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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Bases da Osteopatia
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................4
2 HISTÓRIA DA OSTEOPATIA ............................................................................................................................................5
3 OS PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA .................................................................................................................................9
3.1 A ESTRUTURA GOVERNA A FUNÇÃO .................................................................................................................9
3.2 UNIDADE DO CORPO ............................................................................................................................................10
3.3 AUTOCURA ..............................................................................................................................................................12
3.4 LEI DA ARTÉRIA (CIRCULAÇÃO E SAÚDE) .......................................................................................................12
4 RELAÇÕES ANATOMOFISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA........................................................................................13
4.1 SISTEMA NERVOSO E NEUROFISIOLOGIA ......................................................................................................13
4.1.1 SISTEMA NERVOSO MOTOR ....................................................................................................................................13
4.1.2 SISTEMA NERVOSO SENSORIAL ...............................................................................................................................15
4.1.3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO.............................................................................................................................20
4.1.4 NERVOS ESPINAIS ....................................................................................................................................................21
4.1.5 NERVO DE LUSCHKA (RAMOS RECORRENTES MENÍNGEOS DOS NERVOS ESPINAIS) ................................................22
5 DISFUNÇÃO SOMÁTICA ................................................................................................................................................23
6 FACILITAÇÃO MEDULAR ...............................................................................................................................................24
7 NEUROFISIOLOGIA DA FIXAÇÃO DA DISFUNÇÃO SOMÁTICA .............................................................................25
7.1 PAPEL DA FÁSCIA NA DISFUNÇAO SOMÁTICA ...............................................................................................26
7.2 HISTOLOGIA DA FASCIA .......................................................................................................................................26
8 AS REPERCUSSÕES DAS DISFUNÇÕES SOMÁTICAS ...........................................................................................27
9 FISIOLOGIA ARTICULAR................................................................................................................................................29
9.1 MOVIMENTOS ACESSÓRIOS – ARTROCINEMÁTICOS...................................................................................29
9.2 PRINCÍPIOS DE FRYETTE.....................................................................................................................................29
9.2.1 Princípio I de Fryette ...............................................................................................................................................29
9.2.2 Princípio II de Fryette ..............................................................................................................................................29
10 DISFUNÇÕES SOMÁTICAS VERTEBRAIS ..............................................................................................................29
10.1 DIFUNÇÃO FRS – 2ª lei de Fryette ........................................................................................................................29
10.2 DIFUNÇÃO ERS – 2ª lei de Fryette........................................................................................................................30
10.3 DISFUNÇÃO EM NSR .............................................................................................................................................30
11 HIPOMOBILIDADE / HIPERMOBILIDADE ................................................................................................................31
12 DIAGNÓSTICO DE UMA DISFUNÇÃO VERTEBRAL .............................................................................................31
12.1 TRIADE METAMÉRICA ...........................................................................................................................................32
13 DIAGNOSTICO OSTEOPATICO ................................................................................................................................33
13.1 ANAMNESE ..............................................................................................................................................................33
13.1.1 TIPOS DE DOR .....................................................................................................................................................33
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13.2 EXAME NEUROLÓGICO ........................................................................................................................................34


13.3 INSPEÇÃO DA ESTÁTICA E DA MOBILIDADE ...................................................................................................35
13.4 RADIOLOGIA ............................................................................................................................................................36
14 TÉCNICAS DE TRATAMENTO ...................................................................................................................................36
14.1 TÉCNICAS ESTRUTURAIS ....................................................................................................................................36
14.1.1 TÉCNICAS RÍTMICAS ............................................................................................................................................36
14.1.1.1 Técnicas de Stretching ............................................................................................................................36
14.1.1.2 Técnicas de Pompagem .........................................................................................................................36
14.1.1.3 Técnicas Articulatórias ............................................................................................................................37
14.1.1.4 Técnica de Tensão Mantida ...................................................................................................................37
14.1.1.5 Técnicas de Inibição ................................................................................................................................37
14.1.1.6 Bombeamento ..........................................................................................................................................37
14.1.1.7 Técnicas de Energia Muscular ...............................................................................................................37
14.1.1.8 Inibição e indução miofascial..................................................................................................................38
14.1.2 TÉCNICAS COM THRUST ......................................................................................................................................38
14.1.2.1 Tipos de Thrust ........................................................................................................................................39
Técnicas Indiretas.....................................................................................................................................................39
Técnicas Diretas .......................................................................................................................................................39
Técnicas Semidiretas: ..............................................................................................................................................39
14.2 TÉCNICAS FUNCIONAIS........................................................................................................................................39
14.2.1 Técnicas dos Pontos Gatilhos de Jones: ...............................................................................................................39
15 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................................................39
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1 INTRODUÇÃO

A Osteopatia é uma técnica de tratamento desenvolvida pelo médico Americano Dr. Andrew Taylor Still que
visa corrigir as alterações de mobilidade das articulações e dos tecidos moles de forma geral. O tratamento
e o estudo da Osteopatia são totalmente baseados em anatomia, fisiologia e biomecânica. A técnica utiliza
a avaliação dos movimentos articulares e teciduais como base, levando a um diagnóstico preciso sobre os
problemas enfrentados pelo paciente. As mobilizações e manipulações são a base do tratamento
osteopático.

A palavra Osteopatia é derivada do grego, em que “osteon” significa osso e “pathos” significa efeito que vem
do interior. Still acreditava que as disfunções ocorriam quando os tecidos do corpo perdiam sua mobilidade
ideal. Ao corrigir a mobilidade normal dos tecidos, a disfunção desaparece e o corpo, por meio de seu
sistema imunológico, consegue a correção do problema.

A Osteopatia é dividida em 3 grandes áreas: Osteopatia Estrutural, Osteopatia Craniana e Osteopatia


Visceral.

Osteopatia Estrutural

A Estrutural é responsável por avaliar e tratar os problemas de movimento dos tecidos do sistema
musculoesquelético. Avaliando e intervindo sobre ossos, articulações, fáscias, músculos, ligamentos,
cápsula articular, meniscos e todos os outros tecidos que compõem o sistema. As técnicas de avaliação são
sempre sutis e precisas, auxiliando o fisioterapeuta a determinar o problema e o tecido comprometido,
podendo, desta forma, aplicar uma técnica específica para cada tipo de tecido de forma segura.

Osteopatia Craniana

A Craniana é responsável por avaliar e tratar os movimentos dos tecidos cranianos, principalmente pela
relação dos ossos do crânio com a meninge dura-máter. William Sutherland foi o responsável pelo
desenvolvimento da Osteopatia Craniana ao perceber que compressões nos ossos do crânio poderiam
produzir prejuízos funcionais estruturais e alterações comportamentais nos indivíduos. A mobilidade da
meninge e fáscias cranianas estão relacionadas com as tensões que a produção e reabsorção do líquido
cérebro-espinal produz nesses tecidos. Se existe alguma tensão nos tecidos envolvidos nessa região, o
sistema nervoso autônomo, nervos cranianos e vascularização encefálica também podem sofrer tensões,
produzindo inúmeros sintomas como dores, alterações no funcionamento dos sistemas autonômicos. Um
exemplo é o prejuízo na função dos órgãos inervados pelo n. vago que passa no forame jugular e pode ser
comprometido pelas tensões fasciais, alterações na vascularização e funcionamento encefálico, entre
muitas outras.

As manipulações cranianas possuem função de restabelecer o funcionamento normal das suturas,


normalizar as tensões entre os tecidos do crânio, diminuir estímulos nociceptivos dos mecanorreceptores
das suturas, diminuir tensão da dura-máter, melhorar a vascularização encefálica, entre outras.

Osteopatia Visceral

A Visceral trata dos problemas de mobilidade das vísceras e de suas fáscias circundantes. Ao produzir
diminuição na tensão dos tecidos viscerais, ocorre melhora na função, na vascularização, diminuição de dor,
diminuição de aderências teciduais e de espasmos dos músculos lisos que compõem os órgãos. Apesar da
pouca relação do Fisioterapeuta com as vísceras, é uma área de muita importância para o Fisioterapeuta
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Osteopata, sendo fundamental o seu estudo e sua relação com as outras grandes áreas da Osteopatia, a
Craniana e Estrutural.

Durante a respiração e outros movimentos, as vísceras tendem a se movimentar, bem como durante seu
funcionamento normal, como os movimentos peristálticos. Disfunções somáticas, cicatrizes, infecções,
alterações no funcionamento do sistema nervoso autônomo podem repercutir sobre o tônus das vísceras,
modificando seu funcionamento e provocando a dor referida.

As manipulações viscerais produzidas pelo Fisioterapeuta Osteopata têm a função de diminuir o espasmo
da musculatura lisa, diminuir tensão das fáscias que recobrem as vísceras e se ligam em outros órgãos,
diminuir a dor, melhorar a vascularização e eliminar dor referida.

A Osteopatia é reconhecida no Brasil como uma especialidade da fisioterapia (Resolução 220, 23/05/01).
Fisioterapeutas bem treinados com a Osteopatia podem produzir inúmeros benefícios para seus pacientes,
conseguindo solucionar casos simples e complexos de forma rápida e precisa.

O estudo teórico da Osteopatia é fundamental para o entendimento e conhecimento da técnica, entretanto,


quanto mais o fisioterapeuta treinar e praticar, mais sensíveis e técnicos serão seus movimentos, avaliações
e tratamentos.

2 HISTÓRIA DA OSTEOPATIA

Figura 1: Andrew Taylor Still (ATS) viveu de 1828 a 1917– pai e criador da Osteopatia

Dr. Andrew Taylor Still (ATS), médico norte americano que viveu de 1828 a 1917, foi o criador desse método
de medicina natural. Como um visionário, divorciou-se da filosofia de avaliação e tratamento de sua época,
principalmente do “mercantilismo das drogas”, como ele chama o mercado de medicamentos. ATS
abandonou totalmente a alopatia e criou a Osteopatia, uma ciência que se desenvolve cada vez mais desde
seus primórdios até hoje. Isso porque ela se baseia no profundo estudo da anatomia e fisiologia humana,
conhecimentos que a ciência avança vertiginosamente com o tempo. A Osteopatia revolucionou a forma de
pensar em como o ser humano adoece, e de que forma o terapeuta pode ajudá-lo a devolver sua saúde de
forma integrada, enxergando o corpo, seus diferentes sistemas e membros como partes de um organismo
totalmente integrado e entrelaçado. A Avaliação e o Tratamento Osteopático buscam integrar o corpo, este
visto como um todo indivisível, capaz de gerar sua própria AUTO-CURA.

ATS nasceu em Lee County, Virginia, EUA. Filho de Abram Still, pastor metodista e médico. Como pastor,
seu pai mudou-se diversas vezes no período de 1834 a 1841, levando sua família consigo. Até que em 1851,
foi designado a se mudar para Kansas devido aos seus sermões abolicionistas que pregava no Missouri
onde moravam, estado este que era a favor do trabalho escravo na época. Em 1853, ATS já casado e com
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2 filhos, mudou-se com a família também para o Kansas, foi quando ele decide se tornar médico. Nestes
tempos o profissional recebia treinamento acompanhando e trabalhando com um mais experiente, assim
como estudando os livros de medicina. Não se tem registros oficiais, mas parece que ATS recebeu
treinamento formal em uma escola sediada em Kansas City.

