Você está na página 1de 66

Autor: Prof. Drd.

Rodrigo Vinícius Ferreira


@KineticFunctional

O acompanhamento médico é imprescindível para a segurança de qualquer


agravo a saúde. Ainda, este produto não pode prometer cura de problemas
de saúde relacionado ao tema aqui proposto, para tal uma equipe
multidisciplinar deverá ser consultada.

Agradecemos pelo interesse e leitura deste material.


Toda informação aqui publicada consta de seus respectivos autores,
referenciados ao final deste trabalho.
Este material deve ser o início de um aprofundamento, e não o fim!

Boa leitura!
Kinetic Functional Brasil
Prof. Drd. Rodrigo Vinícius Ferreira

1
@KineticFunctional

Postura, como ela funciona? ................................................................................................. 8

............................................................................................................................................. 8
Desenvolvimento da postura............................................................................................... 10
Postura e dor ...................................................................................................................... 14
Causas dos Desvios Posturais .............................................................................................. 15
Glúteo máximo vs. Isquiotibiais ........................................................................................... 16

2
@KineticFunctional

Síndrome da Inibição Glútea ............................................................................................... 18


Compensações mecânicas ................................................................................................... 19
Compensações na lombar ................................................................................................... 19
Compensações no joelho .................................................................................................... 20
Compensações no ombro .................................................................................................... 20
Outras compensações ......................................................................................................... 21
Entendendo melhor a inibição glútea e a dor lombar .......................................................... 22
Tratamento da inibição glútea ............................................................................................. 22
Como surge a Dor? .............................................................................................................. 24
Tratamento de Desvios Posturais ........................................................................................ 24
Captores Posturais .............................................................................................................. 26
Captor Podal ....................................................................................................................... 27
Pontos Reflexos Plantares .............................................................................................. 29
Relações.............................................................................................................................. 30
Captor Ocular ...................................................................................................................... 30
Captor Manducatório........................................................................................................ 33
Captor Vestibular.............................................................................................................. 35
Trilhos Anatômicos ............................................................................................................. 36
Compreendendo a Fáscia .................................................................................................... 38
Relação entre fáscia e colágeno .......................................................................................... 39
Funções da Fáscia ............................................................................................................... 40
Características da Fáscia...................................................................................................... 41
Cadeias Musculares............................................................................................................. 41
PM – Cadeia Póstero-Medial ............................................................................................... 44
AM – Cadeia Ântero-Medial ................................................................................................ 44
PA – Cadeia Póstero-Anterior .............................................................................................. 44
AP – Cadeia Ântero-Posterior .............................................................................................. 44
PL – Cadeia Póstero-Lateral ................................................................................................. 45
AL – Cadeia Ântero Lateral .................................................................................................. 45
As cadeias Musculares de Léopold Busquet ......................................................................... 46
1- Cadeia de Flexão ............................................................................................................. 46
2- Cadeia de Extensão ......................................................................................................... 46
3- Cadeia Estática Posterior ................................................................................................. 47
1- As Cadeias Cruzadas Anteriores....................................................................................... 48
5- Cadeias Cruzadas Posteriores .......................................................................................... 49
Cadeias Musculares do Pescoço .......................................................................................... 50

3
@KineticFunctional

Cadeias Musculares da Pelve............................................................................................... 50


1- Fechamento dos ilíacos: .............................................................................................. 51
2- Abertura dos ilíacos ..................................................................................................... 51

........................................................................................................................................... 53

........................................................................................................................................... 54

4
@KineticFunctional

....................... 54

....................... 55

5
@KineticFunctional

....... 55
Relação Craniossacral.......................................................................................................... 56
Quais são os Padrões Posturais?.......................................................................................... 58
Bloqueios Posturais ............................................................................................................. 60
Perna mais curta ................................................................................................................. 60
Cicatrizes Patológicas .......................................................................................................... 61
Reprogramando o Movimento ............................................................................................ 62
Referências ......................................................................................................................... 64

6
@KineticFunctional

7
@KineticFunctional

Postura, como ela funciona?

A postura correta é definida como aquela em que existirá o máximo de eficiência


biomecânica e fisiológica do corpo humano. Para uma boa biomecânica, é
necessário alinhamento articular, no qual a pressão intra-articular se manterá
constante, se terá ativação muscular de todas as cadeias musculares. Assim se
sustentará uma boa congruência articular e estabilidade.

Para que esse equilíbrio biomecânico e fisiológico ocorra é necessário o


funcionamento correto do sistema postural. Esse sistema cibernético é
retroalimentado pela informação aferente dos captores posturais. Os captores
notificam o cérebro da posição que o corpo ocupa no espaço, o qual envia uma
resposta eferente aos músculos tônicos e tônico-fásicos que realizarão
resistência antigravitacional para manter o corpo em equilíbrio.

8
@KineticFunctional

A posição fisiológica dos pés é afastados na largura do quadril abduzidos 15 a


16 graus para cada pé, formando uma base em forma de trapézio. No qual o
centro de gravidade se localiza no terço posterior, há 30mm posterior ao centro
do quadrilátero de sustentação. Em plano sagital, um adulto deverá apresentar
o sacro neutro em 32 graus de inclinação, a fecha da curvatura da coluna lombar
de 4 a 6 cm do fio de prumo e a flecha da curvatura da coluna cervical de 6 a 8
cm do fio de prumo. O plano escapular e nádegas alinhados.

Em plano frontal deverá manter simetria entre as pupilas, os dois tragos, os dois
mamilos, os dois ossos estilóides do rádio, cintura escapular e pélvica. Bem
como em plano transversal não deverá existir rotações ao nível das cinturas
escapular e pélvica.

9
@KineticFunctional

Desenvolvimento da postura
A verticalização do corpo humano é fundamental para o equilíbrio dinâmico no
caminhar, e vai ser definida pela maturidade do sistema nervoso central (SNC),
variações anatômicas e encadeamento biomecânico articular.

Segundo Liebenson (2017), a postura corporal envolve a ontogênese postural,


ou seja, que atividade muscular postural é predeterminada geneticamente e de
modo automático durante a maturação do SNC. Na fase neonatal, os ossos e
articulações estão imaturos morfologicamente. À medida que o SNC amadurece,
o desenvolvimento da função muscular ocorre de forma crescente. Por
consequência, os músculos controlados pelo SNC agem sobre as epífises de
crescimento ósseo, influenciando na forma e desenvolvimento dos ossos e

10
@KineticFunctional

articulações. Logo, a qualidade do desenvolvimento motor e a verticalização


durante o primeiro ano de vida repercutem na qualidade da postura corporal pelo
resto da vida de uma pessoa. Porque durante a ontogênese postural inicial, as
curvas em lordose e cifose da coluna, assim como a posição da pelve e tórax
são estabelecidas. Esse processo corresponde a estabilização da coluna, pelve
e tórax pelo ganho controle motor em plano sagital.

Após assegurar a estabilidade sagital,


desenvolve-se a função motora fásica das extremidades, em cadeia cinética
aberta e fechada, e nos padrões ipsilateral e contralateral. De modo geral, o
desenvolvimento do padrão contralateral em pronação de um bebê vai trabalhar
o controle motor da cadeia muscular cruzada, sendo primordial para mais tarde
integrar padrões de movimento como engatinhar e marchar.

Como o grau de força muscular e controle motor impactam diretamente na


centralização e congruência articular, também refletem nas variações
anatômicas posturais. De acordo com Bega (2006) todos nascemos com o pé
plano. Os arcos longitudinais medial e lateral, bem como, arco transverso dos
pés desenvolvem-se desde que a criança começa a caminhar até os 7 ou 8 anos
de idade. O tibial posterior é o músculo estático responsável pela sustentação
do tripé formado pelo calcâneo e pelas cabeças do 1º e 5º metatarsos, definindo
o formato do pé (plano/normal/cavo).

Os ossos do pé em conjunto formam importantes arcos de sustentação que


ajudam no suporte do peso corporal e na alavanca ao caminhar. Os três arcos

11
@KineticFunctional

plantares são arco longitudinal interno, arco longitudinal externo e arco


transverso, os quais apresentam mobilidade de acordo com o peso e a pressão
que recebem.

- Arco longitudinal interno: formado a partir do apoio do calcâneo até a cabeça


do 1° metatarso, passando pelo calcâneo, tálus, navicular, 1° cuneiforme e
1°metatarso.

- Arco longitudinal externo: sustenta a região de médio pé, passando pelos ossos
calcâneo, cuboide e 5° metatarso.

-Arco transverso: suspende a cabeça dos metatarsos dando suporte ao antepé,


partindo da cabeça do 1°ao 5°metatarso. A ausência ou diminuição desse arco
desencadeia deformidades nos dedos como dedos em garra e em martelo.

Com base na curvatura do pé, podemos classifica-lo como plano, cavo ou


normal.

Pé plano: é caracterizado de ausência ou diminuição dos arcos longitudinais,


principalmente o arco longitudinal interno. O pé plano normalmente aparece
acompanhado da pronação.

Pé cavo: é definido pelo aumento da curvatura dos arcos longitudinais,


favorecendo a presença de instabilidade por insuficiência de apoio plantar. O pé
cavo geralmente acompanha a supinação.

Pé normal: é identificado pela elevação do arco longitudinal interno até 1/3 da


largura do antepé. Ausência de arco longitudinal externo e presença de arco
transverso possibilitando o apoio de todos os dedos.

12
@KineticFunctional

Já a genética vai definir o tipo de pé em conformidade com a largura do ante-pé


(estreito ou largo) e o comprimento dos dedos, podendo ser o pé grego, romano,
egípcio, germânico e céltico. Isso tudo vai influenciar diretamente no tipo de
pisada e, por consequência, nas alterações

posturais.

13
@KineticFunctional

Postura e dor
Sentimos dores diversas e na maioria das vezes não buscamos ajuda, até
mesmo nós, profissionais do movimento, acabamos ignorando uma dor de vez
em quando. Estamos condicionados a ignorá-las! Se a dor for de intensidade
moderada a média então, dificilmente alguém buscará tratamento.

Existe um problema sério de subnotificação dos desvios posturais. A maioria das


pessoas que sofre com eles (que é muita gente) não percebe que existe um
problema. A dor lombar no fim do dia é atribuída ao cansaço. “Talvez seja culpa
de algum esforço físico diferente, de um jeito de abaixar errado. Daqui a pouco
vai passar”, pensam.

Depois de ignorar a dor como algo pequeno, a pessoa toma um medicamento


para a dor, geralmente analgésicos ou relaxantes musculares, e descansa um
pouco. Realmente, o desconforto passa por causa do descanso e do efeito
medicamentoso.

