente os governos.

Além disso, a referida comissão propõe cinco domínios que podem funcionar como mapas
para as escolas de odontologia mudarem:
- Tecnologia, educação, demografia, saúde e meio ambiente.

DSS mais frequentes associados a doenças bucais: escolaridade, renda e status


socioeconômico.

- A saúde bucal é diretamente relacionada à posição socioeconômica.


Brasil Sorridente (2004):

- Política Nacional de Saúde Bucal.

- É uma das quatro áreas prioritárias do SUS.

- Está em construção, ainda precisa ser ampliada, refinada e solidificada.

- Extensa rede de atenção primária e atenção especializada de forma estruturada em


todas as regiões do Brasil.
- Financiamento público e cobertura gratuita.

Desafios do Brasil Sorridente:

- Combater as iniquidades regionais e locais.


- Atendimento prioritário para populações vulneráveis.
- Busca constante de integralidade de ações e programas.
- Luta por financiamento suficiente e contínuo.
- Atendimento digno às pessoas.

O Brasil já mostrou ao mundo um grande êxito com suas políticas relativas à integração da
saúde bucal na atenção primária, que são orientadas para a abordagem dos DSS e Fatores
de Risco Comum, e para os processos de coordenação do cuidado.

- Já é considerado um primeiro passo para o desenvolvimento de políticas de atenção


à saúde que apoiem práticas colaborativas e cuidados centrados no paciente no
campo do setor de atenção primária.

- Cuidado da pessoa humana a partir de uma perspectiva generosa e integrada,


incorporando não apenas a história médica e odontológica do paciente, mas também
psicossocial.

- Educação inclusiva, compassiva, humanizada, resolutiva e, quando necessária,


interprofissional.

- Pré tratamento, durante o tratamento e após o tratamento.

- Considerar a família e o contexto de vida.

ii. Políticas Públicas de Saúde Bucal no Brasil

- Brasil Sorridente é a maior política pública de SB no mundo.


- Ações que fortalecem o coletivo, a atenção primária e sobretudo trabalhar em redes de
atenção à saúde, com vistas ao fortalecimento e à expansão do programa.

- Muitas condições de saúde bucal são reconhecidas como problemas de saúde coletiva,
em função de sua prevalência, gravidade e impacto individual e comunitário.

- O Brasil Sorridente surgiu como uma janela de oportunidades política e do movimento


para romper com o modelo que antes era hegemômico.

- As RAS surgiram com a finalidade de proporcionar o dimensionamento dos serviços de


saúde, a partir do reconhecimento das necessidades da população e da integralidade do
cuidado, fortalecendo a atenção primária.

- O Brasil Sorridente foi instituído e articulado a outras políticas de saúde e demais políticas
públicas, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS.

- A Política Nacional de SB vem sendo construída há muitas décadas por diversos setores
da sociedade, como aqueles vinculados aos movimentos sociais da saúde e aos sindicatos
progressistas, à militância estudantil, aos professores e pesquisadores que atuam no
entrecruzamento da Odontologia com a saúde coletiva, bem como por equipes de saúde
pública, pelo Conass e Conasems e pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), por
movimentos de profissionais, e por algumas gestões de entidades odontológicas.

- As ações do programa Brasil Sorridente buscam o enfrentamento das iniquidades e geram


acesso para populações de vulnerabilidade.

- Um dos grandes desafios da Odontologia é constituir-se como uma área da integralidade,


conformando uma rede de atenção à saúde que supere as especificidades
odontobiológicas.

- Impactos epidemiológicos são produtos de ações intersetoriais, em que a prática


odontológica é parte integrante e constituinte de um todo (que agrega ações setoriais,
educacionais, ambientais, sociais, entre outras).

- Sobre o ponto de vista da RAS, o Brasil Sorridente direcionou a ampliação no acesso da


população à atenção à saúde bucal em diversos eixos estratégicos e pontos de atenção:

1. Na vigilância em saúde bucal (sanitária, epidemiológica, ambiental).

2. Na ampliação de sistemas de fluoretação de água.

3. Na expansão da oferta de serviços de Atenção Primária À Saúde.

4. Na criação e implantação dos CEOs.

5. Na implantação dos Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPDs).

6. Na inovação referente à estruturação de Centros/Unidades de Assistência de Alta


Complexidade em Oncologia (CACON/UNACON).
- Também tem atuação de forma transversal em programas intra e interministeriais em nível
locorregional, tais como “Rede Cegonha”, “Brasil sem Miséria”, “Programa Saúde na
Escola”, “Programa Viver sem Limite (para pessoas com deficiência), “Unidades de Pronto
Atendimento 24 horas”, e ações dirigidas para a população indígena, negra, quilombolas,
assentamentos, população rural, ribeirinha, idosa, encarcerada e em situação de rua.

