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ACOLHIMENTO HUMANIZADO DO PACIENTE

ODONTOHEBIÁTRICO

OLIVEIRA, Giorgio Roberto Silva1


CORDEIRO, Jamile Lopes
VENTURA, Lílian Maria dos Santos
SANTOS, Lorena Carvalho da Silva
SANTOS, Maria Clara Silva dos
VALE, Mariana Villena Rodrigues do
CARVALHO, Tifani Ayla Lima de
LEITE, Mariana Ferreira2
Graduação, Centro Universitário Unifas (UNIME) – Odontologia

A adolescência é um período caracterizado por significativas mudanças


físicas decorrentes do processo de transição do corpo infantil para o corpo
adulto, bem como mudanças comportamentais que causam repercussões na
saúde bucal desse indivíduo. Nesse contexto, a abordagem do adolescente
exige postura adequada do profissional de saúde, conhecimentos técnicos,
compreensão das mudanças e seus impactos na cavidade oral.

O presente trabalho abordou as repercussões das mudanças físicas e


comportamentais na cavidade oral, a descrição dos principais agravos em
saúde bucal da adolescência, bem como a discussão sobre a consulta
odontohebiatra, particularmente a abordagem, comunicação, sigilo e
confidencialidade no atendimento.

Foram consultadas bases de dados com literatura especializada como:


Scielo, Google Acadêmico e livros específicos da odontologia, utilizando os
descritores cadastrados no DeCs : Medicina do adolescente, Humanização da
Assistência, Odontologia e Odontopediatria. A pesquisa foi realizada através de
uma análise de artigos publicados nos últimos 10 anos. Foram selecionados
artigos que abordaram o acolhimento de forma humanizada em pacientes
odon-

_________________
Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário UNIFAS (UNIME) Av. Luiz Tarquínio
Pontes, 600 – Centro, Lauro de Freitas - BA, CEP: 42.702-420
E-mail:giorgio.roberto@bol.com.br
2
Doutora em Materiais Dentários – FOUSP/SP. Docente do curso de Odontologia da UNIFAS.
E-mail: mariana.leite@kroton.com.br
tohebiátricos, os agravos que mais acometem os adolescentes, os principais
distúrbios do comportamento da adolescência, a importância da comunicação
aberta entre profissional e paciente, além da discussão sobre sigilo e
confidencialidade no atendimento odontológico do paciente adolescente.

É extremamente importante que o cirurgião-dentista saiba ouvir,


entender as expectativas, os receios e necessidades do adolescente em
relação aos cuidados com a saúde bucal, colaborando no sentido de fazer com
que o paciente reflita sobre suas condutas e sobre as possibilidades de
escolhas mais saudáveis. O foco principal do atendimento ao paciente
adolescente deve ser a consciência do autocuidado e a incorporação de
hábitos de saúde que perdure por toda a vida (BUSSADORI, 2012).

As principais mudanças físicas que ocorrem no paciente adolescente


são a puberdade, o crescimento físico corporal desordenado e o processo de
erupção dentária. A puberdade ocorre em decorrente da maturação sexual do
indivíduo e as alterações hormonais associadas afetam a formação do biofilme
dentário, a síntese de colágeno e defesas imunológicas dos tecidos gengivais.
O processo de irrompimento dentário confere uma adaptação periodontal e
aumento do sulco gengival, que se normaliza com a definição da oclusão do
elemento dentário. O crescimento desorganizado, além dos desequilíbrios
corporais propícios à acidentes e traumatismos dento alveolares, são grandes
motivos de insatisfação do jovem, que vive numa sociedade com padrões
estéticos rigorosos (BUSSADORI, 2012).

Alguns transtornos são observados nessa fase decorrentes da


insatisfação com a nova imagem corporal, tais como a bulimia, anorexia e
compulsões alimentares, além de depressão, fobia social, transtorno obsessivo
compulsivo. Os distúrbios do comportamento também são observados com
frequência, incluindo o abuso de drogas líticas e ilícitas como anabolizantes,
álcool, tabaco, maconha, cocaína. O cirurgião Dentista deve estar atento aos
sinais bucais relacionados ao uso de drogas como aumento mandibular
decorrente da hipertrofia muscular, problemas periodontais, halitose,
manchamento dental, maior potencial de desenvolvimento do câncer bucal,
candidíase, redução do fluxo salivar, ulcerações em mucosa, entre outros. Os
principais agravos da saúde bucal do paciente adolescente são a biofilme
dependentes, como a cárie dentária e a doença periodontal. A falta de
motivação com o autocuidado, a negligência com os hábitos de higiene e
controle mecânico do biofilme e práticas alimentares inadequadas contribuem
para o desenvolvimento desses agravos (ANTUNEZ, 2005).