Porém, os desvios posturais que foram a causa não desapareceram.

Desvios da postura são mais comuns do que a maioria imagina. Estima-se que
cerca de 93% da população mundial possua algum tipo, mesmo que seja
bastante moderado. O mesmo se pode dizer das dores da coluna vertebral. A
dor lombar é a mais comum e quase todo mundo experimenta um episódio pelo
menos uma vez na vida.

Sabendo de tudo isso, quero te fazer uma pergunta: quantos alunos ou pacientes
te procuram para corrigir desvios posturais buscando a prevenção ou cura de
dores musculares moderadas? Não muitos, certo?

A maioria dos pacientes só percebem que precisam de ajuda quando a dor é


constante ou forte demais para ser resolvida com um relaxante muscular.

14
@KineticFunctional

Causas dos Desvios Posturais

Existem diversos motivos que levam ao surgimento de um desvio postural, mas


a maior parte dos casos está relacionado a hábitos modernos. O corpo, criado
para o movimento e a ação, está tornando-se cada vez mais sedentário.

Longos períodos em uma única posição fazem com que algumas musculaturas
fiquem tensas enquanto outras se encurtam. Um caso bastante comum, por
exemplo, é o da inibição glútea, uma causa frequente da dor lombar inespecífica.

Vamos entender melhor este exemplo:

O glúteo máximo é um músculo plano, quadrangular e robusto. Ele é o mais


volumoso e mais potente da região, e o grande responsável pela manutenção da
postura ereta.

• Origem: face glútea da asa do ílio, face posterior do sacro, aponeuroses


adjacentes.

• Inserção: tuberosidade glútea.

Ações:

• Extensão;

• Rotação lateral;

• Abdução do quadril;

• Extensão do joelho.

Notemos que o Glúteo Máximo é o mais superficial e consequentemente estético


da região glútea. O Glúteo Máximo produz os movimentos de Abdução do
quadril, quando você afasta o Fêmur da região central do corpo.

Porém o principal movimento produzido pelo Glúteo Máximo é a extensão do


quadril. Ao fazer o movimento com o membro inferior para trás, você realiza uma
extensão do Quadril.

O Glúteo Máximo é o motor primário da extensão do quadril. O glúteo máximo é


um dos principais músculos a realizar o movimento juntamente com os
Isquiotibiais.

15
@KineticFunctional

Glúteo máximo vs. Isquiotibiais


Juntos, os isquiotibiais e o glúteo máximo formam os dois grandes grupos
musculares extensores do Quadril. E aí que começam muitos problemas com
relação a ativação do glúteo máximo.

Dependendo do posicionamento espacial e da postura da pessoa, os potentes


isquiotibiais também podem realizar a extensão do quadril. Os posicionamentos
das fibras de cada grupo muscular também influenciam nisso.

As fibras do glúteo ficam em diagonal para conseguir cumprir todas as suas


ações. Já os ísquios têm fibras dispostas transversalmente, o que parece
mecanicamente mais favorável para a realização da extensão do quadril.

Os isquiotibiais podem facilmente realizar o movimento de extensão do quadril,


apesar da função ser primariamente do glúteo máximo. Isso resolveria a questão
no caso de os glúteos estarem inibidos e ajudaria na manutenção da nossa
estática. A resposta é deficitária, porém é capaz dessa manutenção.

Porém isso aumenta os graus de extensão lombar consideravelmente, nos


gerando um problema mecânico. Essa pode ser um dos mecanismos
fisiopatológicos de formação da dor lombar inespecífica.

Logo deduzimos, que o papel principal dos glúteos é empurrar o solo durante a
marcha, corrida, ou simplesmente para a manutenção da estática em nossos
movimentos oscilatórios do tronco, produzindo assim a forca motriz do corpo.

A extensão de quadril desejada para uma boa mecânica corporal durante a


corrida é de 30 graus de extensão de quadril. Quando essa amplitude de
movimento não é satisfatória, o tronco vai se estender para manter o centro
gravitacional. Dessa maneira gera-se o que chamamos de dor lombar pós
corrida. Muito comum entre corredores amadores.

Como citado acima o Glúteo máximo tem sua origem em sua face posterior junto
as aponeuroses.

A principal aponeurose a qual o glúteo máximo está interligado é a fáscia


toracolombar. Ela é uma estrutura contínua de tecido conjuntivo que se estende
desde o sacro chegando até a região cervical.

Logo, podemos dizer que a fáscia toracolombar é um elemento do núcleo porque


muitos músculos têm continuidade de tensão presentes ao glúteo máximo.
Alguns deles são:

• Grande dorsal;

• Serrátil;

16
@KineticFunctional

• Trapézio fibras inferiores;

• Isquiotibiais;

• Bíceps femoral.

A contração ou relaxamento desses músculos aumenta ou diminui a tensão


sobre o glúteo máximo por sua tensigridade corporal. Essa tensão fascial junto
ao glúteo máximo, e nosso sistema hidropneumático são os grandes
responsáveis pela manutenção da nossa postura.

Ou seja, qualquer alteração ou desestabilização de tronco pode ativar ou inibir o


glúteo máximo. Ao mesmo tempo, a hiperativação ou inibição dos glúteos
máximos poderá gerar desequilíbrios e dores em qualquer região do tórax, pelo
qual está interligado pela fáscia toracolombar.

Vida Moderna

Vamos conferir alguns fatos:

• A Terra existe há aproximadamente 13 bilhões de anos;

• A primeira forma de vida encontrada em nosso planeta foi há


aproximadamente 4,8 bilhões de anos;

• Os primeiros relatos da nossa bipedestação ocorreram há somente 120


mil anos.

Podemos perceber que nosso corpo ainda está se adaptando a bipedestação.

Desde o início da bipedestação o estilo de vida mudou muito com o surgimento


de facilidades como:

• Nossa alimentação;

• Nossa locomoção;

• Nossa necessidade de habilidades motoras.

Devido a essas mudanças, as habilidades motoras estão sendo perdidas ao


longo dos anos. Com o advento da tecnologia nos movimentamos menos,
caminhamos menos, subimos ou descemos menos escadas.

Além disso, permanecermos muito tempo sentados. Como resultado realizamos


nossas atividades de vida diária com menos força e com menor recrutamento de
fibras motoras.

17
@KineticFunctional

A importância do glúteo máximo em nossa evolução é de vital importância. Só


caminhamos ou andamos sobre duas pernas para deixarmos os braços livres
para executarmos outras tarefas.

Com o desenvolvimento da vida humana, os primeiros hominídeos se tornaram


ativos numa vida cheia de migrações, caça e coleta.

Essa rotina mudou abruptamente, e hoje nossa realidade é: da cama para a


cadeira, cadeira para carro, carro para cadeira de escritório. Trabalhamos
sentados muito tempo, em seguida, repetimos a rotina em sentido inverso. Da
cadeira para o carro, do carro para a cadeira, da cadeira para a cama.

Se o edifício tiver um elevador, a falta de subirmos ou descermos escadas pode


ser introduzida nessa história. Esta rotina humana é mantida por longos
períodos. Por vezes, ao longo de uma vida inteira o ser humano se mantém com
os músculos glúteos inativos e que conduz a uma disfunção conhecida como
inibição glútea.

Síndrome da Inibição Glútea


A síndrome da inibição glútea nada mais é do que a perda dos movimentos
naturais do glúteo máximo ao longo dos anos. Isso determina a perda da
capacidade funcional do quadril, com perda de tônus e força na musculatura.

Como o glúteo máximo é o nosso grande cíngulo de anulação das forças que
percorrem nosso corpo, perdemos a capacidade de ativação dentro do padrão
motor correto. Encontramos:

• Inibição das conexões neuromusculares naturais;

• Uma fonte de compensações corporais inadequadas;

• Ativações musculares errôneas.

Quando existe a síndrome da inibição glútea movimentos naturais do dia-a-dia


como agachar, andar e correr ficam prejudicados.

Nascemos com essas habilidades basta ver como as crianças brincam em


posição de agachamento perfeito sem que ninguém as tenha ensinado a realizar
o agachamento no padrão motor correto, pois esse aprendizado nos e inato, mas
com nossa inatividade perdemos essa capacidade ao longo da vida.

O termo inibição glútea refere-se à inibição e ou atraso na ativação dos músculos


glúteos. Frequentemente, isso leva ao enfraquecimento do músculo. A inibição
glútea afeta negativamente o desempenho e a força dos membros inferiores, o
que exporá nosso corpo a uma série de lesões e dor crônica.

Lesões associadas com a inibição glútea

• Disfunção patelo-femural
18
@KineticFunctional

• Síndrome da banda ou do trato ílio-tibial

• Herniações ou dores lombares

• Síndrome do piriforme

• Desalinhamento extremidades inferiores

• A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA).

• Instabilidade crônica do tornozelo.

Compensações mecânicas

Os quadris não param de se mover, a menos que eles estejam tentando fazer
com que você fique estável, dentro de nosso movimento oscilatório do tronco
durante a tentativa de nos manter na estática. Se os glúteos estão inibidos, então
não estaremos estáveis.

Compensações na lombar

Quando perdemos a mobilidade do quadril, geramos mais movimentos e mais


instabilidade na parte inferior das costas. Perder o movimento em algum
segmento corporal, exige que nos movamos mais em outro segmento corporal,
de forma compensatória.

Já que o quadril está sem movimento a coluna lombar ganha mais mobilidade.
Assim surge dor na lombar por excesso de mobilidade e movimento.

A co-contração do glúteo máximo com o Psoas contribui para a estabilização


lombo-sacral. O glúteo máximo proporciona estabilidade à articulação
sacroilíaca por meio de apoio e compressão.

O excesso de movimento na articulação sacro ilíaca compromete as articulações


intervertebrais L5-S1 e o disco intervertebral gerando disfunção. O glúteo
máximo também proporciona menor estabilidade de volta através de sua
conexão com os espinhais e a fascia toracolombar.

Algumas de suas fibras são contínuas com as fibras dos espinhais. Uma
contração do glúteo máximo irá gerar tensão nos eretores no mesmo lado,
proporcionando rigidez à coluna vertebral

19
@KineticFunctional

A contração de Glúteo máximo também exerce uma força na extremidade inferior


da fáscia toracolombar. A fáscia é uma camada espessa de tecido conjuntivo
ligamentar cuja tensão estabiliza as vértebras.

Compensações no joelho

Os glúteos inibidos também levam a um mau controle do fêmur. Lembrem-se


dos movimentos de rotação automática realizados pelos joelhos para uma boa
dinâmica da articulação do joelho.

