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Abordagem osteopática ao sistema

endócrino
Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Índice
1 – GENERALIDADES ............................................................................................................................... 4

2 - SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E COORDENAÇÃO CORPORAIS .............................................. 4

2.1 Sistema endócrino .............................................................................................................................. 5

2.1.1 A regulação do eixo Hipotálamo-hipofisário-adrenal (HHA)..................................................... 7

3 HIPOTÁLAMO ......................................................................................................................................... 8

4 HIPÓFISE (Pituitária) ............................................................................................................................. 10

4.1- Técnica de liberação das membranas cranianas .............................................................................. 11

4.2 - Técnica de estímulo hipotálamo-hipofisário .................................................................................. 12

4.3 - Técnica de estímulo hipotálamo-hipofisário (fluídica) .................................................................. 13

5 – GLÂNDULA PINEAL (Epífise) .......................................................................................................... 14

5.1 - Técnica de normalização da pineal ................................................................................................ 15

5.2 – Técnica de normalização da fossa posterior .................................................................................. 16

6 – TIREÓIDE E PARATIREÓIDE .......................................................................................................... 17

6.1 - Avaliação e normalização viscero-fascial da tireóide .................................................................... 21

6.2 - Avaliação e normalização funcional da tireóide ............................................................................ 22

6.3 – Técnica para motilidade da tireoide .............................................................................................. 23

6.4 Técnica de liberação do ligamento tireopericárdico ......................................................................... 24

6.5 Técnica integrada de liberação frontal-tireoide ................................................................................ 25

7 - TIMO .................................................................................................................................................... 26

7.1 Técnica de recoill do esterno ........................................................................................................... 27

7.2 Técnica de equilíbrio esterno torácico ............................................................................................. 27

7.3 Técnica de percussão esternal .......................................................................................................... 28

8 - BAÇO ................................................................................................................................................... 29

8.1 Técnica de normalização do baço .................................................................................................... 30

8.2 Técnica de estímulo do baço ............................................................................................................ 31

9 PÂNCREAS ............................................................................................................................................ 31

9.1 Técnica de liberação do pâncreas em relação ao duodeno e às vias biliares .................................... 33

9.2 Técnica de liberação do pâncreas em relação ao baço ..................................................................... 34

10 – SUPRARRENAIS .............................................................................................................................. 35

10.1 Técnica para os pilares do diafragma ............................................................................................. 37

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10.2 Técnica de normalização das suprarrenais ..................................................................................... 38

10.3 Técnica de estímulo das suprarrenais ............................................................................................. 38

11 - GÔNADAS ......................................................................................................................................... 39

11.1 Testículo e epidídimo ..................................................................................................................... 39

11.1.1 Técnica de normalização do canal inguinal ............................................................................ 41

11.2 - Ovários......................................................................................................................................... 43

11.2.1 Técnica de liberação da tuba uterina e do ovário .................................................................... 47

12 - FÍGADO ............................................................................................................................................. 47

Relações do fígado ................................................................................................................................. 54

12.1 Técnica de liberação do fígado via costelas ................................................................................... 55

12.2 Técnica funcional para o fígado ..................................................................................................... 56

13 – Técnicas para o SNA .......................................................................................................................... 57

13.1 Técnica de balanceamento alternado dos temporais ...................................................................... 57

13.2 Técnica de estimulação dos gânglios cervicais superior e médio................................................... 58

13.3 Técnica de estimulação do gânglio cervical inferior ...................................................................... 58

13.4 Técnica de inibição do gânglio cervical médio e inferior .............................................................. 59

13.5 Técnica de estimulação dos gânglios torácicos médios e inferiores e lombares superiores ........... 60

13.6 Técnica de inibição dos gânglios torácicos médios e inferiores e lombares superiores ................. 61

13.7 Técnica de estímulação parassimpático ao nível do sacro ............................................................. 61

13.8 Técnica de inibição parassimpática ao nível do sacro .................................................................... 62

14 - Avaliação glandular e do sistema nervoso pelos testes de Cinesiologia Aplicada (Camirand, 2011) . 63

15 - Efeitos do estresse sobre as glândulas ................................................................................................. 65

16 – REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS .................................................................................................. 68

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1 – GENERALIDADES
Para o tratamento das glândulas endócrinas é de extrema importância manter o
raciocínio clínico osteopático (com o olhar global e integrativo), pois diversas estruturas
podem interferir no funcionamento visceral e glandular.

Estruturas ósseas, ligamentares, musculares, de tecidos conectivos (como os


omentos, por exemplo), fluídicas, neurológicas (SNA) podem apresentar disfunção
somática e repercutir sobre a víscera.

Além disso, a própria víscera pode estar disfuncional nas suas diversas
possibilidades de movimento (peristaltismo, mobilidade, motricidade e
motilidade/MRP/IRC).

Pelo exposto, se faz necessária avaliação minuciosa do paciente para que sejam
diagnosticadas as principais disfunções somáticas, que vão direcionar o tratamento,
facilitando a escolha da técnica mais adequada.

2 - SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E COORDENAÇÃO


CORPORAIS

O sistema nervoso, o sistema fascial e o sistema hormonal (com as glândulas


endócrinas) são os três principais sistemas de comunicação e coordenação do corpo
humano. Eles regulam quase todos os sistemas orgânicos. Embora trabalhem integrados,
apresentam algumas diferenças.

O sistema nervoso (somático e autônomo) se comunica através de sinais


elétricos (impulsos nervosos), que transmitem a informação rapidamente e,
normalmente, geram efeitos de curta duração.

O sistema fascial se comunica mecanicamente (através das células), com


transmissão de informação muito rápida, com efeitos quase imediatos.

O sistema endócrino, por sua vez, se comunica por sinais químicos (através dos
hormônios), que respondem mais lentamente e, normalmente, geram efeitos mais
prolongados.

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2.1 Sistema endócrino

O corpo humano apresenta 2 tipos de glândulas: as glândulas exócrinas e as


glândulas endócrinas.

As glândulas exócrinas produzem secreções que são eliminadas em dutos em


superfícies internas ou externas do corpo humano, ou seja, não são eliminadas na
corrente sanguínea. São elas: glândulas lacrimais, glândulas sudoríparas, glândulas
sebáceas, glândulas salivares, glândulas mamárias, pâncreas e o fígado (o pâncreas e o
fígado também têm papel endócrino). A função exócrina do pâncreas é liberar enzimas
digestivas (lipase e amilase) no duodeno e uma função exócrina do fígado é liberar a
bile no duodeno.

O sistema endócrino é formado por glândulas endócrinas, que produzem


hormônios. É considerado um sistema, pois suas estruturas interagem funcionalmente.
As glândulas endócrinas são glândulas sem ductos, isto é, elas secretam hormônios
diretamente no interior dos capilares sanguíneos.

O sistema endócrino produz seus efeitos por meio da secreção de hormônios,


que são mensageiros químicos com a função de influenciar e controlar as atividades de
outros tecidos ou órgãos. A maioria dos hormônios é transportada pelo sangue a outras
partes do corpo, exercendo efeitos em tecidos mais distantes.

As principais glândulas endócrinas são: a hipófise, a pineal, a tireoide, as


paratireoides, as supra-renais, o pâncreas, as gônadas (ovários e testículos) e o timo.

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Representação esquemática do controle hormonal da hipófise e a influência do


hipotálamo sobre a hipófise.

Além destas glândulas, o intestino também produz hormônios, como a


colecistoquinina (CCK), que estimula a contração da vesícula biliar, a saciedade e a
produção de suco pancreático e insulina; o GLP-1, que diminui a secreção de glucagon
pelo pâncreas, gerando aumento da captação e armazenamento de glicose, diminuição
da produção de glicose pelo fígado e aumento da quantidade de insulina na circulação,
além de inibir o apetite; o GIP, que estimula a produção de insulina glicose dependente;
oxintomodulina, que inibe a secreção ácida gástrica e reduz a ingesta alimentar;
peptídeo YY (PPY), que gera diminuição da fome; o polipeptídeo pancreático (PP), que
inibe o esvaziamento gástrico, a contração da vesícula biliar e a produção exócrina do
pâncreas e a grelina, que estimula a contração do músculo liso intestinal, a produção de
ácido no estômago e participam da sensação de fome.

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2.1.1 A regulação do eixo Hipotálamo-hipofisário-adrenal (HHA)


A atividade do eixo HHA é iniciada pela secreção do hormônio liberador de
corticotropina (HLC) e da vasopressina (AVP) pelo hipotálamo, os quais, por sua vez,
ativam a secreção do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) pela hipófise, que
finalmente estimula a secreção dos glicocorticóides pelo córtex adrenal (Nemeroff,
1996). Os glicocorticóides interagem com seus receptores nos tecidos-alvo, incluindo o
eixo HHA, onde são responsáveis pela inibição negativa por feedback da secreção do
ACTH pela hipófise e do HLC a partir do hipotálamo. Embora os glicocorticóides
regulem a função de quase todos os tecidos do corpo, o efeito fisiológico mais
conhecido desses hormônios é a regulação do metabolismo energético. Os efeitos
antiinflamatórios e imunossupressores dos glicocorticóides são evidentes em doses
farmacológicas, ao passo que, fisiologicamente, esses hormônios possuem um
importante papel regulatório no sistema imunológico (Pariante, 2001).