Além disso, maloclusão, traumatismos dento alveolares, fluorose


dentária e uso de marcas identitárias (piercings dentários) são frequentemente
observados na cavidade oral do paciente adolescente. Para a consulta
odontológica, é importante que o prontuário seja adaptado para essas
ocorrências típicas da adolescência, com perguntas da anamnese direcionada
às especificidades do público jovem, bem como a análise de risco para os
agravos em saúde bucal. O CD deve oferecer a oportunidade do adolescente
de falar de si, confidencialmente. Para isso é fundamental que o atendimento
ocorra em dois momentos, o primeiro assistido pelo seu responsável e no
segundo é interessante do paciente está sozinho, pois ele pode não querer
confidenciar algumas informações necessárias na presença dos responsáveis
(ALMEIDA; et al; 2012).

O atendimento odontológico para adolescentes exige uma certa


minuciosidade por abranger questões bioéticas, éticas e legais. De acordo com
Duque, et al. (2013) “a privacidade não está, obrigatoriamente, vinculada a
confidencialidade e ao sigilo”. Importante ressaltar que os relatos obtidos
durante anamnese devem der conservadas em sigilo, em exceção quando o
paciente sofre algum tipo de risco como, pacientes que sofrem algum tipo de
violência seja ela física ou até sexual. A violência é considerada um problema
de saúde pública. “A observância do dever moral do cirurgião-dentista é
fundamental para o exercício ético da profissão” (ALMEIDA; et al; 2012).

A abordagem com enfoque na estética do sorriso é uma boa estratégia


para a motivação do paciente adolescente para engajamento ao atendimento
odontológico (TADDEO et al., 2018). Acredita-se que conhecer hábitos,
atitudes, conceitos e preferências dos pacientes, quanto aos serviços
odontológicos e a sua visão a respeito do perfil profissional, são fatores que
podem favorecer a regularidade dos cuidados com a saúde bucal por parte dos
adolescentes (BOTTAN, 2015). O cirurgião dentista precisa conhecer seus
pacientes, saber interagir e se comunicar, a fim de criar uma relação de
confiança. Para os adolescentes, o profissional precisa estabelecer uma
relação empática, pois esperam ser respeitados em sua singularidade e
individualidade e compreendidos quanto às modificações que estão
vivenciando (STEINBERG, 2005).

Conclui-se que a abordagem e comunicação são ferramentas essenciais


no atendimento do paciente odontohebiátrico. O modo de se comunicar com o
adolescente está fortemente vinculado a uma relação humanizada, sendo
necessário uma atenção e cuidado mais minucioso, no qual suas inseguranças
e medos são compreendidos e seus desejos respeitados.

PALAVRAS CHAVES: Medicina do adolescente; Humanização da


Assistência; Odontologia; Odontopediatria.
Nível do trabalho: Graduação
Referências:

ALMEIDA, A.H.V et al. A responsabilidade dos profissionais de saúde na


notificação dos casos de violência contra crianças e adolescentes de acordo
com seus códigos de ética. Arquivos de Ciências Odontológicas, v. 48, n. 2,
p. 109-115, 2012.

ANTUNEZ, M.E.M. Principais problemas Odontológicos dos Adolescentes.


Adolescência & Saúde, v. 2, n. 4, p. 12-16, 2005.

BOTTAN, E.R. et al. Percepção de adolescentes sobre as competências


essenciais ao cirurgião-dentista. Arquivos em Odontologia, v. 51, n. 3, p, 145-
150, 2015.

BUSSADORI, Sandra Kalil. Manual de Odontohebiatria. 2ª ED. São Paulo:


Santos, 2012.

DUQUE, C. et al. Odontopediatria: uma visão contemporânea. São Paulo:


Santos, 2013.

GUEDES-PINTO, A.C., BONECKER, M; DELGADO, C.R.M. Fundamentos de


odontologia: Odontopediatria. São Paulo: Santos, 2014.

TADDEO, D.; EGEDY, M., FRAPPIER, J.Y. Adesão ao tratamento em


adolescentes. Pediatria & Saúde infantil, v. 13, n. 1, pp.19-24, 2018.

SILBER, TJ. Aspectos éticos da relação médico-paciente adolescente.


Adolesc Latinoam (Revista Adolescência e Saúde) v. 3, n. 2, pp (7-10), 2002.

STEINBERG, L. Cognitive and vaddective development in adolescente. Trends


Cong Sei. (Trends in Cognitive Sciences) v. 9, n. 2, pp. 69-74, 2005.

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