Com glúteos inibidos perdemos a capacidade de adaptação do joelho, pela


imobilidade da rotação externa realizada pelo glúteo máximo. Claro que temos
outros músculos que são rotadores externos do quadril, mas nenhuma é capaz
de suprir a falta de potência do glúteo máximo. Mesmo quando essas
musculaturas trabalham em conjunto o glúteo máximo faz falta.

Compensações no ombro

O indivíduo com inibição de glúteo também apresenta diminuição na amplitude


de movimento do ombro com consequência dor. Os glúteos se conectam via
fáscia, como vimos anteriormente, ao longo do quadril para o ombro oposto.

A conexão acontece através da fáscia das cadeias cruzadas de extensão ou


abertura da unidade funcional do tronco.

Quando os glúteos estão inibidos, a fáscia torna-se mais rígida e a amplitude de


movimento do ombro torna-se diminuída. Sem conseguir gerar força a partir do
chão para o ombro, você sobrecarregara membros superiores para gerar energia
cinética e realizar movimentos.

O ombro é uma articulação mais complexa e frágil em relação a quantidade de


unidades motoras se comparado ao glúteo máximo. Mesmo assim ele terá de
gerar a energia potencial do glúteo.

Além disso temos a correlação com o grande dorsal, que não raramente
encontra-se encurtado, portanto fraco. O encurtamento gera mais dor lombar e
por perda de conectividade, dor em ombro também.

20
@KineticFunctional

Outras compensações

Para continuar a mecânica compensatória da inibição glútea, o grande músculo


opositor de forças é o musculo Psoas. O Psoas flexiona o quadril lordosando-o,
enquanto os glúteos o estendem retificando-o. O Psoas traciona a pelve
anteriormente enquanto os glúteos o tracionam posteriormente.

Se os glúteos estão inibidos, a parte inferior das costas torna-se mais instável e
o Psoas aumenta sua tensão. As compensações são feitas para estabilizar a
parte inferior das costas aumentando a lordose lombar de forma considerável
por causa da potência do músculo.

Além disso, enquanto os glúteos rodam o fêmur externamente, o Psoas por sua
linha de tração, roda o fêmur internamente. O movimento gera o valgismo
dinâmico, como consequência mais dores lombares e nos joelhos.

Os isquiotibiais assumem o trabalho principal dos glúteos para estender o


quadril. Essa compensação é muito comum em atletas. Encontramos nesse caso
uma tração dos joelhos para hiperextensão pelo seu excesso de tensão,
chamado comumente de falso varo do esportista.

Porém os isquiotibiais só realizam a extensão do quadril, não possuem nenhuma


função no plano latero-lateral. Os adutores ficam completamente desgovernados
realizando seu papel de adução, sem nenhum musculo em contraposição de
forças, reforçando o valgismo dinâmico.

Com os glúteos inibidos perderemos a tensão da fáscia em torno da força motriz


de quadril necessária para a propulsão para a frente. Essa tensão percorrerá
toda a fáscia toracolombar. Ela pode gerar dentre todas as compensações já
citadas um aumento da extensão cervical. Assim podemos encontrar um
aumento da tensão sobre os músculos da cintura escapular, dentre eles o
Trapézio em suas fibras Superiores.

Já que a fáscia toracolombar segue até a linha nucal, a tensão sobre esses
músculos citados estará aumentada. Cervicalgias e cefaleias cervogenicas
podem estar relacionadas à inibição do glúteo.

21
@KineticFunctional

Entendendo melhor a inibição glútea e a dor lombar

A dor lombar tem sido associada à inibição do glúteo máximo.

Quando comparamos pessoas com dor lombar a pessoas saudáveis


percebemos que o glúteo máximo se atrasa na ativação nas pessoas com dor.
A ativação do glúteo máximo durante a extensão do quadril está atrasada em
pessoas com história de dor lombar em comparação com pessoas sem dor
lombar. Em pessoas com dor lombar, a extensão do quadril é iniciada pelos
isquiotibiais e eretores espinhais em vez do glúteo máximo. Mesmo após o
episódio de dor lombar ter sido resolvido, os padrões de disparo alterado no
glúteo máximo permanecem.

Janda descreveu um padrão semelhante de ativação retardada do glúteo médio


durante a abdução do quadril em pacientes com dor lombar.

As pessoas que sofrem de lesões de entorse de tornozelo também têm


demonstrado ter reduzido níveis de ativação do glúteo máximo.

O glúteo máximo desempenha um papel importante na manutenção de uma


posição vertical na posição em bípede. Musculatura glútea fraca ou inibida, como
resultado de nosso estilo de vida sentado leva a uma diminuição da função
estabilizadora no glúteo máximo.

A inibição e a ativação retardada do glúteo máximo comprometem a estabilidade


pélvica. Isso pode resultar em compensação pela parte inferior da coluna lombar
e alterações em padrões de disparo muscular e função.

No caso de dor lombar, tornozelo e, provavelmente, todas as lesões do corpo


nos membros inferiores. A ativação fraca ou retardada do glúteo máximo pode
ser a causa inicial de muitas lesões e dor crônica.

Tratamento da inibição glútea


Existem dois fatores essenciais para solucionar todas as compensações e
comprometimentos acima citados:

• Efetuar a ativação dos glúteos;

• Melhorar a estabilidade do núcleo.

Ativar e fortalecer os glúteos precisa formar uma parte importante de sua rotina
de treino.

Antes, portanto, faz-se necessário a retirada da hiperexcitação do Psoas.


Podemos fazer isso através do seu relaxamento num alongamento ou na
liberação manual do Psoas.

22
@KineticFunctional

Essa manobra é muito fácil de fazer, basta medirmos o ponto médio entre a
Espinha Ilíaca Antero Superior e o umbigo. Depois penetramos a 90 graus com
nossos dedos paralelos a bainha do reto abdominal, exercendo uma pressão
para a maca até encontrarmos um ponto de tensão.

Estaremos no Psoas maior, a partir daí basta mantermos a pressão até seu
relaxamento. Após o relaxamento do Psoas ficará mais fácil ativarmos os
glúteos. A facilitação da ativação do glúteo máximo se dará pela ausência de
uma força opositora criada pelo Psoas, músculo potente e antagonista ao Glúteo
máximo

O objetivo dos exercícios devem ser:

• Fortalecer o núcleo;

• Ativar o glúteo;

• Anular a ação dos isquiotibiais quando possível.

Os melhores exercícios para ativarmos os glúteos sem a ação dos isquiotibiais


são os exercícios realizados em cadeia cinética aberta. Também podemos incluir
os exercícios realizados com o uso da Miniband para exacerbar a ação glútea.

Usando o exemplo da inibição glútea, é possível entender por que a dor surge
em um corpo que deixa de se mover. Os músculos glúteos possuem uma função
de suporte que permitem a bipedestação. Ou seja, eles nos ajudam a ficar em
pé enquanto realizamos outras tarefas.

Mas a vida moderna incentiva pouco movimento com muito tempo sentado ou
em repouso. Mesmo nos momentos de lazer as pessoas optam por ficarem
sentados em frente a uma televisão ou computador. Com o tempo, a falta de uso
do glúteo máximo gera perda de tônus muscular e força.

Além disso, o quadril perde sua função e passa a realizar compensações para
manter o movimento. Como resultado, vemos também uma alteração na posição
lombar que surge com o maior uso de musculaturas acessórias do quadril. É
uma série de compensações que leva a desvios posturais e mais tarde dor, tudo
causado pela falta de movimento.

O sedentarismo é parte importante das causas de desvios posturais. Também


encontramos outros motivos, como:

• Desempenho Muscular

• Alterações Anatômicas

• Mobilidade Articular

23
@KineticFunctional

• Fatores Ambientes e Emocionais

Algumas vezes também vemos diversos fatores se combinando para gerar o


desvio que mais tarde se torna uma patologia. Para compreender bem o
problema do corpo, você precisará trabalhar com uma boa avaliação postural
para identificar os principais motivos.

Como surge a Dor?


Entendemos como os desvios posturais aparecem, mas não significa que isso
necessariamente leva à dor. Lembra que boa parte das pessoas não busca
tratamento do desvio até surgir uma lesão ou dor aguda? Isso acontece porque
muitas vezes os resultados demoram a aparecer.

Precisamos lembrar nesse momento que o corpo está sempre em busca de


equilíbrio e conforto. A intenção é se movimentar gastando a menor quantidade
de energia, garantindo conforto às vísceras e protegendo estruturas vitais.

Nem sempre isso é possível, especialmente quando existe um desvio postural.


Quando a postura está comprometida, o corpo perde sua mobilidade e
estabilidade. Mas ainda existe necessidade de continuar se movendo. Assim,
surge algo que já conhecemos bem: desequilíbrios e compensações
musculares.

Voltarei ao exemplo da inibição glútea aqui. O glúteo está incapaz de realizar


suas ações corretamente. Só para lembrar: a inibição glútea não é um desvio
postural em si, mas causa desvios do quadril e da coluna lombar.

Para que os movimentos continuem, os isquiotibiais entram em ação. É a ação


desse extensor de quadril que faz com que os principais desvios posturais
apareçam e se mantenham.

A dor lombar em casos de um glúteo disfuncional surge por causa da


compressão de estruturas da coluna. Isso acontece pela perda de estabilidade
e sustentação da coluna, além de exagero da curvatura lombar.

Teremos nos casos de desvio postural tensões musculares que com frequência
causam pontos-gatilho, uma das fontes de dor. Também existem fraquezas que
levam ao desequilíbrio articular e compressão de outras estruturas.

Tudo é uma série de compensações que o corpo faz para conseguir voltar ao
estado de equilíbrio e continuar se movendo.

Tratamento de Desvios Posturais


Na verdade, não existe um protocolo padrão para tratamento de desvios
posturais que eu possa te oferecer. De nada adianta você querer pegar uma
24
@KineticFunctional

sequência de exercícios, aplicar em aula e esperar um resultado igual para todos


os alunos.

Já passou da hora de entender que cada corpo é único e que precisamos tratá-
los dessa maneira. Portanto, o tratamento ideal começa com uma avaliação
postural detalhada. Precisamos saber por que aquele desvio surgiu e quais
compensações ele gerou.

A escoliose é um bom exemplo. Você precisa analisar se existem fatores


externos que geraram o desvio da coluna.

Será que o aluno possui algum aparelho corretivo dentário causando tensões e
um esquema de forças alterado? Ou uma hérnia de disco que faz com que o
corpo se altere para evitar a dor? Tudo precisa ser considerado!

Depois de identificar as causas, chega a hora de corrigi-las. Vá aos poucos e


comece a dar mobilidade à coluna. Ela também precisa de estabilidade, mas
nada que comprometa seus movimentos.

