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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
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- 1.12 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. 1.13 VIOLÊNCIA CONJUGAL COMO UM FENÔMENO
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COMPLEXO, MULTIFACETADO E CÍCLICO. - 1.16 ADOLESCÊNCIA E PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA
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NO NAMORO. - 1.14 DANO PSICOLÓGICO/EMOCIONAL. 04057470042 - 1.22 PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA. ..... 2 04057470042
VIOLÊNCIA CONJUGAL COMO UM FENÔMENO COMPLEXO 04057470042, MULTIFACETADO E CÍCLICO ........................................2
Sobre a violência
04057470042 contra mulheres..............................................................................................
04057470042 14
04057470042 Sobre a violência intrafamiliar ....................................................................................................
04057470042 15
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Modelo Ecológico de Violência................................................................................................... 16
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04057470042 FALCKE, DENISE. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA V04057470042 IOLÊNCIA INTRAFAMILIAR. IN: HUTZ, C. S. ET AL. (ORG.).
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM CONTEXTO FORENSE. PORTO ALEGRE: ARTMED , 2020. P. 297-308..................... 16
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Violência 04057470042
física contra crianças e adolescentes .......................................................................... 17 04057470042
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES .............................................................................. 18
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Jogo dos 7 erros de Pelisoli.........................................................................................................
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5 critérios04057470042
para estabelecer as diferenças entre abuso/ negligência e alienação parental ......... 19

8:
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:2
Vitimização psicológica de crianças e adolescentes 04057470042 ................................................................. 20

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Violência conjugal .....................................................................................................................
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4
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VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA IDOSOS..............................................................................................
04057470042 20 04057470042

/2
Adolescência e Prevenção de Violência 04057470042 no Namoro. .................................................................. 21

01
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8/
Prevenção de Violência............................................................................................................... 27

-2
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- 1.15 ADOLESCÊNCIA E ATO INFRACIONAL. .................................................................................. 28
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m
O QUE FAZ O P04057470042
SICÓLOGO NESSES CASOS? .............................................................................................. 42

co
04057470042

l.
- 1.17 GÊNERO. ...................................................................................................................................
04057470042 45

ai
gm
SANT’ANNA, T. C.; PENSO, M. A. A TRANSMISSÃO 04057470042 GERACIONAL DA VIOLÊNCIA NA RELAÇÃO 04057470042

s@
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04057470042
CONJUGAL. PSICOLOGIA:
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TEORIA E PESQUISA, V. 33, P. 1–11, 2018. .......................................... 45
RELAÇÕES CONJUGAIS le
E FAMILIARES NA PERSPECTIVA DA TEORIA SISTÊMICA E DA TEORIA DE GÊNERO................. 48
ne
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MÉTODO ............................................................................................................................................ 50
or

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ad

04057470042 PARTICIPANTES ...................................................................................................................................


04057470042 50
ai

04057470042 INSTRUMENTOS ..................................................................................................................................


04057470042 50
nd

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-i

04057470042
PROCEDIMENTOS DE COLETA .................................................................................................................
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51
2

PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ................................................................................................................. 51


-4

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00

04057470042 RESULTADOS ....................................................................................................................................


04057470042 52
.7

AS FAMÍLIAS DE04057470042
ORIGEM DE BRUNA E JORGE .............................................................................................52
74

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.5

04057470042 A HISTÓRIA DO04057470042


CASAL - BRUNA E JORGE.................................................................................................. 53
40

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DISCUSSÃO ...................................................................................................................................... 53
-0

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O RELACIONAMENTO CONJUGAL NAS FAMÍLIAS DE04057470042 ORIGEM: VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES E FILHOS. ............ 53
AL

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1. O MODELO DE RELACIONAMENTO CONJUGAL DAS04057470042 FAMÍLIAS DE ORIGEM DE BRUNA E JORGE. ............................. 54
AR

2. O RELACIONAMENTO CONJUGAL VIOLENTO DOS04057470042 PAIS DE BRUNA E JORGE E OS FILHOS ................................. 56


AM

A HERANÇA FAMILIAR E O RELACIONAMENTO CONJUGAL ATUAL: O (RE)E NCONTRO COM A VIOLÊNCIA ................ 58
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O

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 60
D

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ES

SILVEIRA, R. S.; NARDI,


04057470042 H. C.; PINDLER, G. ARTICULAÇÕES ENTRE GÊNERO E RAÇA/COR EM 04057470042
EL

04057470042 SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO. PSICOLOGIA & SOCIEDADE, 04057470042 V. 26, N. 2, P. 323- 334,
N

2014. ................................................................................................................................................... 61
R

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O

04057470042 A LEI MARIA DA PENHA E AS NOVAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES 63
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D
A

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ARTICULANDO OS CONCEITOS DE GÊNERO E RAÇA/04057470042 COR NA PROBLEMATIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.... 65
AI

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D

VIOLÊNCIA DE GÊNERO: DOS CONCEITOS À PRÁTICA04057470042 ................................................................................... 69


IN

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REFLEXÕES FINAIS ................................................................................................................................ 73
E

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IN

04057470042 PLANO NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E


04057470042
AL

04057470042 ADOLESCENTES – 2013 ....................................................................................................................


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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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Aula 05
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- 1.12 Violência Doméstica e Familiar.
04057470042 1.13 Violência Conjugal
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como um Fenômeno Complexo, Multifacetado e Cíclico. -
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1.16 Adolescência e Prevenção de Violência
04057470042 no Namoro. -
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1.14 Dano Psicológico/Emocional.


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04057470042 - 1.22 Prevenção de 04057470042

Violência.
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Futuros policiais da PCSC, irei apenas complementar alguns pontos da
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04057470042 aula passada. Estudamos 90% do assunto “violência” na aula 04, parte 1.
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:2
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Violência Conjugal como um Fenômeno


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Complexo, Multifacetado e Cíclico
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-2
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m
O que04057470042
a Denise Falcke escrever você deve ler. Se ela escrever Bula de

co
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l.
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remédio, pode ter certeza que terá qualidade.

ai
gm
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Vejamos:

s@
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Violência Conjugal como um Fenômeno Complexo, Multifacetado e Cíclico le
ne
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O fenômeno da violência conjugal tem deixado de ser considerado
or

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ad

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restrito ao âmbito privado para ser 04057470042
compreendido como um grave problema de
ai

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nd

04057470042 saúde pública (Brandão, 2006; Corsi, 2003; Garcia et al., 2008; Oliveira e Souza,
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-i

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2

2006). Entendido, durante muito04057470042


tempo, como exclusivo do casal, esse
-4

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00

04057470042 fenômeno mantinha-se estruturado sob os princípios da invisibilidade e da


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.7
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naturalização (Corsi, 2003). Caracterizado prioritariamente por agressões físicas
.5

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e psicológicas que aconteciam na04057470042


04057470042 privacidade do lar, era considerado de
-0

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domínio privativo e íntimo do casal.04057470042
Todavia, a partir dos anos 1980, a violência
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entre cônjuges é assumida como04057470042
uma questão social (Lamoglia e Minayo,
AR
AM

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2009). O movimento feminista foi um dos principais responsáveis por alertar
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04057470042 sobre a necessidade de denúncia da violência ocorrida no interior dos lares,


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ES

ressaltando 04057470042
especialmente as situações graves das mulheres vitimizadas por 04057470042
EL

04057470042 seus parceiros afetivos, o que caracterizou 04057470042


a violência conjugal como
N
R

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tipicamente violência de gênero ou violência contra a mulher. [...]
O

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D

É relevante considerar também que os levantamentos sobre as situações


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AI

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D

de violência conjugal são realizados, em sua maioria, com base nos dados das
IN

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Delegacias Especializadas no Atendimento às Mulheres (DEAM), as quais são
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direcionadas exclusivamente ao atendimento de mulheres
04057470042 vitimizadas (Dantas-
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Berger e Giffin, 2005; Schraiber et al., 2005), evidenciando
04057470042 apenas uma face da 04057470042
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questão. [...] 04057470042 04057470042
Considerando a violência 04057470042
infringida contra o companheiro, dados
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revelam uma porcentagem de 3% a04057470042
5% de homens heterossexuais vitimizados
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fisicamente pela parceira (Hirigoyen, 2006). Acredita-se, no entanto, que esses
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números sejam ainda mais subestimados do que os casos da violência contra a
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mulher, porque homens heterossexuais têm mais dificuldade de confessar a
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04057470042 violência sofrida pela parceira (Assis e Constantino, 2001), e as mulheres, na
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04057470042 posição de agressoras, utilizam mais a violência psicológica, por meio de
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Aula 05
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manipulação e ameaças, dificultando a identificação (Gomes, 2003). Reforçando
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a necessidade de dar voz aos homens,
04057470042 Cheung et al. (2009) constatam que,
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enquanto existem milhares de agências governamentais ou não governamentais
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para o atendimento
04057470042 de mulheres 04057470042
em situação de violência doméstica e seus
04057470042 filhos, não existe nenhum serviço disponível para acolher homens vítimas de
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04057470042 violência doméstica
04057470042 na Ásia. Os nove serviços identificados, direcionados à
04057470042 população masculina, são destinados aos homens abusadores. Os autores
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salientam que pesa sobre os homens a exigência da força e do domínio, fazendo
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com que a 04057470042
vergonha os impeça de se colocarem como pessoas que sofrem 04057470042
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violência no04057470042
lar e que precisam deajuda. É importante não negar também que a

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8:
maior parte04057470042
da violência feminina nas relações conjugais é utilizada como
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:2
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reação e defesa às violências que já estavam sofrendo do parceiro.
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4
02
[...] 04057470042 04057470042

/2
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01
Considerando os fatores de risco para a ocorrência de violência conjugal,
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8/
-2
de acordo com Ravazzola (1997), algumas
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condições são necessárias. Dentre
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m
elas, podem04057470042
ser citadas: a existência de um déficit de autonomia nos membros

co
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l.
de uma família, a subordinação a04057470042
um estereótipo em que o vitimizador e a

ai
gm
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vítima supõem que o primeiro 04057470042
é o único responsável e quem possui a

s@
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autoridade 04057470042
hierárquica da relação e, além disso, a circularidade dos
le
ne
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significados04057470042
do abuso que consideram legítimos, justificando de alguma
or

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ad

04057470042
forma a atitude do agressor. 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 A análise do perfil das mulheres atendidas em dois serviços de atenção


04057470042
-i

04057470042
primária à saúde e em uma ONG, realizada por Garcia et al. (2008), revela que a
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 predominância foi de mulheres com idade entre 18 e 39 anos, amasiadas, de


04057470042
.7

diferentes profissões, mas, principalmente, com a profissão de doméstica e de


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
dona de casa. A violência foi praticada pelo parceiro, o qual apresentou perfil
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
socioeconômico e etário semelhante
04057470042
ao da vítima. O mesmo perfil profissional
AL

04057470042 04057470042
foi obtido na pesquisa de Lamoglia04057470042
e Minayo (2009), em que 31% das mulheres
AR

agredidas não trabalhavam fora de04057470042


casa, evidenciando o quanto a dependência
AM

04057470042 04057470042
cultural e financeira pode ser fator 04057470042
de risco para as situações de violência1.
O

04057470042
D

O perfil do agressor revela uma conjunção de um histórico de reações


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 inadequadas ao estresse, abuso prévio ou incapacidade 04057470042 psicológica de se


N
R

04057470042
relacionar (Cortez et al., 2005). Segundo Lamoglia04057470042
04057470042
e Minayo (2009), geralmente
O

04057470042
D

os homens reconhecem apenas os excessos em sua agressividade e não avaliam


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
sua agressão como um ato corretivo04057470042
pela desobediência
04057470042
da mulher. Porém, em
D
IN

04057470042
seus relatos,04057470042
costumam dizer que avisam a mulher sobre o desagrado de suas
E

04057470042
IN

04057470042
atitudes e, não sendo obedecidos, batem,04057470042
04057470042
atribuindo à mulher a
AL

04057470042
responsabilidade pelo seu descontrole. Afirmam 04057470042
que as atitudes da mulher não 04057470042
04057470042
correspondem ao ideal, colocando-se na posição 04057470042
04057470042
de alguém que deve manter o
04057470042

controle da situação. Essa postura 04057470042


corresponde classicamente
04057470042 ao desempenho
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
1
CUIDADO: esse 04057470042
é o perfil das mulheres que foram vítimas de violência E QUE buscaram esse serviço. Tanto para 04057470042
fins de concurso quanto para fins de vida real (que04057470042
quero que você tenha humanidade ao ser servidor público), a
04057470042
violência de gênero não escolhe classe social. Quando uma mulher está sendo agredida, independente da
04057470042 04057470042
modalidade de violência, não pode levantar um cartão dizendo: “eu tenho um privilégio branco” ou “eu sou rica”.
04057470042 04057470042
04057470042 Vide o caso de Ana Hickmann. Mudam os aparatos04057470042
de atenção e justiça – INFELIZMNTE –, mas violência contra a
mulher é violência contra a mulher. Não tem “menos pior”.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 304057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
do papel masculino como controlador do relacionamento. Tais perfis descritos
04057470042
04057470042 04057470042
nos estudos 04057470042
caracterizam basicamente a mulher como vítima e o homem como
04057470042
agressor, dado que exige maior reflexão.
04057470042 04057470042
04057470042
A experiência
04057470042 de ter sido04057470042
objeto de maustratos na infância, seja
04057470042 recebendo-os diretamente ou presenciando-os na relação conjugal dos pais,
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 pode ser considerada
04057470042 importante fator de risco para a repetição da violência
04057470042 [...] 04057470042
04057470042 04057470042
Numa perspectiva feminista, Narvaz e Koller (2004) consideram que,
04057470042 04057470042
por meio da transmissão transgeracional da violência, as mulheres vítimas
04057470042 04057470042
04057470042
reescrevem,04057470042
não só sua história individual ou familiar, mas a história coletiva de

34
04057470042

8:
todas as mulheres. Elas entendem que
04057470042 a repetição do padrão abusivo na história
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
da família ocorre porque muitas mães, consideradas 04057470042 não protetivas, não 04057470042

4
02
souberam lidar com a realidade da violência que se repetiu em suas vidas, nunca
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
denunciaram suas próprias histórias de abuso e se habituaram a conviver com
04057470042 04057470042

8/
-2
elas, como se fossem naturais e esperadas.
04057470042
04057470042
Espelhando-se
04057470042
nas suas próprias

m
mães, que não as protegeram, transferem para as filhas a dívida pela não

co
04057470042 04057470042

l.
revelação do segredo. Muitas delas continuam
04057470042
vítimas em seus relacionamentos

ai
gm
04057470042 04057470042
conjugais, compondo
04057470042 o cenário familiar característico de sistemas abusivos, o

s@
04057470042
04057470042
qual mantém rígidas
04057470042
crenças acerca da distribuição de papéis na família, os
le
ne
04057470042 04057470042
quais correspondem
04057470042 ao sistema sexista patriarcal vigente.
or

04057470042
ad

04057470042
[...] 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 A prevalência
04057470042 histórica do masculino sobre o feminino está entre as
-i

04057470042
explicações para o entendimento da04057470042
dominação e04057470042
do papel passivo e vitimizado
2
-4

04057470042
00

04057470042 das mulheres nas relações de gênero historicamente (Gomes et al., 2007;
04057470042
.7

Lamoglia e 04057470042
Minayo, 2009; Minayo 04057470042
e Souza, 1999; Narvaz e Koller, 2006; Strey,
74
.5

04057470042 04057470042
2001). A ideologia de gênero legitima uma forma de poder que justifica a
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
dominação masculina, naturalizando
04057470042
diferenças socialmente construídas, ou
AL

04057470042 04057470042
pior, convertendo diferenças em desigualdades. Assim, as diversas formas de
AR

04057470042
discriminação e de violência contra as mulheres são entendidas, na perspectiva
AM

04057470042
04057470042 04057470042
de gênero, como manifestação de relações de poder historicamente desiguais.
O

04057470042 04057470042
D

[...] 04057470042
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 O movimento feminista2 que iniciou ainda 04057470042


no fim do século XIX e eclodiu
N
R

04057470042
no século XX, na década de 60, mais especificamente,
04057470042
contribuiu para que
O

04057470042 04057470042
D

fossem questionados os tradicionais atributos04057470042 dirigidos aos homens e às


A

04057470042
AI

04057470042
mulheres e assumiu a bandeira na04057470042
luta contra a04057470042
04057470042
violência de gênero (Alvim e
D
IN

Souza, 2005; Giffin, 1994). As mobilizações do movimento feminista


E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
contribuíram para o surgimento de04057470042
estruturas de04057470042
apoio destinadas às mulheres
AL

04057470042
vítimas. As feministas afirmavam, conforme04057470042 Magalhães (2000), que as 04057470042
04057470042
expressões "violência no casal" e "violência familiar"
04057470042
tinham um caráter técnico,
04057470042
04057470042
reprodutor de uma lógica patriarcal,04057470042
já que não contemplavam
04057470042 as desigualdades
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
2
O texto atribui unicamente ao movimento feminista as mudanças culturais e
04057470042 04057470042
04057470042
institucionais do Brasil nesta seara. É um ponto de vista. Não é o único viu? Há sérias
04057470042
04057470042 divergências sobre essa exaltação do feminismo e desconsideração
04057470042 de ações não
04057470042 relacionadas ao movimento feminista no equacionamento deste problema. Para fins de
04057470042
04057470042 04057470042
concurso, temos de admitir esse ponto de vista.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 404057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
de gênero, propondo então a utilização da terminologia "violência contra a
04057470042
04057470042 04057470042
mulher". 04057470042 04057470042
[...] 04057470042 04057470042
04057470042
Violência conjugal:
04057470042um fenômeno 04057470042
interacional
04057470042 A complexidade do fenômeno da violência conjugal é evidenciada pela
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 constituição04057470042
da dinâmica de interação entre o casal que alimenta e perpetua as
04057470042 características do vínculo violento. A dinâmica da violência conjugal geralmente
04057470042
04057470042 04057470042
revela um processo
04057470042 cíclico, relacional e progressivo. O ciclo da violência ,
3
04057470042
proposto por Walker (1999[1979]), compreende três fases: (i) Construção da
04057470042 04057470042
04057470042
Tensão: início de pequenos incidentes, ainda considerados como se estivessem

34
04057470042 04057470042

8:
sob controle04057470042
e aceitos racionalmente; (ii) Tensão Máxima: perda do controle
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
sobre a situação e agressões levadas ao extremo; (iii) Lua-de-mel: fase de
04057470042 04057470042

4
02
reestruturação do relacionamento, na qual ficam evidentes o arrependimento,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
o desejo de mudança, a promessa de que nunca mais se repetirá o ato violento e
04057470042 04057470042

8/
-2
o restabelecimento da relação conjugal. 04057470042
04057470042
04057470042

m
Perrone e Nannini (2007), também investigando a dinâmica da violência,

co
04057470042 04057470042

l.
reforçam a existência desse processo cíclico: acúmulo de tensão - episódio
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
agudo - calma amante/lua-de-mel.04057470042
Além disso, os autores referem a existência

s@
04057470042
04057470042
de um processo no qual
04057470042
o agressor enfeitiça a vítima e, assim, a convida para
le
ne
04057470042 04057470042
entrar na dança da situação abusiva. O ciclo faz com que muitos homens e
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
mulheres permaneçam, durante vários anos, em relações violentas. Na pesquisa
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 realizada por Marques (2005) foram identificados alguns dos motivos alegados
04057470042
-i

04057470042
por mulheres para a manutenção04057470042 da relação abusiva:
04057470042
amor pelo parceiro,
2
-4

04057470042
00

04057470042 esperança de que ele mude, cuidado com os filhos, questões econômicas,
04057470042
.7

valores sociais (não querer ser mãe solteira), medo da violência e compaixão
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
para com o parceiro.
04057470042 A figura da mulher heroína/ sofredora imperou em relação
40

04057470042
-0

04057470042
à da mulher infeliz, prevalecendo o
04057470042
sacrifício pelo bem-estar dos filhos e pelo
AL

04057470042 04057470042
bem maior que a instituição familiar representa. Presos no vínculo conjugal
AR

04057470042
destrutivo, homens e mulheres desejam romper o padrão, mas se veem
AM

04057470042
04057470042 04057470042
impotentes.
O

04057470042 04057470042
D

A denúncia da situação abusiva à polícia, que geralmente ocorre logo


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 após o episódio agudo, tem a função 04057470042 específica de interromper


N
R

04057470042
momentaneamente o ciclo de violência, introduzindo
04057470042
uma autoridade externa
O

04057470042 04057470042
D

que contribui para modificar a correlação de04057470042 forças no contexto familiar


A

04057470042
AI

04057470042
(Brandão, 2006). Contudo, estudos como o realizado
04057470042
por Saffioti (1999), a partir
D
IN

04057470042 04057470042
de um levantamento
04057470042 de 178 denúncias feitas na Delegacia de Defesa da Mulher
E

04057470042
IN

04057470042
(SP), mostraram que 70% dos casos04057470042
foram arquivados por desistência da vítima
AL

04057470042 04057470042
em prosseguir com o processo, 21% dos acusados04057470042 foram absolvidos, e somente 04057470042
04057470042
2% dos casos chegaram à condenação. 04057470042
04057470042
04057470042
O alto índice de desejo de retirada da queixa,
04057470042 que geralmente ocorre na
04057470042
fase do ciclo correspondente à lua-de-mel,
04057470042
04057470042
é interpretado
04057470042
pelos policiais, os 04057470042

quais participaram do estudo realizado por Brandão (2006), como resultado de


04057470042 04057470042
submissão excessiva ou de descrédito
04057470042
da postura feminina. Os policiais
04057470042
04057470042

04057470042
04057470042 04057470042
3
04057470042 Esse ciclo é bastante concursável! Apesar de não ter sido tão cobrado ainda, é um
04057470042
04057470042 04057470042
modelo para a construção da ciência no04057470042
campo da psicologia da violência.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 504057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
demonstraram desqualificação das vítimas que decidiram interromper as
04057470042
04057470042 04057470042
investigações, classificandoas em dois
04057470042 grupos: as "sem-vergonha", que "gostam
04057470042
de apanhar", e as "pobres coitadas",04057470042
dependentes, emocional e financeiramente, 04057470042
04057470042
do parceiro.04057470042
Entretanto, as mulheres que retiram a queixa não reconhecem sua
04057470042
04057470042 atitude como um ato contraditório à denúncia. Ao contrário, atribuem-lhe um
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 sentido positivo que indica certo êxito na negociação com o acusado, seja em
04057470042
04057470042 relação ao objetivo de reordenação04057470042
do contexto familiar ou de viabilização da
04057470042 04057470042
separação conjugal.
04057470042 Em alguns casos, também foi identificada a suspensão 04057470042
relacionada04057470042
a um mal-estar da vítima com a denúncia realizada, por ter sido uma 04057470042
04057470042
decisão precipitada.
04057470042Três modos de reelaboração do conflito foram identificados

34
04057470042

8:
no estudo realizado
04057470042 por Brandão 04057470042
(2006): reavaliação da atitude agressiva do

:2
22
04057470042 04057470042
parceiro, irresponsabilizando-o; leitura mágico-espiritual
04057470042 do conflito, 04057470042

4
02
considerando que as agressões ocorreram devido a "um espírito ruim que tá
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
nele", por exemplo; e reavaliação da própria participação no conflito, quando a
04057470042 04057470042

8/
-2
vítima assume parcela da responsabilidade frente04057470042
04057470042
04057470042
ao ocorrido. Esta reavaliação

m
da própria participação no conflito que desencadeia a violência pode ocorrer,

co
04057470042 04057470042

l.
pois, conforme Gregori (1993), as mulheres,
04057470042
mesmo quando compartilham uma

ai
gm
04057470042 04057470042
posição de subalternidade, agem, 04057470042
condenam, negociam, exigem e, por vezes,

s@
04057470042
04057470042
agridem de 04057470042
diversas formas.
le
ne
04057470042 04057470042
Mesmo evitando incorrer no risco de culpar as vítimas pela violência
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
sofrida, os anos 1990 se caracterizaram04057470042
pela emergência de produções
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 acadêmicas 04057470042


que analisavam a violência conjugal por enfoques teóricos que
-i

04057470042
contestavam a visão dualista mulher vítima versus homem agressor (Oliveira e
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 Souza, 2006). As relações conjugais violentas passaram a ser discutidas a partir
04057470042
.7

dos múltiplos papéis entre homens04057470042


e mulheres numa relação afetiva violenta.
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
Esse referencial relacional não ignora as produções culturais em torno do
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
gênero e da etnia, que produzem diferenças
04057470042
de poder entre o casal. Entretanto,
AL

04057470042 04057470042
defende que a compreensão das violências entre cônjuges não pode ser reduzida
AR

04057470042
à ideia de subalternidade feminina.04057470042
AM

04057470042 04057470042
Retomam-se, assim, os conceitos de violência conjugal ou violência entre
O

04057470042 04057470042
D

os parceiros: não a partir da ideia de que a violência conjugal se caracterize


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 exclusivamente pela existência de agressão mútua04057470042


(Lamoglia e Minayo, 2009) ou
N
R

04057470042
como uma expressão generalista (Magalhães, 04057470042
04057470042
2000), mas por considerar a
O

04057470042
D

importância da compreensão da interação conjugal violenta (Alvim e Souza,


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
2005; Oliveira e Souza, 2006). Segundo Alvim04057470042
04057470042
e Souza (2005), mesmo os
D
IN

04057470042
agressores 04057470042
se assumindo como tais, eles também se consideram vítimas,
E

04057470042
IN

04057470042
percebendo-se, assim, a importância da alteridade
04057470042
no estabelecimento do
AL

04057470042 04057470042
diálogo por meio da violência. Corroborando com04057470042
essa forma de entendimento, 04057470042
04057470042
Barreto et al. (2009), Espíndola et al.04057470042
(2004) e Kwong et al. (2003) consideram que,
04057470042
04057470042
na violência conjugal, a transferência de energia04057470042
04057470042 entre agressor e vítima não é
unidirecional, ou seja, daquele que 04057470042
comete a violência
04057470042
para quem a recebe, mas,
04057470042
04057470042

especialmente, construída em uma relação bidirecional. 04057470042 04057470042


Nesse sentido, a partir de uma
04057470042
perspectiva sistêmica, constata-se que a
04057470042
04057470042

violência que permeia os vínculos conjugais geralmente é intrínseca ao contrato


04057470042
04057470042
04057470042
de relacionamento estabelecido entre os parceiros,
04057470042
o qual é redigido a partir das
04057470042

04057470042 histórias de vida de ambos, da construção


04057470042 dos vínculos afetivos deles e da
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 604057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
própria interação estabelecida.04057470042
É caracterizada como relacional e
04057470042 04057470042
dinamicamente construída pelos cônjuges,
04057470042 que são coautores do funcionamento
04057470042
do casal. 04057470042 04057470042
04057470042
FALCKE, 04057470042
Denise et al . 04057470042
Violência conjugal: um fenômeno
04057470042
interacional.04057470042
Contextos Clínic, São Leopoldo , 04057470042
v. 2, n. 2, p. 81-90, dez. 2009 04057470042
04057470042 . 04057470042 Disponível em
04057470042 04057470042
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
04057470042 04057470042
34822009000200002&lng=pt&nrm=iso>.
04057470042 acessos em 05 dez. 2023. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
A Aline Pozzolo Batista escreveu um pedaço de arte primoroso no

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042
capítulo VIOLÊNCIA CONJUGAL 04057470042
E AS DELEGACIAS ESPECIALIZADAS: As

:2
22
04057470042 04057470042
Implicações da Judicialização dos Conflitos 04057470042
(Livro: Psicologia e Polícia: 04057470042

4
02
04057470042 04057470042
Diálogos Possíveis, Juruá, 2017). Repete bastante alguns conteúdos do artigo

/2
04057470042

01
anterior da Denise, por isso mesmo04057470042
trarei apenas as “novidades”... 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
Neste capítulo ela apresenta propostas para
04057470042
a superação do modelo

m
dicotômico que temos para pensar a violência doméstica. Nesse modelo temos

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042
sempre uma única camada para cada um dos papéis: vítima e agressor.

ai
gm
04057470042 04057470042
Essa 04057470042
visão dicotomizada desconsidera aspectos transgeracionais, de

s@
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
gênero, sociais, culturais, etc.
04057470042
ne
le
Vejamos...
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
A violência conjugal tem 04057470042
sido habitualmente abordada como um
ai

04057470042
nd

04057470042 fenômeno dicotomizado, atribuindo-se aos envolvidos papéis definidos e


04057470042
-i

04057470042 04057470042
2

polarizados. Este artigo pretende suscitar 04057470042


uma reflexão acerca das
-4

04057470042
00

04057470042 consequências da adoção desta base ideológica e do discurso dualista pelo


04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
Sistema de 04057470042
Justiça e pelos profissionais que atuam com os envolvidos em
.5

04057470042
40

situação de violência.
04057470042 04057470042
-0

04057470042 04057470042
[...]
AL

04057470042 04057470042
A violência, em qualquer uma de suas configurações, é um fenômeno
AR

04057470042
AM

04057470042
plurideterminado. Neste sentido, simplificações04057470042
ou generalizações excessivas 04057470042
O

04057470042 podem ser perigosas, ao ponto de inviabilizar a compreensão deste conceito.


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

[...] 04057470042 04057470042


EL

04057470042 Segundo Prado (2004), a violência envolve excesso,


04057470042brutalidade, perda de
N
R

04057470042 04057470042
autonomia e de liberdade, implicando o emprego ilegal ou ilegítimo da força,
O

04057470042 04057470042
D

seja de forma manifesta ou velada, além de conter noção de dano. Fatores


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
históricos, econômicos, culturais,04057470042
sociais e psicológicos
04057470042 estão intimamente
D
IN

ligados ao fenômeno da violência.


E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
[...]
AL

04057470042 04057470042
No entanto, as mulheres que vivenciam situações conforme as descritas
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
no dispositivo legal acima mencionado,
4
nem
04057470042 sempre
04057470042 clareza acerca das
têm
diferenças que existem entre os diversos tipos04057470042
04057470042 de violência. Na maioria das
04057470042 04057470042
vezes, na verdade, essas violências04057470042
se entrecruzam, formando uma complexa
04057470042
teia. Além disso, a identificação para fins legais/penais de violências que não
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
têm materialidade pode ser prejudicada, na medida em que a definição do que
04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 4 04057470042
O texto falava dos tipos de violência de acordo com a04057470042
04057470042 Lei Maria da Penha.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 704057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
seja violência depende dos limites 04057470042
e regras de convivência, o que é de análise
04057470042 04057470042
subjetiva (Falcke et al., 2009).
04057470042 04057470042
Ou seja, especialmente as violências
04057470042 do tipo psicológica ou moral, que 04057470042
04057470042
não costumam deixar marcas físicas,
04057470042 são mais difíceis de serem detectadas tanto
04057470042
04057470042 pelos envolvidos quanto pelas instituições de ordem legal/penal. Além disso,
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 tratando-se 04057470042
de atributos subjetivos, muitas vezes uma mesma conduta pode ou
04057470042 não ser considerada violência em diferentes
04057470042contextos familiares, a depender da
04057470042 04057470042
percepção dos envolvidos.
04057470042 04057470042
[...] 04057470042 04057470042
04057470042
O movimento
04057470042 feminista que eclodiu principalmente nos anos 1960 e se

34
04057470042

8:
apresentou 04057470042
ao Brasil na década 04057470042
de 70 (Macedo, 2009), contribuiu para o

:2
22
04057470042 04057470042
questionamento dos papéis sociais atribuídos 04057470042a homens e mulheres. Vale 04057470042

4
02
lembrar que foi somente a partir da Constituição de 1988 que a mulher passou a
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
ter os mesmos direitos em relação04057470042
ao homem, passando a serem “iguais em 04057470042

8/
-2
direitos e obrigações” (Brasil, 1988).04057470042
A legislação que
04057470042
vigorava até então, por sua
04057470042

m
vez, ainda previa a chefia familiar atribuída ao homem, com um modelo de

co
04057470042 04057470042

l.
família predominantemente patriarcal (Brandão, 2004).
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
[...]

s@
04057470042 04057470042
04057470042
A violência contra
04057470042
a mulher remonta aos primórdios da organização
le
ne
04057470042 04057470042
social humana. A mulher estava circunscrita ao espaço do lar com papéis bem
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
determinados: esposa e mãe. “Vítimas de processos ancestrais de exclusão
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 social, discriminação


04057470042 e violência dentro de suas próprias casas, as mulheres
-i

04057470042
muitas vezes não dispunham de meios nem mesmo para identificar a agressão
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 como tal” (CFP, 2012, p. 32).


04057470042
.7

Além04057470042
disso, há certa omissão04057470042
de algumas formas de violência conjugal por
74
.5

04057470042 04057470042
mulheres, pois muitas delas acreditam existir motivos que justifiquem sua
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
sujeição a tal ato. Estas creem que seus
04057470042
companheiros apenas agem desta forma
AL

04057470042 04057470042
porque têm alguma razão para fazê-lo, sendo assim, negam que alguns tipos de
AR

04057470042
violência ocorram, acreditando que exista um04057470042 fator externo que a tenha
AM

04057470042
04057470042
provocado.
O

04057470042 04057470042
D

Segundo D ’Urso (2012), a violência também se mantém devido à crença


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 socialmente construída de que os conflitos familiares podem ser solucionados


04057470042
N
R

04057470042
por meio da violência, sendo, esta, principalmente
04057470042
perpetrada por homens. Isso
O

04057470042 04057470042
D

é sugerido até mesmo pela maneira como a04057470042 sociedade valoriza o papel
A

04057470042
AI

04057470042
masculino e continua a se refletir na04057470042
educação oferecida
04057470042
aos meninos. Conforme
D
IN

04057470042
Grisci (1995), mesmo as mulheres reproduzem um discurso que reforça a
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
questão do gênero, quando, por exemplo, preferem
04057470042
filhos do sexo masculino e
AL

04057470042 04057470042
justificam sua preferência devido à liberdade de ir e vir que os homens detêm.
04057470042 04057470042
04057470042
[...] 04057470042
04057470042
04057470042
Especialmente quando se 04057470042
trata de ambientes
04057470042 domésticos e das
instituições familiares, podem coexistir a afetividade
04057470042
04057470042
e a violência, inclusive nas
04057470042
04057470042

relações conjugais [...] 04057470042 04057470042


O CICLO DA VIOLÊ NCIA
04057470042
04057470042
04057470042

Finalmente, considerando complementar


04057470042 as teorias já mencionadas, não
04057470042
04057470042
se pode deixar de expor o chamado “Ciclo
04057470042
da Violência”.
04057470042
Após certo tempo
04057470042 convivendo com algum tipo de violência,
04057470042é possível supor que as mulheres
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 804057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
passem a reavaliar algumas atitudes de seu companheiro, repensando várias
04057470042
04057470042 04057470042
vezes sobre 04057470042
a dimensão que suas escolhas podem tomar em sua vida pública e
04057470042
privada. Diante da indecisão sobre04057470042
a conduta a ser adotada e das investidas do 04057470042
04057470042
autor pela retomada
04057470042do relacionamento, um ciclo acaba se repetindo, conforme
04057470042
04057470042 apresentado na figura a seguir: 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
04057470042

m
co
04057470042 04057470042

l.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
O ciclo da violência apresenta em seu padrão de funcionamento três
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
principais fases: a da tensão, a da explosão e a da lua de mel/enamoramento
-0

04057470042 04057470042
(Hirigoyen, 2006; Brasil, 2001). Essas fases variam em intensidade e tempo,
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
porém tendem a repetir-se várias vezes.
AM

04057470042
A fase de tensão é aquela em que se iniciam incidentes de violência.
04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
quando a violência psicológica se toma mais evidente e as ofensas verbais se
D

04057470042 04057470042
ES

apresentam04057470042
mais longas e hostis. Com a dificuldade do casal em manter o 04057470042
EL

04057470042 04057470042
equilíbrio da04057470042
relação, tende a emergir o padrão de funciona- mento agressivo,
N
R

04057470042
O

04057470042 justamente, de modo a impedir as mudanças. Qualquer situação externa pode


04057470042
D
A

04057470042 04057470042
atrapalhar o precário (e ilusório) equilíbrio
04057470042 e a tensão entre o casal toma-se
AI

04057470042
D

intolerável.
IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
A fase da explosão tende a ser mais breve que a anterior, “caracterizando-
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 se pela incontrolável descarga de tensão acumulada na fase um e pela falta de


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 previsibilidade e controle. O que marca a distinção entre as fases é a gravidade
04057470042
com a qual os incidentes da segunda fase são vistos
04057470042 pelo casal” (Brasil, 2001, p.
04057470042
04057470042 04057470042
60). 04057470042 04057470042
Por último, ocorre a fase da04057470042
lua de mel na qual o parceiro agente das
04057470042
04057470042 04057470042
agressões compreende
04057470042 a inadequação de seu comportamento, passando a haver 04057470042
uma tentativa de retomar o relacionamento
04057470042 e manter um período de calmaria.
04057470042
04057470042 O casal, assim, admite a ideia de uma mudança na04057470042
relação, com predominância
04057470042 de uma imagem idealizada da mesma, de acordo com os modelos convencionais
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 904057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Aula 05
04057470042 04057470042
de gênero. O casal que vive em uma situação de violência frequentemente
04057470042
04057470042 04057470042
apresenta tanta dependência que a04057470042
04057470042 ideia de uma eventual separação pode ser
muito ameaçadora (Brasil, 2001). 04057470042 04057470042
04057470042
Uma 04057470042
das causas que sustenta este ciclo é a promessa, muitas vezes
04057470042
04057470042 genuína, de mudança por parte do homem, que acontece logo após uma
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 situação de04057470042
violência e é acompanhada por manifestações de afeto e
04057470042 mudanças provisórias de comportamento.
04057470042 As mulheres, então, mantêm a
04057470042 04057470042
esperança 04057470042
de que o companheiro mude de comportamento quando este 04057470042
promete que não mais irá agredi-la.
04057470042 04057470042
04057470042
Assim, a fase de enamoramento funciona como mantenedora da

34
04057470042 04057470042

8:
homeostase04057470042
da relação, mantendo 04057470042
ambos os cônjuges compromissados com o

:2
22
04057470042 04057470042
relacionamento. Assim como o homem, a mulher04057470042
vivendo o momento agradável 04057470042

4
02
dessa fase, deseja permanecer na relação, que não se altera fundamentalmente,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
voltando, com o passar do tempo,04057470042
a manifestar o mesmo padrão relacional 04057470042

8/
-2
violento das outras fases. Assim, o04057470042
mais comum04057470042
04057470042
é que o ciclo se repita com

m
intensidade 04057470042
cada vez maior e em períodos cada vez mais curtos, levando a

co
04057470042

l.
agressões cada vez mais graves. 04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Observa-se, contudo, que há04057470042
casos em que uma determinada conduta no

s@
04057470042
04057470042
âmbito conjugal pode
04057470042
ser entendida como violenta por uma das partes
le
ne
04057470042 04057470042
envolvidas, 04057470042
porém não é acolhida pelo sistema penal como um fato típico,
or

