DIAGNÓSTICO HIV-AIDS: A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO INICIAL NO PROCESSO DE REVELAÇÃO DO RESULTADO POSITIVO PARA O VÍRUS
Daiélin Andrades Gomes
Orientadora: Daniele Sita
Rio Grande, dezembro de 2019.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta uma contextualização da situação atual, em
âmbito nacional, da oferta de serviços de atendimento psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS) para portadores do vírus HIV – (Human Immunodeficiency Virus) - Vírus da Imunodeficiência Humana, independentemente destes já terem desenvolvido ou não a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome) - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. O enfoque desta pesquisa visou o atendimento psicológico inicial, no período pós revelação do diagnóstico de infecção pelo HIV. Intuído de averiguar a relevância desta modalidade específica de atendimento - pós revelação do diagnóstico, para a promoção da saúde mental, adaptação e aderência dos pacientes ao tratamento para HIV, diante da nova realidade por eles enfrentada. A partir de dados epidemiológicos que apontam uma diferença entre portadores com diagnóstico definido e portadores que aderiram efetivamente ao tratamento terapêutico com medicamentos retrovirais. Nota-se que há uma lacuna de evasão ou não adesão ao tratamento e cuidado com o HIV. Qual a importância do acolhimento psicológico inicial, e seus subsequentes aconselhamento e acompanhamento psicoterápicos, em pacientes diagnosticados como portadores do vírus HIV, no atendimento do Sistema Único de Saúde nacional para a aderência mais adequada e assertiva dos pacientes ao tratamento subsequente à descoberta do diagnóstico? Das pessoas estimadas vivendo com HIV no país, 84% já fizeram o teste de HIV. Destas, apenas 75% estão em tratamento para o HIV, ou seja, ¼ da população com conhecimento do diagnóstico não fizeram a devida adesão ou não mantiveram regularidade com o tratamento. No entanto, dentro deste grupo de pessoas em tratamento, cerca de 92% apresentam carga viral indetectável.
Boletim Epidemiológico HIV AIDS (2018)
JUSTIFICATIVA O estudo do tema abordado se faz importante diante: Da crescente demanda de portadores do vírus HIV no país em grupos específicos; Da gravidade que o referido vírus trás para a saúde física e mental de seus portadores; Do impacto negativo emocional que o diagnóstico causa; Dos problemas de adaptação ao novo estilo de vida pós-descoberta, que os pacientes sofrem; Em virtude da importância do atendimento psicológico inicial, a partir dos resultados dos exames, para a promoção da saúde mental dos pacientes, bem como para a aderência deles ao tratamento para HIV e ao acompanhamento psicológico subsequente. Outros fatores relevantes: Analisar se de fato o Sistema Único de Saúde - SUS fornece de forma integral e satisfatória no Brasil esse tipo atendimento, previsto em nossa Constituição Federal, de acordo com a lei nº 8080; Verificar se há atendimento específico psicológico padronizado no acolhimento pós revelação do diagnóstico para HIV e se há qualidade na oferta desse serviço para promover a saúde mental e a qualidade de vida dessa população.
Lei nº : 8080/1990 OBJETIVO
Apresentar um mapeamento, o mais próximo possível da
realidade nacional, sobre o atendimento psicológico na rede de atenção à saúde para pacientes diagnosticados com HIV-Aids.
Foco principal no acolhimento psicológico inicial ao paciente,
no momento pós revelação do diagnóstico positivo para infecção pelo HIV.
