Você está na página 1de 27

1

Sumário

Introdução ......................................................................................... 3

Primeiro, conheça a você mesmo .................................................... 5

Respire! Tudo vai dar certo ............................................................... 9

Reconheça seus filhos ....................................................................... 11

Ofereça 50% de Afeto e 50% de Limite ............................................ 13

Recompense a você e a seus filhos .................................................. 16

Instrumentalize-os para a vida ........................................................ 20

Tempo e paciência são fundamentais às transformações ............. 24

2
Introdução

D iariamente, converso com muitas mães e pais que, em comum, desejam

profundamente melhorar o relacionamento com os filhos,mas não fazem ideia por

onde começar. Querem se aproximar, mas não encontram espaço; querem respeito, mas

se deparam com indiferença; querem dialogar, mas sofrem com o silêncio; querem apenas

demonstrar um gesto de carinho e simplesmente não sabem como fazê-lo.

A dificuldade é tão recorrente que virou tema de inúmeros artigos e estudos. São

especialistas e autores respeitáveis de todo o mundo debruçados sobre a questão numa

tentativa incansável de minimizar a dor, esclarecer o que está acontecendo e oferecer soluções

e saídas. No entanto, o que se escreve parece ainda estar distante do que as pessoas entendem

e praticam.

Ao me deparar com tantos pedidos de soluções e tantas tentativas de ajuda, me

pergunto: onde está o furo? Sim, deve haver alguma coisa errada com a nossa comunicação,

afinal, os pedidos são legítimos, as dificuldades são reais e a aflição é justa.

Acredito que, quando falamos dos maus relacionamentos e das dificuldades entre

pais e filhos, estamos falando, especificamente, de amor. Ou melhor, da falta de amor. Nós,

seres humanos, temos uma necessidade básica: sermos amados! Por isso, mesmo sem

perceber, todo o nosso movimento ao longo da vida se faz em direção ao amor. Tudo o que

queremos como resultadode nosso esforço é que as pessoas nos amem. E isso vale tanto para

nós, pais e mães, quanto para nossos filhos.

Se todos queremos amor, por que, então, parece tão difícil fazer com que essa conta

dê certo? A resposta está na infância. A começar pela infância que nós, pais e mães, tivemos.

Aquilo que aprendemos a chamar de amor em nossas casas, quando ainda éramos pequenos,

é exatamente aquilo que aceitamos e praticamos como forma de amor hoje, na vida adulta.

3
E assim como nós aprendemos o significado de amor com nossos pais e cuidadores,

nossos filhos também aprenderam conosco, por cópia e repetição. Portanto, para que

possamos melhorar a relação com nossos filhos, é preciso que estejamos, primeiramente,

dispostos a revisitar e compreender nossa trajetória da infância até aqui para, então,

modificar nosso entendimento e expressão do amor de forma positiva.

Em outras palavras: antes de desejar, criticar ou validar o amor que vem de fora,

devemos reestabelecer e renovar os nossos laços com o amor que vem de dentro, o amor-

próprio. Do contrário, continuaremos com os olhos voltados para fora e permaneceremos

à espera de respostas e mudanças externas. Relegaremos aos outros – principalmente aos

nossos filhos – o papel que nos cabe: construir um ambiente seguro e feliz, em que nosso

amor é pleno. Um ambiente propício para que eles também possam fortalecer e desfrutar

do amor-próprio para, enfim, serem capazes de definir seu entendimento particular de

amor e se tornem aptos a entregá-lo às relações conosco e com o mundo ao redor.

Este eBook tem, como objetivo, orientar pais e mães que buscam o melhor para

seus filhos. Reuni sete lições que devem ajudá-los a encontrar um caminho 5 nessa direção,

qualquer que seja ele. Sempre digo que não há uma receita pronta para a felicidade,

individual ou coletiva, mas, sim, muitas possibilidades e direções. Espero ajudá-los a

descobrir qual dessas trajetórias trará felicidade para vocês e para as suas relações com

seus filhos.

Boa jornada!

4
Para conhecer seus filhos,
primeiramente, conheça
a você mesmo


“ O bom exemplo começa em casa” e “educação vem de berço”. É o que dizem por

aí, não é verdade? Muita gente usa essas máximas de forma pejorativa, mas quero propor

que você pense comigo no real significado dessas sentenças.

Veja: se é verdade que o bom exemplo começa em casa, quais foram os bons

exemplos que você mesmo aprendeu na sua casa de infância? Quais comportamentos,

valores e crenças dos seus pais você carrega consigo até hoje? E se educação vem de

berço, qual foi a educação que eles lhe deram quando você era criança? O que você fez

e ainda faz com essas orientações, instruções e ensinamentos ao longo da sua vida?

Quantas dessas lições ainda segue à risca e quantas descartou por qualquer motivo?

Num primeiro momento, pode parecer complicado responder a essas perguntas.

Mas, insisto: tire uns minutinhos para você, apenas para você, e faça sua reflexão. Aliás,

tome o tempo que precisar. Se quiser, anote tudo num papel.

Reforço o motivo: relembrar aquilo que você viveu e aprendeu na infância é um

passo imprescindível para que possa alcançar tudo o que deseja. Essa viagem de volta ao

passado permitirá a você compreender como chegou até aqui.

