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ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AOS PACIENTES HIV SOROPOSITIVOS

Marcos Paulo da Silva Bahia1


Rose Marie Mendes de Lima2

RESUMO

O atendimento a indivíduos HIV soropositivos ou com aids, mais do que uma


realidade no contexto atual da prática odontológica, é um imperativo ético. Sem
dúvida, as questões trazidas pela aids impõem novas obrigações profissionais e
desafios éticos. Jornais, revistas, a rede de saúde e o próprio profissional de saúde
às vezes se referem ao portador do HIV como “aidético”, palavra que carrega
preconceito e discriminação. Tal denominação acaba por agrupar em espécie um
grupo de pessoas marginalizadas. Basicamente, todas as questões éticas
envolvidas no atendimento a pacientes com HIV ou aids estão, de alguma forma,
relacionadas à discriminação sofrida pelos mesmos. Assim surge uma indagação:
Como deve ser realizado o atendimento odontológico em pacientes HIV
soropositivos? Seguindo este pressuposto percebe-se que o odontólogo pode atuar
na área de saúde bucal do pacientes portadores do vírus HIV, a fim de melhorar a
sua qualidade de vida destes indivíduos. Sendo assim este estudo trás como
objetivo geral: Compreender como é realizado o atendimento odontológico em
pacientes HIV soropositivos. Para isto foi necessário: Estudar sobre ética e
deontologia da profissão da odontologia e o medo de contaminação por doença;
infectocontagiosas; Entender a etiologia do HIV; Compreender como é realizado o
atendimento odontológico em pacientes HIV soropositivos. O presente artigo foi
elaborado através do método de pesquisa qualitativo, com o objetivo de demonstrar
e descrever sobre atendimento odontológico aos pacientes HIV soropositivos. Para
tanto, foi realizado uma pesquisa bibliográfica de revisão em artigos e livros dos
últimos 15 anos, através de leituras diversas em livros, periódicos, artigos de
internet, sites de bancos de dados.

Palavras-chave: Odontologia. HIV. Pacientes. Saúde Bucal.

1 INTRODUÇÃO

As pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), agente


etiológico da aids, semelhantemente aos leprosos e tuberculosos, no passado,
sofrem não só com a angústia de uma doença grave, mas também com o
preconceito e a discriminação por parte de amigos, familiares e profissionais de
saúde. Jornais, revistas, a rede de saúde e o próprio profissional de saúde às vezes
1
Tamira Matos Abutrab Aramuni Docente do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera.
2
Rose Marie mendes de Lima. Docente do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera.
se referem ao portador do HIV como “aidético”, palavra que carrega preconceito e
discriminação. Tal denominação acaba por agrupar em espécie um grupo de
pessoas marginalizadas.

O atendimento a indivíduos HIV soropositivos ou com aids, mais do que uma


realidade no contexto atual da prática odontológica, é um imperativo ético. Sem
dúvida, as questões trazidas pela aids impõem novas obrigações profissionais e
desafios éticos. Basicamente, todas as questões éticas envolvidas no atendimento a
pacientes com HIV ou aids estão, de alguma forma, relacionadas à discriminação
sofrida pelos mesmos. Assim surge uma indagação: Como deve ser realizado o
atendimento odontológico em pacientes HIV soropositivos?
Seguindo este pressuposto percebe-se que o odontólogo pode atuar na área
de saúde bucal do pacientes portadores do vírus HIV, a fim de melhorar a sua
qualidade de vida destes indivíduos. Sendo assim este estudo trás como objetivo
geral: Compreender como é realizado o atendimento odontológico em pacientes HIV
soropositivos. Para isto foi necessário: Estudar sobre ética e deontologia da
profissão da odontologia e o medo de contaminação por doença; infectocontagiosas;
Entender a etiologia do HIV; Compreender como é realizado o atendimento
odontológico em pacientes HIV soropositivos.
O presente artigo foi elaborado através do método de pesquisa qualitativo,
com o objetivo de demonstrar e descrever sobre atendimento odontológico aos
pacientes HIV soropositivos. Para tanto, foi realizado uma pesquisa bibliográfica de
revisão em artigos e livros dos últimos 15 anos, através de leituras diversas em
livros, periódicos, artigos de internet, sites de bancos de dados como Scientific
Electronic Library Online (Scielo), the physiotherapy evidence database
(Pedro),Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed), entre
outros., a fim de identificar a evolução do tema abordado, fazendo a inserção dentro
de um quadro teórico de referência, explicando os fatores determinantes ao estudo e
implicações no âmbito de evoluções relacionadas sobre o tema. Os descritores são:
Odontologia; Saúde bucal; HIV; Soropositivo.

