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12/08/2021

Currículo do Docente
Nutricionista,
⎻ Pós-graduado em nutrição clínica de adultos.
⎻ Mestre em epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
⎻ Doutor em Ciências – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Departamento de
Medicina Preventiva - USP
⎻ Coordenador da Pós-Graduação em Comportamento Alimentar Faculdade IPGS.

Introdução ao Comportamento Alimentar


Nutr. PhD Rafael Marques

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A Alimentação na História do Mundo


Idade da pedra:caça,pesca,escassez,pouco açúcar –preferência por
gordura e açúcar com fins de sobrevivência-filogênese. ● Grécia Antiga: fins sociais, poder, excesso de
alimentação, vômito para aumentar consumo-
banquetes.
Durante milhares de anos a coleta e produção de alimentos tinham
como objetivo primordial a garantia da vida.
● Idade Média: abundância, banquetes, poder
A comida era composta majoritariamente por alimentos frescos; a ,fins sociais.
dieta era diversificada, em completa adequação aos biomas locais e
à sazonalidade
● Séculos XX-XXI: aspecto social, facilidade de
consumo, fast foods, alimentação
O sal e o açúcar eram inexistentes ou pouco disponíveis e havia um calórica(gorduras e açúcares), passatempo,
alto desempenho de atividade Física.
conexões com alívio de estresse.
Produção de alimentos era pautada para o auto-consumo, com
predominante presença de focos produtivos locais

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Nos últimos 200 anos ocorreram profundas mudanças no estilo – as significaGvas mudanças do esGlo de vida aGvo
de se alimentar, com destaque para:
para o sedentarismo;

– o consumo majoritário de alimentos industrializados, altamente


carregados de conservadores não saudáveis, gorduras – a impessoalidade do ato de se alimentar corroendo
hidrogenadas e de glutamato monossódico; laços milenares das relações simbólicas do comer e
da sociabilidade;
– a diminuição e a ausência do uso das plantas aromáticas e
condimentares;
– a desapropriação de saberes tradicionais
relacionados à interação que o alimento propicia
– grande disponibilidade de alimentos de baixa qualidade
entre o ser humano e natureza,
nutricional, acompanhados da redução drástica da diversidade
dos alimentos consumidos;
– a desqualificação do alimento como fonte
– o distanciamento entre alimento, biomas locais e sazonalidades; primordial da vida e a sua progressiva configuração
como mercadoria.

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“Novo ser humano refém de um modelo produtivo altamente


perverso com resultados negativos visíveis e mensuráveis nos
seus corpos” como:

– O sobrepeso e a obesidade - problemas de saúde pública,

– Prevalência significativa das doenças não transmissíveis


(dislipidemias, diabetes, hipertensão, doenças coronarianas,
etc) inclusive com destacada manifestação entre crianças,

– A predominância deficiência de micronutrientes,


destacadamente do ferro, da vitamina A e D e do cálcio,

– A emergência de desvios de comportamentos alimentares


como a compulsão alimentar, a anorexia nervosa e a bulimia,
já ocasionam um grande estrago na relação alimento e saúde
e distanciam o alimento como fonte primordial da vida

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Ambiente Patogênico
(obesogênico)

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• As taxas de obesidade quase triplicaram desde 1975 e


aumentaram quase cinco vezes em crianças e adolescentes,
afetando pessoas de todas as idades de todos os grupos sociais
nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
• Pessoas com obesidade são constantemente envergonhadas e
culpadas porque muitos - incluindo médicos, nutricionistas,
formuladores de políticas entre outros - não entendem
completamente as causas da obesidade, que geralmente são
uma mistura complexa de fatores alimentares, de estilo de vida,
genéticos, psicológicos, socioculturais, econômicos e
ambientais.
• Sem a quebra do ciclo de vergonha e culpa e reavaliação da
abordagem, não é possível compreender a complexidade da
condição.
• E assim números como os apresentados acima só tendem a
crescer e o lucro da indústria do emagrecimento/dieta só
aumentar.
• Esta imagem demonstra de forma até muito simplificada ao meu
ver, a muiltifatorialidade da obesidade.
• Enquanto não for completamente compreendido que a obesidade
é uma das mais complexas condições humanas, continuaremos
acreditando que a solução depende somente do indivíduo, de
comer menos e se mexer mais e seguiremos fracassando
rotundamente.