04057470042
ad

04057470042
previsto no Código Penal, e passível04057470042
de atuação das instituições jurídicas. Nesse
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 sentido, Rifiotis (2004) aponta que parte dos registros de ocorrência feitos em
04057470042
-i

04057470042
delegacias especializadas em atendimento à mulher não configuram
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 necessariamente crimes, não sendo passíveis de serem investigados pela


04057470042
.7

polícia, sendo, antes, relatos de cenas de conflitos intraconjugais. Nesta direção,


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
cabe avaliar04057470042
o papel que as Delegacias de Proteção à Mulher em situação de
40

04057470042
-0

04057470042
violência apresentam na judicialização
04057470042
de conflitos conjugais.
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
AS DELEGACIAS ESPECIALIZADAS E A DEMANDA SUBJACE NTE
AM

04057470042
04057470042 04057470042
Segundo Nobre e Barreira04057470042(2008), um dos resultados da luta do
O

04057470042
D

movimento 04057470042
feminista foi a institucionalização das práticas sociais contra a
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 violência de gênero, que resultou na criação das04057470042


delegacias especializadas no
N
R

04057470042
atendimento às mulheres. Estas passaram a ser04057470042
04057470042
responsáveis pelo registro e
O

04057470042
D

apuração de crimes contra a mulher, representando o início da desnaturalização


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
e da tentativa de controle desse tipo de violência.
04057470042
Nesse cenário, a violência
D
IN

04057470042 04057470042
contra a mulher passou a ser considerada uma questão de interesse público e
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
virou pauta de Direitos Humanos. 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Procurar os serviços de segurança pública,04057470042
principalmente as delegacias 04057470042
04057470042
de defesa da mulher, pode representar um marco04057470042
04057470042
de ruptura com a condição de
04057470042

vítima de violência (Lettiere & Nakano, 2011). As04057470042


04057470042 delegacias especializadas de
atendimento à mulher são espaços 04057470042
de escuta das 04057470042
04057470042
vítimas de violências diversas, 04057470042

sendo assim, são identificadas como locais de 04057470042


investigação e repressão aos 04057470042
crimes de violência de gênero (Machado,
04057470042
2001 apud Nobre & Barreira, 2008).
04057470042
04057470042

A iniciativa de procura das delegacias é, em geral, da mulher considerada


04057470042
04057470042
04057470042
vitima. Porém a tomada de decisão para tal procura
04057470042
“é longa, complexa e
04057470042

04057470042 conflitiva” (Rifiotis, 2004, p. 102). Neste sentido, é importante compreender que
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1004057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
a atuação da polícia se dá em um cenário desagrega- do e ambíguo. Isso porque
04057470042
04057470042 04057470042
nem sempre04057470042
as pessoas que procuram uma delegacia para falar de suas queixas,
04057470042
desejam (ou estão certas de que de- sejam) uma ação jurídica, explicitando
04057470042 04057470042
04057470042
demandas para a dissolução do conflito
04057470042 que apenas poderiam ser resolvidas fora
04057470042
04057470042 do âmbito jurídico. E certamente uma contradição04057470042procurar o Sistema de Justiça
04057470042 04057470042
04057470042 para resolução de questão alheia a este, ou melhor, a qual se deseja resolver sem
04057470042
04057470042 a utilização dos mecanismos legais 04057470042
que este mesmo sistema pode oferecer. Esta
04057470042 04057470042
demanda subjacente
04057470042 é expressa, segundo pesquisa realizada por Rifiotis (2004, 04057470042
p. 110) “em 04057470042
pedidos tais como chamar o companheiro para ‘dar uma prensa’, 04057470042
04057470042
‘dar um susto’ etc., ou simplesmente para uma orientação ‘saber dos direitos’ -

34
04057470042 04057470042

8:
sem que isto04057470042
implicasse a sua utilização concreta”.
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Questiona-se, assim, se a mulher, ao procurar uma delegacia de policia,
04057470042 04057470042

4
02
encontra as respostas almejadas para a resolução do conflito conjugal. Um dado
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
que chama a atenção é que as desistências
04057470042 de dar continuidade ao processo 04057470042

8/
-2
criminal (quando a lei prevê a desistência)
04057470042
04057470042
ocorrem em grande número. Isso
04057470042

m
pode dever-se ao fato de que muitas mulheres acreditam que tão somente a

co
04057470042 04057470042

l.
confecção de boletim de ocorrência04057470042
já será suficiente para alterar a conduta do

ai
gm
04057470042 04057470042
companheiro, encerrando os episódios de violência. Conforme expõem Jong,

s@
04057470042 04057470042
04057470042
Sadala & Tanaka (2008),
04057470042
as mulheres resistem em utilizar os recursos legais para
le
ne
04057470042 04057470042
se defender04057470042
da violência e, quando o fazem, frequentemente desistem da
or

04057470042
ad

04057470042
denúncia. 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 Pode-se verificar ainda que, quando há o desejo por parte da vítima em
04057470042
-i

04057470042
representar criminalmente contra 04057470042
o autor, sentimentos
04057470042
ambivalentes entram
2
-4

04057470042
00

04057470042 em cena. O 04057470042


desejo parece ser o de solicitar que, de alguma forma, a Justiça se
.7

coloque ao lado da mulher, destacando, antes das questões legais, os valores que
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
a mulher acredita serem necessários para sua qualificação como pessoa. “Para
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
muitas mulheres, os mitos que envolvem
04057470042
a família, o casamento e a maternidade
AL

04057470042 04057470042
serão ameaçados caso a separação do agente de agressão (no caso, o
AR

04057470042
companheiro) ocorra” (CFP, 2012, p. 63).
AM

04057470042
04057470042 04057470042
Assim, ao esquecer que se04057470042
tratam de relações sociais complexas, a
O

04057470042
D

violência contra a mulher pode acabar não sendo devidamente problematizada,


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 caindo na armadilha da dualidade que condena previamente as partes e


04057470042
N
R

04057470042
desconsidera a totalidade e a diversidade dos próprios
04057470042
fenômenos denunciados.
O

04057470042 04057470042
D

A leitura criminalizadora que, então, é realizada a partir do acionamento


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
do Sistema de Justiça traz uma série de obstáculos
04057470042
para a compreensão e a
D
IN

04057470042 04057470042
intervenção04057470042
nos conflitos interpessoais. Segundo Cortizo e Goyeneche (2010, p.
E

04057470042
IN

04057470042
108): 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Somente com a passagem do tempo poderemos fazer uma análise mais
04057470042 04057470042
04057470042
detalhada da eficácia da04057470042
Lei Maria da04057470042
Penha na prevenção e repressão
04057470042

da violência doméstica contra a mulher.


04057470042 Porém o que já se pode dizer é
04057470042
que é extremamente punitiva,
04057470042
04057470042
introduzindo
04057470042
novos tipos penais e 04057470042

expandindo o direito penal, impondo 04057470042


medidas privativas de liberdade 04057470042
que possivelmente não 04057470042
04057470042
serão eficazes do ponto de vista psicossocial e 04057470042

sociocultural. 04057470042
04057470042
04057470042
Outra armadilha que se interpõe é a da judicialização
04057470042
04057470042
(ou judiciarização)
04057470042 dos fenômenos sociais. Segundo Nascimento
04057470042 (2012) a judicialização da vida
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1104057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
compreende um movimento no qual o poder judiciário se toma a instituição
04057470042
04057470042 04057470042
mediadora 04057470042
do viver. Conforme aponta Garcia (2013, p. 91), “a crescente
04057470042
intervenção do poder judiciário em04057470042
várias instâncias da vida pública e privada 04057470042
04057470042
sugere que tudo pode ser resolvido 04057470042
04057470042 através de uma sentença”.
04057470042 Rifiotis (2008) salienta que a judicialização não deve ser considerada
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 como um equivalente
04057470042 de acesso à justiça, democratização e cidadania, ainda que
04057470042 seja parte da dinâmica das sociedades democráticas e vai além, referindo que
04057470042
04057470042 04057470042
em determinados contextos pode significar o oposto. Nascimento defende que
04057470042 04057470042
“sob a justificativa
04057470042 bem intencionada da proteção ou da prevenção, 04057470042
04057470042
individualizam-se
04057470042os desvios da norma, culpabiliza-se, vitimiza-se,

34
04057470042

8:
criminaliza-se; enfim, pequenas e 04057470042
04057470042 grandes mortificações do deixar morrer”.

:2
22
04057470042 04057470042
O que se pretende aqui, não é colocar sob questionamento
04057470042 a importância 04057470042

4
02
de determinados mecanismos jurídicos no caminho para a resolução de
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
conflitos, mas mostrar que o olhar 04057470042
jurídico tão pode ser exclusivo, correndo-se 04057470042

8/
-2
o risco de desconsiderar a contribuição de outras instituições
04057470042
04057470042
04057470042
e, principalmente,

m
a autonomia04057470042
dos próprios sujeitos, para a resolução dos conflitos. Neste sentido,

co
04057470042

l.
é importante lembrar que “justiça e04057470042
direito designam coisas diversas” (Augusto,

ai
gm
04057470042 04057470042
2012, p. 32).04057470042

s@
04057470042
04057470042 04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
POSSIBILIDADE S DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOG O CONFORME OS
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
DISPOSITIVOS LEGAIS 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 A Lei04057470042
Maria da Penha (Lei 11.340/2006) propõe-se a “coibir e “prevenir” a
-i

04057470042
violência doméstica e familiar, focando-se, porém em medidas de assistência e
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 proteção às 04057470042


mulheres. Destaca-se aqui, que aquilo que desponta como objetivo
.7

principal da04057470042
referida legislação aborda situações de violência já instaladas,
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
mencionando, porém com menor ênfase, em seu art 8°, a implantação de meios
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
de prevenção para tal tipo de ocorrência.
04057470042
AL

04057470042 04057470042
[...]
AR

04057470042
Aos homens envolvidos em 04057470042
situação de violência conjugal, é prevista a
AM

04057470042 04057470042
oferta de “centros de educação e de04057470042
reabilitação” ou, quando o Juiz entender, a
O

04057470042
D

obrigação de04057470042
comparecer a programas de “recuperação ou reeducação” (Brasil,
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 2006). Ou seja, mesmo quando é pensado um serviço da ordem da assistência ao


04057470042
N
R

04057470042
homem envolvido em situação de violência conjugal,
04057470042
é reforçado o lugar de
O

04057470042 04057470042
D

algoz que ocupa, como se ele precisasse 04057470042 ter transformadas algumas
A

04057470042
AI

04057470042
características individuais isoladas 04057470042
do contexto. 04057470042
04057470042
D
IN

[...]
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
A PSICOLOGIA E OS CAMINHOS PARA A DESJUDICIALIZAÇÃO
04057470042
AL

04057470042 04057470042
A(o) psicóloga(o) que atua no âmbito da violência
04057470042conjugal necessita ter 04057470042
04057470042
acesso às referências teóricas e técnicas que embasam
04057470042
sua atuação, para que
04057470042
04057470042
possa prestar serviços de qualidade. Não deve04057470042
04057470042 apenas conhecer a rede de
atendimento disponível, como também 04057470042
04057470042
os problemas
04057470042
que ela enfrenta, 04057470042

respeitando as especificidades dos serviços e dos 04057470042


profissionais que os compõem 04057470042
(CFP, 2012). 04057470042
04057470042
04057470042

[...] 04057470042
04057470042
04057470042
Inclusive, sustenta-se aqui que a Psicologia
04057470042
deva se propor a ir além
04057470042

04057470042 daquilo que a legislação brasileira prevê. Isso quer dizer que muitas vezes será
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1204057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
necessário questionar certos aspectos da própria legislação e agir em prol de
04057470042
04057470042 04057470042
efetivas mudanças.
04057470042O questionamento sobre a dicotomizacão que é reforçada
04057470042
pelos serviços ofertados a cada um 04057470042
dos envolvidos é um ponto importante a ser 04057470042
04057470042
repensado e04057470042
uma lógica a ser desconstruída.
04057470042 No que se refere à prevenção e
04057470042 assistência, por exemplo, incute-se a ideia de que a mulher deve ser cuidada e
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 ajudada para que reúna condições e efetive a saída da situação de violência. Já
04057470042
04057470042 aos homens restariam ações punitivas e, mesmo quando são propostos
04057470042
04057470042 04057470042
“programas 04057470042
de recuperação e reeducação”, estes estão associados a medidas 04057470042
judiciais, sendo, portanto, absorvidos como punição. Deste modo, a autonomia
04057470042 04057470042
04057470042
de repensar e reconstruir uma relação conflituosa fica embaraçada. A

34
04057470042 04057470042

8:
preocupação04057470042
da não inclusão dos 04057470042
homens nas propostas de modificação de

:2
22
04057470042 04057470042
realidades já instaladas também é apontada por Beiras (2012).
04057470042 04057470042

4
02
[...] 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Uma possibilidade interessante na perspectiva de mudança de padrões é
04057470042 04057470042

8/
-2
reduzir o protagonismo do Estado04057470042
e/ou da Justiça
04057470042
na solução dos problemas
04057470042

m
conjugais. A04057470042
psicologia tem recursos téorico-técnicos para se posicionar como

co
04057470042

l.
facilitadora para que as pessoas envolvidas
04057470042
no conflito construam as próprias

ai
gm
04057470042 04057470042
soluções em04057470042
conformidade com os04057470042
seus interesses. Não se trata de retomar a

s@
04057470042
privatização04057470042
do mundo doméstico, mas do estabelecimento de um novo estilo de
le
ne
04057470042 04057470042
relação entre as instâncias do “público” e do “privado” (Rifiotis, 2004).
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
Nesse âmbito, considera-se04057470042
que a mediação de conflitos seria uma
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 alternativa viável, uma vez que a intervenção judicial tradicional não tem se
04057470042
-i

04057470042
mostrado suficiente para dar conta 04057470042
da complexidade dos problemas relacionais,
04057470042
2
-4

04057470042
00

04057470042 mesmo os 04057470042


que atingem um patamar de violência. A mediação aposta na
.7

comunicação, possibilitando aos envolvidos o exercício do protagonismo na


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
reorganização da vida cotidiana04057470042
(Nobre & Barreira, 2009). As delegacias
40

04057470042
-0

04057470042
especializadas podem vir a se constituir
04057470042
em espaço de intermediador de
AL

04057470042 04057470042
demandas do casal, esquivando-se04057470042
da sua natureza intrinsecamente punitiva.
AR

Não há como negar, porém, que há resistências04057470042


institucionais e dos próprios
AM

04057470042
04057470042
indivíduos atendidos em conceber04057470042
o ambiente policial como desconectado da
O

04057470042
D

lógica criminalizatória.
04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 Além disso, não basta mediar o conflito, mas fazer do aparelho policial
04057470042
N
R

04057470042
uma porta de entrada para outros serviços na
04057470042
área da saúde, assistência
O

04057470042 04057470042
D

social, profissionalização, entre outros. No âmbito da delegacia da mulher, a


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
polícia não deve ser considerada como simples correia
04057470042
de transmissão entre os
D
IN

04057470042 04057470042
conflitos intrafamiliares e o campo jurídico. Inclusive, no que se refere às
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
demandas que enfrentam as delegacias da mulher
04057470042
e as práticas policiais que
AL

04057470042 04057470042
delas decorrem, considera-se que tal mudança já04057470042
esteja em curso. Ao ampliar a 04057470042
04057470042
perspectiva do fenômeno violento04057470042
e construir uma posição mais consciente
04057470042
04057470042
diante dele, os profissionais abrem 04057470042
caminho para04057470042
uma intervenção mais efetiva.
Em nível mais amplo, a(o)04057470042
profissional 04057470042
04057470042
da Psicologia inserida(o) no 04057470042

âmbito da Segurança Pública também possui 04057470042 um papel de sensibilização 04057470042


popular para as questões de gênero
04057470042
e de violência no âmbito conjugal e
04057470042
04057470042

familiar. Nesse sentido. Beiras (2012, p. 39) afirma que:


04057470042
04057470042
04057470042
[...] faz-se importante04057470042
ressaltar que04057470042
haja um trabalho político de
04057470042 mobilização popular 04057470042
que inclua reflexão e a provocação de
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 1304057470042
04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
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medidas mais eficazes. A consciência popular, materializada em
04057470042
04057470042 04057470042
discussões
04057470042 e debates, é importante para estabelecimento de
04057470042
futuras ações e aprimoramentos
04057470042 da lei e de ações contra a violência 04057470042
04057470042
de gênero.
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04057470042
Sobre a violência contra mulheres 04057470042 04057470042 04057470042
A promulgação
04057470042 da Lei Maria da Penha configurou a violência contra a 04057470042
04057470042 04057470042
mulher como crime de maior potencial ofensivo. Posteriormente, em 2015 foi
04057470042

34
04057470042 promulgada04057470042
a Lei nº 13.104/2015 que diz respeito ao feminicídio (Brasil, 2015).

8:
04057470042 04057470042
Feminicídio04057470042
ou femicídio são termos designados para conceituar o homicídio de

:2
22
04057470042
mulheres em razão do conflito de gênero, ou seja, pelo simples fato de ser do
04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042
sexo feminino, e que envolve, dessa forma, ódio ou menosprezo pela condição

/2
04057470042

01
de ser mulher. De acordo com o 04057470042
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
(IPEA), 40% dos homicídios mundiais, de mulheres, são cometidos por um
04057470042

m
parceiro íntimo. De 2001 a 2011, estima-se que, no Brasil, ocorreram mais de

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042

ai
50.000 feminicídios. Mesmo após a04057470042
criação da lei Maria da Penha, a pesquisa

gm
04057470042
realizada pelo IPEA constatou que não houve redução das taxas anuais de

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 mortalidade.04057470042
Os dados apontam que, no período de 2001 a 2006, a taxa anual de
ne
le
mortalidade por 100 mil mulheres brasileiras foi de 5,28 e de 5,22. Registraram-
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
se, no período de 2009 a 2011, 13.071 feminicídios, o que equivale a uma taxa de
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 4,48 óbitos por 100 mil mulheres. Isso significa que, nesse período, ocorreram,
04057470042
-i

04057470042 04057470042
2

no Brasil, mais de 5 mil mortes de 04057470042


mulheres a cada ano, 427 a cada mês e 15 a
-4

04057470042
00

04057470042 cada dia. Dessas mortes, 29% ocorreram no domicílio da vítima, 31% em via
04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
pública e 25% em ambientes de saúde (Brasil, 2015).
.5

04057470042 04057470042
40

Os conceitos
04057470042 de violência na relação conjugal se apresentam, tanto na
04057470042
-0

04057470042 04057470042
literatura quanto no ambiente jurídico 04057470042 e social, a partir de diferentes
AL

04057470042
expressões, tais como, violência 04057470042
de gênero, violência familiar, violência
AR
AM

04057470042
intrafamiliar e violência doméstica. A violência de gênero se refere às relações
04057470042 04057470042
O

04057470042 de violência entre homem e mulher, mas também, entre dois homens ou até
04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

entre duas 04057470042


mulheres. Violência familiar considera os laços consanguíneos, 04057470042
EL

04057470042 referindo-se aos indivíduos de uma mesma família, seja ela extensa ou nuclear,
04057470042
N
R

04057470042 04057470042
cuja violência ocorre no interior do domicílio familiar ou fora dele (Araújo,
O

04057470042 04057470042
D

2002; Saffioti, 1999, 2004). O termo violência doméstica é designado aos


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
membros (familiares ou não) que convivem
04057470042 no mesmo espaço doméstico. Por
D
IN

04057470042
fim, a violência conjugal é aquela que é cometida contra a mulher por seu
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
parceiro ou contra o homem por sua parceira, no04057470042
contexto em que existe, entre
AL

04057470042
o casal, um relacionamento afetivo ou sexual independente deste ser legalizado
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
ou não. Importante destacar que a04057470042
terminologia04057470042
violência conjugal foi criticada
pelas feministas por dar a ideia de agressões mútuas, sendo que, para elas, seria
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
mais adequado utilizar os termos violência contra
04057470042 a mulher ou violência de
04057470042
gênero para descrever a violência que acontece na relação conjugal (Rosa &
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Falcke, 2014). 04057470042
[...] 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Diante dos dados apresentados anteriormente, pode-se concluir que a
04057470042
04057470042 violência contra a mulher é um problema04057470042 social e de saúde pública, sendo
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1404057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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Aula 05
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importante entender as dinâmicas familiares e sociais que atribuem os
04057470042
04057470042 04057470042
significados04057470042
dos papéis sociais a04057470042
homens e mulheres e como estes são
transmitidos nas famílias através das gerações. A esse respeito, os trabalhos
04057470042 04057470042
04057470042
de Bucher-Maluschke
04057470042 (2003a), 04057470042
Ribeiro e Bareicha (2008), Gomes
04057470042 (2005) e Flood e Pease (2009) apontam para a perpetuação da violência nas
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 relações familiares,
04057470042 em um processo de transmissão geracional do
04057470042 comportamento violento. Rosa e 04057470042
Falcke (2011) pontuam que crianças que
04057470042 04057470042
sofreram experiências
04057470042 de violência na infância podem vir a ter experiências 04057470042
semelhantes04057470042
na vida adulta. Segundo as autoras, fatores como abandono 04057470042
04057470042
materno, abuso de substâncias por parte dos pais e/ou repetição de

34
04057470042 04057470042

8:
comportamentos violentos são fatores
04057470042 de risco que podem favorecer a
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
perpetuação da violência. Por outro lado, as autoras afirmam existirem fatores
04057470042 04057470042

4
02
de proteção, tais como modelos amorosos saudáveis, tratamento psicoterápico
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
e rede de apoio bem constituída, que interrompem a transmissão da violência.
04057470042 04057470042

8/
-2
Assim, considera-se importante pesquisar sobre a04057470042
04057470042
04057470042
violência na relação conjugal,

m
a maneira como ela é passada de geração a geração, a forma como ela influencia

co
04057470042 04057470042

l.
a definição de papeis, valores e crenças compartilhadas. Também é importante
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
considerar como as desigualdades04057470042
existentes quanto às questões de gênero

s@
04057470042
04057470042
influenciam04057470042
e demarcam a construção dos relacionamentos conjugais.
le
ne
04057470042 04057470042
Fonte: SANT’ANNA,
04057470042T. C.; PENSO, M. A. A Transmissão Geracional da Violência
or

04057470042
ad

04057470042 04057470042
na Relação Conjugal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 33, p. 1–11, 2018.
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 Sobre a violência intrafamiliar


04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
Assim, se, em uma família, as relações são caracterizadas pelo
.5

04057470042 04057470042
40

autoritarismo e rigidez, não existindo


04057470042 outros fatores externos ou internos de
04057470042
-0

04057470042 04057470042
proteção que modifiquem esse padrão, podem ocorrer repetições das relações
AL

04057470042 04057470042
de violência. Quando isso acontece, seus membros possivelmente buscarão
AR

04057470042
AM

04057470042
resolver seus problemas e estabelecer relações conjugais semelhantes às
04057470042 04057470042
O

04057470042 vivenciadas e internalizadas no seio familiar, podendo, por exemplo,


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

estabelecer 04057470042
relacionamentos que têm a violência como base. O ciclo da violência 04057470042
EL

04057470042 pode ser rompido se existirem fatores de proteção no contexto familiar, tais
04057470042
N
R

04057470042 04057470042
como, a rede social de apoio, a coesão familiar e a04057470042
resiliência dos cônjuges, que
O

04057470042
D

proporcionem a ressignificação das experiências vividas e a transformação dos


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
padrões relacionais da família. (Ramos & Oliveira, 2008; Rosa & Falcke, 2011).
D
IN

04057470042 04057470042
Portanto, é importante considerar os pressupostos da Teoria Familiar
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
Sistêmica nos estudos e análises dos casos de violência conjugal, uma vez que
AL

04057470042 04057470042
ela prioriza as diferentes interrelações dos subsistemas, reconhece as relações
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
de complementaridade e considera04057470042
a família como um espaço privilegiado de
04057470042
proteção (Ribeiro & Albuquerque, 2008). Além disso, essa teoria considera que
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
os valores socioculturais, os significados dos papéis
04057470042 de homem e mulher são
04057470042
transmitidos e atualizados em um processo definido na Terapia Familiar como
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
transmissão multigeracional (Bowen, 1978; Penso, 2003).
04057470042
Contudo, a perspectiva de gênero permite a compreensão de que, dentro
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 da família, existem diferenças de04057470042
poder nos seus subsistemas e entre os
04057470042 participantes de cada subsistema. 04057470042
Socialmente, a mulher, "caracterizada" por
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1504057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
sua fragilidade, emocionalidade e 04057470042
um histórico de submissão, torna-se vítima
04057470042 04057470042
frequente da opressão e discriminação
04057470042 social, econômica e cultural (Lima,
04057470042
Buchele & Clímaco, 2008). Também é necessário considerar que seus papéis e
04057470042 04057470042
04057470042
funções são04057470042
construídos nas estruturas sociais da família (Swain, 2010). A
04057470042
04057470042 perspectiva patriarcal violenta, que foi, ao longo dos séculos, incentivada e
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 mantida pela sociedade, influenciou e influencia, diretamente, as relações
04057470042
04057470042 familiares. 04057470042
04057470042 04057470042
Fonte: SANT’ANNA,
04057470042T. C.; PENSO, M. A. A Transmissão Geracional da Violência 04057470042
04057470042 04057470042
na Relação Conjugal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 33, p. 1–11, 2018
04057470042

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Modelo Ecológico de Violência 04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042
Segundo Ana Lúcia Ferreira:04057470042

/2
01
A aplicação do modelo ecológico nas dimensões do cuidado
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
das crianças, adolescentes e familiares em situação de violência
04057470042

m
tem ainda outras duas implicações práticas.

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042

ai
A primeira, é 04057470042
que não há como seguir protocolos de

gm
04057470042
atendimento fechados, embora seja útil criar algumas rotinas

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 básicas e flexíveis, adaptáveis para diferentes situações. Em outras
04057470042
ne
le
palavras, o cuidado é sempre individualizado, por ser
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
praticamente impossível duas situações possuírem os mesmos
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 contextos individual, relacional, comunitário e social.


04057470042
-i

04057470042 04057470042
2

A segunda, é que as avaliações04057470042


mais aprofundadas levantam
-4

04057470042
00

04057470042 problemas que não são usualmente postos nas consultas


04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
estritamente voltadas para questões biológicas. E muitos deles
.5

04057470042 04057470042
40

precisam ser enfrentados


04057470042 para que a situação de violência seja
04057470042
-0

04057470042 04057470042
resolvida. Há, então, a04057470042
necessidade de selecionar o foco da atenção
AL

04057470042
de acordo com as especificidades do caso, priorizando algumas
AR

04057470042
AM

04057470042
ações em detrimento de outras e04057470042construindo, junto com as 04057470042
O

04057470042 famílias, os caminhos com maior chance de resultados


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

satisfatórios e duradouros.
04057470042 04057470042
EL

04057470042
Fonte: Ferreira AL. A violência contra a criança sob a perspectiva
04057470042
N
R

04057470042 04057470042
ecológica: implicações para a prática pediátrica. Resid Pediatr.
O

04057470042 04057470042
D

2011;1(0 Supl.1):24-27 04057470042


DOI: 10.25060/residpediatr-2011.v1s1-06
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
Agora vamos para o livro!
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042

FALCKE, Denise. Avaliação Psicológica na


04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Violência Intrafamiliar.04057470042
In: HUTZ, C. S. et al.
04057470042
04057470042
04057470042

(Org.). Avaliação Psicológica


04057470042
em04057470042
Contexto
04057470042 04057470042

Forense. Porto Alegre: 04057470042


Artmed, 2020. p. 297-
04057470042 04057470042

04057470042
04057470042
04057470042
308. 04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1604057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
A violência intrafamiliar caracteriza-se
04057470042 por ação ou omissão que viole a
04057470042 04057470042
integridade 04057470042
física ou psicológica de04057470042
outro membro da família, comprometendo
direito do seu desenvolvimento pleno. Ela pode ser entendida em qualquer
04057470042 04057470042
04057470042
espaço, desde que envolva pessoas
04057470042 que são considerados como familiares,
04057470042
04057470042 incluindo aquelas que exercem função parental, mesmo que não tenho laços de
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 consanguinidade. Nesse contexto, são muitos os casos em que os profissionais
04057470042
04057470042 da psicologia são acionados para contribuir
04057470042com o judiciário.
04057470042 04057470042
De forma geral os campos de atuação do psicólogo jurídico que envolvem
04057470042 04057470042
situações de04057470042
violência intrafamiliar estão ligados as Varas de Vamília, as Varas 04057470042
04057470042
da Infância04057470042
e Juventude (como nos casos de destituição do poder familiar por

34
04057470042

8:
maus-tratos04057470042
infantis) e aos juizados especializados em violência doméstica
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
(nos casos de aplicação da Lei Maria da Penha e também violência contra
04057470042 04057470042

4
02
familiares idosos). 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Quem recorre ao judiciário normalmente já esgotou seus recursos
04057470042 04057470042

8/
-2
pessoais para resolução do caso e buscam terceiro
04057470042
04057470042
que, em nome da lei, poderá
04057470042

m
auxiliar indicando um caminho a partir do que avaliará como mais adequado. O

co
04057470042 04057470042

l.
psicólogo que recebem um encaminhamento
04057470042
do Juiz tenderá a ser visto como

ai
gm
04057470042 04057470042
uma espécie de investigador, e, por isso, é comum que os avaliados tenham

s@
04057470042 04057470042
04057470042
uma tendência a se portar
04057470042
de forma como acreditam que será mais conveniente
le
ne
04057470042 04057470042
para o seu04057470042
benefício. [gerenciamento consciente/inconsciente de expressões e
or

04057470042
ad

04057470042
impressões] Assim é necessário que os profissionais da psicologia se sintam
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 preparados 04057470042


para este tipo de avaliação, que requer boa qualificação profissional
-i

04057470042
e aparato técnico para compreender as sutilezas04057470042
da avaliação psicológica com
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 essa demanda específica.


04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
Quando a criança
é retirada do convívio familiar e é acolhida, facilmente
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
passa a perceber os representantes
04057470042
do Estado como culpados pelo seu
AL

04057470042 04057470042
sofrimento, minimizando a violência que sofria na família. Essa situação serve
AR

04057470042
de alerta para necessidade do máximo cuidado na avaliação da destituição do
AM

04057470042
04057470042 04057470042
poder familiar, considerando as04057470042
repercussões que o rompimento ou a
O

04057470042
D

manutenção04057470042
dos vínculos familiares pode ter para o desenvolvimento infantil
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 futuro. 04057470042


N
R

04057470042
A destituição do poder familiar é um04057470042
04057470042
fenômeno que demanda a
O

04057470042
D

compreensão de múltiplos fatores envolvidos. Não podemos associar o maior


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
risco de destituição à pobreza e 04057470042
vulnerabilidades
04057470042
(como saúde mental dos
D
IN

04057470042
cuidadores).04057470042
E

04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Para uma avaliação minuciosa sobre 04057470042as situações de violência 04057470042
04057470042
intrafamiliar contra crianças e 04057470042
adolescentes 04057470042
é necessário considerar as
04057470042

idiossincrasias dos diferentes tipos04057470042


de violência. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
E se cada tipo de violência gerasse sintomas e consequências
04057470042 específicas? É o 04057470042
que iremos 04057470042
descobrir no restante deste capítulo.
04057470042
04057470042

04057470042
04057470042
04057470042
Violência física contra crianças e adolescentes
04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1704057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
A vitimização física infantil04057470042
envolve os comportamentos parentais de
04057470042 04057470042
negligência04057470042
e de maus tratos físicos. A confirmação da ocorrência da violência
04057470042
física costuma ser mais fácil no âmbito judiciário, pois tende a deixar marcas
04057470042 04057470042
04057470042
visíveis. apesar disso existe a tentativa
04057470042 de dissimulação, alegando acidentes
04057470042
04057470042 cotidianos, o que demanda uma avaliação acurada dos fatos e da dinâmica
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 familiar para uma melhor compreensão dos fatores desencadeadores das
04057470042
04057470042 lesões. 04057470042
04057470042 04057470042
Temos um problema cultural no Brasil: até bem pouco tempo atrás era
04057470042 04057470042
comum a força física ser usada como um forma parental de educação. Ainda
04057470042 04057470042
04057470042
hoje muitos04057470042
pais reconhecem, dentro desta cultura ainda permissiva, que

34
04057470042

8:
agridem seus filhos fisicamente em04057470042
04057470042 função de seus comportamentos.

:2
22
04057470042 04057470042
Na avaliação da violência física não devemos 04057470042 utilizar indicadores 04057470042

4
02
isolados. 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Ainda são poucos os instrumentos04057470042 específicos utilizados para 04057470042

8/
-2
identificação de violência física contra crianças
04057470042
04057470042
e adolescentes.
04057470042

m
A autora do presente capítulo destaca apenas o Inventário de Frases no

co
04057470042 04057470042

l.
diagnóstico de Violência Doméstica contra criança e adolescentes (IFVD) [57
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
frases a serem respondidas dicotomicamente com sim ou não por crianças e

s@
04057470042 04057470042
04057470042
adolescentes04057470042
entre 6 e 16 anos de idade; a partir dos 22 pontos nós identificamos
le
ne
04057470042 04057470042
indícios de vitimização].
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042
Violência sexual
04057470042
contra crianças e adolescentes
-i

04057470042 04057470042
2
-4

Quando ocorre no âmbito intrafamiliar,


04057470042 a vitimização sexual tende a
04057470042
00

04057470042 04057470042
constituir-se04057470042
como um tabu e fica protegida
04057470042pelo segredo familiar.
.7
74

Costuma haver muita ambivalência de sentimentos, pois o mesmo


.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
responsável04057470042
que cuida é o quê violenta, gerando dificuldade da criança em
-0

04057470042
compreender o tipo de sentimento04057470042
que apresenta. pode haver até mesmo uma
AL

04057470042
AR

04057470042
espécie de fascínio da vítima 04057470042
que fica enfeitiçada pela dinâmica do
AM

vitimizador. 04057470042 04057470042


O

04057470042 04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

É ainda mais grave


04057470042 quando o incesto se torna uma forma de manutenção 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

do funcionamento familiar. A criança tende a ficar mais desprotegida, uma vez


R

04057470042 04057470042
O

04057470042 que, além do abusador, o outro genitor passa a 04057470042


ser conivente com a situação
D
A

04057470042 04057470042
abusiva e não a protege.
AI

04057470042 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
Apesar dos pais e padrastos serem 04057470042
os principais abusadores, quando é a mãe a
IN

04057470042
AL

04057470042 vitimizadora, a comprovação é ainda mais difícil, pois existe uma confusão
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 entre os cuidados com corpo da criança e o comportamento
04057470042 abusivo.
04057470042 04057470042
Destaca-se também que o mito do amor materno
04057470042
e a imagem idealizada
04057470042
que se tem sobre as mães tornam 04057470042
difícil reconhecer lá com alguém que pode 04057470042
04057470042 04057470042
perpetrar a violência sexual. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
Páginas 300 e 301 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1804057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
04057470042

m
co
04057470042 04057470042

l.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
Jogo dos 7 erros de Pelisoli 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 (Página 302)04057470042


-i

04057470042 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 1. 04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
2.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
3.
AR

04057470042
AM

04057470042
04057470042 04057470042
4.
O

04057470042 04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 5. 04057470042
N
R

04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

6.
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
7.
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
5 critérios para estabelecer as diferenças entre
04057470042
abuso/ negligência
04057470042
e alienação
parental 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
( página 303) 04057470042 04057470042
1. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
2. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 3. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 1904057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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4. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
5. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Vitimização psicológica de crianças04057470042
e adolescentes
04057470042 04057470042
Além04057470042
da vitimização física e sexual de crianças e adolescentes nas 04057470042
famílias, a vitimização
04057470042 psicológica tende a ocorrer simultaneamente nesses 04057470042
04057470042
contextos. Porter manifestações sutis e invisíveis, a vitimização psicológica

34
04057470042 04057470042

8:
torna-se de 04057470042
difícil avaliação e comprovação
04057470042 para fins jurídicos. Todavia, os

:2
22
04057470042 04057470042
danos à autoestima e à própria integridade emocional
04057470042das crianças tornam 04057470042

4
02
extremamente necessário o reconhecimento da violência
04057470042psicológica. 04057470042

/2
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
-2
Violência conjugal 04057470042
04057470042
04057470042

m
A compreensão
04057470042 da violência conjugal se baseia prioritariamente em uma

co
04057470042

l.
perspectiva de gênero. Considerando que as mulheres são as principais vítimas
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
da violência04057470042
nesse contexto, e que04057470042
a violência contra mulher é fruto de uma

s@
04057470042
cultura patriarcal, que
04057470042
concede poder aos homens e submissão às mulheres, a
le
ne
04057470042 04057470042
autora sugere a mudança de terminologia de violência conjugal para
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
violência de gênero ou violência contra mulher.
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 Mulheres vítimas de violência doméstica tendem a apresentar


04057470042
-i

04057470042
características peculiares, como dificuldades na 04057470042
manifestação de sentimentos,
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 autocrítica 04057470042


precária, déficits nos relacionamentos, características de
.7

desamparo,04057470042
sentimentos de culpa, estresse situacional, desesperação e
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
depressão. 04057470042
40

04057470042
-0

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Considerando as características dos agressores conjugais, uma das
AR

04057470042
tipologias mais pesquisadas em estudos científicos foi proposta na década de
AM

04057470042
04057470042 04057470042
90. Temos três diferentes tipos de agressores:
O

04057470042 04057470042
D

1. caracterizado
04057470042
por baixos níveis de psicopatologia 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 2. denominado borderline e disfórico, que04057470042


apresenta altos níveis de
N
R

04057470042
impulsividade e características da personalidade 04057470042
04057470042
borderline;
O

04057470042
D

3. violento e antissocial, com características antissociais ou de psicopatia.


