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PROPÓSITO
Conhecer as espécies bacterianas que são importantes causadoras de infecções em humanos
e os métodos usados para seu diagnóstico a fim de que o profissional tenha domínio de suas
atividades exercidas no laboratório clínico, sendo capaz de realizá-la com segurança e
qualidade.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
As bactérias formam um grupo de microrganismos muito diverso. Dentro desse domínio,
encontramos espécies que estão adaptadas a diferentes ambientes, desde geleiras da
Antártida até o nosso próprio corpo. A grande maioria das bactérias que habitam o corpo
humano estão em equilíbrio e, muitas vezes, trazem benéficos para nossa saúde, fazendo
parte do que chamamos de microbiota normal. No entanto, existem também aquelas que
podem causar doenças (bactérias patogênicas) e, por isso, a presença dessas espécies deve
ser identificada.
Uma vez que a espécie responsável por uma doença é determinada, o tratamento pode ser
realizado de forma direcionada, e as chances de cura aumentam muito! Por isso, vamos
começar agora o nosso estudo sobre métodos laboratoriais de diagnóstico para bactérias de
importância clínica. Esses métodos têm como objetivo principal determinar a espécie
bacteriana encontrada em materiais obtidos de pacientes, como escarro, sangue e urina.
Agora falaremos um pouco sobre as características marcantes das espécies patogênicas aos
seres humanos e entraremos em detalhes sobre os métodos de diagnóstico de infecções
bacterianas do trato respiratório e urinário. Os métodos de diagnóstico laboratorial são
baseados nas particularidades de cada espécie e, por isso, é tão importante relacionar esses
temas.
MÓDULO 1
Reconhecer as principais espécies de bactérias causadoras de infecções em
humanos e suas características
A coloração de Gram nos permite definir uma cor e evidencia a forma para a maioria das
espécies de bactéria. A técnica diferencia esses microrganismos de acordo com a porção mais
externa da célula: uma camada espessa de peptideoglicano ou uma membrana de
fosfolipídeos.
As que têm o peptiodeoglicano na parte externa se coram de roxo pelo corante cristal violeta, e
mantém essa cor até o final do método. Por isso, são chamadas de Gram-positivas. Já as que
possuem uma membrana externa de fosfolipídeos, perdem a cor roxa em uma etapa do
método e depois são “recoradas” em vermelho, sendo chamadas Gram-negativas.
Fonte: Wikimedia
Sequência de reagentes usados no método de coloração de Gram. A etapa 1
representa as células bacterinas antes de serem coradas e, ao final da etapa 5, observamos as
cores que as bactérias gram-positivas e gram-negativas adquirem após a técnica.
Além disso, quando as células são coradas, podemos identificar como elas se organizam, e, se
coloração de Gram for feita diretamente no material clínico, é possível a identificação de
leucócitos e outros tipos celulares úteis no diagnóstico.
Em relação à utilização do oxigênio, algumas espécies bacterianas usam essa molécula para
produzir energia, outras podem ou não utilizar, e ainda existem aquelas que nunca usam o
oxigênio. Baseado nisso, podemos chamar as bactérias de aeróbicas, facultativa ou
anaeróbicas, respectivamente.
Para algumas bactérias anaeróbicas o oxigênio é tóxico e, por isso, elas se transformam em
esporo quando entram em contato com ele. Também chamado de endósporo, essa estrutura é
uma forma de vida que a célula bacteriana assume permitindo sua sobrevivência em condições
inapropriadas para vida.
Fonte: Pixnio
Crescimento bacteriano em meio de cultura Ágar Sangue. Cada ponto no meio de
cultura é uma colônia que cresceu a partir da amostra clínica com bactéria que foi semeada
nesse ambiente.
Fonte: jkcDesign/Shutterstock
A temperatura para o crescimento em meio de cultura de bactérias que causam infeções em
seres humanos é quase sempre próxima de 36°C, já que essa é a nossa temperatura média
corporal. Por isso, quando queremos obter o crescimento de bactérias em laboratório,
costumamos deixar o meio de cultura dentro de estufas com temperaturas entre 35 e 37°C.
Pronto! Agora, podemos entrar no mundo das principais bactérias agentes de doenças em
seres humanos.
Fonte: NatalieIme/Shutterstock
Quando a bactéria em forma de coco se divide para formar novas bactérias (“filhas”), o formato
redondo da célula possibilita que a divisão seja feita em diferentes direções, chamados de
planos de divisão.
Quando a divisão acontece em apenas um plano, os cocos podem ser organizar em fileira ou
em duplas e, quando ocorre em várias direções, a organização fica mais complexa, originando,
por exemplo, cachos de células bacterianas. Dois gêneros muito conhecidos de cocos são os
Staphylococcus e os Streptococcus, que possuem células organizadas em cachos e fileiras,
respectivamente.
Fonte: Wikimedia
Fotografia da imagem observada ao microscópio óptico de uma espécie de
Staphylococcus. É possível observar aglomerados das células em formas de coco, que são
chamados de cachos. Perceba que essa espécie é gram-positiva, pois está corada em roxo.