E isso é Autoconhecimento, a mais poderosa ferramenta de crescimento pessoal

conhecida pela humanidade. Por isso, a minha proposta é que você se aproprie da sua

história para reconhecer quais foram as circunstâncias em que começou a ser, pensar e

agir da forma que é hoje. Tanto nos aspectos que considera positivos a seu respeito, como

nos aspectos que gostaria de modificar.

Ao realizar essa leitura profunda de si mesmo, você perceberá a influência dos

seus pais e cuidadores naquilo que você se tornou.

5
Por exemplo: conheço uma porção de gente que teve pais muito autoritários. Aí,
então, do alto de suas sabedorias infantis, essas pessoas decidiram ali, na infância mesmo,
que nunca mais receberiam ordens de alguém. Isso marcou a história e a vida delas com
tanta profundidade que, até hoje, na fase adulta, continuam fieis ao que prometeram a si
mesmas. Resultado: tornaram-se, elas próprias, autoritárias como os pais. Ou ao contrário:
foram tão mandadas quando pequenas que agora, adultas, preferem a submissão ao
outro. Anulam-se, acreditam-se incapazes de tomar decisões e dedicam-se apenas a
atender a vontade alheia.
Tanto em um caso como em outro, o que essas pessoas carregam e praticam
como verdade até hoje corresponde a uma crença infantil. E, como consequência, nem
a autoritária e nem a submissa alcançam o que de fato merecem, buscam e desejam –
porque continuam referenciadas na criança que um dia foram e não nas adultas que
têm potencial para ser. E, como disse antes, que é que elas buscam desde pequenas?
Sim, amor. Apenas amor. Em resumo, desde a infância, elas associam o ato de mandar e
obedecer ao amor.
O mesmo processo aconteceu com você, comigo e com todas as pessoas ao
nosso redor. E somente quando tomamos consciência disso é que podemos romper com
os valores e crenças infantis que permaneceram arraigados em nosso jeito de ser.
De volta ao exemplo anterior, a pessoa que compreendeu o impacto dos pais em
sua própria história reconhece de onde vem seu comportamento autoritário ou submisso
e, a partir desta consciência, ganha um extraordinário poder para modificar o que percebe
que dificulta sua relação, inclusive para escolher que novo comportamento adotar, como,
em que momento... Lembrando que não existe uma receita pronta, é um caminho a
percorrer, vivenciar e descobrir.

6
Em vez de se dedicar a atender aos anseios que criou quando ainda era criança,

ela tem a chance de decidir: esse é o caminho que quero seguir? Esse jeito me faz feliz?

Isso faz com que eu me sinta amado por mim? E pelos outros?

Escolhi o Autoconhecimento como primeira lição desse eBook por uma razão

muito simples: os pais que desejam conhecer, aproximar-se, entender ou simplesmente

amar aos próprios filhos precisam, antes, fazer tudo isso por si mesmos. E apenas quando

tiverem verdadeira consciência de quem são é que saberão olhar para os filhos com a

honestidade necessária.

Digo isso porque, com frequência, ouço reclamações como: “meu filho não

tem disciplina”; “meu filho não é comprometido”; “meu filho só me cobra presentes

e bens materiais”, entre tantas outras. E eu pergunto: com quem ele aprendeu esse

comportamento? Certamente, com os próprios pais ou pais substitutos (cuidadores).

Assim como nós copiamos e repetimos o que nossos pais e cuidadores nos

ensinaram, nossos filhos fazem e farão o mesmo. Quero lembrar que rejeitar o que

fazem os pais – ou seja, adotar uma postura completamente inversa – é também uma

forma de copiá-los e repeti-los. Destaco aqui atenção para uma informação também

importante: rejeitar o que fazem os pais e adotar uma postura completamente inversa

é resultado também do que se aprende na infância. Se minha mãe (ou meu pai) foi

muito submissa, eu posso me rebelar e ter verdadeira repulsa em ser uma pessoa

assim, tornando-me extremamente autoritária. Este “rebelar” é um aprendizado que

tem como base o que o que vivemos de negativo ou doloroso (para nós) na infância.

Sendo assim, pergunto: seus filhos lhe veem estimulados? Com o quê? Quando

fala do seu trabalho, qual é a história que você conta para eles? Você é apaixonado pelo

7
o que faz? Dedica-se muito ao trabalho para ter dinheiro? Qual seu propósito na vida?

Qual sua grande paixão? Você tem um hobby? Você se alimenta adequadamente, pratica

exercícios, é comprometido com sua saúde? Tem tempo para o lazer?

Percebe por que tudo isso é tão importante? Os exemplos, bons ou ruins, vêm

de casa, como dissemos no início. Então, tudo o que você mostra e pratica é o que eles

recebem e assimilam como valor, como crença, como princípio.

Se você trabalha por dinheiro, por exemplo, lembre-se que isso é seu valor,

por consequência, terá influência direta nos valores dos seus filhos. Então, se eles não

demonstram entusiasmo com a rotina de tarefas, se não cuidam de si mesmos, se não têm

disciplina, pode apostar: tudo isso vem da observação que fazem do seu comportamento

e das verdades que absorveram com você desde pequenos.

Portanto, se você quer o melhor para os seus filhos, comece, desde já, a fazer o

melhor por você.