É importante tomar cuidado com a tendência de só estabilizar e tirar os


movimentos da coluna vertebral.

Para isso você pode utilizar os inúmeros exercícios. Cada um deles possui sua
maneira única de flexibilizar, mobilizar e estabilizar a coluna vertebral. Só se
lembre de adaptá-los para cada tipo de coluna trabalhada.

25
@KineticFunctional

Captores Posturais

Você sabe o que são captores posturais?

Tão importante quanto corrigir um movimento é melhorar o input sensorial da via,


e os inputs vem de diversos captores posturais.

26
@KineticFunctional

Captor Podal

O pé é composto por 26 ossos e outros acessórios que nem sempre estão


presentes em todos os pés, sendo muitos deles causadores de problemas que
impedem a deambulação perfeita. Os ossos são classificados em ossos
compactos com alta resistência biomecânica e ossos esponjosos com estrutura
trabecular cuja função é absorver o impacto. Os ossos do pé são esponjosos
que confere relevância na absorção das ondas de choque provocadas pela
posição bípede. A medida que o indivíduo se desenvolve ocorre a ossificação do
esqueleto dos pés, tornando-se completo até aproximadamente aos 18 anos.

Assim o pé é uma estrutura que apresenta diversas funções:

Sustentação: os ossos suportam forças compressivas pela influência da força da


gravidade.

Plasticidade: possui capacidade de ajustar suas articulações de forma a se


adaptar com o solo.

Estabilidade: resistência estrutural ao caminhar, ao correr, etc.

Absorção: os arcos plantares amortecem os impactos.

27
@KineticFunctional

Propulsão: através do hálux, pela ação concêntrica do tibial posterior.

O calcâneo é o norteador do movimento do pé, pois durante a marcha, o contato


inicial do passo ocorre através dele. No caminhar, o retropé entra em supinação
através do eixo calcâneo (calcâneo, cubóide, 4º e 5 º metatarsos) e o antepé
termina em pronação para dar o impulso para o próximo passo através do eixo
talar (tálus, navicular, cuneiformes, 1º, 2º e 3º metatarsos).

Além das características biomecânicas do pé, o mesmo apresenta inúmeras


células sensoriais exteroceptivas localizadas na região plantar, como os
corpúsculos de Meissner e o disco de Merkel que influenciam e coordenam a
postura estática e dinâmica. Bem como sensores proprioceptivos oriundos dos
músculos e das articulações, através do fuso muscular e do órgão tendinoso de
golgi, respectivamete. Sendo o pé, o ponto de união entre o equilíbrio e o solo.
O pé pode ser classificado como: CAUSATIVO - quando a patologia do pé
provoca o desequilíbrio postural gerando uma cadeia lesional ascendente;
ADAPTATIVO - quando o pé tampona um desequilíbrio vindo do alto (geralmente
dos olhos ou dos dentes), sendo num primeiro momento reversível, depois se
fixa e retroalimenta a disfunção; MISTO - quando há um componente causativo
e um componente adaptativo; DUPLO COMPONENTE - quando toda a carga
que entra em supinação no contato inicial e projeta para o primeiro raio
associado ao colapso medial de arco longitudinal medial.

28
@KineticFunctional

Pontos Reflexos Plantares


A reflexologia podal consiste na utilização de um microssistema reflexo do corpo
encontrado a nível cutâneo na superfície plantar, dorsal, medial e lateral do pé.
A palpação dos pontos reflexos podais informa qualidade e equilíbrio da estrutura
que está sendo avaliada. Esses microssistemas podem ser encontrados nos
pés, nas mãos, nas orelas, na língua e na íris dos olhos.

29
@KineticFunctional

Relações
Retropé medial_________________________________Sacro
Retropé lateral_________________________________Quadril/Pelve
Médio pé_____________________________________Joelho/Cotovelo
Antepé _______________________________________Região torácica
Arco plantar___________________________________Região lombar
Hálux ________________________________________Região cervical/cabeça

Captor Ocular
Inúmeros trabalhos de neurociências provam o papel do olho como captor do
sistema postural, corroborando no deslocamento do centro gravitacional do
corpo. Um trabalho publicado por Lacour e Roll (1987) demonstrou que o
estímulo de vibração mecânica no músculo reto inferior do globo ocular dos dois
olhos provocava um deslocamento posterior do centro de gravidade e o estímulo
em reto superior tem um efeito inverso.

Sendo ao mesmo tempo um endocaptor e um exterocaptor postural, através da


atividade muscular extra-ocular e do reflexo óculo-céfalo-giro que submetem os

30
@KineticFunctional

músculos do pescoço e ombros aos dos olhos e através de bastonetes da visão


periférica, respectivamente.

A falha do funcionamento desse captor implicará na insuficiência de


convergência ocular. A insuficiência de convergência pode ter etiologia primária
ou secundária.

• Primária: traumatismo craniano, entorse cervical (lesão de chicote),


fenômenos de hiperpressão intracraniana, epilepsia, fratura de coluna. As
causas primárias normalmente deixam o olho não dominante
hipoconvergente.
• Secundária: assimetria postural, escoliose, reação dentária, distúrbio de
oclusão, hepatite, uso de antidepressivos tricíclicos e não tricíclicos. As
causas secundárias podem apresentar hipoconvergência tanto em olho
dominante quanto em não dominante.

Os sintomas comumente encontrados cefaleias, vertigem idiopática e


instabilidade, cinetose (náusea em transporte ou barco) e cervicalgias.

31
@KineticFunctional

32
@KineticFunctional

Captor Manducatório

Esse captor é constituído pela


relação complexa em língua,
ATM (articulação
temporomandibular),
musculatura orofacial e de
pescoço, mastigação e da
deglutição, arcada dentária
superior e inferior, sendo o
captor oclusal a união entre a
cadeia muscular anterior e a
cadeia muscular posterior. As
disfunções
craniomandibulares irão
influenciar diretamente na
oclusão dentária, patologias de
língua e deglutição.

Para se ter um bom


funcionamento desse captor é
importante a respiração ser
feita por via nasal. Na posição
de repouso, os dentes
superiores e inferiores não
devem se tocar. Os dentes
inferiores devem estar
circunscritos pelos dentes
superiores mantendo uma
oclusão normal, ter todos os
dentes na arcada superior e inferior, e a língua deve tocar a região anterior do
palato (céu da boca).

A posição da mandíbula condiciona a posição cervico-escapular. Portanto, na


oclusão classe II haverá um desvio anterior da cabeça e dos ombros, e na
oclusão classe III ocorrerá um desvio posterior da cabeça. A ausência de dentes
desencadeará uma má oclusão e disfunção lingual.

33
@KineticFunctional

34
@KineticFunctional

Captor Vestibular
Esse captor analisa a aceleração e a desaceleração do corpo no espaço/tempo.
O elemento básico do ouvido interno é a célula ciliada e seus constituintes
informativos, os quinocílios. Eles estão presentes no utrículo e sáculo e são
responsáveis pela medição da aceleração linear. Na ampola, localiza-se a
extremidade de cada canal semicircular, na qual os quinocílios detectarão o
deslocamento dos cristais de oxalato de cálcio, mensurando a aceleração
angular. O captor vestibular é um acelerômetro destinado a coordenar a posição
da cabeça e dos olhos durante o movimento. Essa comunicação ocorre através
do reflexo vestíbulo-ocular e reflexo vestíbulo-espinal, a fim de manter o controle
do equilíbrio na posição ortostática durante a locomoção.

35
@KineticFunctional

Trilhos Anatômicos

Os músculos e tendões são revestidos externamente por um envoltório de tecido


conjuntivo denominado fáscia. Para que se realize o movimento de forma
harmoniosa e precisa é fundamental o deslizamento da fáscia sobre o músculo
e vice-versa. Os músculos trabalham em sinergia um com o outro compondo um
circuito de músculos agonistas e antagonistas do movimento. Esse circuito
funciona como meridianos miofasciais que denominamos trilhos anatômicos.

Os trilhos anatômicos descrevem a continuidade da conexão entre duas


estruturas adjacentes e longitudinalmente alinhadas dentro de uma teia
estrutural, formando um sistema fascial. O sistema fascial transmite informações
mecânicas de tensão e compressão ao cérebro. Esse tipo de comunicação
acontece através da vibração mecânica resultante do jogo de tensão e
compressão, numa velocidade três vezes mais rápida que a condução do
sistema nervoso.

A rede circulatória fornece proteínas para rede fibrosa e mantém o turgor no


interior das bolsas do sistema de pressão dentro do corpo. A rede fibrosa guia o
fluxo de líquidos, afetando o tônus dos miofibroblastos através da química dos
líquidos, modificando a tensegridade do tecido fascial. A rede neural alimenta o
sistema fibroso através dos nervos motores alterando o tônus dos músculos. O
conjunto de mecanorreceptores fornece informações da rede fascial para o
sistema nervoso através dos receptores de Golgi, corpúsculos de Paccini,
terminações de Ruffini e terminações nervosas livres (são as mais abundantes).
Esses sensores detectam variações no alongamento, carga, pressão, vibração,
força tangencial (de cisalhamento), vasodilatação e dor. Sendo a rede fascial o
maior “órgão dos sentidos” do corpo. Essa rede fibrosa envolve os músculos,
tendões, ossos, órgãos, vísceras, vasos e nervos.

Foram descritos doze trilhos anatômicos:

36
@KineticFunctional

37
@KineticFunctional

MYERS, Thomas. Trilhos Anatômicos: meridianos miofasciais para terapeutas manuais e do


movimento. Rio de Janeiro: Elsevier,2010.

Compreendendo a Fáscia

A fáscia é uma parte do tecido conjuntivo do corpo que influencia, e muito, nos
resultados de tratamentos e treinamentos. Apesar de ser tão importante, as
pesquisas a seu respeito ainda estão em desenvolvimento e são um pouco
obscuras no meio profissional. Porém, é importante acompanhá-las e saber tudo
que é possível sobre o tecido fascial.