Devido às suas características de transmissibilidade, a aids acabou


provocando uma verdadeira revolução na área de saúde, através de mudanças
repentinas nos procedimentos de controle de infecção que anos de educação não
haviam até então conseguido. No entanto, vários estudos concluíram que a infecção
por HIV é um problema menor para a equipe odontológica do que a infecção pelo
vírus da hepatite B (HBV). Pesquisas têm confirmado que o HIV tem baixíssima
infetividade, sendo facilmente destruído. Segundo alguns autores, desde que
medidas universais de precaução sejam aplicadas, o risco de infecção pelo HIV
durante um atendimento odontológico é praticamente zero.
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Metodologia

Este artigo será desenvolvido utilizando um método de pesquisa qualitativa


para demonstrar e descrever atendimento odontológico aos pacientes HIV
soropositivos
Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica de artigos e livros dos
últimos 15 anos por meio de diversas leituras em livros, periódicos, artigos da
internet, sites de banco de dados como Scientific Electronic Library Online (Scielo),
Physiotherapy Evidence Database (Pedro), Medical Sistema de Análise e
Recuperação de Literatura Online (PubMed), entre outros, com o objetivo de
identificar o desenvolvimento do tema abordado, situando-o em um referencial
teórico, explicando os fatores determinantes para o estudo e as implicações no
desenvolvimento relacionado ao escopo no tópico. Os descritores são: Odontologia;
saúde bucal; HIV.

2.2 Resultados

2.2.1 ETIOLOGIA DO HIV


O indivíduo com SIDA – Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida, é uma
doença causada pelo Vírus da imunodeficiência Humana - HIV. É considerada como
um problema de saúde pública, pela forma como a mesma vem se disseminando no
Brasil. É uma das doenças consideradas de porte ocupacional dentro da
odontologia, apesar de ser pequeno o risco de contrai-la.
Os profissionais da saúde atuam em diversas demandas, necessitando assim
atuarem com empatia e muitas vezes descrição, assim, a ética é colocada como um
pilar do comportamento profissional. Cada profissão tem o seu próprio código de
ética que visa orientar a conduta de cada profissional.
Dentre as questões éticas e legais envolvidas na prática odontológica, vem
sendo questionado a conduta a ser seguida frente a indivíduos que se apresentam
determinadas patologias, tal como portadores da síndrome da imunodeficiência
adquirida (HIV), vírus causador da aids, que ataca o sistema imunológico,
responsável por defender o organismo de doenças (DISCACCIATI, VILAÇA, 2015).
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é um retrovírus que causa no
organismo disfunção imunológica crônica e progressiva devido ao declínio dos níveis
de linfócitos CD4, sendo que quanto mais baixo for o índice, maior o risco de o
indivíduo desenvolver AIDS (COSTA et al, 2020)
De acordo Brasil (2014) no início da década de 80 ocorreu um avanço
significado dos casos de HIV E AIDS, que trouxe transformações nos campos da
saúde, devido ser uma doença sexualmente transmissível e de ter relacionado o
comportamento sexual a uma doença, trouxe vários estereótipos negativos para
quem sofre com a doença. Impactante inclusive nos profissionais da área da saúde
que precisaram de um novo olhar para o atendimento de pacientes soropositivos.
Nota-se entre os profissionais da saúde, preocupações legítimas quanto ao
risco ocupacional ao HIV e, por outro, a persistência de preconceitos que
contribuíram para aumentar a resistência dos serviços de saúde ao atendimento a
pacientes com HIV/AIDS. (COSTA et al, 2020)

No Brasil, o Conselho Federal de Odontologia elaborou o Código de Ética


Odontológica (CEO), que orienta os integrantes da classe a seguirem uma
conduta moral recomendável e estabelece punições aos infratores de suas
normas. São preceitos éticos, adequadamente contemplados no CEO,
exercer a profissão sem discriminação de qualquer forma ou pretexto
(capítulo I, artigo 2°) e zelar pela saúde e dignidade do paciente (capítulo III,
artigo 4°, inciso III)(DISCACCIATI, VILAÇA, 2015, p. 234).

