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Abordagem osteopática das fáscias 1

Fáscias 1

Índice
1 – INTRODUÇÃO À FÁSCIA ................................................................................................................... 4

2 – EMBRIOLOGIA DA FÁSCIA .............................................................................................................. 8

3 – ANATOMIA DA FÁSCIA .................................................................................................................... 9

3.1 - ANATOMIA DA FÁSCIA PROFUNDA ..................................................................................... 12

3.2 - FUNÇÕES DA FÁSCIA ............................................................................................................... 18

4 - AVALIAÇÃO DA FÁSCIA ................................................................................................................. 23

4.1 Avaliação Postural ........................................................................................................................... 23

4.2 Palpação ........................................................................................................................................... 23

4.3 - Avaliação do movimento segmentar .............................................................................................. 25

4.4 Avaliação do Movimento em Cadeias Funcionais ........................................................................... 26

4.5 Teste de Transmissão de Tensão ...................................................................................................... 27

5 – TRATAMENTO .................................................................................................................................. 27

5.1 - Introdução ...................................................................................................................................... 27

5.2 - Técnicas de tratamento .................................................................................................................. 31

5.2.1 - Técnica para a bainha abdominal: ......................................................................................... 31

5.2.2 Técnica para liberação do retináculo: ....................................................................................... 32

5.2.3 Técnica de liberação do canal do pudendo: .............................................................................. 32

5.2.4 - Técnica para a fáscia bucofaríngea: ........................................................................................ 33

5.2.5 Técnica para a fáscia Clavipeitoral: .......................................................................................... 33

5.2.6 Técnica para a fáscia de Tenon e fáscia epicraniana: ............................................................... 34

5.2.7 Técnica para a fáscia do ECOM e peitoral maior: .................................................................... 34

5.2.8 Fáscia do obliquo externo com peitoral maior: ......................................................................... 35

5.2.9 Fáscia do obliquo interno com serrátil anterior: ....................................................................... 36

5.2.10 Fáscia do Omo Hióide: ........................................................................................................... 36

5.2.11 Fáscia do subescapular: .......................................................................................................... 37

5.2.12 Fáscia do Supraespinhoso e infraespinhoso: ........................................................................... 37

5.2.13 Fáscia Epicraniana com fáscia temporal: ................................................................................ 38

5.2.14 Fáscia Massetérica com Fáscia temporal: ............................................................................... 38

5.2.15 Fáscia do ECOM e do Peitoral maior: .................................................................................... 39

5.2.16 Fáscia ileo-pectínea: ............................................................................................................... 39

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5.2.17 Fáscia psoas e fáscia renal: ..................................................................................................... 40

5.2.18 Fáscia Pterigóidea: .................................................................................................................. 40

5.2.19 Técnica para a fáscia tóracolombar: ....................................................................................... 41

5.2.20 Fáscia do serrátil anterior com os rombóides: ........................................................................ 41

4.21 Membrana obturatória: .............................................................................................................. 42

5.2.22 Palpação e técnica para o Piriforme: ....................................................................................... 42

6 - REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 43

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1 – INTRODUÇÃO À FÁSCIA
A fáscia, derivado do latim “banda”, é um tecido de conexão que envolve todo o
corpo, atuando como uma verdadeira rede que recobre e penetra nos diferentes tecidos e
órgãos. Segundo Stecco et al.1, a fáscia cria uma continuidade estrutural que dá forma e
função para todos os tecidos e órgãos, permitindo considerar o corpo uma unidade
funcional, conforme proposto por Still, num dos princípios da Osteopatia e descrito por
Bordoni e Zanier2 (Fig. 1).
A importância de considerar esse tecido na osteopatia foi descrita por Lee3 que
relatou que atuar sobre a fáscia é de suprema importância para alcançar os objetivos
terapêuticos desejados. Still, em 19024, já citava a importância desse tecido na
manutenção do equilíbrio relatando que na fáscia estaria o local para procurar as causas
da doença.

Figura 1: representação da continuidade fascial nos


tecidos

A complexidade desse tecido é traduzida na dificuldade de defini-la. Segundo a


Comissão Federativa de Terminologia Anatômica5 fáscias seriam camadas ou outras
agregações de tecido conjuntivo dissecáveis. Já, segundo a edição britânica de anatomia
de Gray6, fáscia seria uma massa de tecido conjuntivo grande o suficiente para ser vista
a olho nu. Outra definição, dessa vez mais anatômica, Langevin e Huijing7 descreveram
que fáscia é qualquer camada de tecido conectivo denso e irregular, ou seja, um
componente de tecido mole que permeia todo o corpo humano incluindo aponeuroses,
ligamentos, tendões, retináculos, cápsulas articulares, túnicas de órgãos e vasos, as
meninges, o periósteo e todo endomísio.

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Diante do exposto, fica evidente que diferentes tipos de tecidos de conexão são
classificados como fáscia tendo como diferença entre eles a densidade e a direção das
fibras de colágeno, por exemplo, nos tecidos superficiais a fáscia apresenta uma
densidade menor e fibras de colágeno em diferentes direções. Já, nos tendões e
ligamentos elas seguem a mesma direção, ou seja, são alinhadas.
Nesse aspecto, relacionado ao alinhamento das fibras, encontra-se mais uma
8
controversa discussão a respeito da denominação fáscia. Chila (2011) discute que o
tecido fascial se caracteriza por ser irregular. Tendões ou ligamentos possuem
disposição regular projetadas para atender específicos requisitos funcionais, possuindo
nítidas fronteiras anatômicas, fato que não se iguala a classificação de estrutura fascial
de arranjo irregular capaz de “puxar” em várias direções.
O fato é que fáscia é um tecido conectivo e cada região é diferente uma da outra
com relação ao alinhamento das fibras. Essa arquitetura do alinhamento das fibras de
colágeno está relacionada à tensão diária recebida pela fáscia, pois quando um tecido
recebe uma tensão constante em direção e intensidade, a matriz dos fibroblastos se
ajusta para atender a essa demanda.
Segundo Liptan (2010)9 os fibroblastos são a base do sistema fascial. Essas
células são as responsáveis pela formação da substância fundamental amorfa (será
discutida a seguir) e pela síntese das proteínas colágeno e elastina, além das
glicosaminoglicanas e glicoproteinas que irão compor a matriz extracelular (Junqueira e
Carneiro, 2004)10. Ainda segundo os autores, os fibroblastos são capazes de modular
sua capacidade metabólica e consequentemente sua morfologia.
Segundo Langevin et al. (2013)11 o resultado da tensão mecânica no fibroblasto
estimula a remodelação do seu citoesqueleto. Para Lanveginet al. (2011)12 essa
capacidade de adaptação das células de ajustar-se e mudar seu formato é uma estratégia
de sobrevivência dessas células. Chiquet et al. (2009)13 relatam que a tensão não gera
apenas uma variação morfológica momentânia nas células mas também uma alteração
metabólica denominada resposta mecanometabólica. Nesse cenário, após a tensão
atingir o fibroblasto, essa tensão se propagaria para o núcleo e originaria uma série de
respostas.
Estudos propõem que essas respostas são mediadas por proteínas
transmembranosas denominadas integrinas. Ao tensionar a membrana celular do
fibroblasto e consequentemente a integrina, ocorre uma tração dos microtúbulos e as
enzimas ali localizadas geram uma cadeia de reações enzimáticas que modularão a