Still trabalhou com os feridos da guerra civil no Kansas-Nebraska, por volta de 1854, época que os
assentados no estado podiam decidir pelo trabalho escravo ou não. Dr. Still atendia feridos da guerra e
pegou armas em punho a favor da causa, o fim do trabalho escravo. A guerra durou anos até que em 1861
Kansas foi admitido como um Estado livre. Em 1864 ele debanda do regimento que lutava contra as forças
Confederativas da Guerra Civil norte-americana. De volta à sua casa, ele luta novamente, mas agora com
crises pessoais e existenciais. Ele perde sua esposa, por complicações no parto, depois 2 de seus filhos por
meningite espinhal, casa novamente e também perde sua segunda esposa com pneumonia.

Ele encara uma crise emocional profunda e se questiona muito sobre sua incapacidade em atender bem os
feridos das guerras assim como seus familiares. Esse ambiente o fez questionar os métodos que usava até
então e sair em busca de novas possibilidades terapêuticas, com métodos novos e mais eficazes. É nesse
momento que ATS inicia sua busca que culminaria na criação da Osteopatia.

ATS busca novos caminhos terapêuticos se aprofundando no estudo da Anatomia, dessa forma, vai
procurar respostas na anatomia, passa a acreditar piamente que o organismo é capaz de curar a si mesmo
sem a utilização de drogas. A chave mestre de seu novo tratamento é: encontrar e corrigir os desvios
anatômicos para que eles não interfiram no livre fluxo de sangue, assim como na “força nervosa” do corpo.

Figura 2: Still na sala de estudos da American School of Osteopathy (ASO)

Como toda nova forma de pensamento que ia de encontro aos métodos tradicionais de medicina, a
Osteopatia desde seus primórdios, teve muita oposição pelas suas novas teorias e técnicas de tratamento.
A igreja local dizia que suas técnicas manuais eram como sacrilégio. Seus irmãos o criticavam muito por
afastar pacientes, por ele negligenciar sua família e sua fazenda, para correr atrás de suas “ideias malucas”.

Still tenta levar sua nova filosofia de tratamento para a Backer University, faculdade que sua família ajudou
a fundar, mas não obteve sucesso. Em 1874 mudou-se para Macon no Missouri, na tentativa de aceitarem
melhor suas ideias. Sem êxito também, ele se muda para Kirksville. Finalmente encontra um pouco de
aceitação e monta um consultório na cidade em 1875. Anunciando-se como curandeiro magnético, ajustador
de ossos, foi atendendo mais e mais pacientes, percorrendo muitas vezes grandes distâncias, até que em
1885 ele nomeia como Osteopatia seu trabalho, após ter ajudado a curar uma série de pacientes sem
esperança.

Figura 3: Dr. Still demonstrando um tratamento cervical


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Ele precisava de ajudantes, pois não conseguia mais atender a tantos pacientes que o procuravam. Foi
quando inaugurou a American School of Osteopathy (ASO), em 1892. Sua primeira turma era de 21 alunos,
16 homens e 5 mulheres, sendo 3 filhos do Dr. Still e um de seus irmãos. Eles se formaram em 1894.

Figura 4: Primeira escola de Osteopatia - 1892

A escola se tornou um grande sucesso. Foi crescendo e seu prédio também. Em 1895 mais de 30.000
atendimentos foram realizados na enfermaria da escola. Aumentava cada vez mais o número de pessoas
que vinham de outros lugares para serem tratadas em Kirksville. Subiram o número de trens que vinham à
cidade devido à grande procura pela Osteopatia.

ATS permaneceu ativo até seus 89 anos, quando foi acometido por um AVC em 1914. Veio a falecer em 12
de dezembro de 1917. Ele deixou nessa época 3000 membros de sua escola ASO. Alguns de seus alunos
saíram dos EUA e levaram a Osteopatia pelo mundo.

Muitos alunos pressionavam Still para que ele escrevesse sobre os preceitos de seu método terapêutico
revolucionário, porém durante muito tempo ele não se convenceu dessa necessidade. Muitos ex-alunos
oportunistas fizeram isso por ele, mas de forma deturpada, como se a Osteopatia utilizasse medicamentos
no tratamento dos pacientes, e ATS se viu na obrigação de escrever 3 livros para que deixasse todas as
verdadeiras diretrizes que regem a Osteopatia “original” até hoje. Por isso que atualmente existem algumas
linhas de escolas de osteopatia nos EUA que utilizam cirurgia e medicamentos no tratamento osteopático;
estas não respeitam nem fazem parte da linhagem original desenvolvida por ATS.

Seus 3 livros foram: “Autobiography of Andrew Taylor Still” 1887; “Philosophy of Osteopathy” 1899 e
“Osteopathy Research and Practice” 1910.
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O que um estudante de Osteopatia precisa saber?

A filosofia osteopática está embasada nos princípios que Andrew Taylor Still construiu ao longo do
desenvolvimento do raciocínio osteopático.

Muitos alunos perguntavam a Still: “O que um aluno de Osteopatia deve contemplar nos estudos dessa
ciência? ATS dizia: “um aluno que deseja contemplar o estudo dessa ciência, e pergunta o que é necessário
para estudá-la, eu desejo fixar isso na sua cabeça, você começa com Anatomia, e termina com Anatomia.
O conhecimento de anatomia é tudo o que você quer ou precisa. É tudo o que você pode usar e sempre vai
usar em sua prática diária. ”

Ele compara o Osteopata com um pintor. “Carregue com você imagens vivas de toda ou qualquer parte do
corpo, como um pintor faz com a imagem que ele deseja representar através de seu pincel, um rosto, a
natureza. “Mantenha imagens vivas o tempo todo em sua mente, para que possa ver as articulações,
ligamentos, músculos, glândulas, artérias, veias, linfáticos, fáscia superficial ou profunda, todos os órgãos,
como eles são alimentados, o que eles devem fazer, e o que acontece se eles não o fazem adequadamente
e no tempo correto. E me sinto livre para dizer aos meus alunos, mantenham suas mentes cheias de imagens
vivas do corpo normal e saudável, enquanto tratando seus pacientes”. O Dr. Still valorizou como ninguém o
estudo aprofundado da anatomia, de tal forma que o Osteopata consiga visualizar o paciente por dentro
enquanto atendendo, sabendo avaliar o que é normal e o que é desvio anatômico (disfunção somática), e
então buscar a normalização dos desvios anatômicos encontrados nos pacientes, e deixar a natureza fazer
sua parte.

Quando ele decidiu buscar novas possibilidades terapêuticas que provessem resultados mais satisfatórios,
ele aprofundou seus estudos principalmente na Anatomia. Mas o que ATS queria dizer por Anatomia? Em
seu livro Philosophy of Osteopathy, ele explica melhor seu significado para o Osteopata.

Primeiramente ele indica a (1) Anatomia descritiva, que consiste no conhecimento profundo de todos os
tecidos do corpo: os ossos e seus acidentes, conformações articulares e artrologia, os ligamentos, cápsulas
articulares, todos os músculos e suas fáscias superficiais e profundas, e como elas se comunicam entre si.
Todos os órgãos, seus componentes fasciais, seus respectivos funcionamentos e como eles podem interferir
na saúde do organismo caso não estejam bem. Glândulas e suas funções. Todo o suprimento sanguíneo,
os leitos arteriais, venosos e linfáticos, que vão fazer a nutrição de todos os tecidos e células do corpo, e o
que pode acontecer se isso não ocorrer de forma correta e satisfatória. Toda a estrutura neuroanatômica do
SNC (Sistema Nervoso Central), SNP (Sistema Nervoso Periférico) e SNA (Sistema Nervoso Autônomo).

Outro conhecimento fundamental para se obter sucesso com Osteopatia é o da (2) Fisiologia; o
funcionamento de todos os sistemas do organismo e a interface entre eles, como os fluídos do corpo
circulam, chegam até os pulmões para se purificar, caem no coração e saem para a grande circulação.
Como a força nervosa do organismo é fundamental para que o comando dos efetuadores (órgãos, glândulas,
músculos), seja pleno e harmônico.

Da fisiologia parte-se para a (3) Histologia; como a microcirculação microscopicamente acontece, passando
dos leitos capilares arteriais os nutrientes e oxigênio para o líquido extracelular, deste para o intracelular.
Das células, os dejetos metabólicos voltam para o líquido extracelular, e deste vai para os capilares venosos.
Esse caminho circulatório liberado faz toda a diferença para a manutenção da saúde e combate às doenças.
Lembrando que todo esse conhecimento é uma parte da Anatomia.

Posteriormente se estuda as (4) doenças e alterações funcionais; aprende-se a encontrar as alterações


anatômicas que não permitem que a força nervosa do corpo esteja plena nem o livre fluxo de sangue.
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Entende-se por “força nervosa” a capacidade dos nervos em conduzir plenamente as aferências e
eferências.

Aprendido o diagnóstico, o osteopata aprende a (5) corrigir essas disfunções somáticas (articulares, fasciais,
circulatórias e nervosas). Após realizados os ajustes necessários, é a hora do corpo humano fazer sua parte
através da auto cura dos pacientes.

Todos esses processos de ensino são diferentes formatos da mesma Anatomia, segundo Still.

3 OS PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA

Podemos enumerar 4 conceitos principais da osteopatia:

3.1 A ESTRUTURA GOVERNA A FUNÇÃO

“Ordem e saúde são inseparáveis. Quando existe ordem em todas as partes, a doença não pode prevalecer.
” (ATS). Quando estão presentes os desvios anatômicos, as disfunções somáticas, hipomobilidades
articulares e fasciais nos músculos e vísceras, assim como nas chamadas membranas de tensão recíproca
(que ligam o crânio ao sacro, incluindo a dura-máter), isso desorganizará a função local e à distância.

Figura 5: anatomia da região do diafragma, fígado e sistema intestinal

Vamos utilizar um exemplo de disfunção somática hepática. Quando o fígado e suas fáscias entram em
hipomobilidade, ou seja, as fibras de colágeno ao redor do fígado, principalmente fibras diafragmáticas,
criam uma densificação. O Fígado é o vizinho logo abaixo do principal músculo da respiração, que
frequentemente entra em aderência colagenosa transmitida ao órgão hepático. O fígado recebe todo o
retorno venoso do sistema porta, que traz o sangue dos intestinos desde o plexo hemorroidal. No caso de
uma disfunção somática hepática (hipomobilidade fascial), alterando a mobilidade e motilidade do órgão,
afetará a circulação e inervação, o sistema porta poderá entrar em insuficiência, gerar desde hemorroidas
até mesmo alterações intestinais. A inervação diafragmática é C3-C4 – nervo frênico, e seu dermátomo da
cúpula D corresponde ao topo do ombro D (C3-C4), muitas vezes o paciente apresenta uma dor no ombro
D por uma disfunção conjunta do fígado e diafragma, e ou apresenta hemorroidas interna ou externa. A
estrutura governa a função!