- A APS na configuração das RAS responsabiliza-se pela atenção à saúde bucal de seus
usuários, sendo a principal porta de entrada do sistema.

- Os CEOs são elementos-chave na configuração da RAS ao favorecer o acesso da


população a procedimentos de maior complexidade tecnológica não contemplados nas
UBS.

- Tem como objetivos:

1. A identificação e a divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde.

2. A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e


social: a redução de riscos de doenças e de outros agravos no estabelecimento de
condições que assegurem o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua
promoção, proteção e recuperação.

3. A assistência às pessoas por intermédio destas ações de saúde, com a realização


integral das ações.

- Nas RAS, os CEO assumem a posição de referência especializada de SB para as UBS


que oferecem: cirurgia oral menor, diagnóstico de câncer de boca e de outras doenças de
tecidos, periodontia, atenção aos pacientes com necessidades especiais e endodontia.

- Para dar suporte de apoio e diagnóstico, a rede também foi estruturada pensando nos
serviços de análise de exames histopatológicos, para emissão de laudos
anatomopatológicos.

- No fluxo, são as UBS que deverão, por meio de critérios pré-definidos e protocolizados,
constituir o fluxo de acesso dos usuários aos CEO que, após a conclusão do tratamento
especializado, deverão reencaminhá-los à atenção básica.

- O processo do trabalho em saúde bucal nos CEO se dá pela interface entre AB e AE.

- Já os Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD) surgem na rede como serviço


de retaguarda e resposta a demanda e necessidade de reabilitação bucal devido à perda
dentária na população adulta e idosa no Brasil, como forma de garantir integralidade e
cuidado.

- Na atenção hospitalar, destacam-se: atenção às pessoas com neoplasias bucais e


pacientes que necessitam de anestesia geral.

- Aspectos importantes do cuidado integral ao paciente com neoplasia: exodontias


pré-radioterapia, fluorterapia para prevenção de cárie de irradiação, exames de alto custo e
reabilitação protética.
- Nas neoplasias bucais a rede foi fortalecida por meio dos Centros/Unidades de Assistência
de Alta Complexidade em Oncologia (CACON/UNACON).

- O Brasil Sorridente contribuiu para a portaria que incluiu pelo menos um cirurgião-dentista
em cada CACON E UNACON.

- Tal movimento abriu muitos postos de trabalho para dentistas em hospitais por todo o
Brasil e possibilitou que fossem oferecidos cuidado em saúde bucal para pacientes
oncológicos, que frequentemente apresentam manifestações bucais dos efeitos colaterais
dos tratamentos de combate ao câncer.

iii. Redes de Atenção À Saúde

- Outro ponto forte da RAS foi articular os diferentes serviços de saúde que estão
distribuídos espacialmente em uma região, não somente na atenção primária, mas também
nos demais pontos de atenção – garantindo a busca da equidade.

- O Brasil Sorridente garantiu a transversalidade nas 5 RAS implantadas no SUS:

1. Rede Cegonha.

2. Rede de Atenção à Saúde Mental.

3. Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência.

4. Rede de Atenção à Pessoa com Doenças Crônicas.

5. Rede de Atenção a Urgências e Emergências.

- A estruturação da rede está organizada em diferentes níveis de atenção, contemplando


medidas de promoção, prevenção e tratamento em uma lógica multidisciplinar.

- RAS: surge como opção para superar a fragmentação das ações e serviços de saúde (que
ainda persistem mesmo após representativos avanços alcançados pelo SUS).

- Para o SUS funcionar, são necessárias formas de organização que articulem os serviços
existentes, considerando os princípios da regionalização e da hierarquização, de modo que
o processo de descentralização não sobrecarregue os municípios.

- Nas RAS, a concepção de hierarquia é substituída pela de poliarquia, e o sistema


organiza-se sob forma de uma rede horizontal de atenção à saúde.

- Assim, não há hierarquia entre os diferentes pontos de atenção à saúde.

- E sim, a conformação de uma rede horizontal de pontos de atenção à saúde de distintas


densidades tecnológicas e seus sistemas de apoio, sem ordem e seu grau de importância
entre eles.
- Todos os pontos de atenção à saúde são igualmente importantes para que se cumpram os
objetivos das RAS – apenas se diferenciam pelas diferentes densidades tecnológicas que
os caracterizam.

- Apesar de não haver grau de importância, a atenção básica tem o papel fundamental de
ordenador das RAS.

- As RAS constituem-se de três elementos básicos:

1. Uma população,

2. Uma estrutura operacional.

3. Um modelo de atenção à saúde.

- População: o conhecimento da população total – deve ser segmentada, subdividida em


subpopulações por fatores de riscos e estratificada por riscos em relação às condições de
saúde estabelecidas. Vive em territórios sanitários singulares e é organizada em famílias.