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resposta celular. Meyer et al. (2000)14 em um estudo que buscava avaliar a influencia
mecânica sobre a proliferação ou apoptose dos fibroblastos realizou um experimento no
qual utilizou tubos de ensaio de diferentes tamanhos e estimulou o desenvolvimento dos
fibroblastos. Puderam observar que a alteração do fator mecânico sobre os fibroblastos
determinaram a proliferação e a apoptose das células mesmo utilizando os mesmos
fatores de crescimento.

Esse fato nos permite entender que a fáscia é permanentemente mutável e que
essa mutação está diretamente relacionada às influências mecânicas. Segundo
Neuberger e Slack15 a cada ano 50% das fibras de colágeno se renovam em um corpo
saudável.
Essa informação corrobora com a fornecida por outros autores, os quais
atribuem a essa dinâmica de renovação valores que variam entre 30% de substituição
das fibras de colágeno em seis meses até 75% dessas fibras em dois anos, atribuindo
essa variação de substituição/formação a idade dos indivíduos.

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Schleip, 2003

Dessa forma, entende-se que a fáscia está diariamente sendo exposta a


sobrecargas para que estimulem sua matriz e consequentemente sua renovação. Assim,
salienta-se a importância de que essa sobrecarga seja realizada em busca da harmonia e
do equilíbrio funcional visto que o contrário pode desfavorecer a função ou até gerar
disfunções.
Nesse sentido, Beam et al.16 salienta a importância de ser realizado o
alongamento da fáscia em diferentes direções para garantir sua permanente liberdade
funcional. Ainda nesse capítulo, em tópico adiante serão discutidas as intervenções.
Sobre a característica dos tipos de fibras que compõem esse tecido destaca-se
que as fibras colágenas são de proteína curta, com três cadeias de aminoácidos
enrolados (glicina, prolina e hidroxiprolina) e arranjadas em feixes ondulados, que
conforme descrito anteriormente, exercem uma grande força de tração, cedendo apenas
10% do seu tamanho. Com outra disposição, as fibras denominadas como Reticulares
formam redes em torno das células e órgãos sendo, diferente da anterior, formada por
colágenos de pequenos calibres e dispostas de forma irregular.
Outro tipo de fibra são as denominadas como elásticas, caracterizada por
proteínas de longa duração formadas por aminoácidos entrelaçados (desmosina,
isodesmosina, prolina e glicina) com elos de ligação espaçados, fato que possibilita a
essas fibras uma pequena força de tração, cedendo 150% do seu tamanho.
Vale salientar que independente do tipo da fibra a sua síntese é realizada
basicamente pelos fibroblastos.

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2 – EMBRIOLOGIA DA FÁSCIA
Após divisões celulares progressivas e múltiplas o embrião atinge 16 células,
formando um maciço celular com aparência semelhante a uma amora. No quinto dia
após a fecundação, ainda no trânsito final da tuba uterina, o zigoto (óvulo fecundado)
atinge 32 células apresentando já nesse momento uma cavidade central com fluido
denominada blastocele.
Na segunda semana começam a surgir estruturas que darão origem aos anexos
embrionários, dividindo o embrião em duas partes. Nessa fase o embrião é constituído
por duas camadas denominadas Epiblasto e Hipoblasto, sendo a primeira a mais
externa. A camada mais interna, denominada hipoblasto migra e reveste internamente a
cavidade central (Blastocele) resultando no revestimento do saco vitelino (Endoderma)
e a proliferação do Epiblasto formará o revestimento do Saco Amniótico (Ectoderma).
Em seguida, na terceira semana, o embrião sofrerá uma invaginação celular que
é denominada gastrulação. Nessa fase o embrião deixa de ser uma camada bilaminar e
passa a ter o formato de um disco embrionário trifásico, iniciado com a formação da
linha primitiva na superfície do epiblasto, formando o último dos três folhetos
embrionário, denominado Mesoderma.
Dessa forma, a mesoderma está localizada entre os outros dois folhetos
(endoderma e ectoderma) que após a multiplicação e diferenciação celular se dividem
em três partes (dorsal, medial e ventral) das quais dão origem a vários tecidos.
O mesoderma dorsal, denominada epímero, forma o esqueleto axial, a derme
(tecido conjuntivo) e o tecido muscular estriado. O mesoderma intermediaria
denominada mesômero, origina os rins, gônadas e ureteres. Finalmente, a mesoderma
ventral denominada hipômera origina os músculos lisos e cardíacos e as membranas
serosas pleura, pericárdio e peritônio.
Diante do exposto, após a terceira semana de gestação os folhetos estão
formados e a diferenciação dos tecidos inicia. Neste período, cada um dos folhetos dá
origem aos seus próprios tecidos e órgãos.
Essa diferenciação segue intensa até o final da oitava semana, período que já
estão formados os principais órgãos e tecidos e a partir desse momento observa-se a
maturação desses sistemas e crescimento rápido do corpo.