Alguns fatores regulam a atividade do eixo HHA, como a inervação direta


catecolaminérgica, serotonérgica e dopaminérgica nos neurônios produtores de HLC no
hipotálamo e esses e outros neurotransmissores parecem influenciar a liberação de HLC.
A serotonina, por exemplo, estimula o HLC, a norepinefrina possui um efeito mais
variável, sendo estimulatória em doses baixas e inibitória em doses altas.

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Representação esquemática do eixo HHA (HPA)

3 HIPOTÁLAMO

Ocupa uma área pequena do diencéfalo, situada abaixo do tálamo, com funções
relacionadas à atividade visceral. Apresenta algumas formações anatômicas visíveis na
face inferior do cérebro: o quiasma óptico, o túber cinéreo, o infundíbulo e os corpos
mamilares.

O quiasma optico localiza-se na parte anterior do assoalho ventricular, recebe


fibras mielínicas do nervo óptico, que se cruzam em parte a este nível e continuam nos
tratos óptico que se dirigem aos corpos geniculados laterais. Os corpos mamilares são
duas eminências arredondadas de substância cinzenta evidentes na parte anterior da

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fossa interpeduncular. O túber cinéreo é uma área ligeiramente cinzenta, mediana,


situada atrás do quiasma e do trato óptico, entre os corpos mamilares; nele prende-se a
hipófise por meio do infundíbulo, que é uma formação nervosa em forma de um funil
que contém pequenos prolongamentos da cavidade ventricular, o recesso do
infundíbulo.

O Hipotálamo é constituído de substância cinzenta agrupada em núcleos.


Impulsos de neurônios cujos dendritos e corpos celulares situam-se no hipotálamo são
conduzidos por seus axônios até neurônios localizados na medula espinhal, e em
seguida muitos desses impulsos são então transferidos para músculos e glândulas por
todo o corpo.

É o integrador entre os sistemas nervoso e endócrino.

As funções do hipotálamo são: controle do sistema nervoso autônomo, regulação


da temperatura corporal, regulação do comportamento emocional, regulação do sono e
da vigília, regulação da ingestão de alimentos, regulação da ingestão de água, regulação
da diurese, regulação do sistema endócrino e geração e regulação de ritmos circadianos.
As vias são bidirecionais, portanto todas estas funções interferem no hipotálamo
também.

Localização do hipotálamo

Interfere na hipófise por meio de sua relação vascular com a adeno-hipófise.


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4 HIPÓFISE (Pituitária)

Pequena glândula ovoide (com tamanho de uma ervilha), com coloração cinza-
avermelhado, localizada abaixo do hipotálamo (fixada a ele por uma curta haste
denominada infundíbulo), posteriormente ao quiasma óptico, na sela turca do osso
esfenoide. É coberta superiormente pela dura mater (o diafragma da sela). Está dividida
em duas partes: uma anterior, a adeno-hipófise, e outra posterior, a neuro-hipófise. A
hipófise secreta oito hormônios e afeta quase todas as funções do corpo.

A adeno-hipófise é composta de tecido epitelial glandular e células epiteliais de


tamanho e forma variados, que sintetizam e liberam pelo menos oito hormônios
importantes: a somatotropina (STH), envolvida no controle do crescimento do corpo; a
mamotropina (LTH), que estimula o crescimento e a secreção da mama feminina; a
adrenocorticotropina (ACTH), que controla a secreção de alguns hormônios corticais da
glândula supra-renal; a tirotropina (TSH), que estimula a atividade da glândula tireóide;
o hormônio estimulador do folículo (FSH), que estimula o crescimento e a secreção de
estrógenos nos folículos ováricos e a espermatogênese nos testículos; o hormônio das
células intersticiais (ICSH), que ativa a secreção de andrógenos através do testículo; o
hormônio Luteinizante (LH), que induz a secreção de progesterona pelo corpo lúteo e o
hormônio estimulador de melanócitos (MSH), que aumenta a pigmentação cutânea.

A neuro-hipófise é uma evaginação descendente do assoalho do diencéfalo


(região central do cérebro, coberto pelos hemisférios cerebrais). É composta por tecido
nervoso e, portanto, é chamada de neuro-hipófise. Sintetiza dois hormônios: a
vasopressina (ADH), antidiurético, que controla a absorção de água através dos túbulos
renais e a ocitocina, que promove a contração do músculo não estriado do útero e da
mama.

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Hipófise

Os dois hormônios da neuro-hipófise são produzidos no hipotálamo e


transportados no interior do infundíbulo (haste hipofisária) e armazenados na glândula
até serem utilizados. Os impulsos nervosos para o hipotálamo estimulam a liberação dos
hormônios da neuro-hipófise.

4.1- Técnica de liberação das membranas cranianas


Tem como objetivo liberar as tensões cranianas e diminuir sua influência sobre a
SEB e a hipófise.

Paciente em decúbito dorsal, osteopata na cabeceira da maca, com uma mão faz
contato no occipital e C1 e a outra faz contato com os pilares externos do frontal.

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Técnica de liberação das membranas cranianas

A técnica consiste em tracionar o frontal na direção do teto e o occipital na


direção da maca, gerando uma tração sobre as membranas cranianas. Os dedos em
contato com C1 geram uma tração inferior e ligeiramente anterior. Com estes
parâmetros colocados, busca-se o still point das membranas cranianas.

4.2 - Técnica de estímulo hipotálamo-hipofisário


Tem como objetivo gerar uma tração no tronco pituitário e estimular a
circulação hipotálamo-hipofisária por intermédio das membranas cranianas.

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Técnica de estímulo hipotálamo-hipofisário

Paciente em decúbito dorsal, osteopata na cabeceira da maca, faz contato com os


polegares cruzados um em cada lado da sutura sagital e demais dedos nos processos
parietais.

A técnica consiste em levar os parietais no sentido superior durante a fase de


flexão craniana e no sentido inferior na fase de extensão craniana. Estes movimentos
devem ser repetidos até que se torne livre.

4.3 - Técnica de estímulo hipotálamo-hipofisário (fluídica)


Tem como objetivo estimular o eixo hipofisário-hipotalâmico por meio dos
fluidos, numa técnica de V-spread.

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Técnica de estímulo hipotálamo-hipofisário (fluídica)

Paciente em decúbito dorsal, osteopata ao lado da cabeça do paciente, com o


indicador e médio da mão inferior no cruzamento das suturas maxilopalatina e a polpa
dos dedos da mão superior no vértex.

A técnica consiste em gerar pressão com a mão intrabucal enquanto libera a mão
do vértex e em seguida gerar pressão no vértex enquanto libera a pressão intrabucal.
estas etapas são repetidas até que o movimento se torne mais amplo.

5 – GLÂNDULA PINEAL (Epífise)


Glândula localizada no centro do cérebro, entre os hemisférios cerebrais, acima
do aqueduto cerebral, abaixo do corpo caloso, na parte posterior do 3º ventrículo. Está
presa ao tálamo ótico por diversos pedúnculos. Faz parte do epitálamo.

Formada por pinealócitos (células pineais), tecido conjuntivo e é envolvida pela


pia-máter.

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Glândula pineal

Recebe inervação simpática do gânglio cervical superior e parassimpática do


gânglio ótico e esfenopalatino. É inervada também pelo n. trigêmeo.

É irrigada pela artéria pineal, que é ramo da artéria cerebelar superior e drenada
pela veia pineal, que desemboca na veia cerebral magna -de Galeno (que se situa
superiormente ao cerebelo).

Produz melatonina, que é responsável por regular o sono. A produção é


estimulada pela escuridão. A escuridão é detectada pela retina e informada à pineal via
gânglio cervical superior.

Esta glândula é maior na infância e diminui na adolescência. A melatonina


interfere também no desenvolvimento sexual, no metabolismo e na fertilidade.

5.1 - Técnica de normalização da pineal


O objetivo desta técnica é trabalhar os zigomáticos e a esfera anterior do crânio
para normalizar a função da pineal.

Paciente em decúbito dorsal e osteopata na cabeceira da maca, faz contato com


as polpas dos dedos na região inferior dos zigomáticos, os polegares na sutura metópica
e as regiões hipotenares nos ângulos laterais dos frontais.

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Técnica de normalização da pineal

A técnica consiste em levar os contatos do zigomático e frontal em direção ao


teto. Os polegares apenas servem de referência, em torno do qual será realizado o
reequilíbrio através do Still point.

Para Camirand (2011), todas as técnicas que estimulem o sistema parassimpático


atuam sobre a pineal.

5.2 – Técnica de normalização da fossa posterior


Objetivo é equilibrar todas as estruturas da fossa posterior (tronco cerebral,
cerebelo, vasos e nervos cranianos).