8
Respire: tudo vai dar certo!

C omo disse na primeira lição, só existe a possibilidade de os pais desenvolverem


e estimularem seus filhos depois que tiverem feito o mesmo por eles próprios. A
responsabilidade de educar é mesmo grande e começa com esse olhar e transformação
interiores, o que exige comprometimento.
Por isso mesmo é que considero essa segunda lição de extrema importância.
Durante esse processo, que é longo e requer paciência, tenha calma; respire; e acredite:
SEUS FILHOS DARÃO CERTO!
Digo isso por uma razão simples: eles nasceram de você. E isso, por si só, é 50%
do que precisam para que possam desenvolver todo o potencial já incutido neles.
Então, afaste suas culpas, cobranças, ansiedades e aflições. Se você fortalecer
essas emoções, tão pesadas, sofrerá com elas e ainda correrá o risco de projetá-las neles. E,
claro, poderá se desviar do foco. E qual é o foco mesmo? Exatamente: seus filhos buscam
apenas o seu amor. Buscam sua tranquilidade, seu olhar, seu sorriso, seu reconhecimento.
Veja por que o Autoconhecimento também faz toda a diferença nesse sentido:
quando não nos conhecemos de fato, tendemos a viver um tanto presos ao passado (às
mágoas, ressentimentos e saudades) e um tanto presos ao futuro (ao medo do que virá e
à necessidade de planejar tudo o que está pela frente). Mas e quanto ao “hoje”? Observe:
hoje é o único presente que você tem. E, para os seus filhos, isso está muito claro! Para
eles, só o que existe é o agora.
Essa é a grande diferença entre a forma como pais e filhos enxergam, lidam e
assimilam o tempo. Conheço muitos pais e mães que trabalham 12, 14, 16 horas por dia.
Quando voltam para casa, veem-se confrontados por dois sentimentos opostos: orgulho
e culpa. Orgulho porque, afinal, tanta dedicação à carreira traz, como fruto, melhor
remuneração e consequentemente condições melhores para que possam investir no futuro
dos filhos. Culpa porque, para isso, deixam de estar presentes, abrem mão de acompanhar
os passos dos filhos mais de perto.

9
A esses pais, costumo dizer: nada de culpa. Culpa e autocrítica excessivas não
vão ajudar. Apenas reflitam: o que pode ser feito efetivamente para melhorar essa relação
entre tempo e presença? Para que haja mais equilíbrio entre tudo o que vocês dedicam à
vida profissional e a familiar?
Pais que trabalham muito normalmente usam sempre as mesmas justificativas
para os filhos. Dizem: “faço isso por vocês; trabalho muito para ganhar mais e para que
tenham uma qualidade de vida melhor, uma educação melhor e, enfim, tudo o que
precisarem e quiserem”. Isso também é valor. Ou seja: essa é a verdade que eles, pais,
praticam, carregam e reproduzem; logo, será o valor aprendido por eles, os filhos.
Então, questiono: ao reforçar tanto esse valor, qual outro tem ficado de lado?
A ideia de que “trabalhar é importante para que se possa desfrutar de um bom futuro”
alcança os filhos e, claro, pode ser muito positiva. Mas deve vir desassociada de crenças
como “quem tem dinheiro, não tem tempo” ou “profissionais bem-sucedidos abrem mão
da família por um bem maior”, que podem ser muito prejudiciais ao desenvolvimento e
amadurecimento deles.
Por isso, é necessário que os pais doem um pouco de seu tempo sem perder de
vista uma ideia central: os filhos precisam de equilíbrio, não de 24 horas de atenção. A
mudança é prática: se você está disponível agora, por apenas cinco, dez ou trinta minutos,
aproveite esse tempinho para dar colo e afeto. Ouça-os com atenção. Mostre interesse na
vida escolar, na convivência com professores e colegas, na relação deles com os outros
membros da família.
Isso é fundamental, a qualidade do tempo com eles precisar ser deles (e não
do celular, da TV ou do computador). Faça bom uso desse tempo, ainda que seja curto, e
lembre-se: tudo o que eles precisam de você está no agora, não no depois, não no mais tarde.
É nossa responsabilidade, como pais, pensar no futuro deles. Em contrapartida,
como disse, nossos filhos estão focados no hoje, no aqui e no agora. E o Autoconhecimento

10
vai lhe ajudar não a ignorar o futuro, mas a fincar os pés no presente no tempo em que ele
acontece para que possa entregar a seus filhos aquilo que eles tanto desejam agora: amor.

Respire com consciência


Um dos principais instrumentos para praticar e desenvolver o Autoconhecimento
é a respiração. Sabe por quê? De tudo aquilo que você sabe fazer hoje, há algo que ninguém
nunca precisou lhe ensinar. Desde que saiu da barriga da sua mãe, você aprendeu a respirar,
afinal, trata-se da ação mais espontânea e necessária à sua sobrevivência. Por isso, a maior
parte das pessoas apenas... Respira. Enche e esvazia os pulmões sem se dar conta de que esse
ato inconsciente é o combustível que mantém a mente e o corpo a pleno vapor.
Na contramão disso, a consciência sobre nossos gestos, ações e emoções éa
verdadeira chave para a transformação pessoal. E, como disse antes, quando sabemos e
reconhecemos aquilo que somos, temos a grande oportunidade de modificar a forma como
nos relacionamos com nós mesmos e com o universo ao nosso redor.
Porém, é importante lembrar que essa compreensão não se dá do dia para a noite.
Ela merece ser praticada o tempo todo para que, de fato, tenhamos a chance de identificar em
que e como podemos nos tornar melhores para nós mesmos e, depois, para o mundo que nos
cerca.
É por isso que respirar com consciência faz toda a diferença. Faz com que paremos
alguns instantes para prestar atenção em nós. Aumenta o nível de oxigênio no cérebro,
o que permite ao mesmo fazer melhores conexões neurais; por outro lado, ao expirar o ar
eliminamos toxinas do corpo. Ou seja, nesta aparente simplicidade da respiração consciente
há um poderoso exercício de vida.
Minha dica é: faça uma pausa no seu dia e direcione sua mente e seu corpo para
o seu processo respiratório. Desprenda-se do seu entorno e mantenha o foco apenas na
forma como o ar entra e sai. Repita esse exercício pelo menos dez vezes ao dia. Assim, você
começará o seu treinamento.