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(Embriologia Clínica- K. Moore)

3 – ANATOMIA DA FÁSCIA
A descrição anatômica da fáscia é complexa visto que ao isolar órgãos, é
nomeada de acordo com a estrutura anatômica que rodeia. Esse fato faz com que possa
ser transmitida a ideia de que a fáscia é apenas parte dos órgãos que ela envolve, quando
na verdade ela é um tecido conjuntivo contínuo que une e integra os diferentes órgãos.
Segundo Benjamin17 essa nomenclatura independente é uma barreira para a
compreensão da verdadeira função e influência desse tecido.
A dificuldade na descrição anatômica se dá pela grande ramificação desse tecido
que segundo Bojsen-Moller et al.18 através de dissecações e estudos fisiológicos pode
verificar, por exemplo, que as conexões fasciais resultam em transmissão de força entre
músculos sinergistas e até mesmo antagonistas.
Reforçando essa dificuldade de descrever anatomicamente esse tecido, Fasel et
al.19 cita as discrepâncias existentes sobre a definição das camadas fasciais e suas
subdivisões.
Diante do exposto e buscando uma apresentação didática que contemple a
característica de continuidade desse tecido, a fáscia pode ser dividida anatomicamente
de diferentes formas.

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(ABFáscias- 2017- 46)

Entre as classificações mais didáticas está a que divide em camada superficial e


profunda. Segundo Bordoni e Zanier2, a fáscia superficial é composta por fibras de
colágeno disposta de forma irregular permeando todo o corpo e conforme descrito por
Abu-Hijleh20 está posicionada desde sob a derme até os órgãos internos, que após
revesti-los, se fixa na fáscia profunda. Além disso, essa camada carrega em seu interior
uma rede microscópica de vasos e nervos. Acredita-se que essa rede seja uma das
responsáveis por realizar uma comunicação integrada de todo o corpo.
Já, a camada profunda apresenta tecido conjuntivo mais denso e pode ser
considerada a última antes de atingir o sistema esquelético. Segundo Stecco1 suas fibras
de colágeno são mais organizadas, dispostas em paralelo e possuem terminações
nervosas proprioceptivas classificadas como corpúsculos de Ruffini e Pacini.

(Stecco 2015- 47)

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Porém, outras subdivisões que permitem um maior aprofundamento nas diversas


ramificações desse tecido são consideradas. De forma mais didática adotaremos a
classificação de A. Chila ( 2011) e da Academia Brasileira de Fáscias( 2017), conforme
quadro abaixo:
Fáscias Fáscias Fáscias Viscerais ou Fáscias Neurais
Superficiais Profundas Fáscias Internas
Única camada que está Camada superficial Fáscia Visceral Duramáter ( SNC)
ausente apenas no Epineuro ( SNP)
rosto, parte superior do Camada média Fáscia Parietal Aracnóide ( SNC)
ECOM, nuca, no (em algumas regiões Perineuro ( SNP)
esterno e nos Glúteos Camada profunda pode estar dividida em Pia- máter ( SNC)
2 camadas) Endoneuro ( SNP)

Nesse primeiro módulo (Tratamento Osteopático das Fáscias 1) estudaremos a


Fáscia Superficial e a Fáscia Profunda e suas relações com o movimento e a Postura. No
segundo módulo (Tratamento Osteopático das Fáscias 2) estudaremos as Fáscia Neurais
e Viscerais com o foco na funcionalidade e nas interfaces mecânicas.
As fáscia do componente de movimento e postural é um somatório das Fáscias
Epimisais mais as Fáscias Profundas.

( Guimberteau 2011- 50)

Fáscias Epimisais organizam um músculo e dão sequencia formando as


estruturas periarticulares. As 3 camadas:

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- epimísio + perimísio + endomísio: os 3 se unem para formarem os tendões,


ligamentos, cápsulas articulares e aponeuroses.
O Epimísio envolve o músculo como um todo, o Perimísio envolve os fascículos
musculares (conjunto de fibras musculares) e o Endomísio envolve as fibras
musculares.

Junto a isso temos a Fáscia Profunda que envolve grupos musculares e


organizam o sistema de movimento como se fosse o maestro de toda a orquestra.
Vejamos a disposição anatômica da fáscia Profunda a seguir.

3.1 - ANATOMIA DA FÁSCIA PROFUNDA


A Fáscia profunda apresenta diferenças em sua disposição no tronco em relação
aos membros:

ABFáscias, 2017

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Na cabeça a fáscia profunda apresenta disposta em uma única camada que


conecta com as fáscias cervicais inferiormente e com a fáscia de Tenon ao nível
cavidade ocular. Segue abaixo as estruturas que formam a Fáscia Profunda da cabeça:

Na cervical a Fáscia Profunda se divide em 3 camadas assim como no tronco. As


3 camada são nomeadas como:
 Camada Superficial da Fáscia Profunda: envolve o trapézio e o ECOM,
ligando a Fáscia profunda da cabeça na linha nucal. Se insere na
clavícula e escápula onde é contínua com a fáscia profunda, camada
superficial do tronco;
 Camada Média da Fáscia Profunda: saí da porção inferior do osso
hióideo envolvendo os músculos infrahióideos, a tireoide e paratireóide.
Se insere na região posterior da clavícula onde é contínua com o
subclávio( camada média da fáscia profunda do tronco). Parte das fibras
formam os ligamentos suspensórios do pulmão e é contínua com o
pericárdio;
 Camada Profunda da Fáscia Profunda: envolve os músculos profundos
cervicais anteriores e posteriores. Envolve os Gânglios simpáricos
cervicais e são contínuos com a fáscia endotorácica e o pericárdio;

As 3 camadas da fáscia profunda se juntam formando a bainha carotídea para


envolver a aa. Carótida, o nervo Vago e a veia Jugular ao nível da cervical, conferindo
proteção a essas estruturas nobres (Moore, 2015)

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Segundo Stecco (2015) a camada profunda da Fáscia profunda do pescoço forma


uma bainha fibrosa para a transição do plexo braquial da cervical para o tronco por entre
a clavícula e a primeira costela.
As ligações dessas camadas com a cabeça e tronco são zonas muito importantes
do tratamento fascial, estando ligadas a várias disfunções e sintomas na cabeça, cervical
e membros superiores, assim como Viscerais e autonômicas pelas suas relações com os
gânglios cervicais e o G. Estrelado Simpático.
Essas 3 camadas da Fáscia profunda cervical se encontram anteriormente na
linha alba cervical e posteriormente a camada Profunda e superficial formam o
ligamento nucal.