Paciente em decúbito dorsal, Osteopata na cabeceira da maca, com contato dos


dedos mínimos no inio, demais dedos ao longo da foice do cerebelo e polegares nos
mastoides.

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Técnica de normalização da fossa posterior

A técnica consiste em exercer uma tensão longitudinal e transversal de modo


que ele equilibre reciprocamente os dois volumes do cerebelo em ambos os lados,
mantendo um fulcro nos mastoides.

6 – TIREÓIDE E PARATIREÓIDE
A tireóide é uma glândula em forma de borboleta, que se localiza na região
anterior do pescoço. Pesa de 15 a 25 g no adulto.

A glândula tireoide está conectada às superfícies anterior e laterais da traqueia,


atrás da camada média da fáscia cervical (lâmina pré-traqueal). Anteriormente, está
relacionada com os músculos esterno-hioideo e esterno-tireoideo. Seu istmo encontra-se
na altura do 2º-3º anel cartilaginoso traqueal, enquanto os dois lobos estendem-se,
superiormente, até a margem inferior da laringe e, inferiormente, até a abertura superior
do tórax. Posteriormente, ela se estende até a camada profunda da fáscia cervical
(lâmina pré-vertebral) e estabelece contato com o esôfago e com a artéria carótida
comum.

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Essa glândula é irrigada pela artéria tireóidea superior (ramo da carótida externa)
e artéria tireóidea inferior (ramo do tronco tireocervical) e drenada pela veia tireóidea
superior (que drena para a v. jugular interna) e pela veia tireóidea inferior (que drena
para o tronco braquiocefálico esquerdo).

Veias e artérias da tireoide

Sua inervação simpática se dá pelos gânglios cervicais superior, médio e inferior


e parassimpática pelos nervos laríngeos superior e inferior (ramos do n. vago).

Tem como função secretar a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Estes dois
hormônios participam da regulagem da velocidade do metabolismo. Quando em maior
concentração, aumentam a atividade das células.

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Interfere na função de diversos órgãos, como o coração, os rins, o fígado e o


cérebro. Participa de diversos processos, como o crescimento, o ciclo menstrual, a
fertilidade, no peso corporal, na memória, na concentração, no humor e no controle
emocional.

Nos intestinos, os hormônios da tireóide atuam sobre as catecolaminas,


aumentando a função intestinal, nos rins atuam aumentando a filtração e a produção de
urina, no cérebro, potencializam a função das catecolaminas, que funcionam como
neurotransmissores, no coração atuam sobre o débito cardíaco, no sistema
musculoesquelético atuam sobre a síntese de proteínas e no sistema reprodutor, interage
com hormônios da hipófise e do aparelho reprodutor para suas funções.

Glândulas tireóide e paratireoide

Hipotireoidismo ocorre quando a glândula produz quantidades menores que o


normal de T3 e T4. Gera cansaço, aumento do peso corporal, dores articulares, lentidão
de raciocínio, sonolência, alteração do ciclo menstrual, aumento dos níveis de colesterol
(LDL), retenção de líquido, constipação intestinal, alteração no desenvolvimento
(criança e adolescente) fraqueza muscular generalizada, perda da libido, diminuição da
frequência cardíaca, pele seca, queda de cabelo e unhas quebradiças.

Hipertireoidismo ocorre quando a glândula produz quantidades maiores que o


normal de T3 e T4. Gera ritmo cardíaco acelerado, alterações bruscas de humor, perda
de peso, transpiração excessiva, irritação, ansiedade, insônia, alterações no ciclo
menstrual, fome excessiva, fraqueza generalizada, ejaculação precoce, tremores,
intolerância ao calor e queda de cabelo.

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Outras doenças podem afetar a tireóide, como a doença de Hashimoto, doença


de Graves, tireoidite, tumores, bócio.

O diagnóstico das alterações da tireóide se dá, normalmente, com exames de


sangue (dosagem de T3, T4 e TSH), ultra som e se necessário, biópsia.

Relação da tireoide com as camadas fasciais cervicais e o timo

A paratireoide está localizada junto à tireóide, porém são bem menores. São,
normalmente, 2 pares, cada uma pesando 30 mg, em média. Secreta paratormônio, que
tem como função mobilizar o cálcio no interior dos ossos e eliminar fosfato através da
urina, nos rins.

Tanto a tireóide quanto a paratireoide estão influenciadas mecânica e


anatomicamente pelas fáscias do pescoço e pela laringe, traquéia, faringe e esôfago. É
importante que estas vísceras sejam tratadas (se estiverem em disfunção somática) para
um bom tratamento da tireoide e paratireoide. Outras estruturas importantes, pela
relação anatômica, são o hioide, os músculos supra e infrahioideos, a mandíbula e a
base do crânio.

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6.1 - Avaliação e normalização viscero-fascial da tireóide


Paciente em decúbito dorsal, osteopata na cabeceira da maca, faz contato com
uma mão envolvendo a tireóide e a outra na região cervical.

Para avaliar a mobilidade da tireóide, pedimos ao paciente que respire


profundamente. Durante a inspiração, há retificação da lordose cervical, a camada
profunda da fáscia cervical se tensiona no sentido superior e posterior, os ombros se
afastam (tracionando lateralmente a camada superficial da fáscia cervical) e o diafragma
desce (tracionando inferiormente os ligamentos tireopericárdicos). Esses eventos
tencionam a tireóide e ela é drenada. Na expiração, há retorno e relaxamento dos
componentes citados acima, o que permite um bombeamento líquido e um movimento
de retorno da tireoide no sentido superior.

Avaliação e normalização viscero-fascial da tireóide

A mão que ausculta a tireóide, portanto, perceberá um movimento de translação


inferior durante a inspiração e um movimento de retorno durante a expiração.

Depois disso, o osteopata pode induzir esse mesmo movimento craniocaudal


para ver se a tireóide está totalmente livre em seu movimento. Também induzirá
movimentos translacionais e rotação axial direita-esquerda para garantir a liberdade de
movimento da tireoide em todos esses planos.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Se a tireóide não se movimentar bem no sentido inferior, é necessário trabalhar


mais as fixações superiores e as fáscias. No caso em que a tireoide não se movimenta
bem no sentido superior, trabalharemos as estruturas e anexos inferiores.

Nesta mesma posição, o osteopata pode usar uma técnica de Hoover (indireta)
onde todos os parâmetros (superior/inferior, translação direita / esquerda, rotação direita
/ esquerda, compressão / descompressão) são primeiramente testados e depois
acumulados. Em seguida, busca o Still point.

Da mesma forma pode ser realizada uma técnica de tensionamento de tecido


(direta), acumulando os parâmetros de tensionamento.

Esta técnica tem efeitos fasciais e também fluídicos sobre a glândula.

6.2 - Avaliação e normalização funcional da tireóide


Paciente em decúbito dorsal e osteopata, sentado, na cabeceira da maca, faz
contato com uma mão na região anterior da tireóide e outra na mesma altura, na região
posterior da coluna cervical.

Avaliação e normalização funcional da tireóide (contato anterior e posterior)

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Avaliação e normalização funcional da tireóide (contato anterior)

A técnica consiste em levar os contatos nas direções das facilidades de


movimento (técnica indireta) e esperar a liberação ou acompanhar os movimentos
fasciais locais.

Outra possibilidade é colocar as duas mãos na região anterior da tireoide e


realizar a técnica indireta.

6.3 – Técnica para motilidade da tireoide


Paciente em decúbito dorsal, osteopata na cabeceira da maca, faz contato com
uma mão envolvendo a tireóide e a outra na região cervical.

Osteopata realiza uma ausculta da tireóide. Numa fase a tireoide se desloca no


sentido inferior e é comprimida pelas fáscias e na outra fase, retorna no sentido superior
e tem sua tensão diminuída.

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Técnica para motilidade da tireoide

Os movimentos devem ser simétricos e, se estiverem alterados deve ser realizada


técnica para estímulo da motilidade (como é realizado nas outras vísceras- leva na
facilidade, exagera neste sentido e espera o retorno e acompanha o movimento
completo).

6.4 Técnica de liberação do ligamento tireopericárdico


Paciente em decúbito dorsal, osteopata na cabeceira da maca, faz o contato com
a mão superior ao nível da tireoide e a mão inferior no esterno, à altura do pericárdio.

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Técnica de liberação do ligamento tireopericárdico

A técnica consiste em colocar tensão no sentido superior e inferior com as duas


mãos e esperar o relaxamento tecidual. Podem ser realizados recoil.

6.5 Técnica integrada de liberação frontal-tireoide


Paciente em decúbito dorsal, osteopata na cabeceira da maca, faz o contato com
a mão superior no frontal do paciente e a mão inferior na tireoide.

A técnica consiste em equilibrar as tensões (técnica indireta) simultaneamente


nas duas regiões.

Técnica integrada de liberação frontal tireoide

Nota: o frontal é utilizado para esta normalização porque está relacionado às emoções,
via suas conexões com o tálamo e hipotálamo e por conter o lobo frontal, responsável
pelo equilíbrio racional, instintivo e afetivo (Camirand, 2011).