Imagem e dados traduzidos adaptados do European Association for


the Study of Obesity (EASO) WOD@worldobesity.org

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Esquema de combinação das dimensões da vulnerabilidade, seus aspectos de análise, e fatores


biopsicosocioculturais que estimulam o ganho de peso populacional.
Determinantes do comportamento alimentar: influências
Individual
Atitudes
Impacto negativo das referentes ao
Situação Ambiente
Conhecimentos, redes sociais peso
Comer é necessário para a sobrevivência, dá grande prazer e pode ser
Situação de saúde psicoafetiva
crenças e atitudes medicações, genética, imagem corporal, Trabalho - Tempo de
sobre alimentação e comorbidades, nível de estresse, autoestima, deslocamento e acesso a

perturbado levando a desnutrição, obesidade e transtornos alimentares.


peso. Comportamentos saciedade, taxa Valores autocuidado atividade física no local de
dieta, Exercícios, metabólica de repouso trabalho
corpo, imagem,
Álcool
aparência
Desing Urbano – Mal uso
dos espaços, expansão
urbana, densidade e tipo de
pontos de venda de
Social
Acesso à saúde
sistema, unidades e Gênero
alimentos

Transporte – Uso de
O desenvolvimento da alimentação humana depende na interação
Normas Sociais
complexa entre mecanismos homeostáticos e motores; sistemas de
profissionais não pressão maior carros e acesso ao
acessibilidade, preparados Estigma e sobre as mulheres
pressão social para Discriminação Emprego transporte público
estigma do peso, nível de educação,
consumir,
recompensa neural; capacidade sensorial; comportamentos e questões
importância do preconceito com o Salários emprego e renda Econômicos - Lucros de
Acesso à mídia classe social – empresas produtoras
tamanho corporal corpo gordo
informações menores recursos comida de alto teor
ideal
econômicas e sociais e emocionais.
inadequadas sobre econômicos calórico, publicidade de
obesidade alimentos com alto teor
calórico e custo de
alimentos frescos versus
alimentos processados
Programático
Falta de Características do
Além disso, pais, famílias, influências sociais e ambiente alimentar
participação Falta de preparo
Definição de técnico de Equipes mercado de alimentos -
políticas comunitária na Grande quantidade de
Articulação e ação profissionais e interdisciplinares
específicas. gestação dos serviços intersetorial compostas por alimentos e bebidas de
equipes
leis e programas de
inclusão e de apoio e
Organização dos
saberes para melhores
programas de
profissionais
preparados para o
baixa qualidade nutricional
e alta densidade energética, influenciam o desenvolvimento do comportamento alimentar.
incentivo a produtos intervenção. tema Tamanho das porções
setores de saúde. Compromisso e
in natura.
Preparo e aplicação responsabilidade
dos programas profissionais

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PROCESSO DE ESCOLHAS ALIMENTARES


Fatores que afetam o Comportamento alimentar

— Modelos criam necessidades consumo


— Mudanças processo trabalho
— Competitividade
— Produtividade
— Relação T/E

PROFESSORA NUTRICIONISTA (CRN2) PATRÍCIA DAMÉ Jomori et al, 2008

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Fatores que afetam o Comportamento alimentar Fatores que afetam o Comportamento alimentar
Comportamento Alimentar Contemporâneo
– Escassez de Tempo para o preparo e Comportamento Alimentar Contemporâneo
Consumo - praticidade
– Globalização
– Produtos com novas técnicas de • Desvalorização da cultura alimentar
conservação e preparo
– Alimentação (alimento) como ferramenta publicitária
– Vasto leque de itens alimentares – Transição nutricional na oferta de alimentos de maior
densidade energética, “saborosos”, maiores porções e
– Deslocamento das refeições de casa para de custo relat. acessível
rua

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Fatores que afetam o Comportamento alimentar Fatores que afetam o Comportamento alimentar

A Função Social da Alimentação — Valorização da Vontade Individual

Comer como forma de reunir amigos,familiares,extensão da — “Só é gordo quem quer”


função materna de cuidadora
— Alterações na interpretação da imagem

Recusar alimento é mal visto,desrespeito,não valorização do — Auto-imagem negativa – ditada por critérios externos
esforço de outra pessoa
— Supervalorização do Corpo e Sensações
Alimento associado a receber bem pessoas -fazer um lanche,um vinculadas ao consumo
almoço,almoço de domingo,p.ex.
— Prazer Imediato

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A falha da dieta Julgamento do valor


Dicotomia pessoal por meio do que
se come

Mentalidade de
dieta

Condicionar a realização
Julgamento do valor
de alguma atividade com
pessoal por meio do peso
atingir um determinado
(ou perda dele)
peso/corpo

Mentalidade de dieta é um conjunto de ideias que tem o objetivo de controle da alimentação,


podendo ou não ser acompanhadas de ações. Comumente o objetivo desse controle é a
modificação ou manutenção do peso/corpo, mas também é comum que seja para o controle de
alguma doença ligada com a alimentação.