- O conhecimento profundo da população usuária de um sistema de atenção à saúde é o


elemento básico que torna possível romper com a gestão baseada na oferta (características
dos sistemas fragmentados). E instituir uma gestão baseada nas necessidades de saúde da
população, (e não somente de demanda, que tende a favorecer populações mais abastadas
em detrimento das vulneráveis) com uma gestão de base populacional (elemento essencial
das RAS).

- Estrutura operacional da RAS compõe-se 5 componentes:

1. Centro de Comunicação, a AB.

2. Pontos de atenção à saúde secundários e terciários.

3. Sistemas de apoio (sistema de apoio diagnóstico e terapêutico, sistema de assistência


farmacêutica e sistema de informação em saúde.

4. Sistemas logísticos (cartão de identificação das pessoas usuárias, prontuário clínico,


sistemas de acesso regulado à atenção e sistemas de transporte em saúde).

5. Sistema de governança.

- Os três primeiros correspondem aos pontos da rede, e o quarto, às ligações que


comunicam os diferentes nós.

- O centro de comunicação das RAS é o nó intercambiador no qual se coordenam os fluxos


e os contrafluxos do sistema de atenção à saúde e é constituído pela Atenção Básica
(unidade básica de saúde tradicional ou equipe da Estratégia Saúde da Família, incluindo
os profissionais da SB).

- As RAS determinam a estruturação dos pontos de atenção à saúde, secundários e


terciários, que são os únicos elementos temáticos das redes.

- Esses pontos se distribuem, espacialmente, de acordo com o processo de territorialização:

1. Os pontos de Atenção Especializada nas microrregiões sanitárias.

2. Os pontos de Atenção Hospitalar nas macrorregiões sanitárias.

- Articulam-se com os níveis de atenção especializada à saúde.

1. Nível ambulatorial: média complexidade.

2. Nível hospitalar: alta complexidade.

- Na RAS de SB, definem-se como pontos:

1. Atenção Especializada Ambulatorial: CEOs.

2. Atenção Especializada Hospitalar: Hospitais que realizam atendimento odontológico sob


anestesia geral e o tratamento do câncer de boca.

- O terceiro componente das RAS é: sistemas de apoio.


- Sistemas de apoio: lugares institucionais das redes em que se prestam serviços comuns a
todos os pontos de atenção à saúde, nos campos do apoio diagnóstico e terapêutico, da
assistência farmacêutica e dos sistemas de informação de saúde.

- O quarto componente das RAS é: sistemas logísticos.

- Sistemas logísticos: soluções tecnológicas, fortemente ancoradas nas tecnologias de


informação, garantem a organização racional dos fluxos e contrafluxos de informações,
produtos e pessoas na RAS.

- Isso permite um sistema eficaz de referência e contrarreferência das pessoas e trocas


eficientes de produtos e informações dos longos pontos de atenção à saúde.

- Quinto componente das RAS: sistemas de governança.

- Essa governança é diferente da gerência dos pontos de atenção à saúde, dos sistemas de
apoio e dos sistemas logísticos (gerência hospitalar, gerência dos ambulatórios
especializados, gerência das UBS, gerência do laboratório de patologia clínica, gerência da
assistência farmacêutica, gerência do transporte em saúde etc).

- Essa gerência cuida de governar as relações entre Atenção Primária/Básica e Atenção


Especializada Ambulatorial e Hospitalar, os sistemas de apoio e os sistemas logísticos, de
modo a articulá-los em função da missão, da visão e dos objetivos comuns das redes.

- A governança é um sistema transversal a todas as redes temáticas de atenção à saúde.

- O terceiro elemento constitutivo das RAS é o modelo de atenção à saúde.

- Modelo de atenção à saúde: consiste em sistemas lógicos que organizam o funcionamento


das RAS.

- Articulam, de forma singular, as relações entre componentes da rede e as intervenções


sanitárias, definidos de acordo com a visão prevalecente da saúde, a situação demográfica
e epidemiológica e os determinantes sociais da saúde vigentes em determinado tempo e
em determinada sociedade.
- Estrutura operacional:

1. Recursos Humanos.

2. Atenção Básica.

3. Pontos de Atenção Especializada Ambulatorial.

4. Pontos de Atenção Especializada Hospitalar.

5. Sistemas de Apoio.

6. Sistemas Logísticos.

7. Sistemas de Governança – além de tudo, possui pautas na Comissão Intergestora


Bipartite.

- Modelo de atenção à saúde: RAS baseadas na AB à saúde.

- Os diferentes equipamentos ainda podem ser classificados segundo a densidade


tecnológica:

1. Atenção primária/básica: baixa densidade.

2. Especializada ambulatorial: densidade intermediária.


3. Especializada hospitalar: elevada densidade.

- O processo de trabalho dentro de uma rede assistencial organizada por meio de diferentes
níveis de governança exige:

1. Uma base populacional.

2. Uma base territorial.

- Logo, a criação de territórios sanitários, áreas e população de responsabilidade de


serviços é fundamental para a conformação de RAS.