Partindo desses pressupostos, é possível evidenciar que o profissional deve


prestar um serviço de qualidade sem discriminação de qualquer pessoa. Entretanto,
muitos profissionais ainda compartilham de preconceitos e buscar adquirir pouco
conhecimento sobre infecções, o que proporciona o aumento do medo e a
dificuldade em fornecer atendimento de forma ética, sem exclusão. (COSTA et al,
2020)

Na odontologia, sendo um serviço que lida com diversas pessoas e realizam


procedimentos com risco de contagio, eles devem sempre seguir os protocolos de
biossegurança, para minimizar a existência de riscos. Além disso, é essencial que o
profissional obtenha um conhecimento amplo sobre infecção pelo HIV, para que
possam realizar os procedimentos clínicos de maneira segura, tanto para ele quanto
para os pacientes, pois, as pessoas podem não apresentam sintomas da doença,
sendo necessário sempre aplicar a biossegurança. Muitos profissionais, devido ao
medo, insegurança e falta de informação correta sobre pacientes infectados pelo
HIV, acabam violando alguns preceitos éticos. (DISCACCIATI, VILAÇA, 2015).

Muitos profissionais criam situações que impedem o início ou a continuidade


do tratamento ou encaminham o paciente a outro profissional sem motivo
justificável. O orçamento com valores aviltantes é outro recurso utilizado
para inviabilizar o atendimento. Sabe-se que, do ponto de vista ético e legal,
tais atitudes são discriminatórias, constituindo-se em infrações éticas,
previstas também nos foros cível e criminal. Embora tais condutas possam
parecer uma boa alternativa para aquele profissional inseguro, são ilógicas,
pois a maioria dos indivíduos HIV soropositivos não apresentam sinais da
infecção; tais pacientes têm potencial para transmitir o vírus, mesmo não
apresentando sinais clínicos (DISCACCIATI, VILAÇA, 2015, p. 234).

Além dos códigos de éticas profissionais existe leis que determinam crime
algum tipo de descriminação ao portado do vírus HIV/AIDS. A Lei nº12.984, que
define crime de discriminação dos portadores do vírus HIV e doentes de aids, onde
condutas como divulgar a condição do portador do hiv ou de doente de aids, com
intuito de ofender lhe a dignidade, recusar ou retardar atendimento de saúde entre
outros são consideradas discriminatórias e a pena é reclusão, de um a quatro anos e
multa (BRASIL,2014).
Dessa forma, verifica-se que ainda existe um despreparo psicológico e de
conhecimento, contribuindo para a origem e propagação dos estigmas sociais para
os soropositivos. Sendo essencial, que o profissional busca ampliar o seu arsenal
de conhecimento e agir sempre com ética pra que consiga lidar com as mais
diversas situações. O cirurgião-dentista deve conversar e conscientizar seus
pacientes, de forma a contribuir para o combate ao medo e o estereótipo negativo
em cima do HIV/AIDS. (DISCACCIATI, VILAÇA, 2015).
2.2.2 ÉTICA E DEONTOLOGIA EM ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO EM
PACIENTES COM HIV E O MEDO DE CONTAMINAÇÃO

A epidemia de HIV é considerada um importante problema de saúde pública


em todo o mundo, independentemente dos avanços na terapia antirretroviral que
tornaram essa infecção uma doença crônica. A qualidade e expectativa de vida das
pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) poderá vir a ser igual ao do resto da
população.

Apesar disso, a percepção social em relação aos que vivem com HIV é o de
um negativo contínuo. (LOYOLA, 2022). Suas vias de transmissão, suas implicações
em relação aos mandatos de gênero mais tradicionais e sua associação com o
imaginário a grupos socialmente excluídos causam estigma e discriminação em
diferentes áreas.

O estigma, por sua vez, é uma avaliação ou rótulo social degradante que é
atribuído àqueles que apresentam características socialmente indesejáveis. A
estigmatização é o processo social pelo qual as avaliações ou rótulos degradantes e
as consequentes respostas emocionais e comportamentais negativas são geradas e
mantidas, dando origem e moldando a exclusão social.

