Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Instituições direcionadas à alimentação de idosos têm-se tornado mais numerosas,
e poucos estudos são realizados nesses locais. Hipotetizamos que a maneira pela
qual a alimentação é realizada nesses locais pode interferir negativamente na
relação afetiva que o idoso estabelece com a alimentação. Objetivos: compreender Palavras-chave: Envelhe-
o significado e o componente afetivo da alimentação na vida dos idosos que cimento. Saúde do idoso.
frequentam um centro de convivência direcionado à alimentação; identificar os Idoso. Comportamento
aspectos situacionais que envolvem o comportamento alimentar desses idosos. alimentar. Alimentação
Métodos: foram estudadas pessoas com 60 anos ou mais de idade, frequentadoras coletiva. Promoção da
de um Núcleo de Convivência da zona leste de São Paulo-SP, a partir de uma saúde.
entrevista semiestruturada, interpretada pelo Discurso do Sujeito Coletivo. As
questões norteadoras da entrevista foram: Por que o Sr(a). se alimenta aqui? Como
o se sente comendo aqui? Fale-me como era a sua alimentação antes de entrar no
centro de convivência e agora. Houve mudanças? Qual a importância da
alimentação na sua vida? O sr(a) acha que a comida é capaz de fazer amigos?
Resultados: a hipótese inicialmente estabelecida não foi comprovada, observando-
se na verdade a presença de uma nova situação de vida para o idoso, que pareceu
agradável e desvinculada de fatos passados. Os entrevistados no presente estudo
não demonstram muita relação pregressa com a alimentação. Conclusões: locais
que ofereçam alimentação coletiva ao idoso mostram-se importantes para o
suporte social, facilitam a socialização e a aquisição de alimentação para os
idosos que vivem em situações desfavorecidas.
Abstract
Institutions aimed at feeding the elderly have become more numerous, and few
studies are conducted at these sites. We hypothesize that the manner in which
feeding is held at these places can adversely affect the emotional relationship the
elderly has with food. Objectives: To understand the meaning and the affective
1
Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.
component of feeding in the lives of seniors who attend a day care center directed Key words: Aging. Health
to feeding; to identify the situational aspects that involve the feeding behavior of of the Elderly. Elderly.
these elderly. Methods: We studied people aged 60 or more years attending a Day Feeding behavior,.
Care Center in eastern São Paulo city, through a semistructured interview using Collective feeding. Health
promotion.
the Collective Subject Discourse. The guiding questions of the interview were:
Why do you eat here? How does eating feel here? Tell me how was your food
before going into day care center and now. Were there any changes? What is the
importance of food in your life? Do you think that food can help making friends?
Results: The hypothesis initially established has not been proven, and we noticed
the presence of a new living situation for the elderly, which seemed nice and
disconnected from past events. Respondents in this study did not show much
relationship with the previous feeding. Conclusions: places that offer food service to
the elderly have shown to be important for social support, facilitate socialization
and acquisition of food for older people living in disadvantaged situations.
perda de papéis sociais e do poder aquisitivo, fosse realizado. Este estudo faz parte de um projeto
favorecendo o isolamento e solidão. Pode ocorrer maior, que foi aprovado pelo Comitê de Ética em
desinteresse na preparação das refeições e na Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu, sob
ingestão dos alimentos. Esse fato é comum em número 11/08.
indivíduos que moram sozinhos, ou ainda em
indivíduos que moram acompanhados, mas vivem A seleção dos sujeitos baseou-se na determinação
em conflitos com os familiares.11 de um período para a coleta de dados, que foi a
permanência da pesquisadora três vezes por semana
Por essas razões, é relativamente frequente o fato durante um mês na instituição. Os participantes
de os idosos passarem a se alimentar fora de casa, foram escolhidos aleatoriamente e de acordo com a
em instituições dirigidas para esse fim. Se por um disponibilidade dos mesmos em participar,
lado, especificamente no aspecto biológico, isso totalizando 20 sujeitos com idade acima de 60 anos.
pode ser considerado um fato positivo, por outro
não se tem muita informação do impacto dessas
Tipo de pesquisa
mudanças na vida social e psicológica dos idosos.