11
Reconheça seus filhos

N a lição anterior, falei sobre a importância de fazer bom uso do tempo que você

tem e compartilha com seus filhos. Chamo isso de presença: tudo o que eles

querem é que você esteja realmente ali, focado, atento e disposto. Mais que isso, presença

é também reconhecer seus filhos como as pessoas que eles já são para que possa

efetivamente estimulá-los a se transformarem em pessoas ainda melhores.

Observe que, mesmo muito pequenas, todas as crianças já demonstram

personalidade. Umas são mais choronas, outras dorminhocas, outras ‘fazem manha’

para comer, entre tantas outras possíveis variações de comportamento. E, com o passar

do tempo, as características individuais se tornam cada vez mais fortes, mais claras.

Reconhecer seus filhos é, justamente, observá-los com atenção para identificar esses e

outros traços que lhes tornam seres únicos. Quais são seus atributos? E dificuldades? Evite

compará-los aos irmãos, primos ou a qualquer outra pessoa.

Mantenha o foco neles e seja curioso. O seu objetivo é descobrir apenas quem

e como eles são. Como mãe, quero relatar a minha própria vivência nesse sentido. Tenho

quatro filhos e cada um deles me trouxe uma experiência completamente diferente. A

minha segunda filha, por exemplo, sempre foi uma ótima aluna.

Dedicada, tirava notas excelentes. Nascido dez anos depois, o meu terceiro filho

seguiu outro caminho. Sua primeira nota vermelha apareceu no boletim da segunda série

do Ensino Fundamental; a primeira de tantas outras. Compará-los, ainda que apenas com

base no desempenho escolar, nunca foi uma possibilidade. Afinal, além da diferença de

idade, eles apresentavam talentos e dificuldades muito particulares. As notas me serviam

de parâmetro, mas jamais bastariam para que eu avaliasse o desenvolvimento ou o

potencial de cada um.

12
Hoje, ambos chegaram à fase adulta e agora percebo claramente o quanto foi importante

dar espaço para que crescessem no seu próprio ritmo e caminho. Com seus atributos

tão específicos, eles encontraram as ferramentas de que necessitam para conquistar

felicidade e bem-estar.

Compartilho essa história apenas para reforçar minha proposta. É preciso olhar

para a criança, observá-la para que tenha a oportunidade de mostrar seus

talentos e dificuldades. Essas características, aliás, aparecem naturalmente, desde que nós,

pais, estejamos de olhos bem abertos. Basta uma simples brincadeira para que possamos

observar, por exemplo, se estamos diante de uma criança introvertida ou extrovertida,

líder, produtora, mantenedora, entre tantas outras possibilidades.

O que nossos filhos mais desejam é serem vistos, não moldados dentro de valores

preestabelecidos. Eles nasceram prontos para se desenvolverem com suas qualidades

inatas. E, se puderem ser reconhecidos, crescerão em todas as suas inteligências. Basta

que lhes ofereçamos a oportunidade e o direito de que sejam apenas quem e como são.

13
Ofereça 50% de afeto
e 50% de limite

A nteriormente, eu disse que culpa e autocrítica excessivas não ajudam. Quero,


aqui, explicar o porquê disso. Costumo dizer que a culpa funciona como gasolina
da repetição. Quando nos sentimos culpados por algum comportamento, nosso piloto
automático nos leva à autopunição. Mas, mesmo depois de punidos por nós mesmos,
acabamos por retomar o comportamento negativo e entramos num movimento cíclico
que parece sem fim. Fechamos, assim, as portas que nos levariam para a possibilidade de
mudança.
Veja um exemplo: muitos pais, culpados pela falta de tempo, pela dificuldade
em dialogar ou em demonstrar carinho, entre tantas outras possíveis razões, acabam por
recorrer aos mimos como forma de compensação. Sentem que erraram, que deixaram
a desejar e, em vez de rever o próprio comportamento, tentam corrigir a situação. Às
vezes, com presentes e bens materiais. Outras, com permissividade ou ‘quebras de regras’.
E quanto maior a culpa, maior a ‘troca’ a que recorrem para amenizá-la.
Mimar em excesso é um comportamento cada vez mais comum – até porque
muitos pais, movidos justamente pela culpa, sequer diferenciam o cuidado do mimo. Aqui
vai uma dica extremamente importante: as crianças precisam de 50% de afeto e de 50%
de limites. Isso significa que, de fato, é papel dos pais dar colo, bem como estabelecer
regras, definir o que pode e o que não pode.
Permitir que os filhos façam o que querem e quando querem ou atender a todas
as suas vontades e desejos está longe de representar afeto. Pelo contrário: sempre que
oferecemos soluções e resoluções ‘de mão beijada’, como dizem por aí, reforçamos em
nossos filhos a crença de que eles são ou seriam incapazes de fazê-lo por conta própria.
Deixamos de lhes oferecer dificuldades e, assim, anulamos a sua capacidade de reconhecer
e superar obstáculos.