O estigma é sustentado por um conjunto complexo de fatores que não são


fáceis de resolver. Há dualidade entre a rejeição e a aprovação social das atitudes e
comportamentos de pessoas com determinadas características, nesse sentido, tem-
se os seguintes dados:

Entre os entrevistados que revelaram sua soropositividade ao cirurgião-


dentista (54%), a maioria (55%) teve tratamento negado, sendo que 33%
mais de uma vez. Dentre os pacientes que tiveram tratamento negado, o
sentimento predominante foi o de humilhação (56%). Outros se sentiram
revoltados (25%) e alguns disseram já estar acostumados (19%).
(DISCACCIATI; VILAÇA, 2025, p.236)

Além disso, fatores como crenças e o ambiente em que o estigma se


desenvolve especificam a magnitude da rejeição ou aprovação dos indivíduos em
determinado contexto social. O estigma e a discriminação relacionados ao HIV/aids
têm múltiplas consequências que afetam o desenvolvimento da epidemia e reforçam
as desigualdades sociais existentes, especialmente aquelas relacionadas a gênero,
sexualidade e etnia.

O estigma sofrido é um entrave ao acesso aos serviços de saúde e ao modelo


da Continuação do Tratamento do HIV e as doenças associadas ao HIV que afetam
sua qualidade de vida. (LOYOLA, 2020). A ética médica e odontológica refere-se
aos padrões de responsabilidade e conduta profissional esperados desses
profissionais; abrangendo códigos formais e informais de prática profissional,
etiqueta, comunicação profissional e critérios mínimos de manutenção.

À medida que o HIV/AIDS se torna uma doença crônica, a necessidade de


essas pessoas necessitarem de serviços de saúde, incluindo serviços odontológicos,
aumenta. A utilização de normas ou medidas de biossegurança minimiza o risco de
contrair essa doença, mas ainda surgem situações ou dilemas éticos baseados na
recusa ou rejeição de alguns profissionais em prestar serviços odontológicos a
pessoas vivendo com HIV/AIDS. É por isso que:

As pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), agente


etiológico da aids, semelhantemente aos leprosos e tuberculosos, no
passado, sofrem não só com a angústia de uma doença grave, mas também
com o preconceito e a discriminação por parte de amigos, familiares e
profissionais de saúde. Jornais, revistas, a rede de saúde e o próprio
profissional de saúde às vezes se referem ao portador do HIV como
“aidético”, palavra que carrega preconceito e discriminação. Tal
denominação acaba por agrupar em espécie um grupo de pessoas
marginalizadas. (DISCACCIATI; VILAÇA, 2015, p. 235)

Por motivos de saúde pública, a discriminação contra pessoas infectadas pelo


HIV não é apenas censurável em termos morais, é contraproducente. A
discriminação com base no HIV é injustificável e contrária ao combate à AIDS, como
apontam as autoridades federais e estaduais de saúde.

Existe uma realidade em que muitas pessoas, de ambos os sexos que estão
infectados pelo HIV, essas pessoas apresentam grandes e graves problemas em
sua saúde bucal. (LOYOLA, ). O dentista deve tratar as pessoas vivendo com
HIV/AIDS que solicitam serviços odontológicos como seres humanos, pois a saúde
deve ser considerada um direito prioritário do qual deriva o respeito à dignidade da
pessoa e todos os demais direitos.

No entanto, apesar da obrigação do cirurgião-dentista em atender as pessoas


com HIV/AIDS, continuam a surgir situações ou dilemas éticos baseados na
negatividade ou recusa de alguns profissionais em prestar serviços odontológicos às
pessoas infectadas.
2.2.3 ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO EM PACIENTES HIV
SOROPOSITIVOS
O atendimento às pessoas soropositivas não é mais complexo ou diferente
daquele exigido pelas pessoas soronegativas, pois o protocolo de controle de
infecção se aplica a todos que recebem atendimento clínico. (ROCHA, 2019). No
caso de pessoas soropositivas, o tratamento oportuno proporcionado serve para
manter e restabelecer a função dentária e principalmente para prevenir infecções
intrabucais, relacionadas com maior ênfase àquelas relacionadas à sobrecarga do
sistema imunológico, dentre as quais se destacam as doenças periodontais. No
entanto, é preciso observar que:

Sobre a transmissão do vírus na prática odontológica, por acidentes


biológicos, existe um baixo risco, mas ainda assim presente. A melhor
maneira de se lidar com acidentes no consultório odontológico é a
prevenção, tendo em vista que 29% dos danos percutâneos são provocados
pelas agulhas das seringas, e destes, 17% acontecem na hora de reencapar
as agulhas. Por essa razão, os profissionais odontológicos devem seguir as
normas de biossegurança, levando em consideração de que todo paciente
pode ser potencialmente portador de alguma doença infectocontagiosa.
(ROCHA, 2019, p.18)

É importante ressaltar nos profissionais de saúde e particularmente nos


profissionais que compõem as equipes humanas de higiene bucal, que os
tratamentos preventivos e clínicos estão profundamente relacionados a aspectos
como a melhora da auto estima, além de produzir benefícios e efeitos psicológicos
pessoais.