A grande maioria dos estudos relacionados a idosos A pesquisa foi qualitativa devido aos objetivos
e comportamento alimentar destaca sobretudo os
deste estudo. De acordo com Lefèvre e Lefèvre,12
aspectos biológicos, ou seja, as necessidades
a pesquisa qualitativa permite compreender com
nutricionais, e não incluem os outros aspectos do
comportamento alimentar. profundidade os campos sociais e seus sentidos,
pois se refere a uma teia de significados que estão
É importante identificar significados individuais presentes nos discursos.
e coletivos da alimentação do idoso.4 Ao fazer as
refeições em coletividades, o idoso pode perder sua
Coleta de dados
cultura alimentar, principalmente se ele tiver
costumes alimentares atrelados a valores diferentes, A coleta dos dados se deu por meio de
uma vez que novos valores e práticas alimentares são entrevistas gravadas, utilizando como
incorporados no local e na vida do idoso. instrumento um roteiro semiestruturado com as
seguintes questões norteadoras:
A partir do acima exposto, os objetivos do
presente estudo são: compreender o significado e
o componente afetivo da alimentação na vida dos 1) Por que o (a) Sr (a) se alimenta aqui?
idosos que frequentam um centro de convivência 2) Como o (a) Sr (a) se sente comendo aqui?
direcionado à alimentação; e identificar os aspectos
situacionais que envolvem o comportamento 3) Fale-me de como que era a sua alimentação
alimentar dos idosos investigados. antes de entrar no centro de convivência e
agora. Houve mudanças?
RESULTADOS
Discurso do sujeito coletivo
Caracterização do grupo estudado
Na análise das respostas das questões
Neste estudo participaram 20 pessoas, sendo norteadoras, encontraram-se 21 ideias centrais,
13 (65%) mulheres e sete (35%) homens. Dentre conforme demonstrado no Quadro 1.
Nas respostas à primeira questão (Por que o do outro eu como por ser gratuito. Porque todo mundo
senhor se alimenta aqui?), a ideia central que chega aqui se alimenta eu também, eu não sou uma
obteve a participação de 11 de sujeitos foi IC5, exceção, não é porque eu preciso, porque graças a
“Porque recebe o lanche (é de graça)”, como exibe Deus eu não preciso, mas eu to aqui. Todo mundo
o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC5): pega,REVeu
. B RASpego também,
. G ERIATRIA E G ERONTOLOGIAàs vezes
; 2006; 8(1);eu pego e nem tomo.
9-20
horário muito impróprio, eles dão aqui 10h30 e nem sem alimentação o que é que a gente faz, não faz nada.
dá vontade de almoçar. Não costumo comer em Alimentação é tudo, sabendo sobreviver né, sabendo se alimentar
horário fora de hora, sempre fui acostumado assim, a direitinho de acordo com a idade da gente.”
gente não muda. Ou eu levo pra minha esposa comer
em casa. Eu aproveito que todo mundo pega, acredito Os depoimentos relacionados à quarta
que seja um direito. Eu me alimentava aqui por causa questão, “Como era a sua alimentação antes de
do almoço, depois íamos pra casa tomava só um café entrar no centro de convivência e agora?”,
destacou-se a ideia central IC13, “Não mudou”,
a tarde, mas agora que estão dando o lanche, a gente
com a participação de 13 sujeitos, como apresenta
toma o lanche, um copo de leite e depois chega em casa
o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC13):
a gente faz o almoço.”
Nas respostas da segunda questão (Como se “Não mudou é a mesma coisa, a comida que eu faço
sente comendo aqui?), a ideia central com a maior é igual a que eu como aqui. Quando tinha o almoço,
frequência nas respostas foi a IC9, “Indiferente”, era arroz, feijão, carne e salada. Na minha casa é
com a participação de oito sujeitos, como arroz, feijão que, é essencial quase todo dia, com uma
apresenta o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC9): salada, carninha assada ou cozida ou frita, peixe e
frango pra mim qualquer coisa serve. Eu estando
“Pra mim tá bem, não faz diferença a comida não com a barriga cheia qualquer coisa tá bom. Mas,
é tão gordurosa porque eu não faço regime nenhum, agora eu venho aqui como o lanche, chego em casa
e eu não sou uma pessoa de exigir muita coisa. ainda tomo uma sopa, como alguma coisa, eu como
Graças a Deus não me falta nada em casa. Eu de novo. A minha alimentação não muda, a gente se
tenho de tudo, o que não come aqui come em casa, alimenta daquilo que a gente quer, daquilo que a
eu tomo meu cafezinho de manhã em casa, venho gente gosta e sente bem.”
pra cá, fico até o meio-dia e me alimento com lanche.