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No tronco a fáscia profunda é formada por 3 camadas bilaminares de membranas


fibrosas:
 Camada Superficial da Fáscia Profunda: envolve o peitoral maior, oblíquo
esterno, trapézio médio e inferior, grande dorsal.
 Camada Média da Fáscia Profunda: envolve o peitoral menor, subclávio, serrátil
anterior, romboides, serrátil posterior superior e inferior, e Oblíquo interno.
 Camada Profunda da Fáscia Profunda: envolve o transverso abdominal,
intercostais.

(Stecco 2015)

 O Psoas e Quadrado lombar se encontram em uma camada ainda mais profunda,


apresentando relações com a Fáscia renal e com a camada mais profunda da
Fáscia do transverso do abdômen. Portanto apresentando uma característica
mista de Fáscias Visceral (mais elástica) e Fáscia Profunda (mais densa).

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Essas 3 camadas da Fáscia Profunda se conectam anteriormente na linha alba e


posteriormente na Fáscia Toracolombar.
A Fáscia toracolombar em sua camada mais externa apresenta grande
quantidade de terminações nervosas livre e em pessoas com dor lombar crônica
apresentam alteração da na sua composição (Vleeming, 2001)
Essa camada mais superficial liga o grande dorsal ao glúteo oposto e está
relacionada a coordenação de movimento entre a cintura pélvica e escapular além de
promover estabilização lombar durante os movimentos.
Os músculos paravertebrais são envolvidos por junção das 3 camadas na Fáscia
toracolombar e apresentam-se em 1 compartimento para a musculatura profunda(
intertrasversais, interespinhais, multífidos) e um compartimento para a musculatura dos
eretores da espinha ( ileocostal, ileolombar, longuíssimo e espinhais).

(Fáscia toracolombar em um nível superficial)

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Ao nível dos membros a Fáscia Profunda se dispõe em 2 camadas:


 Camada Superficial: envolvem os músculos biarticulares;
 Camada Profunda: envolvem os músculos monoarticulares.
As duas camadas se apresentam em disposição anterior e posterior, onde se
comunicam nos septos intermusculares. Os septos dividem os sistemas antagonistas. A
camada mais profunda da Fáscia profunda dos membros de comunicam nos septos para
trocarem informações e controlarem melhor os movimentos.
A Camada superficial tem função de força e transmissão de força entre
articulações subsequentes.
A Camada profunda de coordenar os movimentos entre os antagonistas e o
controle articular pelas inserções das musculaturas profundas nas cápsulas e ligamentos
articulares.
Nos pés e nas mãos encontram-se os retináculos: estruturas formadas de
sobreposição independentes de adensamentos fibrosos, separados por camadas de tecido
conjuntivo frouxo, que tem como funções proteção de estruturas neurovasculares e
controle de movimento de todo o corpo a partir das demandas das extremidades.
Os retináculos são extremamente ricos em receptores proprioceptivos
apresentando função muito importante em coordenação da marcha e de adaptações do
corpo a superfícies a partir do contato com os pés. Em relação aos membros superiores
eles permitem adaptação de todo o corpo dependendo da estrutura ao qual a mão está
manuseando. Os retináculos interferem em toda a mecânica das Fáscias do movimento.
São extremamente importantes na avaliação e tratamento das disfunções de
movimento em todo o corpo.

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3.2 - FUNÇÕES DA FÁSCIA


Sendo a fáscia um tecido contínuo, integrando todos os sistemas, apresenta
diversas funções. Entre as funções, destacam-se as de suporte, de proteção, de
amortecimento, de defesa, de comunicação e de movimento.
A função de suporte das fáscias esta relacionada à capacidade de manter cada
órgão no seu respectivo espaço. Essa característica pode ser facilmente entendida se
considerarmos os mesos, que são estruturas de conexão e sustentação das vísceras no
esqueleto. Por exemplo, o mesentério oferece sustentação ao intestino delgado estando
fixado na porção posterior da parede do abdômen e o mesocólon sigmoide estabiliza o
cólon sigmoide do intestino grosso na articulação sacroiliaca esquerda.
Vale salientar que esses mesos carregam dentro de seu duplo folheto de tecido
conjuntivo uma rede vasculonervosa, formada por nervo, artéria e veia. Além disso,
estando fixada junto ao sistema músculo esquelético, essas fáscias garantem mais que a
sustentação, garantem uma mobilidade essencial a saúde das vísceras.
Outros exemplos de sustentação e suporte são as aponeuroses presentes
próximas as articulações que servem como pontos de apoio e estabilidade para os

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tendões que seguem aos membros superiores e inferiores ou até mesmo os próprios
tendões dos músculos estriados esqueléticos que se fixam no periósteo para que
transmitam a tensão gerada pelo sistema muscular ao sistema ósseo gerando o
movimento.
Outra função importante das fáscias é a função de proteção que ela oferece aos
tecidos que circunda. Essa função pode ser observada atentando-se aos locais onde a
fáscia se torna mais densa, por exemplo, a fáscia lombar ou até mesmo as fáscias
palmares e plantares. Essa maior densidade acumulada nessa região oferece maior
proteção e suporte as mesmas.
Além disso, por ser um tecido de continuidade, a fáscia consegue através de sua
elasticidade dissipar o impacto diminuindo a pressão pontual gerada pelo trauma. Ao
sofrer um impacto em uma determinada região a fáscia distribui essa força em
diferentes direções fazendo que ocorra uma diminuição da pressão em um ponto
específico.
Usando como exemplo o que ocorre nas fáscias que revestem o sistema nervoso
central, denominada meninges, onde essas fáscias apresentam liquido como tecido
interposto, essa dissipação de força causada por um eventual trauma é ainda mais
evidente, podendo ser considerada como um verdadeiro efeito amortecedor de impactos.
Ainda exemplificando a função de proteção que uma fáscia pode exercer sobre
um órgão, destaca-se sua relação com o sistema músculo esquelético. Ao envolvê-lo e
dividi-lo em compartimentos ela se interpõe entre as fibras musculares que ao serem
tensionadas, por exemplo, no sentido do estiramento, sofrem essa tensão antes das fibras
musculares propriamente ditas, protegendo esse tecido.
Além disso, sabe-se que essas fáscias, chamadas de epimisio (camada mais
externa que reveste todo o músculo), perimísio (fáscia que circunda grupos de fibras
formando compartimentos denominados fascículos) e endomisio (fáscia que penetra
dentro dos fascículos separando cada fibra muscular) possuem terminações nervosas
livres que ao sofrerem esse estiramento geram uma aferência de dor, limitando esse
movimento.
Estudos publicados por Stillwell22 e confirmado por Yahia et al.23 através de
uma pesquisa sobre a fáscia tóracolombar constata-se a presença de dois
mecanoceptores nessa região, classificados como corpúsculo de Ruffini e corpúsculo de
Vater Pacini. Essas evidências permitiram aos pesquisadores concluírem que essa fáscia
tem uma função proprioceptiva importante na mecânica da coluna vertebral.