Por: Cezar Vicente Jr.- Nutricionista

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Dietas e Pontos Críticos


Porque mudar comportamento?

– Aspectos psicológicos como a restrição consciente e o es5mulo emocional

Restrição Consciente

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Limites da Dieta

Atividade Física

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NOVIDADE????

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Dieta e Risco

DSM-5
Ao possuir um papel precursor nos transtornos alimentares, a
dieta remete à vontade de emagrecer e a um possível MANUAL DIAGNOSTICO E
desagrado com o próprio corpo. ESTATÍSTICO DE
TRANSTORNOS MENTAIS
Nos transtornos alimentares, o corpo se torna um objeto
central de insaEsfações, observado por meio da preocupação
com o peso e com a forma Jsica, que influenciam fortemente
a autoavaliação que os jovens fazem de si mesmos.

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Berg and Larsson BMC Public Health (2020) 20:187https://doi.org/10.1186/s12889-020-8295-7

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Conclusões da conferência O sistema de defesa do corpo é


referente a utilização de persistente, saturado de
redundâncias e bem focado
dietas restritivas no com o obje6vo de restaurar a
tratamento da perda de energia gasta das reservas do
peso. corpo.

A perda de peso bem sucedida a longo Para serem eficazes,


prazo requer reconhecimento da força intervenções des6nadas a
e persistência desses fatores biológicos prevenção da recuperação do
e uma melhor compreensão de como
elas podem ser combatidas com peso provavelmente precisarão
questões ambientais, ser tão abrangente, persistente
comportamentais, farmacêuticas ou e redundante quanto as
outras intervenções. adaptações biológicas

Por outro lado, dada a crescente prevalência de dietas para perda de peso entre
aqueles na faixa de normalidade do peso (devido a influência da mídia, família,
sociedade e esportes) e as evidências emergentes de que fazer dieta nesses grupos
populacionais é um forte preditor de futuro ganho de peso e riscos
cardiometabólicos, pode-se acrescentar entre as estratégias para controlar a
epidemia da obesidade, medidas preventivas primárias também devem visar esses
Grupos populacionais "propensos a fazer dieta".

obesity review s (2015) 16 (Suppl. 1), 1–6

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Apesar do mau prognóstico da dieta no controle da obesidade,


que muitas vezes resulta em repetidas tentativas de perda de
peso e, portanto, ciclagem de peso, a prevalência das dietas
aumenta continuamente nas últimas décadas, paralelamente à
constante aumento da prevalência de obesidade.

Além disso, as conclusões de estudos de ciclagem de peso


reforçaram a noção de que flutuações de variáveis de risco
cardiovascular (como pressão arterial, frequência cardíaca,
glicose no sangue, lipídios e insulina) ficam acima dos valores
normais durante os períodos de recuperação de peso, exercem
uma pressão adicional sobre o sistema cardiovascular.

Como a prevalência da ciclagem de peso induzida pela dieta é


aumentada devido às forças opostas de um ambiente
"obesogênico" e a pressão da mídia por uma figura esbelta
(que até atinge crianças), dieta e ciclismo do peso
provavelmente se tornarão um problema de saúde pública
cada vez mais sério.

obesity reviews (2015) 16 (Suppl. 1), 7–18

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v a cada quilo perdido, o hipotálamo


aumentava o apetite, levando as
pessoas a comer 100 kcal a mais.
v Ajuda a explicar porque é tão difícil
perder peso com dieta e mantê-lo
v O hipotálamo aumenta a fome e
reduz a saciedade e tenta te levar
novamente ao peso anterior

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Desafios Atuais
Instrumento de Análise
–Verifica-se que os inquéritos
alimentares utilizados atualmente
referem-se apenas ao primeiro
componente da referida interação,
ou seja, restringem-se a uma
caracterização racional da dieta,
desconsiderando os demais
componentes de uma prática tão
complexa como a alimentar.

–Anamnese completa????

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Virtual Mentor
American Medical AssociaKon Journal of Ethics April 2010, Volume 12, Number 4: 292-298.

