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RESUMO
A alimentação é muito mais do que uma simples questão de nutrição. Ela é um conjunto de
comportamentos, atitudes e experiências que moldam a forma como nos relacionamos com os
alimentos. E, para entender essa complexidade, é preciso ter a sensibilidade certa. A Psicologia nos
ensina que o comportamento alimentar é resultado da interação entre o homem e o seu ambiente. A
cultura, a educação, a família e até mesmo o inconsciente influenciam a maneira como
comemos.E, por isso, uma abordagem subjetiva e comportamental é a chave para alcançar uma
nutrição completa. Não se trata apenas do hábito de consumir nutrientes, mas de nutrir um
relacionamento harmonioso com a comida. Se quisermos mudar nossa alimentação de forma
efetiva, precisamos ter consciência não só do que comemos, mas também de como comemos. Isso
significa equilibrar hábitos benéficos e atitudes positivas para nutrir nosso corpo e nossa mente de
forma inteligente e completa.
Palavras-chave
1. INTRODUÇÃO
Ana Trancozo, Eliandro Soares de Oliveira, Karla de Araújo Cruz e Thaís Ferreira Cardoso
Tutor Jéssica M.F.Kruschewsky
Centro Universitário Leonardo da Vinci–UNIASSELVI–Curso Nutrição(FLC8935NTR)–Prática do MóduloV-25/05/23
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
alimentar está incluído nessa definição. Mas sabe o que é realmente interessante? Essas atitudes
podem prever as nossas ações na hora de comer. Não é um mistério fascinante?
Uma verdadeira relação com a comida vai além do aspecto fisiológico, envolvendo também
a esfera emocional, social, ambiental e cultural. Mas, vamos confessar algo aqui entre nós: não
existe uma única definição de alimentação saudável que sirva como uma regra rígida para todos.
Cada indivíduo tem suas particularidades, e essa é a chave para entender o contexto que envolve as
escolhas alimentares. Ser saudável não é apenas uma questão de nutrientes e calorias, é algo que
envolve todo o pacote que cerca os nossos alimentos. De forma bem sigilosa, vamos te contar um
segredinho: uma atitude alimentar positiva depende de estar confiante, relaxado, confortável e
flexível com as escolhas. É assim que se mantém um bom estado nutricional. (Alvarenga &Koritar,
2015)
O processo de escolha dos alimentos é governado pelas preferências individuais, que
envolvem o delicado e subjetivo ato de julgar diversas opções e selecionar apenas uma para
satisfazer as necessidades do corpo. Em um estudo realizado por Poulin e Proença (2003),
verificou-se que as escolhas alimentares são influenciadas por duas categorias distintas de
determinantes: os relacionados aos próprios alimentos e aqueles que dizem respeito ao indivíduo
em si. No que tange aos fatores alimentares, o sabor, aparência, valor nutricional, higiene,
variedade, disponibilidade e preço se destacam como elementos determinantes nessa equação
delicada. Afinal, o que consumimos é um reflexo direto de nossas escolhas, intenções e desejos.
Existem dois elementos-chave que influenciam nossas escolhas alimentares: fatores
biológicos e socioculturais. Entre os fatores biológicos, destacam-se sexo, idade, estado
nutricional, genética e mecanismos regulatórios inatos relacionados à fome e saciedade. Entretanto,
os fatores socioculturais também exercem um papel significativo nas nossas escolhas, como a
influência da cultura, religião, classe social, renda, nível de escolaridade e a informação e mídia
aos quais estamos expostos. Deixe-me contar um segredo: entender como esses fatores impactam
nossas escolhas pode ser uma poderosa ferramenta para promover hábitos alimentares mais
saudáveis.
3. METODOLOGIA
Este trabalho teve como base uma pesquisa exploratória, com objetivo de esclarecer os
conceitos de atitude, comportamento e hábito alimentar, entendendo-os como uma compreensão
básicas para profissionais de Nutrição. A pesquisa teve como fontes os matérias disponibilizados
na Ttrilha de Apredizagem da Diciplina e diversos outros materiais, on-line e físicos, como livros e
artigos científicos.