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Segundo Cottingham24, Ward25 e Schleip26 as fáscias possuem receptores de


Golgi encontrados em todos tecidos conjuntivos e distribuídos em ligamentos, em
cápsulas articulares e em junções miotendínea. Completando, Burke e Gandeva27
afirmaram que apenas 10% dos receptores de golgi localizam-se no tendão e os outros
90% desses receptores encontram-se nas junções miotendíneas, nas aponeuroses
articulares, capsulas articulares e ligamentos.
Mitchell e Schmidt28 mencionaram que um nervo como o tibial possuem três
vezes mais fibras sensoriais do que as fibras motoras e completaram dizendo que desse
grande número de fibras sensitivas, apenas 20% delas estão relacionadas aos receptores
descritos acima, conhecidos como fusos musculares, órgãos de Golgi, corpúsculos de
Pacini e terminações de Ruffini.

Segundo o autor, a maioria das terminações sensitivas pertencem a um grupo de


pequenas terminações nervosas dificilmente descritas em livros e são conhecidos como
neurônios ocultos ou receptores interticiais, pois são muito menores em diâmetros e são
amielinizados em sua maioria. Sua função principal atualmente é considerada como
mecanoceptora apesar de serem terminações multimodais.
Para completar os autores afirmam que essas pequenas terminações podem ser
divididas em unidades de pressão de baixo limiar e alto limiar e que em um estudo
realizado em tendão calcâneo de gatos pode se observar prevalência dessas terminações
de baixo limiar de pressão, fato esse que permitiu aos autores concluírem que o contato
suave poderia alterar essa aferência e consequente eferência. Esse fato será novamente
abordado quando discutidas as possibilidades de intervenção sobre o tecido fascial.

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O fato é que é consenso entre os autores que a fáscia apresenta uma função
sensorial importante no aspecto de proteção e propriocepção.
Outro item, ainda relacionada à proteção é que a estrutura fascial separa os
órgãos em compartimentos. Isso faz com que lesões inflamatórias ou infecciosas não
possam se dissipar ou proliferar com facilidade. Isso pode ser observado com relação
aos fascículos, descritos anteriormente, ou até mesmo nas divisões dos segmentos
pulmonares ou hepáticos.
Essa característica de separação de órgão em compartimentos acaba exercendo
uma verdadeira função de defesa visto que compartimenta os agentes patógenos. Além
disso, a fáscia, através de sua substância fundamental amorfa oferece um ambiente de
combate aos patógenos, desde as aferências nervosas que influenciam os centros
reguladores até o ambiente de movimentação de macrófagos e leucócitos.
Ainda nesse aspecto de proteção, Gabbiani29 relatou que os fibroblastos teriam
um papel de extrema importância no processo cicatricial. Ele creditou esse feito a uma
variação dos fibroblastos denominada miofibroblastos. Segundo o autor, essas células se
contraem simultaneamente durante a cicatrização de feridas aproximando as bordas da
cicatriz. Hinz et al.30 afirmam que a investigação dessa estrutura demonstrou possuir
uma presença de um tipo diferente de actina, denominada actina alfa.
O controle da contração dessas fibras ainda é discutido. Devido a presença de
fibras autônomas incorporadas no tecido fascial descritas por Staubesand et al.31 e Yahia
et al.32, existe a hipótese que os miofibroblastos possam ser regulados por esses nervos
autonômicos. Porém, outras hipóteses podem estar relacionadas, por exemplo, a
contração pela influência mecânica.

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Fáscias 1

Essa hipótese está baseada na influencia mecânica sobre as proteínas


transmembranosas integrinas que por sua vez são estruturalmente integradas aos canais
de cálcio. Ao serem tencionados, as integrinas e os canais de cálcio são ativados e a
entrada de cálcio ativaria essas fibras de actina alfa.
Além dessas, existe outra teoria, dessa vez relacionada a um produto fibrogênico
denominado TGF Beta 1 que tem sua produção desencadeada por estresse emocional ou
um processo inflamatório local. Essa substância poderia realizar a contração das fáscias
por ação das actinas alfa e ainda transformar fibroblastos em miofibroblastos.
O prejuízo funcional dessa transformação de fibroblastos em miofibroblastos e a
contração das fibras de actina pertencentes a ele alteram a forma de tensão das fáscias,
transformando sua característica assimétrica e simétrica prejudicando o equilíbrio de
todo o sistema.
Com relação a colaboração da fáscia no que diz respeito ao movimento,
diferindo de conceitos anteriores nos quais a fáscia era considerada um tecido passivo
apenas, Sawicki et al.33 relataram que a fáscia possui a capacidade de armazenar energia
durante o movimento e que essa energia acumulada auxiliaria em diversos movimentos
do dia a dia como andar, saltar e correr.
Kram e Danson34 denominou esse movimento como “mecanismo de catapulta”.
Corroborando com esses achados Fukunaga et al.35 relataram que o alongamento e o
encurtamento da fáscia atuam como um “io-io”, auxiliando assim os músculos,
impulsionando o movimento.
Em um trabalho realizado por Kawakami e colaboradores em 2002 foi
evidenciado muita deformação do tecido conjuntivo e pouca deformação do tecido
muscular em movimentos funcionais de cadeia cinética fechada em MMII, mostrando a
importância das fáscias na transmissãoo de força e na economia de energia.