Na análise das respostas da quinta questão,
A gente toma o lanche e vai bem. A gente se sente
“Comida é capaz de fazer amigos?”, a ideia central
bem, porque sempre estão atendidas as nossas
com maior número de participantes, 11 sujeitos,
necessidades, não ta faltando nada. A maioria aqui
foi IC16, “Sim, por causa da conversa e da
é tudo gente pobre, o próprio bairro já diz das
convivência”, como apresenta o Discurso do
pessoas que moram aqui. Eu não sinto nada, me
Sujeito Coletivo (DSC16):
sinto bem.”
No que se refere à análise da terceira questão “Com certeza e muito principalmente hoje em dia
(Qual a importância da alimentação na vida das para os idosos. Acredito sim, que muitas pessoas idosas,
pessoas?) destaca-se a ideia central IC12, “Para que vive só tendo um lugar aonde eles façam a refeição
viver”, com a participação de 11 sujeitos, como eles começam a formar um grupo de amizade, então
exibe o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC12): isso, para o idoso é uma coisa muito importante porque
fica tudo junto, come todo mundo junto é uma alegria
“Eu acho que alimentação é tudo na vida. A gente tem pra gente, traz diálogos e a gente facilita a formação
que se alimentar porque é que nem uma planta se você não de amizades. Tira a gente da vidinha particular que
rega, ela vai indo, indo ela vai morrer. Se você não se alimenta a gente possa ter em casa, desunido. A convivência
você vai ficando fraco, fraco, até que te dá uma doença e um com o outro faz bem para o ser humano não ficar
quanta gente ai na rua não ta morrendo de fraqueza e de isolado. A pessoa se distrai, ocupando o tempo dela se
fome. Então é a única coisa que faz parte da vida da gente relacionando bem ou mal, é pior do que ela ficar
pra gente poder viver e vivendo é a alimentação de acordo, que sozinha, isolada sem participar com ninguém. Daria
é aquilo que a gente gosta de comer. Sem o alimento a gente margem para a pessoa sentir com baixa autoestima.
vai pra cucuia. Sem comer não se vive, seja lá o que for, pra Aqui a gente olha pra um pro outro, conversa, fala
mim qualquer Rcoisa, matando
EV . B RAS . GERIATRIA a ;fome
E G ERONTOLOGIA pra9-20mim ta bom.
2006; 8(1); bobagem, passa a se distrair, pode aprender e falar
Alimentação é importante pra não passar mal. A gente não alguma coisinha para o outro, passar informação da
tem que comer uma coisa que vá prejudicar, a gente tem que vida. Se você tem boa intenção e quer aprofundar o
comer uma coisa que se sinta bem. Pra mim é bem saudável, conhecimento convida pra jantar e ai vai fazendo
Significado da alimentação para idosos 325
amizade com os amigos, eu acho que é legal. E mesmo alimentação foi mais importante do que a
se não dê aquela alimentação rica e bem feitinha, bem representação que alimentação é fonte de saúde e
gostosinha, as pessoas vão querer comer, querer sobrevivência. Em nosso estudo, ficou clara a
participar um churrasco, um bolinho, um docinho. relação fisiológica/metabólica que os idosos
Acho que a pessoa vai dizer: puxa que gostoso! E estabelecem com a comida.