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
Observe que essa classificação também pode ser aplicada às mulheres
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
agressores conjugais. 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Os transtornos da personalidade borderline e antissocial são os que
04057470042 04057470042
04057470042
aparecem com maior frequência 04057470042
na literatura 04057470042
como associados à violência
04057470042

conjugal, mostrando-se presentes tanto em perpetradores


04057470042 04057470042 como em vítimas!
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

Violência intrafamiliar
04057470042 contra idosos 04057470042 04057470042
04057470042
Diferentes formas: 04057470042
04057470042
04057470042 1. violência psicológica 04057470042
04057470042 2. violência física 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 20
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
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3. violência sexual 04057470042
04057470042 04057470042
4. violência
04057470042 financeira 04057470042
5. negligência 04057470042 04057470042
04057470042
6. abandona
04057470042 04057470042
04057470042 7. autonegligência 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
As agressões contra o idoso costumam ser perpetrados
04057470042
por familiares que 04057470042
residem com ele, sendo os principais perpetradores os filhos, seguidos pelas
04057470042 04057470042
filhas, noras04057470042
e parceiros. 04057470042
04057470042

Algumas características individuais, relacionais e contextuais são

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042
consideradas como de maior risco04057470042
para ocorrência de situações de violência

:2
22
04057470042 04057470042
contra idosos: idade superior a 75 anos e cuidadores com doença mental ou
04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042
que abusam de álcool ou drogas; depressão e doença mental do idoso;

/2
04057470042

01
sintomas de incontinência urinária; isolamento social e conflito com
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
familiares ou amigos. 04057470042

m
A qualidade da relação entre cuidador e idoso anterior ao envelhecimento

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042
é um fator a ser analisado no contexto de avaliação de violência intrafamiliar.

ai
gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Adolescência e Prevenção de Violência no Namoro.
04057470042
ne
le
Primeiro um contexto, depois o OURO.
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
No panorama nacional, a respeito dos impactos de perpetrar e ser vítima
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 (ou ainda ambos os casos) de um namoro violento, as pesquisadoras brasileiras


04057470042
-i

04057470042 04057470042
2

Diniz e Alves (2015) ressaltam que04057470042


não se tem ainda, no país, conhecimento
-4

04057470042
00

04057470042 sobre as consequências


04057470042 em curto, médio e longo prazo desse tipo de violência
.7
74

04057470042 04057470042
na adolescência.
.5

04057470042 04057470042
40

[...] 04057470042 04057470042


-0

04057470042 04057470042
A Organização Mundial de 04057470042
Saúde (OMS) considera que a violência no
AL

04057470042
AR

namoro entre jovens é uma forma prematura da violência conjugal. Diante


04057470042
AM

04057470042
disso, aponta que os programas de prevenção da violência no namoro
04057470042 04057470042
O

04057470042
constituem 04057470042
uma das evidências para a prevenção da violência juvenil. Essas
04057470042
D

04057470042
ES

intervenções04057470042
contribuem para o desenvolvimento de relações amorosas mais 04057470042
EL

04057470042
saudáveis com a utilização de estratégias para04057470042
resolução de conflitos não
N
R

04057470042 04057470042
violentos. Entretanto, grande parte dessas evidências é realizada em países
O

04057470042 04057470042
D

desenvolvidos, como Estados Unidos e Canadá (OMS, 2016).


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D

É na adolescência que as relações de amizade e de namoro ganham maior


IN

04057470042 04057470042
importância, a família vai cedendo espaço para a construção de outros
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 relacionamentos e interações. É nessa fase do ciclo do desenvolvimento que “o


04057470042

04057470042
comportamento dos adolescentes resulta de uma interação complexa entre
04057470042
04057470042
04057470042

processos pessoais, relacionais, transgeracionais


04057470042 e sociais” (Diniz; Alves, 2015,
04057470042
p. 39). 04057470042
04057470042
04057470042
04057470042
[...] 04057470042 04057470042
Por meio deste estudo, que objetivou analisar
04057470042
a produção científica sobre
04057470042 04057470042
04057470042
a violência no namoro entre adolescentes, pode-se inferir que pesquisas sobre o
04057470042

04057470042
fenômeno desse tipo de violência entre adolescentes
04057470042
ainda são incipientes no
04057470042
04057470042 cenário brasileiro. Entretanto, a magnitude
04057470042 do impacto de vivenciar situações
04057470042
que envolvem sofrer ou perpetrar04057470042
violência, nesse
04057470042
contexto, pode acarretar
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 2104057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
consequências variadas para o desenvolvimento
04057470042 dessa idade etária, em direção
04057470042 04057470042
à vida adulta.
04057470042 04057470042
Evidenciou-se, também, que a violência no namoro apresenta
04057470042 04057470042
04057470042
características que diferem da violência
04057470042 contra a mulher por parceiro íntimo,
04057470042
04057470042 particularmente no que diz respeito a incidências estatísticas que destacam
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 apenas a mulher como vítima. Salienta-se que a violência aqui estudada pode
04057470042
04057470042 ser um preditor da violência conjugal. 04057470042
04057470042 04057470042
Os programas
04057470042 de prevenção desenvolvidos em contexto escolar, 04057470042
internacionais, são apontados como uma importante ação interventiva para a
04057470042 04057470042
04057470042
prevenção precoce
04057470042das relações violentas no namoro entre adolescentes. Em

34
04057470042

8:
contrapartida, os resultados das investigações
04057470042 04057470042 nacionais ainda são incipientes e

:2
22
04057470042 04057470042
apresentam resultados inconclusivos. 04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042
Fonte: ANDRADE, Thais Afonso; 04057470042
LIMA, Albenise de Oliveira. Violência e

/2
01
namoro na adolescência: uma revisão de literatura. Desidades, Rio de Janeiro
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
, n. 19, p. 20-35, jun. 04057470042
2018 . Disponível em

m
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2318-

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042
92822018000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 dez. 2023.

ai
gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
Agora04057470042
o OURO:
04057470042
ne
le
Os esforços preventivos
ao nível da violência no namoro podem assumir
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
diferentes dimensões: a) prevenção04057470042
primária: trabalhar com os indivíduos que
ai

04057470042
nd

04057470042 não tiveram contacto com realidades violentas ou experiências de vitimação,


04057470042
-i

04057470042 04057470042
2

procurando ajudá-los a manter 04057470042


essa condição; b) prevenção secundária:
-4

04057470042
00

04057470042 trabalhar especificamente com indivíduos em que existe o risco de se tornarem


04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
vítimas ou agressores na intimidade (e.g., adolescentes vítimas de violência
.5

04057470042 04057470042
40

parental; adolescentes
04057470042 expostos 04057470042
à violência interparental); c) prevenção
-0

04057470042 04057470042
terciária: trabalhar com indivíduos04057470042
que já foram alvo de violência no namoro e
AL

04057470042
que procuram ajuda para essa condição, de forma a reduzir esse impacto e a
AR

04057470042
AM

04057470042
evitar uma nova vitimação e/ou trabalhar com04057470042
indivíduos que perpetraram 04057470042
O

04057470042 violência e que procuram, voluntária ou coercitivamente, interromper esse tipo


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

de comportamentos.
04057470042 04057470042
EL

04057470042 Outra dimensão da prevenção da violência de género, de carácter mais


04057470042
N
R

04057470042 04057470042
amplo, passa pelo desenvolvimento de políticas governamentais, comunitárias
O

04057470042 04057470042
D

e institucionais que estimulem relações de género paritárias, que estimulem a


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
cooperação entre homens e mulheres, que promovam a autonomia e a
D
IN

04057470042 04057470042
resiliência das mulheres, bem como a resolução não violenta e eficaz dos
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
conflitos entre parceiros (HAGE, 2000).
AL

04057470042 04057470042
[...] 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Sabemos, todavia, que a violência durante04057470042
04057470042 as relações de namoro não é
uma problemática rara. Embora permaneça alguma controvérsia relativamente
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
à sua real prevalência e distribuição em termos de
04057470042 género, alguns estudos têm
04057470042
revelado a existência de níveis preocupantes de violência nas relações de
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
namoro, incluindo violência física.04057470042
Em termos internacionais, estima-se uma
prevalência situada entre os 21,8% e os 60%. [...] À semelhança de outros
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 trabalhos (e.g., KAURA; ALLEN, 2004) neste estudo, a taxa de violência severa
04057470042
04057470042 era bastante reduzida, embora esses04057470042
tipos de atos também estivessem presentes
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 22
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
(e.g., apertar o pescoço, atos sexuais contra vontade, murros, pontapés ou
04057470042
04057470042 04057470042
cabeçadas, 04057470042
bater com a cabeça na parede ou contra o chão, ameaças com
04057470042
armas). Quanto às diferenças de género, os resultados não indicaram distinções
04057470042 04057470042
04057470042
significativas, embora no que diz 04057470042
04057470042 respeito a pequenos actos de violência as
04057470042 mulheres admitissem uma maior taxa de agressão.04057470042
As estudantes admitiram, em
04057470042 04057470042
04057470042 particular, 04057470042
praticar mais comportamentos específicos tais como “dar uma
04057470042 bofetada” e “insultar, difamar ou 04057470042
fazer afirmações graves para humilhar ou
04057470042 04057470042
ferir” do que04057470042
os seus parceiros de sexo masculino. Este resultado, corroborando 04057470042
os dados de 04057470042
outros estudos neste domínio, mostrou que as raparigas também se 04057470042
04057470042
envolvem em atos de violência e que os homens também podem ser vitimados

34
04057470042 04057470042

8:
no contexto04057470042
das suas relações amorosas.
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Estes indicadores de prevalência, associados ao fato de sabermos que a
04057470042 04057470042

4
02
violência no namoro é um importante preditor da violência conjugal, reforçam
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
a importância da prevenção em fases relacionais precoces. Efetivamente, um
04057470042 04057470042

8/
-2
estudo espanhol com mulheres vitimadas evidenciou
04057470042
04057470042
que em 18,2% dos casos as
04057470042

m
agressões se04057470042
iniciaram antes de existir coabitação.

co
04057470042

l.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Violência no04057470042
namoro: dos fatores de04057470042
risco ao
impacto na vítima

s@
04057470042
Esta forma específica
04057470042
de vitimação partilha alguns dos fatores de risco
le
ne
04057470042 04057470042
associados à04057470042
violência marital. Entre os elementos mais referenciados na
or

04057470042
ad

04057470042
literatura está a presença de violência na família de origem (e.g., maus-tratos
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 diretos, vitimação vicariante). Alguns estudos registam a violência interparental


04057470042
-i

04057470042
como um preditor directo da violência no namoro, enquanto outros enfatizam o
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 seu papel indirecto pelo impacto que tem nos jovens.
04057470042
.7

Essa 04057470042
relação entre a violência no namoro e a vitimação na família de
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
origem pode ser melhor compreendida à luz da perspectiva da transmissão
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
intergeracional da violência. Este tipo
04057470042
de explicação, que tem subjacente a noção
AL

04057470042 04057470042
de aprendizagem social, postula que o comportamento de cada indivíduo é
AR

04057470042
determinado pelo ambiente em que este se 04057470042 insere, especialmente pelos
AM

04057470042
04057470042
membros da sua família, através04057470042
de mecanismos de observação, reforço,
O

04057470042
D

modelagem04057470042
ou coação, Margolin et al., citados por Cox e Stoltenberg (1991) e
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 Dutton (1999) sugerem ainda que a modelagem 04057470042não se processa só através de
N
R

04057470042
mecanismos vicariantes, mas também pela modelagem
04057470042
de certas características
O

04057470042 04057470042
D

de personalidade que sustentam a agressão na intimidade04057470042 (e.g., tendência para


A

04057470042
AI

04057470042
externalizar a responsabilidade, emoções 04057470042
04057470042
desproporcionais face à
D
IN

04057470042
rejeição/abandono).
04057470042Nesta concepção, a família é percebida não só como uma
E

04057470042
IN

04057470042
entidade que pode viabilizar certos comportamentos
04057470042
agressivos nos seus
AL

04057470042 04057470042
membros, mas que pode também levá-los a interiorizar 04057470042valores ideológicos e 04057470042
04057470042
sociais (e.g., atitudes e crenças sobre os papéis
04057470042
de género e a violência)
04057470042
04057470042
promotores de condutas violentas. 04057470042
De acordo com esta perspectiva, seria esse
04057470042
tipo de aprendizagem por parte dos filhos de casais
04057470042
04057470042
em que existe violência
04057470042
04057470042

que viabilizaria, no futuro, os mesmos desempenhos conjugais, quer como


04057470042 04057470042
vítimas quer como agressores. Os 04057470042
04057470042
estudos não são, contudo, conclusivos sobre 04057470042

a forma como esse contacto com a violência na família de origem pode afectar,
04057470042
04057470042
04057470042
de forma diferente, rapazes e raparigas. Algumas04057470042
04057470042
investigações sustentam que
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 23
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
essa aprendizagem é diferente em função do género, enquanto outros defendem
04057470042
04057470042 04057470042
a inexistência de tais diferenças. 04057470042
04057470042
O isolamento imposto pelo04057470042parceiro agressor durante o namoro é 04057470042
04057470042
também um04057470042
importante factor de risco para a violência, embora muitas vezes
04057470042
04057470042 não seja reconhecido como tal pelos jovens. O empenho no isolamento da vítima
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 e até mesmo04057470042
alguns comportamentos de stalking (e.g., impedir contactos sociais
04057470042 com os pares) são alguns dos sinais 04057470042
de risco para a violência, podendo, contudo,
04057470042 04057470042
ser confundidos com manifestações de amor do parceiro, segundo Levy,
04057470042 04057470042
referenciado04057470042
por Callahan; Tolman e Saunders (2003). Também a falta de 04057470042
04057470042
experiência04057470042
relacional, associada à necessidade de emancipação e de

34
04057470042

8:
independência dos jovens nesta fase
04057470042 (e.g., condições que conduzem à procura
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
de um tempo superior de relacionamento a sós e à04057470042 tomada de decisões de forma 04057470042

4
02
autónoma), nem sempre facilitam o reconhecimento de uma condição de
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
vitimação, nem tão-pouco a identificação 04057470042de eventuais recursos para a gerir 04057470042

8/
-2
(e.g., contacto com outros adultos ou pares).
04057470042
04057470042
04057470042

m
Outras características associadas à dinâmica relacional, designadamente

co
04057470042 04057470042

l.
as assimetrias de poder entre os parceiros íntimos, são igualmente reconhecidas
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
como fortes04057470042
preditores da violência04057470042
no namoro. Nas relações de namoro em que

s@
04057470042
o poder e, conseqüentemente,
04057470042
a tomada de decisão não são partilhados, os
le
ne
04057470042 04057470042
níveis de violência são significativamente superiores (KAURA; ALLEN, 2004).
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
Finalmente, um estudo pioneiro desenvolvido com adolescentes de
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 ambos os sexos evidencia a importância de se trabalhar com adolescentes


04057470042
-i

04057470042
masculinos que manifestem problemas de externalização,
04057470042
consumo de drogas e
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 história de agressão


04057470042 a parceiros anteriores. Por sua vez, com as adolescentes
.7

agressivas no namoro o estudo sublinha que é importante estar atento a


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
sintomas internalizadores (e.g., isolamento,
04057470042 depressão, ansiedade) e àquelas
40

04057470042
-0

04057470042
que percepcionam pouca disponibilidade
04057470042
afectiva, pobre envolvimento e fraca
AL

04057470042 04057470042
supervisão por parte dos pais. De acordo com este estudo, os pais assumem um
AR

04057470042
papel decisivo numa eventual progressão para uma trajectória anti-social ou
AM

04057470042
04057470042 04057470042
inadaptada.
O

04057470042 04057470042
D

Tal como na violência marital, a violência no namoro pode traduzir-se


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 num impacto significativo para a vítima, resultando em danos diversos (GLASS
04057470042
N
R

04057470042
et. al., 2003), a curto e a longo prazo (e.g., disfunções
04057470042
do comportamento
O

04057470042 04057470042
D

alimentar, stress pós-traumático, perturbações 04057470042emocionais, comportamentos


A

04057470042
AI

04057470042
sexuais de risco). 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
[...]
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
Programas preventivos da violência nas relações
04057470042
amorosas: a dimensão
AL

04057470042 04057470042
atitudinal 04057470042 04057470042
04057470042
A partir da década de 1990 começaram
04057470042
a surgir na literatura as primeiras
04057470042
04057470042
referências a programas de prevenção da violência
04057470042 nas relações amorosas dos
04057470042
jovens. Esse tipo de projeto expandiu-se, sendo hoje
04057470042
04057470042
possível encontrar diversos
04057470042
04057470042

programas já desenvolvidos. A maioria visa, fundamentalmente,


04057470042 mostrar aos 04057470042
jovens a gravidade da violência e educa-los
04057470042
04057470042
acerca de comportamentos não- 04057470042

violentos na intimidade. Por meio de ações diversas, procuram, no essencial,


04057470042
04057470042
04057470042
diminuir a probabilidade de os participantes
04057470042
se tornarem,
04057470042
no futuro, potenciais
04057470042 ofensores ou vítimas (JAFFE et al., 1992).
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 24
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
[...] 04057470042
04057470042 04057470042
Este tipo de programas
04057470042 tem evoluído de projetos com uma única
04057470042
componente (incrementar o conhecimento04057470042 acerca da problemática) para 04057470042
04057470042
programas 04057470042
com múltiplos componentes.
04057470042Os programas multifacetados são
04057470042 desenvolvidos tendo por base a premissa de que 04057470042se a componente educacional
04057470042 04057470042
04057470042 (aumentar ou contribuir para conhecimento novo) for associada a capacidades
04057470042
04057470042 adquiridas (promover atitudes diferentes),
04057470042 com maior probabilidade se
04057470042 04057470042
produzirão 04057470042
mudanças comportamentais. Por intermédio dessas ações 04057470042
conjuntas, espera-se
04057470042 que os adolescentes possam demonstrar comportamentos 04057470042
04057470042
relacionais 04057470042
não violentos e sejam capazes de proporcionar ajuda aos pares

34
04057470042

8:
envolvidos em relações violentas (JAFFE
04057470042 et al., 1992).
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Contudo, a integração das componentes atrás referidas nos programas
04057470042 04057470042

4
02
preventivos não é, por si só, garantia de que se promovam mudanças efetivas ao
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
nível dos comportamentos e atitudes 04057470042(O´BRIEN, 2001). Recentemente, 04057470042

8/
-2
atendendo à necessidade de se utilizar abordagens
04057470042
04057470042
multifatoriais, os programas
04057470042

m
têm envolvido a combinação de um conjunto de estratégias, tais como a

co
04057470042 04057470042

l.
resolução de conflitos, o treino de competências
04057470042
sociais e de vida, a recriação de

ai
gm
04057470042 04057470042
atividades depois da escola e as campanhas de educação. O role-play parece

s@
04057470042 04057470042
04057470042
constituir uma das
04057470042
técnicas mais utilizadas no contexto destas propostas
le
ne
04057470042 04057470042
(SOUSA, apud KANTOR; JASINSKY, 1997).
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
Habitualmente, esses projetos contêm várias sessões didáticas, múltiplas
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 atividades escolares


04057470042e envolvem a participação dos pais, dos professores e, por
-i

04057470042
vezes, da comunidade. Em uma 04057470042
tentativa de 04057470042
sistematização dos formatos
2
-4

04057470042
00

04057470042 possíveis O'Brien (2001) cita os autores Powell, Dahlberg, Friday, Mercy,
04057470042
.7

Thornton e 04057470042
Crawford que categorizaram as diferentes estratégias de prevenção
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
em quatro 04057470042
tipologias: a) os programas
04057470042educacionais para os estudantes,
40
-0

04057470042
realizados através de sessões didáticas
04057470042
na sala de aula e em que se procura
AL

04057470042 04057470042
envolver os professores (as ações por nós desenvolvidas são um destes
AR

04057470042
exemplos); b) as atividades que envolvem os pais04057470042
e pares, destinadas a reforçar
AM

04057470042
04057470042
as mensagens adquiridas na sala de04057470042
aula; c) as atividades destinadas a promover
O

04057470042
D

as mudanças culturais na escola e em casa; d) as ações focalizadas no sistema


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 macrossocial, procurando intervir nas oportunidades 04057470042 econômicas, da


N
R

04057470042
acessibilidade a armas de fogo e da exposição
04057470042
à violência nos meios de
O

04057470042 04057470042
D

comunicação.
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
Paralelamente a esta evolução de conteúdos,
04057470042
os currículos dos programas
D
IN

04057470042 04057470042
de prevenção da violência foram se adaptando em função dos estágios
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
desenvolvimentistas em que se encontram
04057470042
as diferentes populações-alvo, quer
AL

04057470042 04057470042
nos conteúdos abordados, quer na linguagem e 04057470042 dinâmicas propostas. No que 04057470042
04057470042
respeito aos conteúdos, alguns estudos enfatizam04057470042
04057470042
a relevância de se intervir ao
04057470042

nível das atitudes e crenças associadas ao fenômeno.


04057470042 Em uma investigação já
04057470042
referenciada com estudantes universitários,
04057470042
04057470042
a 04057470042
constatação de que tanto os 04057470042

agressores como as vítimas adotavam atitudes04057470042 de maior desvalorização da 04057470042


pequena violência evidencia que
04057470042
existe uma certa reciprocidade entre
04057470042
04057470042

comportamentos e atitudes, levando as autoras do estudo a salientar o risco de


04057470042
04057470042
04057470042
tais posturas contribuírem para a perpetuação
04057470042
e escalada das condutas abusivas.
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 25
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Um outro estudo sobre as percepções
04057470042 dos adolescentes relativamente à
04057470042 04057470042
violência no04057470042
namoro evidenciou também que os adolescentes continuavam a
04057470042
atribuir parte da responsabilidade pela violência às vítimas (provocação,
04057470042 04057470042
04057470042
personalidade) (LAVOIE; ROBITAILLE;
04057470042 RESEARCH HÉBERT, 2000).
04057470042
04057470042 Esses estudos denunciam a presença de04057470042 alguns mitos em torno da
04057470042 04057470042
04057470042 violência no namoro. Tais crenças podem ser entendidas como formas
04057470042
04057470042 estereotipadas de conceber o fenômeno (“a violência íntima é um assunto
04057470042
04057470042 04057470042
privado, deve ser resolvido em casa”), negando-o, normalizando-o (“uma
04057470042 04057470042
bofetada não magoa ninguém”) ou justificando-o (“os homens batem nas
04057470042 04057470042
04057470042
mulheres apenas quando estão de cabeça perdida”). Podem ainda ser modos de

34
04057470042 04057470042

8:
entender erradamente
04057470042 os seus protagonistas:
04057470042 a vítima (por exemplo, “se as

:2
22
04057470042 04057470042
mulheres se portarem como boas esposas não serão maltratadas”) e o agressor
04057470042 04057470042

4
02
(por exemplo, “um homem tem o direito de castigar a mulher se ela faltar ao
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
cumprimento dos seus deveres”). Essas crenças aumentam o risco de
04057470042 04057470042

8/
-2
responsabilização da vítima pelas ocorrências,
04057470042
04057470042
promovem
04057470042
a desculpabilização

m
do agressor,04057470042
privatizam o problema dos maus-tratos, banalizam a experiência

co
04057470042

l.
da vítima, negam a gravidade dos maus-tratos,
04057470042
não reconhecem a sua dimensão

ai
gm
04057470042 04057470042
criminal e podem conduzir a posturas de não denúncia e de não intervenção

s@
04057470042 04057470042
04057470042
(MATOS, em04057470042
preparação).
le
ne
04057470042 04057470042
Em síntese, os aspectos culturais intervêm nos indivíduos que recorrem
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
à violência (legitimando-a), na gestão que as vítimas fazem da violência (não a
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 denunciando, pois são convidadas a aceitar determinadas realidades como


04057470042
-i

04057470042
inevitáveis ou “normais”; cf. LEVESQUE, 2001)04057470042
e acabam por influenciar a
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 própria sociedade, a qual muitas vezes silencia estes fenômenos. Foram, pois,
04057470042
.7

estes elementos que nos convidaram a eleger as questões socioculturais como


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
centrais ao pretendermos ativar esforços preventivos. Partimos do pressuposto
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
de que os jovens que registravam uma
04057470042
maior adesão a crenças tolerantes face
AL

04057470042 04057470042
aos maus-tratos com maior probabilidade se envolveriam em relações abusivas,
AR

04057470042
como vítimas ou como agressores, pelo que a alteração de tais atitudes seria uma
AM

04057470042
04057470042 04057470042
forma de prevenir realidades íntimas violentas.
O

04057470042 04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 O impacto de programas preventivos da violência04057470042


nas relações amorosas
N
R

04057470042
O desenvolvimento de programas de prevenção
04057470042
da violência nas relações
O

04057470042 04057470042
D

íntimas não tem sido acompanhado da mesma forma por estudos que ilustrem
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
a sua eficácia. [...] Este programa 04057470042
tentou sensibilizar
04057470042
os participantes para os
D
IN

04057470042
fatores preditores deste tipo de abuso, procurando fomentar alterações ao nível
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
das atitudes e promover competências sociais . 04057470042
04057470042 5
AL

04057470042
Os resultados da avaliação não são, contudo, uniformemente positivos.
04057470042 04057470042
04057470042
Um estudo de Jaffe, Sudermann, Reitzel e Killip (1992)
04057470042
encontrou mudanças em
04057470042
04057470042
ambos os sentidos, positivo e negativo, em função04057470042
04057470042 do género. Assim, os rapazes
ostentaram quer mudanças positivas, quer negativas,
04057470042
04057470042 04057470042
o mesmo não se 04057470042

sucedendo no caso das raparigas, que só evidenciaram mudanças positivas. Os


04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
5
04057470042 Ou seja, o modelo preventivo através 04057470042
da educação ainda não apresenta
04057470042 04057470042
RESULTADOS robustos. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 26
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
autores analisam estes dados como sendo uma reação defensiva do sexo
04057470042
04057470042 04057470042
masculino face à intervenção.
04057470042 04057470042
Em síntese, ainda que existam algumas questões por responder (efeitos a
04057470042 04057470042
04057470042
longo-prazo,04057470042
efeitos diferenciados 04057470042
em função do género), o potencial impacto
04057470042 dos programas de prevenção primária nas escolas parece-nos indiscutível.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Também essencial
04057470042é a avaliação da implementação de tais programas pela
04057470042 contribuição que poderá gerar para04057470042
o refinamento destas ações (adaptação dos
04057470042 04057470042
programas às necessidades dos grupos).
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Fonte: MATOS, Marlene et al . Prevenção da violência nas relações de namoro:
04057470042
intervenção04057470042
com jovens em contexto escolar. Psicol. teor. prat., São Paulo , v.

34
04057470042

8:
04057470042 04057470042
8, n. 1,04057470042
p. 55-75, 2006 . Disponível em

:2
22
04057470042
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042
36872006000100005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 dez. 2023.

/2
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
Prevenção de Violência. 04057470042

m
Como já tratamos deste ponto anteriormente, aqui irei apenas fazer uma

co
04057470042 04057470042

l.
adição de uma forma de prevenção04057470042
dentro da rede de saúde.

ai
gm
04057470042 04057470042
Atualmente,
04057470042a violência é reconhecida como um problema mundial de

s@
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
saúde pública e de violação dos direitos humanos. Para as mulheres, no Brasil,
04057470042
ne
le
somente em 2004 o Ministério da Saúde iniciou a estruturação da Rede Nacional
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde com a implantação de Núcleos
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 de Prevenção à Violência e Promoção da Saúde.


04057470042
-i

04057470042 04057470042
Nesse sentido, a Portaria GM/MS 2.406/2004 estabeleceu que sempre
2

6
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 que uma mulher se dirigir a um serviço de saúde para ser atendida, em razão de
04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
lesões provocadas pela violência doméstica ou sexual, haverá SEMPRE
.5

04057470042 04057470042
notificação compulsória.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042 04057470042
Segundo a Portaria:
AL

04057470042 04057470042
Art. 1º Instituir serviço de notificação
04057470042 compulsória de violência contra a
AR
AM

04057470042
mulher. 04057470042 04057470042
O

04057470042 § 1º Os serviços de referência serão instalados, inicialmente, em


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

municípios
04057470042que possuam capacidade de gestão e que preencham 04057470042
EL

04057470042 critérios epidemiológicos definidos. 04057470042


N
R

04057470042 04057470042
§ 2º Os serviços de que trata o caput deste artigo serão monitorados e
O

04057470042 04057470042
D

avaliados pela Secretaria de Vigilância em Saúde/MS,


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
sendo que, a partir desse processo, será programada sua expansão.
D
IN

04057470042 04057470042
Art. 2º Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, Ficha de Notificação
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
compulsória de Violência Contra a Mulher 04057470042e Outras Violências
AL

04057470042
Interpessoais, que será utilizada em todo o04057470042
território nacional. 04057470042
04057470042 04057470042
Art. 3º A notificação compulsória de violência
04057470042 contra a mulher seguirá o
04057470042
seguinte fluxo: 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
I - o preenchimento04057470042
ocorrerá na04057470042
unidade de saúde onde foi
atendida a vítima; 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
6
04057470042 Portaria GM/MS 2.406/2004 - Institui serviço de notificação
04057470042 compulsória de
04057470042 violência contra a mulher, e aprova instrumento
04057470042 e fluxo para notificação.
04057470042 04057470042
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/prt2406_05_11_2004_rep.html
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 27
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
II - a Ficha de Notificação é remetida ao Serviço de Vigilância
04057470042
04057470042 04057470042
Epidemiológica
04057470042 ou serviço correlato da respectiva Secretaria
04057470042
Municipal de Saúde, onde os dados serão inseridos em aplicativo
04057470042 04057470042
04057470042
próprio; e
04057470042 04057470042
04057470042 III - as informações consolidadas serão encaminhadas à Secretaria
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 de Estado de Saúde e, posteriormente, à Secretaria de Vigilância
04057470042
04057470042 em Saúde/MS. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
- 1.15 Adolescência e Ato Infracional.

34
04057470042 04057470042

8:
0405747004204057470042

:2
A base para essa parte da nossa aula está presente em vários artigos do

22
04057470042 04057470042
ECA. Vejamos: 04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Título III - Da Prática de Ato Infracional
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
Capítulo I - Disposições Gerais 04057470042

m
co
Art.04057470042
103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou 04057470042

l.
04057470042

ai
contravenção penal. [ato infracional04057470042
é o ato que é tipificado como crime quando feito

gm
04057470042
por maiores de 18 anos, como estamos abaixo dos 18, não é crime, é ato infracional]

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Art.04057470042
104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,le
ne
04057470042
or

04057470042
sujeitos às medidas previstas nesta 04057470042
04057470042
Lei.
ad

04057470042
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042
do adolescente à data do fato.
04057470042
-i

04057470042 04057470042
2

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as


-4

04057470042 04057470042
00

04057470042
medidas previstas no art. 101.
04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
40

Capítulo II -04057470042
Dos Direitos Individuais 04057470042
-0

04057470042 04057470042
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em
AL

04057470042 04057470042
AR

flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade


04057470042
AM

04057470042
judiciária competente. 04057470042 04057470042
O

04057470042
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus


04057470042 04057470042
EL

04057470042
direitos. 04057470042
N
R

04057470042 04057470042
O

04057470042 Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente 04057470042 e o local onde se


D
A

04057470042
encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária
04057470042
AI

04057470042 04057470042
D

competente e à família do apreendido ou à pessoa04057470042


por ele indicada.
IN

04057470042
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.04057470042

04057470042
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo
04057470042
04057470042
04057470042

prazo máximo de quarenta e cinco dias. 04057470042 04057470042


Art. 109. O adolescente civilmente
04057470042
04057470042
identificado não será submetido a
04057470042
04057470042
identificação compulsória pelos órgãos policiais,04057470042
04057470042 de proteção e judiciais, salvo
para efeito04057470042
de confrontação, havendo dúvida04057470042 fundada. [o adolescente já 04057470042
04057470042
identificado não terá sua “ficha criminal”
04057470042 puxada pelos arquivos dos órgãos

04057470042
competentes] 04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
Capítulo III - Das Garantias Processuais
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 28
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Art. 111. São asseguradas 04057470042
ao adolescente, entre outras, as seguintes
04057470042 04057470042
garantias: [na verdade, são garantias04057470042
04057470042 asseguradas a qualquer cidadão]
I - pleno e formal conhecimento04057470042 da atribuição de ato infracional, 04057470042
04057470042
mediante citação ou meio equivalente;
04057470042 04057470042
04057470042 II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
04057470042
04057470042 III - defesa técnica por advogado;
04057470042
04057470042 04057470042
IV - 04057470042
assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma 04057470042
da lei; 04057470042 04057470042
04057470042
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

34
04057470042 04057470042

8:
VI -04057470042
direito de solicitar a 04057470042
presença de seus pais ou responsável em

:2
22
04057470042 04057470042
qualquer fase do procedimento. [exceto esse inciso,04057470042
obviamente] 04057470042

4
02
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Capítulo IV - Das Medidas Sócio-Educativas
04057470042 04057470042

8/
-2
Seção I - Disposições Gerais 04057470042
04057470042
04057470042

m
Art.04057470042
112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade

co
04057470042

l.
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
I - advertência;

s@
04057470042 04057470042
04057470042
II - 04057470042
obrigação de reparar o dano;
le
ne
04057470042 04057470042
III -04057470042
prestação de serviços à comunidade;
or

04057470042
ad

04057470042
IV - liberdade assistida; 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 V - inserção
04057470042em regime de semi-liberdade;
-i

04057470042
VI - internação em estabelecimento educacional;
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 VII 04057470042


- qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
.7

§ 1º 04057470042
A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
04057470042 da infração.
40

04057470042
-0

04057470042
§ 2º Em hipótese alguma e sob
04057470042
pretexto algum, será admitida a prestação
AL

04057470042 04057470042
de trabalho forçado.
AR

04057470042
AM

04057470042
04057470042 04057470042
Seção II - Da Advertência
O

04057470042 04057470042
D

Art.04057470042
115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 reduzida a termo e assinada. 04057470042


N
R

04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

Seção III - Da Obrigação de Reparar o Dano


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
Art. 116. Em se tratando de04057470042
ato infracional
04057470042
com reflexos patrimoniais, a
D
IN

04057470042
autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa,
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
promova o ressarcimento do dano, 04057470042
ou, por outra forma, compense o prejuízo da
AL

04057470042 04057470042
vítima. 04057470042 04057470042
04057470042
Parágrafo único. Havendo 04057470042
manifesta impossibilidade,
04057470042
04057470042
a medida poderá
ser substituída por outra adequada.04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Seção IV - Da Prestação de Serviços à Comunidade
04057470042 04057470042
Art.04057470042
117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de
04057470042
04057470042

tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses,
04057470042
04057470042
04057470042
junto a entidades assistenciais, hospitais,
04057470042
escolas e outros estabelecimentos
04057470042

04057470042 congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 29
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do
04057470042
04057470042 04057470042
adolescente,04057470042
devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas
04057470042
semanais, aos sábados, domingos e04057470042
feriados ou em dias úteis, de modo a não 04057470042
04057470042
prejudicar a04057470042
freqüência à escola ou 04057470042
à jornada normal de trabalho.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Seção V - Da04057470042
Liberdade Assistida
04057470042 Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a
04057470042
04057470042 04057470042
medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o
04057470042 04057470042
adolescente.04057470042 04057470042
04057470042
§ 1º 04057470042
A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso,

34
04057470042

8:
a qual poderá ser recomendada por04057470042
04057470042 entidade ou programa de atendimento.

:2
22
04057470042 04057470042
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo04057470042
prazo mínimo de seis meses, 04057470042

4
02
podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
04057470042 04057470042

8/
-2
Art. 119. Incumbe ao orientador,
04057470042
04057470042
com04057470042
o apoio e a supervisão da

m
autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:

co
04057470042 04057470042

l.
I - promover socialmente o04057470042
adolescente e sua família, fornecendo-lhes

ai
gm
04057470042 04057470042
orientação e04057470042
inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de

s@
04057470042
04057470042
auxílio e assistência social;
04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
II -04057470042
supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
or

04057470042
ad

04057470042
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 III - 04057470042


diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua
-i

04057470042
inserção no mercado de trabalho; 04057470042 04057470042
2
-4

04057470042
00

04057470042 IV - 04057470042
apresentar relatório do caso.
.7
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
Seção VI - Do Regime
de Semi-liberdade
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
Art. 120. O regime de semi-liberdade
04057470042
pode ser determinado desde o
AL

04057470042 04057470042
início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização
AR

04057470042
de atividades externas, independentemente de autorização judicial.
AM

04057470042
04057470042 04057470042
§ 1º São obrigatórias a escolarização
04057470042 e a profissionalização, devendo,
O

04057470042
D

sempre que04057470042
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 § 2º A medida não comporta prazo determinado 04057470042aplicando-se, no que


N
R

04057470042
couber, as disposições relativas à internação.
04057470042
O

04057470042 04057470042
D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
Seção VII - Da Internação 04057470042
D
IN

04057470042
04057470042
Art.04057470042
121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita
E

04057470042
IN

04057470042
aos princípios de brevidade, excepcionalidade
04057470042
e respeito à condição peculiar de
AL

04057470042 04057470042
pessoa em desenvolvimento. 04057470042 04057470042
04057470042
§ 1º Será permitida a realização de atividades
04057470042
externas, a critério da
04057470042
04057470042
equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
04057470042 judicial em contrário.
04057470042
§ 2º A medida não comporta prazo 04057470042
04057470042
04057470042
determinado, devendo sua 04057470042

manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada,


04057470042 no máximo a cada 04057470042
seis meses. [via de regra, quase tudo 04057470042
04057470042
é reavaliado a cada 6 meses] 04057470042

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a


04057470042
04057470042
04057470042
três anos. 04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 30
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente
04057470042
04057470042 04057470042
deverá ser liberado,
04057470042 colocado em 04057470042
regime de semi-liberdade ou de liberdade
assistida. 04057470042 04057470042
04057470042
§ 5º 04057470042
A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
04057470042
04057470042 § 6º Em qualquer hipótese a desinternação 04057470042 será precedida de
04057470042 04057470042
04057470042 autorização 04057470042
judicial, ouvido o Ministério Público.
04057470042 § 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser revista a
04057470042
04057470042 04057470042
qualquer tempo pela autoridade judiciária.
04057470042 04057470042
Art.04057470042
122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: 04057470042
04057470042
I - tratar-se
04057470042 de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou

34
04057470042

8:
violência a pessoa;
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves7;
04057470042 04057470042

4
02
III - por descumprimento reiterado 04057470042 e injustificável da medida 04057470042

/2
04057470042

01
anteriormente imposta. 04057470042 04057470042

8/
-2
§ 1o O prazo de internação04057470042
na hipótese 04057470042
04057470042
do inciso III deste artigo não

m
poderá ser superior
04057470042a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após

co
04057470042

l.
o devido processo legal. 04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
§ 2º.04057470042
Em nenhuma hipótese04057470042
será aplicada a internação, havendo outra

s@
04057470042
medida adequada.
04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
Art.04057470042
123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para
or

04057470042
ad

04057470042
adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.


04057470042
-i

04057470042
Parágrafo único. Durante o04057470042
período de internação,
04057470042
inclusive provisória,
2
-4

04057470042
00

04057470042 serão obrigatórias atividades pedagógicas.