Kawakami, 2002

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Fáscias 1

Não existe nenhum órgão no corpo que não seja envolvido por uma fáscia sendo
assim esses tecidos possuem a grande função de garantir a integridade anatômica36, 37,ou
seja, o formato dos órgãos. Porém, como descrito anteriormente, as fáscias possuem
muitas outras importantes funções que estão relacionadas à homeostase e ao equilíbrio
funcional de todo o corpo, podendo segundo Van Der Wal38 ser um determinador da
saúde do individuo.

4 - AVALIAÇÃO DA FÁSCIA

4.1 Avaliação Postural


A avaliação do tecido fascial pode ser dividida em etapas. Como frequentemente
utilizada para avaliar disfunções, a avaliação postural é indicada como etapa inicial.
Nessa fase busca-se observar assimetrias e áreas de tensão, indicando áreas de restrição
de mobilidade.

Essa primeira etapa de avaliação


postural pode ser completada realizando
a analise da postura durante o
movimento (lembrando em avaliar os 3
planos de movimento). As informações
buscadas devem estar relacionadas à
amplitude de movimento, qualidade do
movimento e dor.

Associando as informações estáticas e dinâmicas é possível direcionar o olhar


para as zonas de restrição e compensação, comumente denominadas zonas de
hipomobilidade e hipermobilidade.

4.2 Palpação
Ao término da fase de observação, segue a fase de palpação. Nessa fase,
segundo Paoletti21 deve ser considerado que esta sendo posicionada uma fáscia sobre a

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Fáscias 1

outra, sendo que enquanto uma indica suas limitações de movimento a outra busca
percebê-las e compreende-las.
Essa palpação é direcionada a avaliar a mobilidade desse tecido e essa pode ser
avaliada em diferentes amplitudes, partindo de micromovimentos, imperceptíveis a
visão, até grandes movimentos, dessa vez, visivelmente observados.
A palpação para avaliação dos micromovimentos é denominada como ausculta e
a palpação para os grandes movimentos é denominada como teste de mobilidade fascial.
A ausculta consiste em posicionar as mãos sobre a pele obtendo a maior área de
contato possível, de forma plana e com uma pressão que lhe permita atingir a fáscia da
forma mais sutil possível. A mão deve estar totalmente passiva e o osteopata
extremamente concentrado para poder perceber movimentos muito pequenos. A fáscia
“guarda” restrições que podem ser frutos de traumas mecânicos e emocionais, muitas
vezes inconsciente ao paciente, e o avaliador ou Osteopata deve estar devidamente
concentrado e conectado para que seja possível compreender essa restrição.
Durante a ausculta o deve estar neutro, ou seja, não impor direção durante a
palpação da fáscia. A palpação deve ser passiva, devendo-se respeitar o tempo e o ritmo
do paciente.
Exemplo: Teste de ausculta fascial para parte superior do tórax
Para realizar esse teste o osteopata deverá posicionar suas mãos totalmente
abertas sobre a região superior do tronco de forma mais sutil possível e com esse
contato sentir a movimentação das fáscias. Essa movimentação deve ser simétrica (Fig.
2)

Figura 2: Teste de ausculta fascial da parte superior do tórax. (Paoletti, 2006) 21

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Fáscias 1

Como uma segunda opção de avaliação por ausculta, essa pode ser realizada de
forma ativa. Nessa forma de avaliação o osteopata posiciona a mão sobre a região a ser
tratada conforme descrito anteriormente, de forma plana e sutil, porém dessa vez o
osteopata impõem uma leve tensão em diferentes direções e avalia em qual das direções
existe a restrição. Vale salientar que essa tensão realizada em diferentes direções deve
ser sutil tanto quanto a palpação.
Diferente da avaliação da ausculta, o teste de mobilidade deve ser realizado com
a ponta dos dedos “segurando” o tecido fascial (ligamentos, aponeurose, víscera,
articulação...) a ser tratada e tensionando-a de forma moderada para intensa.
Esses testes de mobilidade podem ser relacionados diretamente sobre um
segmento, por exemplo, fáscia plantar ou pode ser realizada de forma mais global,
considerando cadeias fasciais conforme exemplos abaixo.

Exemplo: Teste para aponeurose plantar


Para realizar esse teste o osteopata deverá estar posicionado ao lado a ser tratado
e o indivíduo deverá estar posicionado em decúbito ventral com o joelho do lado a ser
avaliado flexionado expondo a superfície plantar. Em seguida, o osteopata deverá
posicionar seus dedos na margem interna da fáscia plantar tracionando-a para lateral. A
restrição da mobilidade dessa aponeurose indicará a diminuição de mobilidade (Fig. 3).

Figura 3: Teste de mobilidade da aponeurose plantar (Paoletti, 2006) 21

4.3 - Avaliação do movimento segmentar

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Seguindo a avaliação postural
temos a avaliação de movimento. Nessa
primeira etapa são realizados
movimentos mais a nível local,
segmentar. São avaliados quantidade e
qualidade de movimento. Examinar
movimentos no plano sagital, frontal e
trans verso.

4.4 Avaliação do Movimento em Cadeias Funcionais


Nesta fase toda a cadeia é tensionada para ver se interfere na quantidade e
qualidade de movimento. Caso interfira deve-se tratar as cadeias.
Fáscias 1

4.5 Teste de Transmissão de Tensão


Enquanto o paciente movimenta passivamente o osteopata coloca passivamente
suas mãos na cadeia adjacente com tensão ao movimento e percebe se está acontecendo
a transmissão de forças entre as fáscias.

Teste de Lift

Para o teste de lift deve-se palpar as zonas da fáscia e buscar com alterações de
tensão sobre a fáscia e analisar se há o aumento de ADM e/ou melhora da dor. A pegada
pode ser realizada nos ventres fasciais em alterações em um plano de movimento ou nas
interseções fasciais em disfunções de movimento em mais de um plano.