- Considerando esses aspectos, a rede pode ter organização local, distrital, municipal ou
regional e ser composta por:

1. UBS.

2. CEO.

3. Centros de Apoio Diagnóstico – CAD.

4. Laboratórios Regionais de Prótese Dentária – LRPD.

5. UPA.

6. Farmácias e hospitais de referência.

RASB: Rede de Atenção à Saúde Bucal:

Conceito de termos da RASB:

- Ponto de atenção: espaços onde ofertam determinados serviços de saúde, por meio de
produção singular.

Ex: Domicílios, UBS, CEO, laboratórios de prótese dentária, Unidades de Assistência de


Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), Centros de Assistência de Alta Complexidade
em Oncologia (Cacon), etc.

- Sistema de referência e contrarreferência: modo de organização dos serviços configurados


em redes sustentadas por critérios, fluxos e mecanismos de pactuação de funcionamento,
para assegurar a integralidade.
***Prevê a hierarquização dos níveis de complexidade, viabilizando encaminhamentos
resolutivos, e fomentar e assegurar vínculos em diferentes dimensões.

- Referência lateral ou referência interna: é feita internamente no CEO para


encaminhamento de diversas especialidades, buscando a resolutividade do atendimento de
forma que o paciente seja atendido em sua totalidade, evitando que este retorne para a AB
para encaminhamento.

***Deve ser monitorado constantemente, para evitar iniquidades no atendimento.

A referência lateral ou interna deve ser utilizada quando o procedimento executado por uma
especialidade necessite, para o seu total sucesso, da intervenção de outra especialidade
que o complemente.

iv. Principais Agravos em SB

- Os principais agravos são:

1. Cárie dentária.

2. Doença periodontal.

3. Edentulismo.

4. Maloclusão.

5. Câncer de boca.

6. Fluorose dentária.

7. Traumatismos dentários.

- Outras patologias devem ser investigadas, dependendo das particularidades locais, como:
erosão dental, alterações bucais relacionadas ao HIV, alterações congênitas.

Cárie:

- Doença mais prevalente do mundo, não-infecciosa, não-transmissível, açúcar-dependente


e de caráter bio-social.
- Sinais: lesões de cárie, resultantes da ação metabólica de micro-organismos do biofilme
dentário sobre as superfícies dos dentes.

- É açúcar-dependente pois os micro-organismos usam diferentes açúcares como fonte de


energia, produzindo ácidos como resultado da sua fermentação biológica.

- Tais ácidos desmineralizam as superfícies dos dentes, culminando em lesões iniciais de


cárie: mancha branca ativa.

- Mancha branca ativa: opaca e porosa. E tal processo pode ser inativado caso haja correta
remoção do biofilme dentário e uso dos produtos fluoretados.

- Fatores de risco: fatores culturais e socioeconômicos, falta de acesso ao flúor, controle


mecânico do biofilme inadequado, consumo frequente de açúcar, hipossalivação.

Doença periodontal:

- Desequilíbrio entre as ações de agressão e defesa sobre os tecidos de sustentação e


proteção do dente, que tem como principal determinante o biofilme dental, a partir das
diferentes respostas do hospedeiro.

- Pode ter padrões variáveis de progressão.

- É uma doença infecciosa.

- Sequelas: recessão e mobilidade.

- Fator etiológico: cálculo.

- Fatores de risco: diabetes, fumo, fatores culturais e socioeconômicos, ausência do


controle de placa, imunodepressão.

Edentulismo:

- Resultante de diversos e complexos determinantes: precárias condições de vida, baixa


oferta e cobertura dos serviços, modelo assistencial predominantemente de prática
mutiladora aliada às características culturais que exercem significativa influência sobre o
modo como a perda dentária é assimilada.

- Fatores de risco: baixa renda, baixa escolaridade, fator congênito, doença de cárie
dentária, doença periodontal, falta de acesso a tratamentos odontológicos.

Maloclusão:
- Conjunto de anomalias dentofaciais que causam deformação ou impedem a função e que
requerem tratamento,

- É a terceira maior prevalência entre as patologias bucais (as duas primeiras são a cárie e
DP).

- O termo maloclusão pode ser definido como desvio da oclusão ideal.

- Logo, inclui todos os desvios dos dentes e maxilares do alinhamento normal.

- Para diagnóstico e intervenção precoce é fundamental o conhecimento do


desenvolvimento normal das dentições decídua e mista, evitando tratamento mais
complexos e pior prognóstico no futuro.

- O sistema de Edward Hartley Angle é o mais utilizado, e enfatiza a relação anteroposterior


dos primeiros molares permanentes.

- Fatores de risco: na maioria das ocasiões não provém de um único processo patológico
específico.