38
@KineticFunctional

Relação entre fáscia e colágeno

A fáscia é formada por


proteínas, em especial o
colágeno, e faz parte do
tecido conjuntivo do corpo
humano. Podemos
considerá-la como: “tecidos
conectivos fibrosos, moles,
colágenos, soltos e densos
que permeiam (ou seja, são
espalhados por todo o
corpo)”.
O colágeno, que forma boa parte dessa estrutura, é uma proteína produzida pelo
corpo desde o nosso nascimento. Ele também é uma das proteínas mais
importantes na manutenção do sistema conjuntivo, sendo responsável por
manter sua estrutura matricial e força. No entanto, essa substância não é
produzida pelo corpo até o fim da vida. Sua produção começa a diminuir mais ou
menos aos 28 anos de idade, começando a cair cerca de 1% ao ano após os 35
anos.
Quando alguém chega aos 50 anos já deve estar produzindo cerca de 35% do
colágeno que seu corpo precisaria para executar suas funções corporais. Nesse
momento, o corpo começa a utilizar o estoque de colágeno que foi produzido até
os 28 anos de idade, que não é o suficiente. É por isso que o processo de
envelhecimento envolve a perda de elasticidade e firmeza do tecido conjuntivo.
Essa proteína é tão importante para o corpo que constitui diversas estruturas
corporais que são afetadas conforme envelhecemos. Entre elas temos:
• Ossos;
• Unhas;
• Músculos;
• Cartilagens;

Cerca de 25% da proteína do corpo é colágeno, então não podemos ignorar seu
papel. Sua principal função é sustentar as células, fazendo com que elas fiquem
juntas e firmes. Isso também acontece no tecido da fáscia, fazendo com que
essa proteína seja essencial para o funcionamento do conjunto fascial.

39
@KineticFunctional

Funções da Fáscia

Autores relevantes já
definiram a fáscia de forma
bem ampla, deixando-a
mais simples de
compreender. O sistema
fascial envolve os
músculos, ossos e fibras
nervosas e realiza
diversas funções no corpo.
Isso inclui funções:
• Arquitetônicas/estruturais;
• Neurológicas;
• Transmissão de força biomecânica;
• Morfogênese;
• Transmissão de sinal celular.

Precisamos compreender o tecido conjuntivo e como ele realiza a ligação entre


diversas estruturas do sistema musculoesquelético. Quando um atleta sofre
lesões por overtraining, por exemplo, a lesão acontece nos elementos da rede
fascial do corpo. Os tecidos que devemos desenvolver no treinamento fascial
são:

Envelopes musculares;
Aponeuroses;
Adaptações locais específicas (ligamentos ou tendões).

No corpo, existem estruturas que são responsáveis por adaptar os tecidos


conjuntivos dos sistemas fascial aos estímulos. Eles são os fibroblastos. Por
isso, devemos adotar um treinamento orientado para a fáscia. Em atletas, esse
treinamento precisa ser ainda mais específico para evitar sobrecarga.

Nos treinamentos podemos adotar alguns recursos que ajudam a trabalhar a


fáscia, mas nunca em excesso. Recomenda-se que esse tipo de treinamento
aconteça entre uma e duas vezes por semana. Conseguimos melhorar o
condicionamento fascial em 6 a 24 meses, dependendo do caso específico do
aluno.

Muitas das lesões que encontramos na prática, envolvem tendões, ligamentos e


outras estruturas do tecido conjuntivo. Muitas vezes, somente o tratamento do
sistema musculoesquelético pode ser insuficiente. Mesmo que consigamos um
resultado, o aluno pode voltar a ter o mesmo tipo de lesão.

40
@KineticFunctional

Características da Fáscia

A fáscia é um tipo de rede de tensão que recobre todo o corpo. Ela é parte do
que conecta diversas estruturas corporais, transmitindo tensões entre todo o
sistema. Ela consiste de todos os tecidos conectivos.

A fáscia não é moldada por compressão, mas sim por tensões. Esse sistema
envolve todos os músculos e órgãos. Podemos considerar alguns elementos que
fazem parte da rede fascial, incluindo:
• Envelopes musculares;
• Cápsulas articulares;
• Septos;
• Tecidos conectivos intramusculares;
• Retináculos;
• Aponeuroses;
• Ligamentos;
• Tendões.

A rede fascial ao longo do corpo é formada por diversos tipos de tecidos


conjuntivos, assim como algumas áreas de transição. Essas áreas ficam
localizadas principalmente próximo a articulações. A rede recobre todo o corpo
e é responsável por transmitir deformações tensionais multi-articulares. Por isso,
cada região do corpo possui uma arquitetura local adaptada às demandas de
carga de deformação impostas.
As deformações impostas sobre o sistema fascial o moldam e podem influenciar
em lesões futuras.

Cadeias Musculares

O conceito de cadeias musculares é uma abordagem de um encadeamento de


músculos unidos, ponta a ponta, através de suas aponeuroses, e que unificam o
corpo da cabeça às mãos e, aos pés. Esse contexto de sinergia entre os
músculos, aponeuroses e articulações nasceu da síntese de constatações
clínicas de Godelieve Denys-Struyf, corroborando para criação do método GDS.

41
@KineticFunctional

Vamos pensar em cadeia para responder esta pergunta: será que os


isquiotibiais entram em insuficiência passiva durante a execução de um
stiff?

Para esta resposta é necessário entender que no corpo humano nada acontece
de forma isolada, nem mesmo uma flexão de cotovelo é isolada, pode ser do
ponto de vista articular, mas neuromuscular, jamais! Deste raciocínio surge o
conceito de cadeias musculares e suas várias abordagens de acordo com seus
cadeistas.

Françoise Mézières, conceituou Cadeias Musculares em 1947 como:

“É um conjunto de músculos de mesma direção e sentido que trabalham como


um só músculo. São geralmente poliarticulares e se recobrem como as telhas de
um telhado.”

As Cadeias Musculares apresentam também aspectos psico-comportamentais,


segundo Godelieve Denis Struyf, ela afirmava que:

“O indivíduo se estrutura sobre sua história de vida. As cadeias musculares irão


moldar o indivíduo de acordo com suas necessidades de expressão corporal. “

Phillippe Souchard – Após estudos biomecânicos e histológicos, chegou a


definição de cadeias musculares:

“Grupos musculares com as mesmas características histológicas e fisiológicas,


interligadas por uma rede aponeurótica.”

Os músculos agem de forma individual, mas eles também atuam mediante


conexões por todo corpo no interior de faixas de fáscias integradas
funcionalmente, esta é a definição de Thomas Meyers.

Tendo por base estas definições, chegamos à Linha Superficial Posterior (LSP):
flexores curtos dos artelhos e aponeurose plantar, tríceps sural, isquiotibiais,
ligamento sacrotuberoso, fáscia sacrolombar, eretor da espinha, fáscia
epicraniana. Se pegarmos a definição de cadeias, citada por Françoise
Mézières, conseguiremos visualizar a mesma analogia, uma estrutura que
recobre desde a planta de nossos pés até o topo da cabeça, como as telhas de
um telhado.

Em um estudo de Franklyn-Miller (2009) demonstraram – usando


microcalibradores de esforço – que o grau de força usado em uma contração
excêntrica, como no stiff por exemplo, dos isquiotibiais resulta em uma variedade
de transferências de cargas inesperadas:

•240% do esforço imposto é transferido para o trato iliotibial (IT).

•145% da carga dos isquiotibiais é transferida para a fáscia lombar ipsilateral via
ligamento sacrotuberoso.

42
@KineticFunctional

•103%, para o compartimento crural lateral.

•45%, para a fáscia lombar contralateral.

•26%, para a fáscia plantar.

E chegaram à seguinte conclusão: A transmissão de tensão via continuidades


fasciais durante o “alongamento” (contração excêntrica) pode, portanto, afetar
muitos tecidos, exceto o músculo ao qual a carga está sendo aplicada.

Em outro estudo, Weisman et al. (2014), que tinha o objetivo de mapear a


associação de ativações musculares ao longo da linha superficial posterior (LSP)
usando condições separadas de amplitude ativa de movimento com e sem
resistência e amplitude passiva de movimento através de eletromiografia,
obtiveram os seguintes achados:

•Durante a contração isométrica máxima do gastrocnêmio direito, houve fortes


sinais de ativação registrados nos eletrodos colocados sobre: os isquiotibiais
direitos, a espinha ilíaca póstero-superior (EIPS), o 12º segmento torácico
esquerdo e direito (T12) e o trapézio superior direito.

•Durante a extensão cervical isométrica máxima (em prono), houve fortes sinais
de ativação registrados nos eletrodos colocados sobre o trapézio superior, T6,
T12, EIPS, com ativação moderada, mas significativa, nos isquiotibiais.

Portanto, percebe-se que, se uma parte da cadeia é acionada, toda a cadeia se


ajusta para manter o mínimo de integridade da mesma.

Do ponto de vista mecânico, durante a fase excêntrica do stiff, há um braço de


momento de resistência (B.M.R.) enorme sendo gerado na coluna vertebral,
impossível de ser sustentado somente pelos eretores da espinha, portanto toda
a cadeia necessita manter a tensão. Se os isquiotibiais entrassem em
insuficiência passiva, a tensão na cadeia se perderia e o indivíduo cairia de “fuça”
no chão.

As cadeias musculares não se limitam ao sistema locomotor, mas abrangem a


unidade da estrutura humana e tudo aquilo que a anima. Essas cadeias formam
conjuntos psiconeuromusculares ao sabor da expressão corporal postural e
gestual, construindo a postura do indivíduo diante da vida.

Tudo está conectado. Se os tornozelos ignoram os joelhos, se os quadris não


protegem as vértebras lombares e solicitam excessivamente as articulações
sacro-ilíacas, se a primeira vértebra cervical não funciona harmoniosamente com
a cintura pélvica, se a mão direta não se coordena facilmente com o pé esquerdo,
o corpo está efetivamente com dificuldade de comunicação. Isso gera bloqueios,
desvios posturais num primeiro momento flexíveis e posteriormente rígidos. Essa
falha de comunicação promove sofrimento de determinada cadeia muscular e
articular tracionando as aponeuroses, alimentando um quadro de disfunção
paulatinamente gravados nos tecidos.

43
@KineticFunctional

O corpo se expressa com a ajuda de nossos músculos, pela postura, pelo gesto
e pela mímica. Mesmo se a expressão for inibida, o sistema neuromuscular é
ativado da cabeça às mãos e aos pés. Pensamentos e emoções acionam grupos
musculares. Com base nessa leitura global do corpo e da postura foram
classificadas seis formas de equilíbrio natural em pé, bem como seis bases de
expressão corporal e comportamental que acionam seis cadeias musculares em
relação as seis direções do espaço (para frente, para trás, para direita, para
esquerda, para cima e para baixo).

PM – Cadeia Póstero-Medial
É composta por músculos paravertebrais lombar, dorsal e cervical (excluindo os
músculos profundos que fazem parte da cadeia PA/AP), aponeurose lombar,
ligamentos sacroisquiáticos, glúteo máximo, semitendíneo, semimembranáceo,
sóleo, flexores dos dedos do pé, músculos do arco plantar e aponeurose plantar.
Em membros superiores, compreende o latíssimo do dorso, trapézio parte
ascendente, tríceps, flexores dos dedos, pronadores redondo e quadrado. Essa
atitude física e emocional expressa pensamento e ação voltados para o futuro,
podendo ser encontrado em pessoas orientadas para o sucesso, a superação e
competição, tende a se projetar anterior colocando mais pressão em antepé.