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

7 - TIMO
Existem 2 órgãos linfoides primários- o timo e a medula óssea. O timo é uma
glândula que está localizada no tórax, entre os pulmões, à frente do coração
(superiormente pode chegar até a glândula tireoide, ao qual se liga pelo ligamento
tireotímico e inferiormente chega ao nível da 4ª cartilagem costal). É dividido em 2
lobos, que é revestido por tecido conjuntivo, que está conectado ao pericárdio fibroso.

É irrigado pelas veias torácicas internas e tireóidea inferior e drenado pelas veias
tímicas, que desembocam no tronco braquiocefálico esquerdo, torácica interna e
tireóidea inferior. É inervado pelo gânglio cervical inferior e nervo vago.

Participa do sistema imunológico. É considerado um órgão linfoide primário,


pois é responsável pela maturação dos linfócitos T. Para maturar os linfócitos, produz a
timosina, responsável por esta maturação.

Timo

Os linfócitos são produzidos na medula óssea e migram até o timo, onde


maturam e passam a ser linfócitos T, que são liberados na corrente sanguínea e têm a
função de proteção do organismo contra os antígenos. Os linfócitos T induzem as
células infectadas à apoptose (morte celular).

O timo altera seu tamanho durante o desenvolvimento. Do nascimento até a


adolescência, atinge 40 g e diminui seu tamanho a partir daí, sem perder sua função.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

7.1 Técnica de recoill do esterno


Tem como objetivo estimular o timo.

Paciente em decúbito dorsal, osteopata ao lado do paciente, à altura do tórax do


paciente, faz contato com as duas mãos sobre o esterno do paciente (uma à altura do
processo xifoide e a outra à altura do manúbrio).

Técnica de recoill do esterno

A técnica consiste em gerar compressão no esterno durante a expiração do


paciente (2 ou 3 ciclos) e soltar rapidamente durante a inspiração do paciente.

7.2 Técnica de equilíbrio esterno torácico


Paciente em decúbito dorsal, osteopata na cabeceira da maca, faz contato com a
mão anterior no esterno (com a região tenar e hipotenar no manúbrio) e a mão posterior
sobre as vértebras torácicas superiores. Esta posição auxilia o osteopata a acessar o
plano da camada média da fáscia torácica, onde está o timo.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Técnica de equilíbrio esterno torácico

Num primeiro momento, deve-se auscultar a glândula, que sobe e se retrai


durante a inspiração e desce e relaxa durante a expiração do paciente. No momento
seguinte, deve-se levar o timo em sua direção de facilidade e manter por 2 ou 3 ciclos
respiratórios.

7.3 Técnica de percussão esternal


Tem como objetivo estimular a função do timo.

Paciente em decúbito dorsal, Osteopata realiza percussões sobre o manúbrio


esternal.

Técnica de percussão esternal

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

8 - BAÇO
Órgão oval, que pesa cerca de 150 g e se situa ao longo do eixo da 10ª costela
esquerda, entre a curvatura maior do estômago e a parede abdominal posterior,
superiormente ao polo superior do rim esquerdo. Está conectado ao diafragma
(ligamento frenoesplênico), estômago (ligamento gastroesplênico), flexura esplênica do
intestino grosso (ligamento colicoesplênico) e fáscia renal esquerda (fáscia de
Toldt/ligamento esplenorrenal).

É irrigado pela artéria esplênica (ramo da artéria celíaca) e drenado pela veia
esplênica, que desemboca na veia porta hepática.

É inervado pelo plexo esplênico, que recebe fibras simpáticas do gânglio celíaco
(T5 a T10) e parassimpática do nervo vago. Recebe também inervação aferente do
nervo frênico.

Baço

Tem como funções:

- transformar os linfócitos produzidos na medula óssea em linfócitos T, que têm como


função atacar agentes invasores (função imunológica).

- destruir hemáceas velhas, que serão utilizadas pelo fígado para produção de bile

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

- armazenar sangue, linfócitos, glóbulos vermelhos, plasmócitos e granulócitos.

8.1 Técnica de normalização do baço


Paciente em decúbito dorsal, osteopata em pé, do lado direito do paciente, à
altura do tórax do paciente, faz contato com as duas mãos (reforçadas) sobre a parte
posterolateral das últimas costelas esquerdas (especialmente a 10ª costela).

Técnica de normalização do baço

A técnica consiste em aprofundar o contato até o plano subcostal (onde está o


baço), auscultar o baço, que desce e faz rotação externa durante a inspiração e sobe e faz
rotação interna durante a expiração. Pode-se realizar uma técnica indireta, induzindo o
baço nos movimentos que ele já realiza ou pode-se avaliar passivamente sua mobilidade
nos planos (superior/inferior, rotação medial/lateral e translação direita/esquerda) e
realizar igualmente uma técnica indireta, procurando o still point.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

8.2 Técnica de estímulo do baço


Paciente em decúbito lateral direito, osteopata de frente para o paciente, à altura
do tórax do paciente, faz contato com as duas mãos (reforçadas) sobre a parte
posterolateral das últimas costelas esquerdas (especialmente a 10ª costela).

Técnica de estímulo do baço

A técnica consiste em gerar compressão no gradil costal durante a expiração do


paciente (2 ou 3 ciclos) e soltar rapidamente durante a inspiração do paciente.

Variante: pode-se realizar vibrações durante a compressão na fase expiratória;


esta opção está indicada em casos de congestão do baço.

9 PÂNCREAS
O pâncreas é uma glândula digestiva com função endócrina e exócrina,
pertencente ao sistema digestório e endócrino.
Possui cerca de 15 cm de comprimento e localiza-se na região abdominal atrás
do estômago, entre o duodeno e o baço. É formado por três partes básicas: cabeça, corpo
e cauda e por dois tipos de células: os ácinos pancreáticos, que são responsáveis por
fabricar o suco pancreático e as ilhotas de Langerhans, que são responsáveis por
secretar os hormônios insulina e glucagon, que são liberados diretamente na corrente
sanguínea.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Os diversos canais dos ácinos pancreáticos se reúnem e formam um sistema de


ductos dos quais destaca-se o de Wirsung. Existe ainda um ducto acessório chamado de
Santorini. É por meio desses canais que o suco pancreático chega até a 2ª parte do
duodeno.
A porção exócrina secreta as enzimas digestivas presentes no suco pancreático
durante o processo de digestão. Desse modo, as moléculas grandes de carboidratos,
proteínas e gorduras são quebradas em pedaços menores para seguir até o intestino para
serem absorvidas mais facilmente.
A porção endócrina é responsável por secretar os hormônios insulina e
glucagon, responsáveis por regular o nível de glicose no sangue. As células alfa
produzem o glucagon e as células beta produzem a insulina. O pâncreas também secreta
a somatostatina, produzida pelas células delta, que regula a produção de insulina e
glucagon.
A glicose é armazenada no fígado sob a forma de glicogênio. O glucagon
estimula o fígado a degradar glicogênio e liberar glicose quando o corpo precisa de
energia, enquanto que a insulina é responsável pelo transporte da glicose para dentro das
células do fígado.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

9.1 Técnica de liberação do pâncreas em relação ao duodeno e às vias biliares


Técnica realizada em 2 tempos. Paciente em decúbito dorsal, com os joelhos
flexionados, osteopata em pé, do lado direito do paciente.

No 1º tempo da técnica, o osteopata faz contato com os dedos da sua mão


esquerda no bordo medial da 2ª porção do duodeno e com o pisiforme da mão direita no
bordo lateral da cabeça do pâncreas. Nesta etapa o trabalho é direcionado ao ducto
pancreático (de Wirsung).

Técnica de liberação do pâncreas em relação ao duodeno e às vias biliares (mão


que estabiliza o duodeno- 1ª etapa)

No 2º tempo da técnica, o osteopata faz contato com os dedos da sua mão


esquerda no bordo inferior do fígado e com o pisiforme no bordo lateral da cabeça do
pâncreas. Nesta etapa o trabalho é direcionado às vias biliares.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Técnica de liberação do pâncreas em relação ao duodeno e às vias biliares (mão


que estabiliza o duodeno e mão que faz contato com a cabeça do pâncreas)

Ducto pancreático e vias biliares

A técnica consiste em gerar tensão nos 2 contatos e esperar o relaxamento tecidual.

9.2 Técnica de liberação do pâncreas em relação ao baço


Paciente em decúbito dorsal, com os joelhos flexionados, osteopata em pé, do
lado direito do paciente, faz contato com sua mão esquerda na região posterolateral do
gradil costal E (próximo à 10ª costela) e com o pisiforme da mão direita sobre o corpo
do pâncreas.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Técnica de liberação do pâncreas em relação ao baço

A técnica consiste em gerar tensão nos 2 contatos e esperar o relaxamento


tecidual.

10 – SUPRARRENAIS
São glândulas que se situam acima dos rins (daí seu nome). A direita tem
formato triangular e a esquerda de meia lua. Participam na regulação do metabolismo do
sódio, do potássio, do carboidrato e da água, bem como do processo do estresse.