Figura 6: inervação do diafragma e da região cervical.


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3.2 UNIDADE DO CORPO

A unidade do corpo se faz muito presente pela interconectividade fascial, pois a fáscia é um tecido
onipresente em todo o organismo. Os músculos estão todos contidos em sacos miofasciais, todos
interconectados, propagando as tensões ao longo de toda a rede de colágeno e elastina. As fáscias
compõem uma trama tecidual que não tem começo e não tem fim. Além disso, dependendo do bloqueio
articular, a força nervosa poderá estar afetada (alteração neurológica metamérica), alterando os efetuadores
(músculos, órgãos, glândulas). As tensões fasciais e os bloqueios articulares afetam diretamente a
vascularização local e à distância, assim como podem gerar a alteração metamérica pela disfunção somática
(dermátomo, miótomo, esclerótomo, angiótomo e viscerótomo).

Figura 7: união dos sistemas pelos tecidos

As Vísceras estão contidas no chamado tendão central. O tendão central consiste na rede miofascial que
envolve as fáscias ao redor dos órgãos, peritônios parietal e visceral, o diafragma, o pericárdio e pleuras
visceral e parietal. Todos esses tecidos entrelaçam-se entre si, formam um tendão único denominado tendão
central, que pode levar a alterações estruturais das vísceras até a coluna, assim como os bloqueios
articulares e tensões miofasciais chegam até as vísceras, formando a Unidade do Corpo. Como um efeito
dominó.
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Os escalenos são contínuos à pleura e aos ligamentos vértebropericárdicos. Pulmões e coração apresentam
suspensórios presos à coluna torácica e costelas. O diafragma se une às 6 últimas costelas, e pelos seus
pilares às vértebras lombares. Seus orifícios internos dão passagem aos maiores vasos sanguíneos do
corpo, aorta e veia cava, podendo afetar, se tensionado, toda a hemodinâmica e circulação e purificação do
sangue pelo corpo todo, além da passagem do esôfago que em seguida formará a cárdia do estômago, local
que pode se alterar e formar as hérnias de hiato, refluxo. No momento adequado, estudaremos o tendão
central como um todo e suas conexões importantes.

Figura 8: ligamentos pericárdicos

A musculatura posterior do corpo forma a chamada cadeia muscular posterior, composta pelos músculos da
fáscia plantar, seguido pelo tríceps sural, que se une aos isquiotibiais mediais (semitendíneo e
semimembranáceo), e lateral bíceps femoral, que terminam no ísquio e ligamento sacrotuberal, seguindo
pelo músculo eretor da espinha, terminando nos músculos posteriores do pescoço seguindo pela fáscia
epicraniana. Quando houver um bloqueio articular ou fascial em qualquer parte desta cadeia, o que pode
haver é a propagação dessa tensão pela cadeia miofascial, podendo gerar hipersolicitações posturais e
biomecânicas à distância. O osteopata avalia as cadeias miofasciais para diagnóstico do bloqueio tensional
causador (disfunção primária), que gera as consequências normalmente no local em que as dores se
encontram (disfunção secundária).

Figura 9: Cadeia Miofascial Posterior


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3.3 AUTOCURA

Figura 10: Dr. Still

“Encontre-as, trate-as, e deixe-as sozinhas” (as disfunções e desvios anatômicos). Para Still o organismo
tem todas as ferramentas necessárias para reaver sua saúde, a homeostase. A Osteopatia atua para liberar
os entraves que não permitem o fluxo normal e natural da saúde. Isso significa que o osteopata vai em busca
dos bloqueios fasciais e articulares que não permitem ao organismo manter ou reaver sua homeostase,
como consequência, o sangue e o sistema nervoso/endócrino do corpo não funcionam adequadamente.

“Como osteopata você nada mais faz do que ajustar uma condição anormal, a natureza fará o resto. ” (ATS)

3.4 LEI DA ARTÉRIA (CIRCULAÇÃO E SAÚDE)

ATS enfatiza muito a importância da circulação para a manutenção e recuperação do organismo. Os rios da
vida, o leito arterial, venoso e linfático, carregam a capacidade regenerativa e mantém o organismo saudável
e em homeostase.

Figura 11: Sistema capilar - troca de nutrientes e substancias


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O livre fluxo de sangue entre os capilares arteriais e venosos depende da qualidade estrutural da fáscia
(fibras de colágeno) ao redor das células, assim como da hidratação da substância fundamental amorfa
circundando as células, que é algo em torno de 60% de água.

O trabalho de harmonização miofascial resulta na melhora hemodinâmica, favorecendo a auto cura (lei da
artéria). A liberdade de passagem do sangue para o líquido extracelular (LEC), e do LEC para o líquido
intracelular (LIC), assim como o caminho inverso, é fundamental para a manutenção da homeostase e
equilíbrio do organismo.

4 RELAÇÕES ANATOMOFISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA

As bases da Osteopatia estão fundamentadas nas relações anatomofisiológicas do corpo humano, dessa
forma, algumas estruturas devem ser revistas para o bom entendimento do método.

4.1 SISTEMA NERVOSO E NEUROFISIOLOGIA

4.1.1 SISTEMA NERVOSO MOTOR


Para estudar o sistema nervoso, diferentes critérios podem ser empregados a fim de realizar a sua divisão.
Esses critérios incluem, por exemplo, a divisão considerando aspectos anatômicos, embriológicos ou
funcionais. Quando realizamos a divisão do sistema nervoso utilizando os critérios funcionais como
parâmetro, dividimos esse sistema em duas porções: sistema nervoso motor e sistema nervoso sensorial.

O sistema nervoso motor é formado por diferentes tipos celulares, incluindo os motoneurônios e os
interneurônios. Os interneurônios são células que apresentam axônio pequeno e realizam sinapses
próximas de seu soma (corpo celular). Como os interneurônios podem realizar sinapses excitatórias ou
inibitórias, eles possuem papel extremamente relevante na modulação de sinapses.

Figura 12: tipos de neurônios


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Fonte: STANDRING S. Anatomia, A Base Anatômica da Prática Clínica. 2008.

Por sua vez, os motoneurônios são células que deixam o sistema nervoso central (SNC) para realizar a
inervação dos músculos esqueléticos do organismo. Esses neurônios originam-se da raiz anterior da medula
espinal ou do tronco encefálico. Os motoneurônios que saem da medula espinal são responsáveis por
realizar a inervação de músculos dos membros inferiores e superiores, além de parte dos músculos do
pescoço. Já os neurônios que tem como origem o tronco encefálico, além de serem responsáveis pela
inervação de parte da musculatura do pescoço, também realizam a inervação dos músculos da cabeça.

Os motoneurônios podem ser divididos em três tipos: Motoneurônios α, motoneurônios β e motoneurônios


γ. Os motoneurônios α deixam o SNC para realizar a inervação efetiva das fibras musculares e comandar a
contração muscular. Os motoneurônios β são responsáveis pela inervação de fibras musculares modificadas
que irão formar o fuso muscular. Já os motoneurônios γ são células que possuem propriedades
intermediárias e realizam a inervação de tanto de fibras musculares comuns, quanto das fibras do fuso
muscular.

Conforme descrito anteriormente, os Motoneurônios α quando saem da raiz anterior da medula espinal, tem
como destino as fibras musculares esqueléticas. O motoneurônio e as fibras musculares por ele inervadas
constituem as chamadas unidades motoras. As unidades motoras são recrutadas durante o processo de
contração muscular, considerando basicamente calibre neuronal e a propriedade do potencial de ação,
denominada princípio do tudo ou nada.

O princípio do tudo ou nada refere-se à necessidade que o estímulo aplicado no neurônio seja capaz de
atingir o limiar de excitação dessa célula, que é o valor mínimo do potencial de membrana que precisa ser
atingido para que tenhamos o disparo do potencial de ação. Se esse limiar de excitação não é alcançado, o
neurônio mantém sua condição de repouso celular.

Em relação ao calibre neuronal, durante o processo de contração muscular, inicialmente temos o


recrutamento dos neurônios de menor corpo celular, que apresentam maior excitabilidade, sendo que
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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posteriormente, os neurônios maiores são recrutados. Essa ordem de recrutamento está relacionada com o
ajuste fino do movimento e com a coordenação motora.

4.1.2 SISTEMA NERVOSO SENSORIAL


Além dessa porção motora do sistema nervoso, funcionalmente o sistema nervoso também é composto por
uma parte sensorial, responsável por realizar a interação do organismo com o ambiente em que está
inserido. Essa porção do sistema nervoso inclui diferentes tipos de receptores espalhados no corpo, cada
um com funções específicas. Esses receptores incluem os mecanoceptores, quimioceptores, fotoceptores,
nociceptores e termoceptores.

Figura 13: sistemas sensoriais e receptores

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010.

O processo de funcionamento do sistema nervoso sensorial é dependente de um evento denominado de


transdução. A transdução é caracterizada pela transformação da energia do ambiente em potenciais
bioelétricos na membrana do receptor. Além desse receptor, o processamento dessa informação sensorial
inclui também a necessidade de outros neurônios que conduzem a informação ao SNC para processamento.

Essas células são denominadas de neurônios de segunda ordem e neurônios de terceira ordem. Os
neurônios de segunda ordem projetam-se para núcleos talâmicos específicos, onde irão realizar sinapse
com os neurônios de terceira ordem. Além do tálamo, outro destino dos neurônios de segunda ordem é o
cerebelo.

Para as técnicas utilizadas em Osteopatia, os mecanoceptores e os nociceptores são os receptores


sensoriais mais importantes. Os mecanoceptores podem ser de diferentes tipos, cada um com
especificidade para detectar determinados tipos de estímulos. Dentre os mecanoceptores existentes,
podemos citar os corpúsculos de Meissner, os corpúsculos de Pacini, os discos de Merkel e os corpúsculos
de Ruffini.

Figura 14: Mecanoceptores


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010.

Além dos diferentes tipos de estímulos que cada um desses receptores detecta, outros critérios também
podem ser empregados para analisar o seu funcionamento, como o tempo de adaptação e o campo
receptivo.

A adaptação é um processo que ocorre nos receptores, uma vez que eles não são capazes de sustentar o
potencial receptor por períodos prolongados, mesmo que o estímulo persista. O tempo de adaptação é
diferente quando analisamos os tipos de receptores existentes no organismo. Alguns receptores apresentam
um tempo rápido de adaptação, enquanto outros são de adaptação lenta.

O campo receptivo refere-se à área em que um estímulo consegue desencadear um potencial bioelétrico no
receptor. Considerando o campo receptivo, os receptores podem ser classificados em tipo I e tipo II.

Figura 15: Tipos de campo receptivo

Fonte: KOEPPEN BM, STANTON BA. Berne e Levy – Fisiologia, 2009.