O tratamento bucal deve ser realizado em qualquer consultório que atenda à


saúde bucal e os procedimentos clínicos e preventivos utilizados são exatamente os
mesmos aplicados na clínica geral, entre os quais podem ser citados os tratamentos
endodôntico, periodontal, de extração e odontológico. (ROCHA, 2019). Para
pacientes soropositivos o dentista deve seguir algumas normas apontadas pela
Coordenação Nacional de DST e Aids:

1 Perguntar como está se sentindo; 2 Revisar a história médica;

3 Postergar procedimentos invasivos quando houver uma queixa médica


não esclarecida; 4 Fazer todas as anotações necessárias e
planejar o procedimento antecipadamente evitando qualquer manipulação
do prontuário até o final do tratamento. (BRASIL; 20, p. 34)
No entanto, deve-se ressaltar que, em algumas ocasiões, as manifestações
bucais da infecção pelo HIV requerem atendimento interconsultas especializado e
encaminhamento para níveis mais complexos. Mesmo nas situações em que uma
pessoa soropositiva comunica sua condição ao pessoal odontológico, em termos
gerais, as indicações de atendimento e tratamento, juntamente com as técnicas
específicas que devem ser utilizadas, são semelhantes e até elas utilizadas nas
pessoas não infectadas pelo HIV e são equivalentes aos usados em outras
patologias que afetam o estado geral de um paciente.

Em nosso país, a legislação existente obriga os profissionais de saúde bucal


a prestarem os cuidados que os pacientes imunossuprimidos pelo HIV necessitam e,
do ponto de vista científico, não há apoio conhecido para o fornecimento de
tratamento diferenciado ou discriminatório a pessoas com suspeita de infecção pelo
HIV ou com determinada infecção. (CORRÉIA, 2015)

Existem alguns benefícios para o grupo de pessoas que vivem com HIV/AIDS,
que são de maior importância, como tratamentos preventivos, porém, a equipe
odontológica deve manter considerações especiais, quando o estado de evolução do
problema da pessoa exigir o adiamento do tratamento odontológico ou requer a
aplicação de procedimentos paliativos, esperando a recuperação do estado geral da
pessoa acometida por aquela condição. Por isso alguns exames devem ser
solicitados ao paciente como:

Contagem de linfócitos T CD4+: a redução do número de linfócitos T


CD4+ circulantes é um importante indicador de comprometimento
imunológico. O indivíduo normal possui em torno de 600 a 1600
células/mm3 de sangue. Quando a contagem se situa entre 500 e 200
células/mm3, aparecem os primeiros sinais e sintomas de supressão do
sistema imune, como infecções oportunistas orais e sistêmicas. Uma
contagem abaixo de 200 células/mm3 indica severa supressão
imunológica e é indicador de diagnóstico de aids, independentemente
da presença de quaisquer outros sinais e sintomas. Carga viral
(mensuração do RNA viral): a detecção do número de cópias de RNA
viral circulante é um importante auxiliar na monitoração do paciente.
Segundo Greewood et al. (1998) em pacientes com carga viral alta a
doença evolui mais rapidamente. É considerada uma carga viral baixa
números situados entre 50 a 400 cópias/mL de plasma. (CORRÉIA,
2015, p. 283)
A justificação técnica surge aqui, para fazer um esforço importante com estas
pessoas na área da promoção da saúde, em que a componente oral é de grande
importância, devido aos vários processos em que intervém, a começar pela auto
estima em conjunto com os outros elementos como estilos de vida e alimentação
saudável para reduzir futuras complicações em sua saúde geral. De acordo com o
Manual de Conduta Odontológica (MCO, 2021):