AM – Cadeia Ântero-Medial
É composta pelos músculos do períneo, reto abdominal, peitoral maior, escaleno
anterior, esternocleidomastóideo, adutores do quadril, parte medial do
gastrocnêmio, adutor do hálux. Em membros superiores, compreende deltóide
parte clavicular, bíceps, supinador, abdutor curto e longo do polegar. Confere ao
indivíduo uma atitude mais enraizada e estática. O corpo se projeta para trás,
parecendo recuar ou se encostar em uma parede. Constrói um futuro com
passos medidos voltados ao passado com fundamento e estabilidade.

PA – Cadeia Póstero-Anterior
Essa cadeia compreende músculos profundos da coluna vertebral, diafragma,
transverso do abdômen, músculos inspiratórios, psoas, quadríceps, extensores
dos dedos dos pés. Nos membros superiores encontram-se peitoral menor,
coracobraquial, tríceps e extensores dos dedos. Tendência ao crescimento axial
e extensão, postura ereta. Evoca atitude voluntária, preocupada em fazer bem
feito, do lado certo, do lado justo.

AP – Cadeia Ântero-Posterior
Essa cadeia compreende músculos profundos da coluna vertebral como:
diafragma, transverso do abdômen, músculos expiratórios, psoas, quadríceps e
extensores dos dedos dos pés. Nos membros superiores encontram-se peitoral
menor, coracobraquial, tríceps e extensores dos dedos. Tendência de impulso
para baixo, atitudes hipostênicas, orientando através de escalenos e psoas as
“quebras” da retidão de PA, postura relaxada. A hiperextensão ligamentar é

44
@KineticFunctional

característica comum a postura AP. Confere expressão corporal obedecendo


aos truques da lei do mínimo de esforço, da qual tira o máximo de vantagens
com jogo de cintura. Indolente, mas vigilante.

PL – Cadeia Póstero-Lateral
A cadeia é composta de músculos posterior do tronco, partindo dos rombóides,
levantador da escápula, trapézio partes descendente e transversa, oblíquos do
abdômen, glúteo médio, vasto lateral, bíceps femural, fibulares, gastrocnêmio
lateral, abdutor do hálux. Já em membros superiores evidenciam-se
supraespinal, deltóide parte acromial, tríceps, extensor ulnar do carpo, abdutor
do 5º dedo. Expressa dinamismo inspiratório, necessidade de abertura, de
contato, de trocas e de expansão. Característica extrovertida, favorecem
atividades exploratória, de curiosidade, de deslocamento, de viagens.

AL – Cadeia Ântero Lateral


Essa cadeia compreende os músculos anteriores do tronco, glúteo mínimo,
tensor da fáscia lata e aponeurose, tibial anterior e posterior, interósseos e
lumbricais plantares. Nos membros superiores é composta por:
esternocleidomastóideo, peitoral maior, deltóide parte clavicular, redondo maior,
latíssimo do dorso, subescapular, bíceps, músculos radiais e palmares.
Tendência ao fechamento e introspecção. Necessidade de discrição, de reserva,
gosto pela solidão e isolamento. Seletivo, favorece a especialização e
aprofundamento das tarefas que empreende para melhor concentrar e focalizar
sua atenção.

45
@KineticFunctional

As cadeias Musculares de Léopold Busquet:


Cadeias Musculares do Tronco

1- Cadeia de
Flexão: são
divididas em duas,
direita e esquerda.
É formada pelos
Intercostais
médios, reto
abdominal e
músculos do
períneo. Sua
ligação com a
cintura escapular é
dada pelos
seguintes
músculos:
transverso do tórax,
peitoral menor e
trapézio inferior. Já
sua ligação com o
membro superior é
dada pelo Peitoral maior e rombóide maior. É a cadeia responsável pelo
enrolamento do tronco.

2- Cadeia de
Extensão:
também divididas
em direita e
esquerda.

É constituída no
plano profundo
pelo: transverso
espinhoso,
supracostal,
espinhais, grande
dorsal, iliocostal e
quadrado lombar.
No plano médio,
pelo Serrátil
posterior superior e
inferior. Sua ligação
com a cintura
escapular se faz através do trapézio Inferior, e como membro superior através
do redondo maior. Essa cadeia muscular e responsável pela extensão do tronco.

46
@KineticFunctional

Essas duas cadeias retas do tronco são responsáveis pela flexão e extensão do
tronco. A cadeia de flexão executa o movimento e a cadeia de extensão o
equilibra modulando os movimentos da cadeia de flexão em excentricidade.

As duas cadeias se ligam através do sacro. Caso a cadeia de flexão esteja


encurtada ou tensionada, a postura adotada pelo individuo será a de
enrolamento. Ao contrário, se a cadeia de extensão estiver sob tensão
favorecerá a uma postura em extensão. Caso as duas estejam comprometidas
ocorrerá um aumento nas curvaturas lombares e cervicais, pelo achatamento
gerado por essas duas cadeias.

À ação da cadeia de flexão direita e da cadeia muscular de extensão direita em


conjunto, geram a inclinação do tronco a direita. Já as duas cadeias de extensão
esquerda em conjunto, geram a inclinação do tronco a esquerda.

3- Cadeia
Estática
Posterior:
é única e
segundo
Busquet, nosso
equilíbrio
estático é
baseado em
um
desequilíbrio
anterior, basta
observar que a
linha
gravitacional
passa a frente
dos maléolos e
da cabeça,
logo fica fácil
chegarmos a
conclusão do
porquê dos músculos posteriores estarem sempre em tensão, com esse excesso
de trabalho. Partindo dessa observação, Busquet foi buscar na anatomia a
resposta para esse desperdício de energia corporal, desobedecendo assim, as
leis do conforto e economia. Percebeu então a genialidade da engenharia
corporal se deparou e se atentou de que os músculos posteriores são músculos
formados de muita aponeurose fascial, criando assim a Cadeia Estática
Posterior. Entendendo que esse desequilíbrio anterior é suportado pelas
potentes fáscias posteriores, junto com as aponeuroses dorsal e lombar, sem
desrespeitar a lei da economia corporal.

47
@KineticFunctional

Para Leopold Busquet, uma estática equilibrada depende de quatro fatores: o


esqueleto, as fáscias (sobretudo a cadeia fascial posterior), a pressão
intratorácica e a pressão intra-abdominal.

Busquet coloca os músculos em segundo plano, os quais citamos anteriormente,


que são trabalhadores sob o comando de outras estruturas. Como por exemplo,
as pressões internas (PIA).

As Cadeias Musculares Cruzadas estão ligadas a dinâmica do tronco nos três


planos: torção, flexão e rotação.

1- As Cadeias Cruzadas
Anteriores. São compostas pelos
músculos oblíquo menor esquerdo, intercostais
internos esquerdos, oblíquo maior direito,
intercostais esternos direitos, serrátil anterior
direito, romboide direito, peitoral maior direito,
redondo maior direito.

Existem duas cadeias cruzadas anteriores: a


direita que liga a hemipelve direita ao tórax
esquerdo e a cadeia cruzada anterior esquerda
ligando a hemipelve esquerda ao tórax direito.

A cadeia cruzada anterior direita leva o ombro


esquerdo e a hemipelve direita em
aproximação. Já a cadeia cruzada anterior
esquerda leva o ombro direito e a hemipelve
esquerda em aproximação.

48
@KineticFunctional

5- Cadeias Cruzadas
Posteriores: Formam-se pelos seguintes
músculos: quadrado lombar esquerdo, fibras
iliolombares esquerda, feixe iliolombar
esquerdo, massa comum, quadrado lombar
direito, fibras costolombares direita, serrátil
póstero-inferior direito, intercostais
correspondentes.

Sua ligação com a cintura escapular se faz


através do trapézio inferior direito à escápula,
peitoral menor direito à escápula, transverso
do tórax direito ao esterno, grande dorsal e
peitoral maior ao úmero.

Também são duas as cadeias cruzadas


posteriores: a direita, ligando a hemipelve
direita posteriormente ao tórax esquerdo e a
esquerda que liga a hemipelve esquerda ao
tórax direito. São responsáveis por levar a
hemipelve e o ombro ao encontro
posteriormente.

O ponto de torção se dá na altura do umbigo das cadeias cruzadas anteriores e


em L3 se tratando das cadeias cruzadas posteriores.

As Cadeias Cruzadas Posteriores possuem continuidade com as cadeias


cruzadas anteriores e vice-versa. Ou seja, a cadeia cruzada anterior esquerda
tem continuidade com a cadeia cruzada posterior esquerda. A ação conjunta
dessas duas cadeias gera a translação do tronco a esquerda. O hemicorpo
direito também respeita essa continuidade, sendo que a cadeia cruzada anterior
direita segue até a cadeia cruzada posterior direita. Em sua ação conjunta, as
duas cadeias produzem a translação do tronco a direita.

Já a cadeia cruzada anterior direita e a cadeia cruzada posterior esquerda, em


conjunto, geram a rotação do tronco a direita e a cadeia cruzada anterior
esquerda a cadeia cruzada posterior direita juntas realizam a rotação do tronco
a esquerda.

As Cadeias Musculares Cruzadas de Flexão do Tronco são também chamadas


de cadeias de fechamento e as cadeias Cruzadas de extensão do tronco são
também reconhecidas como cadeias de abertura.

49
@KineticFunctional

Cadeias Musculares do Pescoço


As cadeias musculares de Léopold Busquet seguem pelo tronco em seu caminho
de forca e seguem como cadeia de flexão do tronco se inserindo na cavidade
bucal, já a de extensão segue seu trajeto se inserindo na cavidade orbicular.

As Cadeias Musculares Cruzadas Flexoras do Tronco cruzam na unidade


pescoço e a cadeia cruzada flexora direita na unidade tronco torna-se a cadeia
cruzada de extensão esquerda na unidade pescoço. À cadeia cruzada de flexão
esquerda na unidade tronco cruza na altura da unidade pescoço e torna-se a
cadeia cruzada de extensão direita, a cadeia de extensão cruzada extensora
direita na unidade tronco torna-se a cadeia de flexão cruzada esquerda na
unidade pescoço e a cadeia cruzada de extensão esquerda na unidade tronco
também cruzar-se-á tornando-se a cadeia de flexão cruzada a direita na unidade
pescoço.