04057470042
.7

Art.04057470042
124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros,
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
os seguintes:04057470042
40

04057470042
-0

04057470042
I - entrevistar-se pessoalmente
04057470042
com o representante do Ministério
AL

04057470042 04057470042
Público;
AR

04057470042
II - peticionar diretamente a04057470042
qualquer autoridade;
AM

04057470042 04057470042
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
O

04057470042 04057470042
D

IV - 04057470042
ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 V - ser tratado com respeito e dignidade; 04057470042


N
R

04057470042
VI -04057470042
permanecer internado na mesma 04057470042localidade ou naquela mais
O

04057470042
D

próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
VIII04057470042
- corresponder-se com seus familiares e amigos;
E

04057470042
IN

04057470042
IX - ter acesso aos objetos necessários
04057470042
à higiene e asseio pessoal;
AL

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
7
O que diz o STJ? Ele diferencia reiteração de reincidência.
04057470042 Segundo o STJ:
diz que “a prática de 2
04057470042
infrações não gera a reiteração exigida pelo04057470042
inciso II do art. 122 do ECA , mas sim reincidência, não 04057470042
prevista como fundamento a ensejar aplicação da medida socioeducativa
04057470042 04057470042 de internação. O problema
é que não é possível estender ao âmbito do ECA o conceito de04057470042
reincidência, tal como previsto na lei 04057470042
04057470042 04057470042
penal. Assim, o art. 122, II, do ECA, admite a04057470042
aplicação da medida de internação caso o adolescente
reitere o cometimento de outras infrações04057470042
graves, e não quaisquer infrações ou o mesmo ato
04057470042 infracional! Ou seja, no momento, praticar dois atos infracionais graves iguais é considerado
04057470042
04057470042 04057470042
reincidência e não reiteração.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 3104057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
X - habitar alojamento 04057470042
em condições adequadas de higiene e
04057470042 04057470042
salubridade;04057470042 04057470042
XI - receber escolarização e04057470042
profissionalização; 04057470042
04057470042
XII -04057470042
realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
04057470042
04057470042 XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 XIV 04057470042
- receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que
04057470042 assim o deseje; 04057470042
04057470042 04057470042
XV -04057470042
manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro 04057470042
para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em
04057470042 04057470042
04057470042
poder da entidade;

34
04057470042 04057470042

8:
XVI 04057470042
- receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
indispensáveis à vida em sociedade. 04057470042 04057470042

4
02
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a
04057470042 04057470042

8/
-2
visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem
04057470042
04057470042
motivos sérios e fundados
04057470042

m
de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Capítulo V -04057470042
Da Remissão [a remissão é o instituto
do perdão, dispensa, da pena. Em

s@
04057470042
04057470042
strictu sensu,04057470042
é a exclusão do processo]
le
ne
04057470042 04057470042
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão,
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e


04057470042
-i

04057470042
conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 adolescente04057470042
e sua maior ou menor participação no ato infracional.
.7

Parágrafo único. Iniciado 04057470042


o procedimento, a concessão da remissão
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
Art. 127. A remissão não implica
04057470042
necessariamente o reconhecimento ou
AL

04057470042 04057470042
comprovação da responsabilidade,04057470042
nem prevalece para efeito de antecedentes,
AR

podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas


AM

04057470042
04057470042 04057470042
em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
O

04057470042 04057470042
D

Art. 128. A04057470042


medida aplicada por força da remissão poderá ser revista
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou


04057470042
N
R

04057470042
de seu representante legal, ou do Ministério Público.
04057470042
O

04057470042 04057470042
D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
Título IV - Das Medidas Pertinentes aos Pais
ou Responsável
04057470042
D
IN

04057470042
04057470042
Art. 129. São04057470042
medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
E

04057470042
IN

04057470042
I - encaminhamento a serviços e programas
04057470042
oficiais ou comunitários de
AL

04057470042 04057470042
proteção, apoio e promoção da família; 04057470042 04057470042
04057470042
II - inclusão em programa oficial ou comunitário
04057470042
de auxílio, orientação
04057470042
04057470042
e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
04057470042 04057470042
III - encaminhamento a tratamento psicológico
04057470042
04057470042
ou psiquiátrico;
04057470042
04057470042

IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;


04057470042 04057470042
V - obrigação de matricular
04057470042
o filho ou pupilo e acompanhar sua
04057470042
04057470042

freqüência e aproveitamento escolar; 04057470042


04057470042
04057470042
VI - obrigação de encaminhar a criança04057470042
04057470042
ou adolescente a tratamento
04057470042 especializado; 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 32
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
VII - advertência; 04057470042
04057470042 04057470042
VIII04057470042
- perda da guarda; 04057470042
IX - destituição da tutela; 04057470042 04057470042
04057470042
X - suspensão
04057470042 ou destituição do poder familiar.
04057470042
04057470042 Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar,
04057470042
04057470042 como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
04057470042
04057470042 04057470042
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos
04057470042 04057470042
alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do
04057470042 04057470042
04057470042
agressor. 04057470042

34
04057470042

8:
----//---- 04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Seção V - Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
04057470042 04057470042

4
02
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
04057470042 04057470042

8/
-2
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante
04057470042
04057470042
de ato infracional será,
04057470042

m
desde logo,04057470042
encaminhado à autoridade policial competente. [se for pego

co
04057470042

l.
cometendo delito, irá para a polícia; se for preso por ordem judicial, vai à autoridade
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
judiciária] 04057470042

s@
04057470042
04057470042
Art.04057470042
174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o
le
ne
04057470042 04057470042
adolescente04057470042
será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de
or

04057470042
ad

04057470042
compromisso e responsabilidade 04057470042de sua apresentação ao representante do
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 Ministério Público,


04057470042no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil
-i

04057470042
imediato, exceto quando, pela gravidade do ato 04057470042
infracional e sua repercussão
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 social, deva04057470042


o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua
.7

segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
Art.04057470042
175. Em caso de não liberação,
04057470042a autoridade policial encaminhará,
40
-0

04057470042
desde logo, o adolescente ao representante
04057470042
do Ministério Público, juntamente
AL

04057470042 04057470042
com cópia do auto de apreensão ou04057470042
boletim de ocorrência.
AR

Art. 178. O adolescente a quem se atribua04057470042


autoria de ato infracional não
AM

04057470042
04057470042
poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo
O

04057470042 04057470042
D

policial, em04057470042
condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.


04057470042
N
R

04057470042
Art. 179. Apresentado o adolescente, o04057470042
04057470042
representante do Ministério
O

04057470042
D

Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
relatório policial, devidamente autuados pelo cartório
04057470042
judicial e com informação
D
IN

04057470042 04057470042
sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
sua oitiva e, em sendo possível,04057470042 de seus pais ou responsável, vítima e
AL

04057470042 04057470042
testemunhas. 04057470042 04057470042
04057470042
Parágrafo único. Em caso04057470042
de não apresentação,
04057470042
04057470042
o representante do
Ministério Público notificará os pais ou responsável
04057470042 para apresentação do
04057470042
adolescente, podendo requisitar o concurso
04057470042
04057470042
das polícias civil e militar.
04057470042
04057470042

Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o


04057470042 04057470042
representante do Ministério Público
04057470042
poderá:
04057470042
04057470042

I - promover o arquivamento dos autos;


04057470042
04057470042
04057470042
II - conceder a remissão; 04057470042 04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 33
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-
04057470042
04057470042 04057470042
educativa. 04057470042 04057470042
Art. 181. Promovido o arquivamento
04057470042 dos autos ou concedida a remissão 04057470042
04057470042
pelo representante do Ministério Público,
04057470042 04057470042mediante termo fundamentado, que
04057470042 conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 para homologação.
04057470042
04057470042 § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária
04057470042
04057470042 04057470042
determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.
04057470042 04057470042
§ 2º04057470042
Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao 04057470042
04057470042
Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este

34
04057470042 04057470042

8:
oferecerá representação,
04057470042 designará04057470042
outro membro do Ministério Público para

:2
22
04057470042 04057470042
apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão,04057470042 que só então estará a 04057470042

4
02
autoridade judiciária obrigada a homologar. 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público
04057470042 04057470042

8/
-2
não promover o arquivamento ou conceder 04057470042
04057470042
a remissão, oferecerá representação
04057470042

m
à autoridade04057470042
judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação

co
04057470042

l.
da medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
§ 1º04057470042
A representação será 04057470042
oferecida por petição, que conterá o breve

s@
04057470042
resumo dos 04057470042
fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o rol
le
ne
04057470042 04057470042
de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
pela autoridade judiciária. 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 § 2º04057470042
A representação independe de prova pré-constituída da autoria e
-i

04057470042
materialidade. 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 Art.04057470042
183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
.7

procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, será de


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
quarenta e cinco dias.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
Art. 185. A internação, decretada
04057470042
ou mantida pela autoridade judiciária,
AL

04057470042 04057470042
não poderá ser cumprida em estabelecimento
04057470042 prisional.
AR

Art. 186. Comparecendo o04057470042


adolescente,04057470042
seus pais ou responsável, a
AM

04057470042
autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião
O

04057470042 04057470042
D

de profissional qualificado.
04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada


04057470042 a remissão, ouvirá o
N
R

04057470042
representante do Ministério Público, proferindo04057470042
04057470042
decisão.
O

04057470042
D

Art. 187. Se o adolescente, devidamente04057470042 notificado, não comparecer,


A

04057470042
AI

04057470042
injustificadamente à audiência de apresentação,
04057470042
a autoridade judiciária
D
IN

04057470042 04057470042
designará nova data, determinando sua condução coercitiva.
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
Art. 188. A remissão, como forma de04057470042
04057470042
extinção ou suspensão do
AL

04057470042
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da
04057470042 04057470042
04057470042
sentença. 04057470042
04057470042
04057470042
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará
04057470042 qualquer medida, desde
04057470042
que reconheça na sentença: 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042

I - estar provada a inexistência do fato; [afastamento


04057470042 da materialidade] 04057470042
II - não haver prova da existência
04057470042
do fato; [afastamento da materialidade]
04057470042
04057470042

III - não constituir o fato ato infracional; [afastamento da tipificação


04057470042
04057470042
04057470042
criminal] 04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 34
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
IV - não existir prova de04057470042
ter o adolescente concorrido para o ato
04057470042 04057470042
infracional. 04057470042
[afastamento da participação na materialidade]
04057470042
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente
04057470042 04057470042
04057470042
internado, será imediatamente colocado
04057470042 em liberdade.
04057470042
04057470042 Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de internação ou
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 regime de semi-liberdade
04057470042 será feita:
04057470042 I - ao adolescente e ao seu defensor;
04057470042
04057470042 04057470042
II -04057470042
quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou 04057470042
responsável,04057470042
sem prejuízo do defensor. 04057470042
04057470042
§ 1º 04057470042
Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unicamente na

34
04057470042

8:
pessoa do defensor.
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa 04057470042
do adolescente, deverá este 04057470042

4
02
manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
Como você deve ter percebido, a aplicação
04057470042
de medidas
socioeducativas

m
a adolescentes acusados da prática de ato infracional tem sua base no ECA. A

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042
previsão legal do que é ato infracional e a aplicação das medidas socioeducativas

ai
gm
04057470042 04057470042
no ECA não04057470042
é exaustiva e deve ser vista em conjunto com outros artigos do

s@
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
próprio ECA04057470042
(como o 104 e o 105), Código Civil, Código Processual Civil e
ne
le
Constituição Federal8.
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
É importante destacar que 04057470042
as medidas socioeducativas são aplicadas a
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 quem comete atos infracionais e não a crimes (legalmente tipificadas). Observe
04057470042
-i

04057470042 04057470042
que embora a prática do ato seja descrita como criminosa, o fato de não existir
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 a culpa, em razão da imputabilidade penal, não será aplicada a pena às crianças
04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
e aos adolescentes, mas apenas medidas socioeducativas. A culpa começa a
.5

04057470042 04057470042
correr apenas a partir dos 18 anos. 04057470042
40

04057470042
-0

04057470042 04057470042
A conduta delituosa da criança04057470042ou adolescente será denominada
AL

04057470042
tecnicamente de ato infracional, abrangendo tanto o crime como as
AR

04057470042
AM

04057470042
contravenções penais, as quais constituem um elenco de infrações penais de
04057470042 04057470042
O

04057470042 menor porte, a critério do legislador e se encontram elencadas na Lei das


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

Contravenções Penais - a contravenção penal é o ato ilícito de menos


04057470042 04057470042
EL

04057470042 importância que o crime, e que só acarreta a seu autor a pena de multa ou prisão
04057470042
N
R

04057470042 04057470042
simples.
O

04057470042 04057470042
D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
Mas, qual a finalidade da apuração
04057470042 do
ato infracional do adolescente?
D
IN

04057470042
Destaco que a finalidade é diferente da apuração do crime em si. Aqui se busca
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
a proteção integral do adolescente e não a aplicação de uma sanção. E, mesmo
AL

04057470042 04057470042
assim, mesmo se comprovada a autoria da infração, sequer há a obrigatoriedade
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
da aplicação de medidas socioeducativas, o que04057470042
04057470042 somente deverá ocorrer se o
adolescente delas necessitar (veja o artigo 113 da Constituição Federal e artigo
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
8
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
04057470042
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
04057470042
04057470042 profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
04057470042 e à convivência familiar e
04057470042 04057470042
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
04057470042 04057470042
violência, crueldade e opressão. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 35
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
100 do Código Civil). Aqui o conceito de “necessidade” remete à condição que
04057470042
04057470042 04057470042
requere a neutralização
04057470042 dos fatores04057470042
determinantes da conduta infracional.
Sobre a descrição pormenorizada
04057470042da apuração do ato infracional, é 04057470042
04057470042
importante destacar
04057470042o seguinte fluxo (tenha apenas uma noção geral):
04057470042
04057470042
1 - O adolescente apreendido em flagrante deverá
04057470042
ser cientificado de seus
04057470042
04057470042
04057470042 direitos (art.106, par. único do ECA) e encaminhado à autoridade policial
04057470042
04057470042 04057470042
competente (art.172 do ECA), com comunicação INCONTINENTI ao Juiz da
04057470042 04057470042
Infância e da Juventude e sua família ou pessoa por ele indicada (art.107 do
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
ECA). Caso haja DP especializada para adolescentes, deverá o adolescente ser a
04057470042
esta encaminhado,
04057470042mesmo quando o ato for praticado em companhia de

34
04057470042

8:
imputável. 04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Obs: A falta da imediata comunicação 04057470042
da apreensão de criança ou 04057470042

4
02
competente,04057470042
adolescente à autoridade judiciária04057470042 à família ou pessoa indicada 04057470042

/2
01
pelo adolescente importa, em tese, 04057470042
na prática do crime do art.231 do ECA, assim 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
como se constitui crime proceder 04057470042
à apreensão de criança ou adolescente sem

m
que haja flagrante ou ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042
competente ou sem a observância das formalidades legais (art.230, caput e par.

ai
gm
04057470042 04057470042
único do ECA).

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
2 - Caso o ato infracional
seja praticado mediante violência ou grave ameaça à
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
pessoa, deverá ser lavrado auto de 04057470042
apreensão, com a oitiva de testemunhas, do
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 adolescente,04057470042
apreensão do produto e instrumentos da infração e requisição de
-i

04057470042
exames ou perícias necessárias à comprovação da04057470042
materialidade do ato (art.173
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 do ECA). Se o ato infracional for de natureza leve, basta a lavratura de boletim de
04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
ocorrência circunstanciado (art.173, par. único do ECA). Necessário jamais perder
.5

04057470042 04057470042
de vista que04057470042
na forma do disposto 04057470042
no art.114 do ECA, a imposição de medidas
40
-0

04057470042 04057470042
sócio-educativas tem como pressuposto a comprovação da autoria e
AL

04057470042 04057470042
materialidade da infração.
AR

04057470042
AM

04057470042
04057470042 04057470042
O

04057470042 3 - Com o comparecimento dos pais ou responsável (pode ser o dirigente da


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

entidade de 04057470042
abrigo se o adolescente está em atendimento - vide art.92, par. único 04057470042
EL

04057470042 do ECA) e o caso não comporte internação provisória, deverá ocorrer a liberação
04057470042
N
R

04057470042 04057470042
do adolescente (independentemente de ordem judicial) com assinatura de termo
O

04057470042 04057470042
D

de compromisso de apresentação ao MP (art.174, primeira parte do ECA).


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
Obs: A regra será a liberação04057470042
imediata do adolescente, seja qual for o ato
D
IN

04057470042
infracional praticado, independentemente do recolhimento de fiança (ou seja, a
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
apreensão em flagrante, por si só, não autoriza04057470042
a manutenção da privação de
AL

04057470042
liberdade do adolescente), ressalvada a “imperiosa necessidade”
04057470042 do decreto de sua 04057470042
04057470042 04057470042
internação provisória (conforme arts.107 par. único
04057470042 e 108, par. único, do ECA).
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
4 - Se o caso reclama o decreto da04057470042
internação
provisória
04057470042do adolescente (cujos
requisitos são: a) gravidade do ato, b) repercussão social, c) necessidade de
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
garantia da segurança pessoal do04057470042
adolescente ou d) manutenção da ordem
pública - art.174, in fine, do ECA) ou não comparecem os pais ou responsável,
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 deve ser aquele imediatamente encaminhado
04057470042 ao MP, com cópia de auto de
04057470042 apreensão. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 36
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Aula 05
04057470042 04057470042
4.1 - Se não é possível 04057470042
a apresentação imediata, encaminha se o
04057470042 04057470042
adolescente04057470042
à entidade apropriada 04057470042
(de internação provisória) e, em 24 (vinte e
quatro) horas, apresenta-se o adolescente ao MP (art.175 e §1º do ECA)7.
04057470042 04057470042
04057470042
Obs:04057470042
Onde não houver entidade
04057470042apropriada, o adolescente deverá
04057470042 aguardar a apresentação ao MP em dependência 04057470042da DP separada da destinada a
04057470042 04057470042
04057470042 imputáveis 04057470042
(art.175, §2º do ECA), onde em qualquer hipótese não poderá
04057470042 permanecer por mais de 05 (CINCO) DIAS, sob pena de responsabilidade (arts.5º
04057470042
04057470042 04057470042
e 185, §2º c/c04057470042
art.235, do ECA). 04057470042
O adolescente
04057470042 não poderá ser transportado em compartimento fechado 04057470042
04057470042
de viatura policial (camburão), em condições atentatórias à sua dignidade ou

34
04057470042 04057470042

8:
que impliquem em risco à sua integridade
04057470042 física ou mental (art.178 do ECA), o
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
que importa, em tese, na prática do crime previsto no art.232 do ECA
04057470042 04057470042

4
02
Obs: não há proibição expressa ao uso de algemas, porém, em especial
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
com o advento da Súmula Vinculante nº 11, do STF, estas somente devem ser
04057470042 04057470042

8/
-2
empregadas quando houver real justificativa
04057470042
04057470042
para04057470042
tanto, de modo a evitar que o

m
adolescente04057470042
seja submetido a um constrangimento maior que o estritamente

co
04057470042

l.
necessário (vide art.232, do ECA). 04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042
5 - Se não 04057470042
há flagrante, autoridade policial deverá realizar as diligências
le
ne
04057470042 04057470042
necessárias 04057470042
à apuração do fato, encaminhando ao MP, com a maior celeridade
or

04057470042
ad

04057470042
possível, o relatório das investigações e outras peças informativas (art.177 do
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 ECA). 04057470042


-i

04057470042 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 6 - O MP procede à oitiva informal do adolescente e, se possível, dos pais,


04057470042
.7

testemunhas04057470042
e vítimas (art.179 do ECA).
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042
6.1 04057470042
- Caso, após liberado, o adolescente não compareça na data
40

04057470042
-0

04057470042
designada para o ato, o MP notificará
04057470042
os pais ou responsável para apresentação
AL

04057470042 04057470042
daquele e, caso persista a ausência, expedirá ordem de condução coercitiva,
AR

04057470042
podendo para tanto requisitar o concurso das polícias civil e militar (art.179, par.
AM

04057470042
04057470042 04057470042
único, do ECA);
O

04057470042 04057470042
D

6.2 -04057470042
A audiência perante o MP será realizada com as peças autuadas no
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 cartório e com certidão de antecedentes. Quando da oitiva informal deve-se colher,
04057470042
N
R

04057470042
tanto junto ao adolescente, quanto a seus pais ou04057470042
04057470042
responsável, informes acerca
O

04057470042
D

da conduta pessoal, familiar e social daquele (se 04057470042


estuda, trabalha, é obediente,
A

04057470042
AI

04057470042
respeitador etc.), elementos que irão influenciar04057470042
04057470042
tanto na tomada de decisão
D
IN

04057470042
acerca de que providência deverá o MP adotar no caso (ato que deverá ser
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
fundamentado - art.205, do ECA), quanto, ao04057470042
04057470042
final do procedimento (se
AL

04057470042
oferecida a representação), na indicação da(s) medida(s)
04057470042a ser(em) aplicada(s). 04057470042
04057470042
Obs: A princípio, não é necessária a presença
04057470042
de advogado quando da
04057470042
04057470042
realização da oitiva informal (a obrigatoriedade
04057470042 se dá apenas após a audiência
04057470042
de apresentação - art.186, §§2º e 3º c/c art.207 e §1º04057470042
04057470042
04057470042
do ECA), mas se o adolescente 04057470042

tiver defensor constituído, a assistência deste deve ser garantida.


04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
7 - Após a oitiva informal, o MP poderá tomar uma das seguintes providências
04057470042
04057470042
04057470042
(art.180 do ECA): 04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 3704057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
I - ARQUIVAMENTO: fato inexistente,
04057470042 atipicidade do fato, autoria não é
04057470042 04057470042
do adolescente, pessoa tem mais de04057470042
04057470042 21 anos no momento da oitiva informal etc.;
II - REPRESENTAÇÃO: dedução da pretensão sócio-educativa em Juízo
04057470042 04057470042
04057470042
pelo MP (art.182 do ECA);
04057470042 04057470042
04057470042 Obs: Toda ação sócio-educativa é pública 04057470042
incondicionada, e o MP é o seu
04057470042 04057470042
04057470042 titular exclusivo, não havendo que se falar em “ação sócio-educativa privada”
04057470042
04057470042 ainda que em caráter “subsidiário” 04057470042
(ou seja, não se aplicam as disposições do
04057470042 04057470042
art.29 do CPP e art.5º, inciso LIX, da CF).
04057470042 04057470042
A propósito,
04057470042 não foi fixado qualquer prazo para o oferecimento da 04057470042
04057470042
representação (embora, se for o caso, este deva ocorrer da forma mais célere

34
04057470042 04057470042

8:
possível, havendo inclusive a previsão
04057470042 de sua dedução oral, em sessão diária
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
instalada pela autoridade judiciária - art.182, §1º,04057470042
2º parte do ECA), sendo que, 04057470042

4
02
neste aspecto, a atuação do MP não está sujeita ao princípio da obrigatoriedade,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
mas sim ao princípio da oportunidade, sendo sempre preferível a concessão da
04057470042 04057470042

8/
-2
remissão como forma de exclusão do processo
04057470042
04057470042
(inteligência
04057470042
do art.182, caput do

m
ECA).

co
04057470042 04057470042

l.
Formalmente, a representação sócio-educativa se assemelha a uma
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
denúncia-crime, contendo como elementos:
04057470042 o endereçamento (sempre ao Juiz

s@
04057470042
04057470042
da Infância 04057470042
e Juventude); a qualificação das partes; a narrativa do fato e sua
le
ne
04057470042 04057470042
capitulação 04057470042
jurídica; o pedido de procedência e aplicação da medida sócio-
or

04057470042
ad

04057470042
educativa que se entender mais adequada (não há pedido de “condenação” nem
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 deve haver 04057470042


a prévia indicação de qualquer medida) e, por fim, o rol de
-i

04057470042
testemunhas, se houver. 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 Tendo em vista a celeridade do procedimento, não se exige, quando do


04057470042
.7

oferecimento da representação,04057470042
prova pré-constituída de autoria e
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
materialidade da infração (art.182, §2º do ECA), que somente será necessária ao
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
término daquele, para que possa ser04057470042
04057470042
imposta alguma medida sócio-educativa ao
AL

04057470042
adolescente (conforme art.114 do ECA). Isto não significa deva o MP oferecer a
AR

04057470042
representação (em especial quando acompanhada de um pedido de decreto de
AM

04057470042
04057470042 04057470042
internação provisória) sem que existam ao menos fortes indícios de autoria e
O

04057470042 04057470042
D

materialidade da infração, sob pena de dano grave e irreparável ao adolescente


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 acusado. Em caso de dúvida, é preferível a devolução dos autos à D.P. de origem
04057470042
N
R

04057470042
para realização de diligências complementares. 04057470042
04057470042
O

04057470042
D

Obs: Vale destacar que, embora seja desejável, e deva ocorrer, sempre
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
que possível, a oitiva informal do 04057470042
adolescente não
04057470042
é conditio sine qua non ao
D
IN

04057470042
oferecimento da representação sócio-educativa, sendo possível que este ocorra
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
sem aquela, como na hipótese em que o adolescente
04057470042
encontra-se foragido.
AL

04057470042 04057470042
III - REMISSÃO: Quando concedida pelo MP, constitui-se numa forma de
04057470042 04057470042
04057470042
exclusão do processo. Pode ser concedida em sua04057470042
04057470042
modalidade de perdão puro e
04057470042

simples (caso em que independe 04057470042do consentimento do adolescente) ou vir


04057470042
acompanhada de MSE não privativa04057470042
de liberdade (devendo
04057470042
04057470042
ser esta ajustada pelo 04057470042

representante do MP e adolescente - arts.126, caput e 127, ambos do ECA -


04057470042 04057470042
maiores detalhes adiante).
04057470042
04057470042
04057470042

7.1 - Promovido o arquivamento ou concedida a remissão, mediante


04057470042
04057470042
04057470042
termo fundamentado (vide art.205 do ECA),
04057470042
os autos deverão ser encaminhados
04057470042

04057470042 à autoridade judiciária, para homologação (art.181, caput, do ECA).


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 38
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Aula 05
04057470042 04057470042
Obs: Mesmo tendo sido o adolescente
04057470042 apreendido em flagrante, após
04057470042 04057470042
concedida a04057470042
remissão ou promovido o arquivamento, ou mesmo quando,
04057470042
oferecida a representação, não estiverem presentes os elementos que autorizam
04057470042 04057470042
04057470042
o decreto da internação provisória,
04057470042 ou apontam no sentido na “necessidade
04057470042
04057470042 imperiosa” da medida (cf. art.108, do ECA), o Ministério Público poderá entregar
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 o adolescente04057470042
diretamente aos pais, mediante termo, independentemente de ordem
04057470042 judicial (valendo lembrar que a regra será sempre a liberação imediata do
04057470042
04057470042 04057470042
adolescente04057470042
- cf. art.108, par. único, do ECA). 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
8 - Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária deverá

34
04057470042 04057470042

8:
determinar,04057470042
conforme o caso, o 04057470042
cumprimento da medida eventualmente

:2
22
04057470042 04057470042
ajustada (vide arts.126, caput c/c 127 e art.181, §1º,04057470042
todos do ECA). 04057470042

4
02
8.1 - Caso discorde do arquivamento/remissão e/ou da medida ajustada,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
a autoridade judiciária não terá alternativa
04057470042 outra além de encaminhar os autos, 04057470042

8/
-2
mediante despacho fundamentado, ao Procurador Geral
04057470042
04057470042
de Justiça, que oferecerá
04057470042

m
representação, designará outro membro do MP para fazê-lo ou ratificará o

co
04057470042 04057470042

l.
arquivamento/remissão, que então04057470042
ficará a autoridade judiciária obrigada a

ai
gm
04057470042 04057470042
homologar (art.181,
04057470042§2º do ECA - procedimento similar ao contido no art.28 do

s@
04057470042
04057470042
CPP). A autoridade judiciária,
04057470042
portanto, neste momento não pode homologar a
le
ne
04057470042 04057470042
remissão sem a inclusão da medida eventualmente ajustada entre o MP e o
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
adolescente/responsável, sendo-lhe vedado modificá-la de ofício (vide art.128 do
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 ECA). 04057470042


-i

04057470042 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 9 - Uma vez 04057470042


oferecida (e formalmente recebida) a representação, a autoridade
.7

judiciária designará audiência de apresentação, com a notificação (citação) do


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
adolescente04057470042
E seus pais ou responsável,
04057470042 para que compareçam ao ato
40
-0

04057470042
acompanhados de advogado, dando-lhe
04057470042
ciência da imputação de ato infracional
AL

04057470042 04057470042
efetuada (art.184, caput e §1º, e 04057470042
art.111, inciso I, do ECA). Se os pais ou
AR

responsável não forem localizados, o Juiz designa curador especial ao


AM

04057470042
04057470042 04057470042
adolescente (art.184, §2º, do ECA). Se não é localizado o adolescente, expede se
O

04057470042 04057470042
D

mandado de04057470042
busca e apreensão e susta se o processo até sua localização - ou seja,
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 o adolescente não pode ser processado à revelia (art.184, §3º do ECA). Estando o
04057470042
N
R

04057470042
adolescente internado, será requisitada sua apresentação,
04057470042
sem prejuízo da
O

04057470042 04057470042
D

notificação de seus pais ou responsável, que deverão estar presentes ao ato


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
(art.111, VI c/c art.184, §4º, do ECA). Se o adolescente,
04057470042
apesar de citado, não
D
IN

04057470042 04057470042
comparece ao ato, é este redesignado, determinando a autoridade judiciária sua
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
condução coercitiva, expedindo-se 04057470042
o mandado respectivo (art.187, do ECA).
AL

04057470042 04057470042
9.1 - Estando apreendido o adolescente,04057470042
deve a autoridade judiciária 04057470042
04057470042
decidir acerca da necessidade ou04057470042
não da manutenção
04057470042
04057470042
de sua internação
provisória, observado o disposto no art.108, caput
04057470042 e parágrafo único e art.174,
04057470042
do ECA (a internação provisória somente pode ser
04057470042
04057470042
decretada em se tratando de
04057470042
04057470042

ato infracional de natureza grave, após cabal demonstração


04057470042 de sua necessidade 04057470042
imperiosa, nas hipóteses previstas04057470042
04057470042
em lei - art.174, do ECA, devendo ser o 04057470042

adolescente encaminhado para estabelecimento adequado, onde será


04057470042
04057470042
04057470042
obrigatória a realização de atividades pedagógicas).
04057470042
04057470042
O prazo máximo de
04057470042 permanência em estabelecimento prisional (enquanto aguarda a remoção para
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 39
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
estabelecimento adequado) é de 0504057470042
(cinco) dias, sob pena de responsabilidade,
04057470042 04057470042
inclusive criminal (arts.5º e 185, §2º04057470042
04057470042 c/c 235, do ECA).
9.2 - Comparecendo adolescente e seus pais ou responsável, serão
04057470042 04057470042
04057470042
colhidas as declarações
04057470042 de todos (conforme
04057470042art.186, caput do ECA - a audiência
04057470042 de apresentação não pode ser confundida com 04057470042 o singelo “interrogatório” do
04057470042 04057470042
04057470042 acusado previsto no CPP, indo muito além), podendo ser solicitada a ouvida de
04057470042
04057470042 profissionais habilitados (se disponível,04057470042 a própria equipe técnica
04057470042 04057470042
interprofissional a serviço do Juizado da Infância - cf. art.151, do ECA, ou os
04057470042 04057470042
técnicos da unidade
04057470042onde o adolescente estiver internado). 04057470042
04057470042
9.3 -04057470042
Neste momento, o Juiz, ouvido o MP, pode conceder a remissão

34
04057470042

8:
judicial, como forma de extinção ou04057470042
04057470042 suspensão do processo (arts.186, §1° e 126,

:2
22
04057470042 04057470042
par. único, ambos do ECA). 04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
10 - Se não conceder remissão judicial, o Juiz designa audiência em continuação
04057470042 04057470042

8/
-2
e pode determinar a realização de diligências
04057470042
04057470042
e de estudo psicossocial (art.186,
04057470042

m
§2º do ECA), providência que se mostra imprescindível caso se vislumbre a

co
04057470042 04057470042

l.
possibilidade da aplicação de medida privativa de liberdade, dado princípio
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
constitucional da excepcionalidade04057470042
da internação.

s@
04057470042
04057470042
10.104057470042
- A partir da audiência de apresentação, se o adolescente ainda não
le
ne
04057470042 04057470042
tiver advogado constituído, a autoridade judiciária deverá lhe nomear um
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
defensor (art.111, inciso III e art.186, §2º c/c art.207, caput e §1º do ECA).
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042
11 - O advogado constituído ou nomeado deverá apresentar defesa prévia no
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 prazo de 03 04057470042


(três) dias (art.186, §3º do ECA), arrolando as testemunhas que tiver
.7

e pedindo a04057470042
realização das diligências que entender necessárias. Como no
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
procedimento para apuração de ato infracional é fundamental a aferição das
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
condições pessoais, familiares e sociais
04057470042
do adolescente, a oitiva de pessoas que
AL

04057470042 04057470042
o conhecem, ainda que não tenham testemunhado o ato, assume maior
AR

04057470042
relevância que no processo penal.
AM

04057470042
04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

12 - Na audiência
04057470042
em continuação (verdadeira audiência de instrução e 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 julgamento), são ouvidas as testemunhas da representação,


04057470042 da defesa prévia,
N
R

04057470042
juntado relatório (estudo psicossocial) de equipe04057470042
04057470042
interprofissional, dando-se a
O

04057470042
D

seguir a palavra ao MP e ao advogado para razões finais orais, por 20 minutos,


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
prorrogáveis por mais 10, decidindo em seguida04057470042
04057470042
o Magistrado (art.186, §4º do
D
IN

04057470042
ECA).
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
13 - Estando o adolescente em internação provisória,
04057470042 o prazo máximo e 04057470042
04057470042
improrrogável para conclusão de todo o procedimento
04057470042
é de 45 (quarenta e cinco)
04057470042
04057470042
dias, computados da data da apreensão (inclusive)04057470042
04057470042 - arts.108, caput e 183, do ECA.
Obs: Tecnicamente não há 04057470042
que se falar em
04057470042
“condenação” ou “absolvição”
04057470042
04057470042

do adolescente acusado da prática de ato infracional,


04057470042 devendo a sentença 04057470042
acolher ou não a pretensão sócio educativa.
04057470042
04057470042
04057470042

No primeiro caso, julga-se04057470042


procedente a representação e aplica se a(s)
04057470042
04057470042
medida(s) sócio-educativa(s) mais 04057470042
adequadas, de acordo com as necessidades
04057470042

04057470042 pedagógicas específicas do adolescente e demais normas e princípios próprios do


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 40
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Direito da Criança e do Adolescente (observando-se
04057470042 o disposto nos arts.112, §1º e
04057470042 04057470042
113 c/c 99 e 04057470042
100, todos do ECA), com fundamentação quanto prova de autoria e
04057470042
materialidade e adequação da(s) medida(s)
04057470042aplicada(s) - com especial enfoque 04057470042
04057470042
acerca da eventual pertinência das04057470042
04057470042 medidas privativas de liberdade (dadas as
04057470042 restrições e princípios que norteiam - e visam restringir - sua aplicação mesmo
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 diante de infrações consideradas de natureza grave). Como dito anteriormente,
04057470042
04057470042 apenas para aplicação da MSE de 04057470042
advertência, bastam “indícios suficientes” de
04057470042 04057470042
autoria e prova de materialidade (art.114 do ECA).
04057470042 04057470042
No 04057470042
segundo caso, julga-se improcedente a representação, não sendo 04057470042
04057470042
possível a aplicação
04057470042de qualquer medida (art.189 do ECA - não configuração do

34
04057470042

8:
ato infracional conduta atípica
04057470042 ou acobertada pelas excludentes de
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
antijuridicidade; inexistência do fato ou de provas quanto ao fato; ausência de
04057470042 04057470042

4
02
provas quanto à materialidade; inexistência de provas quanto à autoria).
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Obs: Mesmo improcedente04057470042
a representação, em havendo necessidade, 04057470042

8/
-2
a autoridade judiciária pode aplicar ao adolescente
04057470042
04057470042
medidas unicamente
04057470042

m
protetivas (sem carga coercitiva, portanto), nos moldes do art.101 estatutário, ou

co
04057470042 04057470042

l.
encaminhar o caso para atendimento pelo Conselho Tutelar.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Obs:04057470042
Intimação da sentença04057470042
que reconhece a prática infracional e aplica

s@
04057470042
MSE: 04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
Se a04057470042
autoridade judiciária impõe ao adolescente medida sócio-educativa
or

04057470042
ad

04057470042
privativa de liberdade (semiliberdade ou internação), a intimação da sentença
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 deve ser feita pessoalmente ao adolescente e ao defensor, sendo que na hipótese
04057470042
-i

04057470042
do primeiro não ser encontrado, 04057470042
aos pais ou responsável,
04057470042
bem como e ao
2
-4

04057470042
00

04057470042 defensor (art.190, incisos I e II, do ECA).