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O Peso Social da Obesidade


Revista Virtual Textos & Contextos. No 2, ano II, dez. 2003 O Peso Social da Obesidade
Revista Virtual Textos & Contextos. No 2, ano II, dez. 2003

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FAT TALK

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Estas postagens com seus corpos


Profissionais, das mais à mostra são muito mais para
diversas áreas, e de pessoas acariciar seus egos e reforçar
que se dizem “Fitness determinados ganhos pessoais.
inspiraGon”ou “Thin •Porém acabam, mesmo que de forma
indireta, causando muita tristeza, decepção,
InspiraGon”. angústia, sofrimento e pouquíssima
inspiração.

A sociedade ainda não permite que as


pessoas tenham seu corpo. É preciso
estar no padrão, é preciso lutar e ter
“força, foco e fé” para ser aceito, para
fazer parte do clube dos “vencedores”
não importando o quanto isso custará
da saúde Ssica e mental.

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Sinais de questões com corpo e imagem – Caminho para um comer transtornado

ü Acredita que magreza é sinônimo NÃO SAUDÁVEL


SAUDÁVEL de felicidade e sucesso

ü Sente muita culpa após comer ü Não come quase


ü Sente-se bem
nada
com o seu corpo
ü Exercita-se só para queimar
calorias
ü Cria regras alimentares restri6vas ü Detesta o seu corpo
ü Exercita-se para
ter saúde ü Familiares e amigos estão
preocupados com você ü Come escondido
ü Pesa-se frequentemente uma grande
ü Come quando ü Sente-se sem controle quando quan6dade de
reconhece seus come comida, em curto
sinais de fome espaço de tempo
ü Não se permite comer
determinados alimentos
ü Percebe que as ü Está sempre fazendo dietas e
ü Vê-se gordo,
pessoas gostam contando calorias
mesmo que as
de você por ü Só vê defeitos em seu corpo pessoas digam que
quem você é e você é magro
não pela sua ü Come com vergonha
aparência
ü Acha que não faz nada bom o
suficiente

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O Profissional da Saúde

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O esKlo de vida pode alterar risco genéKco de doença coronariana Um estudo publicado
no New England Journal of Medicine demonstrou que aderir a um esKlo de vida saudável
pode reduzir parcialmente o risco genéKco de doença arterial coronariana. Kathiresan e
colaboradores quanKficaram o risco genéKco de doença arterial coronariana em cerca de
60.000 parKcipantes em três coortes prospecKvas e em uma coorte transversal.

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• https://www.cdc.gov/nchh
stp/socialdeterminants/faq.ht
ml

h:p://arches.uncc.edu/mission-goals
h"p://arches.uncc.
edu/mission-goals
http://www.cdc.gov/socialdeterminants/FAQ.html#a

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Nutricional

Econômicos Demográficos

Comportamento
Alimentar
Sociais Psicológicos

Culturais Ambientais

Comportamento alimentar é definido como o resultado da interação entre o consumo alimentar e seus diversos determinantes e
influências, demonstrados na Figura 1 (TORAL, 2006).

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AN OV ERV I EW OF T HE
S OCI OLOG I CAL AND
ENV I RONMENTA L
FAC TORS I NF LUENCI NG
EAT I NG FOOD BEHAV I OR
I N CA NA DA

• Front. Nutr., 03 June 2020 • Current Environmental Health Reports


| https://doi.org/10.3389/fnut. hgps://doi.org/10.1007/s40572-018-0191-2
2020.00077

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Aspectos psicológicos
Nutr. PhD Rafael Marques

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Modelo Biopsicosociocultural
O paciente como ser biopsicossocial About the Biopsychosocial Approach to Health Sociocultural
(BAH)

https://medicine.yale.edu/education/curriculum
/clerkships/bah/
É preciso compreender a maneira de pensar, sentir
e fazer que o próprio homem desenvolveu como
parte de seu ambiente e ainda ter consciência de Saúde
que o bem-estar só é alcançado quando as
Biológico Psicológico
necessidade estão sendo supridas satisfatoriamente

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ALIMENTAÇÃO E AFETO

O seio materno:primeiro alimento,cuidado,amor,segurança associados


com alívio de desconforto-fome-portanto segurança e prazer
associados a comer-se o desmame se prolonga mto maiores são estas
associações
• Fato é que tentar melhorar um comportamento com mais informação têm pouco (ou
nenhum) efeito. A comida enquanto reforço posiGvo de comportamentos: foi bom menino ganha
doce
• Nossas decisões são influenciadas constantemente pelo ambiente onde estamos, pela
cultura na qual nos inserimos, pelas pessoas com quem convivemos, pelas informações e
mensagens da mídia e ainda por nossos traços pessoais e psicológicos.

• Quando se trata de decidir o que, quanto, quando, onde e como comer não é diferente.