O ponto de referência para direita e esquerda também muda e passa a ser o


ombro.

Logo as Cadeias de Flexão direita e esquerda juntas são responsáveis pela


flexão do pescoço, as cadeias direita e esquerda de extensão do pescoço são
responsáveis pela extensão do pescoço. As cadeias de flexão e extensão a
direita são responsáveis pela inclinação do pescoço a direita, e em contrapartida
as cadeias de flexão e extensão a esquerda são as responsáveis pela inclinação
do pescoço a esquerda.

A cadeia de flexão cruzada direita e a cadeia cruzada de extensão a direita são


responsáveis pela translação do pescoço a direita, as mesmas cadeias cruzadas
a esquerda são responsáveis pela translação do pescoço a esquerda.

Já a cadeia cruzada de flexão a direita e a cadeia cruzada de extensão esquerda


são responsáveis pela rotação do pescoço a direita e a cadeia cruzada de flexão
esquerda e a cadeia cruzada de extensão a direita realizam o movimento de
rotação do pescoço a esquerda.

Cadeias Musculares da Pelve


Na região inferior ao tronco encontramos a Pelve que é formada por dois ilíacos
e o sacro. A mobilidade desses ossos é muito discreta, mas é importante
deixarmos muito claro que elas existem. O que confere a pelve uma
característica de estabilização. Como também é na Pelve que a força do solo e
a força gravitacional

se encontram.

A Pelve se articula com a coluna lombar formando a articulação lombosacral. Os


dois ilíacos se encontram anteriormente formando a sínfise púbica e
posteriormente com o sacro formando a articulação sacroilíaca.

50
@KineticFunctional

Teoricamente, a Pelve deveria ser bastante estável devido sua importância de


sustentação do eixo cranial e da coluna vertebral inteira, que são estruturas
nobres do nosso corpo, por onde transitam nosso controle nervoso. Porém a
Pelve pode desestruturar toda nossa estática se realizar alguns pequenos
movimentos entre seus ossos que são:

1- Fechamento dos
ilíacos: o fechamento dos ilíacos
se dá quando há um aumento de
tensão nos músculos: transverso do
abdômen que tracionará a asa ilíaca
em direção a linha média, e os
adutores que fortalecem esse
sistema de fechamento, tracionando
as asas ilíacas inferiormente
lateralmente. A sínfise púbica não
pode se romper de maneira alguma,
logo o sacro seguirá a asa ilíaca que
se fechou, causando no paciente o
seguinte quadro: a espinha ilíaca
antero superior, crista ilíaca e espinha ilíaca póstero inferior estarão mais
baixas (chamamos de três pontos baixos) do lado de fechamento e o
sacro para que o sistema não se rompa acompanhará o ilíaco que fechou,
inclinando-se. A cadeia de fechamento dos ilíacos acompanha a linha de
força da Cadeia Muscular de Fechamento ou Cruzadas anteriores do
tronco.
2- Abertura dos
ilíacos: os músculos
responsáveis pela abertura dos
ilíacos são os glúteos que
tracionarão a asa ilíaca no seu
ápice para fora, e os músculos do
assoalho pélvico que por sua vez
tracionarão a parte inferior da asa
ilíaca para dentro aproximando os
ísquios. Observaremos o paciente
da seguinte maneira com os três
pontos anatômicos altos (EIAS,
Crista ilíaca, EIPI) do lado da
abertura, o sacro acompanhará o ilíaco que se abriu, portanto ele se
inclinará para o lado da abertura. A Cadeia de Abertura na unidade
Pélvica, acompanha o circuito de forca das Cadeias Musculares de
abertura ou Cruzadas Posteriores do Tronco.

3- Anterioridade: se dá pelo tensionamento do quadrado lombar que


tracionará a asa ilíaca em sua parte posterior para o alto e o reto femoral, que
por sua vez tracionará a parte anterior do ilíaco para baixo. Encontraremos
no paciente EIAS e crista ilíaca mais baixas do lado ilíaco em anterioridade e

51
@KineticFunctional

EIPS mais alta do mesmo lado, encontraremos ainda o sacro mais alto e
lordótico. A Cadeia Muscular da unidade pelve segue a linha de forca da
Cadeia de Extensão do Tronco.

4- Posterioridade: a posterioridade é provocada pelos músculos reto


abdominal e isquiotibiais, que juntos tracionarão a asa ilíaca para cima em
sua parte anterior e para baixo em sua face posterior. No paciente veremos:
EIAS mais alta, crista ilíaca mais alta e EIPI mais baixa, além da lombar
retificada e mais baixa do lado da posterioridade. Esse tipo de desvio da asa
ilíaca impossibilita e incapacita demais o paciente, pois vai totalmente contra
a lógica corporal, pois nas três distorções anteriores, vão a favor da lógica
corporal em algumas situações. E a Cadeia Muscular da unidade pelve segue
a Cadeia De Flexão do Tronco.

A abertura e o fechamento das asas ilíacas, além da anterioridade é


absolutamente funcional quando no fechamento do momento do parto, e
abertura após o parto, a pelve aos poucos vai retornando ao abrir as asas
ilíacas.

52
@KineticFunctional

53
@KineticFunctional

54
@KineticFunctional

55
@KineticFunctional

Relação Craniossacral
O sistema craniossacral se estende desde o crânio, face e boca, inferiormente
até o sacro e cóccix. É constituído por um compartimento formado pela
membrana dura-máter, dentro do qual está contido o líquido cefalorraquidiano,
por um sistema hidráulico semi-fechado que regula o fluxo do líquido, pelos
ossos, aos quais as membranas estão inseridas, e pelas articulações e suturas
que interligam estes ossos.

Devido ao seu conteúdo – o cérebro, a medula espinhal e todas as estruturas


relacionadas – restrições ou desequilíbrios no sistema craniossacral podem
afetar diretamente quaisquer, ou até mesmo todos, aspectos do desempenho do
sistema nervoso central.

O líquido cérebro-espinhal banha o cérebro, medula espinal e as células que os


compõem. Ele é bombeado ritmicamente a uma frequência de 6 a 12 ciclos por
minuto, denominado movimento respiratório primário. Para acomodar estas
alterações de pressão, os ossos do crânio e sacro precisam permanecer móveis
durante toda a vida. Portanto, quando a mobilidade natural da dura-máter, ou
qualquer dos ossos anexos a ela é comprometida, a função do sistema
craniossacral – e do sistema nervoso central por ele envolvido – também pode
ser comprometida.

As suturas cranianas, a foice do cérebro, os ventrículos cerebrais, a medula e o


complexo sacrococcígeo estão conectados e integrados por um tecido fascial
denominado dura-mater. A dura-máter é a meninge mais externa que reveste o
tecido nervoso e está aderida aos ossos do crânio, da coluna vertebral e do
sacro. Através da dura-máter é possível que se transmitam forças que gerem
bloqueios, quer a nível cranial ou a nível sacral.

A biomecânica do sistema craniossacral se dá pela mobilidade contínua e


sincronizada do osso esfenóide e do osso occiptal do crânio que compõe a
sínfise esfeno-basilar, que se relacionam com sacro durante a respiração através
da interconexão meníngea. Quando inspiramos, ocorre uma flexão da sínfese
esfeno-basilar, rotação externa do osso temporal associada à contranutação
sacral e produção do líquido cefaloraquidiano. Quando expiramos, ocorre uma
extensão da sínfese esfeno-basilar, rotação interna do osso temporal
acompanhada de uma nutação sacral e reabsorção do líquor. Logo, uma rotação
e báscula de quadril irá levar a uma mordida cruzada e má oclusão, devido a
relação craniossacral.

Percebe-se então, que a respiração tem forte influência na movimentação do


líquor, auxiliando assim nas relações craniossaral e respiração/relaxamento

A respiração é importante para o movimento, promovendo o equilíbrio tônico das


cadeias musculares e a mobilidade visceral. Além disso, influencia no sistema
nervoso autônomo, regulando a ação simpática e parassimpática. Bem como
guia a frequência do fluxo do líquor pelo sistema nervoso central, dando origem
ao movimento respiratório primário (mrp).

56
@KineticFunctional

A relação entre a respiração e o movimento respiratório primário no crânio é


direta. O que se diferencia é a frequência. Pois, a frequência respiratória normal
é de 12 a 20 incursões respiratórias por minuto, em repouso, para um adulto. O
movimento respiratório primário normal é 6 a 12 ciclos por minuto. Cada ciclo
envolve o movimento de flexão e extensão do crânio que dura em média 3
segundos cada fase.

O movimento respiratório primário é fundamental para a funcionalidade do


sistema nervoso central, principalmente quando se fala em produção de
neurotransmissores. Quando o movimento respiratório primário está abaixo de 6
ciclos é muito comum encontrar casos de depressão. Já, acima de 12 ciclos,
possibilita aparecimento de casos de ansiedade, hiperatividade e déficit de
atenção. A harmonização do sistema craniossacral e da respiração considera-
se relevante para o equilíbrio biopsicossomático.

57
@KineticFunctional

Quais são os Padrões Posturais?


Na posição bípede, o corpo humano sofre constantemente a ação da força da
gravidade. Assim, a atividade gravitacional irá influenciar na função morfológica,
anatômica e funcional da estrutura corporal. Como sabemos da conectividade
existente entre o crânio e os pés, ocorre um encadeamento biomecânico postural
em resposta antigravitacional para mantermos o equilíbrio no desequilíbrio,
através da orientação dada pelos captores posturais.

58
@KineticFunctional

59
@KineticFunctional

Bloqueios Posturais
Perna mais curta
As pernas mais curtas existem, mas não se deve
acreditar em sua existência toda vez que a pelve
bascular. Pensando assim precisamos identificar
se a perna curta é verdadeira ou falsa.

A perna curta falsa está relacionada com uma


pisada valga ou vara assimétrica. Essa assimetria
provoca uma anteversão do ilíaco de um lado do
corpo, alongando a perna, e retroversão do ilíaco
contralateral, encurtando a perna pela tensão dos
músculos piriforme e quadrado lombar,
respectivamente. Sua correção se dará por
técnicas manipulativas.

Já a verdadeira perna mais curta vai estar


associada a um crescimento assimétrico dos
membros inferiores que estão ligados ao
desequilíbrio postural e a lei de Delpech. Essa lei afirma que durante o
crescimento toda a pressão aumentada sobre um membro inibe o crescimento
nesse membro; o inverso também é verdadeiro, toda diminuição de pressão
estimula o crescimento. Achados clínicos são: hipoconvergência ocular
contralateral a perna mais curta; báscula pélvica é frequentemente homolateral
e persiste após a reprogramação; báscula pélvica mais importante que a
escapular; desalinhamento das fossetas de Michaelis; no teste da perna mais
curta, a espinha ilíaca póstero-superior estará mais baixa ipsilateral a perna mais
curta e pisada desarmônica.