- É uma variação clínica significativa do crescimento normal, resultante da interação de


vários fatores durante o desenvolvimento, tais como a interação entre influências ambientais
e congênitas, sendo relacionadas às causas a seguir:

1. Hereditariedade (padrões de crescimento dentofacial, tamanho dos dentes, potência da


musculatura facial).

2. Defeitos do desenvolvimento de origem desconhecida.

3. Enfermidades sistêmicas (distúrbios endócrinos, síndromes).

4. Enfermidades locais (obstrução nasal, tumores, doença periodontal, perdas ósseas e


migrações e cárie dentária).

5. Traumatismo pré e pós natais.

6. Agentes físicos (exodontia prematura de dentes decíduos, natureza da alimentação ou


função mastigatória reduzida pelas técnicas de cocção, uso de talheres, alimentos
processados, incluindo a presença ou ausência de alimentação dura, seca e fibrosa).

7. Hábitos nocivos (sucção de bicos, dedos, lábio, uso de mamadeira, onicofagia,


respiração bucal, quadros infecciosos de repetição).

8. Deficiências nutricionais e má nutrição.

9. Fatores culturais e socioeconômicos que dificultem ou impeçam o acesso aos serviços de


saúde bucal preventivo-promocionais.

- Etiologia multifatorial.
Alterações dos tecidos moles e câncer bucal

- Os tumores malignos da cavidade oral possuem associação com o tabaco e consumo de


álcool.

- O subconjunto de tipo de câncer que ocorre entre sujeitos não expostos ao fumo ou álcool
está no papel do papilomavírus humano 16 e HPV 18.

- O câncer de orofaringe e das tonsilas possuem associação com álcool e tabaco, mas o
HPV é o principal.

- HPV: sua infecção pode ser na mucosa genital ou oral, ser subclínica ou associada a
lesões benignas (verrugas comuns, condilomas, papilomas). – em geral, essas lesões são
causadas por infecção por HPV de baixo risco.

- A infecção por HPV de alto risco é considerada como o principal agente etiológico do
carcinoma cervical de células escamosas.

- As infecções por HPV são transmitidas principalmente por meio do contato direto, pele a
pele ou pele-mucosa.

- As mudanças significativas na prevalência do HPV podem ser devido às mudanças nos


hábitos sexuais, especialmente entre jovens (debut sexual precoce, múltiplos parceiros
sexuais, sexo oral, sexo anal).

- Esse cenário implica a necessidade de ações dos pontos de AB, como campanhas sobre
educação sexual, e programas de vacinação, bem como diagnóstico de doenças
relacionadas com HPV, tanto benignas como malignas.

- Câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral e
está entre as principais causas de óbito por neoplasias.

- Mais de 50% dos casos é diagnosticado em estágios avançados.

- Pode ser prevenido de formas simples – ênfase na promoção à saúde, aumento dos
acessos aos serviços de saúde e ao diagnóstico precoce.

- Fatores de risco: fatores culturais e socioeconômicos, tabagismo, etilismo, exposição à


radiação solar, deficiência imunológica adquirida ou congênita, uso crônico de tabaco com o
álcool potencializa o aparecimento do câncer.

Fluorose dentária

- É o resultado da ingestão crônica de flúor durante o desenvolvimento dental, que se


manifesta como mudanças visíveis de opacidade do esmalte devido a alterações no
processo de mineralização.
- O grau das alterações é função direta da dose de fluoreto que a criança ingere e o tempo
de duração da dose.

- A pigmentação é pós-eruptiva, por causa da maior porosidade do esmalte fluorótico, mas


essa maior permeabilidade não tem nada a ver com o aumento do risco de cárie.

- Fator de risco: ingestão de fluoretos por meio de múltiplas fontes.

Traumatismo dentário

- Traumatismo dentoalveolar consiste em lesão traumática que acomete estruturas


dentárias e de seu periodonto.

- Estritas ao tecido mole: concussão, subluxação, extrusão, luxação lateral, intrusão e


avulsão.

- Contudo, quando há envolvimento da estrutura dentária ou da base óssea alveolar, as


lesões se classificam em: trinca de esmalte, fratura de esmalte, fratura de esmalte-dentina
sem exposição pulpar, fratura de esmalte-dentina com exposição pulpar, fratura
coronorradiculares em exposição pulpar, fraturas coronorradiculares com exposição pulpar,
fratura radicular (cervical, médio ou apical) e fratura alveolar.

Outros agravos:

Erosão dental

- Resultado físico da perda patológica, localizada e crônica de estrutura dentária, por meio
de quelação por ácidos de origem não bacteriana.

- Essa patologia é complexa pois existem muitos ácidos de origem não bacteriana.

- Embora a OMS recomende o monitoramento da erosão dentária como patologia


emergente, autores questionam a caracterização da erosão como problema de saúde
pública.