14
Sempre que falo neste assunto, recorro à mesma metáfora: mimar em excesso

equivale a remover as pernas dos nossos filhos na infância e, depois, cobrá-los na

adolescência e fase adulta para que andem ou corram em direção aos seus objetivos.

Assim esperamos porque, em nossa crença, demos a eles todas as oportunidades;

logo, ficamos decepcionados quando não fazem o uso que gostaríamos de tudo que

lhes foi dado. Ignoramos, porém, o fato de que não os ensinamos a lidar com limites,

regras e dificuldades. Resultado: estamos criando adultos incapazes de amadurecer e de

conquistar, pelas próprias mãos, os próprios méritos.

Por isso, se você quer que seus filhos tenham tudo, dê a eles afeto e também a

chance de que aprendam por conta própria. Ofereça a possibilidade de frustação – que,

muitas vezes, significa lhes dizer mesmo ‘não’. Assim, eles se tornarão mais capazes de

compreender, lidar e superar as eventuais frustrações que lhes aconteçam ao longo da

vida (falarei mais sobre isso nas próximas lições).

Esta palavra – ‘não’ – nem sempre é a que mais gosto de usar, porque para dizê-la

você tem que reforçar a ação proibitiva na fala, repetindo mais uma vez aquilo que deseja

evitar. Deixe-me explicar melhor, ao dizer: “não brigue com seu

irmão”, “não xingue o amigo da escola”... Enfim, junto com o ‘não’ você destaca o indesejado.

Nosso cérebro, de fato, está registrando uma vez mais ‘...brigue com seu irmão...’, ‘...xingue

o amigo...’, pois isso é neurológico.

É como pedir para você: “não pense num elefante cor de rosa”. Então, você

conseguiu não pensar? O cérebro passa pelo ‘não’ e, em seguida pela ‘ação indesejada’.

No entanto, reconheço que há situações em que esta palavra nos auxilia rapidamente,

15
portanto, se você ficar na dúvida sobre como estabelecer limites e regras, aí vai outra dica:

sempre que disser um não para os seus filhos, apresentelhes imediatamente três sim’s.

Por exemplo: “na casa da vovó, você não pode fazer bagunça; mas você pode assistir à

televisão, brincar com seus brinquedos e tomar lanchinho”. Ou ainda: “você não pode ficar

com seus amigos na rua até tarde; mas você pode jogar videogame ou ficar conectado à

internet até determinado horário, e também pode ir ao cinema comigo”.

Sempre ofereça opções. Do contrário, o entendimento deles, principalmente na

infância, será o de que estão sempre proibidos de tudo. E o proibido, muitas vezes, é

justamente a válvula de escape necessária para que chamem sua atenção. Sim, aí está

outro comportamento infantil muito comum: com frequência, crianças que fazem muita

birra ou são desobedientes descobriram, nessa forma de ser, a ferramenta mais eficaz para

conquistar a atenção dos pais. Ainda que seja uma atenção negativa, seguida de broncas

e castigos, é tudo de que eles precisam, lembra? Serem vistos para que se sintam amados.

Agora, pergunte-se: quantos adultos ‘birrentos’ você conhece hoje? Quantas

pessoas ao seu redor você diria que são mimadas, porque querem que tudo seja apenas

do jeito delas e fazem o que for preciso para que isso aconteça?

A aceitação da atenção negativa como uma forma de amor tem início da infância

e frequentemente fica instalada na personalidade até a fase adulta. Essa também é uma

das razões pelas quais aconselho aos pais que evitem bater ou recriminar seus filhos com

xingamentos e ameaças. Afinal, quem obedece ‘na porrada’, aprende a ter medo, mas

não aprende a diferenciar o certo do errado. Assimila, para si, que aquele determinado

comportamento é ruim porque traz, como consequência, uma punição severa. Mas nem

sempre compreendem a razão pela qual, de fato, o comportamento é negativo.

16
Recompense a você
e a seus filhos

O utro dia, uma amiga me contava que havia mudado seus hábitos para dedicar
mais atenção à filha pequena. Estava culpada porque passava muito tempo no
trabalho, enquanto a criança ficava com a avó. Conseguiu remanejar horários e, há alguns
meses, reservava duas noites da semana para ficar apenas com a filha. Estava muito feliz
com a mudança, mas continuava com o peso da autocobrança. Dizia: “Acho que ainda é
pouco; deveria fazer mais e melhor”.
Bem, como disse antes, a culpa é perigosa justamente por isso: se continuamos
a alimentá-la, corremos o risco de nos achar insuficientes e de voltar ao comportamento
anterior. Afinal, se nada do que fazemos é bom o bastante, então, por que fazê-lo? A
melhor forma de escapar desse círculo vicioso é reconhecer e recompensar a si mesmo
pelo o que já foi alcançado. Tal como disse à minha amiga: “Oras, você se propôs a uma
mudança e a cumpriu. Parabéns! Reconheça-se por esse esforço e por essa conquista!”.
Compartilho essa história porque quero reiterar uma informação já conhecida
pela ciência: o ser humano aprende pelo afeto, pelo elogio, pela recompensa. Presente
em nosso cérebro, o chamado sistema límbico é responsável por gerenciar cada uma das
nossas emoções e comportamentos sociais. Cada vez que esse sistema recebe informações
positivas sobre nós mesmos, naturalmente ele estimula nosso organismo como um todo,
como se nos parabenizasse pelo feito. Logo, passamos a desfrutar de sensações prazerosas
como plenitude, motivação, alegria e felicidade.
A inteligência humana vai além: ao mesmo tempo em que regula nossas
emoções, o sistema límbico assimila em quais condições recebeu informações positivas
a nosso respeito. Tudo o que ele quer é nos recompensar e, portanto, insistirá para
que continuemos a vivenciar aquelas mesmas situações que têm nos proporcionado
sensações positivas. Ou seja, quanto maior a recompensa, maior o estímulo; e quanto
maior o estímulo, maior será a recompensa.