Está dividida em córtex e medula, que são provenientes de diferentes tecidos


embriológicos. O córtex é proveniente do mesodermo e a medula do ectodermo.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

O córtex da suprarrenal produz hormônios sexuais, aldosterona e


glicocorticoides (cortisol e corticosterona) e exerce controle sobre os linfócitos e o
sistema linfático (portanto participa do sistema imunológico).

Os hormônios sexuais são a progesterona- atua no ciclo ovariano e na gravidez,


os estrógenos- controle da ovulação e desenvolvimento das características femininas e
os andrógenos- desenvolvimento das características masculinas, estímulo de glândulas
sebáceas, libido e aumento da massa muscular.

A aldosterona tem função importante na regulação do volume e da pressão do


sangue, e na concentração do equilíbrio eletrolítico do sangue. Em geral, a aldosterona
retém o sódio e a água e elimina potássio.

Os glicocorticoides mantêm o equilíbrio dos carboidratos, proteínas e gorduras.


O principal glicocorticóide é o cortisol, que é liberado em situações de estresse.

Secretam, entre outros hormônios, a adrenalina (epinefrina), noradrenalina


(norepinefrina) e aldosterona, com o objetivo de manter a homeostase frente às
alterações que ocorrem no organismo.

A medula supra-renal, a parte interna da glândula, é considerada uma extensão


da parte simpática do sistema nervoso autônomo e secreta dois hormônios denominados
catecolaminas: a epinefrina (Adrenalina), que possui efeito acentuado sobre o
metabolismo de carboidratos e a norepinefrina (Noradrenalina), que produz aceleração
do coração, vasoconstrição e aumento da pressão sanguínea. Geram também a

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

conversão de glicogênio em glicose no fígado, a elevação do padrão metabólico da


maioria das células e a dilatação dos brônquios.

10.1 Técnica para os pilares do diafragma


Paciente sentado na maca, osteopata atrás do paciente, faz contato com as mãos
ao nível da dobradiça toracolombar, com os dedos nas direções laterais.

Pede-se ao paciente que faça inspiração e expiração máximas. Durante a


inspiração, as mãos do osteopata devem ser tracionadas no sentido superior e lateral e
durante a expiração, no sentido inferior e medial. Estes movimentos devem ser
simétricos. Se não forem simétricos, deve ser realizado tratamento.

Técnica para os pilares do diafragma

A técnica consiste em levar os contatos na direção da facilidade (técnica


indireta) e manter até a liberação tecidual.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

10.2 Técnica de normalização das suprarrenais


Paciente em decúbito ventral, osteopata em pé, ao lado do paciente, faz contato
com as mãos ao nível da dobradiça toracolombar, com os dedos nas direções laterais.

O osteopata deve acessar o plano da glândula, passando pelo plano


musculoesquelético.

Técnica de normalização das suprarrenais

Osteopata deve avaliar passivamente sua mobilidade nos planos


(superior/inferior, rotação medial/lateral e translação direita/esquerda) e realizar uma
técnica indireta, procurando o still point.

10.3 Técnica de estímulo das suprarrenais


Paciente em decúbito ventral, osteopata em pé, ao lado do paciente, faz contato
com os pisiformes nas articulações costovertebrais ao nível de T10 a T12,
bilateralmente.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Técnica de estímulo das suprarrenais

A técnica consiste em gerar compressão no gradil costal durante a expiração do


paciente (2 ou 3 ciclos) e soltar rapidamente durante a inspiração do paciente.

11 - GÔNADAS

São as glândulas sexuais- ovários nas mulheres e testículos nos homens. Além
de produzirem os gametas (óvulos e espermatozoides), também secretam hormônios.

11.1 Testículo e epidídimo

Os testículos são dois, localizados dentro da bolsa escrotal. Produz a


testosterona, um esteroide produzido por suas células intersticiais. O estímulo para
secreção da testosterona é proveniente de hormônios produzidos pelo hipotálamo e pelo
hormônio luteinizante (LH), proveniente da adeno-hipófise.

A testosterona auxilia na maturação dos espermatozoides e é responsável pelas


características sexuais masculinas, tais como: crescimento e desenvolvimento dos
órgãos genitais masculinos, crescimento musculoesquelético, crescimento e distribuição
dos pelos, aumento da laringe, acompanhado por alterações da voz.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

O epidídimo, estende-se longitudinalmente na borda posterior do testículo e


apresenta uma dilatação superior que ultrapassa o pólo superior do testículo, que é
denominada cabeça; um seguimento intermediário que é o corpo e inferiormente, uma
porção mais estreitada, que é a cauda do epidídimo.

Na cabeça do epidídimo, os dúctulos eferentes do testículo continuam por


dúctulos novamente muito tortuosos que em seguida vão se anastomosando
sucessivamente para constituir um único tubo que é o ducto do epidídimo.

Este ducto é tão sinuoso que ocupa um espaço de aproximadamente dois


centímetros de comprimento, quando na realidade ele tem seis metros de extensão.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Inferiormente, a cauda do epidídimo, tendo no interior o ducto do epidídimo,


encurva-se em ângulo agudo para trás e para cima, dando seguimento ao ducto
deferente.

É justamente nessa curva constituída pela cauda do epidídimo e inicio do ducto


deferente que ficam armazenados os espermatozoides até o momento do ato sexual, em
que são levados para o exterior.

A primeira porção do ducto deferente é mais ou menos sinuosa e ascende


imediatamente por trás do epidídimo.

Tanto o testículo como o epidídimo e a primeira porção do ducto deferente são


diretamente envoltos por uma membrana serosa que é a túnica vaginal que, assim como
a pleura ou o pericárdio, apresenta um folheto que envolve diretamente aqueles órgãos,
sendo denominado lâmina (fáscia) visceral. Esta lâmina recebe inervação do n. frênico.

11.1.1 Técnica de normalização do canal inguinal


Tem como objetivo diminuir a tensão sobre o conteúdo que passa no canal
(cordão espermático nos homens e ligamento redondo do útero nas mulheres) e ter um
efeito profundo sobre as fixações do peritônio.

Técnica de normalização do canal inguinal

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores em extensão. Osteopata


em pé, faz contato com os polegares nas entradas dos canais inguinais (bilateralmente) e
compara a flexibilidade dos dois lados levando seus polegares no sentido superior num
1º momento e lateral (na direção da EIAS) num 2º momento.

Após avaliação, deve-se entrar no canal inguinal com os polegares e levar os


tecidos na direção da facilidade (técnica indireta) inferior ou superior e lateral ou
medial. Em seguida executar a técnica direta (na direção das restrições).

Técnica de normalização do canal inguinal- palpação unilateral

Se houver dificuldade de acessar o canal inguinal, pode-se realizar de maneira


unilateral, com a outra mão diminuindo a tensão tecidual local.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Canal inguinal Palpação do canal inguinal

11.2 - Ovários
São glândulas genitais femininas, em forma de amêndoa, de 4 cm de largura, 2
de altura e 1 de espessura, que pesam entre 6 a 8 gramas cada um.

Localizam-se perpendicularmente sobre a face posterior do ligamento largo, ao


nível do bordo inferior da mesossalpinge e estão unidos ao útero pelo ligamento largo
(como um manto sobre as tubas e útero). Como referência para palpação, se situam no
meio da linha entre EIAS e sínfise púbica.

Ovário e suas relações (Camirand, 2011)

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

É o local da formação do óvulo e de importantes secreções endócrinas


(estrogênio e progesterona).

Os meios de fixação são:

 O mesovário
 O ligamento uterovárico (ou ligamento próprio do ovário) que une o pólo
inferior do ovário com o corno uterino
 O ligamento tubo-ovárico
 O ligamento lombo-ovárico (que se fixa em L2), que é o meio de fixação mais
importante e é contínuo à fáscia do psoas.
 O ligamento apendiculo-ovárico, que une o ovário direito ao apêndice
 O ligamento infundíbulo-cólico, que une o ovário esquerdo ao sigmóide
 Pode haver um ligamento que une o ovário direito ao ceco (lig, de Clayet)

Sua inervação simpática é proveniente do plexo hipogástrico, que tem fibras


nervosas oriundas dos níveis T12 a L2 e parassimpática é vagal (X).

Veias e artérias ováricas

Sua irrigação se dá pelas artérias ováricas, que se originam da parte abdominal


da aorta e sua drenagem é feita pelas veias ováricas (a veia ovárica direita vai para a
veia cava inferior e a veia ovárica esquerda vai para a veia renal esquerda).

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Os nervos, artérias e veias que suprem os ovários caminham juntos com o


ligamento lombo-ovárico e a aponeurose do psoas.

Funções dos ovários

Os ovários apresentam funções exócrinas e endócrinas. Sua função exócrina está


ligada à gametogênese (amadurecimento e liberação do ovócito) e sua função endócrina
está ligada à produção de hormônios:

- mantém as características sexuais femininas, favorecendo a procriação.

- secreta hormônios sob controle da hipófise: estrógeno, progesterona e testosterona,


que interagem com diversos outros hormônios produzidos pelo organismo.