04057470042
.7

Recaindo intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
deseja ou não04057470042
recorrer da decisão (art.190, §2º, do ECA).
40

04057470042
-0

04057470042
Mesmo que o adolescente diga
04057470042
que não deseja recorrer, o defensor não
AL

04057470042 04057470042
está impedido de fazê-lo, porém04057470042 se a manifestação do adolescente for
AR

afirmativa, desde logo se considera 04057470042


interposto o recurso, devendo o defensor ser
AM

04057470042 04057470042
intimado a oferecer as razões respectivas.
O

04057470042 04057470042
D

Aqui04057470042
vale abrir um parênteses para destacar o fato de tal permissivo se
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 constituir numa peculiaridade em relação à sistemática 04057470042 estabelecida para o


N
R

04057470042
processamento dos recursos interpostos contra decisões
04057470042
proferidas pela Justiça
O

04057470042 04057470042
D

da Infância e Juventude.
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
Com efeito, por força do 04057470042
disposto no art.198,
04057470042
do ECA, em todos os
D
IN

04057470042
procedimentos afetos à Justiça da Infância e Juventude (inclusive é claro os
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
procedimentos para apuração de 04057470042
ato infracional04057470042
praticado por adolescente),
AL

04057470042
adota-se o sistema recursal do Código de Processo Civil, com algumas “adaptações”.
04057470042 04057470042
04057470042
Como sabemos, por força do disposto nos
04057470042
arts.506, par. único c/c 514,
04057470042
04057470042
ambos do CPC, a petição na qual a apelação
04057470042 é interposta já deve vir
04057470042
acompanhada das respectivas razões, não sendo o
04057470042
04057470042
caso de abrir novo prazo (ou
04057470042
04057470042

um prazo específico, como ocorre na Lei Processual Penal), para apresentação


04057470042 04057470042
destas. 04057470042
04057470042
04057470042

Uma vez que o sistema recursal adotado pela Lei nº 8.069/90 é o previsto
04057470042
04057470042
04057470042
no Código de Processo Civil, a princípio não seria04057470042
04057470042
admissível interpor o recurso
04057470042 para, somente após, promover a juntada de suas razões.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 4104057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Ocorre que o disposto no citado art.190, §2º, do ECA se constitui em mais
04057470042
04057470042 04057470042
uma “adaptação” ao sistema recursal
04057470042 do Código de Processo Civil introduzida
04057470042
pelo legislador estatutário, que em04057470042
última análise visa submeter à análise de 04057470042
04057470042
uma instância superior toda e qualquer
04057470042 decisão impositiva de medida privativa
04057470042
04057470042 de liberdade a um adolescente acusado da prática04057470042
de ato infracional, pois via de
04057470042 04057470042
04057470042 regra, ao ser04057470042
indagado se deseja recorrer de tal decisão, a resposta em tais casos
04057470042 será afirmativa. 04057470042
04057470042 04057470042
Por 04057470042
fim, resta mencionar que caso a medida socioeducativa aplicada for 04057470042
de natureza04057470042
diversa das privativas de liberdade (advertência, obrigação de 04057470042
04057470042
reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida ou

34
04057470042 04057470042

8:
medidas de 04057470042
proteção), a intimação 04057470042
pode ser feita apenas na pessoa do defensor

:2
22
04057470042 04057470042
(art.190 do ECA). 04057470042 04057470042

4
02
Obs: A competência para processar e julgar, em grau de recurso, matéria
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
concernente ao Estatuto da Criança04057470042
e do Adolescente, em razão do disposto no 04057470042

8/
-2
Regimento Interno do Tribunal de Justiça local, é04057470042
04057470042
04057470042
assim definida:

m
A - O04057470042
julgamento, em grau de recurso, da chamada “matéria infracional”,

co
04057470042

l.
ou seja, relativa aos procedimentos04057470042
para apuração de ato infracional praticado

ai
gm
04057470042 04057470042
por adolescente, é de competência exclusiva da Segunda Câmara Criminal

s@
04057470042 04057470042
04057470042
(art.90-A, inciso II, alínea
04057470042
“i”, do Regimento Interno do TJPR);
le
ne
04057470042 04057470042
B - O04057470042
julgamento, em grau de recurso, das “ações relativas ao Estatuto da
or

04057470042
ad

04057470042
Criança e do Adolescente, ressalvada 04057470042
a matéria infracional”, é de competência das
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 Décima Primeira e Décima Segunda Câmaras Cíveis (art.88, inciso V, alínea “b”, do
04057470042
-i

04057470042
mesmo Regimento Interno). 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 Fonte: www2.mp.pr.gov.br/cpca/dwnld/ca_cmop_acl10.doc


04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042

O que faz o Psicólogo 04057470042


nesses casos?
40

04057470042
-0

04057470042 04057470042
AL

04057470042 Segundo o seu Conselho Federal de Psicologia:


04057470042
AR

04057470042
O psicólogo que integra a04057470042
equipe multiprofissional da unidade de
AM

internação, ou atua de forma esporádica na condução


04057470042
de oficinas e outras 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

atividades ou, ainda, realiza pesquisas nas unidades de internação deve pautar
04057470042 04057470042
ES

sua conduta04057470042
promovendo condições para combater tais violações. 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

Esse 04057470042
aspecto se torna mais relevante quando consideramos que a
R

04057470042
O

04057470042 04057470042
privação de liberdade refere-se tanto à internação provisória – período em que
D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 o adolescente aguarda a decisão judicial – quanto ao cumprimento de medida de


04057470042
D
IN

liberdade nas unidades04057470042


privação de 04057470042 de internação. 04057470042
E

04057470042
A internação provisória 04057470042
caracterizada como etapa necessária à
IN

04057470042
AL

04057470042 04057470042
verificação da prática do ato infracional pelo adolescente
04057470042
e à atribuição da 04057470042
04057470042 medida socioeducativa, ocupa o lugar de “porta de entrada” do sistema
04057470042
04057470042 04057470042
socioeducativo. Sua função é garantir o devido processo
04057470042
legal – na apuração do
04057470042
ato infracional – e realizar intervenções técnicas pontuais, utilizando-se desse
04057470042 04057470042
período (45 dias) para introduzir ao adolescente a04057470042
04057470042
questão da responsabilização
04057470042 04057470042
pelas consequências de seus atos. Cabe ao profissional iniciar, por meio do
04057470042 04057470042
04057470042
estudo de caso, uma construção que requer a articulação com uma rede de
04057470042
04057470042 programas e serviços presentes no município, envolvendo,
04057470042 principalmente sua
04057470042 04057470042
04057470042
família. Portanto, a contribuição do04057470042
psicólogo – e da equipe profissional – é não
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 42
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
apenas fornecer subsídios à decisão judicial, por meio da elaboração de
04057470042
04057470042 04057470042
parecer, mas, também, estabelecer
04057470042 – por meio de estudo rigoroso –
04057470042
indicações importantes que incidam sobre o adolescente no que diz respeito
04057470042 04057470042
04057470042
a seu modo04057470042
de viver. É importante04057470042
que as ações realizadas nesse período, e os
04057470042 efeitos que produzirão, tenham continuidade, independentemente
04057470042 da medida
04057470042 04057470042
04057470042 que o adolescente
04057470042deverá cumprir. Essa continuidade poderá ocorrer pela
04057470042 elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA), no cumprimento da
04057470042
04057470042 04057470042
medida a ele04057470042
atribuída. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
Proposta de04057470042
atuação do psicólogo na unidade de internação provisória:

34
04057470042

8:
Nessa04057470042
unidade, há dois objetivos, que se constituem focos para a atuação
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
do psicólogo (e demais profissionais): 04057470042 04057470042

4
02
1. a contribuição para a organização do cotidiano institucional com suas
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
rotinas; 04057470042 04057470042

8/
-2
2. elaboração do parecer psicológico,
04057470042
04057470042
que 04057470042
comporá, com os estudos dos

m
demais profissionais, o relatório técnico a ser encaminhado ao Poder

co
04057470042 04057470042

l.
Judiciário 04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
1. A organização do cotidiano institucional
04057470042implica ações de planejamento que

s@
04057470042
04057470042
abrangem a04057470042
organização do trabalho do próprio setor de Psicologia e o projeto
le
ne
04057470042 04057470042
técnico da unidade;
04057470042para isso, é fundamental que a integração com os demais
or

04057470042
ad

04057470042
setores – técnicos e não técnicos – se defina a partir do atendimento
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 interdisciplinar do adolescente que viabiliza a realização do estudo de caso a ser


04057470042
-i

04057470042
encaminhado ao Poder Judiciário. 04057470042 04057470042
2
-4

04057470042
00

04057470042 Embora a unidade seja de internação provisória (até 45 dias), é


04057470042
.7

importante 04057470042
considerar que o período que o adolescente vive ali pode se
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
configurar em experiência significativa, duradoura, para seu presente e seu
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
futuro; por- tanto, o modo como o 04057470042
04057470042
adolescente ocupa o tempo no cotidiano (as
AL

04057470042
rotinas institucionais) e os padrões 04057470042
de convivência com os demais adolescentes
AR

e com os adultos são desafios para a compreensão e as ações do psicólogo. Um


AM

04057470042
04057470042 04057470042
dado relevante a ser considerado na04057470042
organização do cotidiano institucional é que
O

04057470042
D

a internação04057470042
provisória agrega conjunto heterogêneo de adolescentes e a uma
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 parcela significativa será atribuída a medida socioeducativa


04057470042 de meio aberto;
N
R

04057470042
portanto, para esses, o período de privação 04057470042
04057470042
de liberdade restringe-se à
O

04057470042
D

internação provisória.
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
2. A elaboração do parecer psicológico implica o uso de técnicas psico- lógicas
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
(observação participante, entrevistas, testes, 04057470042
04057470042
dinâmicas grupais, escuta
AL

04057470042
individual) que permitam ter acesso a aspectos relacionados
04057470042 à sua subjetividade 04057470042
04057470042
e à coleta de dados objetivos e rigorosos sobre o adolescente.
04057470042
04057470042
04057470042
Esses dados serão
interpretados a partir de um referencial
04057470042 teórico que contextualize o ato
04057470042
infracional na dinâmica do desenvolvimento
04057470042
04057470042
pessoal do adolescente, seus
04057470042
04057470042

impasses, o conjunto de suas vivências e de seus grupos de pertencimento – sua


04057470042 04057470042
história de vida e seu contexto social.
04057470042
O parecer psicológico compõe parecer
04057470042
04057470042

técnico com os demais profissionais da unidade e, portanto, é recomendável a


04057470042
04057470042
04057470042
discussão dos casos com vistas ao parecer final ou04057470042
04057470042
ao relatório técnico.
04057470042 A consistência e a fundamentação técnica do parecer sistematizado no
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 43
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
relatório permitem ao psicólogo diálogo de parceria com os demais
04057470042
04057470042 04057470042
profissionais04057470042
da equipe de trabalho 04057470042
e com os profissionais do sistema de Justiça,
inclusive o juiz. 04057470042 04057470042
04057470042
Na unidade de internação 04057470042
04057470042 provisória, é comum que o trabalho do
04057470042 psicólogo se restrinja à elaboração dos pareceres; contudo, é importante que o
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 psicólogo possa intervir na dinâmica institucional, no apoio e suporte aos
04057470042
04057470042 demais trabalhadores no sentido de04057470042
garantir a qualidade do atendimento diário
04057470042 04057470042
(inclusive nos fins de semana) ao adolescente interno. Cabe ressaltar que o
04057470042 04057470042
atendimento04057470042
à família e o contato com outros programas e serviços constituem 04057470042
04057470042
fontes de dados privilegiadas e importantes para a elaboração do parecer e

34
04057470042 04057470042

8:
encaminhamentos significativos para
04057470042 o presente e o futuro do adolescente.
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
[...] 04057470042 04057470042

4
02
Unidade de Internação (não é unidade provisória) 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Apenas em um ambiente com possibilidades de experiências
04057470042 04057470042

8/
-2
significativas tem sentido a elaboração do Plano
04057470042
04057470042
Individual de Atendimento
04057470042

m
(PIA). Essa é04057470042
uma atribuição que o psicólogo poderá realizar individualmente ou

co
04057470042

l.
em conjunto com outro(s) técnico(s)04057470042
da unidade. A construção do PIA junto com

ai
gm
04057470042 04057470042
o adolescente implica conhecê-lo (sua história de vida, suas habilidades, seus

s@
04057470042 04057470042
04057470042
interesses, suas dificuldades
04057470042
e a prática do ato infracional situada no contexto
le
ne
04057470042 04057470042
de sua biografia) e, sempre que possível, conhe- cer sua família ou seus
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
responsáveis, no sentido de garantir a viabilidade do plano e os incentivos
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 necessários 04057470042


ao adolescente, durante e após o cumprimento da medida de
-i

04057470042
internação. O auxílio ofertado ao grupo de pertencimento
04057470042
do adolescente na
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 construção 04057470042


de uma rede de apoio a ele é fundamental na construção e
.7

viabilidade 04057470042
do PIA. O bom Plano 04057470042
Individual de Atendimento se inscreve no
74
.5

04057470042 04057470042
presente (o 04057470042
que o adolescente fará ao longo do período de internação), mas não
40

04057470042
-0

04057470042
perde de vista o futuro do adolescente
04057470042
– o término do cumprimento da medida
AL

04057470042 04057470042
de privação de liberdade e o retorno produtivo à convivência coletiva –,
AR

04057470042
finalidade última do programa de execução da medida socioeducativa.
AM

04057470042
04057470042 04057470042
O Plano Individual de Atendimento,
04057470042 prioridade do acompanhamento
O

04057470042
D

realizado nessa medida, é de autoria do adolescente (o técnico é um facilitador


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 ou mediador para sua construção) e, mais importante que seu encaminhamento
04057470042
N
R

04057470042
para ciência do Poder Judiciário, é que ele seja implementado.
04057470042
Para auxiliar na
O

04057470042 04057470042
D

implementação do PIA, o adolescente precisa ser escutado


04057470042 e orientado. Algo que
A

04057470042
AI

04057470042
cabe ao psicólogo realizar desde04057470042
a recepção 04057470042
04057470042
do adolescente (entrada) na
D
IN

unidade. A 04057470042
elaboração do PIA não é realizada em uma única entrevista (é
E

04057470042
IN

04057470042
possível explicar isso, tecnicamente, ao Ministério
04057470042
Público e ao Poder
AL

04057470042 04057470042
Judiciário), ele é construído ao longo do tempo,04057470042
a partir de um processo de 04057470042
04057470042
reflexão, que, nessa etapa da vida, se caracteriza
04057470042
por certa labilidade. O
04057470042
04057470042
acompanhamento do PIA deverá04057470042 ser realizado04057470042
individualmente, pelo que
implica de singularidade, intimidade e responsabilidade
04057470042
04057470042 04057470042
por uma escolha, 04057470042

contudo esses aspectos não excluem as atividades de suporte, como, por


04057470042 04057470042
exemplo, encontros coletivos. Nes-04057470042
04057470042
ses encontros e nessas atividades realizadas 04057470042

podem ser abordados temas pertinentes a essa faixa etária e às vivências


04057470042
04057470042
04057470042
próprias do grupo, tais como: sexualidade,
04057470042
profissionalização,
04057470042
família, drogas,
04057470042 situações dilemáticas. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 44
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Referências técnicas para atuação de psicólogos no âmbito das medidas
04057470042
04057470042 04057470042
socioeducativas em unidades de internação
04057470042 04057470042/ Conselho Federal de Psicologia. —
Brasília: CFP, 2010. Disponível em: 04057470042 04057470042
04057470042
https://crpsc.org.br/ckfinder/userfiles/files/10_%20Doc_Ref_MSE_UI.pdf
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Em complemento,
04057470042 o SINASE diz:
04057470042 Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas, em regime
04057470042
04057470042 04057470042
de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,
04057470042 04057470042
semiliberdade ou internação, dependerá de Plano Individual de
04057470042 04057470042
04057470042
Atendimento (PIA), instrumento de previsão, registro e gestão das

34
04057470042 04057470042

8:
atividades a serem desenvolvidas
04057470042 04057470042 com o adolescente.

:2
22
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

4
02
E a Portaria nº 647/2008 (Ministério da Saúde) diz:
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
6. PIA - Plano Individual de Atendimento
04057470042 04057470042

8/
-2
O registro das condições clínicas e de saúde
04057470042
04057470042
dos adolescentes deve fazer
04057470042

m
parte do Plano Individual de Atendimento - PIA, o qual deve ser acompanhado e

co
04057470042 04057470042

l.
avaliado periodicamente pela equipe multidisciplinar que atua no atendimento
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
do adolescente.

s@
04057470042 04057470042
04057470042
Os dados inseridos
04057470042
no PIA serão a base para os relatórios encaminhados ao
le
ne
04057470042 04057470042
Juiz de execuções, bem como as suas modificações que subsidiarão as decisões
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
judiciais. 04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 O Plano Individual de Atendimento - PIA deve ser elaborado pela equipe
04057470042
-i

04057470042
técnica da Unidade de Internação ou Internação Provisória
04057470042
com o adolescente e
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 a anuência da família.


04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
- 1.17 Gênero.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042 04057470042
Tratamos das violências de 04057470042
gênero praticamente em toda a nossa aula e
AL

04057470042
nas duas aulas passadas. Falamos inclusive de redes de proteção. Vou permitir-
AR

04057470042
AM

04057470042
me adicionar alguns artigos que retratam bem a visão da banca sobre o assunto.
04057470042 04057470042
O

04057470042 Esses dois artigos retratam a “forma” de pensamento da banca, se é que


04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

me entende...
04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N
R

04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

SANT’ANNA, T. C.; PENSO, M.04057470042


A. A Transmissão Geracional
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
D

da Violência na Relação Conjugal. Psicologia: Teoria e


IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
Pesquisa, v. 33, p. 1–11, 2018. 04057470042
IN

04057470042
AL

04057470042 04057470042
Leia todo o artigo antes de prosseguir: 04057470042 04057470042
04057470042 https://www.scielo.br/j/ptp/a/YNYtcz4CJmnn7qgB3LpbSVM/?format=pdf&lang
04057470042
04057470042 04057470042
=pt 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
A violência conjugal é um fenômeno multideterminado e
complexo, que
04057470042 04057470042
envolve muitos fatores: entre eles, as vivências dos papeis masculinos e
04057470042 04057470042
04057470042
femininos na sociedade e na família. Nesse sentido, o tema deste artigo é a
04057470042
04057470042 transmissão geracional da violência conjugal e04057470042
a naturalização dos papéis
04057470042 04057470042
04057470042 estereotipados de gênero de um casal vítima de violência conjugal, utilizando
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 45
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
como referencial teórico a Teoria Familiar
04057470042Sistêmica com respaldo na Teoria de
04057470042 04057470042
Gênero. 04057470042 04057470042
O pensamento sistêmico privilegia
04057470042 o inter-relacional, enfatizando o 04057470042
04057470042
contexto (tempo e espaço) no qual o04057470042
04057470042 sujeito encontra-se inserido (Vasconcellos,
04057470042 2002). Avança de um modelo linear de causa e efeito para um modelo circular
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 de padrão interacional,
04057470042 além de considerar o indivíduo como um ser social que
04057470042 influencia o contexto em que se encontra inserido, ao mesmo tempo em que é
04057470042
04057470042 04057470042
influenciado04057470042
pelo mesmo (Minuchin, 2008). 04057470042
A Teoria de Gênero discute as desigualdades de gênero, pontuando a
04057470042 04057470042
04057470042
importância04057470042
do respeito e de condições igualitárias sociais e políticas entre

34
04057470042

8:
homens e mulheres,
04057470042 entendendo que ambos são sujeitos ativos e participantes
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
no processo de desenvolvimento, independentemente de seus papéis sexuais.
04057470042 04057470042

4
02
Postula que a masculinidade encontra-se, socialmente, associada ao poder e à
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
violência, e que a lógica patriarcal ordena às mulheres que se mantenham
04057470042 04057470042

8/
-2
submissas, dependentes e inferiores, diminuindo
04057470042
04057470042
suas próprias qualidades e
04057470042

m
exaltando às04057470042
do companheiro, cumprindo assim a expectativa do social (Araújo,

co
04057470042

l.
2002; Bandeira, 2008; Saffioti, 1999).
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
A violência
04057470042conjugal, a cada dia, ganha maior visibilidade social no

s@
04057470042
04057470042
Brasil e no04057470042
mundo. (Ferres-Pérez & Bosch-Fiol, 2014; Medrado & Lyra,
le
ne
04057470042 04057470042
2003; Saffioti, 2001). Em 1980, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
(IBGE) constatou que 63% das agressões cometidas contra as mulheres ocorriam
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 no âmbito das relações domésticas (Fontana & Santos, 2001). Desse período até
04057470042
-i

04057470042
o momento atual, outras pesquisas04057470042
apontam para04057470042
o elevado índice de violência
2
-4

04057470042
00

04057470042 contra mulheres, que chega, em alguns casos, a sua exterminação por
04057470042
.7

homicídio. Pesquisa de 2013, do DataSenado, em municípios brasileiros com


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
mulheres com 16 anos ou mais, mostrou que 99% das mulheres entrevistadas
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
sabem da existência da Lei 11.340/06,
04057470042
mais conhecida como Lei Maria da Penha.
AL

04057470042 04057470042
(Brasil, 2006). Dados dessa pesquisa apontaram que 13,5 milhões de mulheres
AR

04057470042
já foram vítimas de algum tipo de agressão e destas 31% ainda convivem com o
AM

04057470042
04057470042 04057470042
agressor, entre as quais 14% destas04057470042
ainda sofrem algum tipo de violência. Entre
O

04057470042
D

as mulheres04057470042
que já sofreram violência, 65% foram agredidas pelo seu parceiro,
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 13% por ex-companheiros e 11% por parentes consanguíneos


04057470042 e cunhados. Entre
N
R

04057470042
as mulheres agredidas, 40% procuraram ajuda após
04057470042
a primeira agressão, mas
O

04057470042 04057470042
D

15% dos casos não buscaram qualquer tipo de auxilio, seja por intermédio de
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
uma rede social ou por denúncia (Brasil, 2013). 04057470042
04057470042
D
IN

04057470042
A promulgação da Lei Maria da Penha configurou a violência contra a
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
mulher como crime de maior potencial ofensivo.04057470042
04057470042
Posteriormente, em 2015 foi
AL

04057470042
promulgada a Lei nº 13.104/2015 que diz respeito04057470042
ao feminicídio (Brasil, 2015). 04057470042
04057470042
Feminicídio ou femicídio são termos designados para
04057470042
conceituar o homicídio de
04057470042
04057470042
mulheres em razão do conflito de 04057470042
gênero, ou seja, pelo simples fato de ser do
04057470042
sexo feminino, e que envolve, dessa forma, ódio 04057470042
04057470042
04057470042
ou menosprezo pela condição 04057470042

de ser mulher. De acordo com o Instituto de Pesquisa 04057470042 Econômica Aplicada 04057470042
(IPEA), 40% dos homicídios mundiais,
04057470042
de mulheres, são cometidos por um
04057470042
04057470042

parceiro íntimo. De 2001 a 2011, estima-se que, no Brasil, ocorreram mais de


04057470042
04057470042
04057470042
50.000 feminicídios. Mesmo após a04057470042
criação da lei Maria da Penha, a pesquisa
04057470042

04057470042 realizada pelo IPEA constatou que não houve redução das taxas anuais de
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 46
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
mortalidade. Os dados apontam que, no período de 2001 a 2006, a taxa anual de
04057470042
04057470042 04057470042
mortalidade04057470042
por 100 mil mulheres brasileiras
04057470042 foi de 5,28 e de 5,22. Registraram-
se, no período de 2009 a 2011, 13.071 feminicídios, o que equivale a uma taxa de
04057470042 04057470042
04057470042
4,48 óbitos por 100 mil mulheres. Isso
04057470042 significa que, nesse período, ocorreram,
04057470042
04057470042 no Brasil, mais de 5 mil mortes de mulheres a cada ano, 427 a cada mês e 15 a
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 cada dia. Dessas mortes, 29% ocorreram no domicílio da vítima, 31% em via
04057470042
04057470042 pública e 25% em ambientes de saúde (Brasil, 2015).
04057470042
04057470042 04057470042
Os conceitos
04057470042 de violência na relação conjugal se apresentam, tanto na 04057470042
literatura quanto no ambiente jurídico e social, a partir de diferentes
04057470042 04057470042
04057470042
expressões, 04057470042
tais como, violência de gênero, violência familiar, violência

34
04057470042

8:
intrafamiliar04057470042
e violência doméstica.04057470042
A violência de gênero se refere às relações

:2
22
04057470042 04057470042
de violência entre homem e mulher, mas também, entre dois homens ou até
04057470042 04057470042

4
02
entre duas mulheres. Violência familiar considera os laços consanguíneos,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
referindo-se aos indivíduos de uma04057470042
mesma família, seja ela extensa ou nuclear, 04057470042

8/
-2
cuja violência ocorre no interior do domicílio familiar
04057470042
04057470042
ou fora dele (Araújo,
04057470042

m
2002; Saffioti, 1999, 2004). O termo violência doméstica é designado aos

co
04057470042 04057470042

l.
membros (familiares ou não) que convivem
04057470042
no mesmo espaço doméstico. Por

ai
gm
04057470042 04057470042
fim, a violência conjugal é aquela04057470042
que é cometida contra a mulher por seu

s@
04057470042
04057470042
parceiro ou 04057470042
contra o homem por sua parceira, no contexto em que existe, entre
le
ne
04057470042 04057470042
o casal, um relacionamento afetivo ou sexual independente deste ser legalizado
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
ou não. Importante destacar que a04057470042
terminologia violência conjugal foi criticada
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 pelas feministas por dar a ideia de agressões mútuas, sendo que, para elas, seria
04057470042
-i

04057470042
mais adequado utilizar os termos violência contra a mulher ou violência de
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 gênero para 04057470042


descrever a violência que acontece na relação conjugal (Rosa &
.7

Falcke, 2014).
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
Apesar das críticas feministas, neste artigo, será utilizado o termo
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
violência conjugal por ser uma expressão
04057470042
de uso comum na sociedade e no
AL

04057470042 04057470042
contexto acadêmico por entender 04057470042
que o fenômeno da violência que acontece
AR

dentro de um relacionamento conjugal, dá-se de 04057470042


forma interacional e pelo fato
AM

04057470042
04057470042
de seu significado estar tipificado na04057470042
Lei Maria da Penha, primeira lei a abordar,
O

04057470042
D

de forma específica,
04057470042
a violência conjugal. A referida lei reconhece o ciclo da 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 violência, entendendo que esta tem uma dinâmica que deve ser encarada em
04057470042
N
R

04057470042
caráter extraordinário e interpretada sob a perspectiva
04057470042
de pressupostos teóricos
O

04057470042 04057470042
D

diferentes dos que eram adotados anteriormente04057470042a esta lei (Campos, 2010). Ela
A

04057470042
AI

04057470042
pode ocorrer tanto no espaço doméstico quanto urbano
04057470042
e abarca todas as formas
D
IN

04057470042 04057470042
de violência, seja ela física, moral, sexual ou psicológica (Narvaz & Koller,
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
2006a; Saffioti, 1999, 2004). 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Diante dos dados apresentados anteriormente, pode-se concluir que a
04057470042 04057470042
04057470042
violência contra a mulher é um problema04057470042
social e de saúde pública, sendo
04057470042
04057470042
importante entender as dinâmicas familiares 04057470042
04057470042 e sociais que atribuem os
significados dos papéis sociais a04057470042
homens e 04057470042
04057470042
mulheres e como estes são 04057470042

transmitidos nas famílias através das gerações. 04057470042


A esse respeito, os trabalhos 04057470042
de Bucher-Maluschke
04057470042
(2003a), 04057470042
Ribeiro e Bareicha (2008), Gomes 04057470042

(2005) e Flood e Pease (2009) apontam para a perpetuação da violência nas


04057470042
04057470042
04057470042
relações familiares, em um processo 04057470042
de 04057470042
transmissão geracional do
04057470042 comportamento violento. Rosa e 04057470042
Falcke (2011) pontuam que crianças que
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 47
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
sofreram experiências de violência04057470042
na infância podem vir a ter experiências
04057470042 04057470042
semelhantes04057470042
na vida adulta. Segundo as autoras, fatores como abandono
04057470042
materno, abuso de substâncias 04057470042
por parte dos pais e/ou repetição de 04057470042
04057470042
comportamentos violentos são fatores
04057470042 de risco que podem favorecer a
04057470042
04057470042 perpetuação da violência. Por outro lado, as autoras afirmam existirem fatores
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 de proteção,04057470042
tais como modelos amorosos saudáveis, tratamento psicoterápico
04057470042 e rede de apoio bem constituída, que interrompem a transmissão da violência.
04057470042
04057470042 04057470042
Assim, considera-se
04057470042importante pesquisar sobre a violência na relação conjugal, 04057470042
a maneira como ela é passada de geração a geração, a forma como ela influencia
04057470042 04057470042
04057470042
a definição de papeis, valores e crenças compartilhadas. Também é importante

34
04057470042 04057470042

8:
considerar como as desigualdades04057470042
04057470042 existentes quanto às questões de gênero

:2
22
04057470042 04057470042
influenciam e demarcam a construção dos relacionamentos
04057470042 conjugais. 04057470042

4
02
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Relações Conjugais e Familiares04057470042
na Perspectiva 04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042

da Teoria 04057470042
Sistêmica e da Teoria de Gênero
04057470042

m
co
04057470042

l.
A família, para a Teoria 04057470042
Sistêmica, constitui-se como a matriz de

ai
gm
04057470042 04057470042
identidade de seus membros, proporcionando o sentimento de pertencimento,

s@
04057470042 04057470042
04057470042
mas também permitindo a separação e individuação de cada um (Costa, 2010).
04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
Para Féres-Carneiro
04057470042 (2003), a noção de família pressupõe a interiorização de
or

04057470042
ad

04057470042
vivências, percepções e valores que04057470042
serão repassados para as demais relações,
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 sejam elas de qual tipo forem. A maneira como os papéis, as negociações e as
04057470042
-i

04057470042
resoluções de conflitos ocorreu na família de origem assim como a forma como
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 as regras foram definidas no decorrer das relações são herdadas e internalizadas
04057470042
.7
74

pelos filhos, além de serem transmitidas


04057470042 04057470042
às gerações seguintes (Bowen,
.5

04057470042 04057470042
1978; Bucher-Maluschke, 2003b; Papero, 1998). Assim, as vivências familiares
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
influenciarão as decisões e escolhas
04057470042
amorosas de seus membros, que se
AL

04057470042 04057470042
encontram diretamente fundamentadas em uma representação simbólica,
AR

04057470042
construída pela família, bem como pelo contexto sociocultural em que esses
AM

04057470042
04057470042 04057470042
membros encontram-se inseridos. Os movimentos de separação e individuação
O

04057470042 04057470042
D

irão influenciar a forma como o sujeito ajusta seus ideais pessoais à vivência da
04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 conjugalidade, o período de transição do desenvolvimento


04057470042 humano, que
N
R

04057470042
modifica sua realidade e a de sua família de origem,
04057470042
estando relacionado não só
O

04057470042 04057470042
D

ao seu Ciclo de Vida Individual, mas, também, ao 04057470042


Ciclo de Vida Familiar (Carter
A

04057470042
AI

04057470042
& McGoldrick, 2001). 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
O conceito de Ciclo de Vida04057470042
Familiar pressupõe que a família também
AL

04057470042 04057470042
está organizada em um processo evolutivo 04057470042 das suas relações. Carter e 04057470042
04057470042 04057470042
McGoldrick (2001) dividem o Ciclo04057470042
de Vida Familiar em seis estágios, sendo que
04057470042
cada um tem como objetivo proporcionar uma mudança no status familiar. São
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
eles: 1) Saindo de casa: jovens solteiros; 2) A união
04057470042
de famílias no casamento: o
04057470042
novo casal; 3) Famílias com filhos pequenos; 4) 04057470042
Famílias com adolescentes; 5) 04057470042
04057470042 04057470042
Lançando os filhos e seguindo em frente e; 6) Famílias no estágio tardio da vida.
04057470042
Cada estágio é composto por papéis a serem desempenhados distintamente
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
pelos membros da família, tarefas a04057470042
serem cumpridas e processos emocionais a
04057470042 serem resolvidos. Portanto, as mudanças que ocorrem no status familiar são
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 48
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
necessárias para que os membros e a família possam prosseguir em seu
04057470042
04057470042 04057470042
desenvolvimento.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
A transição
04057470042para a fase da união do
casal pode ser uma das mais
04057470042
04057470042 complexas, em razão das ambivalências existentes na sociedade moderna a
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 respeito do 04057470042
papel do casal e também porque cada um dos cônjuges, ao se unir
04057470042 ao outro, traz consigo as influências04057470042
sociais e culturais que sofreu em sua família
04057470042 04057470042
de origem (Carter &McGoldrick, 2001; Féres-Carneiro & Diniz-Neto, 2008). Por
04057470042 04057470042
outro lado, 04057470042
as vivências ao longo do Ciclo de Vida Familiar possibilitam que 04057470042
04057470042
algumas transformações, no decorrer da vivência da relação conjugal,

34
04057470042 04057470042

8:
modifiquem04057470042
a maneira como um membro do casal age com o outro, e vice-versa,
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
proporcionando mudanças no comportamento de04057470042 ambos de forma a acomodar 04057470042

4
02
as interações familiares, sejam elas funcionais ou não (Carter & McGoldrick,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
2001; Falcke & Féres- Carneiro, 2011). Assim, se, em uma família, as relações
04057470042 04057470042

8/
-2
são caracterizadas pelo autoritarismo e rigidez,04057470042
04057470042
04057470042
não existindo outros fatores

m
externos ou04057470042
internos de proteção que modifiquem esse padrão, podem ocorrer

co
04057470042

l.
repetições das relações de violência. Quando isso acontece, seus membros
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
possivelmente buscarão resolver04057470042
seus problemas e estabelecer relações

s@
04057470042
04057470042
conjugais semelhantes
04057470042
às vivenciadas e internalizadas no seio familiar,
le
ne
04057470042 04057470042
podendo, por exemplo, estabelecer relacionamentos que têm a violência como
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
base. O ciclo da violência pode ser rompido
04057470042
se existirem fatores de proteção no
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 contexto familiar, tais como, a rede social de apoio, a coesão familiar e a
04057470042
-i

04057470042
resiliência dos cônjuges, que proporcionem a ressignificação
04057470042
das experiências
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 vividas e a transformação


04057470042 dos padrões relacionais da família. (Ramos & Oliveira,
.7

2008; Rosa & Falcke, 2011).


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
Portanto, é importante considerar os pressupostos da Teoria Familiar
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
Sistêmica nos estudos e análises dos
04057470042
casos de violência conjugal, uma vez que
AL

04057470042 04057470042
ela prioriza as diferentes interrelações dos subsistemas, reconhece as relações
AR

04057470042
de complementaridade e considera a família como um espaço privilegiado de
AM

04057470042
04057470042 04057470042
proteção (Ribeiro & Albuquerque, 04057470042
2008). Além disso, essa teoria considera que
O

04057470042
D

os valores socioculturais,
04057470042
os significados dos papéis de homem e mulher são 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 transmitidos e atualizados em um processo definido na Terapia Familiar como


04057470042
N
R

04057470042
transmissão multigeracional (Bowen, 1978; Penso,
04057470042
2003).
O

04057470042 04057470042
D

Contudo, a perspectiva de gênero permite04057470042


a compreensão de que, dentro
A

04057470042
AI

04057470042
da família, existem diferenças de04057470042
poder nos 04057470042
04057470042
seus subsistemas e entre os
D
IN

participantes de cada subsistema. Socialmente, a mulher, "caracterizada" por


E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
sua fragilidade, emocionalidade e 04057470042
um histórico de submissão, torna-se vítima
AL

04057470042 04057470042
frequente da opressão e discriminação social, 04057470042 econômica e cultural (Lima, 04057470042
04057470042
Buchele & Clímaco, 2008). Também é necessário04057470042
04057470042
considerar que seus papéis e
04057470042

funções são construídos nas estruturas sociais04057470042


04057470042 da família (Swain, 2010). A
perspectiva patriarcal violenta, que foi, ao longo
04057470042
04057470042
dos séculos, incentivada e
04057470042
04057470042

mantida pela sociedade, influenciou e influencia, diretamente, as relações


04057470042 04057470042
familiares. 04057470042
04057470042
04057470042

Autoras como Diniz (2011) 04057470042


e Falcke, Rosa e Madalena (2012) associam
04057470042
04057470042
os aspectos da transmissão multigeracional
04057470042
da04057470042
violência conjugal com as
04057470042 questões de gênero, pois estas demarcam04057470042a maneira como as dinâmicas das
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 49
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
relações se estruturam e como são vivenciadas pelos membros do sistema
04057470042
04057470042 04057470042
familiar. Para as autoras, os valores
04057470042 socioculturais interferem no sistema
04057470042
familiar e nos relacionamentos de 04057470042
seus membros influenciando a formação do 04057470042
04057470042
indivíduo e 04057470042
os aprendizados que lhe foram transmitidos sobre os papéis de
04057470042
04057470042 homem e de mulher e seus significados. Esses ditos sobre o que é ser homem e
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 ser mulher encontram-se
04057470042 atrelados ao que é permitido ou proibido socialmente
04057470042 quanto à forma como cada papel deve desempenhar a fim de cumprir as tarefas
04057470042
04057470042 04057470042
que foram 04057470042
pré-estabelecidas (Haddock, Zimmerman & Phee, 2000). Esse 04057470042
raciocínio pode ser aplicado na compreensão da violência conjugal, pois o
04057470042 04057470042
04057470042
relacionamento do casal sofre influência, entre outros fatores, das questões de

34
04057470042 04057470042

8:
gênero. Vale04057470042
ressaltar, que além dos papéis esteriotipados, a Teoria de Gênero
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
descreve a importância do estabelecimento de condições igualitárias, em termos
04057470042 04057470042

4
02
sociais e políticos, entre homens e mulheres, pois compreende que ambos são
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
sujeitos ativos e participantes no processo de desenvolvimento social e histórico
04057470042 04057470042

8/
-2
da humanidade, o que independeria do sujeito
04057470042
04057470042
nascer homem ou mulher
04057470042

m
(Goodrich &04057470042
Silverstein, 2005). No entanto, é preciso considerar que a violência

co
04057470042

l.
conjugal também ocorre em razão de outros fatores, como a falta de apoio social
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
e a ausência04057470042
de fatores de proteção 04057470042
na família.

s@
04057470042
[...] 04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042 04057470042
Método
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042
Esta04057470042
é uma pesquisa qualitativa, baseada na perspectiva construtivo-
-i

04057470042 04057470042
2
-4

interpretativa proposta por González-Rey


04057470042 (2005), que considera o
04057470042
00

04057470042 04057470042
conhecimento como uma produção04057470042
da realidade. Trata-se de um estudo de caso,
.7
74

04057470042
que, segundo Gil (1999), tem como característica investigar de forma profunda
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
e intensa casos múltiplos ou um caso único, possibilitando, ao pesquisador,
-0

04057470042 04057470042
compreender os fenômenos complexos atuais do pesquisado, dentro de sua
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
realidade. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da
AM

04057470042
Universidade Católica de Brasília, com o número 04057470042
181/2011. 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

Participantes 04057470042 04057470042


EL

04057470042 04057470042
N
R

04057470042
Participou desta pesquisa um casal com história04057470042
04057470042
de violência conjugal que foi
O

04057470042
D

integrante de um grupo de acompanhamento psicossocial


04057470042em razão da aplicação
A

04057470042
AI

04057470042
da Lei Maria da Penha. Os cônjuges 04057470042
Bruna , 37 anos, e Jorge, 45 anos, ambos com
D
IN

04057470042 04057470042
ensino médio completo, pertencem à classe média baixa, vivem em união
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
consensual há 12 anos e não possuem filhos dessa04057470042
04057470042
união.
AL

04057470042
04057470042 04057470042

Instrumentos
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Entrevista do ciclo de04057470042
vida familiar. Explora o processo 04057470042
desenvolvimental da família ao longo do 04057470042
04057470042 seu Ciclo de Vida
Familiar e
04057470042 04057470042
amplia o olhar sobre o casal, a partir da observação do relacionamento
04057470042 04057470042
intergeracional (Penso, 2003). A entrevista do Ciclo de Vida Familiar,
04057470042
04057470042
04057470042 elaborada por Penso (2003), baseada nas fases do ciclo de vida descritas
04057470042
04057470042 por Carter e McGoldrick (2001), busca entender a história da família no
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 50
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
decorrer do tempo e como04057470042
esta resolveu o processo emocional de
04057470042 04057470042
transição de cada fase e 04057470042
04057470042 conseguiu cumprir as tarefas específicas
necessárias para avanço no tempo de forma funcional.
04057470042 04057470042
04057470042
Genograma. Representação 04057470042
04057470042 gráfica e eficiente que possibilita recolher e
04057470042 organizar dados multigeracionais da família, bem como verificar a sua
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 composição,
04057470042estrutura e padrões de relacionamento e funcionamento
04057470042 (Carter & McGoldrick, 04057470042
2001) Nesta pesquisa, foi explorada,
04057470042 04057470042
principalmente,
04057470042 a transmissão geracional de aspectos ligados à 04057470042
conjugalidade
04057470042 e aos comportamentos violentos presentes nas famílias de 04057470042
04057470042
origem de cada cônjuge.

