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DOENÇA CÁRIE – PARTE 3

Professora Katlin Darlen Maia

OBJETIVO(S) DE APRENDIZAGEM:

Apresentar como se dá o processo cariogênico e relacionar/discutir


parte das variáveis envolvidas neste processo. Neste bloco terminaremos
a apresentação das variáveis (higiene oral e fatores sociais, econômicos,
culturais e comportamentais.

INTRODUÇÃO

Para finalizar a apresentação dos fatores apresenta-se a higiene oral


e a ação dos fatores sócio-econômicos-culturais/comportamentais no pro-
cesso saúde/doença cárie.

CONTEÚDO

A higiene oral é um fator modulador, que desorganiza o biofilme, ajuda na


diminuição da espessura do mesmo além de propiciar a oferta de fluoretos para
o ecossistema. O controle de biofilme é o conjunto de medidas que tem por
objetivo a remoção de biofilme dental e prevenção/controle de sua recorrência,
podendo ser realizada através de meios mecânicos ou químicos. A desorgani-
zação ativa do biofilme, realizada pelo próprio indivíduo ou pelo profissional é
denominada de controle mecânico do biofilme, que se efetiva pela interação de
diversos fatores, tais como: conhecimento sobre a etiologia, patogenia e trata

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mento/controle das doenças bucais, motivação, habilidade, destreza manual e
adequação de instrumentos para a limpeza.
O encorajamento do “autocuidado” através da educação é particularmente
favorável no manuseio de doenças crônicas dependentes do estilo de vida,
como é o caso das doenças cárie e periodontal, especialmente em populações
onde o envolvimento do setor público em tratamento é baixo. Esta é uma das
estratégias mais importantes e igualmente difíceis do cuidado primário da saú-
de. Compreende esforços que levam às mudanças individuais de comporta-
mento, visando o estabelecimento de hábitos que propiciam o controle das do-
enças e à descontinuidade daqueles que aumentam o seu risco. Este processo
visa tornar o paciente responsável por sua própria saúde, educando-o para de-
sempenhar parte das tarefas que lhe cabe na promoção e manutenção da saú-
de.
Diversos instrumentos podem ser utilizados para se alcançar o objetivo do
controle mecânico dos biofilmes, por parte do cliente, tais como: escovas, lim-
padores de língua, instrumentos para limpeza interdentais.
A escovação é o meio mecânico mais difundido para o controle não–
profissional de biofilme. Deve ser realizado cuidadosamente pelo menos duas
vezes ao dia. Deve ser realizada metodicamente, por grupos de dentes por
meio de uma ativa, porém suave, pressão sobre os tecidos gengivais e dentais,
com a técnica que melhor permitir o controle dos biofilmes dentais por parte do
cliente. Uma vez que a técnica do indivíduo seja capaz de promover o controle
dos biofilmes, não haverá razão de modificá-la. As características da escova
“ideal” são: tamanho do cabo apropriado para a idade do paciente; tamanho da
cabeça apropriada para as dimensões da boca do paciente; formada de fila-
mentos de poliéster ou de náilon com extremidade arredondada de diâmetro
não superior a 0,009 polegadas, apresentar cerdas macias e modelo de cerdas
que aumentem a remoção do biofilme nos espaços interproximais. As escovas
elétricas são indicadas para clientes pouco motivados, com deficiência na des-
treza manual, para clientes com prejuízo físico e/ou mental. Os dispositivos
para limpeza interdental dependerão do contorno e consistência do tecido gen-
gival, do tamanho do espaço interdental, da posição e alinhamento do dente,