Os receptores do tipo I são caracterizados por possuírem um pequeno campo receptivo, em formato oval e
bem delimitado, sendo localizados em regiões de pele glabra. Já os receptores do tipo II são caracterizados
por possuírem um campo receptivo mais amplo e com bordas pouco delimitadas.
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Os corpúsculos de Meissner e os discos de Merkel estão localizados na epiderme, e são sensíveis a pressão
vibratória e pressão estática, respectivamente. Os corpúsculos de Meissner são de adaptação rápida e
apresentam campo receptivo do tipo I. Os discos de Merkel são receptores que se adaptam mais lentamente
e também possuem campo receptivo do tipo I.

Os corpúsculos de Ruffini e Pacini são responsáveis pela detecção de uma variedade maior de estímulos,
entretanto, na maior parte das vezes são acionados por estímulos de pressão, sendo que para os
corpúsculos de Pacini, o estímulo é a pressão vibratória. Ambos são mais profundos que os corpúsculos de
Meissner e os discos de Merkel, por isso, são ativados em estímulos mais intensos.

Os corpúsculos de Ruffini apresentam adaptação lenta, enquanto que os corpúsculos de Pacini são de
rápida adaptação. Ambos são receptores de campo receptivo do tipo II. A figura abaixo mostra as variações
morfológicas que existem entre esses receptores.

Figura 16: Variações morfológicas dos receptores

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010.

Quando estes receptores são estimulados, a informação é levada para raiz dorsal da medula espinal e
ascendem na direção do bulbo. Antes, porém, realizam sinapse com neurônio de segunda ordem em núcleos
da coluna dorsal. Quando as informações são originadas das porções inferiores do corpo e dos membros
inferiores, o núcleo da coluna dorsal envolvido é o núcleo grácil. Se as informações provêm dos membros
superiores e da porção superior do corpo, o destino é o núcleo cuneiforme.

Conforme descrito anteriormente, nesses núcleos da coluna dorsal são encontrados os neurônios de
segunda ordem. Os axônios dos neurônios de segunda ordem saem do núcleo e formam as fibras arqueadas
internas, que cruzam a linha média na altura do bulbo e formam o lemnisco medial.

Essas fibras dirigem-se para o tálamo, na região do núcleo ventral posterolateral. Ao chegar no tálamo,
esses neurônios realizam sinapse com os neurônios de terceira ordem, que tem como destino o córtex
somatossensorial, para que a informação finalmente possa ser interpretada.
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Além desses receptores, na musculatura esquelética também encontramos dois tipos importantes de
receptores sensoriais, que informam constantemente o SNC acerca do estado do músculo esquelético.
Esses receptores são o fuso muscular e o órgão tendinoso de Golgi.

Figura 17: lemnisco medial

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010.

O fuso muscular é um receptor formado por oito a doze fibras musculares modificadas, que são envolvidas
por uma cápsula de tecido conjuntivo, e está disposto em paralelo com as fibras musculares. As fibras do
fuso podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a disposição de seu núcleo.

As fibras do fuso que apresentam o núcleo centralizado são denominadas de fibras de bolsa nuclear e
dividem-se em Bag 1 e Bag 2. As fibras do fuso muscular que apresentam o núcleo alongado são
denominadas de fibras com cadeia nuclear. Considerando os aspectos funcionais, as fibras do tipo Bag 2
são muito semelhantes as fibras com cadeia nuclear. As fibras do fuso muscular apresentam inervação
sensorial e motora. A inervação sensorial pode ser feita por dois tipos diferentes de fibras nervosas: Fibras
do tipo Ia e fibras do tipo II. As fibras aferentes do tipo Ia apresentam maior diâmetro, o que permite que
essas fibras conduzam o impulso em alta velocidade. Essas fibras realizam a inervação de ambos os tipos
de fibras do fuso muscular. As fibras do tipo II apresentam tamanho intermediário, sendo mais lentas que as
fibras do tipo Ia. Essas fibras são responsáveis pela inervação das fibras Bag 2 e das fibras com cadeia
nuclear.

Figura 18: Fuso Muscular


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Fonte: KOEPPEN BM, STANTON BA. Berne e Levy – Fisiologia, 2009.

Os motoneurônios γ, conforme informado anteriormente, são responsáveis pela inervação das fibras do fuso
muscular. Esses motoneurônios podem ser divididos em dois tipos: motoneurônios γ dinâmico, responsável
pela inervação das fibras do fuso denominadas de Bag 1 e o motoneurônios γ estático, responsável pela
inervação das fibras Bag 2 e das fibras com cadeia nuclear. Quando esses motoneurônios disparam, as
fibras do fuso muscular irão contrair.

Esse receptor sensorial é de extrema importância para o funcionamento da musculatura, já que informa o
SNC sobre a variação do comprimento da musculatura.

Outro importante receptor sensorial que encontramos na musculatura é o órgão tendinoso de Golgi (OTG).
O OTG é um receptor formado por fibras de colágeno entrelaçadas, que estão localizadas entre o ventre
muscular e o tendão, sendo que sua disposição é em série com as fibras musculares. Esse receptor
apresenta inervação aferente realizada pelas fibras do tipo Ib, que são calibrosas, e apresentam velocidade
de condução do impulso similar a fibra Ia. O OTG é responsável pela informação do SNC acerca da tensão
que está sendo aplicada na musculatura. Quando uma tensão excessiva é aplicada no músculo, o OTG
informa ao SNC, que por sua vez irá promover o relaxamento da musculatura agonista, do movimento que
está sendo executado.

Figura 19: Órgão Tendinoso de Golgi


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010.

4.1.3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO


Conforme descrito anteriormente, o sistema nervoso periférico apresenta uma porção sensitiva e outra
motora. A porção sensitiva está relacionada com a detecção de uma vasta diversidade de estímulos, que
são conduzidos ao sistema nervoso central para interpretação.

Por sua vez, a parte motora é responsável por efetuar as ordens que saem do SNC. O Essa parte motora é
dividida em sistema nervoso somático, caracterizada por um controle voluntário pelo indivíduo, e em sistema
nervoso autônomo (SNA), cuja função é realizar o controle das funções viscerais.

O sistema nervoso autônomo é formado por nervos que se originam da medula espinal e do tronco
encefálico, realizando comunicação com quase todos os órgãos e tecidos que constituem o organismo.
Apesar do nome, essa porção do sistema nervoso não completamente independente, já que suas ações são
controladas pelo SNC.

A divisão clássica do SNA descreve uma parte denominada sistema nervoso simpático e outra como sistema
nervoso parassimpático. Existem várias diferenças quando realizamos a comparação entre essas duas
porções. Parte dessas diferenças envolvem questões anatômicas, como por exemplo, a origem dos nervos.
No caso do sistema nervoso simpático, a origem dos nervos é na medula toracolombar, enquanto que no
sistema nervoso parassimpático, os nervos têm origem no tronco encefálico e na porção sacral da medula
espinal.

Outra diferença que podemos verificar é o tamanho do axônio dos neurônios. No sistema nervoso simpático,
os neurônios pré-ganglionares possuem axônio curto, enquanto que os neurônios pós-ganglionares
apresentam axônio longo. Já o sistema nervoso parassimpático apresenta neurônios pré-ganglionares
longos e neurônios pós-ganglionares de axônio curto.

Figura 20: Comparação Sistema Motor Somático e Sistema Nervoso Autônomo

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010.

No aspecto de transmissão das informações por essas partes do SNA, também verificamos diferenças
importantes. A comunicação entre os neurônios pré-ganglionares com os neurônios pós-ganglionares, de
ambos os sistemas, é mediada pela acetilcolina, entretanto, a grande maioria dos neurônios pós-
ganglionares do sistema nervoso simpático secreta a noradrenalina como neurotransmissor, enquanto que
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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os neurônios pós-ganglionares do parassimpático secretam acetilcolina. Em virtude dessas diferenças, a


maior parte dos efeitos realizados por essas duas partes do SNA nos tecidos é antagônica.

4.1.4 NERVOS ESPINAIS


Os nervos espinais deixam a medula espinal a partir dos forames intervertebrais. Esses nervos originam-se
em pares bilaterais de um segmento específico da medula espinal, assim, como temos 31 segmentos da
medula espinal, 31 pares de nervos são formados.

Inicialmente, os nervos espinais deixam a medula espinal como radículas, que em seguida convergem para
formar duas raízes nervosas. A raiz anterior é formada por fibras motoras, responsáveis pelas informações
eferentes, que deixam o corno anterior da substância cinzenta da medula espinal, em direção aos tecidos
da periferia. Por sua vez, a raiz posterior é formada por fibras sensitivas aferentes, que se originam dos
corpos celulares localizados no gânglio da raiz dorsal. Os corpos celulares emitem esses ramos que entram
pela raiz posterior, além de outros ramos que vão em direção à periferia, formando terminações sensitivas
ou terminando em receptores sensoriais como descrito anteriormente.

As raízes anteriores e posteriores se unem dentro ou logo após deixarem o forame intervertebral, formando
um nervo misto, que possui uma porção motora e outra sensitiva. Logo em seguida, esse nervo se divide
em dois ramos, um anterior e outro posterior, e ambos conduzem fibras motoras e sensitivas. A musculatura
do tronco e dos membros é inervada por parte destes nervos (porção motora), responsável por comandar o
processo de contração muscular. Além disso, também possuem uma porção sensitiva (cerca de 40% das
fibras), que são responsáveis por conduzir informações de dor e de propriocepção.

A porção unilateral da pele, que recebe as fibras sensitivas de um único nervo espinal é denominada
dermátomo, enquanto que a massa muscular unilateral que recebe as fibras de um único nervo espinal é
chamada de miótomo.

Figura 21: Dermátomos e Miótomos

Fonte: MOORE KL. Anatomia orientada para clínica, 2014

A distribuição desses dermátomos pode ser verificada na figura abaixo.

Figura 22: Dermátomos


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Fonte: MOORE KL. Anatomia orientada para clínica, 2014

4.1.5 NERVO DE LUSCHKA (RAMOS RECORRENTES MENÍNGEOS DOS NERVOS ESPINAIS)


O estudo da inervação do canal vertebral já demostrou que algumas porções do canal são desprovidas de
inervação, entretanto, em 1850, o anatomista alemão Hubert von Luschka descreveu um ramo recorrente
meníngeo que, atualmente, é considerado como o responsável pela inervação de várias estruturas do canal
vertebral.

Esses ramos são originados do nervo espinal misto. Ao saírem do forame intervertebral, os nervos espinais
fornecem de dois a quatro ramos, que também passam pelo forame, mas depois retornam ao canal vertebral,
juntamente com ramos comunicantes cinzentos do sistema nervoso simpático. Os ramos são originados
bilateralmente, em todos os níveis vertebrais, e, por conta desse trajeto anatômico, são denominados ramos
recorrentes.