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Procedimentos de Coleta 04057470042 04057470042

4
02
04057470042 04057470042

/2
O casal que participou da 04057470042
pesquisa já havia participado de um grupo

01
04057470042 04057470042
psicossocial para casais inseridos 04057470042
na Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha),

8/
-2
04057470042
devido à confirmação da violência conjugal cometida pelos companheiros
04057470042

m
co
04057470042 04057470042
contra suas companheiras. O grupo04057470042
foi realizado em uma Promotoria de Justiça

l.
ai
localizada em uma Região Administrativa do Distrito Federal. Os casais que

gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 fizeram parte do grupo foram contatados e convidados a participarem da
04057470042
pesquisa. Porém, le
dos cinco casais que foram contatados, quatro não aceitaram
ne
04057470042 04057470042
or

04057470042 04057470042
serem sujeitos da pesquisa, ou haviam se separado de seus cônjuges ou não
ad

04057470042 04057470042
ai

04057470042 foram localizados. Assim, apenas um casal concordou em participar da pesquisa


04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 e a este foi explicado todo o procedimento da04057470042


pesquisa, juntamente com a
2
-4

garantia das condições éticas que envolve a 04057470042


04057470042 mesma. Ambos os cônjuges
00

04057470042 04057470042
assinaram o04057470042
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
.7
74

04057470042
Com esse casal, foram realizados três encontros, sendo os dois
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
primeiros com a presença de ambos os cônjuges. No primeiro, realizou-se a
-0

04057470042 04057470042
entrevista do Ciclo de Vida Familiar; no segundo, a confecção do genograma de
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
Jorge; e, no terceiro, a entrevista04057470042
de confecção do Genograma de Bruna. O
AM

terceiro encontro se deu sem a presença do marido por este ter esquecido a data
04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

e o horário combinados.
04057470042 A opção pela realização dos genogramas em separado 04057470042
ES

ocorreu em razão da ausência do marido no terceiro encontro. Os encontros


04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

foram realizados, por solicitação dos participantes, em sua residência, sendo


R

04057470042 04057470042
O

04057470042 todos gravados em áudio e transcritos na íntegra.04057470042


D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042

Procedimentos de Análise
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 A análise das entrevistas e do genograma permitiu o levantamento de


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 indicadores e a construção das Zonas de Sentido, conforme proposta da
04057470042
epistemologia construtivo-interpretativa de González-Rey (2005). Os
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
indicadores são elementos que,04057470042
por intermédio da interpretação do 04057470042
pesquisador, adquirem significados04057470042
e representam um momento interpretativo
04057470042
04057470042 04057470042
com a finalidade de dar sentido ao não observável. São categorias com
04057470042 04057470042
características explicativas que, 04057470042
ao serem produzidas, constituem-se em
04057470042
04057470042 instrumentos para construção das Zonas de Sentido (Gonzáles-Rey, 2005).
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 5104057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
As Zonas de Sentido são construções do pesquisador, sendo
04057470042
04057470042 04057470042
influenciadas por suas posturas 04057470042
04057470042 teóricas e práticas, possibilitando uma
construção processual de caráter04057470042
único na produção de conhecimento e 04057470042
04057470042
informação 04057470042
(González-Rey, 2005; Passos & Penso, 2009). Neste artigo, serão
04057470042
04057470042 discutidas duas Zonas de Sentido: O relacionamento conjugal nas famílias de
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 origem: violência contra as mulheres e filhos e A herança familiar e o relacionamento
04057470042
04057470042 conjugal atual: o (re)encontro com a violência.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

Resultados 04057470042
04057470042
04057470042

34
04057470042 Serão apresentadas informações sobre a historia do casal, buscando
04057470042

8:
04057470042 04057470042

:2
contemplar 04057470042
as histórias de suas famílias de origem e a história do casal.

22
04057470042

As Famílias de Origem de Bruna e04057470042


Jorge
04057470042 04057470042

4
02
04057470042

/2
Os pais de Bruna são do interior de um estado do nordeste e encontram-
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
se casados. Como pode ser observado no genorama, desse relacionamento

-2
04057470042 04057470042
nasceram oito filhos, sendo Bruna a primogênita. Seu pai sempre trabalhou com
04057470042

m
co
04057470042 04057470042
agricultura e administrava as finanças da família. Sua mãe era costureira e usava

l.
04057470042

ai
gm
o que ganhava para as pequenas necessidades
04057470042
dos filhos, além de auxiliar seu 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 esposo na lavoura, quando necessário. Bruna afirma que a relação dos pais
04057470042
le
ne
04057470042
sempre foi muito conflituosa, relatando lembranças de episódios de agressão
04057470042
or

04057470042 04057470042
por parte de seu pai contra sua mãe04057470042
(verbais e físicas) e de violências físicas de
ad

04057470042
ai

04057470042 04057470042
seus pais para com ela e seus irmãos quando crianças (Figura 1).
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 04057470042
.7
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
AM

04057470042
04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N
R

04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Os pais de Jorge também são do nordeste, encontram-se
casados e têm
04057470042 04057470042
oito filhos, sendo Jorge o mais novo.04057470042
04057470042
Jorge possui outros dois irmãos resultantes 04057470042

de relações extraconjugais do pai, mas estes não fazem parte do ciclo de


04057470042
04057470042
04057470042
relacionamento de sua família. Seu04057470042
pai trabalhava como cobrador de ônibus e
04057470042

04057470042 conheceu sua mãe em uma de suas viagens. Iniciaram o namoro sem o
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 52
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
consentimento dos avôs maternos de Jorge, até que sua mãe engravidou e os dois
04057470042
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se casaram.04057470042
Seu pai viajava muito a04057470042
trabalho e sua mãe ficava em casa sempre
muito doente, com uma doença, sem diagnóstico, que a fazia ficar acamada e
04057470042 04057470042
04057470042
internada durante longos períodos.
04057470042 Nessas ocasiões seus irmãos mais velhos
04057470042
04057470042 responsabilizavam-se pelos afazeres domésticos 04057470042
e pelo cuidado com os irmãos
04057470042 04057470042
04057470042 mais novos.04057470042
Seus pais brigavam muito porque seu pai fazia uso de álcool e
04057470042 sempre traiu sua mãe. Quando embriagado,
04057470042 irritava a sua mãe, que chegava a
04057470042 04057470042
agredi-lo fisicamente,
04057470042 como demonstrado no Genograma (Figura 1). 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
A história do Casal - Bruna e Jorge

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042
04057470042

:2
Bruna e Jorge estão casados há doze anos e não possuem filhos dessa

22
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

4
relação. Ambos tiveram um relacionamento anterior que resultou em filhos. Na

02
04057470042 04057470042

/2
ocasião da pesquisa, conviviam na mesma residência Jorge, Bruna e os dois
04057470042

01
04057470042 04057470042
filhos de Bruna. A filha de Jorge residia com sua ex-esposa,
04057470042 não havendo contato

8/
-2
04057470042
entre eles. 04057470042

m
co
04057470042 04057470042
O casal se conheceu no ambiente de trabalho. Jorge relata que, quando

l.
04057470042

ai
conheceu Bruna e percebeu seu comportamento reservado, interessou-se e a

gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 convidou para um encontro. Bruna, por sua vez, explica que, em um primeiro
04057470042
momento, não le
aceitou os convites de Jorge, mas que a insistência dele e sua
ne
04057470042 04057470042
or

04057470042 04057470042
forma atenciosa e carinhosa fizeram com que ela cedesse aos seus apelos. O
ad

04057470042 04057470042
ai

04057470042 casal conta que sempre teve, desde o namoro, o plano de ter uma casa, um carro
04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 e uma família. 04057470042


2
-4

Relatam que os conflitos conjugais


04057470042 foram frequentes desde o namoro
04057470042
00

04057470042 04057470042
quando empurrões
04057470042e tapas já faziam parte da rotina do casal. No inicio da
.7
74

04057470042
relação, as desavenças eram devido aos ciúmes e as desconfianças de Bruna para
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
com Jorge, pois ele tinha um comportamento boêmio, marcado por infindáveis
-0

04057470042 04057470042
passeios noturnos e ingestão de álcool. Após 6 meses de namoro, casaram-se.
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
Ambos relatam que, com o passar dos 04057470042a violência foi se intensificando até
anos,
AM

chegar ao seu ápice, após 8 anos de casamento, que proporcionou a denuncia e


04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

a intervenção da justiça.
04057470042 04057470042
ES

Para Bruna, o relacionamento melhorou depois da intervenção da justiça.


04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

Quando se deparam
04057470042 com um conflito, Jorge tenta contornar a situação, sendo
R

04057470042
O

04057470042 mais carinhoso e iniciando as conversas entre 04057470042


eles. Nessas situações, ela se
D
A

04057470042 04057470042
posiciona de forma arredia, mas, em um segundo momento, cede e conversa
AI

04057470042 04057470042
D

com Jorge.
IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

Discussão
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
O Relacionamento Conjugal
04057470042 nas Famílias de
04057470042
04057470042

Origem: Violência contra as Mulheres e Filhos.


04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Esta Zona de Sentido discute o modelo 04057470042
de relacionamento
conjugal, 04057470042
afetivo e familiar que cada um dos membros do casal obteve de suas famílias de
04057470042 04057470042
04057470042
origem. Busca identificar semelhanças e diferenças entre esses modelos, na
04057470042
04057470042 perspectiva de que a formação do novo casal é influenciada
04057470042 pelas vivências e
04057470042 04057470042
04057470042 pelos aprendizados que cada um dos cônjuges teve em seu sistema familiar de
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 53
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
origem (Féres-Carneiro, 2003; Silva, Correa, & Lopes, 2010). Será apresentada
04057470042
04057470042 04057470042
a partir dos04057470042
seguintes tópicos: 1) 04057470042
O modelo de relacionamento conjugal das
famílias de origem de Bruna e Jorge; e 2) O relacionamento conjugal violento e
04057470042 04057470042
04057470042
os filhos. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
1. O modelo de relacionamento
04057470042
04057470042
conjugal das
famílias de04057470042
origem de Bruna e Jorge.
04057470042 04057470042
04057470042
Jorge e Bruna tiveram modelos
04057470042
conjugais tradicionais em suas famílias
04057470042
04057470042

de origem.04057470042
Na família de Jorge, seu pai era responsável por prover

34
04057470042

8:
financeiramente esposa e filhos,04057470042
04057470042
viajava muito a trabalho, e sua mãe

:2
22
04057470042 04057470042
desempenhava o papel de cuidadora dos filhos e 04057470042
da casa: "Meu pai só trabalhava 04057470042

4
02
e minha mãe dentro de casa 04057470042 cuidando da gente" (Jorge). Não havia
04057470042 04057470042

/2
01
compartilhamento entre o casal quanto às tomadas de decisões referentes ao lar
04057470042 04057470042

8/
-2
e aos filhos. O poder de decisão era04057470042
do pai, que detinha
04057470042
a autoridade dentro de
04057470042

m
sua família:04057470042
"Era ele. Meu pai sempre falou alto. Quando falava, todo mundo

co
04057470042

l.
murchava. Inclusive minha mãe" (Jorge).
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Na 04057470042
família de Bruna, o 04057470042
modelo de relacionamento conjugal era

s@
04057470042
semelhante,04057470042
sendo composto por um homem provedor e detentor do poder
04057470042
le
ne
04057470042
sobre os assuntos da família e uma mulher submissa que acatava as decisões do
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
marido. Seu pai não permitia abertura para qualquer questionamento sobre
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 suas resoluções: "Porque meu pai, ele era assim muito... A mulher nunca tem vez.
04057470042
-i

04057470042
Nem de falar. Faz só lavar, passar e 04057470042
cozinhar" (Bruna). Sua mãe é descrita como
04057470042
2
-4

04057470042
00

04057470042 amorosa, sentimental,


04057470042 passiva e submissa: "A minha mãe sempre era mais
.7
74

carinhosa assim" (Bruna). Cabia a ela,


04057470042
a função de organizar a casa e educar os
04057470042
.5

04057470042 04057470042
filhos pela sua capacidade de ser mais doce, caprichosa e devota ao seu esposo
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
e as suas crias (Almeida, 2007).
04057470042
AL

04057470042 04057470042
Tratava-se, portanto, de uma divisão tradicional dos papéis, na qual
AR

04057470042
cabe ao homem prover financeiramente a família, exercendo o domínio sobre
AM

04057470042
04057470042 04057470042
todos, e à mulher cuidar da casa e dos filhos, ficando restrita ao lar, executando
O

04057470042 04057470042
D

tarefas domésticas,
04057470042
sem poder de decisão sobre a vida familiar (Bandeira, 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 2009; Goodrich, Rampage, Elman, & Halstead, 1990; Narvaz & Koller,
04057470042
N
R

04057470042
2006b; Nascimento & Trindade, 2010; Saffioti,04057470042
04057470042
2004; Walters, 1994). Nesse
O

04057470042
D

contexto, tanto os pais de Bruna quanto de Jorge 04057470042


apresentavam dificuldades na
A

04057470042
AI

04057470042
negociação de normas e regras, comprometendo
04057470042
a reciprocidade e a igualdade
D
IN

04057470042 04057470042
entre os cônjuges, aspectos importantes nas relações conjugais, por possibilitar
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
a flexibilidade a respeito dos papéis sexuais e sociais entre homem e mulher
AL

04057470042 04057470042
(Mosmann, Lomando, & Wagner, 2010; Silva, Strey, & Magalhães,
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
2011; Walsh, 2005). 04057470042 04057470042
Em ambas as famílias, as atribuições
04057470042 de homem e mulher encontravam-
04057470042
04057470042 04057470042
se fixadas no estereótipo sobre esses04057470042
dois papéis e04057470042
as regras eram definidas pelos
homens, sem espaço para negociação entre os cônjuges: 04057470042 "A mulher nunca tem 04057470042
04057470042 04057470042
vez. Nem de falar. Só lavar, passar 04057470042
e cozinhar. Pra eles, assim, mulher era isso"
(Bruna). "Minha mãe dizia que ele não pensava nos filhos e em ninguém, queria só
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
saber de farra, de cachaça, de bebedeira" (Jorge). Trata-se
04057470042
de papeis estereotipados
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 54
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
sobre o que era permitido ao masculino 04057470042 e negado ao feminino (Diniz,
04057470042 04057470042
2011; Saffioti, 2004)
04057470042 04057470042
O pai de Jorge e o de Bruna04057470042
posicionavam-se perante a família tomando 04057470042
04057470042
as decisões 04057470042
individualmente, baseadas nas realizações de seus desejos, sem
04057470042
04057470042 pensar no bem-estar de sua família, destituindo sua esposa da possibilidade de
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 auxiliá-los ou negociarem possíveis resoluções para os conflitos conjugais e para
04057470042
04057470042 um melhor funcionamento do sistema 04057470042familiar. Como demonstrado no
04057470042 04057470042
Genograma 04057470042
(Figura 1), a mãe de Jorge fazia tentativas de se impor contra as 04057470042
decisões de04057470042
seu marido. Porém, na impossibilidade do diálogo, agredia-o 04057470042
04057470042
fisicamente 04057470042
e se agredia, adoecendo e ficando acamada. A mãe de Bruna, por

34
04057470042

8:
sua vez, rendia-se às decisões do marido,
04057470042 permanecendo em uma posição de
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
submissão. Tais situações possibilitaram a instalação de padrões disfuncionais
04057470042 04057470042

4
02
de relação em torno de ganhar ou perder poder (Minuchin,1999).
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Quanto à demonstração de04057470042
afeto, predominava, nas famílias e Bruna e 04057470042

8/
-2
Jorge, o modelo patriarcal, em que04057470042
os homens não
04057470042
demonstram afeto, por seu
04057470042

m
senso de identidade
04057470042 estar baseado na realização de objetivos econômicos e

co
04057470042

l.
sociais, mais do que nas relações de afetividade (Papp, 1995). O pai de Bruna
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
nunca demonstrou sinais de afetividade para com sua mãe. No entanto, esta, em

s@
04057470042 04057470042
04057470042
alguns momentos, demonstrava
04057470042
seu afeto: "Minha mãe era tipo, assim, que
le
ne
04057470042 04057470042
procurava tá04057470042
ao lado, a fazer um carinho. [...] eu nunca vi meu pai fazer isso com ela.
or

04057470042
ad

04057470042
Era sempre agressão física e verbal" (Bruna).
04057470042
Jorge, por sua vez, também não se
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 lembra de 04057470042


demonstrações de afeto e carinho entre seus pais no ambiente
-i

04057470042
familiar: "Que eu me lembre, não" 04057470042
(Jorge). Duas04057470042
mulheres vivendo situações
2
-4

04057470042
00

04057470042 parecidas, mas reagindo de forma diferente: uma que conseguia demonstrar seu
04057470042
.7

afeto em relação ao companheiro, a04057470042


despeito do seu comportamento violento, e
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
a outra (mãe04057470042
de Jorge) que, sem recursos para enfrentar o marido e violentada
40

04057470042
-0

04057470042
por ele, adoecia.
04057470042
AL

04057470042 04057470042
Segundo Diniz, Portella, 04057470042
Ludermir, Valença e Couto, (2007), a
AR

violência pode afetar a saúde física das mulheres, fazendo surgir alguns
AM

04057470042
04057470042 04057470042
sintomas de adoecimento visíveis. 04057470042
Pesquisa realizada por Figueiredo, Penso e
O

04057470042
D

Almeida (2012) com mulheres vítimas de violência conjugal mostrou que estas
04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 apresentavam problemas de saúde e psicológicos decorrentes da violência


04057470042
N
R

04057470042
sofrida. 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

Em resumo, a relação conjugal dos pais 04057470042


de Bruna e Jorge foi marcada
A

04057470042
AI

04057470042
por papéis rígidos e estereotipados,04057470042
com regras não
04057470042
negociadas e impostas pelos
D
IN

04057470042
homens da família, autoridade centrada na figura masculina, havendo ausência
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
de demonstrações de afetividade e04057470042
de negociação. Trata-se de dois sistemas
AL

04057470042 04057470042
conjugais que estabelecem modelos disfuncionais 04057470042 de relacionamento, 04057470042
04057470042
prejudicando também o sistema 04057470042familiar. Tal04057470042
contexto contribuiu para a
04057470042
naturalização de papeis estereotipados de gênero
04057470042 nas famílias de origem de
04057470042
Bruna e Jorge e sua repetição na história do casal formado
04057470042
04057470042
por eles, perpetuando
04057470042
04057470042

a violência na relação conjugal. 04057470042 04057470042


04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 55
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
2. O Relacionamento Conjugal04057470042
04057470042
Violento dos 04057470042

04057470042
Pais de Bruna e Jorge e 04057470042
04057470042
os Filhos 04057470042
Falcke e Féres-Carneiro (2011) e Bucher-Maluschke (2003a) afirmam
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 que, ao manter uma relação direta com o sistema parental, os filhos são
04057470042
espectadores de situações vividas por seus pais sobre como estes se relacionam.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Isso significa que o tipo de vínculo amoroso que os pais cultivam entre si e para
04057470042 04057470042
com os filhos servirá como modelo 04057470042
para futuras gerações.

34
04057470042 04057470042
O relacionamento conjugal dos pais de Bruna foi permeado pela

8:
04057470042 04057470042

:2
violência praticada
04057470042pelo seu pai contra sua mãe, presenciada por ela e seus

22
04057470042
04057470042 04057470042

4
irmãos, impotentes frente a situação: "Corda, pedaço de pau e porrada mesmo. Eu

02
04057470042 04057470042

/2
acho que nunca se resolveu. Era assim, eles brigavam, ele batia nela e ela ficava toda
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
machucada. Ele agredia ela na nossa frente, né? 04057470042
A gente não podia fazer nada.

-2
04057470042
Chorava, ficava cada um no seu lugar" (Bruna).
04057470042

m
co
04057470042 04057470042
Essa violência perdurou por um longo período e quando os filhos, já

l.
04057470042

ai
crescidos tentaram intervir para proteger a mãe, foram expulsos de casa: "ele

gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 parou de bater na minha mãe acho que tem uns 12 anos, que foi quando meus irmãos
04057470042
revoltaram contra le
ele e reagiram, e assim ele expulsou todos de casa." (Bruna). Isso
ne
04057470042 04057470042
or

04057470042 04057470042
mostra a rigidez do sistema familiar, que não consegue produzir mudanças
ad

04057470042 04057470042
ai

04057470042 internas ao longo do seu Ciclo de Vida Familiar (Carter & McGoldrick, 2001).
04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 Jorge afirma ter presenciado algumas desavenças04057470042 entre seus pais que
2
-4

resultaram em agressões físicas mútuas, mas que04057470042


04057470042 estas eram sempre iniciadas
00

04057470042 04057470042
por sua mãe, que não aceitava os comportamentos do companheiro: "Tinha
.7
74

04057470042 04057470042
(desavenças) porque ele bebia muito. Quando ficava bêbado chegava ligando o som na
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
maior altura.04057470042
Ela ficava louca da cabeça" (Jorge).
-0

04057470042
A violência presente na relação conjugal foi repetida na educação dos
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
filhos. Bruna relata que a educação04057470042
dela e dos irmãos foi marcada por agressões
AM

físicas ou verbais, princípios e valores rígidos sobre certo e errado. "Apanhava


04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

muito. Tanto04057470042
do meu pai quanto da minha mãe. É, tipo assim, me dava uma ordem 04057470042
ES

pra fazer aquilo e se não fizesse aquilo rápido e de imediato, já era motivo de apanhar"
04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

(Bruna). Seus pais utilizavam, então, o que Bucher-Maluschke (2004) chama de


R

04057470042 04057470042
O

04057470042 aval da violência como educação e respeito, a fim de controlar e instruir os


04057470042
D
A

04057470042 04057470042
filhos. Ramos e Oliveira (2008) afirmam que, quando os pais utilizam o abuso
AI

04057470042 04057470042
D

de poder para disciplinar, corrigir e educar seus filhos, eles perpetuam o modelo
IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
patriarcal em que os filhos são propriedades dos pais e usam a violência na
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 relação com o filho, por acreditarem que essas ações resultarão na formação de
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 indivíduos melhores futuramente. Rosa e Lira (2012) afirmam que, ainda nos
04057470042
dias atuais, a violência física é, muitas vezes, considerada natural na educação
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
dos filhos, sendo legitimada e justificada,
04057470042 servindo como modelo para as 04057470042
gerações seguintes. No entanto, tal04057470042
prática denota a crença de que aquele que
04057470042
04057470042 04057470042
tem mais poder, no caso os pais, pode abusar de tal situação em nome da
04057470042 04057470042
obediência e da postura de posse sobre o outro (Ravazzola, 2007).
04057470042
04057470042
04057470042 A mãe de Bruna igualava-se ao marido no04057470042
uso da violência, perpetuando
04057470042 um ciclo perverso e complicado: "Minha mãe, assim, ela brigava com meu pai. O
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042 56
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
que o meu pai fazia com ela, ela tipo descontava na gente" (Bruna). Portanto,
04057470042
04057470042 04057470042
podemos inferir que a mãe de Bruna,
04057470042 sem nenhum recurso para lidar com a
04057470042
situação conjugal, agredia os filhos, descontando neles a raiva que sentia do
04057470042 04057470042
04057470042
marido e perpetuando
04057470042 a violência nas relações familiares (Bucher-Maluschke,
04057470042
04057470042 2003a; Falcke et al., 2012; Ribeiro & Bareicha, 2008;). 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 No caso de Jorge, por seu pai ser viajante e ausentar-se por longos
04057470042
04057470042 períodos de sua residência, a educação dos filhos era de responsabilidade de sua
04057470042
04057470042 04057470042
mãe. À medida que os filhos cresciam, os mais velhos passavam a cuidar dos
04057470042 04057470042
mais novos,04057470042
organizando-se para sobreviverem, principalmente porque a mãe 04057470042
04057470042
era portadora de uma doença sem diagnóstico, o que a obrigava a ficar acamada

34
04057470042 04057470042

8:
por meses, 04057470042
pois sentia muitas dores e, por várias vezes, com crises intensas,
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
ficava internada no hospital: "Os médicos até desenganaram
04057470042 dela. [...] a pele dela 04057470042

4
02
soltava, ficava babando" (Jorge). Falcke, Oliveira, 04057470042Rosa e Bentancur 04057470042

/2
04057470042

01
(2009) esclarecem que a forma como os indivíduos vivenciaram, na infância,
04057470042 04057470042

8/
-2
experiências de maus-tratos, abusos, negligência,
04057470042
04057470042
violência física e psicológica,
04057470042

m
seja recebendo ou presenciando-os na relação com os pais, pode ser um fator de

co
04057470042 04057470042

l.
risco para a perpetuação da violência. Ramos e Oliveira (2008) pontuam que
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
famílias cujos pais vivem situações 04057470042
de violência podem apresentar dificuldades

s@
04057470042
04057470042
emocionais,04057470042
despreparo e imaturidade na educação para com os filhos.
le
ne
04057470042 04057470042
A situação familiar descrita por Jorge não gerava a segurança de que os
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
filhos necessitavam para se desenvolverem
04057470042
de forma saudável, uma vez que a
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 maneira como seu pai se posicionava proporcionava instabilidade emocional


04057470042
-i

04057470042
para a família, pois, além de ausentar-se por questões de trabalho, gastava tudo
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 o que ganhava para satisfazer seus desejos pessoais: "Torrava (o dinheiro). Ele não
04057470042
.7

pensava no amanhã, achava que não 04057470042


ia envelhecer. Ganhava hoje, gastava hoje. [...]
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
era muito mulherengo
04057470042 [...] eu me lembro, ele capotou dois caminhão por conta de
40

04057470042
-0

04057470042
cansaço e cachaça" (Jorge).
04057470042
AL

04057470042 04057470042
As práticas educativas das famílias de origem de Bruna e Jorge apresentam
AR

04057470042
semelhanças no que se refere à definição dos papéis estereotipados e regras
AM

04057470042
04057470042 04057470042
rígidas atribuídas ao homem e à mulher. Contudo, Jorge teve um pai omisso
O

04057470042 04057470042
D

enquanto Bruna teve um pai presente, apesar de ser dominador e violento. Os


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 relatos de Jorge mostram a negligência de seus pais na relação com os filhos,
04057470042
N
R

04057470042
que também é uma forma de violência prejudicial
04057470042
ao desenvolvimento
O

04057470042 04057470042
D

psicossocial dos filhos. No caso de Jorge, era uma04057470042


violência velada em forma de
A

04057470042
AI

04057470042
omissão frente às necessidades emocionais
04057470042
e 04057470042
psicológicas (Delfino, Alves,
D
IN

04057470042
Sagim, & Venturini,
040574700422005).
E

04057470042
IN

04057470042
Sendo frutos de relações conjugais
04057470042
permeadas por violência, sofrendo
AL

04057470042 04057470042
violência por parte de seus pais e não contando com outras pessoas internas ou
04057470042 04057470042
04057470042
externas a família que pudessem representar
04057470042
fatores de proteção, Jorge e Bruna
04057470042
04057470042
parecem naturalizar a violência como um padrão
04057470042 de relacionamento. Essas
04057470042
vivências nas famílias de origem também parecem
04057470042
04057470042
ter influenciado as futuras
04057470042
04057470042

escolhas de seus parceiros, fazendo com que estabelecessem


04057470042 relações conjugais 04057470042
baseados na agressão conjugal. (Falcke
04057470042
& Féres-Carneiro, 2011).
04057470042
04057470042

04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 5704057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042 04057470042
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Aula 05
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A Herança04057470042
Familiar e o Relacionamento
04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
Conjugal Atual: O (re)Encontro
04057470042
04057470042
com a Violência 04057470042

Esta04057470042
Zona de sentido discute como a herança familiar influenciou o
04057470042
04057470042
relacionamento atual do casal, que tem a presença
04057470042
da violência como um dos
04057470042
04057470042
04057470042 seus aspectos. Bruna e Jorge se conheceram no ambiente de trabalho e
04057470042
04057470042
iniciaram o relacionamento amoroso, com a expectativa
04057470042
04057470042
de que este fosse 04057470042
diferente daquele vivido, por cada um, anteriormente. Jorge se apresentou para
04057470042 04057470042
Bruna como alguém paciente e atencioso,
04057470042
e, em contrapartida, Bruna mostrou-
04057470042
04057470042

se comportada e independente financeiramente: "Foi o jeito dela. Eu chegava na

34
04057470042 04057470042

8:
empresa e as04057470042
meninas ficavam tudo doida
04057470042
e eu não dava moral pra ninguém. Aí eu
04057470042

:2
22
04057470042
cheguei lá um dia e tem gente nova. Aí me interessei,04057470042
né? É, ela não dava em cima de 04057470042

4
02
mim." (Jorge). Bruna, por sua vez, explica que, em um primeiro momento, não
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
aceitou os convites de Jorge, mas que a insistência dele e a forma atenciosa e
04057470042 04057470042

8/
-2
carinhosa que ele demonstrava fizeram com que 04057470042
04057470042
04057470042
ela cedesse aos seus apelos e o

m
relacionamento amoroso foi se consolidando: "Sempre falei pra ele que, 'se um dia

co
04057470042 04057470042

l.
eu namorar com você ou ficar com04057470042você, não vai ser assim, ficar hoje, termina

ai
gm
04057470042 04057470042
amanhã'. Meu caso é: 'se quer ficar comigo tem que ser relacionamento sério, senão é

s@
04057470042 04057470042
04057470042
melhor a gente parar por aqui'. Aí ele: 'Eu quero um relacionamento sério com você' "
04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
(Bruna).
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
No entanto, ambos relataram haver discórdias desde o início da relação.
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 Para Bruna,04057470042


o jeito boêmio de Jorge era a maior causa das desarmonias entre o
-i

04057470042
casal: "O namoro... Aí foi meio conturbado... ele era 04057470042
muito mulherengo, ele bebia e eu
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 não gostava. 04057470042


E eu não concordava, nunca gostei de farra" (Bruna). Jorge relatou que,
.7
74

desde o namoro, Bruna sempre desconfiou


04057470042 04057470042
da sua fidelidade e que muitas
.5

04057470042 04057470042
desavenças 04057470042
foram devido as suas 04057470042
crises de ciúmes, mesmo ele procurando
40
-0

04057470042
convencê-la de que ela não tinha motivos
04057470042
para ter ciúmes: "Aí eu falei pra ela: 'a
AL

04057470042 04057470042
partir do momento que escolhi morar 04057470042
com ela, viver com ela, meu passado morreu'...
AR

Então eu canso de dizer pra ela: 'minha vida é só ela'.04057470042


Minha vida se resume a ela, aos
AM

04057470042
04057470042
filhos dela, que são meus filhos também, não é?" (Jorge).
O

04057470042 04057470042
D

Jorge mencionou que, ao se casar, esperava que Bruna diminuísse seus


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 ciúmes, fosse uma esposa mais acolhedora e04057470042 entendesse e aceitasse seu
N
R

04057470042
comportamento extrovertido e comunicativo. Jorge
04057470042
posiciona-se, assim, de
O

04057470042 04057470042
D

acordo com o modelo masculino de sua família04057470042 de origem, no sentido de ser


A

04057470042
AI

04057470042
permitido, justificado e incentivado 04057470042
socialmente ao homem ter
D
IN

04057470042 04057470042
comportamentos diferenciados, pelo simples fato de ter nascido homem (Diniz,
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
2011; Saffioti, 1999, 2004). Desse04057470042
modo, ele percebe como normais seus
AL

04057470042 04057470042
comportamentos de infidelidade, agressividade, 04057470042 uso de álcool e imposição de 04057470042
04057470042 04057470042
seus desejos, pois esse é o modelo 04057470042
que aprendeu04057470042
com seu pai, ao qual sua mãe
sem forças para reagir, adoecia. No entanto, as reações da mãe de Bruna foram
04057470042 04057470042
diferentes da mãe de Jorge. Ela 04057470042
não adoeceu,04057470042
04057470042
ao contrário, confrontou as 04057470042

atitudes de seu companheiro, o que ocasionou diversos conflitos entre o casal.


04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Nesse sentido, Bruna repetia na relação com Jorge o que aprendeu com sua mãe,
04057470042
pois reagia ao seu comportamento. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
Ao serem questionados como eram negociadas
04057470042
as decisões da vida do
04057470042 casal, Jorge explicou que as decisões eram e ainda são tomadas em conjunto:
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 58
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
"Avisava. Sempre avisei" (Jorge). Bruna contestou o marido dizendo que Jorge
04057470042
04057470042 04057470042
sempre decidiu tudo sozinho e, até
04057470042 hoje, decide por si e, no final, apenas
04057470042
comunica o resultado a ela: "Não, tipo assim, eu vou fazer isso e pronto e acabou.
04057470042 04057470042
04057470042
Não importava se eu tava de acordo ou
04057470042 não" (Bruna). Bruna afirmou que sempre
04057470042
04057470042 fez diferente do marido, perguntando sua opinião, mas que ele nunca lhe
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 apoiou: "Ele04057470042
nunca me dava uma força ou uma opinião positiva, sempre negativa.
04057470042 Pra ele, eu nunca era capaz, nunca sou capaz de fazer alguma coisa" (Bruna).
04057470042
04057470042 04057470042
Portanto, a negociação não é vista da mesma forma para os cônjuges e
04057470042 04057470042
essas divergências provocam conflitos que levam à emersão da violência física.
04057470042 04057470042
04057470042
De acordo com Giddens (1993), dentro da dinâmica conjugal, os membros

34
04057470042 04057470042

8:
negociam seus papéis e essa negociação
04057470042 só é possível se houver um grau de
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
flexibilidade dos pares em relação aos papéis sexuais e sociais de ambos. De
04057470042 04057470042

4
02
acordo com o autor, o oposto do diálogo, nessa perspectiva, é a violência,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
exatamente o que acontece com Bruna e Jorge.
04057470042 04057470042

8/
-2
Os conflitos entre o casal, que, inicialmente,
04057470042
04057470042
04057470042
culminavam em

m
discussões, 04057470042
foram se intensificando gradualmente, gerando as agressões

co
04057470042

l.
mútuas, em um processo de reciprocidade da violência (Granjeiro, 2012), como
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
relatou Bruna: "Eu começava a cobrar, a falar... e ele é assim, se você começar a cobrar

s@
04057470042 04057470042
04057470042
e a falar ele 04057470042
já se irrita, ele já vai em cima. E isso me irrita muito" (Bruna). Jorge
le
ne
04057470042 04057470042
tentou amenizar a fala da esposa: "eu só botava o dedo na cara dela, sabe? E ela
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
pegava meu dedo e queria quebrar" (Jorge). Porém, ela se manteve discordante e
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 finalizou dizendo: "eu pegava o dedo dele e puxava o dedo pra traz e mandava ele
04057470042
-i

04057470042
tirar, e ele não tirava. Aí quando eu04057470042
fazia isso, ele04057470042
já me dava um tapa. Sempre
2
-4

04057470042
00

04057470042 começava assim.... ele é assim. Ele sempre cria uma situação que te tira do sério"
04057470042
.7

(Bruna).
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
Em razão de04057470042
suas histórias familiares, conforme discutido na primeira Zona de
40

04057470042
-0

04057470042
Sentido, Bruna e Jorge parecem ter
04057470042
internalizado que é por intermédio da
AL

04057470042 04057470042
violência que se obtêm respeito. O04057470042modo como se apropriaram da violência,
AR

portanto, está vinculado à transmissão geracional04057470042


do comportamento violento,
AM

04057470042
04057470042
com os quais tiveram contato em sua infância, enquanto observantes do modelo
O

04057470042 04057470042
D

conjugal original e enquanto filhos (Bucher-Maluschke, 2003a). Parece que


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 faltaram fatores de proteção, como relações com04057470042 a família extensa, com outros
N
R

04057470042
sistemas conjugais ou com o contexto social04057470042
04057470042
que pudessem modificar a
O

04057470042
D

concepção de que o modelo violento era o único possível. Segundo Bowen


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
(1978), modelos vinculares originários podem fornecer
04057470042
modelos implícitos para
D
IN

04057470042 04057470042
o funcionamento da dinâmica familiar futura.
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
O comportamento descrito pelo casal04057470042
04057470042
corresponde às colocações
AL

04057470042
de Granjeiro (2012) sobre a agressão mútua. Segundo a autora, o
04057470042 04057470042
04057470042
estabelecimento de conflitos de casais que têm em04057470042
04057470042
sua relação a agressão mútua
04057470042

é uma forma de o homem manter a04057470042 relação de maneira tradicionalista (mulher


04057470042
dependente e submissa) ou uma tentativa da mulher
04057470042
04057470042
de distribuição igualitária
04057470042
04057470042

de poder. Esse pensamento está de acordo com o04057470042 observado na relação do casal 04057470042
estudado, pois Bruna, quando se posicionava,
04057470042
04057470042
esbarrava na resistência de Jorge 04057470042

e, como eles não conseguiam negociar suas questões, os conflitos surgiam e


04057470042
04057470042
04057470042
transformavam-se em agressões físicas, das quais04057470042
04057470042
Bruna saia perdendo: "só que
04057470042 no final quem saia mais machucada 04057470042
era eu... porque, tipo... era assim, eu sou uma
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 59
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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Aula 05
04057470042 04057470042
pessoa que eu prefiro me machucar do04057470042
que machucar o outro. Mas quando eu vier a
04057470042 04057470042
machucar o outro é porque não dá mais
04057470042 pra segurar" (Bruna).
04057470042
O casal relatou ter ocorrido04057470042
um episódio que exemplifica a questão da 04057470042
04057470042
reciprocidade da violência. Jorge contou
04057470042 que, certa vez, saiu para encontrar com
04057470042
04057470042 uns amigos para "tomar umas" e que, ao retornar para casa, Bruna o recebeu
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 enfurecida, 04057470042
com o tom de voz alterado, e começou a falar da sua indignação em
04057470042 relação ao fato de ele ter voltado para casa tarde da noite e que, por esse motivo,
04057470042
04057470042 04057470042
era para ele04057470042
retornar ao local onde estava, pois tinha certeza de que ele a estava 04057470042
traindo. Ele 04057470042
negou as acusações de Bruna diversas vezes, tentando explicar para 04057470042
04057470042
ela que suas04057470042
suspeitas de traição eram infundadas, o que foi em vão. Diante dos

34
04057470042

8:
fatos, Jorge 04057470042
resolveu dizer que, uma04057470042
vez que ela não acreditava em sua palavra,

:2
22
04057470042 04057470042
então ele havia decidido seguir seu conselho e 04057470042retornar ao local onde estava 04057470042

4
02
anteriormente. Após essa fala, Bruna o atacou e o agrediu. Ele, por sua vez,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
revidou: "Eu revidei. Ela dava um tapa, eu dava outro. 'Você quer bater? Vamo bater.
04057470042 04057470042

8/
-2
Se você gosta de bater é porque você gosta de apanhar'04057470042
04057470042
04057470042
" (Jorge).

m
No entanto, há uma contradição entre os relatos de Bruna e Jorge, como

co
04057470042 04057470042

l.
pode ser observado na versão de Bruna sobre o mesmo acontecimento: "Foi aí
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
que eu reagi.04057470042
Ele me espancou bastante, né? E eu esperei ele terminar. Eu esperei ele

s@
04057470042
04057470042
cansar de me04057470042
espancar pra depois eu reagir. E aí eu peguei uma faca e fui pra cima
le
ne
04057470042 04057470042
dele. Aí ele me deu uma rasteira e eu saí rolando no chão e ele me chutando. E eu com
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
a faca na mão enquanto ele tava me chutando e eu rolando no chão. Eu furei as pernas
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 dele" (Bruna).04057470042


-i

04057470042
De acordo com Falcke e Wagner (2011), a dinâmica da violência no casal quase
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 sempre revela ser um processo cíclico, relacional e progressivo, no qual vários
04057470042
.7

homens e mulheres permanecem por anos. Segundo as autoras, esse processo


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
foi denominado de Ciclo da Violência04057470042
por Leonore Walker em 1978.
40

04057470042
-0

04057470042
Em resumo, Bruna e Jorge, ao se
04057470042
unirem, trazem consigo experiências e
AL

04057470042 04057470042
vivências negativas das suas famílias de origem e dos relacionamentos
AR

04057470042
anteriores e, ao concretizarem seu relacionamento amoroso, fizeram-no com a
AM

04057470042
04057470042 04057470042
esperança de que algo diferente acontecesse
04057470042 e que fosse melhor do que aquilo
O

04057470042
D

que vivenciaram anteriormente. Entretanto não conseguiram alcançar esse


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 objetivo, pois, ao se depararem com situações conflituosas,


04057470042 não conseguiram
N
R

04057470042
negociar, culminando no aparecimento de diversos
04057470042
tipos de violência em sua
O

04057470042 04057470042
D

dinâmica conjugal, semelhante ao que ambos vivenciaram 04057470042 e presenciaram em


A

04057470042
AI

04057470042
suas famílias de origem. A violência que, no início
04057470042
da relação era caracterizada
D
IN

04057470042 04057470042
por desavenças, gradualmente foi se intensificando até chegar ao seu ápice, com
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
situações de violência física muito intensa, que culminou
04057470042
na denúncia à justiça.
AL

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Considerações Finais 04057470042 04057470042
As informações levantadas 04057470042
nas entrevistas e no Genograma mostraram
04057470042
04057470042 04057470042
que as configurações familiares vividas nas famílias
04057470042 de origem de Bruna e Jorge
04057470042
eram permeadas por valores patriarcais. Mostravam-se presentes papéis
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
estereotipados e tradicionalistas para homens e mulheres, sendo os homens
04057470042
detentores de poder sobre tudo e sobre todos, provedores financeiros da família,
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 mas distantes afetivamente; ficando04057470042
a cargo das mulheres o papel de submissas,
04057470042 04057470042
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04057470042 60
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Aula 05
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cuidadoras dos filhos, da casa e do04057470042
marido, além de serem responsáveis pela
04057470042 04057470042
expressão da afetividade para com marido
04057470042 e filhos.
04057470042
A divisão dos papéis era rígida e conservadora, sendo as regras do
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relacionamento conjugal das famílias
04057470042 de origem de Bruna e Jorge determinadas
04057470042
04057470042 de acordo com os desejos do pai-patriarca. Nesse sentido, a conjugalidade
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 presenciada04057470042
por Jorge e Bruna em suas famílias de origem foi permeada por
04057470042 diversas violências, seja por parte do pai de Bruna para com a sua mãe (violência
04057470042
04057470042 04057470042
física e psicológica),
04057470042 seja por parte do pai de Jorge (enquanto violência 04057470042
psicológica e04057470042
negligência), o que provocava em sua esposa duas reações: ou ela 04057470042
04057470042
agredia fisicamente
04057470042o marido ou ficava doente.