• Precisamos reconhecer que somos limitados e muitas vezes impotentes diante dessas
influências. Podemos pensar nelas resumindo a 4 fatores, mas que muitas vezes aparecem
juntos: culturais, sociais, psicológicos e pessoais.

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A COMIDA ENQUANTO SUSTITUTO DE OUTRAS Sensualidade sob a gordura


NECESSIDADES
Solidão,medo,raiva,tédio,stress,etc
O receio da própria sensualidade ou sexualidade é
A comida enquanto punição a si mesma ou outras outro moKvo que, sem que se perceba, leva muitas
mulheres a brigar com a balança.
pessoas:excesso de alimentação ou falta completa
A gordura serve como uma parede que afastam
paqueras e namorados.
A comida manejada como fonte de prazer:comer como
atividade reforçadora(em geral por não ter outras);não A capa de gordura faz com que você esconda suas
emoções, e acaba cancelando compromissos, usa
comer como forma de autocontrole e prazer(anorexia roupas largas, não sai no final de semana, mas tudo
nervosa) com um moKvo: estar gorda.

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Fome Emocional

Na práHca, fome emocional é qualquer tenta0va de


compensar solidão, estresse, ansiedade, sen0mento
de culpa ou de vazio com muita comida

Pessoas perfeccionistas, inseguras, depressivas,


ansiosas, e muito preocupadas com o corpo são
ví0mas preferenciais da comilança.
– A pessoa costuma ser 8 ou 80 em tudo.

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Fome Física Fome Emocional


(REAL) (IMAGINÁRIA)
Aumenta aos poucos Aparece de repente

Não é seletiva (nada específico) É seletiva (doces, industrializados

Ocorre em momentos de ansiedade


É periódica
ou euforia

Pode persistir mesmo após a


Desaparece após comermos ingestão de uma grande
quantidade de comida

Após a refeição, traz satisfação e Após a refeição, traz culpa, tristeza


tranquilidade ou ansiedade

Fonte: Adaptado de Nutrição Comportamental, Alvarenga et al pág 451

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Auto avaliação negativa

Preocupação extrema com peso e corpo

perfeccionismo/pensamento dicotômico: tudo ou nada


Restrição alimentar rígida e extrema/perfeccionismo/ pensamento
dicotômico

Compulsão Alimentar

Métodos compensatórios Desenvolvimento do comportamento alimentar


Nutr. PhD Rafael Marques

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Comportamento alimentar
Certamente em humanos a questão da ontogenia assume
comportamento é entendido como uma função conjunta de fatores primordial importância uma vez que, dentre todos os animais,
filogenéticos, que operam durante o processo de evolução de uma dada o bebê humano é o que mostra maior dependência em relação
espécie, e de fatores ontogenéticos, que operam nas interações de um aos seus genitores tendo, portanto, um longo período de
socialização.
dado organismo dessa espécie com seu ambiente (Catania, 1999).
Vários fatores filogenéticos e ontogenéticos identificados O comportamento alimentar humano refletiria interações
entre o estado fisiológico, o estado psicológico e as condições
–Cada espécie (cada indivíduo) está sujeito a influência fatores genéticos ambientais de um dado indivíduo. Assim, a capacidade para
na escolha do tipo e quantidade de alimentos. (De Castro & Plunkett, controlar a ingestão requer mecanismos especializados para
harmonizar informações fisiológicas do meio interno com
2001) informações nutricionais do138ambiente externo
Há evidências de que os genes podem estar na determinação de fatores tão
gerais como preferências e responsividade a alimentos, ingestão, nível
metabólico basal, atividade física, e gastos energéticos

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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização.

Desenvolvimento do Comportamento Desenvolvimento do Comportamento


Alimentar Alimentar
Filogenéticos: OntogenéGcos: história das mudanças
estruturais de uma determinada
unidade - que pode ser uma
célula, um organismo ou uma
sociedade de organismos
ancestralidade e
descendência dentro
de um contexto
evoluKvo, descritos
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por Darwin.

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Influências

Segundo Domínguez (2014), sabores oriundos da alimentação


da mãe são transmiQdos pelo leite materno através da
O comportamento
amamentação e, essa exposição precoce, pode resultar no
alimentar refere-se às Talvez a mais remota desenvolvimento da capacidade de resposta preferencial aos
atitudes relacionadas
com as práticas
influência do ambiente
no comportamento sabores e odores relacionados com estes alimentos que
alimentares em
associação aos atributos
alimentar seja ainda
durante a gestação. Tem-
permanecem observáveis em todo o desmame.
socioculturais, como se demonstrado, tanto
aspectos subjetivos em animais como em
intrínsecos do indivíduo e
próprios de uma
humanos, que o filhote
tende a consumir
Desta forma, todo este tempo a alimentação da mãe estará
coletividade, que estejam alimentos que foram influenciando na formação do comportamento alimentar do
envolvidos com o ato de
se alimentar ou com o
consumidos pela mãe
durante a gestação e bebê, sendo possível perceber que hábitos inadequados da
alimento em si(GEDRICH,
2003).
lactação mãe poderão acarretar em hábitos alimentares inadequados
no futuro desta criança (ROSSI; MOREIRA; RAUEN, 2008).