- Prevalência de 30% em crianças e adolescentes de 8 a 19 anos.

- Fatores de risco: dieta, frutas cítricas, energéticos, refrigerantes.

- Outros fatores como: redução do fluxo salivar, refluxo gastroesofageal, bulimia – podem
caracterizar como elementos intrínsecos que predispõem à erosão dental.

- Exposição a ambientes com substâncias ácidas em algumas indústrias também é citado


como fator de risco.
Dor orofacial e disfunção temporomandibular

- Dor associada aos tecidos moles e mineralizados da cabeça e do pescoço, tendo como
causas mais comuns as dores odontogênicas seguidas das DTMs.

- A DTM é uma disfunção que consiste em uma dor orofacial definida como um conjunto de
distúrbios que envolvem os músculos mastigatório, a ATM e as estruturas associadas.

- Em geral, as DTMs decorrem de doenças benignas, em diversos níveis de complexidade,


mas não se pode descuidar da possibilidade de doenças graves como causa.

- 25,7% das pessoas que vão às consultas apresentam algum tipo de dor orofacial.

- Mais de 13% para as dores musculares mastigatórias.

- Mais de 16% para disfunções do disco articular.

- Mais de 9% para dores da ATM na população em geral.

- Podem ser encontrados em crianças e adolescentes, porém com menor prevalência do


que em adultos.

- Fatores de risco: trauma, fatores psicossociais (depressão, ansiedade, estresse


pós-trauma), fatores anatômicos (esqueléticos), fatores fisiopatológicos, doenças sistêmicas
(doenças degenerativas, infecciosas, metabólicas, neoplásicas, neurológicas, vasculares e
reumatológicas), doenças locais (alteração na viscosidade do líquido sinovial, pressão
intra-articular aumentada, estresse oxidativo), genéticos.

Malformações congênitas

- Fissuras orais ocorrem da falta de fusão dos processos nasais mediais e destes com os
maxilares durante a formação do bebê.

- O diagnóstico pode ser feito a partir da 14a semana de gestação, durante exames de
ultrassonografia.

- Podem ser unilaterais, bilaterais, incompletas, completas – sendo classificadas com base
no forame incisivo.

- Brasil: entre 1,5 e 1 caso por mil nascidos vivos.

- Principais fatores de risco: tabagismo materno, alcoolismo materno, carências nutricionais,


exposição materna a riscos ocupacionais (solventes e defensivos agrícolas, por ex),
medicações teratogênicas, infecções virais no primeiro trimestre da gestação, genéticos.
v. Gestão e planejamento de ações e serviços em SB

- Com a crescente descentralização na gestão pública da saúde e a necessidade de


pactuação, dentro e entre as esferas de governo, o planejamento do setor da saúde adquire
maior importância.

- A institucionalização da prática de planejamento busca dar direcionalidade às ações de


saúde.

- Essa prática deve ser difundida desde o nível local (consultório odontológico) até o nível
federal (Coordenação Nacional de SB).

- A Lei Complementar n° 141 de 13 de janeiro de 2012 dispôs sobre os valores mínimos a


serem aplicados anualmente pela União, estados, DF e municípios em ações e serviços
públicos de saúde, estabeleceu os critérios de rateio dos recursos e transferências para a
saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas três
esferas de governo.

- Para melhor organização do Sistema, o Decreto n° 7.508 de 2011 criou:

1. Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (Renases) – relação de todas as ações


e os serviços públicos que o SUS garante para a população, em seu âmbito, com a
finalidade de atender à integralidade da assistência à saúde.

2. Relação Nacional de Medicamentos (Rename) – que disponibiliza os medicamentos


necessários ao atendimento da população, de acordo com as prescrições realizadas no
âmbito do SUS por um profissional integrante de seus quadros.

- Todo município deve definir a Relação Municipal de Medicamentos (Remune).

- O planejamento deve ser compreendido como um processo contínuo e não como um


somatório de etapas estanques e sucessivas.

- A principais etapas do planejamento:

1. Compreensão da realidade.

2. Hierarquização dos problemas.

3. Definição de diretrizes.

4. Elaboração e execução da programação.

5. Acompanhamento e avaliação.

- O gestor do SUS, independentemente da instância de atuação (federal, estadual ou


municipal) deve ter o planejamento em saúde (Plano de Saúde e respectivas Programações
Anuais e Relatório de Gestão) norteando os instrumentos de planejamento e orçamento de
governo (Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual).

- Os instrumentos para o planejamento no SUS são o Plano de Saúde, as respectivas


Programações Anuais e o Relatório de Gestão.

- Eles interligam-se sequencialmente, compondo um processo cíclico de planejamento para


operacionalização integrada, solidária e sistêmica do SUS.