Os resultados estão apresentados e discutidos de forma qualitativa, no trabalho ora
apresentado.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A forma como as pessoas constroem o seu mundo interno - composto por emoções,
sentimentos e pensamentos - é o que chamamos de subjetividade. E nesse mundo interior, o ato de
comer pode ter diversos significados, influenciados pela família, cultura ou até mesmo pelo
inconsciente. Portanto, entender a influência da subjetividade no comportamento alimentar é
essencial para um cuidado nutricional individualizado e efetivo.
Compreender a atitude, o comportamento e os hábitos alimentares dos pacientes é tarefa
imprescindível ao profissional de Nutrição, pois é necessário considerar que, para além do
consumo de alimentos em quantidade, qualidade, variedade e frequência suficientes, aspecto vital
para a obtenção de todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, a
alimentação humana é atravessada por inúmeras outras questões, as quais podem ter origens
diversas, que abrangem deste a própria fisiologia do indivíduo (com seus mecanismos internos de
regulação da fome e da saciedade, por exemplo), até as necessidades demandadas pelo meio onde
este se insere ou ainda os gostos e aversões originados de processos afetivos e emocionais que o
afetam.
Estudos apontam que a abordagem convencional da Nutrição, embora seja eficaz em seus
resultados inicialmente, por não ser ancorada na mudança de comportamento, costuma ser falha
em relação à sua manutenção. Essa abordagem, geralmente, tem um formato prescritivo,
restritivo, com foco mais nos valores nutricionais dos alimentos do que na relação do paciente
com a comida, o que acaba por produzir uma “mentalidade de dieta”, onde o nutricionista passa a
ser visto como uma espécie de “policial da alimentação”, que ignora o prazer de comer, as
preferências, as aversões, o apetite e até mesmo os recursos financeiros do paciente. Esta prática
tende ainda a provocar uma baixa adesão ao tratamento proposto além de agravar a relação do
paciente com a comida.
Cabe então ao profissional de Nutrição, entendendo que o comportamento alimentar das
pessoas reflete as interações entre o estado fisiológico, psicológico e o ambiente externo onde
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vivem, traçar estratégias viáveis que possam auxiliar seus pacientes na construção de
comportamentos alimentares que sejam realmente saudáveis do ponto de vista bio-psico-social.
Uma alternativa que vem ganhando espaço neste sentido é a abordagem da Nutrição
Comportamental, que considera o envolvimento não apenas dos aspectos fisiológicos do
organismo (suas demandas energéticas e nutricionais) mas também os fatores emocionais,
culturais e sociais relacionados ao ato de comer.
É partindo dessa compreensão global que o Nutricionista pode propor intervenções que
favoreçam as mudanças dos comportamentos e dos hábitos alimentares inadequados por meio do
estabelecimento de uma “parceria” com o paciente. Nessa abordagem, o profissional irá apontar
o que precisa ser modificado e, junto com o paciente, vai definir as estratégias para que essas
modificações sejam incorporadas ao seu cotidiano, como um conhecimento novo e bem-vindo,
que lhe permitirá ressignificar sua relação com a comida, tornando-o cada vez mais autônomo e
responsável por suas escolhas. A ideia é, portanto, substituir as prescrições restritivas por um
comer saudável, consciente e prazeroso.
O grande desafio que se apresenta é o de mudar comportamentos sem que o paciente perca
os significados presentes na sua alimentação nem a sua capacidade crítica. É importante entender
que não existem definições fechadas para o que seja considerado como “atitude alimentar
adequada” pois as crenças, sentimentos, pensamentos e comportamentos acerca da alimentação,
são individuais. Na busca pelo equilíbrio, algumas estratégias podem e devem ser ensinadas e
serão de grande valia nesse processo, sendo as mais importantes: respeitar a fome física e a
saciedade (bem como a vontade de comer) e aceitar que podem ocorrer oscilações na
alimentação dependendo do estado de humor, do ambiente, da companhia, da situação social e
até das condições financeira do indivíduo. È fundamental considerar também a importância de se
obter prazer por meio da alimentação e não apenas nutrientes.
Afinal, precisamos considerar não só o consumo, mas também comportamentos, hábitos e
atitudes alimentares que se relacionem com o bem-estar do paciente. É a nutrição levada a um
novo patamar de inteligência!
5. CONCLUSÃO
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