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RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA – BACTERIOLOGIA CLÍNICA

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DOS ESTREPTOCOCOS E


ENTEROCOCOS

Bárbara Márcia Marinho Silva – 2020065139

Larissa Kennedy Moreira Freitas - 2020065201

Introdução

O diagnóstico laboratorial dos cocos Gram-positivos é uma importante ferramenta para


identificar agentes infecciosos que podem causar doenças em humanos. A identificação desses
microrganismos pode ser feita por meio da coloração de Gram, cultivo primário, prova da
catalase, teste de Lancefield e CGP-cato. A coloração de Gram é uma técnica de coloração que
permite a visualização de bactérias em amostras clínicas. Ela é utilizada para identificar a
presença de cocos Gram-positivos, que são corados em violeta pela coloração. O cultivo em
ágar sangue permite a observação das características macroscópicas e microscópicas das
colônias, incluindo a morfologia, tamanho, coloração, textura e a presença de hemólise. A
hemólise é uma reação que ocorre quando as bactérias produzem enzimas que destroem os
glóbulos vermelhos presentes no sangue adicionado ao meio de cultura. A avaliação da
hemólise é importante para a identificação de diferentes tipos de cocos Gram positivos. Os
estreptococos são classificados de acordo com a capacidade de produzir hemólise em ágar
sangue. Os estreptococos beta-hemolíticos produzem uma hemólise total, criando uma zona
clara e transparente ao redor da colônia. Os estreptococos alfa-hemolíticos produzem uma
hemólise parcial, criando uma zona esverdeada ao redor da colônia. Já os estreptococos não
hemolíticos não produzem hemólise. Além da avaliação da hemólise, outros testes podem ser
realizados para confirmar a identificação de estreptococos e enterococos. A prova da catalase
pode ser utilizada para distinguir os estreptococos dos estafilococos, que são catalase-positivos.
O teste de Lancefield é baseado na detecção de antígenos da parede celular dos estreptococos e
permite a identificação de diferentes grupos, como os estreptococos do grupo A, B, C, entre
outros. Outro teste que pode ser utilizado é o CGP-CATO, um teste de coloração que utiliza
cristal violeta, lugol, álcool e safranina para diferenciar os cocos Gram positivos, incluindo os
estreptococos e enterococos, com base nas características da parede celular. Esse teste pode
ajudar a identificar a presença de bactérias não positivas, como os estreptococos pneumoniae,
que não são detectados pelo teste de Lancefield. Os testes de BHI (Brain Heart Infusion) e BEA
(Bile Esculin Agar) são comumente utilizados para identificar espécies de Enterococcus. O BHI
é um meio de cultura rico em nutrientes, que favorece o crescimento de Enterococcus, enquanto
o BEA é um meio seletivo para a detecção dessas bactérias, pois contém bile e esculina, que
inibem o crescimento de outras espécies.
O teste de halo tolerância é utilizado para avaliar a resistência das bactérias a altas
concentrações de sal. As espécies de Enterococcus são geralmente capazes de crescer em meios
com alta concentração de sal, como o meio de cultivo agar salgado. A avaliação da formação
de um halo ao redor das colônias em meio salgado indica que a bactéria é capaz de crescer em
condições de alta salinidade. Isso é importante, pois muitas vezes essas bactérias podem ser
encontradas em alimentos com alta concentração de sal, como queijos e carnes salgadas.
Objetivos
O objetivo do diagnóstico laboratorial dos cocos Gram positivos catalase-negativos é
identificar e caracterizar esses microrganismos que podem estar envolvidos em diversas
infecções em humanos, como infecções do trato urinário, infecções da corrente sanguínea,
infecções respiratórias, entre outras. A identificação precisa desses microrganismos é
importante para que seja possível escolher o tratamento adequado e evitar o desenvolvimento
de resistência antimicrobiana.
Materiais e Métodos
A coloração de Gram é uma técnica de coloração diferencial que permite distinguir os
diferentes tipos de bactérias com base em suas características de parede celular. Para realizar a
coloração de Gram, são necessários os seguintes materiais: lâmina de vidro limpa e esterilizada,
as bactérias em suspensão, cristal violeta, lugol, álcool-acetona e Safranina.
O cultivo primário em ágar sangue é realizado para observar a capacidade das bactérias
de crescer em diferentes condições e para identificar possíveis patógenos. Os materiais
necessários incluem placas de Petri contendo ágar sangue, alça de inoculação e as bactérias em
suspensão.
A prova da catalase é utilizada para distinguir bactérias catalase-positivas das catalase-
negativas. Para realizar a prova da catalase, são necessários peróxido de hidrogênio e uma alça
de inoculação.
O teste de Lancefield é usado para identificar os diferentes tipos de estreptococos com
base em seus antígenos de parede celular. Os materiais necessários incluem soros Lancefield
específicos para cada tipo de estreptococo e uma alça de inoculação.
A CGP-Cato é uma técnica utilizada para identificar cocos Gram positivos catalase-
negativos que não se enquadram nos grupos de estafilococos ou estreptococos. Os materiais
necessários incluem o meio de cultura CGP-Cato e uma alça de inoculação.
Em geral, a realização desses protocolos permite a identificação precisa de cocos Gram
positivos catalase-negativos e, consequentemente, a determinação da espécie bacteriana
responsável por uma infecção. Isso é fundamental para o tratamento adequado do paciente e a
prevenção da disseminação da doença.
Resultados

A Coloração de Gram, para avaliação da morfologia, se mostrou positiva e abundante,


com numerosas células por campo, sendo predominante cocos agrupados em cadeia, mas
também estando presentes de forma isolada e em pares. Não haviam outros elementos
bacterianos presentes na coloração.
Os demais resultados apresentados foram: teste de catalase negativo (sem a presença de
bolhas), teste de BHI negativo (não turvo, límpido), teste de BEA positivo (turvo com presença
de precipitado), plantio primário ineficiente (sem isolamento da cultura bacteriana), resistência
à bacitracina e não resistência à optoquina.

Discussão

Os resultados obtidos mostram que a técnica de Gram, testes de catalase, BHI e BEA
foram efetivos e satisfatórios, o que permite melhor identificação e caracterização bacteriana.
Entretanto, o plantio primário não foi eficiente, o que fez com que a colônia se proliferasse
livremente, sem promoção do isolamento, e com que a observação do padrão de hemólise fosse
dificultada.
Dessa forma, considerando a caracterização morfológica e, principalmente, os
resultados dos testes BHI (-) e BEA (+), podemos inferir que a bactéria em questão se trata de
uma Streptococcus Grupo D pois é não halotolerante e resistente aos biliares.
Essas conclusões nos permitem caracterizar e classificar a bactéria utilizada, e afirmar
que, com exceção do plantio primário, todas as metodologias para o diagnóstico foram
executadas de maneira correta, dentro do halo de proteção.
Referências

Capítulo 1: Estafilococos, Estreptococos, Enterococos e outros. Agência Nacional de Vigilância


Sanitária. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à
Saúde. Módulo 6: Detecção e identificação de bactérias de importância médica. Brasília:
Anvisa, 2013.
Capítulo 14: Estreptococos, enterococos e outros gêneros relacionados. Brooks, G.F. and
Carroll, K.C. and Butel, J.S. and Morse, S.A. and Mietzner, T.A. Microbiologia Médica de Jawetz,
Melnick & Adelberg. 26º edição. Porto Alegre: AMGH Editora, 2014.

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