- o estrógeno é o hormônio da feminilidade, prepara o útero para ser fecundado e atua


todo o tempo do ciclo menstrual; atua na regeneração do colágeno e dos tecidos e na
lubrificação vaginal durante o ato sexual; divide a água entre os tecidos; age sobre a
produção de serotonina; atua sobre a manutenção da massa óssea, a memória, o cérebro,
o equilíbrio, o humor, a concentração e o sono.

- a progesterona é o hormônio que favorece a gestação, permitindo a implantação e a


fecundação. É o hormônio vital para sobrevivência do óvulo e essencial para o
equilíbrio hormonal durante o ciclo menstrual. É secretado a partir da ovulação e gera
aumento da temperatura corporal. Este hormônio é proveniente dos ovários e também
da suprarrenal e é produzido a partir do colesterol (mulheres com dieta pobre em
colesterol podem ter dificuldade na produção da progesterona). Age como feed back
negativo para o estrógeno (inibe a produção de estrógeno no eixo hipotálamo-
hipofisário-ovariano). Age como precursor dos hormônios esteroides (ovarianos e
corticoides). Tem efeito calmante, mantém a fase secretora do endométrio (prevenindo
câncer) e protege contra os cistos nas mamas (prevenindo câncer); auxilia na utilização
da gordura para produzir energia, previne o inchaço, facilita a função dos hormônios da
tireoide, normaliza a coagulação sanguínea, aumenta a libido e normaliza os níveis de
zinco, açúcar sanguíneo e oxigenação celular.

- a testosterona auxilia contra as doenças cardiovasculares, as taxas elevadas de


colesterol, o diabetes, doença de Alzheimer, problemas de memória, sistema

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

imunológico, fadiga crônica e o envelhecimento. Além disso, tem efeito sobre o


comportamento sexual, a energia, vitalidade, musculatura e absorção do cálcio pelo
osso.

Ciclo menstrual

É dividido em 3 fases:

1- Fase folicular

Inicia-se no primeiro dia da menstruação e, dura entre 5 a 12 dias. Nesta fase a hipófise
aumenta a produção do hormônio folículo-estimulante (FSH), que leva os ovários a
amadurecer seus óvulos. Com esse amadurecimento, o ovário começa também a liberar
maiores quantidades de estrogênio, responsável por tornar o revestimento do útero
pronto para uma possível gravidez.

2- Fase ovulatória

Nesta fase, os níveis de estrogênio continuam aumentando e levam o corpo a produzir o


hormônio luteinizante (LH), que é responsável por selecionar o óvulo mais maduro e
fazê-lo sair do ovário, que é quando ocorre a ovulação, geralmente, por volta do dia 14
do ciclo.
Depois de liberado, o óvulo viaja pelas trompas até chegar ao útero. Normalmente, o
óvulo sobrevive por 24 horas fora do ovário e, por isso, se entrar em contato com
espermatozoides, pode ser fecundado. Uma vez que os espermatozoides podem durar
até 5 dias dentro do corpo da mulher, é possível que se, a mulher tiver tido relações até
5 dias antes da ovulação, possa engravidar.

3- Fase lútea

Esta fase acontece, em média, nos últimos 12 dias do ciclo e, durante esses dias, o
folículo, deixado pelo óvulo dentro do ovário, começa a produzir progesterona em
maior quantidade, para continuar preparando o revestimento do útero para o caso de
uma possível gravidez. Além disso, também existe um aumento na produção de

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

estrogênio e, por isso, algumas mulheres podem apresentar sensibilidade nos seios,
mudanças de humor e até inchaço.
Quando a fecundação não acontece, o folículo vai regredindo dentro do ovário e, por
isso, os níveis de estrogênio e progesterona vão diminuindo até que o revestimento do
útero seja eliminado, dando início à menstruação e ao próximo ciclo menstrual.
Já se existir fecundação, o óvulo fica conectado às paredes do útero e o corpo começa a
produzir hCG (gonadotrofina coriônica humana), um hormônio que mantém o folículo
produzindo estrogênio e progesterona em níveis elevados para manter o revestimento do
útero até à formação da placenta.

11.2.1 Técnica de liberação da tuba uterina e do ovário


Paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores flexionados e pés
apoiados na maca. Osteopata sentado, faz contato com a mão interna na lateral do fundo
do útero e a mão externa na região medial do ovário a ser tratado.

A técnica consiste em levar o útero contralateralmente ao ovário tratado e o


ovário na direção lateral e encontrar o Still point e esperar o relaxamento.

12 - FÍGADO
A maior glândula do corpo, pesa cerca de 1.500 g e localiza-se nos quadrantes
direito e esquerdo superiores (principalmente no lado direito), inferior ao diafragma,
que o separa da pleura, pulmões, pericárdio e coração. Do lado direito está à altura
da 5ª costela e do lado esquerdo à altura da 6ª costela. O fígado possui uma face
diafragmática e uma face visceral, que são separadas anteriormente por sua margem
inferior, aguda.

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Vista anterior do fígado

A face diafragmática do fígado é coberta com peritônio visceral, exceto


posteriormente na área nua do fígado, onde ela está em contato direto com o diafragma.
A área nua é demarcada pela reflexão do peritônio, do diafragma até ela, como as
lâminas anterior e posterior do ligamento coronário. Estas lâminas encontram-se no lado
direito para formar o ligamento triangular direito e divergem em direção ao lado
esquerdo para incluir a área nua triangular. A lâmina anterior do ligamento coronário é
contínua no lado esquerdo com a lâmina direita do ligamento falciforme, e a lâmina
posterior é contínua com a lâmina direita do omento menor. As lâminas esquerdas do
ligamento falciforme e do omento menor encontram-se para formar o ligamento
triangular esquerdo.

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Vista posterior do fígado

A face visceral do fígado é coberta com peritônio, exceto no leito da vesícula


biliar e da porta do fígado, onde os vasos e ductos entram e saem do fígado.

Relações fasciais do fígado

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Além de suas muitas atividades metabólicas, como a formação de importantes


substâncias como o colesterol e os fosfolipídios, o fígado armazena glicogênio e secreta
bile, que contém grande quantidade de sais biliares, que são os responsáveis por realizar
a “quebra” da gordura, facilitando os movimentos de mistura intestinais e ação das
lípases do tubo digestivo.
Secretada pelo fígado, a bile passa nos ductos hepáticos direito e esquerdo que
se unem para formar o ducto hepático comum, que se une ao ducto cístico (proveniente
da vesícula), para formar o ducto colédoco.
O ducto colédoco forma-se na margem livre do omento menor por meio da
união do ducto cístico e do ducto hepático comum. O comprimento do ducto colédoco
varia de 5 a 15 cm, dependendo de onde o ducto cístico se une ao ducto hepático
comum. O ducto colédoco desce posterior à parte superior do duodeno e situa-se na face
posterior da cabeça do pâncreas. No lado esquerdo da parte descendente do duodeno, o
ducto colédoco entra em contato com o ducto pancreático principal. Estes ductos correm
obliquamente através da parede desta parte do duodeno, onde se unem para formar a
ampola hepatopancreática (ampola de Vater).
Uma estrutura com a função de armazenar a bile produzida pelo fígado é a
vesícula biliar que tem a função de concentrá-la, absorvendo água e sais.
Essa vesícula situa-se na fossa da vesícula biliar na face visceral do fígado. Esta
fossa situa-se na junção dos lobos direito e esquerdo do fígado. A vesícula biliar tem
capacidade para até 50 ml de bile. O peritônio envolve completamente o fundo da
vesícula biliar e liga seu corpo e colo ao fígado.
O ducto cístico (aproximadamente 4 cm de comprimento) liga o colo da vesícula
biliar ao ducto hepático comum. O ducto passa entre as lâminas do omento menor,
normalmente paralelo ao ducto hepático comum, ao qual se une para formar o ducto
colédoco.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Vesícula biliar e ductos biliares

Quando o alimento chega ao duodeno, dois mecanismos agem simultaneamente


para promover o esvaziamento da vesícula biliar no intestino delgado. Primeiro a
colecistocinina, secretada pela mucosa do duodeno, chega à vesícula, trazida pela
corrente sanguínea, provocando uma contração da musculatura desse órgão e
relaxamento do esfíncter de Oddi (músculo circular em torno do orifício por onde o
canal colédoco encontra o duodeno). Segundo, a presença do alimento no duodeno
estimula o peristaltismo e esse, via sistema nervoso, gera um relaxamento do esfíncter
de Oddi.

Portanto, a função digestiva do fígado é produzir bile, uma secreção verde


amarelada, que armazenada na vesícula biliar, é liberada quando gorduras entram no
duodeno. A bile emulsiona a gordura e a distribui para a parte distal do intestino para
digestão e absorção.

Anatomia de superfície do fígado


É um órgão tanto torácico como abdominal. Superiormente, sua projeção
alcança o quinto espaço intercostal direito, na linha mamilar.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Na região inferior, a margem anterior segue um trajeto oblíquo para cima e para
dentro do gradil costal, não ultrapassando o gradil, por isso só é palpável durante a
inspiração profunda. Cruza a região epigástrica seguindo uma linha que vai desde a
nona cartilagem costal direita até a oitava cartilagem costal esquerda.