34
04057470042

8:
Essa04057470042
violência cometida contra as mulheres também atingia os filhos,
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
seja como expectadores ou como vítimas efetivas 04057470042
de tal violência. Tais vivencias 04057470042

4
02
nortearam suas escolhas conjugais, fazendo com que revivessem as situações
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
presenciadas em suas famílias de origem, mesmo com o desejo de construírem
04057470042 04057470042

8/
-2
relações baseadas em premissas diferentes.
04057470042
04057470042
A diferença
04057470042
é que o aumento da

m
violência levou a uma intervenção da justiça, que fez cessar a violência física e

co
04057470042 04057470042

l.
deu ao casal a chance de participarem de um grupo de atenção psicossocial em
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
que puderam refletir sobre sua relação e buscar transformar seu padrão de

s@
04057470042 04057470042
04057470042
funcionamento. Isso
04057470042
é relatado por eles quando são questionados sobre como
le
ne
04057470042 04057470042
estava o relacionamento no momento da pesquisa, quando se percebeu um casal
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
buscando achar formas de se 04057470042 relacionar melhor e permanecer junto,
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 transformando a sua história e a si mesmos.


04057470042
-i

04057470042
Cabe assinalar que se trata04057470042
de um estudo de caso, com um casal que
04057470042
2
-4

04057470042
00

04057470042 participou de um grupo psicossocial, o que possibilitou mudanças na sua forma


04057470042
.7

de funcionamento e também a construção de outras interpretações sobre sua


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
relação.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042 04057470042
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
AM

04057470042
04057470042 04057470042
SILVEIRA, R. S.; NARDI, H. C.; PINDLER, G. Articulações
O

04057470042 04057470042
D

04057470042 04057470042
ES

entre gênero e04057470042


raça/cor em situações de04057470042
violência de gênero. 04057470042
EL

04057470042
Psicologia & Sociedade, v. 26, n. 2, p. 323- 334, 2014.
N
R

04057470042 04057470042
O

04057470042
Leia o artigo completo antes de entrar na04057470042
aula:
D
A

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https://www.scielo.br/j/psoc/a/xtzwLkTLWPjLFyD8Qjz7Qxj/?format=pdf&lang
AI

04057470042 04057470042
D
IN

=pt 04057470042 04057470042


E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042
A violência contra a mulher foi por séculos vivida de forma silenciosa
04057470042
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04057470042 e individualizada, garantida pelos princípios da inviolabilidade do mundo
04057470042
privado. Como forma de denúncia 04057470042
e de luta contra
04057470042
as formas institucionais e
04057470042
04057470042
não institucionais de dominação masculina, o movimento feminista foi
04057470042 04057470042
responsável por denunciar a violência de gênero
04057470042
como algo de dimensão
04057470042
04057470042 04057470042
pública e coletiva. Desde a década de 1960, as feministas têm lutado para incluí-
04057470042 04057470042
la na agenda política das violações de Direitos Humanos e fomentado o debate
04057470042
04057470042
04057470042 coletivo de que “o privado é político” (Smigay, 1989, 2002). Todavia, somente
04057470042
04057470042
04057470042
em 1993 a questão da igualdade de gênero foi explicitada na Conferência
04057470042
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Aula 05
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dos Direitos Humanos de Viena. É04057470042
evidente, portanto, que o discurso jurídico
04057470042 04057470042
que reconhece a violência de gênero
04057470042 nas relações de intimidade como violação
04057470042
de Direitos Humanos é algo recente nos jogos de verdade que legitimam e
04057470042 04057470042
04057470042
hierarquizam as posições de homens
04057470042 e mulheres no mundo ocidental.
04057470042
04057470042 Demarcar as distintas formas como 04057470042 diferentes mulheres foram
04057470042 04057470042
04057470042 submetidas04057470042
à dominação masculina também é algo recente. Somente em
04057470042 1993 acontece o Seminário Nacional de “Políticas e Direitos Reprodutivos
04057470042
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das Mulheres Negras”, um importante evento brasileiro que abordou as
04057470042 04057470042
especificidades da violência contra as mulheres negras. [...]
04057470042 04057470042
04057470042
Muitos estudos têm apontado a predominância de estruturas sociais

34
04057470042 04057470042

8:
em que a mulher ocupou e ocupa posições
04057470042 04057470042de submissão e subordinação ao

:2
22
04057470042 04057470042
homem. Essas formas de organização nos04057470042 foram por muito tempo 04057470042

4
02
apresentadas como naturais, ou seja, ligadas à inscrição de diferenças
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
biológicas dos corpos, em que se destacam, por um lado, a maior força
04057470042 04057470042

8/
-2
física do homem, sua capacidade de raciocínio
04057470042
04057470042
lógico e, pelo outro, a
04057470042

m
responsabilidade pela gestação e amamentação dos filhos/as da mulher,

co
04057470042 04057470042

l.
assim como sua maior sensibilidade 04057470042
afetiva inata. Esses enunciados

ai
gm
04057470042 04057470042
legitimaram04057470042
como verdade a superioridade
04057470042 masculina como determinada

s@
04057470042
pela natureza. De acordo
04057470042
com Pierre Bourdieu (1998/2007) e Heleieth Saffioti
le
ne
04057470042 04057470042
(2005), o 04057470042
sistema patriarcal de dominação masculina está enraizado
or

04057470042
ad

04057470042
arcaicamente nas relações humanas, estando inscrito nas práticas cotidianas
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 de nossas vidas e, por essa razão, se torna tão difícil sua desconstrução. As
04057470042
-i

04057470042
relações de poder entre homens04057470042e mulheres04057470042
são marcadas, ainda, por
2
-4

04057470042
00

04057470042 posições sociais pouco reversíveis, gerando desigualdades econômicas e


04057470042
.7

sociais.
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
Como aponta Michel Foucault (1979/1996), o poder é uma ação que se
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
exerce sobre a ação dos outros e, portanto,
04057470042
faz parte de todas as relações que
AL

04057470042 04057470042
vamos estabelecendo nos encontros04057470042
da vida. Para esse autor, as relações de poder
AR

são constitutivas do humano e, desde que vividas entre sujeitos “livres”, elas
AM

04057470042
04057470042 04057470042
sempre vão ser tensionadas pelas capacidades estratégicas de reversão internas
O

04057470042 04057470042
D

às distintas 04057470042
formas de dominação. Foucault (1984/2001) fala da intransigência
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 da liberdade e de quanto o poder também é produtivo, pois, assim como produz
04057470042
N
R

04057470042
assujeitamentos, também produz a necessidade de
04057470042
lutar, de criar estratégias
O

04057470042 04057470042
D

para dinamizar o jogo de forças que as opressões impõem. Para esse autor, a
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
ausência de dominação não é04057470042 possível, em
04057470042
virtude do conjunto de
D
IN

04057470042
regramentos04057470042
sociais no qual o sujeito está imerso, mas a capacidade de resistir
E

04057470042
IN

04057470042
também está sempre presente quando existe liberdade.
04057470042
Dessa forma, o que
AL

04057470042 04057470042
podemos fazer é trazer a ética para o campo das relações cotidianas que marcam
04057470042 04057470042
04057470042
a microfísica do poder, exercitando-a como prática
04057470042
reflexiva da liberdade e,
04057470042
04057470042
dessa forma, alterando os jogos de poder para04057470042
04057470042 que obedeçam a relações de
forças mais equânimes. As situações em que a possibilidade
04057470042
04057470042 04057470042
de resistência é 04057470042

inexistente ou muito pequena, Foucault denominará de coação, e não de relação


04057470042 04057470042
de poder. 04057470042
04057470042
04057470042

Outro ponto importante da perspectiva de análise foucaultiana das


04057470042
04057470042
04057470042
formas de legitimação e das formas de dominação
04057470042
é que a verdade é
04057470042

04057470042 construída como uma rede discursiva 04057470042que emerge nas relações sócio-
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Aula 05
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históricas e é por essas alçada ao estatuto de regime de verdade. Assim sendo,
04057470042
04057470042 04057470042
as relações04057470042
de gênero não estão04057470042
inscritas em uma matriz biológica que
define a priori sua formatação. Elas são constituídas nos jogos de saber-poder
04057470042 04057470042
04057470042
em que estamos imersos, os quais
04057470042 produzem nossos corpos e as formas que
04057470042
04057470042 assumem as relações. É nessa direção que podemos compreender as condições
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 políticas da 04057470042
emergência dos regimes de verdade, o que os sustenta hoje e a
04057470042 maneira como reiteram sua naturalização (Foucault, 1984/1994).
04057470042
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Estes dois conceitos chaves da obra de Foucault, poder-resistência e
04057470042 04057470042
regimes/jogos de verdade, são fundamentais para a análise dos modos de
04057470042 04057470042
04057470042
dominação que demarcam posições distintas para homens e mulheres em

34
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8:
nossa sociedade.
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Dentro do grande tema da violência de04057470042 gênero, no qual a mulher 04057470042

4
02
figura como uma das maioresvítimas, a violência emerge como um problema
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
social grave, frequente, persistente e de difícil combate. Por tratar-se de
04057470042 04057470042

8/
-2
algo que acontece na intimidade04057470042
das relações04057470042
04057470042
afetivas e familiares, a sua

m
explicitação04057470042
como violação de direitos e como testemunho explícito da

co
04057470042

l.
permanência de relações patriarcais não é uma tarefa fácil. Segundo Karin
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Smigay (2002, p. 44), a sociedade se 04057470042
organiza num sistema de gênero e, por isso

s@
04057470042
04057470042
mesmo, não04057470042
podemos esquecer que “o privado é político. É a política de
le
ne
04057470042 04057470042
gênero que 04057470042
informa tais relações, que as cristaliza e lhes fornece os contornos
or

04057470042
ad

04057470042
precisos: é ela que estrutura as 04057470042
relações. Mais: estrutura as relações pela
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 violência”. Nesse contexto, compreende-se por que a possibilidade de o Estado


04057470042
-i

04057470042
intervir na intimidade da instituição familiar, ou seja, tornar um problema
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 público e coletivo uma vivência privada, a qual muitas vezes é experimentada
04057470042
.7

de forma individual, sem dúvida 04057470042


é uma problemática complexa.
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
-0

A Lei Maria da Penha e as04057470042


novas políticas públicas
04057470042 04057470042
AL

04057470042
AR

04057470042
no enfrentamento da violência contra as
AM

04057470042
04057470042 04057470042

mulheres 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

04057470042
ES

A ideia da mulher
04057470042 como um sujeito de direitos plenos é uma questão 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

nova no discurso jurídico dos Estados Modernos. Somente no século XX é


R

04057470042 04057470042
O

04057470042 que o movimento feminista conseguirá pautar agendas públicas de


04057470042
D
A

04057470042 04057470042
reconhecimento e regulação dos seus direitos. Nesse contexto, as
AI

04057470042 04057470042
D

relações desiguais entre homens e mulheres04057470042 deixam de ser “naturais”.


IN

04057470042
E

04057470042 04057470042
Segundo Scott (1988/1995), o conceito de gênero foi fundamental para
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 explicar como as diferenças foram transformadas em desigualdades através


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 de um processo histórico, político e 04057470042 relacional de dominação
masculina/submissão feminina. O salto de uma discussão centrada na
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
natureza para uma reflexão crítica sobre a política das relações é que
04057470042 04057470042
permitiu o processo de desconstrução dos estereótipos
04057470042 e de luta pela igualdade
04057470042
04057470042 04057470042
de direitos entre homens e mulheres.
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
04057470042 No Brasil, a década de 1980 marca um dos primeiros avanços na
04057470042
04057470042 conquista do reconhecimento da violência de gênero com a criação das
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 63
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
“Delegacias das Mulheres”, as quais vão atuar no sentido de reconhecer a
04057470042
04057470042 04057470042
revitimização que as mulheres04057470042
04057470042 em situação de violência viviam nas
instituições públicas. 04057470042 04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Apesar dessas conquistas, o tratamento04057470042
jurídico dado aos casos de
04057470042 04057470042
04057470042 violência de04057470042
gênero nas relações de intimidade no Brasil vinha sendo alvo de
04057470042 muitas críticas. O Poder Judiciário parecia caminhar na contramão dos
04057470042
04057470042 04057470042
compromissos assumidos pelo Estado brasileiro com os documentos
04057470042 04057470042
internacionais de luta contra a erradicação desse tipo de violação de direitos.
04057470042 04057470042
04057470042
Em seus estudos sobre o papel do sistema judiciário nos casos de violência

34
04057470042 04057470042

8:
conjugal - mesmo nos casos mais graves
04057470042 como o homicídio –, Wânia Pasinato
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
(2004) aponta que a violência contra a mulher 04057470042não chegava a ser 04057470042

4
02
criminalizada, pois, na maioria das vezes, não havia um reconhecimento
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
social de que esse fato fosse um crime: “Esse não-reconhecimento teria sua
04057470042 04057470042

8/
-2
origem num determinado arranjo 04057470042
das relações
04057470042
de gênero que age no sentido
04057470042

m
de apresentar como ‘naturalizadas’ as relações violentas entre os sexos”. Em

co
04057470042 04057470042

l.
suas conclusões, a autora explica que a forma como a justiça era aplicada nesses
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
casos embasava-se numa jurisprudência e numa política criminal que, “a

s@
04057470042 04057470042
04057470042
despeito da04057470042
comprovação do crime, justificam a absolvição do agressor em
le
ne
04057470042 04057470042
nome da preservação
04057470042 da família, que dessa forma é colocada acima de qualquer
or

04057470042
ad

04057470042
decisão judicial que ocorra como resultado
04057470042
da restrita aplicação das leis”.
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 Em agosto de 2006 foi sancionada a Lei Maria da Penha (nº 11.340) com o
04057470042
-i

04057470042
propósito de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 mulher. Embasados/as


04057470042 na perspectiva foucaultiana, tomamos essa legislação
.7

como um 04057470042
acontecimento. Em seus estudos sobre as práticas judiciárias,
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
Foucault afirma que esse campo04057470042
discursivo é composto por modelos de
40

04057470042
-0

04057470042
verdade que afetam os comportamentos
04057470042
cotidianos e a ordem da ciência, as
AL

04057470042 04057470042
quais “não se impõem do exterior ao sujeito do conhecimento, mas que são,
AR

04057470042
elas próprias, constitutivas do sujeito do conhecimento ”.
AM

04057470042
04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

Dessa forma, entendemos que a Lei Maria da Penha é um


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 acontecimento que pode demarcar uma nova forma de legitimação de


04057470042
N
R

04057470042
saberes que rompe com formas cristalizadas 04057470042
04057470042
de dominação masculina,
O

04057470042
D

pois afirma que qualquer ato violento contra 04057470042


a mulher é crime e violação
A

04057470042
AI

04057470042
dos Direitos Humanos. 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
Dentro dessa discussão, um ponto importante
04057470042
de preocupação sobre
AL

04057470042 04057470042
as lutas através da efetivação de legislações e de04057470042
políticas públicas é a questão 04057470042
04057470042
da universalidade e da representatividade
04057470042
do sujeito de direito. Na temática
04057470042
04057470042
aqui trabalhada, a discussão se dá em torno de04057470042
04057470042 quem representa a categoria
“mulher ”. Para Henrique Nardi (2008, p.13), essa
04057470042
04057470042
problemática precisa ser
04057470042
04057470042

tensionada, pois pode induzir a “imposição de um universalismo sustentado na


04057470042 04057470042
figura abstrata do sujeito jurídico que,
04057470042
ao utilizar um modelo único, produz uma
04057470042
04057470042

invisibilidade ‘oficial’ das diferenças”. Assim sendo, entende-se como


04057470042
04057470042
04057470042
necessária a problematização sobre as formas como
04057470042
as questões de raça/cor se
04057470042

04057470042 entrecruzam nos discursos sobre04057470042


a violência de gênero, uma vez que a
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 64
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
maneira como as vulnerabilidades são vividas pelas mulheres variam
04057470042
04057470042 04057470042
fortemente 04057470042
de acordo com suas experiências
04057470042 singulares de vida e seus
marcadores sociais. 04057470042 04057470042
04057470042
[...] 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042
Articulando os conceitos de gênero e
04057470042
04057470042

raça/cor 04057470042
na problematização da violência
04057470042 04057470042
04057470042

contra a mulher
04057470042 04057470042
04057470042

34
04057470042 04057470042
No campo dos estudos de 04057470042
gênero, Joan Scott (1988/1995) propõe um

8:
04057470042

:2
conceito em que esse seria um modo primeiro de significar as relações de

22
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

4
poder. Ela sugere que o gênero tem que ser04057470042 redefinido e reestruturado

02
04057470042

/2
em conjunção com uma visão de igualdade política e social que inclui não
04057470042

01
04057470042 04057470042

8/
só o sexo, mas também a classe e04057470042
a raça. Quanto a esse ponto, Saffioti (2009)

-2
04057470042
ressalta a importância de visibilizar as relações entre sexismo e racismo,
04057470042

m
co
04057470042 04057470042
afirmando que eles são irmãos 04057470042
gêmeos, constituindo um enovelado de

l.
ai
complexidades.

gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 Nessa direção, um grupo de feministas negras norte-americanas,
04057470042
seguindo a 04057470042 le
ideia de relações entre gênero e raça, propôs que se pensem as
ne
04057470042
or

04057470042 04057470042
questões relativas às discriminações de gênero de mulheres negras numa
ad

04057470042 04057470042
ai

04057470042 perspectiva interseccional. A luta contra a violação de direitos deve, nessa


04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 perspectiva, levar em consideração a complexidade das vulnerabilidades a que


04057470042
2
-4

as mulheres estão expostas, pois as desigualdades de gênero, raça e classe


04057470042 04057470042
00

04057470042 04057470042
se entrecruzam e se potencializam.
.7
74

04057470042 04057470042
Nas discussões das mulheres negras brasileiras, destacamos alguns
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
questionamentos de Sueli Carneiro (2003) sobre a necessidade da articulação
-0

04057470042 04057470042
gênero/raça/ cor na luta do movimento feminista contra a violência de gênero:
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
Quando falamos04057470042
do mito da fragilidade feminina, que justificou
AM

historicamente a proteção paternalista


04057470042 dos homens sobre as 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

mulheres, de que mulheres estão falando? Nós, mulheres


04057470042 04057470042
ES

negras, fazemos parte de um contingente de mulheres,


04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

provavelmente majoritário, que nunca reconheceram em si


R

04057470042 04057470042
O

04057470042 mesmas esse mito, porque nunca fomos tratadas como frágeis.
04057470042
D
A

04057470042 04057470042
Fazemos parte de um contingente de mulheres que trabalharam
AI

04057470042 04057470042
D

durante séculos como escravas 04057470042


nas lavouras ou nas ruas, como
IN

04057470042
E

04057470042 04057470042
vendedoras, quituteiras, prostitutas... Mulheres que não
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 entenderam nada quando as feministas disseram que as


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 mulheres deveriam ganhar as ruas e trabalhar! Fazemos parte
04057470042
de um contingente de mulheres com identidade de objeto.
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Ontem, a serviço de frágeis sinhazinhas e de senhores de
04057470042 04057470042
engenho tarados. Hoje, empregadas
04057470042 domésticas de mulheres
04057470042
04057470042 04057470042
liberadas e dondocas, ou de mulatas tipo exportação.
04057470042 04057470042
(Carneiro, 2003,04057470042
p. 49)
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 65
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
É nesse contexto que 04057470042os conceitos de interseccionalidade e
04057470042 04057470042
articulação04057470042
têm sido fortalecidos nos estudos que pretendem combater as
04057470042
diversas formas de desigualdade social. Adriana Piscitelli (2008) destaca que
04057470042 04057470042
04057470042
existem diferenças teóricas entre a04057470042
04057470042 noção de interseccionalidade e a categoria
04057470042 articulação, demonstrando como esses dois conceitos vão se distanciar com
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 relação ao tratamento
04057470042 dado às noções de diferença e de poder. Ela classifica
04057470042 a abordagem que trabalha com o 04057470042
conceito de interseccionalidade como uma
04057470042 04057470042
leitura sistêmica e a que adota o conceito de articulação como uma
04057470042 04057470042
abordagem04057470042
construcionista, destacando Kimberlé Crenshaw como 04057470042
04057470042
representante da primeira e Anne Mcklintock e Avtar Brah como

34
04057470042 04057470042

8:
representantes da segunda. Piscitelli
04057470042 (2008) também aponta que essas duas
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
abordagens apresentam diferenças quanto às “margens 04057470042 de agência (agency) 04057470042

4
02
concedidas aos sujeitos, isto é, as possibilidades04057470042
no que se refere à capacidade 04057470042

/2
04057470042

01
de agir, mediada cultural e socialmente ” (Piscitelli, 2008, p. 267).
04057470042 04057470042

8/
-2
Em Crenshaw (2002, 04057470042 p. 177), 04057470042
04057470042
“a interseccionalidade é uma

m
conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais

co
04057470042 04057470042

l.
e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos de subordinação”. Essa
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
autora propõe que existem eixos 04057470042
de poder estabelecidos pelo patriarcado,

s@
04057470042
04057470042
pelo racismo e pela
04057470042
luta de classes e constrói a imagem de um cruzamento
le
ne
04057470042 04057470042
de avenidas, em que o fluxo dos tráfegos vai definir a multiplicidade de
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
opressões a que a pessoa estará submetida,
04057470042
definindo mais ou menos “poder”
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 em suas relações.


04057470042
-i

04057470042 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 Para04057470042
Piscitelli (2008, p. 267), essa perspectiva teórica apresenta uma
.7

fragilidade 04057470042
importante, pois “funde a ideia de diferença com a de
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042
desigualdade ”. Essa autora destaca que as análises críticas sobre o conceito
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
de interseccionalidade têm apontado
04057470042
o caráter sistêmico dessa abordagem, em
AL

04057470042 04057470042
que se sobressai uma análise dos04057470042
efeitos do sistema ou da estrutura na
AR

produção das identidades. Dessa forma, haveria 04057470042


uma primazia dos sistemas de
AM

04057470042
04057470042
opressão, de marginalização e de dominação,
04057470042 tanto de classe quanto de gênero
O

04057470042
D

e de raça, que determinariam as identidades, as quais estariam


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 “exclusivamente vinculadas aos efeitos da04057470042 subordinação social e o


N
R

04057470042
desempoderamento” (Prins citada por Piscitelli,04057470042
04057470042
2008, p. 267). Aliado a isso,
O

04057470042
D

Piscitelli (2008), apoiada nos estudos de Baukje 04057470042


Prins, salienta que, apesar da
A

04057470042
AI

04057470042
linha sistêmica afirmar trabalhar com os preceitos
04057470042
teóricos de Foucault, a
D
IN

04057470042 04057470042
noção de poder é utilizada de forma seletiva, ganhando destaque o caráter
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
macroestrutural, com pouca visibilidade
04057470042
à produtividade do poder e sua
AL

04057470042 04057470042
intrínseca relação com as formas de resistência. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Com relação ao conceito de articulação,
04057470042 ele está vinculado à
04057470042
abordagem construcionista em virtude de uma04057470042
04057470042
04057470042
compreensão da identidade 04057470042

social que privilegia aspectos relacionais e dinâmicos


04057470042 na produção da 04057470042
mesma. A articulação é “entendida
04057470042
como prática que estabelece uma relação
04057470042
04057470042

entre elementos, de maneira que sua identidade se modifica como resultado da


04057470042
04057470042
04057470042
prática articulatória” (Piscitelli, 2008, p. 267). 04057470042
04057470042
Dessa forma, gênero, raça e
04057470042 classe não são tomados apenas como formas exclusivamente limitantes dos
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 66
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
marcadores de identidade, mas podem ser analisados como recursos que
04057470042
04057470042 04057470042
oferecem oportunidades
04057470042 de ação. A abordagem construcionista traça
04057470042
“distinções entre categorias de diferenciação
04057470042 e sistemas de discriminação, 04057470042
04057470042
entre diferença e desigualdade” (Piscitelli,
04057470042 2008, p. 268).
04057470042
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04057470042 04057470042
04057470042 Brah (1996/2006)
04057470042 propõe que se trabalhe com a noção de articulação
04057470042 ao invés de interseccionalidade04057470042na temática das múltiplas formas de
04057470042 04057470042
dominação 04057470042
que constituem as relações sociais. Essa autora acrescenta as 04057470042
questões de04057470042
territorialidade e etnicidade, ou seja, alarga ainda mais as 04057470042
04057470042
especificidades que compõem as diferentes experiências de subjetivação. A

34
04057470042 04057470042

8:
partir de um olhar dos povos colonizados,
04057470042 04057470042 os estudos pós- coloniais têm

:2
22
04057470042 04057470042
colocado luz na complexa trama que legitima determinadas formas de
04057470042 04057470042

4
02
dominação em prol de outras, bem como nas dificuldades enfrentadas pela
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
invisibilidade e silêncio que permanecem
04057470042 atuando nos regimes de verdade 04057470042

8/
-2
legitimados pelos povos ocidentais brancos. 04057470042
04057470042
04057470042
Para essa autora, segundo

m
Piscitelli (2008, p. 269), “a diferença nem sempre é um marcador de hierarquia

co
04057470042 04057470042

l.
nem de opressão”, e, portanto, deveríamos
04057470042
nos questionar sobre “se a

ai
gm
04057470042 04057470042
diferença remete à desigualdade,04057470042
opressão, exploração. Ou ao contrário, se

s@
04057470042
04057470042
a diferença 04057470042
remete a igualitarismo, diversidade, ou a formas democráticas de
le
ne
04057470042 04057470042
agência política”.
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
Pode-se afirmar que outro 04057470042
ponto significativo na diferenciação entre
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 interseccionalidade
04057470042 e articulação é que a articulação propõe um lugar de
-i

04057470042
destaque à experiência. Todavia, Piscitelli (2008) alerta que mais importante
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 do que os 04057470042


embates acerca desses dois conceitos é a potência que ambos
.7

carregam ao04057470042
problematizar temáticas como poder, diferença e agência.
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
Donna Haraway (1991/2004), em seu apanhado histórico sobre
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
o conceito de gênero e as tensões
04057470042
teóricas nesse campo, destaca a
AL

04057470042 04057470042
importância dos estudos das mulheres negras sobre o caráter etnocêntrico
AR

04057470042
e imperialista dos feminismos europeus e euro-americanos. Nessa direção
AM

04057470042
04057470042 04057470042
crítica dos estudos feministas, Judith Butler (1990/2003) denuncia a
O

04057470042 04057470042
D

manutenção do binarismo naturalizante de alguns desses discursos,


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 propondo que se conceba o gênero como norma, em que entram em jogo
04057470042
N
R

04057470042
múltiplas relações entre corpo-gênero-sexualidade.
04057470042
Para essa autora, o
O

04057470042 04057470042
D

corpo não é da ordem da natureza, mas da ordem de uma inscrição sócio-


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
histórica que acaba por ser incorporada04057470042
naquilo que identificamos como
D
IN

04057470042 04057470042
masculino e04057470042
feminino.
E

04057470042
IN

04057470042
A representação da categoria mulher
04057470042
no movimento feminista
AL

04057470042 04057470042
sofreu e ainda sofre as dificuldades apontadas acima, sendo a questão
04057470042 04057470042
04057470042
da raça/cor um aspecto relevante04057470042
que vem ganhando visibilidade, mas que
04057470042
04057470042
merece ser aprofundado em virtude de seus
04057470042 impactos na vida das
04057470042
mulheres brasileiras. Em nosso país, enfrentamos
04057470042
04057470042
um problema específico de
04057470042
04057470042

negação das questões raciais, pois por muito tempo convivemos com o mito
04057470042 04057470042
da democracia racial. Em 1933, 04057470042
04057470042
Gilberto Freyre publica Casa Grande & 04057470042

Senzala, clássico brasileiro que abordou as especificidades da miscigenação


04057470042
04057470042
04057470042
brasileira como um caso exemplar da possibilidade
04057470042
04057470042
de uma democracia
04057470042 racial. Em relação a essa crença,04057470042
encontramos em Sobrados e Mucambos uma
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 67
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
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Aula 05
04057470042 04057470042
afirmação que a corrobora, mas, ao04057470042
mesmo tempo, aponta para as dificuldades
04057470042 04057470042
de superação da dominação masculina:
04057470042 04057470042“Mais depressa nos libertamos, os
brasileiros, dos preconceitos de raça do que dos de sexo”.
04057470042 04057470042
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Talvez numa das primeiras leituras brasileiras
04057470042 sobre as articulações
04057470042 04057470042
04057470042 entre gênero e raça/cor, Guerreiro Ramos afirmou, em relação à mulher
04057470042
04057470042 negra, como ela era focalizada pelo branco apenas com um olhar dionisíaco,
04057470042
04057470042 04057470042
produzindo 04057470042
estereótipos que se atualizavam em ditos populares da época, tais 04057470042
como: “Branca para casar, negra para cozinhar e mulata para fornicar!”
04057470042 04057470042
04057470042
(Ramos, 1957/1995, p. 245).

34
04057470042 04057470042

8:
De acordo com Florestan 04057470042
04057470042 Fernandes (1964/1978), apesar de nossa

:2
22
04057470042 04057470042
legislação não discriminar brancos e negros, como em outras sociedades, tal
04057470042 04057470042

4
02
como nos EUA, a configuração social brasileira foi bastante perversa, pois
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
produziu uma transição do modelo escravocrata para o modelo republicano
04057470042 04057470042

8/
-2
sem alterar faticamente a situação da antiga
04057470042
04057470042
relação de castas entre
04057470042

m
“senhores”, 04057470042
“libertos” e “escravos”. Além disso, tentou sustentar por muito

co
04057470042

l.
tempo a imagem de uma verdadeira democracia racial.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Em 04057470042
sua pesquisa sobre o 04057470042
racismo brasileiro, Lilia Schwarcz (2001) é

s@
04057470042
uma das autoras que
04057470042
endossa as críticas a esse mito. Além dos dados
le
ne
04057470042 04057470042
censitários que ajudam a desmascarar as desigualdades raciais persistentes
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
na sociedade brasileira, a autora realizou uma pesquisa sobre a percepção que
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 os/as brasileiros/ as tinham com relação à experiência do racismo,


04057470042
-i

04057470042
concluindo que “todo brasileiro 04057470042
parece se sentir uma ‘ilha de democracia
04057470042
2
-4

04057470042
00

04057470042 racial’, cercado de racistas por todos os lados” (Schwarcz, 2001, p. 76). Ao
04057470042
.7

analisar a 04057470042
mestiçagem de nosso04057470042
povo e as políticas de branqueamento
74
.5

04057470042 04057470042
posteriores 04057470042
à abolição da escravatura realizadas no Brasil no início do século
40

04057470042
-0

04057470042
XX, a autora afirma que produzimos
04057470042
um racismo à brasileira, em que, mais
AL

04057470042 04057470042
do que com diferenças raciais, lidamos com diferenças na coloração da pele,
AR

04057470042
as quais acabam por demarcar desigualdades sociais reconhecidas na
AM

04057470042
04057470042 04057470042
intimidade. Dessa forma, Lilia Schwarcz corrobora a ideia de que ainda que o
O

04057470042 04057470042
D

conceito raça já tenha sido desconstruído do ponto de vista biológico, ele


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 continua ainda a ser um potente conceito descritivo e analítico das relações
04057470042
N
R

04057470042
sociais. 04057470042
O

04057470042 04057470042
D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
Nesse sentido, Elisa Nascimento
04057470042
(2003) sustenta
a utilização do
D
IN

04057470042 04057470042
termo raça,04057470042
pois analisa criticamente os construtos acadêmicos que colam
E

04057470042
IN

04057470042
a questão da raça ao biológico. Para essa autora,04057470042
04057470042
o conceito de etnia é apenas
AL

04057470042
acadêmico e de certa forma invisibiliza a força04057470042
política que o termo raça 04057470042
04057470042
carrega. Ela denomina de sortilégios
04057470042
da04057470042
cor “esse processo de
04057470042

desracialização ideológica, que04057470042


comparece travestida de análise
04057470042
científica para esvaziar de conteúdo racial04057470042
04057470042
04057470042
hierarquias baseadas no 04057470042

supremacismo branco” (Nascimento, 2003, p. 32). Outra questão


04057470042 04057470042
significativa levantada por Nascimento
04057470042
(2003) é a constatação de que no
04057470042
04057470042

Brasil temos dois tabus relativos à raça que precisam ser superados. O
04057470042
04057470042
04057470042
primeiro é de que quando se fala04057470042
de racismo no Brasil estamos produzindo
04057470042

04057470042 um racismo às avessas. Para Nascimento (2003), esse tabu produz o recalque
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 68
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
e o silenciamento sobre o nosso racismo. O segundo tabu seria a “resistência
04057470042
04057470042 04057470042
à idéia do racismo comum às populações
04057470042 04057470042de origem africana subjugadas em
diferentes partes do mundo” (Nascimento,
04057470042 2003, p. 57), pois o negro no 04057470042
04057470042
Brasil viveria uma situação singular
04057470042 em virtude de nossa miscigenação.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Complementando
04057470042 essa ideia, Laura López (2009, p. 177) focaliza os
04057470042 efeitos do racismo no corpo das mulheres negras brasileiras, pois a
04057470042
04057470042 04057470042
mestiçagem04057470042
de nossa nação se construiu com a “violência sexual do homem 04057470042
branco colonizador sobre as mulheres africanas e indígenas”; em que “o corpo da
04057470042 04057470042
04057470042
mulher negra se torna visível como objeto de múltiplas opressões e o centro das

34
04057470042 04057470042

8:
disputas políticas”.
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
Em seu estudo sobre as interfaces entre violência
04057470042racial e violência de 04057470042

4
02
gênero, Maria Moura (2009) aponta a maior vulnerabilidade
04057470042 da mulher negra 04057470042

/2
04057470042

01
em situações de violência doméstica, pois essas têm menos acesso aos
04057470042 04057470042

8/
-2
equipamentos sociais e de saúde, bem como
04057470042
04057470042
carregam a forte marca do racismo
04057470042

m
nos assujeitamentos
04057470042 que constituem seus processos de subjetivação. Ao

co
04057470042

l.
analisar os sentidos produzidos por profissionais que atendem mulheres em
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
situação de 04057470042
violência de gênero, essa autora identificou que, apesar de a

s@
04057470042
04057470042
maioria dos04057470042
órgãos de assistência identificar em seus prontuários o quesito
le
ne
04057470042 04057470042
cor/raça, essa informação não tem sido tomada como uma questão. Com
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
relação aos profissionais da psicologia que atuam nessa área, as singularidades
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 da questão 04057470042


racial ficam invisibilizadas, demonstrando falta de informação
-i

04057470042
e de comprometimento dos/as técnicos/as com 04057470042
os efeitos do racismo.
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 04057470042
.7

Violência de gênero: dos conceitos à prática


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
[...] 04057470042
-0

04057470042
Em nosso percurso acadêmico, bem como nas práticas extensionistas
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
e de pesquisa junto ao Poder Judiciário,
04057470042 encontramos a invisibilização da
AM

questão racial, assim como a pouca apropriação 04057470042 teórico- conceitual 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

referente à 04057470042
violência de gênero por grande parte dos/as operadores/as do 04057470042
ES

direito e dos/as colegas docentes.