quando voltar a visitar a gente é capaz que pergunte:
e aquele docinho?” O relato evidente da relação com o aspecto
biológico pode ser decorrente do grande número
de mensagens divulgadas pela mídia ou mesmo
DISCUSSÃO pelos profissionais de saúde, vinculando
alimentação e prevenção de doenças. E essa
O presente estudo pretendeu identificar se constatação pode ser importante para se pensar
alimentação realizada em coletividade, em um em ações educativas pertinentes à saúde para esse
centro de convivência, poderia apresentar grupo. Péres, Franco & Santos,15 em estudo com
componentes negativos na relação entre idosos e mulheres diabéticas, sugerem que os profissionais
a alimentação. A hipótese inicialmente de saúde, para conseguirem maior eficácia em suas
estabelecida não foi comprovada, observando-se ações de educação alimentar, geralmente voltadas
na verdade a presença de uma nova situação de somente para a transmissão de conhecimentos,
vida para o idoso, que pareceu agradável e necessitam compreender os valores, símbolos e
desvinculada de fatos passados. significados que envolvem o ato de comer. Os
aspectos subjetivos e emocionais interferem na
Inúmeras razões levam as pessoas a se adesão ao tratamento mais do que os aspectos
alimentarem em um local que fornece refeições, cognitivos.
desde a necessidade financeira, ou também o
simples convívio social que esse tipo de ambiente A hipótese do presente estudo, de que, por
proporciona. Fica clara, então, a importância não participarem da elaboração das refeições em
desse tipo de ambiente, no sentido de colaborar um ambiente coletivo, o idoso deixaria de
com a qualidade de vida dos idosos. vivenciar fatos passados que poderiam ser
agradáveis e prazerosos, foi sobreposta pela
Os entrevistados no presente estudo não negação de lembranças do passado. Esses dados
demonstram muita relação “pregressa” com a reforçam a ideia de Florentino, 16 de que a
alimentação. Mesmo a partir de questões preparação de uma refeição pelos idosos pode
estabelecidas, o grupo não demonstrou sentir trazer recordações negativas do passado. Assim,
saudades de momentos passados com a família eles preferem comer em outros lugares diferentes
ou com companheiros que já não estejam mais do ambiente doméstico - no caso, em um centro
em seu convívio. Todos os discursos giraram em de convivência com pessoas da mesma faixa etária.
torno do “agora”, dos amigos que eles possuem e A amizade e o convívio entre as pessoas é um
fazem neste local, na atualidade. Similarmente aos fator positivo que influencia a qualidade de vida
resultados do presente estudo, Brasil13, estudando e o bem-estar dos idosos.13,17
idosos institucionalizados, identificou que alguns
deles não guardavam muita lembrança da Nesse sentido, as refeições realizadas em
alimentação anterior à institucionalização, porque conjunto proporcionam a socialização de um
eles não se importavam com a mudança de hábito grupo18 e colaboram para o fortalecimento do
alimentar que tiveram e preocupavam-se apenas vínculo afetivo, porque há a preferência de comer
com a satisfação em alimentar-se. acompanhado das pessoas com maior ligação
afetiva.17,19REVSegundo Câmara Cascudo, citado por
. B RAS . G ERIATRIA E G ERONTOLOGIA ; 2006; 8(1); 9-20
Por sua vez, nossos dados não foram similares Holland & Szarfarc,18 no momento em que as
ao estudo de Tchakmakian & Frangella,4 segundo pessoas comem em conjunto, há o estabelecimento
qual, para os idosos, o aspecto afetivo da de vínculos e amizade; cria-se uma nivelação social
326 REV . B RAS . GERIATR . G ERONTOL ., R IO DE JANEIRO , 2011; 14(2):319-328
- “nós comemos a mesma coisa, logo, somos familiar. Para idosas viúvas, o fato de cozinhar
parecidos” - e ocorre uma fixação geográfica - “nós pode ser visto como um fardo e muitas preferem
estamos no mesmo local, assim, comemos as coisas libertar-se dessa obrigação.20
que existem aqui”.