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O Desenvolvimento do Paladar
A preferência por determinado tipo de alimento decorre de um processo de aprendizagem.
Cedo na vida, a maioria das crianças preferem sabores Dessa forma, as crianças aprendem a ter maior preferência pelos alimentos que são oferecidos
doces e salgados as preferências são reforçadas por maior com maior frequência. Para facilitar a aceitação de uma alimentação variada, a criança deve ser
exposta, em tempo oportuno, aos diferentes tipos de alimentos ainda no primeiro ano de vida”
exposição (SBP,2006).
Podem diminuir ligeiramente em idade adulta. Com isso, nota-se que a exposição a um determinado tipo de alimento dependerá da família.
sabores amargos, como os em vegetais, são rejeitadas Serão os mesmos alimentos que compõem a mesa e os hábitos alimentares desta família. Desta
forma, precisa-se explicar a importância de como deve ser feita essa introdução de alimentos
Muitas vezes, quando experimentou pela primeira vez, sendo necessária, muitas vezes, a mudança de comportamento alimentar da família. (ROSSI;
mas gosto aumenta com a exposição. MOREIRA; RAUEN, 2008).
–Preferência por gosto doce desde o início da vida Treino de paladar: para vencer a filogênese há de se insistir: pelo menos 8 apresentações do
–indiferença ao salgado mesmo alimento para a criança-as mães desistem antes e tendem a dar os alimentos
preferidos da criança (doces e gorduras)
–recusa do amargo-filogênese-leite materno é doce
–venenos são amargos

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Neofobia / Neofilia
A transição da dieta láctea da primeira infância para a
alimentação da família requer que a criança aprenda a aceitar
pelo menos alguns dos novos alimentos oferecidos a ela.
A aprendizagem é fator importante na aceitação dos novos
alimentos, e está cientificamente provado que existe relação
direta entre a frequência das exposições e a preferência pelo
alimento (EUCLYDES, 2000b15).
– A exposição repetida à prova de alimentos não familiares é uma
estratégia promissora para promover preferências e prevenir
rejeições alimentares por crianças (WARDLE, et al, 2003 39).
– São necessárias de 5 a 10 exposições a um novo alimento para se
ver um aumento na preferência pelo mesmo (BIRCH, 1999ª 6).

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Crianças
As crianças estão atentas aos alimentos de que
–Em geral as crianças escolhem os alimentos que lhes gostam e àqueles que recusam, exercendo poder
são servidos frequentemente sobre seus pais durante as refeições.
–Tendem a preferir os alimentos que facilmente estão Birch, em uma série de estudos,
disponíveis em casa.
consistentemente tem mostrado que a aceitação a
A familiaridade com o alimento não é uma das novos alimentos aumenta por meio de repetidas
suas características, mas resulta das experiências exposições, podendo requerer:
da criança com o mesmo. As evidências indicam –8 a 10 exposições em crianças com 2 anos
que crianças tendem a147preferir alimentos que lhes –8 a 15 vezes para crianças
148
entre 4 e 5 anos de idade,
são familiares, em detrimento dos que lhes são –antes que se consigam modificações definitivas na
estranhos. alimentação.

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Equívocos
Aquisição de Hábitos Alimentares na Infância
Disfarçar alimentos
Treino com a criança em relação
Distrair a criança com brincadeiras ou televisão
a:horário,local,situação,forma,velocidade, – Podem gerar uma desestruturação do comportamento alimentar normal
quanHdade e qualidade-modelagem de Inapetência para chamar a atenção (demandas adicionais)
resposta
Interesse em manipular talheres e alimentos deve ser
Os pais orientam e servem de modelo. estimulado
A disponibilidade de alimentos • Alimentos bons e maus (gorduras)

“saudáveis” facilita a aquisição de hábitos A quantidade de alimentos fornecida pode determinar a


alimentares adequados. ingestão alimentar (obesidade)

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“ Quando as crianças crescem na condição de


que, se comem as verduras , podem comer a
sobremesa, aprendem duas coisas:

Que as verduras são algo que ninguém comeria


se não fosse subornado
Que é virtude experimentar a dor antes do
prazer....
Burgen & Dean- OPAS, 1963

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Aprendizagem por imitação ou por observação


Uma pessoa pode até estar
saciada de determinado estímulo,
mas por ver que aquilo é
reforçador para a outra pessoa ela
também passa a imitá-la para
talvez conseguir o mesmo reforço.
–Acontece com crianças que, pela
falta de experiência, passa a
observar como as pessoas
conseguem comida, água, atenção,
etc e imita o comportamento da
pessoa observada.