- É por meio das conferências de saúde (municipais, estaduais, nacional) que a sociedade,
representada por vários segmentos, avaliará a situação de saúde e proporá as diretrizes
para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes.

- Plano de Saúde: é o resultado do processo de planejamento e orçamento de determinada


esfera governo no tocante à saúde para o período de quatro anos.

- Expressa o compromisso do governo com as questões prioritárias de saúde da população


sob as quais se baseiam a definição de ações de prevenção, promoção, recuperação e
reabilitação em saúde.

- O gestor do SUS (seja federal, estadual ou municipal) deve ter o planejamento em saúde
refletido nas leis orçamentárias aprovadas no legislativo, previamente acordado no
Conselho Municipal.

- O Plano de Saúde perpassa pela identificação das necessidades em saúde, análise


situacional e definição de prioridades.

- Mapa da Saúde: ferramenta que possibilita aos gestores o entendimento de questões


estratégicas para o planejamento das ações e dos serviços de saúde.

- Contempla os seguintes temas:

1. Estrutura do sistema de saúde (distribuição demográfica de serviços e recursos humanos


disponibilizados pelo SUS, próprios e privados complementares, e pela iniciativa privada).
2. RAS.

3. Condições sociossanitárias.

4. Fluxos de acesso dos usuários.

5. Recursos financeiros de investimentos e custeio.

6. Gestão do trabalho e da educação na saúde.

7. Ciência.

8. Tecnologia.

9. Produção e inovação em saúde.

10. Gestão (evidenciando indicadores do processo de regionalização, planejamento,


regulação, participação e controle social).

- A análise do conjunto das informações sistematizadas no Mapa da Saúde deve ter como
objetivo a definição das diretrizes, dos objetivos, das metas e dos indicadores que irão
orientar o conjunto de ações a ser priorizado no Plano de Saúde.

- Logo, o Mapa norteará a definição de diretrizes, objetos, metas e indicadores para um


período predeterminado.

- O Plano de Saúde é submetido à apreciação e aprovação do respectivo Conselho de


Saúde e deve ser disponibilizado para acesso público.

- Programação Anual de Saúde, Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior, Relatório


Anual de Gestão, Planejamento e Orçamento de Governo.

- O ciclo de planejamento e orçamento de médio e curto prazos definidos pela Constituição


Federal de 1988 estabelece para que as peças de planejamento e de orçamentação sejam
enviadas pelo Pode Executivo ao Legislativo, em cada esfera de Federação, para que este
faça a apreciação e as devolva para o Executivo.

- Planeja SUS: o Ministério da Saúde buscou institucionalizar o processo de planejamento


com uma ação:

1. Continuada.

2. Articulada.

3. Integrada.

4. Solidária

Entre as três esferas de gestão da saúde.


- O planejamento deve ser um instrumento de gestão que promova o desenvolvimento
institucional, uma atitude permanente da organização, do administrador e das equipes no
território.

- Como a equipe de SB pode utilizar conceitos do planejamento para organizar o cuidado


em SB do seu território?

- Partindo-se do princípio de que o município possui o Programa de SB, conjunto de


projetos e atividades voltado para a concretização das ações previstas no Plano de Saúde
explicitado na Diretriz que norteia o cuidado em SB da população, orientando as escolhas
estratégicas e prioritárias para atingir um determinado nível de saúde da população,
definido em função das características epidemiológicas, da organização dos serviços, do
modelo de atenção utilizado no município e dos marcos da Política de Saúde Municipal.

- A equipe de SB deve planejar o atendimento de seu território a partir do conhecimento das


diretrizes municipais.

- O conhecimento da realidade em que o profissional atuará é o primeiro passo para o


planejamento e a programação das ações.

- Conhecer os dados populacionais, socioeconômicos e culturais do território.

- Departamento de Informática do SUS (DATASUS): é um site que possui dados de


indicadores econômicos e demográficos, de situação de saneamento e de serviços de
saúde de determinado território.

- Elementos específicos: existência de rede pública de abastecimento de água tratada, a


cobertura populacional e a presença de fluoretação em teor ótimo para a região; acesso a
outros métodos sistêmicos de flúor; existência de indicadores epidemiológicos;
levantamento de capacidade instalada dos serviços públicos filantrópicos, universitários e
privados disponíveis para a população; serviços de atenção à saúde especializada
ambulatorial e hospitalar; atendimento e capacidade de cobertura a grupos populacionais.

- Todas essas informações devem constar no Mapa da Saúde do município e deve ser
disponibilizado para a equipe.

- Nas localidades em que não houver levantamento epidemiológico disponível, pode-se


trabalhar com o levantamento de necessidades imediatas, avaliação de risco, ou usar os
dados regionais/estaduais do SB Brasil 2010 como referência, realizando posteriormente
uma análise crítica para completar a compreensão da realidade.