A maioria dos idosos referiu realizar as
No trabalho de Falk, Bisogni & Sobal, a 20
refeições no local “por ser de graça”, e isso pode
justificativa dos idosos para se alimentarem em ser considerado um aspecto situacional do
locais coletivos foi a socialização e as companhias comportamento alimentar. Mais da metade dos
que lhe são proporcionadas nesses locais. Quando idosos referiu receber um ou dois salários
se observa, no presente estudo, a questão que mínimos para viver. Observa-se, portanto, a
aborda se “a comida é capaz de fazer amigos”, necessidade de receber essa alimentação, pois a
observa-se que os idosos demonstraram ideias situação econômica de muitos idosos compromete
divergentes com relação ao aspecto afetivo da a alimentação. Devido ao baixo valor, a
alimentação. Alguns idosos observaram apenas o aposentadoria geralmente é utilizada, em sua
aspecto biológico novamente, sem conseguir maior parte, para compra de medicamentos.
compreender o ponto onde alimentação é troca, Deste modo, fica destinada à alimentação uma
amizade. Outros já apontaram o momento da pequena parcela suficiente para adquirir alimentos
alimentação como prazeroso e capaz de unir as mais baratos, de mais fácil preparo e muitas vezes
pessoas. Novamente, nenhuma referência foi feita de baixo valor nutricional.11
a fatos anteriores ou pessoas que conviviam no
passado e que a alimentação possa ser um vínculo Neste estudo, a maioria dos idosos mencionou
de saudade. não ter ocorrido mudança depois que começou
a frequentar a instituição; entretanto, alguns
A despeito da importância social e referiram que a alimentação ficou descontrolada
psicológica, não se pode negar a importância e outros que a alimentação ficou mais rica. Estes
biológica da alimentação para alguns idosos. resultados corroboram o estudo de Santelle,14
Segundo dados do Nutrition Screening Initiative,10 segundo o qual alguns idosos mencionaram
as refeições comunitárias, como o caso do benefícios com a alimentação - possivelmente, eles
Programa Meals on Wheels, podem prevenir a má tinham menos no domicílio do que agora na
nutrição decorrente da solidão. Muitos instituição. Os que referiram que alimentação na
estudos mostram relação entre viver só e baixa instituição nada mudou possivelmente se
qualidade na dieta. Nisso, os homens podem alimentavam no domicílio de forma similar ao
apresentar maior risco, porque são menos presente.
experientes com planejamento, compras e
preparo nas refeições. Já as mulheres podem Assim, não se pode somente olhar o aspecto
sentir-se menos motivadas para preparar as biológico e esquecer os aspectos cognitivos,
refeições, quando não há ninguém para afetivos e situacionais do comportamento
compartilhar com elas. alimentar que exercem grande influência na
alimentação do idoso. De acordo com
Adicionalmente, Florentino16 menciona que o Tchakmakian & Frangella,4 não se pode querer
isolamento social afeta a alimentação do idoso. compreender os fenômenos que acontecem na
Por não ser estimulado, o idoso acaba diminuindo vida de um indivíduo de maneira fragmentada;
a quantidade de alimentos ingeridos ou perde o devem-se interligar todas as partes isoladas para
interesse em alimentar-se. O autor destaca que conseguir uma somatória dos conhecimentos. Os
mulheres idosas, viúvas e que vivem sozinhas dados do presente estudo reforçam a necessidade
preferem fazer
REV . B RASas refeições
. GERIATRIA fora8(1);do
E G ERONTOLOGIA ; 2006; 9-20 ambiente de locais especializados em realização da
doméstico ou comem lanches rápidos, porque o alimentação de idosos, sobretudo por atenderem
ato de preparar uma refeição para elas traz a constructos da promoção da saúde, indo além
lembranças do convívio e da confraternização da simples necessidade biológica.21
Significado da alimentação para idosos 327
REFERÊNCIAS
1. Scharfstein EA. Intervenção psicossocial. In: PY subjects: separating cause and effect. American
L, Pacheco JL, Sá JLM, Goldman SN, (Orgs). J. Clin Nutr 1989; 50:1201-9.
Tempo de envelhecer: percursos e dimensões
9. Santos GER, Hiramatsu CS, Duarte ALN.
psicossociais. Rio de Janeiro: Nau; 2004. p.321-
Alimentação e hidratação do idoso. In:
38.