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crianças em idade escolar que são alimentadas


Confortar a criança com pelos pais com doces e outros alimentos
calóricos, de modo a "compensar" alguma
comida, leva ao comer frustração, tristeza ou chateação, são mais
emocional na idade adulta. propensas a desenvolver distúrbios alimentares
anos depois.

PROFESSORA NUTRICIONISTA (CRN2)


PATRÍCIA DAMÉ

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Foi observado, que quando pais alimentam crianças de 4 anos de modo a


"confortá-los", estes pequenos acabam por desenvolver hábitos de
"alimentação emocional" um pouco mais tarde, entre os 8 e 10 anos --entre Atuação comportamental na alimentação
os distúrbios identificados estão a compulsão alimentar e a bulimia. Nutr. PhD Rafael Marques

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• Apesar de não haver controvérsia sobre o fato de


• Não existe nenhum tratamento que balanço energéKco negaKvo causado por
farmacológico em longo prazo que redução na ingestão calórica resulte em
não envolva mudança de esGlo de diminuição da massa corporal, há muita
vida. divergência sobre a melhor maneira de promover
• O paciente deve ser abordado essa redução de consumo de calorias.
individualmente sobre história do Em primeiro lugar, o tratamento dieté6co é mais bem
peso e dos problemas de saúde dele sucedido quando aliado a um programa de modificação
advindos e a moGvação para agir comportamental que envolva aumento no gasto energé6co,
contra os fatores obesogênicos promovendo um balanço energé6co nega6vo.
ambientais. Para o sucesso do tratamento dieté6co, devem-se manter
mudanças na alimentação por toda a vida.
• As mudanças de esKlo de vida e as Dietas muito restri6vas, ar6ficiais e rigidas não são
técnicas cogniKvo-comportamentais sustentáveis, embora possam ser usadas por um período
limitado de tempo.
são fundamentais e o tratamento
farmacológico não deve ser usado Um planejamento alimentar mais flexível, que obje6ve
como tratamento na ausência de outras reeducação, geralmente obtém mais sucesso, devendo
considerar, além da quan6dade de calorias, as preferências
medidas não farmacológicas. alimentares do paciente, o aspecto financeiro, o es6lo de vida
• A escolha do tratamento deve basear- e o requerimento energé6co para a manutenção da saúde.
se na gravidade do problema e na O contato frequente entre o médico, ou o nutricionista e o
presença de complicações associadas. paciente e o tempo dispendido com o paciente auxiliam muito
na perda e na manutenção do peso perdido.

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Focus on high-priority personal and/or


public health needs;
• provide a proactive, positive, and practical
approach that helps clientes and learners set
and achieve behaviorally focused goals;
promote an enjoyable pattern of diet and
activity as part of a longterm overall healthy
lifestyle;
• encourage parents, teachers, and other role
models to help children become accustomed
to healthy food and lifestyle choices;
• use successful educational strategies and
technologies with appropriate theories and
models to promote behavioral change; and
• evaluate and share information on the
effectiveness of communication strategies
used in food and nutrition programs.

JOURNAL OF THE ACADEMY OF NUTRITION AND DIETETICS


February 2013 Volume 113 Number 2

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• O CUIDADO DAS CONDIÇÕES CRÔNICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA


• Expandido de Bri>sh Columbia, Canadá, o MACC - um modelo que se
expandiu para acolher os diferentes níveis da determinação social da
saúde.
• As mudanças comportamentais são fundamentais para a melhoria dos
níveis de saúde da população. Mas, muitas vezes, os profissionais de
saúde, ainda que sen>ndo a importância das mudanças
comportamentais, nãoo estão capacitados a ajudar, de forma efe>va,
as pessoas a adotarem comportamentos saudáveis.