5 – TRATAMENTO

5.1 - Introdução
O tratamento fascial é amplamente discutido e necessita de mais estudo que
justifiquem sua eficácia. Segundo Pedrelli39 a manipulação fascial é terapêutico pois
altera a aferência vinda desse tecido e consequentemente a eferência. Já, Chaudhry40
credita essa melhora de mobilidade observada após a manipulação do tecido fascial a
alteração viscoelástica causada por esse estresse. Essa alteração aconteceria devido a
“quebra” de ligações cruzadas na matriz extracelular.
O fato é que talvez a soma desses e outros fatores estejam relacionados na
melhora da mobilidade do tecido fascial após manipulação desse tecido. Ainda segundo

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Fáscias 1

Chaudhry40 após a manipulação observa-se uma alteração nas propriedades mecânicas


do tecido como alteração da rigidez e da viscosidade.
A proposta terapêutica para o tecido fascial divide-se em duas modalidades,
segundo Paoletti21, sendo as técnicas indiretas (por indução) e as técnicas diretas.
Para Ajimsha41 as técnicas fasciais indiretas devem ser aplicadas com uma carga
baixa e seu estresse de estiramento deve ser mantido por longa duração. Paoletti 21
considera que o tratamento da fáscia, na maioria das vezes, deve ser sutil, ou seja, a
tensão deve ser realizada na direção do ponto de fixação e esperar o relaxamento do
tecido. Essa pressão deve ser mantida por um a dois minutos e sentir o relaxamento
embaixo das mãos. Conforme o tecido for relaxando, novas tensões irão direcionar a
movimentação das mãos e a manipulação deve acompanhar essa alteração de direção.
Essa proposta, também denominada indução, podem ser utilizadas quando as
propostas diretas não puderem ser realizadas por dor.42
Earls e Myers43 apontam para os cuidados durante a aplicação dessas técnicas.
Segundo os autores, se for aplicado força demais na superfície da pele será gerado a
fusão das camadas e isso irá atrapalhará o deslizamento das mesmas. Dessa forma, os
autores salientam a importância de moldar as mãos e dedos usando apenas o suficiente
de tensão e pressão para atingir o tecido desejado, fato esse considerado como “atingir o
relacionamento com os tecidos”.
Já, com relação às técnicas diretas, diferenciadas por serem aplicadas com um
contato direto e firme sobre a região a ser tratada, na maioria das vezes com a ponta dos
dedos, busca restaurar a mobilidade de tecidos mais densos como ligamentos, mesos,
tendões e bandas fasciais (fascia plantar, por exemplo).
Tozzi44 sugere que essa aplicação deve durar um intervalo de tempo entre 90 e
120 segundos e aplicada na direção da restrição buscando a sensação de amolecimento
tecidual.
Paoletti21 divide as técnicas diretas fasciais em cinco métodos de aplicação
sendo descritas como técnicas de pressão, estiramento, deslizamento, ligamentares e
estruturais.

a-) As técnicas de pressão devem ser aplicadas sobre uma região pontual de tensão
(ponto de inserção de uma fáscia, por exemplo). Sua aplicação deve ser feita com o
polegares e deve ser mantida, acompanhando o relaxamento do tecido, ou seja,
conforme o tecido relaxa a pressão deve aumentar. Associada a tensão, o autor sugere

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Fáscias 1

que seja aplicada uma rotação e um pequeno deslizamento e rotação do polegar,


movimento denominado pressão de “moagem” (Fig. 5)

Figura 5: Exemplo técnica de pressão (Paoletti, 2006)21

b-) As técnicas de estiramento se aplicam sobre as bandas fasciais. Essa técnica,


basicamente, é realizada através dos contatos com as pontas dos dedos nas extremidades
a serem tratadas e em seguida realizar uma tração longitudinal na respectiva banda
fascial (Fig. 6).

Figura 6: Exemplo técnica de estiramento (Paoletti, 2006)21

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Fáscias 1

c-) As técnicas de deslizamento são aplicadas em grades fáscias e se baseiam no


deslizamento dos dedos com pressão moderada sobe as mesmas (Fig. 7).

Figura 7: Exemplo técnica de deslizamento (Paoletti, 2006)21

d-) As técnicas ligamentares são semelhantes as de deslizamento, com a particularidade


de serem aplicadas com o polegar e na direção perpendicular as fibras do ligamento a
ser tratado (Fig. 8).

Figura 8: Exemplo de técnicas ligamentares (Paoletti, 2006)21

e-) As técnicas estruturais estão relacionadas as pequenas e profundas fáscias que não
são possíveis serem palpadas, como por exemplo, os tecidos periarticulares. Dessa
forma, o tratamento desses tecidos deve ser realizado considerando as disfunções
somáticas que eles estão relacionados (Fig. 9).

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Fáscias 1

Figura 9: Exemplo de técnicas estruturais (Paoletti, 2006)21

5.2 - Técnicas de tratamento

5.2.1 - Técnica para a bainha abdominal:


Paciente em DL, osteopata atrás do paciente, com um contato “em L” sobre a
bainha do reto abdominal. Alinha as Crimp forms e vai liberando a fáscia nos 3 planos
de movimento (Técnica indireta). Finalizar ao sentir liberada a tensão tecidual.

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Fáscias 1

5.2.2 Técnica para liberação do retináculo:


Realizar Crimping( deslizamentos) nos 3 Planos de movimento, liberando as
tensões(Técnica direta). Finalizar a técnica ao sentir os planos de movimento liberados.

Técnica para liberação do retináculo (punho e tornozelo)

5.2.3 Técnica de liberação do canal do pudendo:


Palpar com a mão em gancho o canal de Alcock com a mão inferior e com a
mão superior fazer a conexão no canal. Com o corpo o osteopata realiza leves trações.
Liberar com técnica indireta. Encerra a técnica quando liberar a tensão do canal.

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Fáscias 1

5.2.4 - Técnica para a fáscia bucofaríngea:


Uma mão atrás do ECOM para palpar a faringe e o esôfago; a outra mão com os
dedos em pinça na região posterior do bucinador. Fazer uma dupla tração (para alinhar
as Crimp forms do colágeno). Pedir ao paciente para fazer extensão da cabeça e vai
liberando o deslizamento fascial com o movimento.

5.2.5 Técnica para a fáscia Clavipeitoral:


Com a região tenar da mão desliza abaixo da clavícula e os outros dedos
repousam na segunda, terceira, quarta e quinta costela. A outra mão, em pinça, segura o
hioide.
Realiza dupla indução. Termina a técnica no momento em que liberar a
transmissão de tensão entre as continuidades fasciais.

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Fáscias 1

5.2.6 Técnica para a fáscia de Tenon e fáscia epicraniana:


Uma mão na fascia epicraniana e a outra, com os 3 primeiros dedos, envolve os
olhos do paciente. Gera uma tensão através da Fáscia de Tenon até chegar nos dedos
que estão no olho. Realiza técnica indireta no sentido horário ou anti-horário.