- O uso da informação estatística é facilmente acessível por meio da internet e deve ser
feito pelas equipes na avaliação dos avanços ou retrocessos nas condições de vida da
população, no apontamento da eficácia ou ineficácia das ações planejadas ou na defesa
técnica quanto às prioridades a atender.

- Assim, além de conhecer as diretrizes municipais estabelecidas para o cuidado em saúde


bucal, caso existam, para que as equipes possam atuar no território é necessário que
possuam:
1. Informações demográficas.

2. Socioeconômicas.

3. De saúde do local.

- É desejável que o responsável pela saúde bucal do município forneça tais informações e
mantenha uma rotina de atualização e disseminação delas para as equipes.

- A hierarquização dos problemas deve passar pela participação popular como referendo
para as escolhas das prioridades.

- Essa fase inclui o estabelecimento de objetivos, segundo o que foi observado e o que
consta como prioridades nas diretrizes municipais.

- A partir dos objetivos e das diretrizes estratégicas elaboradas pelo município e de posse
das informações que permitem o conhecimento do território, a equipe deverá considerar a
melhor alternativa prática de trabalho, que contemple as ações de SB a serem
desenvolvidas de forma a melhoras as condições de SB da população sob sua
responsabilidade.

- A programação deve contemplar o atendimento às necessidades reais da população (ex:


horários alternativos para atendimento ao trabalhador); a resolutividade das unidades de
saúde envolvidas; a disponibilidade de recurso; os protocolos de atuação e a incorporação
tecnológica.

- A oferta x necessidade não será atendida em todos os territórios, devendo ser


estabelecidos planos de integração de serviços, regulação local e municipal, para cobrir as
necessidades do território.

vi. Atribuições da equipe de SB na atenção primária

- Entre o primeiro contato do profissional com o cidadão e a resolução de suas demandas,


existe uma tecnologia leve e de fundamental importância que é a escuta qualificada.

- O acolhimento pressupõe que o serviço de saúde seja organizado de forma


usuário-centrada, garantido por uma equipe multiprofissional, nos atos de receber, escutar,
orientar, atender, encaminhar e acompanhar.

- Significa a base da humanização das relações e caracteriza o primeiro ato de cuidado


junto aos usuários, contribuindo para o aumento da resolutividade.

- A Política Nacional de SB – Programa Brasil Sorridente aponta nos seus princípios


norteadores, a ampliação e a qualificação da assistência.
- Isso significa organizar o processo de trabalho, de forma a garantir procedimentos mais
complexos e conclusivos para resolver a necessidade que motivou a procura da assistência,
evitando o agravamento do quadro e futuras perdas dentária, e outras sequelas.

- Para organizar o processo de trabalho é necessário prever espaço e tempo tanto para a
demanda programada quanto para a espontânea, incluindo aí o acolhimento às urgências,
de forma que se complementem, dando respostas às necessidades dos usuários e
aumentando a resolutividade dos serviços de AB.

- AB: as ações devem se valer de tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade


tecnológica.

- Já no ponto de Atenção Especializada Ambulatorial, o objetivo é garantir a retaguarda


técnica, assumindo a responsabilidade pelos usuários e preservando o vínculo com a AB.

- Enquanto os serviços de AB devem ser capilarizados, a atenção no CEO deve ser


ofertada de modo hierarquizado e regionalizado, baseado na “economia de escala”,
garantindo o acesso dos usuários aos procedimentos que necessitam, em momento
oportuno, dentro do município ou fora dele.

- É fundamental que a atenção se oriente pelos princípios de universalidade, acessibilidade,


vínculo, continuidade do cuidado, integralidade da atenção, responsabilização,
humanização, equidade e da participação social.

- Quatro atributos essenciais para a AB: primeiro contato, longitudinalidade/continuidade,


integralidade e coordenação.

- Dois atributos derivados: centralização familiar e orientação comunitária.

1. Primeiro contato: diz respeito à acessibilidade e ao uso de serviços para cada novo
problema ou para acompanhamento rotineiro de saúde.

2. Longitudinalidade ou continuidade: definida como a existência do aporte regular de


cuidados pela eSB e seu uso consistente ao longo do tempo, em um ambiente de relação
mútua entre equipe de saúde, indivíduos e famílias.

3. Integralidade: consiste na prestação de um conjunto de serviços pela equipe de saúde


que atendam às necessidades mais comuns da população adscrita, a responsabilização por
outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado dos problemas que
causam as doenças; implica a oferta de serviços preventivos e curativos e a garantia dos
diversos tipos de serviços.

4. Coordenação do cuidado: capacidade de garantir a continuidade da atenção no interior


da rede de serviços.

5. Centralização familiar: implica considerar a família como sujeito da atenção.

6. Orientação comunitária: pressupõe o reconhecimento das necessidades familiares em


função do contexto físico, econômico, social e cultural em que vivem.

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