Alguns ramos permanecem fora do canal e distribuem suas fibras pelos discos intervertebrais, face
anterolateral dos corpos vertebrais, bem como para o periósteo e, principalmente, para os anéis fibrosos e
o ligamento longitudinal anterior. No interior do canal vertebral, ramos ascendentes, descendentes e
transversos provém inervação do periósteo (parte posterior dos corpos vertebrais, pedículos e lâminas),
anéis fibrosos da face posterior e posterolateral dos discos intervertebrais, ligamentos amarelos, ligamento
longitudinal posterior, vasos sanguíneos do canal vertebral e ainda forma um plexo extenso sobre a porção
ventral da dura-máter. Por sua vez, estudos demostraram que a face posterior do saco dural não possui
inervação por esses ramos nervoso recorrentes.

As fibras nervosas que vão para o periósteo, anéis fibrosos e ligamentos, estão relacionadas com a
sensibilidade nociceptiva. Além disso, parte das fibras que suprem os anéis fibrosos e ligamentos são
direcionadas para os receptores de propriocepção. Conforme descrito anteriormente, os ramos recorrentes
meníngeos, também apresentam fibras do sistema nervoso simpático, que estão relacionadas com a
inervação dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição. As inervações realizadas por esses ramos
recorrentes podem ser visualizadas na figura abaixo:
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Figura 23: Inervação do periósteo e ligamentos da coluna vertebral e das meninges

Fonte: MOORE KL. Anatomia orientada para clínica, 2014

5 DISFUNÇÃO SOMÁTICA

As disfunções somáticas são alterações no funcionamento normal de estruturas do sistema somático, como
músculos, ossos, fáscias, cápsulas articulares, articulações, nervos e vasos sanguíneos, provocando
diminuição na mobilidade desses tecidos, chamadas de hipomobilidades. Essa diminuição da mobilidade
pode ser observada, por exemplo, em um segmento articular vertebral hipomóvel, que apresenta alteração
na mobilidade artrocinemática normal.

Essas mudanças na artrocinemática são provocadas por espasmos de músculos monoarticulares,


decorrentes da Hiperatividade Gama.

Hiperatividade gama: é quando os neurônios gama, que controlam as fibras intrafusais, ficam excitados
permanentemente, mantendo a contração das fibras intrafusais, gerando um reflexo de contração muscular.

Em situações de traumas ou movimentos bruscos (e todas as outras situações que podem gerar esse tipo
de movimento), pode ocorrer uma aproximação rápida entre inserção proximal e inserção distal de um
músculo. Quando isso ocorre, o fuso neuromuscular encontra-se em uma situação encurtada, diminuindo a
frequência de informações que são enviadas ao SNC, fazendo com que o sistema não reconheça seu
posicionamento de forma correta. Com isso, por um mecanismo reflexo, os motoneurônios gama são
excitados para produzir contração das fibras intrafusais, estirando os fusos e voltando a informar o SNC
sobre seu posicionamento. Entretanto, essas mudanças que os motoneurônios gama produzem afetam
exclusivamente as fibras intrafusais, e o comprimento muscular propriamente dito continua da mesma forma,
com aproximação da sua inserção proximal e sua inserção distal, ou seja, em uma posição de encurtamento
muscular provisório. Quando o corpo se reequilibra após o trauma, e os segmentos articulares/ósseos voltam
para seu estado normal de posicionamento, os músculos também voltam ao seu estado normal de
comprimento, com afastamento das inserções, entretanto, as fibras intrafusais, que já estavam em situação
de estiramento pelo mecanismo reflexo citado acima, ficarão ainda mais estiradas. Dessa forma, se perpetua
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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o reflexo de estiramento, mantendo um espasmo muscular constante, provocando alterações de mobilidade


no segmento. Esse espasmo muscular faz com que a irrigação sanguínea para o músculo fique
comprometida, gerando pontos gatilho.

Quando existe alguma disfunção, as fibras intrafusais do fuso neuromuscular funcionam em


desconformidade com as fibras extrafusais, fazendo com que os FNM fiquem sempre ativados e produzindo
espasmo.

A Hiperatividade Gama pode ser provocada por diversos fatores, como traumas, movimentos bruscos, falhas
na marcha, torções, entre vários outros.

As disfunções somáticas, quando ocorrem nas vértebras, afetam uma série de sistemas, principalmente por
causa das relações neurais e vasculares existentes. Entretanto, as disfunções podem ocorrer em qualquer
articulação, produzindo um prejuízo local e também perpetuar uma informação errada para o SNC,
comprometendo as outras estruturas que estão relacionadas com aquela metâmera.

As alterações podem ser observadas no local da disfunção:

• Alteração dos tecidos moles locais, com maior tensão e rigidez muscular e fascial,
• Diminuição da vascularização local, tornando a região mais fria.
• Diminuição da mobilidade artrocinemática do segmento vertebral
• Diminuição do movimento fisiológico do segmento vertebral
• Alteração de posicionamento das vértebras afetadas

As alterações serão também observadas em regiões que apresentam relações neurológicas e vasculares
com o local afetado pela disfunção somática.

6 FACILITAÇÃO MEDULAR

Na osteopatia chamamos de Metâmero a região formada por duas vértebras e todas as estruturas (teciduais,
vasculares e nervosas) que existem entre as duas vértebras. Essa região de origem das raízes nervosas é
responsável pela inervação somática e autonômica de:

• Pele → dermátomo
• Músculos → Miótomo
• Ossos → Esclerótomo
• Vasos sanguíneos → angiótomos
• Vísceras → viscerótomos

Figura 24: Inervação da Metâmera


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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A – Angiótomo. D – Dermátomo. M – Miótomo. S – Esclerótomo. V – Viscerótomo.


1 – Medula espinhal.
2 – Raiz nervosa posterior sensitiva.
3 – Raiz nervosa anterior motora.
4 – Gânglio simpático látero-vertebral e ramos comunicantes branco e cinzento.
5 – Gânglio visceral.

Quando a disfunção somática afeta um metâmero, provocando diminuição no seu limiar de ativação, ou
seja, fazendo com que sua ativação ocorra com menor intensidade de sinal, todos os outros neurônios do
segmento vertebral sofrerão essa diminuição do limiar. Dessa forma, todos os tecidos citados acima poderão
sofrer com uma disfunção somática. Esse fenômeno neurofisiológico de diminuição do limiar de todos os
neurônios é conhecido como Facilitação Medular.

Dessa forma, todos esses tecidos ficam hiperativados pelo baixo limiar, uma vez que qualquer estimulo
consegue gerar e manter essa ativação, provocando prejuízo no funcionamento normal das estruturas.

Essa facilitação provocará:

• Simpaticotonia → alteração das reações do sistema nervoso simpático, produzindo alterações na


sudorese e vasoconstrição, provocando alteração de vascularização e temperatura local.
• Dor → limiar de dor fica mais baixo, suportando menos
• Tensão de músculos esqueléticos e lisos → aumento de tônus muscular, dor, alteração da
vascularização muscular, alterações químicas e metabólicas.

7 NEUROFISIOLOGIA DA FIXAÇÃO DA DISFUNÇÃO SOMÁTICA

Quando ocorre uma brusca aproximação entre a inserção proximal e a inserção distal, os fusos
neuromusculares se encontram relaxados, não emitindo informações proprioceptivas adequadas para o
sistema nervoso central. Dessa forma, o sistema não reconhece o posicionamento muscular e aumenta a
frequência de descarga dos motoneurônios gama, produzindo contração das fibras intrafusais e fazendo
com que os fusos enviem sinais novamente (dessa vez os fusos estão mais estirados que o normal). A
gravidade, sob a influência dos centros labirínticos e dos músculos antagonistas, tende a retornar o músculo
ao seu comprimento inicial, com isso, o fuso que já estava estirado fica ainda mais estirado e aumenta a
descarga dos fusos neuromusculares ao sistema nervoso central. Essa descarga permanente mantém,
como resposta fusal, uma ativação muscular além do normal, produzindo espasmo e manutenção de
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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disfunção somática, ou seja, manutenção de fixação vertebral que impede mobilidade em alguns
parâmetros.

7.1 PAPEL DA FÁSCIA NA DISFUNÇAO SOMÁTICA

O sistema fascial é uma trama conjuntiva, contínua através do corpo. O nome da fáscia varia segundo o
órgão que ela recobre:

• Aponeuroses para os músculos;


• Pleura para os pulmões;
• Pericárdio para o coração;
• Peritônio, mesentério ou Omento maior e menor para as vísceras abdominais;
• Meninges para o sistema nervoso.

A fáscia possui um duplo papel:

- Conduzir o sistema neurovascular a seu destino;


- Servir de intermediário entre o sistema musculoesquelético e o sistema visceral.

Muito inervada sensitivamente, a fáscia reage à tensão originando influxos nociceptivos, e, em consequência
destes, provocando modificações vasculares e bioquímicas, promovendo ainda mais restrição de movimento
e tensão.

7.2 HISTOLOGIA DA FASCIA

A fáscia é composta pelas seguintes estruturas principais:

• Colágeno
• Elastina
• Substância fundamental amorfa
• Células musculares lisas
• Células do sistema autoimune

Figura 25: Estrutura histológica fascial: as fibras de colágeno densificadas podem inibir o bom
funcionamento dos capilares e ramos nervosos terminais
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Receptores fasciais

• Corpúsculos de Pacini – vibração, movimentos rápidos


• Receptores de Ruffini – tensões mantidas, técnicas profundas mantidas, transversalmente - ↓ SNA
SIMP.
• Receptores tipo III mielínicos (10%) e tipo IV amielínicos (90%) - receptores mais abundantes –Tipo
IV: pressão e tensão mecânica – alguns são de baixo umbral, ativados por uma pincelada. Quando
ativados podem alterar a FC, FR e P.A.

As diferentes técnicas miofasciais vão interagir com os diferentes tipos de receptores na fáscia. O
entrecruzamento nas fibras de colágeno que geram a patologia fascial são as aderências que podem
provocar disfunções ou perpetuá-las. As técnicas objetivam liberar essas aderências, diminuir tensões,
melhorar a vascularização macro e microscópica (lei da artéria), favorecendo a auto cura.

8 AS REPERCUSSÕES DAS DISFUNÇÕES SOMÁTICAS

I – As Repercussões Articulares e Ósseas

A disfunção somática produz restrição de mobilidade local, produzindo diminuição na artrocinemática


(movimentos acessórios). É fundamental restaurar a mobilidade do segmento, evitando assim as
hipersolicitações compensatórias que normalmente aparecem nos segmentos adjacentes como forma de
permitir um movimento mais próximo do normal, uma vez que um segmento hipomóvel restringe movimento
e obriga outras regiões a se movimentarem mais para compensar. Essas hipersolicitações são grandes
causas de artroses.

II – As Repercussões Capsuloligamentares

Ocasiona edema e fibrose, limitando de maneira crónica a mobilidade articular.

III – As Repercussões Sobre a Dura-Máter


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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A restrição da mobilidade vertebral vai alterar a mobilidade da dura-máter e consequentemente provocando


agressões nas raízes nervosas, podendo gerar inclusive dores irradiadas. Essas alterações podem
influenciar diretamente no movimento crânio sacral, alterando mobilidade em crânio, cervical e pelve.