Intuito de apontar a existência e importância desse acolhimento,
como também o acompanhamento psicológico posterior, para a aderência e evolução adequadas dos pacientes ao tratamento e para promoção da qualidade de vida deles. CORPO DO TEXTO
HIV, SUS e atendimento psicológico para portadores do vírus
na rede de atenção à saúde SUS, HIV e atendimento psicológico: breve histórico. HIV: conceitos e informações relevantes sobre o vírus. SUS: sua criação, estruturação e implementação de serviços voltados à população portadora do HIV nos dispositivos da rede pública de saúde. Políticas Públicas para pacientes soro positivo, no contexto nacional. HIV/AIDS e saúde mental no Brasil, dados estatísticos e epidemiológicos relevantes. CORPO DO TEXTO
A prática profissional do psicólogo na atuação com
população soro positivo no contexto da rede básica de saúde
A inserção do psicólogo no SUS
Perfil do paciente portador de HIV
Atuação do psicólogo nos serviços de atendimento aos
pacientes com HIV/ AIDS CORPO DO TEXTO
Importância do atendimento psicológico para pacientes
diagnosticados com HIV no processo pós revelação
Resultados obtidos. Aderência e permanência dos pacientes ao
tratamento para HIV, associado ao atendimento psicológico
Principais desafios e conquistas
MÉTODO Revisão bibliográfica qualitativa e descritiva. Utilizou-se análise do conteúdo a leitura interpretativa na seleção do material. Grupo pesquisado: População brasileira diagnosticada com vírus HIV, exceto crianças ou adolescentes diagnosticados desde a infância. Base de dados: Google acadêmico, Scielo, Ministério da Saúde, UNAIDS, Boletins Epidemiológicos. Periódicos, artigos científicos, trabalhos acadêmicos, documentos oficiais, publicações de institucionais e órgãos governamentais. Publicações entre 1988, a partir da promulgação da Constituição Federal, e 2019. Descritores: HIV; SUS; Atendimento psicológico; Diagnóstico; Saúde Artigos encontrados: cerca de 3.500 Obs: No entanto, a grande maioria não mensurava a importância do atendimento psicológico, no processo pós revelação do diagnóstico para HIV, não correlacionava o serviço à adesão e permanência dos pacientes ao tratamento para o vírus e/ou incluía crianças como objeto de estudo. RESULTADOS E DISCUSSÕES O diagnóstico positivo para o vírus HIV traz como consequência mudanças no estilo de vida do portador, emerge medos, estigmas e preconceitos sociais que refletem diretamente no emocional e na saúde mental dos pacientes. A adesão ao tratamento em pacientes precocemente diagnosticados permite que a carga viral se torne indetectável, ou seja, não detectável em exames mais simples e não sexualmente transmissível. Há vida após o HIV! O Brasil oferece testagem e tratamento gratuito em território nacional para a população, sendo referencia mundial na oferta dos medicamento antirretrovirais, entre os países em desenvolvimento. No entanto, muitos pacientes ainda não fazem adesão ou permanência regular ao tratamento, refletindo diretamente na qualidade de vida, saúde física e mental e nas relações dessa população. Não existem pesquisas até o momento que avaliem os motivos da não adesão ou evasão ao tratamento. Mas essa lacuna entre o diagnóstico pode ser preenchida com o atendimento psicológico com enfoque no processo de revelação do resultados dos exames. MINISTÉRIO DA SAÚDE (2019) RESULTADOS E DISCUSSÕES Diversas pesquisas acadêmicas apontam para resultados positivos no atendimento psicológico, individual ou em grupos com pacientes portadores de HIV. A qualidade de vida, regulação emocional e saúde mental dessa população sempre é beneficiada com o trabalho psicoterápico. No entanto essa atuação não é previamente focada, estruturada ou estabelecida com pauta no atendimento psicológico em específico, podendo estar ou não a cargo de psicólogo. Muitas variáveis, como demanda e recursos financeiros, influenciam na atuação específica de profissionais da saúde com formação em psicologia para esse trabalho com portadores de HIV. Não há parâmetro que regulamente a existência de profissionais da psicologia para essa população no que tange ao acolhimento inicial. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em que medida essa atuação se desenvolve a partir do
trabalho de profissionais da psicologia atuando dentro dos parâmetros regulamentados pelo conselho Federal? Por ser desenvolvido a partir de ONG’s, Projetos e Programas ou estratégias com parcerias da comunidade, muitas vezes esse atendimento é feito por outros portadores de HIV engajados na luta e apoio à população soro positivo, por pessoas voluntárias e, dentro do contexto exclusivo do SUS, o atendimento e acolhimento inicial pós revelação do resultado positivo, seguidamente é feito por outros profissionais da saúde e não por psicólogos. CONCLUSÃO
Não foram encontrados estudos significativos que abordem
quantitativamente e qualitativamente a presença de psicólogos especificamente no campo do acolhimento inicial no processo pós revelação do resultado positivo para HIV. Sabe-se que há psicólogos dentro da rede básica de saúde no nível primário de saúde e que estes se alocados em unidades que fornecem os testes rápidos à população podem e por vezes realizam tal atividade. No entanto não há até o presente momento nenhuma diretriz que estabeleça tal atendimento como de necessidade primordial para os pacientes. O acolhimento inicial acontece muitas vezes através de Ong’s ou grupos de apoio que podem ou não ter a participação de psicólogos, como a já citada organização que desenvolve o projeto Deu positivo, e agora?, composta por portadores de HIV numa rede mútua de apoio. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, set. 1990.
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Constituição da República Federativa do
Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 14 maio. 2019.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Disponível: <http://portal.saude.gov.br> Acesso em: 19
nov. 2019.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. HIV/AIDS 2018. Bol
Epidemiológico HIV AIDS Disponível: <http://www.saude.gov.br/ boletins- epidemiologicos>. Acesso em: 19 nov. 2019. Obrigada!