A verdadeira perna mais curta poderá ser adquirida. Sua etiologia pode ser
genética, traumática ou cirúrgica. A perna mais curta genética aparece durante
o desenvolvimento motor e de crescimento de forma automática de acordo com
a hereditariedade. Já a traumática surgirá devido a fratura óssea. Sempre que
há fratura, os macrófagos reabsorvem os fragmentos ósseos e preparam a área
para que os osteoblastos consolidem a fratura, gerando encurtamento ósseo.
Quando se realiza prótese de joelho e de quadril pode ocorrer, como
consequência, uma discrepância de membros, normalmente o lado protetizado
tende a ser mais longo.

Quando se descobre a verdadeira perna mais curta na infância é fundamental


reprogramar o sistema tônico postural e corrigir a perna mais curta através de
palmilhas posturais. O equilíbrio permanente induzido pelas palmilhas
provocarão a diminuição da pressão do membro curto e desta forma estimulará
o crescimento. Assim, a discrepância será automaticamente corrigida no
momento dos estirões de crescimento. Já se a perna mais curta foi encontrada
na fase adulta, será necessária a correção da totalidade do encurtamento e pelo
resto da vida. Uma perna mais curta não corrigida durante a reprogramação

60
@KineticFunctional

retroalimenta a desarmonia podal, a rotação e báscula pélvica e escapular e


dores lombares.

Cicatrizes Patológicas
A pele e seus anexos surgiram a
partir da ectoderma no
desenvolvimento embrionário,
juntamente com o sistema nervoso.
Sendo assim, a pele é um elemento
fundamental de exterocepção e é
igualmente o suporte dos
meridianos e dos pontos de
acupuntura. Logo, a perda da
continuidade do circuito sensorial
da pele por uma cicatriz patológica
provoca efeitos que podem
desregular o organismo de diferentes formas:

• Alterações posturais: toda a cicatriz hipertrófica, retraída ou queloidal


poderá estirar os exteroceptores cutâneos que irão transmitir, através de
vias polissinápticas do arco gama, aos motoneurônios informações que
aumentaram o tônus muscular do músculo correspondente. Uma cicatriz
mediana anterior provoca um desvio anterior do centro de gravidade.
• Alterações bioenergéticas: a secção de um meridiano de acupuntura
influencia na qualidade do fluxo energético. A disfunção energética será
diretamente proporcional ao grau de hipertrofia da cicatriz. Diferentes
tipos de patologia podem ocorrer dependendo do sentido da circulação de
energia do meridiano. As ascendentes, energia Yn, são do tipo “plenitude”
por acumulação de energia. As descendentes, energia Yang, são ao
contrário, do tipo “vazio”. Essas cicatrizes podem ser hiperestésicas ou
hipoestésicas. E em alguns casos, regiões próximas a cicatriz apresentam
zonas hipoestésicas ou totalmente insensíveis.
• Alteração metabólica: toque suaves na cicatriz patológica provoca uma
queda estacionária do pulso radial devido a secreção de adrenalina, que
fará um brusco fechamento dos shunts arteriovenosos. Se ao tocar a
cicatriz suavemente com uma compressa percebe-se que os batimentos
do pulso radial enfraquecerem, ou desaparecerem, estaremos diante de
uma cicatriz patológica.

A cicatriz patológica dificulta a reprogramação postural. Por isso, torna-se


indispensável tratar a cicatriz para devolver a flexibilidade ao tecido,
minimizando sua capacidade de manutenção de um distúrbio estático.

61
@KineticFunctional

Reprogramando o Movimento

O organismo humano gosta de diferentes estímulos.


Com base nisso, entendemos a necessidade de
associação de inúmeras técnicas para dificultar a
acomodação e incentivar a evolução constante. Isto
porquê precisamos que ocorra modificação a nível
cortical e subcortical relacionado a aprendizagem,
execução e automatização do padrão postural a fim de
promover a reprogramação do movimento.

A reprogramação do movimento se dá por um somatório de técnicas que


possibilitam a criação de uma nova memória muscular, buscando levar o corpo
humano para o equilíbrio e alinhamento.

Dentre as ferramentas terapêuticas, a liberação miofascial será a forma de


desestruturar os bloqueios articulares, as zonas de densificações fasciais e
pontos gatilhos. Permite que o movimento esteja livre para ser desenvolvido um
novo engrama motor, a nível cortical e, posteriormente, subcortical. Mas também
podem ser utilizadas técnicas concomitantes, como osteopatia, terapia
craniossacral, quiropraxia, terapia fascial e posturoterapia neurossensorial.

Para mantermos o movimento livre e o corpo em alinhamento, a palmilha


postural é fundamental para sustentar este novo engrama postural e favorecer a
aprendizagem e memorização do movimento correto. A palmilha postural deve
ser adaptada de acordo com a situação de uso. O uso no dia a dia requer uma
palmilha com maior estímulo proprioceptivo, pois as atividades são de baixa
intensidade. Já em modalidades esportivas, a palmilha será diferente da palmilha
casual, pois a atividade será de alta intensidade e impacto. A palmilha postural
será necessária sempre que existir báscula pélvica e escapular.

Os exercícios físicos que trabalham força e flexibilidade são indispensáveis para


acelerar o processo de reprogramação postural. Esses exercícios devem
evidenciar a globalidade do sistema e auxiliar nas correções de movimento do
padrão postural. Podendo-se trabalhar ao mesmo tempo força e flexibilidade,
estaremos usando os princípios da facilitação neuromuscular proprioceptiva que
auxiliam em ativar e sincronizar os sensores que modulam a ativação muscular.
Além disso, levar em consideração idade, alterações estruturais (hérnia de disco,
artroses) e as funções são primordiais para trabalhar a necessidade de cada
indivíduo a ter mais êxito nos resultados.

Algumas possibilidades de exercícios são: método pilates, exercícios funcionais,


isostreching, yoga, calistenia, musculação. Isso não quer dizer que exercícios
esportivos não sejam bem-vindos. Pode-se associar exercícios terapêuticos e
treino esportivo. Podendo ou não usar a palmilha postural no treino, visto que a
palmilha deve ser confeccionada de acordo com a ocasião que será utilizada.
62
@KineticFunctional

O corpo humano gosta de estímulos diferentes. Quanto mais técnicas forem


associadas com objetivo comum, melhores serão os resultados e menor a
tendência de acomodação do corpo. Assim o corpo humano continuará sempre
evoluindo.

Se você chegou até aqui, parabéns!

Este material não tem a intenção de encerrar a discussão sobre o tema,


mas trata-se de uma visão sobre como o local interfere no global e se
retroalimenta. E para que possamos ser assertivos na correção, é
necessário a compreensão e entendimento deste processo. E para tal,
utilizamos aqui todo conhecimento que permeia as cadeias musculares.

Esperamos que este eBook seja o início de um aprofundamento, e não o


fim!

Kinect Functional Brasil

Junte-se a nós!

63
@KineticFunctional

Referências
Adstrum, S., 2015. Fascial eponyms may help elucidate terminological and
nomenclatural development. J. Bodyw. Mov. Ther. 19 (3), 516e525. http://

Anderson, D.M. (Ed.), 2012. Dorland’s Illustrated Medical Dictionary, 32nd ed.
Elsevier Saunders, Philadelphia.

Barnes, J.F., 1990. Fascia. In: Barnes, J.F. (Ed.), Myofascial Release: the Search
for Excellence. Myofascial Release Seminars, Paoli, PA, pp. 3e5.

BEGA, Armando. Tratado de Podologia. São Paulo: Yendis, 2006.

Bichat, X., 1813. A Treatise on the Membranes in General and on Different


Membranes

BRICOT, Bernard. Posturologia Clínica. São Paulo: CIES Brasil, 2010

BRICOT, Bernard. Posturologia Clinica. São Paulo: CIES, 2010

Chaitow, L., 2014. The fascia debate. J. Bodyw. Mov. Ther. 18 (3), 443. http://
dx.doi.org/10.1016/j.jbmt.2014.04.019.

Crooke, H., 1651. A Description of the Body of Man Together with the
Controversies and Figures Thereto Belonging. John Clarke, London.

Cruveilhier, J., 1844. Descriptive Anatomy. Harper & Brothers, New York.

DENYS-STRUYF, Godelieve. Cadeias Musculares e Articulares: O método


G.D.S.. São Paulo: Summus, 1995.

dx.doi.org/10.1016/j.jbmt.2015.04.002.

Ellis, G.V., 1840. Demonstrations of Anatomy; a Guide to Dissection of the


Human Body. Taylor and Walton, London.

EntryPage/ViewTH/THh200.html.

Federative Anatomical Programme on Anatomical Terminologies [FAPAT], 2008.


Terminologia Histologica. Accessed from: http://www.unifr.ch/ifaa/Public/

Federative Committee on Anatomical Terminology [FCAT], 1998. Terminologia


Anatomica: International Anatomical Terminology. Thieme, New York.

Federative International Programme on Anatomical Terminologies [FIPAT], 2011.


Terminologia Anatomica: International Anatomical Terminology, second ed.

Findley, T., Schleip, R., 2007. Introduction. In: Findley & R Schleip, T.W. (Ed.),
Fascia

64
@KineticFunctional

FREITAS, Gutemberg de Castro; PRZYSIEZNY, Wilson Luiz. Fisioterapia


Postural. Rio de Janeiro: HP comunicação, 2008.

FREITAS, Gutemberg de Castro; PRZYSIEZNY, Wilson Luiz. Fisioterapia


Postural. Rio de Janeiro: HP comunicação, 2008.

Georg Thieme Verlag, Stuttgart.

in Particular (J. G. Coffin, Trans., Originally Published in French in 1800).


Cummings and Hilliard, Boston.

LANDEWEER, Gert Groot. Introdução à Terapia Craniossacral. São Paulo:


Cultrix, 2013

LAROSA, Paulo Ricardo R.; BEGA, Armando. Podologia: Bases clinicas e


anatômicas. São Paulo: Martinari, 2010

LIEBENSON, Craig. Treinamento Funcional na Prática Desportiva e Reabilitação


Neuromuscular. Porto Alegre: Artmed, 2017.

Research: Basic Science and Implications for Conventional and Complementary

SANTOS, Angela. Diagnóstico Clínico Postural: um guia prático. São Paulo:


Summus, 2011

Upledger JE. CranioSacral Therapy. Seminars in Integrative Medicine 2:159-


166, 2004.

65

Você também pode gostar