IV – As Repercussões Fasciais

As cadeias miofasciais também sofrem alterações com as disfunções somáticas. Como as cadeias se
organizam em divisão anterior, posterior, laterais, cruzadas, entre outras, as alterações podem repercutir em
toda a cadeia afetada. Uma disfunção somática cervical pode afetar a fáscia de toda a região,
comprometendo músculos, vasos e nervos, promovendo alterações nas regiões de destino de vasos e
nervos. Essa tensão produz alterações temporomandibulares, em ombro e são essas mesmas tensões
fasciais que vão transtornar a função das vísceras e das diferentes glândulas (salivares, tireoides, hipófise,
etc), pelo desvio de sua vascularização e de seus plexos neurovegetativos locais.

V – As Repercussões Musculares

O músculo em espasmo vai apresentar rapidamente uma isquemia e uma anóxia tissular responsável por
dores referidas e pelo aparecimento de pontos gatilhos miofasciais. A facilitação no nível do miótomo
produzirá aumento do tônus muscular (ou até mesmo hipotonia) e toda a região periférica do miótomo será
mais propensa a lesões mecânicas, como tendinites por exemplo (a falta de vascularização também pode
ser responsável pelas inflamações).

A maioria dos nervos periféricos passa em seu trajeto pelos membros, pelos canais osteofibrosos e entre os
feixes musculares: assim um espasmo muscular pode provocar uma irritação que aumentará a excitabilidade
nervosa. Esta se propagará para cima, em direção à medula espinhal, onde reforçará o arco reflexo
patológico primário, mas também para baixo, podendo ser uma das causas da produção de alterações nas
cadeias miofasciais.

Por exemplo um espasmo de reto abdominal ou iliopsoas que pode manter um ilíaco em posterioridade e
modificar toda a cadeia inferior. Esse espasmo pode ser provocado por disfunção somática na transição
toracolombar, gerando estado de facilitação sobre os músculos.

É importante conhecer as inervações musculares e as inserções dos diferentes músculos, assim como os
seus movimentos fisiológicos.

VI – As Repercussões Nervosas

Pode-se produzir uma irritação dos elementos nervosos próximos e neuropatias. A lesão vertebral provoca
uma facilitação dos influxos nervosos sensitivos-motores, que produzem dor e alteração de função periférica,
e influxos nervosos neurovegetativos, responsáveis por um transtorno da função visceral.

A disfunção somática vertebral pode transtornar a medula espinhal e os gânglios laterovertebrais simpáticos.
Com isso, o espaço medular correspondente será submetido a influxos originados na periferia. Se criará um
grupo de interneurônios ao nível da substância gelatinosa que vai mandar informações sem cessar aos
centros medulares vizinhos do corno posterior da medula espinhal. Criando-se, portanto, um arco reflexo
simpático patológico que chega ao órgão correspondente.
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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9 FISIOLOGIA ARTICULAR

9.1 MOVIMENTOS ACESSÓRIOS – ARTROCINEMÁTICOS

Para as articulações periféricas e o entendimento da fisiologia articular, utilizamos como referência


Kaltenborn, que descreve a Lei do Côncavo e Convexo, permitindo um bom entendimento do direcionamento
dos movimentos acessórios durante os movimentos fisiológicos. Esses movimentos serão descritos no
momento em que a articulação for o foco do nosso módulo.

9.2 PRINCÍPIOS DE FRYETTE

As leis de Fryette foram apresentadas por Harrison Fryette em 1918 e renovadas no último
congresso de osteopatia em 1984. Segundo Fryette existem dois princípios que regem o comportamento
dos movimentos vertebrais.

9.2.1 Princípio I de Fryette


Quando uma vértebra se encontra em posição neutra, ou seja, sem flexão ou extensão, todo movimento de
inclinação da vértebra será acompanhado de um movimento de rotação contralateral da mesma vértebra,
ou seja, se inclinar (S) para direita ela estará rodada para a esquerda (R).

Essa regra pode ser observada nas colunas torácica e lombar quando estão na posição neutra (N). Essa
regra não é utilizada nas vértebras cervicais baixas mesmo quando estão em posição neutra, as
conformações facetarias e ligamentares da região cervical não permitem esse tipo de movimento.

Nesse princípio as disfunções recebem o nome de NSR: posição neutra (N) com side bend (S) (inclinação)
e rotação (R). A nomenclatura da disfunção sempre é dada pelo lado em que a vértebra está rodada, pelo
processo transverso mais posterior.

Em uma disfunção NSR direita encontraremos a seguinte situação:

Vértebra em posição neutra (sem flexão e extensão), rotação direita e inclinação esquerda. O processo
espinhoso estará deslocado para a esquerda. O processo espinhoso direito estará posterior e mais alto e o
esquerdo estará anterior e mais baixo. Ocorre imbricação (aproximação) facetária esquerda e desimbricação
(afastamento) direita.

9.2.2 Princípio II de Fryette


Quando uma vértebra se encontra em flexão (F) ou extensão (E), a rotação (R) sempre será homolateral à
inclinação (S). As disfunções podem ser ERS ou FRS.

10 DISFUNÇÕES SOMÁTICAS VERTEBRAIS

10.1 DIFUNÇÃO FRS – 2ª lei de Fryette

- Afeta 1 vértebra isolada que se fixa em flexão, inclinação e rotação homolateral.

- Disfunção mecânica presente: desimbricação contralateral à rotação (desimbricação na convexidade), ou


seja, a faceta articular do lado oposto ao processo transverso posterior se encontra afastada do processo
transverso inferior.

- O processo transverso posterior é contralateral à disfunção de desimbricação


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

- Essa posterioridade do processo transverso, ao teste de Mitchell, aumenta com a extensão e diminui com
a posição de flexão

- Vértebra em flexão, rotação homolateral e inclinação homolateral

- Processo espinhoso encontra-se deslocado contralateral à rotação e afastado do processo espinhoso


inferior

- Disfunção fixada pelo espasmo dos músculos intertransversário do lado do processo transverso posterior
e pelo disco intervertebral que se desloca para o lado oposto e bloqueia o movimento.

- Movimento articula limitado: extensão, rotação contralateral e inclinação contralateral

- A técnica de tratamento visa fechar a faceta articular desimbricada.

10.2 DIFUNÇÃO ERS – 2ª lei de Fryette

- Afeta 1 vértebra isolada que se fixa em extensão, inclinação e rotação homolateral.

- Disfunção mecânica presente: imbricação homolateral à rotação (na concavidade), ou seja, a faceta
articular do lado em que o processo transverso está posterior encontra-se aproximada à faceta articular da
vértebra inferior.

- O processo transverso posterior é homolateral à disfunção de imbricação

- Essa posterioridade do processo transverso, ao teste de Mitchell, aumenta com a flexão e diminui com a
posição de extensão

- Vértebra em extensão, rotação homolateral e inclinação homolateral

- Processo espinhoso encontra-se deslocado contralateral à rotação e aproximado do processo espinhoso


inferior

- Disfunção fixada pelo espasmo dos músculos transverso-espinhoso homolateral.

- Movimento articula limitado: flexão, rotação contralateral e inclinação contralateral

- A técnica de tratamento visa abrir a faceta articular imbricada.

10.3 DISFUNÇÃO EM NSR

Grupo de vértebras encontram-se em disfunção respeitando a Lei 1 de Fryette, estão em posição neutra,
rotação homolateral e inclinação contralateral. Normalmente ocorrem em adaptação às disfunções ERS e
FRS.

- Disfunção de convexidade

- A posterioridade encontra-se do lado da rotação e contralateral à inclinação (do lado da convexidade).

- Inclinação contralateral limitada

- Deve-se tratar a vértebra ápice do grupo de vértebras

Exemplo: ERSe
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

• Vértebra em extensão, rotação esquerda e inclinação esquerda


• Faceta articular (esquerda) do lado da posterioridade encontra-se imbricada
• Processo espinhoso desviado para direita
• Processo transverso esquerdo está posterior e baixo e o processo direito está anterior e alto

As disfunções podem ser classificadas em primárias, que são as ERS e FRS, e sempre vão precisar de
tratamento. As lesões adaptativas, ou secundárias, acometem as vértebras acima ou abaixo da disfunção
primária, como forma de adaptação à lesão. As disfunções primárias podem também provocar disfunções
secundárias à distância.

Normalmente a correção da disfunção primária corrige automaticamente a disfunção secundária.

11 HIPOMOBILIDADE / HIPERMOBILIDADE

Quando um nível vertebral, um grupo de vértebras ou qualquer articulação apresenta diminuição da


mobilidade acessória, ou seja, diminuição dos parâmetros menores de mobilidade, como o deslizamento,
rolamento e giro, definimos como região hipomóvel. Na presença de uma hipomobilidade, as regiões
adjacentes ou até mesmo à distância, começam a apresentar alterações na sua mobilidade normal como
forma de compensar a falta de movimento da região hipomóvel. A essa região que modifica a mobilidade de
forma secundária, normalmente aumentando-a, chamamos de região hipermóvel ou região hipersolicitada.
Essa é conhecida como hipermobilidade compensatória, ou seja, ocorre aumento da mobilidade dessa
região como forma de compensar a falta de movimento em outra região próxima, na tentativa de produzir
menos prejuízos para o movimento fisiológico normal do segmento como um todo. Por exemplo uma fixação
com diminuição de movimento na região sacroilíaca que reflete uma hipermobilidade no segmento de
transição L5-S1.

Normalmente as vértebras e articulações em hipomobilidade são silenciosas, ou seja, não apresentam


necessariamente algum sinal ou sintoma ao paciente, são disfunções normalmente camufladas que podem
ser observadas nos testes de movimentos. As regiões normalmente que emitem sinais e sintomas dolorosos
e estressantes são as que apresentam hipermobilidades compensatórias.

As hipomobilidades causadoras dos problemas dos pacientes são chamadas de lesões primárias, e as
hipermobilidades compensatórias são as lesões secundárias. Esse conjunto de alterações na mobilidade
somado a todas as outras alterações que a lesão primária produziu no paciente chamamos de Cadeia
Lesional, que é a sequência de acontecimentos em cascata que culminaram na sintomatologia atual do
paciente.

12 DIAGNÓSTICO DE UMA DISFUNÇÃO VERTEBRAL

Para identificação de uma disfunção vertebral, devemos avaliar a região afetada em busca de alterações
nos tecidos que são inervados por aquele metâmero. Como dito anteriormente, a facilitação medular que
acompanha a disfunção provoca alterações em todos os neurônios do local. Dessa forma, em uma disfunção
somática encontraremos as seguintes alterações:

Hiperativação de Esclerótomo → dor à palpação do processo espinhoso da vértebra correspondente

Hiperativação de Dermátomo → dermalgias reflexas com dor ao teste de palpado rodado


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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

Hiperativação de Miótomo → tensão muscular aumentada nos músculos que recém essa inervação, com
presença de pontos gatilho e cordões de tensão. Espasmos do músculo agonista e hipotonia do músculo
antagonista.

Hiperativação do angiótomo → vasoconstrição por espasmo de músculos lisos arteriais, provocando prejuízo
de vascularização para todas as estruturas como músculos, nervo, pele, fáscia etc.