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COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Fissura Comer
Alimentar Emocional
Comer
(Food Hedônico
Craving)
Vício
Alimentar Comer
(Food Intui6vo
Addiction)

Comer Com
Comer Atenção
Transtornado
Plena

Relação
Transtorno COMPORTAMENTO saudável com
Alimentar ALIMENTAR
a Comida

PROFESSORA NUTRICIONISTA (CRN2) PATRÍCIA DAMÉ

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O que difere a Terapia Nutricional do


Nutrição Clínica tratamento convencional?

Centrada na Dietoterapia Modelo nutricional tradicional Modelo da terapia nutricional


Centrada no
(Geralmente
Aconselhamento
Nutricional
Acompanhada por Foco em nutrientes, alimentos, ou Foco em como o paciente come
orientações ou Educação) seja, no que o paciente come

Intervenções de curto prazo, Intervenções de longo prazo, nas


Referenciais teóricos Referenciais teóricos comuns primariamente educativas quais a educação é um componente.
específicos -Bioquímica da nutrição
- Sociologia -Fisiopatologia Relacionamento mínimo Relacionamento significativo, que por
- Antropologia
- Psicologia
-DietéKca si só já é parte do tratamento
Técnica dietéKca
- Filosofia -Avaliação nutricional Plano de ação é determinado Plano de ação muito individualizado,
-Epidemiologia rapidamente, nos primeiros contatos que evolui com o tempo
-Educação Nutricional

Adaptado Nutrição Comportamental pág 163 Alvarenga, M et al

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Aconselhamento Mindful
Nutricional
eating

Entrevista
Mo:vacional

Modelo Transteórico

-Amamentação
-Introdução de
alimentos
Terapia cogni:va-
-Aprendizagem comportamental

Comer intuiNvo
Coaching
Comer consciente

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A abordagem focada no peso é usada nos tratamentos


tradicionais da obesidade e dá ênfase à perda de peso para a
busca de saúde e bem-estar.

Enquanto isso, a abordagem não focada no peso percebe a


saúde e o bem-estar como elementos complexos e
multifacetados.

Comparando essas duas abordagens, os autores mostram a


partir de diversos estudos, que uma abordagem focada no peso
não é eficaz para a maioria das pessoas, e, geralmente, leva a
altas taxas de recuperação do peso e efeito sanfona.

Além disso, o foco no peso também pode incitar o estigma de


peso, o que também tem consequências para a saúde e
qualidade de vida das pessoas.

Enquanto isso, uma abordagem não focada no peso pode


contribuir para melhorar índices de saúde (como a pressão
arterial), aspectos comportamentais (por exemplo, a compulsão
alimentar) e problemas psicológicos (como a depressão), assim
como a aceitabilidade de recomendações de saúde.

.............
Tylka T. L., et al. The Weight-Inclusive versus Weight-Normative
Approach to Health: Evaluating the Evidence for Prioritizing Well-
Being over Weight Loss, Journal of Obesity, 2014.
https://doi.org/10.1155/2014/983495

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Uma intervenção para mulheres gordas baseada na abordagem “Health at Every Size” (Saúde em Todos os Tamanhos, em
uma tradução livre). Durante sete meses as parKcipantes Kveram atendimentos nutricionais individuais com base no
aconselhamento nutricional – ou seja, não receberam dietas –, fizeram aKvidades psicas visando o prazer em movimentar
o corpo e Kveram oficinas filosóficas. Mostramos com a pesquisa que essas parKcipantes Kveram inúmeros benepcios de
saúde, mesmo sem perder peso. Alguns desses benepcios incluíram:

⬇ uma diminuição significaKva no consumo de alimentos ultraprocessados;


⬆ um aumento significaKvo no consumo de alimentos in natura e minimamente processados;
⬇ a diminuição do comer emocional;
⬆ melhoras na imagem corporal;
⬆ melhoras na qualidade de vida (como se envolver em aKvidades sociais que antes evitava, melhorar a qualidade do Algumas evidências já mostram que uma perda de peso acima de 10% já melhora os fatores de risco cardiovascular e outros
marcadores como resistência a insulina, resposta inflamatória e outros fatores. É importante destacar que o conceito de “obesidade
sono); controlada” seria uma boa estratégia para reduzir o es6gma de indivíduos com obesidade, e que se torna necessário, uma vez que
⬆ melhoras na capacidade cardiovascular e função muscular. essas reduções de risco já são observadas com a perda de peso, ou seja, independentes da classificação de IMC. O estudo sugere a
〰 u6lização do termo “obesidade controlada” em indivíduos que perderam mais de 10% do peso máximo e, que a princípio, estejam
Esses resultados parecem evidenciar que o peso por si só não define saúde a6vos fisicamente, assim, considerados mais saudáveis.

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