17
Retomando, o círculo vicioso da culpa e da autopunição só se encerra quando oferecemos,

a nós mesmos, o devido reconhecimento por aquilo que já fizemos de bom. Isso acontece

porque, quando nos recompensamos por nossas conquistas, o sistema límbico também

nos recompensa com estímulo; e, se estamos constantemente estimulados, encontramos

motivação suficiente para persistir em direção a novas e melhores conquistas.

Sabendo disso, quero lhe propor a seguinte reflexão: como é que funciona o seu

departamento de recompensa? Você tem se validado e reconhecido seus próprios feitos?

Você tem se presenteado a cada conquista? De que forma?

Isso é importante em todos os âmbitos da sua vida, não apenas no aspecto

familiar. Sempre que você se propuser a algum objetivo, por menor que seja, e conseguir

alcançá-lo, lembre-se de fazer algo por si que lhe traga satisfação e lhe sirva como um

presente. Necessariamente, não precisa ser nada grandioso ou dispendioso. Proporcione

a si mesmo uma sessão de cinema, um jantar naquele restaurante de que gosta ou

um passeio ao parque. Serve qualquer coisa que lhe traga apenas prazer e bem-estar.

E, enquanto faz isso, elogie-se pelo o que conseguiu. Essa é a informação de que seu

sistema límbico necessita para alimentar seu organismo continuadamente com estímulo

e motivação.

Bem, talvez você esteja se perguntando como é que a sua autorrecompensa afeta

a relação com seus filhos, certo? Bem, para começar, ao verem como você se presenteia

pelos seus próprios méritos, eles aprenderão a fazer o mesmo. Consequentemente,

desfrutarão do mesmo estímulo.

Além disso, pais que se autorrecompensam ganham a oportunidade de

recompensar adequadamente aos filhos pelos méritos por eles alcançados. Sim, lembra

18
do que eu disse? É nosso papel, como pais, oferecer 50% de afeto e 50% de limite. E afeto

também significa criar formas de demonstrar e parabenizar nossas crianças por tudo

aquilo em que foram bem-sucedidas.

Seus filhos tiraram notas altas? Tiveram um bom comportamento na casa dos

avós? Foram educados com os coleguinhas de classe? Foram obedientes e seguiram as

regras que você estipulou numa determinada situação? Recompenseos. Mostre a eles que

você está orgulhoso. Diga: “Parabéns! Você conseguiu! Que ótimo! Deu certo!”.

Presenteie-os pelo sucesso, mas lembre-se que bens materiais nem sempre dão

conta do recado. Abraços, beijos e gestos de atenção são, definitivamente, as melhores

recompensas que eles podem receber de você.

A história que você conta


faz toda a diferença

No início deste eBook, propus a você que resgatasse sua história para saber
como chegou até aqui. Gostaria que retomasse essa reflexão agora e tentasse se lembrar:
o que é que seus pais ou cuidadores diziam sobre você para você? E para os outros?
Quais características lhe foram atribuídas? Diziam que era uma criança calma? Agitada?
Esforçada? Preguiçosa? Malcriada? Obediente? Quais desses “rótulos” continuam a lhe
acompanhar desde então?
Quero chamar a sua atenção para o fato de que todos nós somos feitos de relatos.
O que nossos pais disseram a nosso respeito é, muitas vezes, aquilo que aceitamos como
verdade ainda hoje. Somente quando conquistamos consciência sobre nós mesmos é que
conseguimos definir se somos, de fato, aquilo que nos disseram – e se estamos felizes
sendo dessa forma.

19
Digo isso porque, se fizer um trabalho sério a seu respeito, é possível que descubra que

algumas histórias que você mesmo conta a seu respeito são falsas. Você ouviu, assimilou

e acreditou nelas porque lhe contaram como se fosse verdade, porém nunca parou para

questioná-las. Portanto, se isso aconteceu com você, o mesmo poderá acontecer com seus

filhos em relação às histórias e relatos a respeito deles que, hoje, quem conta é você.

É por isso que elogiá-los será sempre de fundamental importância. Esses relatos

positivos possibilitarão a eles que construam uma autoimagem muito mais próxima da

realidade e de quem realmente são. Para isso, vale lembrar, mimos e mentiras devem ser

descartadas. Digo: apenas elogios sinceros e verdadeiros têm efeito.

Você gostou do que eles fizeram? Diga que gostou. Aliás, conte aos outros

que gostou. Eles ouvirão e sentirão imensa alegria em terem suas competências bem

reconhecidas por você e pelos outros. E, então, passarão a contar, para si mesmos, uma

história muita mais positiva a respeito de quem são.