O cirurgião-dentista, como profissional da área de saúde, deve estar


habilitado para tratar indivíduos portadores de doenças infectocontagiosas.
O melhor atendimento odontológico de rotina repousa na capacidade de
tratar o paciente com segurança, independentemente de um conhecimento
prévio da sua sorologia para o HIV/AIDS ou qualquer outra infecção. Uma
parte importante do tratamento dos portadores do HIV e pacientes de AIDS
é o estabelecimento de um relacionamento de confiança. Obtendo uma boa
história médica e odontológica junto ao paciente, ouvindo-o e discutindo
com ele essas questões, o profissional estará demonstrando preocupação e
cuidado com a sua saúde integral (BRASIL, 2012, p. 45)

A história clínica e o exame oral são semelhantes aos de qualquer pessoa,


mas em pessoas com HIV, a história clínica inclui a data do primeiro e subsequentes
testes sorológicos de diagnóstico, o estágio da infecção incluindo valores e cargas
de CD4. infecções virais, o tratamento farmacológico que está recebendo, o
consumo de álcool, tabaco e outras drogas.

Tudo isso deve estar sempre em total conformidade com o cumprimento da


lei. (CORRÉIA, 2015). Da mesma forma, também devem ser coletadas informações
sobre doenças anteriores como hepatite, DST, tuberculose, entre outras. Alguns
profissionais da odontologia costumam aplicar questionários para detectar a
presença de condições que complicam o tratamento.

Diante disso, deve-se esclarecer que esse procedimento, no caso de pessoas


infectadas pelo HIV, não deve constar na história clínica. O exame clínico
odontológico deve ser solicitado no exame extraoral e intraoral dos tecidos moles e
deixar o exame visual-manual dos tecidos duros para a última etapa desse
processo.

Qualquer exame clínico pode ser complementado pelo uso de diagnóstico por
imagem, culturas bacteriológicas, controle de placa supragengival e infragengival,
conforme necessário. (CORRÉIA, 2015). Do ponto de vista da saúde ocupacional e
da biossegurança, as medidas aqui estabelecidas não diferem em nenhuma
circunstância das precauções comuns que devem ser tomadas durante o
atendimento de uma pessoa presumidamente HIV negativa, que vem receber
atendimento odontológico ou qualquer outro especialidade médica.

As precauções são destinadas aos trabalhadores da saúde, incluindo:


médicos, dentistas, enfermeiros, higienistas e auxiliares de consultório dentário,
equipes de emergência, funcionários administrativos, pessoal de limpeza, alunos,
seguranças e funcionários voluntário.

É preciso usar barreiras de proteção para evitar o contato com sangue e


outros fluidos humanos contaminados (ROCHA, 2019). Utilizar instrumentos e
procedimentos adequados. Aplicar procedimentos de descontaminação antes do
transporte de instrumentos e equipamentos para as áreas de esterilização.

Também deve-se manter o calendário de vacinação em dia. Além disso, leve-


se levar em conta as Normas de Higiene Pessoal, Saúde Ocupacional e
Saneamento Básico, rigorosamente aplicadas. Em casos de acidentes sofridos pela
equipe, como perfurações ou outros tipos de lesões, os chefes e gerentes de serviço
são obrigados a aplicar o protocolo de atendimento estabelecido na Instituição.
3 CONCLUSÃO

O indivíduo com SIDA – Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida, é uma


doença causada pelo Vírus da imunodeficiência Humana - HIV. É considerada como
um problema de saúde pública, pela forma como a mesma vem se disseminando no
Brasil. É uma das doenças consideradas de porte ocupacional dentro da
odontologia, apesar de ser pequeno o risco de contrai-la.
Seguindo esta proposta, observa-se a grande valia deste estudo para ampliar
os conhecimentos adquiridos sobre saúde bucal, onde a junção de toda a pesquisa
aqui realizada possibilitou uma revisão maior deste, auxiliando para exercer melhor
as atividades práticas, onde este conhecimento ajudara em melhores condições de
vida e bem-estar dos indivíduos.

O aumento desta patologia e sua severidade em sintomas, faz com que os


odontólogos tenham receio de contrair a doença, porém este estudo salientou que
com uso de protocolos de segurança e dos equipamentos de proteção individual
(EPI), a chance de contrair a doença se torna mínima. Assim, observa-se que o
odontólogo pode atuar nesta área saúde bucal, a fim de melhorar a sua qualidade de
vida e diminuindo o índice de contaminação.
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