5.2.7 Técnica para a fáscia do ECOM e peitoral maior:


Osteopata ao lado do paciente faz uma leve rotação da cabeça para o lado
contrário ao ser tratado; uma mão no ECOM e a outra no peitoral maior. Realiza uma

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Fáscias 1

dupla indução e segue a facilidade. Pode pedir respirações lentas e prolongadas para o
paciente. Pede o paciente para freiar o movimento de abdução horizontal do braço e vai
liberando a transmissão de forças entre as fáscias.

5.2.8 Fáscia do obliquo externo com peitoral maior:


Uma mão fica posicionada nas últimas costelas com os dedos no sentido do
púbis; a outra mão na região do peitoral maior.
Mantém o braço do paciente no máximo de flexão. Flete os 2 joelhos e quadril do
paciente e pede para ele ir fazendo o movimento de freiar a extensão dos joelhos.
Com as duas mãos em pré-tensão o osteopata vai transmitindo a tensão do peitoral para
o OE.

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Fáscias 1

5.2.9 Fáscia do obliquo interno com serrátil anterior:


Paciente em DL; uma mão do osteopata nas últimas costelas (na direção das
fibras do oblíquo interno) e a outra na região da inserção do serrátil anterior, logo a
frente do bordo lateral da escápula.
Faz uma pré-tensão e pede para o paciente fazer movimento com o braço de
abdução horizontal e rotação de tronco. Vai transmitindo a tensão do serrátil para o OI
(mãos posicionadas com os dedos na direção do esterno).

5.2.10 Fáscia do Omo Hióide:


Polegar no ligamento transverso da escápula e a outra mão, em pinça, na região
do hióide. Realiza rotação da cabeça do paciente para o lado contralateral, pré-estira e
pede para o paciente bocejar. Enquanto isso o osteopata vai liberando a tensão.

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Fáscias 1

5.2.11 Fáscia do subescapular:


Paciente em DL com a mão alinhada com os ombros (ver a foto), uma mão fixa
a inserção do subescapular no bordo costal da escápula e a outra mão fixa a inserção no
tubérculo menor do úmero. Pré-estiramento e pede para o paciente realizar os
movimentos de protusão escapular.

5.2.12 Fáscia do Supraespinhoso e infraespinhoso:


Paciente em DL com a mão alinhada com os ombros(ver a foto) uma mão fixa a
inserção do supraespinhoso (ou infraespinhoso) na região superior da escápula e a outra
mão fixa a inserção no tubérculo maior do úmero.
Pré-estira e pede para o paciente realizar os movimentos de protusão escapular.

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Fáscias 1

5.2.13 Fáscia Epicraniana com fáscia temporal:


Com os polegares cruzados nos parietais do paciente. Os 4 dedos pré-estiram a
fáscia temporal profunda. Pede ao paciente para realizar movimentos de abertura da
boca.

5.2.14 Fáscia Massetérica com Fáscia temporal:


Uma mão posicionada na fáscia temporal profunda e a outra mão na fáscia
massetérica, abaixo do arco do zigomático. Pré estira e pede para o paciente realizar
movimentos de abertura da boca. Vai liberando a transmissão de tensão.

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Fáscias 1

5.2.15 Fáscia do ECOM e do Peitoral maior:


Paciente em rotação cervical contralateral ao lado a se trabalhar; osteopata
posiciona uma mão no processo mastóideo e a outra abaixo da clavícula. Pré-estira e
pede para o paciente freiar o movimento de abdução horizontal do braço.

5.2.16 Fáscia ileo-pectínea:


Paciente em DL, uma mão do osteopata abaixo do ligamento inguinal e a outra
acima. O corpo do osteopata estabiliza a região da pelve do paciente.
Pré-estira e pede para o paciente realizar movimentos de extensão da coxa.

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Fáscias 1

5.2.17 Fáscia psoas e fáscia renal:


Paciente em DL e osteopata posicionado com o tronco estabilizando a pelve do
paciente. Com a mão cranial, o osteopata fixa o bordo inferior do rim. Com a outra mão
fixa o tendão do psoas abaixo do ligamento inguinal.
Pede ao paciente para realizar movimentos de extensão associada à adução da
coxa.

5.2.18 Fáscia Pterigóidea:


Com o terceiro dedo no pavilhão auditivo externo, o primeiro e o segundo em pinça no
arco do zigomático, o quarto dedo no processo mastóide e o quinto na base do occipital.
O terceiro dedo da outra mão no processo pterigóideo do esfenóide. Cria um pré-
estiramento e libera a tensão.

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Fáscias 1

5.2.19 Técnica para a fáscia tóracolombar:


Paciente sentado em duplo V com uma perna cruzada (do lado da Fáscia Glútea
a se trabalhar). O osteopata posicionado atrás do paciente com uma mão na fáscia glútea
a ser trabalhada e a outra mão no GD oposto.
O osteopata pré-estira as mãos e pede para o paciente realizar movimentos de
rotação do tronco para o lado da perna cruzada.

5.2.20 Fáscia do serrátil anterior com os rombóides:


Paciente em DL com o braço em Abdução de 90 graus.
O osteopata atrás do paciente com uma mão medial na escápula e a outra na
lateral a mesma- leva em pré-estiramento.
Pede para o paciente frear o movimento de adução horizontal da escápula e
abdução do braço a 90 graus enquanto vai liberando a transmissão de tensão.

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Fáscias 1

4.21 Membrana obturatória:


Paciente em supino com a perna a ser trabalhada sobre a coxa do osteopata.
Com o polegar o osteopata posiciona logo atrás do adutor (membrana
obturatória). A outra mão vai na região ao lado do púbis do paciente.
Com o corpo o osteopata traciona a perna do paciente e vai soltando a membrana
obturatória.

5.2.22 Palpação e técnica para o Piriforme:


Paciente em DL com o quadril fletido a 90 graus e a perna apoiada sobre a coxa
do osteopata. Uma mão do osteopata no ângulo ínferolateral do sacro e a outra sobre o
trocânter maior do fêmur.
O osteopata vai realizando movimentos de flexão com rotação medial da quadril
do paciente e vai liberando a tensão da fáscia do piriforme.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 45

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