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bem como da habilidade e motivação do paciente. Estes dispositivos podem
ser: fio ou fita dental, passador de fio dental, irrigadores, escovas interproximais
/ interdentais e unitufos. Lembrando que o uso do fio ou fita deve ser introduzi-
do até três milímetros intrasucularmente, sem causar dano à gengiva. O uso do
limpador de língua deve ser igualmente estimulado para controle do biofilme do
dorso da língua.
A desorganização profissional se efetiva através da profilaxia, executada
pelo cirurgião dentista ou a técnica em saúde bucal e este procedimento asse-
gura o controle das doenças cárie e periodontal, exigindo curto intervalo de
tempo entre as consultas.
O controle químico é considerado quando se necessita de utilização de
substâncias antimicrobianas para controle do biofilme (cariogênico ou periodon-
tal), seja por dificuldade do cliente em efetuar a desorganização do biofilme,
seja por medida de choque para diminuição da carga microbiana na cavidade
bucal. Os dentifrícios são os veículos para utilização de agentes químicos mais
utilizados. Existem diversos tipos no mercado, cada qual com seu objetivo:
 Dentifrícios Anticárie – Fluoretos – MFP / NaF;
 Dentifrícios Antiplaca / Gengivite – Triclosan / gantrez (substantivida-
de);
 Dentifrícios Anti-cálculo (tártaro) - Pirofosfato (PPI), gantrez ou zinco;
 Dentifrícios contra Hipersensibilidade – Nitrato de Potássio a 5% /
Cloreto de Estrôncio / Fosfosilicato de cálcio e sódio a 7.5% / Argini-
na;
 Dentifrícios contra Halitose – diminuem compostos sulfurados;
 Dentifrícios Branqueadores – peróxido de carbamida + abrasivos.
As substâncias antimicrobianas são coadjuvantes no controle/tratamento
das doenças bucais mediadas por biofilmes. Seus mecanismos de ação podem
ser prevenindo ou reduzindo a adesão primária, o crescimento e a formação de
matriz bacteriana na superfície dental, modificando a bioquímica do biofilme
com a redução da formação de produtos cititóxicos ou modificando a ecologia
do biofilme, formando uma microbiota menos cariogênica. Podem ser utilizados
através de bochechos, vernizes ou géis.

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Os fatores sociais, econômicos, culturais e comportamentais são fatores
gerais que modulam o decorrer do processo saúde/doença, pois influenciam na
importância: da higiene oral, do uso inteligente da sacarose, da oferta de fluore-
tos, enfim, possuem uma ação decisiva para o curso da doença. Mediante tal
fato, o grande desafio para a odontologia de promoção de saúde é fazer com
que os indivíduos possam direcionar a atenção para o meio em que estão inse-
ridos e em parceria com a equipe de saúde bucal, buscar estratégias de atua-
ção no âmbito coletivo ou individual. O melhor instrumento para transformação
e alcance dos objetivos é a educação em saúde. Quando o processo educativo
é utilizado no trabalho em saúde o fim visado será a mudança de atitude, in-
formação ou até mesmo do conhecimento. Para que isto ocorra algumas eta-
pas se interrelacionam neste processo, que são a criação ou mudança de per-
cepção, a utilização de forças motivadoras e a tomada de decisão para agir. E
para que isso aconteça a comunicação e a motivação entre o profissional e o
cliente deve se efetivar.

SÍNTESE INTEGRADORA

A apresentação dos demais fatores envolvidos no processo cariogên-


cio, como a higiene oral e os fatores sócio-econômico-culturais e compor-
tamentais demonstra o caráter multifatorial e complexo do processo saú-
de/doença cárie. Os cuidados com a higiene através de agentes mecânicos
ou químicos compõem instrumentos valiosos no controle das doenças
mediadas por biofilmes.

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REFERÊNCIAS

ABOPREV. Promoção de Saúde Bucal. São Paulo: Artes Médicas, 1997.

BARATIERI, L. N. et al. Odontologia restauradora: fundamentos e possibilidades.


São Paulo: Liv. Santos, 2001.

BATHLA, S. Periodontics Revisited. New Delhi: Jaypee Brothers Medical Publish-


ers. 2011.

BUISCHI, Y. P. Promoção de Saúde Bucal na Clínica Odontológica. São Paulo: Ar-


tes Médicas / EAP - APCD, 2000.

MAIA, K. D. O Desafio da Práxis da Educação e Saúde na Clínica Odontológica.


Tese de Doutorado em Odontologia Social – UFF. Niterói, 2004.

MEDEIROS, U. V. Guia de estudo: Ciências da Conduta. Campinas: Mundi Brasil,


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MEDEIROS, U. V. MAIA, K. D. e JORGE, R. R. O desafio da prática educativa em


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PEREIRA, A. C. Odontologia em saúde coletiva – planejando ações e promovendo


saúde. Porto Alegre: Artmed, 2003.

WEYNE, S. C. Informação pessoal.

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