12.1 TRIADE METAMÉRICA

A disfunção somática é confirmada com o diagnóstico de alteração de 3 dos 5 elementos de um metâmero:

- Alteração do dermátomo: dermalgia reflexa que pode ser observada pelo teste palpado rodado (rolamento
sobre a pele) na região do dermátomo e também na região do processo espinhoso pelo ramo meníngeo do
nervo espinal (n. Luschka ou Sinuvertebral).

Ao teste palpado rodado o paciente refere dor ou alteração de sensibilidade, que pode ser comparada com
lado contralateral.

- Alteração no Esclerótomo: dor à palpação do processo espinhoso ou transverso do segmento e dor na


inervação óssea correspondente

Uma pressão sobre o processo espinhoso é suficiente para demonstrar a alteração, o paciente refere dor
ou alteração de sensibilidade no processo espinhoso quando comparado com outros processos saudáveis.

- Alteração de Miótomo: espasmo ou hipotonia dos músculos articulares em disfunção, bloqueando o


movimento vertebral, além de alteração tônica dos músculos do miótomo correspondente. Por exemplo, uma
facilitação na região de C5 e C6 produziria alteração do tônus dos músculos que fazem abdução de ombro
ou flexão de cotovelo.

O teste de tônus deve ser realizado com a articulação que apresenta o músculo testado sendo posicionada
em amplitude média. O terapeuta aplica pequena resistência contra o movimento que o músculo realiza e o
paciente solicitado a manter uma contração isométrica. O teste é de tônus, uma força suave é suficiente
(500g já conseguimos obter resultados) para isso. Manter a contração por um período de 7 a 10 segundos
e observar os resultados:

- Músculo cede imediatamente ao aplicar a resistência – hipotonia

- Músculo cede após alguns segundos de contração – espasmo

Os dois estados podem ser encontrados em caso de disfunção.

A hipertonia também pode ser observada por meio do teste de tônus citado acima. Normalmente
encontramos um músculo hipertônico como consequência secundária de uma alteração primária, como por
exemplo na região antagonista a um músculo hipotônico ou espasmado. Ao realizar o teste, ocorre uma
briga entre o paciente e terapeuta, como se o músculo estivesse buscando um ajuste de tônus para manter
a contração no equilíbrio.

Quando a tríade metamérica é encontrada, ou seja, alteração dos 3 elementos testados, podemos confirmar
a disfunção somática com facilitação medular.
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

Essa facilitação pode ser provocada por qualquer um dos 5 elementos do metâmero e qualquer um dos
elementos pode ser o provocador inicial da disfunção que acabou facilitando os outros elementos do
metâmero.

13 DIAGNOSTICO OSTEOPATICO

Cada um dos tecidos do corpo humano possui um tratamento específico, apresentando técnicas de
tratamento para a fáscia, outras para o músculo e assim sucessivamente. O exame e diagnóstico osteopático
serão responsáveis por determinar qual o tecido está com problemas e qual técnica promoverá melhor
resultado terapêutico.

13.1 ANAMNESE

A investigação de todo o histórico cronológico de acontecimentos, sinais e sintomas é extremamente


importante para o fisioterapeuta, bem como históricos de traumas, cirurgias, acidentes, cicatrizes, alterações
viscerais, entre outros. Para identificação do tipo de tecido lesionado, é necessário que o fisioterapeuta
reconheça os sinais e sintomas que cada um deles provoca.

13.1.1 TIPOS DE DOR


I – A Dor Óssea

A dor óssea é precisa, centrada sobre a região danificada: a dor é surda; contínua, aumenta com todos os
movimentos.

II – A Dor Discal

A dor é aguda, se manifesta quando o peso do corpo se coloca sobre o disco intervertebral danificado
(posição sentada ou de pé). Aumenta com a flexão anterior que provoca a retropulsão do disco e coloca em
tensão o ligamento longitudinal posterior ricamente inervado. A dor aparece imediatamente, sem tempo de
latência. Ao nível lombar, esta dor é aumentada pela tosse ou pelos esforços de defecação que elevam a
pressão intra-abdominal e intra-discal.

III – A Dor Ligamentar

Aparece quando se mantêm uma postura durante muito tempo (leitura, escrita): não é imediata, aparece no
final das amplitudes articulares e apresenta um certo tempo de latência, ou seja, após a posição assumida
a dor demora alguns minutos para aparecer. É descrita quase sempre como uma sensação de queimação.

Alguns exemplos:

- Ligamentos interespinhosos: dor em faixa aumentada com a flexão anterior do tronco ou do pescoço,
podendo simular uma nevralgia pela dor referida que provoca.

- Ligamentos ileolombares: dores unilaterais que aumentam com a flexão lateral contralateral;

- Cápsulas articulares posteriores: dores unilaterais que aumentam com a flexão lateral e rotação
homolateral.

IV – A Dor Muscular
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Manifesta-se com os movimentos e está relacionada à contração muscular. O movimento doloroso indica o
músculo lesado. O movimento oposto, que coloca em tensão o músculo, é responsável por um rebote
causado por um espasmo muscular. Pode existir uma dor referida a um ponto gatilho no ventre do músculo.

A dor é isquêmica, surda, difusa e aumenta ou se reproduz pela contração isométrica.

V – A Dor Nervosa

A dor radicular é descrita como do tipo filiforme: o paciente pode indicar o trajeto com o dedo. A dor aumenta
com certos movimentos e, às vezes, pelo apoio sobre o processo transverso da vértebra implicada.

13.2 EXAME NEUROLÓGICO

Tem como finalidade eliminar um certo número de patologias neurológicas no quadro do diagnóstico.

O estudo dos reflexos permite colocar em evidência uma ausência de reflexos que indica um déficit motor
(hérnia discal, patologias neurológicas periféricas) ou um aumento do reflexo, indicador de uma patologia
neurológica central.

. L5/S1: reflexo aquileu;


. L3/L4: reflexo patelar;
. C8: reflexo ulna-pronador;
. C7: reflexo tricipital;
. C6: reflexo estilo-radial;
. C5: reflexo bicipital;

Realizar o Teste do DERMÁTOMO.

Palpação do Dermátomo: buscar alterações de sensibilidade na pele correspondente ao segmento da


disfunção somática. As zonas de dermalgias reflexas estão relacionadas com a irritação das ramificações
cutâneas sensitivas do ramo posterior ou anterior dos nervos espinais.

Essas zonas dermálgicas são pesquisadas pela manobra de rolamento (palpado rodado), que consiste em
segurar a pele entre o polegar e o indicador (pinça), e fazê-la deslizar. O teste é positivo quando encontra
uma zona de pele espessa e dolorosa.

MIÓTOMO: Pretende-se colocar em evidência uma hipotonia muscular, hipertonia ou um espasmo muscular
que se evidencia também por uma sensação de cordão à palpação. É necessário para esse estudo conhecer
a inervação metamérica dos músculos. Esses músculos são muitas vezes responsáveis por dores referidas
e apresentam um ponto gatilho, cuja palpação desperta a dor que habitualmente o paciente se queixa.

• S1: tríceps sural;


• L5: fibulares, isquiotibiais;
• L4/L5: quadríceps;
• L1/L2: quadrado lombar, psoas;
• T6 a T12: abdominais;
• C8/T1: músculos da mão;
• C7/C8: flexores do punho;
• C6/C5: deltóides e bíceps;
• C4/C3: trapézio superior;
• C0/C1/C2: esternocleidomastóideo.
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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Palpação do Esclerótomo: São pressões e fricções aplicadas sobre as regiões ósseas inervadas pelo
metâmero, Dor no processo espinhosos indica uma facilitação medular (irritação do nervo sinuvertebral ou
Luschka que inerva a região).

13.3 INSPEÇÃO DA ESTÁTICA E DA MOBILIDADE

A inspeção pretende buscar indicações sobre a estática geral do paciente, e também sobre a patologia
presente. Alterações de posicionamento podem ser indícios de bloqueios articulares, como por exemplo
uma cabeça que se encontra em leve flexão, inclinação e rotação contralateral e pode estar sofrendo com
um côndilo occipital fixado posterior homolateral à rotação

Atitudes antálgicas na região lombar como uma flexão ou atitude antálgica cruzada que podem indicar a
presença de uma hérnia de disco

É necessário estudar a estática vertebral, posição de cabeça e todos os outros segmentos, observar as
curvaturas da coluna nas vistas anterior, posterior e perfil. É importante também observar os pontos de
quebra e zonas planas na coluna vertebral, dando indícios de hiper e hipomobilidade, respectivamente.

Exame Dinâmico

Ao teste global de mobilidade, podemos obter algumas informações importantes sobre as hipomobilidades:

• Se a restrição é devida ao músculo, a qualidade da resistência será elástica: se produz um rebote


que vai restringir vários graus do movimento;
• Se a restrição é devida a uma faceta articular, a interrupção do movimento será brusca, a sensação
se assemelhará à correspondente barreira anatómica, mas chegará mais depressa;
• Se a restrição é causada por um ligamento ou por um músculo fibrosado, a resistência será abrupta,
se assemelhará à sensação correspondente à barreira fisiológica;
• Se a restrição é devida a um edema, a qualidade será viscoelástica.
• Em caso de lesão ligamentar, a dor aparece no final da amplitude articular, ou também durante o
retorno à posição inicial;
• Em caso de lesão muscular, a dor aparece quase sempre no início do movimento.
• Em caso de lesão discal a dor aumentará com a compressão e será aliviada com a tração

É necessário examinar de maneira global os movimentos do tronco, assim como da coluna lombar. Qualquer
limitação de movimento global pode indicar disfunção somática vertebral, com hipomobilidades regionais,
alterações de tensão muscular por exemplo. Estudar todos os movimentos ativos como flexão/extensão,
inclinação lateral, rotações e a associação de movimentos. Na Osteopatia utilizamos a estrela de Maigne
como orientação para comparação de limitações do movimento e dores ao realizá-los.

Estrela de Maigne
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

13.4 RADIOLOGIA

O objetivo da radiologia é buscar as contraindicações às manipulações e informações úteis ao tratamento


osteopático. É difícil obter informação sobre a mobilidade articular de uma imagem estática. A imagem
radiológica é muito importante em casos de hérnia discal, pois pode dar informações relevantes para as
manipulações.

Alterações de posicionamento de sacro até podem servir para identificar uma disfunção, entretanto, toda
disfunção é uma alteração do movimento normal e para testar devemos utilizar testes e técnicas que nos
oferecem informações sobre os movimentos que estão ocorrendo e os que estão bloqueados, sendo a
avaliação estática radiológica em segundo plano.

14 TÉCNICAS DE TRATAMENTO

As técnicas osteopáticas são classificadas em técnicas estruturais e em técnicas funcionais. Cada técnica
terá uma ação específica sobre um elemento anatómico.

Objetivos das técnicas: reduzir a frequência das descargas do sistema gama responsáveis pela contração
crônica intrafusal, com a finalidade de liberar espasmo e restaurar a mobilidade articular.