20
Instrumentalize-os
para a vida

Q uando os bebês nascem, o instinto de proteção surge natural e espontaneamente


nos papais e mamães. Como muitos dizem, “dá vontade de colocá-los numa
redoma de vidro”, apenas para garantir que estejam sempre sãos e salvos. E, conforme
crescem os filhos, mais os pais desejam profundamente defendê-los de todas as amarguras
do mundo.
Essa história é tão comum que já foi contada até mesmo nos desenhos da Disney.
Lembro-me de um diálogo entre dois personagens de um longametragem que ficou
bastante famoso. Nele, um pai superprotetor diz à amiga: “Faço tudo o que for preciso
para que nada aconteça ao meu filho”. Ao que ela responde: “Mas se nada acontecer ao
seu filho, nada acontecerá ao seu filho”.
O raciocínio desta personagem é mesmo muito inteligente! Veja: se os pais de
fato conseguissem proteger seus filhos de tudo e de todos estariam impedindo, assim,
que eles, os próprios filhos, descobrissem como se proteger.
Evidentemente, é papel dos pais cuidar de suas crianças e afastá-las de eventuais
perigos. Mas há uma grande distância entre defendê-las dos riscos reais e protegê-las de
tudo o que pode acontecer a elas. Principalmente porque a primeira opção está ao nosso
alcance; a segunda, não.
Cabe aos pais, portanto, reconhecer primeiramente a incapacidade de
preservar seus filhos de todos os males que existem no mundo. E, em segunda instância,
instrumentalizá-los com as ferramentas de que precisam para que sejam capazes de
decidir, viver, andar, escolher e agir em qualquer situação por conta própria.
O primeiro passo para instrumentalizar é responsabilizar, ou seja, demonstrar aos
filhos quais são suas responsabilidades e tarefas e acompanhá-los de perto para garantir
que vão dar conta de cumpri-las. E, caso não o consigam, definir qual será a consequência
para aquela situação.

21
Isso é, aplicar alguma medida que signifique: “o seu comportamento

foiinadequado e, sempre que você reproduzir uma atitude como essa, terá de arcar com

tais consequências”. Como disse antes, bater, xingar ou agredir são formas ineficazes de

punição, afinal, ensinam nossos filhos a obedecerem por medo e não por distinção entre

o certo e o errado.

Portanto, responsabilização nada mais é que aplicar o conceito de causa e efeito.

Digamos, por exemplo, que seu filho sujou o carpete, mesmo depois de ter sido advertido

a não comer sobre ele. Você pode sentar-se à frente dele e dizer: “não gostei do que você

fez. Como resolvemos isso agora? O que faremos para consertar? Você não acha que me

deve desculpas?”.

Deixe que ele pense sobre o que aconteceu até que entenda que é responsável

por ajudar a manter o carpete limpo. Mais que isso, permita também que ele próprio

proponha uma solução para a situação. Lembre-se: o mais importante, aqui, é que ele

assimile o que houve de fato e por que aquilo foi ruim.

Por isso, de nada vai adiantar você repetir insistentemente, por exemplo, que ele

não é capaz de comer sem se sujar. Aliás, mesmo na hora da bronca ou da raiva, evite os

adjetivos negativos. Em vez de “você é feio” ou “você é ruim”, diga “o que você fez foi feio;

o que você fez foi ruim”. Tudo isso é relato e você não quer que ele acredite nessa história,

certo? Ao contrário, o que realmente quer é que ele tenha autonomia para que consiga

realizar essa tarefa da forma adequada.

E como é que a gente dá autonomia? Primeiro, estabelecemos qual a atividade

a ser realizada; depois, cobramos sua realização. Caso a criança tenha sido bem-sucedida,

cabe a nós a elogiarmos e a parabenizarmos por isso. Caso tenha falhado, é nosso papel,

22
então, ensiná-la novamente até que seja capaz de cumpri-la. Como dizia um grande amigo

meu, “educar é repetir meia dúzia de palavras um milhão de vezes”.

Por isso, ensine, cobre, ensine, cobre, quantas vezes forem necessárias até que

eles sejam capazes de realizar aquela tarefa por conta própria. Aprenderam? Parabenize,

elogie, e parta para o próximo ensinamento. Isso é autonomia. Isso é responsabilização.

Ser pai/mãe
é uma função

No início dessa lição, falei sobre os pais superprotetores e as consequências

dessa postura. Frequentemente, esses mesmos pais são os que afirmam: “Faço tudo pela

felicidade do meu filho”. Digo a eles: “Vocês não têm a obrigação de fazê-los felizes; sua

obrigação é instrumentalizá-los para que possam encontrar a própria felicidade, para que

possam percorrer o caminho que quiserem em direção ao sucesso”. E nada mais.

Outra frase muito comum: “Meu filho é minha vida”. Que pena! Seu filho, com

certeza, é uma pessoa maravilhosa, incrível e sensacional que merece ter a própria vida,

não a sua. Diante desse e de outros relatos, recomendo sempre aos pais que se separem

de seus filhos. Que os libertem da ideia de que são responsáveis por outra vida e por outra

felicidade que não as deles mesmos. Afinal, se ele é sua vida, isso significa que a vida dele

é sua. E esse valor ou crença, pode apostar, acabará representando um preço muito alto a

ser pago pelos seus filhos.