Rodrigues RAP, Diogo MJD (orgs). Como
2. Boog MCF. Educação nutricional: por que e cuidar dos idosos. Campinas: Papirus ; 1996. p.
para quê?´. São Paulo: Unicamp. 2004 [acesso 67-75.
em 20 ago. 2008 ]. Disponível em URL:< http:/
10. Nutrition Screening Initiative. Nutrition and
/www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/
Well-Being A to Z: Aging and Nutrition. 2008
jornalPDF/ju260pag02.pdf>
[acesso em 13 set 2008] .Disponível em
3. Motta DG, Boog MCF. Fundamentos do URL:<http://www.faqs.org/nutrition/A-Ap/
comportamento alimentar. In: Motta DG, Boog Aging-and-Nutrition.html>.
MCF. Educação nutricional. 2 ed. São Paulo:
11. Marucci MFN. Alimentação e hidratação:
IBRASA; 1987. p.34-54.
cuidados específicos e sua relação com o contexto
4. Tchakmakian LA, Fragella VS. As interfaces da familiar. In: Duarte YAO, Diogo MJE.
alimentação, da nutrição e do envelhecimento e Atendimento domiciliar: um enfoque
o processo educativo sob a visão interdisciplinar Gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2005. p.223-35.
da Gerontologia. In: Papaléo Netto M. Tratado
de Gerontologia. 2ed. São Paulo: Atheneu; 2007. 12. Lefèvre F, Lefèvre AMC. Os novos instrumentos
p.469- 78. no contexto da pesquisa qualitativa. In: Lefèvre
F, Lefèvre AMC, Teixeira JJV. O Discurso do
5. Gedrich K. Determinants of nutricional sujeito coletivo: uma nova abordagem
behaviour: a multitude of levers for successful metodológica em pesquisa qualitativa. Caxias
intervention? Appetite 2003; 41(3):231-8. do Sul: EDUCS; 2000. p.11-35.
6. Aliança Cultural Brasil – Japão. Japão de A à 13. Brasil BG. Do outro lado do muro: percepções
Z: superstições. [ acesso em 15 desz 2008 ] .
de idosas institucionalizadas sobre a
Disponível em URL: <http://
alimentação. São Paulo. Dissertação [ Mestrado
www.acbj.com.br/alianca/palavras.
em Saúde Pública] - Universidade de São Paulo;
php?Palavra=163>.
2001.
7. Helman CG. Dieta e nutrição. In: Helman CG.
14. SantelleREVO.
. B RAS .Alimentação institucionalizada eo
Cultura, saúde e doença. 4 ed. Porto Alegre: G ERIATRIA E G ERONTOLOGIA ; 2006; 8(1); 9-20
15. Peres DS, Franco LJ, Santos MA. alimentação em abrigos do município de São
Comportamento alimentar de diabéticas. Rev. Paulo. Rev Soc Bras Alim Nutr 2006; 31(2):39-
Saúde Pública. 2006; 40(2):310-7. [acesso em 52.
10nov 2008] .Disponível em URL:< http://
19. Garcia RWD. Práticas e comportamento
www.scielo.br/pdf/rsp/v40n2/28537.pdf>.
alimentar no meio urbano: um estudo no centro
16. Florentino AM. Influência dos fatores da cidade de São Paulo. Cad. Saúde Pública
econômicos, sociais e psicológicos no estado 1997; 13(3): 455-67. [acesso em 4 mai 2008 ].
nutricional do idoso. In: Frank AA. Nutrição no Disponível em URL:< http://
envelhecer. São Paulo: Atheneu; 2002. p.3- 11. www.scielosp.org/pdf/csp/v13n3/0170.pdf>.
17. Andriolo A. Representações sociais de 20. Falk LW, Bisogni CA, Sobal J. Food Ccoice
mulheres idosas sobre a alimentação. São Paulo. processes of older adults: a qualitative
Dissertação [Mestrado em Nutrição humana] – investigation. J Nutr Education 1996; 28(4): 257-65.
FCB/FEA/FSP da Universidade de São Paulo;
21. Carvalho SR. Os múltiplos sentidos da
1999.
categoria “empowerment” no projeto de
18. Holland CV, Szarfarc SC. Todos juntos ao redor promoção à saúde. Cad. Saúde Pública 2004;
da mesa: uma avaliação qualitativa da 20(4): 1088-95.
Recebido: 10/2/2009
Revisado: 12/9/2010
Aprovado: 25/11/2010