14.1 TÉCNICAS ESTRUTURAIS

Grupo de técnicas que consiste em levar o tecido no sentido da barreira motriz, ou seja, contra a restrição
de mobilidade. O princípio geral dessas técnicas é o de ir no sentido da restrição da mobilidade a fim de
romper as aderências e regular o tônus muscular. O terapeuta pode ir acrescentando maior força para
restaurar a função e a mobilidade articular.

14.1.1 TÉCNICAS RÍTMICAS


Esse tipo de manipulação deve existir um controle do ritmo e das repetições de aplicação da técnica. Os
movimentos serão acompanhados de reflexos reguladores, produzindo alteração do reflexo miotático
provocada pela estimulação dos receptores tendinosos de Golgi.

14.1.1.1 Técnicas de Stretching


O objetivo dessas técnicas é estirar os ligamentos, as fáscias, os músculos e os tendões, utilizando
alavancas, quebrando aderências, regulando o tônus e aumentando vascularização. O estiramento rítmico
é transmitido aos tendões e estimulam os órgãos tendinosos de golgi, diminuindo a hiperatividade gama
para proteger o músculo estirado.

Utiliza-se uma amplitude pequena para atuar sobre os elementos articulares, uma grande amplitude atuará
sobre os músculos. A força deve ser aplicada lenta e gradualmente, com a finalidade de produzir uma
mudança e um relaxamento nos tecidos. À medida que os tecidos relaxam, aumenta-se o estiramento, para
aproveitar o novo comprimento adquirido.

O stretching pode ser transversal ou longitudinal às fibras musculares, deve ser aplicado de forma lenta e
rítmica, sendo a retirada da força de forma lenta também.

14.1.1.2 Técnicas de Pompagem


Essas técnicas se dirigem essencialmente às aponeuroses e aos ligamentos. Para liberar as tensões é
necessário tentar afastar o máximo possível das zonas de inserções. A técnica consiste em produzir
tensão/tração na região a ser trabalhada, no sentido do eixo longitudinal das estruturas, de forma lenta e
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

suave. Após chegar na barreira motriz, manter até o relaxamento da estrutura e retornar de forma muito
lenta e suave.

14.1.1.3 Técnicas Articulatórias


Essas técnicas se dirigem aos elementos periarticulares (músculos monoarticulares, cápsula e ligamentos)
e são baseadas nos movimentos passivos e repetitivos, associados a uma ou várias alavancas e a um ponto
fixo a fim de aumentar a potência. O fisioterapeuta osteopata recebe permanentemente informações dos
tecidos e aumenta ou diminui a intensidade de sua ação em função de suas sensações.

A técnica é muito semelhante à técnica de thrust, em que posiciona o paciente e produz as alavancas para
produzir movimentos na articulação afetada, entretanto, o paciente será mobilizado na posição, mas não
será realizado o thrust. A utilização de um movimento rápido e curto no final da amplitude, permite produzir
mudanças mais rápidas nos tecidos. Essas técnicas de articulações permitem ganhar uma maior amplitude
de movimento.

A técnica ajuda a diminuir aderências capsulares e ligamentares, relaxar músculos espasmados, aumentar
amplitude articular.

14.1.1.4 Técnica de Tensão Mantida


Esse tipo de técnica utiliza os princípios das técnicas com thrust: a tensão é colocada até à redução do
slack, mas o thrust não é realizado, a tensão é mantida e o paciente respira amplamente até que se obtenha
um relaxamento dos tecidos. Pode ser utilizado para músculos e articulações.

A técnica ajuda a relaxar músculos e melhorar os movimentos acessórios articulares.

14.1.1.5 Técnicas de Inibição


Essas técnicas se dirigem ao espasmo muscular, consistindo em exercer uma pressão perpendicular às
fibras musculares: essa pressão é mantida durante um longo momento, até que o músculo relaxe e então
se diminui a pressão lentamente. A técnica é aplicada em função das reações dos tecidos e do ritmo
respiratório. A inibição permite obter um aumento de circulação local e uma diminuição da resposta aferente.

14.1.1.6 Bombeamento
Técnica aplicada para músculos e ligamentos, terapeuta deve posicionar seu contato sobre a região a ser
tratada e realizar bombeamentos compressivos e tracionais até o relaxamento do tecido.

14.1.1.7 Técnicas de Energia Muscular


Essas técnicas utilizam as contrações isométricas para relaxamento dos tecidos moles, normalização do
fuso neuromuscular e ganho de mobilidade. O músculo é colocado em tensão máxima e o paciente é
solicitado a produzir contrações isométricas no sentido oposto ao movimento (com o músculo que está sendo
estirado) e o fisioterapeuta resiste ao movimento. A força aplicada deve ser entre 5 a 10 kg, o terapeuta
deve solicitar 3 contrações isométricas de 3segundos cada com 3 segundos de repouso entre as contrações,
ao final de um ciclo de 3 contrações, o terapeuta deve aumentar a amplitude de movimento. Realizar 3 ciclos
no total com ganho de amplitude ao final de cada ciclo. Ao final, retornar à posição original de forma lenta e
progressiva.

A cada contração isométrica estimula-se os receptores de Golgi que se descarregam e que inibem os
motoneurônios alfa e gama. A cada novo comprimento ganho, o fuso neuromuscular é estirado, voltando a
encontrar pouco a pouco seu comprimento normal.
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

Caso o músculo em questão esteja com dificuldades para produzir contrações musculares, podemos utilizar
a inibição recíproca descrita por Sherington, em que a contração muscular isométrica acontece com o
antagonista, produzindo por reciprocidade a inibição do agonista que está sendo tratado.

14.1.1.8 Inibição e indução miofascial


A técnica produz relaxamento de músculos e fáscias. O terapeuta deve pressionar o local a ser tratado até
sentir relaxamento dos tecidos, quando isso acontece o terapeuta produz deslizamento no sentido da cadeia
miofascial buscando novas limitações. Ao encontrar novas limitações o terapeuta deve inibir a região com
pressão e depois produzir uma indução por deslizamento.

14.1.2 TÉCNICAS COM THRUST


Devem ser realizadas dentro dos limites fisiológicos das amplitudes dos movimentos. Deve ser utilizado uma
velocidade suficiente para que a separação das facetas articulares possa ser alcançada sem provocar
traumatismos.

O thrust é aplicado paralelamente ou perpendicularmente ao plano articular, contra a barreira da articulação


lesada. Surpreendendo as defesas fisiológicas articulares, a brusca separação das superfícies surpreende
também o sistema nervoso central e provoca um blackout sensorial local. O círculo vicioso irritativo que
mantém o espasmo dos músculos monoarticulares é assim desfeito e o tônus muscular pode normalizar-se.
Seja qual for o tipo de thrust, os limites articulares fisiológicos são sempre respeitados.

Os objetivos das técnicas com thrust são:

• Liberar as aderências;
• Fazer deslizar as facetas articulares e restaurar a função articular;
• Normalizar o sistema vascular local;
• Provocar um reflexo aferente;
• Estimular os centros simpáticos ou parassimpáticos para obter a ruptura do arco reflexo
neurovegetativo patológico;

O estiramento da cápsula articular ao separar as facetas, estimula os receptores sensoriais (Pacini). A


informação sensitiva caminha pelas fibras aferentes até o corno posterior da medula espinhal. Nesse nível
existe uma inibição dos motoneurônios alfa e gama, portanto, uma inibição do espasmo muscular que
mantém a disfunção articular.

Contraindicações às técnicas de thrust:

• Ósseas: câncer (tumor), osteoporose, raquitismo, reumatismo infeccioso e inflamatório, anomalia


congénita, fratura;
• Nervosas: compressão medular, hérnia discal, exteriorizada, neuropraxia;
• Vasculares: sobretudo ao nível cervical;
• Câncer visceral, devido ao risco de metástase óssea;
• Não integridade dos elementos periarticulares: distensões musculares, ruptura ligamentar;
• Recusa do paciente (resistência, medo, espasmos);

A prudência deve ser primordial na gravidez e na idade avançada

Obs.: redução de slack – posicionar a articulação em posição de tensão máxima antes da realização do
thrust. Quando o slack é reduzido o terapeuta deve, então, aplicar o thrust em alta velocidade e curta
amplitude.
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INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


_______________________________________________________________________________________________

14.1.2.1 Tipos de Thrust


Técnicas Indiretas
A colocação em tensão e o thrust são realizadas unicamente com a ajuda das alavancas superiores e
inferiores, sem aplicação de força direta na articulação a ser tratada.

Técnicas Diretas
Aplicação da manipulação com contato diretamente na região/articulação a ser tratada.

O contato deve ser feito depois de haver sido efetuado um tissue pull, ou seja, um estiramento cutâneo no
sentido da redução para eliminar o deslizamento da pele.

Técnicas Semidiretas:
Trata-se de uma combinação das técnicas direta e indireta. Permitem ao mesmo tempo as vantagens da
utilização das alavancas e a colocação da mão diretamente na articulação a ser tratada.

14.2 TÉCNICAS FUNCIONAIS

O princípio é ir no sentido da lesão, no sentido oposto à barreira, no sentido da facilidade até o ponto neutro
da mobilidade, e manter esta posição de equilíbrio tridimensional até à liberação total dos elementos
periarticulares.

Essas técnicas, que vão no sentido da redução do espasmo muscular, fazem com que a aproximação das
inserções do músculo espasmódico reduza a sua tensão. A disparidade entre as fibras intrafusais diminui e
o sistema nervoso central diminui a atividade gama, o que permite ao músculo relaxar.

14.2.1 Técnicas dos Pontos Gatilhos de Jones:


O ponto gatilho é uma zona muito excitável na qual a palpação desencadeia manifestações dolorosas, uma
nevralgia local ou uma irradiação dolorosa. Essa zona de hiperexcitabilidade está situada no tecido
miofascial e pode ser localizada ao nível das aponeuroses, músculos, tendões, cápsulas articulares,
ligamentos e periósteo.

O ponto gatilho é doloroso à palpação e é responsável por dores referidas e pela manutenção da cronicidade
do arco reflexo patológico que mantém a facilitação nervosa. Sua profundidade varia segundo o tecido
implicado.

O ponto gatilho muscular se caracteriza por uma dor do músculo à palpação, dor local durante a palpação é
aumentada pela contração isométrica que diminui sua vascularização. O ponto gatilho casuloligamentar se
caracteriza por uma dor à palpação que é aumentada pelo movimento passivo até o final das amplitudes.

A técnica consiste em procurar o ponto gatilho, pressioná-lo até gerar o sintoma doloroso. Mantendo a
mesma pressão por todo o tempo da manobra, o terapeuta deve realizar movimentos com a articulação para
produzir alongamento ou encurtamento muscular buscando o “still point” ou silêncio neurológico, momento
em que a informação dolorosa diminui muito e cessa. Nesse momento, o terapeuta deve parar de produzir
movimento e manter a pressão por pelo menos 90 segundos ou até sentir o relaxamento do tecido.

15 BIBLIOGRAFIA

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2010.
40

INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA


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