04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N

[...] 04057470042
R

04057470042
O

04057470042 Na Delegacia da Mulher, desenvolvemos uma ação de extensão cujo


04057470042
D
A

04057470042 04057470042
objetivo é o atendimento prévio a04057470042
mulheres que pretendem registrar um
AI

04057470042
D

boletim de ocorrência (BO) de uma situação 04057470042


de violência nas relações de
IN

04057470042
E

04057470042 04057470042
intimidade. É uma proposta de04057470042
trabalho interdisciplinar de assessoria
IN

04057470042
AL

04057470042 jurídica, em que as mulheres foram atendidas por duplas compostas por
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 estudantes de direto, de psicologia e/ou de ciências sociais. [...]
04057470042
No período de maio de 2010 a agosto de 2011, tivemos um total de 100
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
mulheres entrevistadas na Delegacia da Mulher. No agrupamento dos níveis
04057470042 04057470042
de escolarização, encontramos 04057470042
os seguintes percentuais totais: 33%
04057470042
04057470042 04057470042
responderam ser analfabetas ou com nível fundamental incompleto, 25%
04057470042 04057470042
com ensino fundamental completo/médio
04057470042 incompleto, 24% com médio
04057470042
04057470042 completo e 17% com ensino superior completo ou incompleto.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 69
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Quando feito o recorte 04057470042
relacional entre escolaridade e raça/cor,
04057470042 04057470042
encontramos a seguinte comparação
04057470042 intrarracial:
04057470042
- Nível de analfabetismo e/ou nível04057470042
fundamental incompleto: 04057470042
04057470042
27,3% das 55 mulheres 04057470042
04057470042 autodeclaradas brancas;
04057470042 37, 8% das 37 mulheres que se autodeclararam como negras e mulatas
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 e informaram
04057470042 o seu nível de escolaridade;
04057470042 - Nível fundamental completo e/ou médio incompleto:
04057470042
04057470042 04057470042
25,5% das 55 mulheres autodeclaradas brancas;
04057470042 04057470042
24,3% das 37 mulheres que se autodeclararam como negras e mulatas;
04057470042 04057470042
04057470042
- Nível médio completo:

34
04057470042 04057470042

8:
21,8% das 55 mulheres04057470042
04057470042 autodeclaradas brancas;

:2
22
04057470042 04057470042
29,7% das 37 mulheres que se autodeclararam como negras e mulatas;
04057470042 04057470042

4
02
- Nível superior completo e/ou incompleto: 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
25,5 % das 55 mulheres04057470042
autodeclaradas brancas; 04057470042

8/
-2
8,1% das 37 mulheres que se autodeclararam
04057470042
04057470042
como negras e mulatas.
04057470042

m
co
04057470042 04057470042

l.
Dessa forma, as informações apontam que um percentual maior
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
das mulheres negras encontra-se04057470042
nos níveis mais baixos de escolarização

s@
04057470042
04057470042
do que as 04057470042
mulheres brancas. Na passagem do nível médio para o nível
le
ne
04057470042 04057470042
superior, as04057470042
mulheres negras parecem enfrentar maiores dificuldades, com
or

04057470042
ad

04057470042
um percentual muito inferior ao04057470042
das mulheres brancas no nível mais alto
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 de escolarização. Este levantamento pode indicar que as mulheres negras têm
04057470042
-i

04057470042
mais dificuldades de avançar em seus estudos, 04057470042
o que tem sido identificado
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 em pesquisas que correlacionam escolaridade e raça/cor no Brasil. Estes dados


04057470042
.7

estão em concordância com os estudos que mostram a persistência da


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
desigualdade racial na distribuição do ensino. No tocante à expansão do
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
ensino superior em nosso país,04057470042
04057470042
o qual se deu prioritariamente na rede
AL

04057470042
privada, produziu um aumento no04057470042
nível de escolaridade da população em
AR

geral, contudo, não contemplou brancos/as e 04057470042


negros/as da mesma forma
AM

04057470042
04057470042
(Hasenbalg & Silva, 1999; Jaccoud & Beghin, 2002; Silva & Rosemberg, 2008).
O

04057470042 04057470042
D

Esses estudos têm sustentado a necessidade de políticas de cotas raciais nas


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 universidades públicas. 04057470042


N
R

04057470042
Apesar da limitação numérica da parcela
04057470042
da amostra analisada até
O

04057470042 04057470042
D

o momento, essas informações confirmam o que tem sido discutido na literatura


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
sobre a violência de gênero nas relações de intimidade,
04057470042
ou seja, de que esse
D
IN

04057470042 04057470042
é um fenômeno presente em todas as camadas sociais. Entretanto, as
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
articulações entre os diversos 04057470042
marcadores 04057470042
sociais que constituem as
AL

04057470042
experiências das mulheres em situação de violência, no caso da análise proposta
04057470042 04057470042
04057470042
neste artigo, gênero e raça/cor, somente podem ganhar
04057470042
visibilidade a partir de
04057470042
04057470042
análises qualitativas que coloquem perguntas
04057470042 específicas para essas
04057470042
informações. Segundo Crenshaw (2002, p. 04057470042
04057470042
04057470042
182), para conquistarmos o 04057470042

propósito de visibilizar a “subordinação interseccional,


04057470042 será necessário 04057470042
desenvolver novas metodologias04057470042
04057470042
que desvendem as formas como várias 04057470042

estruturas de subordinação convergem, pois é muito pouco provável que


04057470042
04057470042
04057470042
tais problemas se apresentem claramente
04057470042
como04057470042
produto de vulnerabilidades
04057470042 múltiplas”. 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 70
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Salientamos que as informações obtidas até aqui não nos permitem
04057470042
04057470042 04057470042
uma análise efetiva da articulação
04057470042 entre gênero e raça/cor, uma vez que
04057470042
não foram elaboradas entrevistas em profundidade com as mulheres
04057470042 04057470042
04057470042
atendidas que objetivassem esse foco.
04057470042 [...]
04057470042
04057470042 [...] 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Outro ponto que destacamos do levantamento das informações
04057470042
04057470042 sistematizadas até o momento 04057470042
diz respeito ao andamento dos processos
04057470042 04057470042
no Poder Judiciário
04057470042de Porto Alegre. Constata-se que o aspecto punitivo da Lei 04057470042
Maria da Penha nesta capital é um aspecto que vem tomando força a partir
04057470042 04057470042
04057470042
do final de04057470042
2010. A partir do ano de 2007 os dados passaram a ser

34
04057470042

8:
sistematizados , sendo que nesse 04057470042
04057470042 primeiro ano de sistematização não houve

:2
22
04057470042 04057470042
nenhuma sentença e foram arquivados 2.12804057470042 processos. Em 2008, foram 04057470042

4
02
prolatadas duas sentenças condenatórias e 6.365 arquivamentos. Em 2009,
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
houve três sentenças condenatórias e 5.353 processos arquivados. Em 2010,
04057470042 04057470042

8/
-2
houve 40 sentenças condenatórias, 11 sentenças
04057470042
04057470042
absolutórias e 9.334
04057470042

m
processos foram arquivados. Até 26 de outubro de 2011, houve 19 sentenças

co
04057470042 04057470042

l.
condenatórias, 41 sentenças absolutórias e o arquivamento de 5.959 processos.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
Constatou-se
04057470042 que a maioria esmagadora dos processos é arquivada,

s@
04057470042
04057470042
com duas 04057470042
classificações específicas: extinção de punibilidade (em que os
le
ne
04057470042 04057470042
processos não podem ser reabertos) e demais decisões terminativas (em que
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
houve arquivamento sem julgamento 04057470042
do mérito, mas que podem ser
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 reabertos). Em conversa com um dos juízes titulares do referido Juizado sobre
04057470042
-i

04057470042
o baixíssimo número de condenações diante do 04057470042
volume de processos, tivemos
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 a informação de que o arquivamento massivo dos processos aconteceu


04057470042
.7

sem que o Ministério Público tenha feito a denúncia do crime.


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
[...]
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
De qualquer forma, o quadro
04057470042
geral dos processos constatado na cidade
AL

04057470042 04057470042
de Porto Alegre até o momento é04057470042de que existe uma postura muito pouco
AR

punitiva nos casos de violência de gênero nas 04057470042


relações de intimidade. Essa
AM

04057470042
04057470042
situação parece ser um caso singular nas práticas do judiciário no campo do
O

04057470042 04057470042
D

Direito Penal Brasileiro. Em recente pesquisa sobre os critérios de aplicação da


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 pena no Brasil, Salo de Carvalho (2010) afirma que os/as magistrados/as
04057470042
N
R

04057470042
brasileiros/as são conservadores/ as e claramente04057470042
04057470042
punitivistas.
O

04057470042
D

[...]
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
No caso da violência de gênero nas relações
04057470042
de intimidade, o autor do
D
IN

04057470042 04057470042
fato normalmente não é visto como “criminoso”, em virtude de ser pai de
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
família, marido ou companheiro da04057470042
vítima. Seu crime continua sendo encarado
AL

04057470042 04057470042
como do âmbito privado. Assim, podemos levantar 04057470042 como hipótese de 04057470042
04057470042
análise para o arquivamento em 04057470042
massa dos processos
04057470042
04057470042
judiciais o quanto o
discurso conservador de dominação masculina,
04057470042 de preservação da família e
04057470042
da privacidade desse tipo de violência ainda é04057470042
04057470042
04057470042
importante na produção de 04057470042

subjetividade dos/as operadores/as do direito brasileiro. Em oposição ao


04057470042 04057470042
demonstrado por Carvalho (2010), 04057470042
04057470042
nas questões de violência de gênero parece 04057470042

que o argumento do Direito Penal Mínimo, ou seja, aquele que defende uma
04057470042
04057470042
04057470042
postura menos punitivista, ganha 04057470042
maior guarida,04057470042
sendo o discurso dos Direitos
04057470042 Humanos atualizado em prol do “réu/homem/marido
04057470042 ”. Nesse tipo de crime,
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 7104057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
emerge a compreensão jurídica de04057470042
que o Direito Penal não seria o instrumento
04057470042 04057470042
ideal para 04057470042
esse tipo de conflito 04057470042
doméstico, bem como a percepção do
esgotamento do aparato estatal jurídico de “punir” de forma efetiva este tipo de
04057470042 04057470042
04057470042
“agressor”. 04057470042 04057470042
04057470042 A respeito das relações de saber-poder em que estão imersas as
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 mulheres vítimas de violência doméstica, a vivência da pesquisa na Delegacia
04057470042
04057470042 da Mulher tem nos possibilitado algumas reflexões. Quando elas são
04057470042
04057470042 04057470042
questionadas sobre o que esperam da Delegacia e do Poder Judiciário, das 100
04057470042 04057470042
mulheres entrevistadas,
04057470042 categorizamos, inicialmente, três grandes tipos 04057470042
04057470042
de expectativas: prisão, punição e proteção/ajuda.

34
04057470042 04057470042

8:
Na 04057470042
categoria prisão, 04057470042
agrupamos nove mulheres: cinco que

:2
22
04057470042 04057470042
falaram explicitamente desejar o encarceramento de seu “agressor”; uma
04057470042 04057470042

4
02
que mencionou esperar um “progresso” com a prisão dos agressores; duas que
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
afirmaram desejar a prisão e/ou o04057470042
tratamento do mesmo, demonstrando uma 04057470042

8/
-2
oscilação de sentimentos e de compreensão
04057470042
04057470042
sobre a violência vivida, e uma
04057470042

m
mulher que04057470042
solicitava a suspensão da condicional de seu “agressor”, ou seja,

co
04057470042

l.
que expressava o desejo de que ele voltasse a sua condição de privação de
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
liberdade. 04057470042

s@
04057470042
04057470042
Na categoria
04057470042
punição, agrupamos oito mulheres, mas encontramos
le
ne
04057470042 04057470042
dois sentidos para essa categoria. Um primeiro relativo a uma expectativa de
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
repreensão moral por parte das autoridades
04057470042
(juízes/as e delegadas), mais do
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 que efetivamente


04057470042 uma punição penal. Ilustramos esse ponto com os
-i

04057470042
seguintes registros das respostas dadas: “queria que ele tivesse um castigo, já que
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 não posso bater nele de volta. E para que ele também não venha a repetir essa
04057470042
.7

situação com04057470042
outra mulher”; “não desejo mal para ele, mas quero mostrar que ele não
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
pode ficar impune, porque deve respeitar os outros. Quero evitar um acontecimento
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
pior”. 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Em contrapartida a essas expectativas punitivas, a maioria das
AR

04057470042
respostas remete a um pedido de ajuda, à necessidade da interferência de
AM

04057470042
04057470042 04057470042
um terceiro que tenha poder para tirá-las das situações de violência, como
O

04057470042 04057470042
D

expresso a 04057470042
seguir: “quero ajuda para tirar o meu marido da minha vida”;
04057470042 04057470042
ES

04057470042
EL

04057470042 “ajuda para poder afastá-lo da minha vida para poder me reorganizar”; “proteção
04057470042
N
R

04057470042
para sair de casa com segurança”. Esses relatos,
04057470042
de um modo geral,
O

04057470042 04057470042
D

corroboram os estudos (Sagot, 2007; Soares, 1999) sobre o comportamento


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
das mulheres que vivem situações domésticas04057470042
04057470042
de violência, em que há uma
D
IN

04057470042
marca forte04057470042
de subordinação e poucas redes de apoio que lhes permitam
E

04057470042
IN

04057470042
romper com o ciclo de violência. 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Também destacamos uma fala de uma04057470042 assistente social que foi à 04057470042
04057470042
delegacia fazer a sua ocorrência. Ela pôde expressar
04057470042
a vergonha que estava
04057470042
04057470042
sentindo por estar ali, logo ela, que tinha formação04057470042
04057470042 universitária para auxiliar as
pessoas a resolverem seus conflitos, que muitas
04057470042
04057470042
vezes se relacionavam à
04057470042
04057470042

violência doméstica. Cabe aqui ressaltar que a única recusa de participação na


04057470042 04057470042
pesquisa veio de uma profissional de
04057470042
nível superior e com a maior renda entre
04057470042
04057470042

as pesquisadas. A recusa se deu em razão do medo de ser identificada e da


04057470042
04057470042
04057470042
vergonha associada ao fato. Esse medo anuncia que
04057470042
não é somente a pobreza
04057470042

04057470042 que age como fator de vulnerabilidade, pois a posição social e a proteção do
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 72
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
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Aula 05
04057470042 04057470042
âmbito privado nas classes médias altas cria um tipo de vulnerabilidade à
04057470042
04057470042 04057470042
violência distinta daquela decorrente
04057470042 de condições de vida precárias.
04057470042
Entendemos que a tristeza e o 04057470042
constrangimento dessas duas mulheres 04057470042
04057470042
possam ser potencializados quando,
04057470042 04057470042na prática dos órgãos públicos
04057470042 relacionada à violência de gênero no âmbito das04057470042
relações de intimidade, essa
04057470042 04057470042
04057470042 problemática continuar sendo, majoritariamente, tratada como uma questão
04057470042
04057470042 individual e privada, negando seu caráter socialmente produzido.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042

Reflexões finais
04057470042 04057470042
04057470042

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042 04057470042

:2
Discutir as
articulações 04057470042
entre gênero e raça/ cor nos casos de

22
04057470042
04057470042 04057470042

4
violência de gênero nas relações de intimidade é04057470042
um desafio que precisa ser

02
04057470042

/2
assumido como um trabalho de muitos/as. Ainda que alguns estudos já
04057470042

01
04057470042 04057470042
tenham apontado sua relevância, a04057470042
revisão feita04057470042
demonstra que essa trajetória

8/
-2
analítica precisa ser ampliada. 04057470042

m
co
04057470042 04057470042
Diversos são os mitos que têm composto o imaginário social de

l.
04057470042

ai
que o Brasil é um país exemplar de democracia racial. Desde Casa Grande &

gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042 Senzala temos cultivado a ideia de uma tranquilidade e cordialidade de
04057470042
nossas relações le
de miscigenação, invisibilizando as situações de violência
ne
04057470042 04057470042
or

04057470042 04057470042
e de silêncio que compuseram as 04057470042
formas de dominação instituídas. Em sua
ad

04057470042
ai

04057470042 análise para complexificar a desconstrução do mito da democracia racial


04057470042
nd

04057470042 04057470042
-i

04057470042 brasileira, Antônio Guimarães (2006) aponta que, mais do que uma
04057470042
2
-4

ideologia ou um ideal, a noção de democracia


04057470042 racial teve contornos de
04057470042
00

04057470042 04057470042
política pública em diferentes momentos
04057470042 da história brasileira. Esse autor
.7
74

04057470042
aponta um novo quadro nas questões de enfrentamento das nossas
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042 04057470042
desigualdades raciais a partir dos anos 1990. Todavia, ele nos alerta que a
-0

04057470042 04057470042
superação das desigualdades raciais não acontece como decorrência
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
imediata das políticas públicas que tomam a raça como questão social.
AM

04057470042
Certamente essas políticas são importantes para regulamentarem novas
04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D

bases para 04057470042


o conflito distributivo, porém, de acordo com Guimarães (2006), 04057470042
ES

elas parecem não pôr em risco a reprodução do sistema com um todo.


04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
N
R

04057470042 04057470042
O

04057470042 04057470042
D
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D

PLANO NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA


IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
IN

SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES


04057470042 04057470042
– 2013
AL

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-
04057470042
04057470042
04057470042
conteudo/crianca-e-adolescente/plano-nacional-de-enfrentamentoda-
04057470042 04057470042
violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes.pdf/view
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
Sim, isso já caiu na FGV e em um
04057470042
contexto bastante parecido com o da
04057470042
04057470042

PCSC... Não estava no edital, mas cobraram


04057470042a parte de violência... Sabe o que
04057470042
04057470042
aconteceu? Caiu! 04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 73
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
[RESUMO] 04057470042
04057470042 04057470042
1. Histórico04057470042 04057470042
[...] 04057470042 04057470042
04057470042
De acordo com o Estudo Proteger
04057470042 e Responsabilizar, o Plano Nacional em
04057470042
04057470042 2000, tornou-se referência e ofereceu uma síntese metodológica para a
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 estruturação04057470042
de políticas, programas e serviços para o enfrentamento à
04057470042 violência sexual, a partir de seis eixos estratégicos:
04057470042
04057470042 04057470042
• Análise da Situação – conhecer o fenômeno da violência sexual contra
04057470042 04057470042
crianças e adolescentes por
04057470042
meio de diagnósticos, levantamento de
04057470042
04057470042

dados, pesquisas.

34
04057470042 04057470042

8:
• Mobilização
04057470042
04057470042 e Articulação
04057470042
– fortalecer as articulações nacionais,

:2
22
04057470042
regionais e locais de combate e pela eliminação04057470042 da violência sexual; 04057470042

4
02
04057470042 04057470042
envolve redes, fóruns, comissões, conselhos e etc.

/2
04057470042

01
• Defesa e Responsabilização – atualizar a legislação sobre crimes
04057470042 04057470042

8/
-2
04057470042 04057470042
sexuais, combater a impunidade, disponibilizar serviços de notificação e
04057470042

m
responsabilização qualificados.

co
04057470042 04057470042

l.
04057470042

ai
• Atendimento - garantir o04057470042
atendimento especializado, e em rede, às

gm
04057470042
crianças e aos adolescentes em situação de violência sexual e às suas

s@
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
famílias, le
realizado por profissionais especializados e capacitados.
ne
04057470042 04057470042
• Prevenção - assegurar ações
or

04057470042 04057470042
preventivas contra a violência sexual.
ad

04057470042 04057470042
Ações de educação, sensibilização e de autodefesa.
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042
• Protagonismo Infantojuvenil – promover
04057470042
a participação ativa de
-i

04057470042 04057470042
2

crianças e adolescentes pela04057470042


defesa de seus direitos e na execução de
-4

04057470042
00

04057470042 04057470042
políticas de proteção de seus04057470042
direitos.
.7
74

04057470042
.5

04057470042 04057470042
40

04057470042
2. Processo de revisão do Plano04057470042
Nacional de Enfrentamento da Violência
-0

04057470042 04057470042
Sexual contra Crianças e Adolescentes
AL

04057470042 04057470042
AR

04057470042
[...]
AM

04057470042
3. Marco normativo - Documentos Nacionais04057470042e Internacionais 04057470042
O

04057470042 04057470042
[...]
D

04057470042 04057470042
ES

4. O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual e Orçamento


04057470042 04057470042
EL

04057470042 04057470042
Público 04057470042
N
R

04057470042
O

04057470042 A fim de garantir a execução das ações previstas no Plano Nacional, foi
04057470042
D
A

04057470042 04057470042
incluída uma etapa no processo de sua revisão destinada à
AI

04057470042 04057470042
D

compatibilização dos eixos do Plano Nacional com as possibilidades de sua


IN

04057470042 04057470042
E

04057470042 04057470042
execução, com base no orçamento público federal. Assim, tentou-se
IN

04057470042 04057470042
AL

04057470042 explicitar a realidade do orçamento em curso 2012-2015 para posterior


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 análise da viabilidade dos objetivos e metas 04057470042
em curto prazo e as reais
necessidades de advocacy para possíveis inclusões
04057470042 no próximo PPA.
04057470042
04057470042 04057470042
A ideia foi descortinar a metodologia
04057470042empregada para a formulação do 04057470042
PPA-2012/2015 e identificar os programas
04057470042 previstos,
04057470042que contemplam a
04057470042 04057470042
execução04057470042
de ações no âmbito da proteção aos direitos humanos de crianças 04057470042
e adolescentes, sobretudo aquelas vítimas de violência sexual.
04057470042
04057470042
04057470042 A partir da análise dos eixos do Plano Nacional, foi feito um estudo
04057470042
04057470042 comparativo do PPA 2012- 2015, buscando assim, identificar as ações que
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 74
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
guardam referência direta e/ou indireta com as diretrizes do Plano
04057470042
04057470042 04057470042
Nacional 04057470042
de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
04057470042
Adolescentes no orçamento público federal. A partir desse levantamento
04057470042 04057470042
04057470042
foi possível identificar:
04057470042 04057470042
04057470042 os programas temáticos, que indicam o nome da política a ser executada;
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 os objetivos do governo, que agregam as iniciativas selecionadas por
04057470042
04057470042 possuírem relação com o Plano Nacional;
04057470042
04057470042 04057470042
os órgãos responsáveis pela execução das iniciativas; e
04057470042 04057470042
as iniciativas que possuem relação com o Plano Nacional.
04057470042 04057470042
04057470042
O documento
04057470042 que comporá os anexos do Plano Nacional pretende

34
04057470042

8:
nortear as04057470042
ações de advocacy da 04057470042
sociedade civil no período (2012/2015), e

:2
22
04057470042 04057470042
auxiliar na definição dos prazos para a efetiva04057470042
execução e monitoramento 04057470042

4
02
do Plano Nacional. 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
O estudo comparativo pretende ainda, contribuir com o processo de
04057470042 04057470042

8/
-2
planejamento e execução das políticas
04057470042
04057470042
públicas no Brasil, explicitar os
04057470042

m
conceitos04057470042
de Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

co
04057470042

l.
e Lei Orçamentária Anual (LOA) 04057470042
e definir qual o papel destes instrumentos

ai
gm
04057470042 04057470042
no processo de execução de políticas públicas no campo do enfrentamento

s@
04057470042 04057470042
04057470042
da violência sexual
04057470042
contra crianças e adolescentes.
le
ne
04057470042 04057470042
Uma 04057470042
vez que o Plano Nacional constitui um documento temático que
or

04057470042
ad

04057470042
integra o Plano Decenal, considera-se estratégico que a vigência do novo
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 Plano Nacional acompanhe a vigência daquele, ou seja, que suas ações
04057470042
-i

04057470042
sejam implementadas até 2020.04057470042
Importante 04057470042
afirmar que durante esse
2
-4

04057470042
00

04057470042 período de execução do Plano Nacional, seja observada a necessidade de


04057470042
.7

sua compatibilização com os novos PPAs a entrarem a vigor, dado que estes
74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
são formulados para serem executados de quatro em quatro anos.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
[...] 04057470042
AL

04057470042 04057470042
Monitoramento e Avaliação
AR

04057470042
Uma tarefa fundamental presente no processo de revisão do Plano
AM

04057470042
04057470042 04057470042
Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
O

04057470042 04057470042
D

Adolescentes, foi a construção de indicadores, que viabilizassem a


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 estruturação de um processo de monitoramento 04057470042e avaliação e que


N
R

04057470042
estivessem em consonância com as diretrizes da
04057470042
ONU para a construção de
O

04057470042 04057470042
D

indicadores em Direitos Humanos. Desde 2007, já se diagnosticou que a


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
construção de indicadores para04057470042
a temática da04057470042
04057470042
Violência Sexual- abuso e
D
IN

exploração, não é uma tarefa fácil. Essa dificuldade deve-se, sobretudo,


E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
porque o Brasil não produziu04057470042
dados nessa04057470042
área para que se possa
AL

04057470042
estabelecer uma linha de base para o processo de monitoramento e
04057470042 04057470042
04057470042
avaliação. 04057470042
04057470042
04057470042
Buscando responder a essa demanda,
04057470042 esse04057470042
tema foi incluído em todo o
processo de revisão do Plano Nacional, o que culminou
04057470042
04057470042 04057470042
com a inclusão de 04057470042

indicadores que atendam aos anseios expressados pelas redes nacionais e


04057470042 04057470042
também pelos documentos 04057470042
04057470042
internacionais, assumindo que o 04057470042

monitoramento das ações de enfrentamento à violência sexual constitui


04057470042
04057470042
04057470042
um dos principais desafios e a ausência
04057470042
da cultura da avaliação tem forte
04057470042

04057470042 impacto na pouca eficácia das políticas públicas.


04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 75
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
Portanto, a discussão sobre os indicadores de monitoramento do Plano
04057470042
04057470042 04057470042
Nacional 04057470042
de Enfrentamento da Violência Sexual no processo de revisão não
04057470042
pode deixar de considerar a relevância do estabelecimento de parâmetros
04057470042 04057470042
04057470042
para o necessário
04057470042e essencial processo de monitoramento de seus objetivos.
04057470042
04057470042 Esse é um momento histórico privilegiado para o inicio do exercício de
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 construção de indicadores, dado que cada vez mais os órgãos responsáveis
04057470042
04057470042 pela execução de políticas 04057470042públicas estão preocupados com o
04057470042 04057470042
desenvolvimento
04057470042de sistemas nacionais de informação, gestão e análise de 04057470042
dados. 04057470042 04057470042
04057470042
Importante salientar que é necessário o desenvolvimento de uma

34
04057470042 04057470042

8:
metodologia de monitoramento
04057470042 do plano a partir dos indicadores
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
propostos, com a escolha dos atores responsáveis pela coordenação desse
04057470042 04057470042

4
02
processo. 04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
Portanto, deve-se partir da premissa
04057470042de que além do Comitê Nacional 04057470042

8/
-2
de Enfrentamento da Violência 04057470042
Sexual contra04057470042
04057470042
Crianças e Adolescentes, o

m
Sistema de Garantia de Direitos (SGD), representado pelas instituições

co
04057470042 04057470042

l.
nacionais, precisa ter um 04057470042 papel protagônico no processo de

ai
gm
04057470042 04057470042
monitoramento das ações do 04057470042
Plano Nacional de Enfrentamento da

s@
04057470042
04057470042
Violência04057470042
Sexual contra crianças e Adolescentes.
le
ne
04057470042 04057470042
O monitoramento
04057470042 e a avaliação devem, compreender o acompanhamento
or

04057470042
ad

04057470042
do desenrolar de todas as ações 04057470042
previstas no processo de implementação
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 do Plano04057470042
Nacional; que deverá ser operacionalizado pela produção de
-i

04057470042
relatórios sistemáticos. 04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 Para a04057470042


construção dos indicadores no Plano Nacional de 2013 optou-se
.7
74

por estabelecer como premissa04057470042


04057470042
a escolha de indicadores indivisíveis,
.5

04057470042 04057470042
porém didaticamente sistematizados por eixos do Plano Nacional.
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
Tais indicadores buscam propiciar
04057470042
uma melhor compreensão sobre a
AL

04057470042 04057470042
violência sexual contra crianças e adolescentes, suas causas e
AR

04057470042
características de suas várias expressões, a identificação, quantitativa e
AM

04057470042
04057470042 04057470042
qualitativa, dos instrumentos04057470042disponíveis para mensuração que
O

04057470042
D

possibilitem redefinir ações e rumos para enfrentamento desse tipo de


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 violência. 04057470042


N
R

04057470042
Outro fator importante é que os indicadores
04057470042
do Plano Nacional podem
O

04057470042 04057470042
D

ser elementos relevantes para a orientação das políticas públicas, na sua


A

04057470042 04057470042
AI

04057470042
maioria, é desenhada sem os subsídios necessários
04057470042
contribuindo para sua
D
IN

04057470042 04057470042
imprecisão. Espera-se, portanto, que a disponibilização dos indicadores
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
por eixos do Plano Nacional possa contribuir para:
AL

04057470042 04057470042
a . a produção de informações; 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
b . o acompanhamento do cumprimento
04057470042 dos objetivos e ações do Plano
04057470042
Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Adolescentes; 04057470042 04057470042
c . a proposição de medidas corretivas e de estratégias para
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
qualificação das ações; 04057470042
d . o estabelecimento de um 04057470042
processo sistemático de monitoramento e
04057470042 04057470042
04057470042 avaliação do Plano Nacional04057470042
de Enfrentamento da Violência Sexual
04057470042 contra Crianças e Adolescentes; 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 76
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
e . a construção de um processo de sistematização com vistas à
04057470042
04057470042 04057470042
otimização dos resultados e 04057470042
04057470042 dos impactos gerados a partir das ações
desenvolvidas. 04057470042
04057470042
04057470042

04057470042 04057470042
04057470042
Propõe-se, portanto, que os indicadores sejam estabelecidos
04057470042
04057470042
considerando- 04057470042
04057470042 se algumas04057470042
premissas, as quais se passa a discorrer por eixos do Plano
04057470042
Nacional: 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
EIXO PREVENÇÃO
04057470042
04057470042
04057470042

O Estatuto04057470042
da Criança e do Adolescente, no artigo 70, preconiza:

34
04057470042

8:
“É dever de todos prevenir a ocorrência
04057470042
de ameaça ou violação dos direitos da
04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
criança e do adolescente.” 04057470042 04057470042

4
02
Reconhecendo a importância da04057470042
prevenção, os04057470042
indicadores para o eixo de 04057470042

/2
01
Prevenção deve-se considerar o04057470042
envolvimento das diferentes mídias em 04057470042

8/
-2
campanhas de mobilização e prevenção da violência
04057470042
04057470042
sexual; a qualificação
04057470042

m
das campanhas
04057470042de prevenção; o fortalecimento da rede familiar e

co
04057470042

l.
comunitária e a inserção das escolas em ações de prevenção.
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042

s@
04057470042 04057470042
04057470042
EIXO ATENÇÃO
04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
O Estatuto04057470042
da Criançae do Adolescente prevê, no artigo 86:
or

04057470042
ad

04057470042
“A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-


04057470042
-i

04057470042
governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. ”
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 04057470042
.7
74

Reconhece-se, portanto, que a garantia


04057470042
do atendimento integral com base
04057470042
.5

04057470042 04057470042
no respeito aos direitos humanos pressupõe o desenvolvimento de ações
40

04057470042 04057470042
-0

04057470042
articuladas.
04057470042
AL

04057470042 04057470042
Esse eixo precisa de indicadores que dêem conta do contexto
AR

04057470042
multidimensional em que está configurada04057470042 a violência sexual, com
AM

04057470042
04057470042
aspectos relacionados à cultura, à economia e às características
O

04057470042 04057470042
D

psicoemocionais dos indivíduos envolvidos, e que não poderão/deverão ser


04057470042 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 respondidas por uma única instituição ou política pública.


04057470042
N
R

04057470042
A qualificação da intervenção da rede em casos04057470042
04057470042
de violência sexual é o que
O

04057470042
D

possibilita avaliar a evolução da compreensão 04057470042


e a forma de intervenção da
A

04057470042
AI

04057470042
rede, a partir das fragilidades04057470042
verificadas, 04057470042
04057470042
dados de casos concretos
D
IN

atendidos e de matrizes de capacitação da rede de atendimento, bem como,


E

04057470042 04057470042
IN

04057470042 04057470042
o processo de assessoria técnica a serem 04057470042
desenvolvidos. Também é
AL

04057470042
importante mensurar a padronização e formalização de procedimentos, a
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
eficiência, a efetividade e da 04057470042
eficácia dos 04057470042
fluxos de procedimentos
construídos e pactuados. 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
EIXO DEFESA E RESPONSABILIZAÇÃO 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Cabe ressaltar, sobretudo, que neste eixo alguns atores específicos que têm
04057470042
atribuição institucional de fiscalizar, investigar e responsabilizar, precisam
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042
ser considerados especialmente 04057470042
estratégicos para a efetiva participação no
04057470042 processo de monitoramento. Os 04057470042
indicadores deste eixo devem considerar
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 7704057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
04057470042 04057470042
os dados sobre as ocorrências de04057470042
notificações de casos de violência sexual
04057470042 04057470042
contra crianças
04057470042e adolescentes, investigações e a proporção com a
04057470042
responsabilização. Outro aspecto04057470042
importante a ser observado é a obtenção 04057470042
04057470042
de dados04057470042
de desenvolvimento 04057470042
e utilização de novas metodologias de
04057470042 responsabilização que reconheçam a importância da proteção das vítimas.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Nesse sentido, apontam-se, em âmbito nacional, a inclusão dos dados do
04057470042
04057470042 Sistema de Informações para a Infância e a Adolescência (Sipia ) e o Disque
04057470042
04057470042 04057470042
Direitos Humanos
04057470042 (Disque 100 ) como fontes prioritárias de informações, 04057470042
bem como o acompanhamento de casos exemplares que poderá fornecer
04057470042 04057470042
04057470042
um diagnóstico de como vêm atuando os atores do eixo.

34
04057470042 04057470042

8:
04057470042 04057470042

:2
22
04057470042 04057470042
EIXO COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL 04057470042 04057470042

4
02
O processo de comunicação e mobilização social constitui a base para a
04057470042 04057470042

/2
04057470042

01
formação e a sustentabilidade04057470042
do trabalho em rede. O Relatório de 04057470042

8/
-2
Monitoramento 2003-2004 do 04057470042
Plano Nacional
04057470042
de Enfrentamento da
04057470042

m
Violência04057470042
Sexual contra crianças e Adolescentes aponta que:

co
04057470042

l.
A participação é o caminho eficaz para o fortalecimento da Rede que será
04057470042

ai
gm
04057470042 04057470042
formada em âmbito local, em que todos podem colaborar no campo específico de

s@
04057470042 04057470042
04057470042
suas atividades.
04057470042
le
ne
04057470042 04057470042
Embora caiba ao município a responsabilidade pela concretização da
or

04057470042 04057470042
ad

04057470042
política de atendimento à infância e à juventude, o poder público
04057470042
ai

04057470042 04057470042
nd

04057470042 geralmente não tem condições nem recursos suficientes para arcar sozinho
04057470042
-i

04057470042
com essa tarefa. Faz-se necessário, pois, realizar amplo debate público de
04057470042
2
-4

04057470042 04057470042
00

04057470042 modo a 04057470042


mobilizar e envolver todos os segmentos da sociedade na
.7

formulação, execução e avaliação de um plano municipal de ação para o


74

04057470042 04057470042
.5

04057470042 04057470042
enfrentamento ao abuso e à exploração
04057470042 sexual comercial de crianças e
40

04057470042
-0

04057470042
adolescentes. (Relatório de Monitoramento
04057470042
2003- 2004 do Plano Nacional
AL

04057470042 04057470042
de Enfrentamento da Violência Sexual Infantojuvenil)
AR

04057470042
Com base nessa premissa, os indicadores neste eixo devem possibilitar a
AM

04057470042
04057470042 04057470042
avaliação da qualidade e o potencial da mobilização e realização de ações
O

04057470042 04057470042
D

de enfrentamento
04057470042
no País, envolvendo todos os atores que tem incidência 04057470042
ES

04057470042 04057470042
EL

04057470042 sobre o tema, a representatividade e pertinência da participação das


04057470042
N
R

04057470042
instituições envolvidas e o grau de comprometimento
04057470042
com as demandas
O

04057470042 04057470042
D

pactuadas.
A

04057470042 04057470042
AI

04057470042 04057470042
D
IN

04057470042 04057470042
EIXO PARTICIPAÇÃO E PROTAGONISMO
E

04057470042 04057470042
IN

04057470042
Garantir direitos de crianças e04057470042
adolescentes04057470042
pressupõe garantir o seu
AL

04057470042
direito à participação ativa. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
04057470042 04057470042
04057470042
no artigo 15, afirma: 04057470042
04057470042
04057470042
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
04057470042 respeito e à dignidade como
04057470042
pessoas humanas em processo de 04057470042
desenvolvimento
04057470042
e como sujeitos de direitos
04057470042
04057470042

civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.


04057470042 04057470042
Ao referir os aspectos que compreendem
04057470042
04057470042
o direito à liberdade, o artigo 16 04057470042

do ECA elenca, dentre outros, o direito de opinião e expressão, o direito de


04057470042
04057470042
04057470042
participar da vida familiar e comunitária,
04057470042
sem 04057470042
discriminação e o direito de
04057470042 participar da vida política, na forma da lei.
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 78
04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
04057470042 04057470042
04057470042 04057470042
04057470042 Professor Alyson Barros 04057470042
Aula 05
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Assim, o processo
04057470042de
definição de04057470042
indicadores para o eixo de protagonismo
(participação), deve considerar:04057470042
a proporção do número de crianças e 04057470042
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adolescentes em espaços de garantia
04057470042 e promoção de seus direitos; a
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04057470042 qualificação da participação de crianças e04057470042
adolescentes em fóruns,
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04057470042 encontros04057470042
e programas que promovam e defendam seus direitos; a inclusão
04057470042 de sugestões das crianças e adolescentes
04057470042 no processo de formulação de
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programas de prevenção e atendimento; a qualificação da prática das
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instituições que trabalham com crianças, adolescentes e jovens na
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perspectiva de assegurar a efetiva participação desses grupos etc.

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:2
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EIXO ESTUDOS E PESQUISAS 04057470042 04057470042

4
02
Os indicadores deste eixo precisam inferir04057470042
o nível de efetivação na 04057470042

/2
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realização de estudos quantitativos e qualitativos da situação de violência
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8/
-2
sexual contra crianças e adolescentes no território
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nacional, com ênfase
04057470042

m
nas proporções estabelecidas a partir dos conceitos de direitos trazidos

co
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l.
pelos documentos internacionais e na legislação nacional, bem como a
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ai
gm
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capacidade de organizar sistemas articulados de informações sobre a

s@
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situação da violência
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sexual e as possibilidades e cenários futuros.
le
ne
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or

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ad

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ai

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nd

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-i

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.7
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.5

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40

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-0

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AL

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AR

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AM

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O

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D

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ES

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5.3. O Processo de Monitoramento 04057470042
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O processo de monitoramento e avaliação
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pressupõe o registro sistemático 04057470042
de informações que possibilite à Rede Nacional
04057470042 de Proteção visualizar o
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desenvolvimento das atividades (execução e efetividade) nos seis eixos do
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Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra crianças e
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Adolescentes. Os indicadores apontarão a execução e efetividade de cada
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04057470042 ação comparando o momento em que esta é avaliada e os resultados
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04057470042 04057470042 04057470042
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Psicologia para a PCSC (Pós-Edital) 2023/24
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Aula 05
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esperados que foram construídos por ocasião do lançamento do Plano
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Nacional 04057470042
2013. 04057470042
Portanto, o instrumento para04057470042
realizar o monitoramento e avaliação, a 04057470042
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partir dos04057470042
indicadores, deve propiciar a análise do estágio atual da ação e
04057470042
04057470042 seus impactos em todos os eixos do Plano Nacional, levando em conta os
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04057470042 seguintes04057470042
fatores: [...]
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LEMBRE-SE,04057470042
conforme avisei na aula passada, as questões das aulas 4 e da aula 04057470042
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5 estarão na04057470042
aula 06.

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Bons estudos, pessoal! 04057470042 04057470042

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alyson@psicologianova.com.br 04057470042 04057470042

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