23
Pais superprotetores merecem, enfim, mudar o discurso e rever a história que

contam para si. Isso significa compreender: “meu filho é meu filho; e eu sou a mãe (ou o

pai) dele. Essa é minha função e não a minha vida como um todo”.

Seja ou não superprotetor, quero que você se lembre apenas que seus filhos

darão certo. Todos os instrumentos que deu e dá a eles são legítimos e, portanto, serão

igualmente intrínsecos às suas personalidades. Evidentemente, no meio do caminho, eles

poderão transgredir seus princípios, desobedecer suas regras ou se rebelar. Mas, se você

der recursos, será apenas uma questão de tempo para que tudo fique bem.

24
Tempo e paciência são
fundamentais às transformações
que você deseja

A té aqui, propus a você uma série de reflexões e dicas que podem lhe ajudar a

melhorar a relação com seus filhos (ou mesmo com seus pais). Para finalizar,

nesta última lição, quero reforçar que é preciso paciência, persistência e prática para que

consiga transformar positivamente e efetivamente seus relacionamentos.

Sempre falo sobre esses 3 P’s porque tenho observado que muitas pessoas

cultivam o imediatismo em suas vidas e acabam frustradas diante dos desejos não

realizados. A sensação de frustração, na realidade, surge da não aceitação do esforço e

tempo a serem conjugados naquela direção. E, ainda, da incapacidade de avaliar quais

comportamentos devem ser modificados até que se esteja, de fato, pronto a alcançar tal

realização.

Com frequência, a busca pela concretização de uma meta esbarra em obstáculos

e, diante deles, cabe a cada um de nós avaliar o que deu certo e o que deu errado. Essa

trajetória, por vezes, nos proporciona aprendizados únicos, ainda que não nos leve

diretamente ao objetivo esperado. Sendo assim, a verdadeira questão é: o que você

aprendeu com isso? Se esse caminho não deu certo, qual outro pode percorrer em direção

ao seu real desejo?

Observe que essa é a diferença entre a teimosia e a persistência. A primeira fará

com que repita as mesmas ações incessantemente em busca do seu objetivo; a segunda o

levará a encontrar meios e possibilidades diferentes para alcançá-lo.

Lembre-se que, consciente ou inconscientemente, cada pessoa planeja a própria

trajetória. O que você vive hoje é fruto das decisões que tomou no passado. Da mesma

forma, as escolhas que fizer no momento presente determinarão como será seu futuro.

Onde, como e com quem você deseja estar em alguns anos?

25
Ao dizer tudo isso, só quero que compreenda que você certamente precisará insistir nas
mudanças a que se propuser. No início deste eBook, falei que nós, assim como nossos
filhos, aprendemos com nossos pais por cópia e repetição. Portanto, a repetição dos novos
hábitos que você deseja instalar será imprescindível para que, de fato, eles se instalem.
A pergunta a ser feita, então, é: quais são as mudanças que você deseja? E como
você pode dar início a elas a partir de você mesmo? Lembra? Se você quer filhos saudáveis,
seja saudável. Se você quer que sejam amorosos, trabalhadores, entusiasmados, dê o bom
exemplo. Eles vão aprender com você, por cópia e por repetição, graças à sua presença.
Sim, naquela meia horinha por dia, naquele momento que separou para ficar com eles, só
com eles.
E, repito, dê tempo para que as mudanças alcancem e se instalem neles. Ainda
que, em algum momento, o comportamento que tiverem pareça distantes daquilo que
você ensinou, espere. Todos nós, na vida, temos tempo suficiente para que possamos
nos perder e nos achar. Com eles, não será diferente, principalmente se tiverem um lar
carinhoso e afetuoso como referência.
Por fim, gostaria de encerrar com uma última dica. Sempre que possível, tsempre
que tiver oportunidade mesmo, diga aos seus filhos que há uma luz no coração deles. E
que essa luz nunca se apaga. Essencialmente quando fizerem algo que considera negativo.
Repita essa frase por toda a vida até que eles próprios reconheçam e acreditem nessa luz.
Assim como eu, tenho certeza de que tudo o que você mais quer para os seus
filhos é que sejam apenas e simplesmente felizes. E o melhor que pode fazer nesse sentido,
acredite em mim, é ser feliz. Assim, seus filhos não encontrarão outra alternativa que não
repetir o seu caminho. Espero ter lhe ajudado e torço para que alcance todos os objetivos
e metas a que se propuser!

26
Sobre a Autora
Heloísa Capelas é considerada uma das maiores
especialistas do país em Autoconhecimento e
Inteligência Comportamental. Há cerca de 30 anos atua
com desenvolvimento humano e aplica cursos com a
metodologia Hoffman, considerada por Harvard um dos
trabalhos mais eficazes de mudança de paradigmas.
Conferencista nacional e internacional, é autora do livro
O Mapa da Felicidade e co-autora de mais cinco livros
sobre Gestão de Pessoas, Coaching e Inteligência
feminina. Diretora do Centro Hoffman,
é Coach, Master Practitioner em PNL,
Pós-Graduada em RH e Graduada em
Assistência Social.

Para falar com a especialista escreva para


heloisa@centrohoffman.com.br
Visite também: www.centrohoffman.com.br
e www.heloisacapelas.com.br

Centro Hoffman: (11) 3648-3340 I (11) 3832-3050 27

Você também pode gostar