Inervação do fígado
Os nervos do fígado são derivados do plexo celíaco. Ele consiste em fibras
simpáticas provenientes dos nervos esplâncnicos maiores (T6 à T9) e fibras
parassimpáticas provenientes dos nervos vagos.
O nervo frênico (C3, 4 e 5) inerva a cápsula do fígado (cápsula de Glisson).

Vascularização
Pela veia porta chega ao fígado todo material absorvido nos intestinos, com
exceção de parte dos lipídios que é transportada por via linfática. Graças a essa
característica, ele se encontra em posição privilegiada para metabolizar e acumular
nutrientes e neutralizar e eliminar substâncias tóxicas absorvidas.
A veia porta do fígado, formada pelas veias mesentérica superior e esplênica,
divide-se em ramos direito e esquerdo que se ramificam dentro do fígado.
Além da veia hepática, também penetra no pedículo hepático o sangue arterial
proveniente da artéria hepática própria, originada no tronco celíaco. A artéria hepática,
um ramo do tronco celíaco, pode ser dividida em:
- artéria hepática comum – do tronco celíaco até a origem da artéria gastroduodenal
- artéria hepática própria – da origem da artéria gastroduodenal até sua bifurcação em
ramos direito e esquerdo.
A artéria hepática conduz sangue bem oxigenado da aorta, e a veia porta do
fígado conduz sangue pouco oxigenado, porém rico em nutrientes a partir do trato
gastrointestinal para os sinusóides do fígado.

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Vascularização do fígado
As funções do fígado são:
- Secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento das gorduras ingeridas,
facilitando, assim, a ação da lipase
- Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para formar
glicogênio, que é armazenado; nos momentos de necessidade, o glicogênio é
reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação
- Armazenar ferro e certas vitaminas (vitamina A, D, K) em suas células
- Metabolizar lipídeos
- Sintetizar diversas proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de
coagulação e de substâncias transportadoras de oxigênio e gorduras
- Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do
organismo
- Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua
hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile.

- Produzir SHBG (sex hormone-binding globulin- globulina transportadora de


hormônios sexuais), que tem grande afinidade pela testosterona e menor afinidade pelos
estrógenos. A testosterona não ligada (livre) tem atividade biológica, a ligada ao SHBG
é inativa. O SHBG age como um modulador da secreção androgênica nos tecidos.

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- Produzir CBG (cortisol-binding globulin- globulina transportadora de cortisol ou


transcortina), que tem como função se ligar ao cortisol, tornando-o inativo enquanto
estão ligados. Somente o cortisol livre é biologicamente ativo.

- Produzir TBG (thyroxine-binding globulin- globulina transportadora de tiroxina), que


tem como função se ligar ao T3 e T4 e transportá-los.

Relações do fígado
O fígado está ligado à parede anterior do abdômen pelo ligamento falciforme.
Posteriormente a este, temos o ligamento redondo do fígado. Na porção superior, quatro
ligamentos prendem o fígado ao diafragma: (1) ligamento coronário anterior direito, (2)
ligamento coronário anterior esquerdo, (3) ligamento coronário posterior direito, (4)
ligamento coronário posterior esquerdo. A união dos dois ligamentos coronários
esquerdos forma o ligamento triangular esquerdo; a união dos direitos forma o
ligamento triangular direito.
Já, a face visceral apresenta relação com outros sistemas:

 O lado direito da face anterior do estômago – as áreas gástrica e pilórica.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

 A primeira porção do duodeno


 O omento menor
 A vesícula biliar
 O ângulo cólico direito e colo transverso direito
 A rim direito e a glândula supra-renal

Causas e repercussões das disfunções hepáticas

As alterações das funções hepáticas podem ser geradas por disfunções somáticas
no fígado, por traumas locais, por intoxicação ambiental (poluição, por exemplo), stress
emocional e infecções. Além disso, alterações intestinais, como alergias, intolerâncias
alimentares e a disbiose intestinal (alteração na flora intestinal que dificulta a absorção
de nutrientes), podem gerar alteração no funcionamento do fígado.

Como repercussão da alteração da função hepática, o paciente pode apresentar


dores articulares, inflamações, alteração na pele, desequilíbrios hormonais, problemas
de digestão e glicemia.

12.1 Técnica de liberação do fígado via costelas


Paciente em decúbito dorsal, osteopata sentado, à altura do tórax do paciente, faz
contato com a região superior ou inferior da costela em restrição.

Técnica de liberação do fígado via costelas


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A técnica consiste em colocar tensão (se o contato está na região superior da


costela, colocar tensão no sentido inferior, se o contato está na região inferior da costela,
colocar tensão no sentido superior) até que perceba a liberação tecidual.

Normalmente quando o fígado está em disfunção, algumas costelas


(normalmente de 2 a 4) se encontram restritas, neste caso deve-se realizar a técnica para
todas as costelas restritas.

12.2 Técnica funcional para o fígado


Paciente em decúbito dorsal, osteopata sentado, à altura do tórax do paciente, faz
contato com as mãos (uma sobre a outra) na projeção do fígado.

Técnica funcional para o fígado

A técnica consiste em acessar a profundidade do plano do fígado e levar os


tecidos na facilidade dos movimentos latero-lateral, crânio caudal e no sentido horário
ou anti horário e manter até a liberação tecidual ou acompanhar os movimentos fasciais.

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13 – Técnicas para o SNA

13.1 Técnica de balanceamento alternado dos temporais


Tem como objetivo estimular o SNA pela ação fluídica da manobra.

Paciente em decúbito dorsal, Osteopata na cabeceira da maca, faz contato com


seus polegares ao longo do processo mastoide, enquanto os demais dedos ficam
entrelaçados e em contato com o occipital.

Técnica de balanceamento alternado dos temporais

A técnica consiste em gerar rotação interna num temporal enquanto gera rotação
externa no outro temporal. Para isto, o Osteopata deve bascular seu tronco para um lado
e depois para o outro. Se os movimentos são mais rápidos que o MRP/IRC, estimulam o
SN simpático (neste caso, os movimentos devem ser curtos). Se os movimentos são
mais lentos que o MRP/IRC, estimulam o SN parassimpático (neste caso, os
movimentos devem ser longos).

Estes movimentos tencionam a tenda do cerebelo e inclinam a foice do cérebro


alternadamente, favorecendo a movimentação de líquidos dentro do crânio e encéfalo.

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13.2 Técnica de estimulação dos gânglios cervicais superior e médio


Paciente e osteopata posicionados como para realizar uma técnica de thrust
cervical.

O contato deve ser realizado na região póstero-lateral da vértebra (C1/C2 ou


C2/C3 para o gânglio cervical superior e C5/C6 para o gânglio cervical médio).

Técnica de estimulação dos gânglios cervicais superior e médio

A técnica consiste em realizar movimentos rítmicos (sem rebote) na direção da


rotação/inclinação. Deve ser realizada bilateralmente.

NOTA: para gerar inibição do gânglio cervical superior, realizar a técnica de inibição
dos suboccipitais.

13.3 Técnica de estimulação do gânglio cervical inferior


Paciente em decúbito lateral, osteopata de frente para o paciente, faz contato
indexial com a mão superior na parte lateral do processo transverso de C6/C7 ou na
região póstero lateral de T1 e sua mão inferior segura a parte proximal do antebraço do
paciente.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

Técnica de estimulação do gânglio cervical inferior

A técnica consiste em realizar, simultaneamente, rotação/inclinação vertebral e


tração no MS. A técnica deve ser realizada bilateralmente.

Esta técnica pode ser realizada com os gânglios torácicos superiores- T1 a T5-
(neste caso a rotação da vértebra deve ser realizada a partir de um contato com
indicador e polegar no processo espinhoso da vértebra.

Deve ser realizada bilateralmente.

13.4 Técnica de inibição do gânglio cervical médio e inferior


Paciente em decúbito dorsal, Osteopata sentado, na cabeceira da maca, faz
contato com as polpas dos indicadores (para o gânglio cervical médio, na região
posterior dos processos transversos de C6 e para o gânglio cervical inferior, na parte
posterior das 1ª costelas), bilateralmente.

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Técnica de inibição do gânglio cervical médio e inferior

A técnica consiste em gerar pressão na direção do teto e manter até perceber o


relaxamento tecidual.

13.5 Técnica de estimulação dos gânglios torácicos médios e inferiores e


lombares superiores
Paciente em decúbito lateral e Osteopata à altura da região que vai tratar, faz
contato no ângulo da costela a ser tratada.

A técnica consiste em gerar rotação do tronco do paciente enquanto leva a


costela na direção anterior. Deve ser realizada bilateralmente.

Técnica de estimulação dos gânglios torácicos médios e inferiores e lombares


superiores

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

13.6 Técnica de inibição dos gânglios torácicos médios e inferiores e lombares


superiores
Paciente em decúbito ventral, Osteopata em pé, à altura do nível a ser tratado,
faz contato com os polegares (bilateralmente), nas cabeças das costelas no nível a ser
tratado.

Técnica de inibição dos gânglios torácicos médios e inferiores e lombares


superiores

A técnica consiste em gerar pressão, bilateralmente, na direção do solo e esperar


a liberação tecidual.

13.7 Técnica de estímulação parassimpático ao nível do sacro


Paciente em decúbito ventral, Osteopata em pé, à altura do sacro do paciente, faz
contato com as regiões tenar e hipotenar na base do sacro (à altura de S1), com os dedos
na direção inferior e reforça o contato com a outra mão.

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Técnica de estímulação parassimpática ao nível do sacro

A técnica consiste em realizar 5 compressões na direção da maca. Esta manobra


deve ser repetida nos outros níveis sacrais (S2, S3, S4 e S5).

13.8 Técnica de inibição parassimpática ao nível do sacro


Paciente em decúbito ventral, Osteopata em pé, à altura do sacro do paciente, faz
contato com as polpas dos polegares na base do sacro (à altura de S1), bilateralmente.

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Técnica de inibição parassimpática ao nível do sacro

A técnica consiste em gerar pressão na direção do solo e manter até perceber o


relaxamento tecidual.

14 - Avaliação glandular e do sistema nervoso pelos testes de


Cinesiologia Aplicada (Camirand, 2011)
Para realizar o teste, deve-se utilizar um músculo a escolha do osteopata (sugere-
se o deltoide (fibras anteriores) se o paciente estiver em pé ou sentado ou o iliopsoas se
o paciente estiver em decúbito dorsal. Camirand (2011) sugere deltoide, tensor da fáscia
lata ou quadríceps.

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Teste de tônus da porção anterior do deltóide

A execução do teste se dá realizando o teste de tônus muscular (do músculo escolhido) e


deve-se escolher um dos músculos que respondam como normal a este primeiro teste.

Escolhido um músculo “normal”, deve-se tocar o ponto reflexo da glândula ou tecido


nervoso que quer testar e refazer o teste de tônus muscular (no mesmo músculo normal
testado anteriormente). Se o tônus muscular se mantiver normal, a glândula não
apresenta disfunção; se o músculo passar a hipotônico, a glândula está em disfunção.

Teste de tônus da porção anterior do deltoide com toque no ponto reflexo do timo

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Os pontos que devem ser tocados estão na figura abaixo.

15 - Efeitos do estresse sobre as glândulas

A sobrevivência de todas as espécies depende de sua capacidade fisiológica de


se adaptar ao meio em que vive e se dirigir o tempo todo à homeostase. Esta capacidade
está controlada pelo sistema neuro endócrino e pelo sistema nervoso autônomo.

As respostas ao stress estão moduladas por grandes circuitos no sistema límbico,


hipotálamo e tronco cerebral e estas respostas dependem do tipo de estressor e da
intensidade do estresse. O sistema límbico interage com a memória e recompensa,
fazendo com que a resposta seja de acordo com experiências prévias e resultados
pregressos.

Responder ao estresse é prioridade para todos os organismos.

Estresse pode ser definido como uma perturbação real ou antecipada da


homeostase ou uma ameaça antecipada ao bem-estar. Geram estresse informações de
todos os principais sistemas sensoriais (exemplo, informações interoceptivas, como
volume de sangue e osmolaridade e/ou estímulos exteroceptivos, como o cheiro de um

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predador) que são transmitidas para o cérebro, que recruta sistemas neurais e
neuroendócrinos (efetores) com a finalidade de minimizar o risco para o animal. A
resposta fisiológica ao estresse envolve um eficiente conjunto de sistemas interligados e
visa manter a integridade fisiológica mesmo nas mais exigentes circunstâncias.

O eixo HHA cria condições de regeneração e realiza ajustes metabólicos


maiores, que permitem que o organismo enfrente o agente agressor (Parsons e Marcer,
2006).

Estas respostas foram denominadas síndrome geral da adaptação por Hans


Selye. Já Chrousos e Gold propuseram que sob estresse algumas estruturas eram
exigidas e outras inibidas. Ao nível central há reações fisiológicas para manter o
organismo num estado de máxima atenção. Quimicamente há aumento da noradrenalina
seguido da ativação do circuito simpático noradrenérgico. Associado a isto e com o
objetivo de não levar o organismo à falência, há inibição de outros sistemas, como o
imunológico, libido sexual, inflamatórios e a fome. Em casos extremos pode haver
ativação do parassimpático para modular a ação simpática.

A resposta ao estresse leva o organismo à alostase, que é o contrário de


homeostase. A alostase é necessária para a reação.

Diversos fatores podem levar ao estresse, como as alterações psicológicas,


comportamentais, sociais, financeiras, do meio em que vive, virais, infecciosas,
alimentares (incluindo intolerâncias), disbioses, eletromagnéticas, hipoglicemia,
alterações de temperatura, atividades físicas, disfunções somáticas.

Estes fatores são cumulativos e o organismo vai variar no tempo em que


consegue retomar a homeostase de acordo com o número de agentes estressores e
intensidades dos estresses. Além disso, os indivíduos não têm a mesma capacidade de
adaptação.

A resposta do organismo a um agente estressor se dá de duas formas: 1- resposta


neurológica de luta ou fuga, controlada pelo sistema nervoso simpático e eixo simpático
suprarrenal e 2- resposta química, controlada pelo cortisol mediada pelo eixo HHA.

A resposta ao stress se dá em 4 fases:

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Na fase 1 (reação de alarme), há reação do lute ou fuja, o hipotálamo estimula o


sistema simpático, que estimula a medula da suprarrenal via hipófise. Há aumento da
adrenalina, que gera aumento da energia, aumento da força muscular, aumento da
frequência cardíaca e respiratória, aumento da pressão arterial, contração do baço e
diminuição das funções digestivas. Há aumento das funções cognitivas e dos fenômenos
de antecipação modulados pelo córtex pré frontal. O sistema límbico, via amígdala,
decide se a resposta será mais reativa (cérebro reptiliano) ou mais racional (néo córtex).
O córtex da suprarrenal libera aldosterona, cortisol e DHEA, que vão gerar aumento da
glicemia sanguínea, aumento da oxigenação e respostas anti-inflamatórias. A tireoide é
ativada para produção de ATP, o fígado aumenta o catabolismo de gordura e de
glicogênio. São inibidos o crescimento e as funções sexuais e imunológicas. Há
dilatação da pupila, sensação de garganta seca, boca seca e dor de cabeça.

Na fase 2 (recuperação), há baixa da adrenalina e do cortisol, a pessoa pode


sentir cansaço, fadiga e o corpo pode passar por uma fase de aumento das funções
glandulares.

Na fase 3 (resistência ou adaptação), há liberação da corticoliberina (atua na


hipófise, liberando o ACTH, que vai liberar a aldosterona, que vai gerar retenção de
água e sódio e cortisol, que vai diminuir inflamação, gerar glicogênese e catabolismo de
proteínas; por outro lado vai inibir o DHEA, que diminui libido e baixa o nível de
humor), somatocrinina (que age na adeno hipófise estimulando a produção de GH, que
estimula o fígado a transformar glicogênio em glicose) e tireoliberina (que estimula a
adeno hipófise a secretar TSH, que estimula a produção de T3 e T4 pela tireóide,
favorecendo a produção de energia - ATP). O prolongamento desta fase pode levar às
úlceras gástricas, fadiga muscular, doenças intestinais, supressão do sistema
imunológico, hipertensão arterial...

Na fase 4 (exaustão), que ocorre quando as respostas da suprarrenal não foram


suficientes para combater o estressor, há hipofunção das suprarrenais (com baixa do
cortisol e DHEA), hipoglicemia, que pode evoluir para hiperglicemia, falência da
tireóide, desequilíbrio dos ovários com diminuição da progesterona e da testosterona,
gerando ansiedade, impaciência, retenção de água, baixa do libido e diminuição da
fertilidade, diminuição da memória com hipotrofia do hipocampo e baixa das funções
imunológicas.

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Abordagem osteopática ao sistema endócrino

16 – REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
American Association of Colleges of Osteopathic Medicine (AACOM).Glossary of
Osteopathic terminology. Nov 2011.

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CHILA, A. G. Foundations of osteopathic medicine, 3 ed. Philadelphia: Lippincott


Williams & Wilkins; 2010.

DIGIOVANNA, E; SCHIOWITZ, S. An Osteopathic Aproach to Diagnosis and


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MOORE KL, DALLEY, AF. Anatomia orientada para clínica. 2007. Guanabara
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NEMEROFF CB. The corticotropin-releasing factor (CRF hypothesis of depression:


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PARSONS, J; MARCER, N. Osteopathy: Models for Diagnosis, Treatment and


Practice. 1 ed. Elsevier Health Sciences, 2006.

SIMONS, D. G, TRAVELL, J. G, SIMONS, L.S. Myofascial Pain and Dysfunction.


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