Fonte: Wikimedia
Fotografia da imagem observada ao microscópio óptico de uma espécie de
Streptococcus. É possível observar fileiras das células em formas de coco. Perceba que essa
espécie é gram-positiva pois está corada em roxo.
Provavelmente, você já limpou algum ferimento com água oxigenada e viu o surgimento de
bolhas, essa é uma reação típica produzida pela catalase.
Fonte: Kopytin Georgy/Shutterstock
Fonte: Yayah_Ai/Shutterstock
Fotografia mostrando um teste da catalase positiva. Em uma lâmina, uma gota de
peróxido de hidrogênio (H2O2) é colocada em contato com a colônia suspeita. A presença de
VOCÊ SABIA
Essa espécie pode produz importantes toxinas como a leucocidina de Panton-Valentine, toxina
esfoliativa e a toxina da síndrome do choque tóxico, que contribuem para os quadros mais
graves de infecção.
Fonte: Wikimedia
α: Hemólise parcial (ao redor da colônia o ágar fica cinza-esverdeado). β: Hemólise total,
ao redor das colônias observamos um halo claro. γ: Sem hemólise.
É comum separar os Streptococcus em grupos para facilitar o estudo desse gênero. Essa
separação pode se basear, tanto no tipo de hemólise que é produzida, quanto pela presença
de determinados açúcares na parede celular de espécies do gênero. A classificação dos
Streptococcus usando como critério os açúcares da parede celular deu origem aos grupos de
Lancefield (usamos letras para nomear cada grupo).
DIFERENCIAÇÃO LABORATORIAL DE
BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA DO
GÊNERO STREPTOCOCCUS
Bactérias do gênero Enterococcus também são gram-positivas e não produzem a enzima
catalase, assim como os Streptococcus. Destacam-se por crescer em ampla variação de
temperatura (10 a 45°C) e tolerar concentrações de sal um pouco elevadas. Enterococcus
faecalis é o principal enterococo causador de infecções humanas, seguido de longe pela
espécie Enterococcus faecium. Essas espécies são mais comuns como causa de infecções
em pacientes internados em hospitais, causando o que chamamos de Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).
Fonte: Pikist
Fonte: Wikimedia
Fotografia da imagem observada ao microscópio óptico de células de um bacilo
gram-negativo. Perceba que essa espécie é gram-negativa pois está corada em vermelho.
Primeiro, vamos conhecer o grupo das enterobactérias e o dos BGN não fermentadores:
Fonte: Wikimedia
Crescimento de duas espécies de bactérias gram-negativas em meio de cultura Ágar
MacConkey.
Na imagem, esse meio possui o açúcar lactose na sua composição, e permite diferenciar entre
espécies que fermentam esse açúcar (a cor do meio fica rosa), e aquelas que não fermentam a
lactose (a cor do meio fica amarelada ou bege).
De modo geral, os BGNs não exigem nutrientes específicos para seu crescimento, por isso,
podem ser cultivadas em diferentes meios de cultura.
As enterobactérias são BGN fermentadores, capazes de produzir energia através da
respiração aeróbica e da fermentação e, por isso, crescem em ambientes com ou sem
oxigênio, consideradas facultativas. Algumas enterobactérias convivem em harmonia no nosso
intestino e causam doenças só em situações específicas, como é o caso da espécie
Escherichia coli.
Já enterobactérias como as dos gêneros Salmonella e Shigella causam doença sempre que
presentes em número suficiente. Outras enterobactérias destacam-se por causar infecções em
pessoas internadas em hospitais, como a espécie Klebsiella pneumoniae. Dentre as
infecções causadas pelas enterobactérias, podemos citar gastroenterites, pneumonia,
meningite e infecções do trato urinário.
Os BGN não fermentadores só crescem em ambiente com oxigênio, pois realizam apenas a
respiração aeróbica. Ao contrário das enterobactérias, não são comuns na nossa microbiota
normal, mas são amplamente distribuídas no ambiente. Os principais patógenos humanos
desse grupo são as espécies Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii,
causando infecções em pacientes hospitalares. Uma característica marcante e bastante
conhecida de P. aeruginosa é que suas colônias costumam ter uma cor esverdeada devido a
produção de pigmentos próprios. Já os A. baumannii destacam-se pela aparência de
cocobacilos, ou seja, quando olhamos suas células no microscópio, observamos bacilos bem
curtos, “achatados”.
Fonte: Wikimedia
Pseudomonas P. aeruginosa.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
Acinetobacter baumannii.
No grupo dos BGNs que não são enterobactérias, mas causam infecções gastrointestinais,
devemos lembrar do Vibrio cholerae. Sua célula possui formato de vírgula e, por esse motivo,
também é conhecida como vibrião colérico.
Isso acontece por conta da produção de uma toxina, que provoca diarreia profusa, com grande
perda de água durante a evacuação. V. cholerae suporta concentrações elevadas de sal no
ambiente, e costuma crescer rapidamente em meios de cultura ricos em nutrientes.
Ainda dentro desse grupo, é importante citar a espécie Campylobacter jejuni, que também
possui célula curva ou em forma de vírgula. Essa bactéria é comum na microbiota do intestino
de animais, e causa infecções intestinais em seres humanos após ingestão de alimentos mal
cozidos e água contaminada. Para diagnosticar a presença dessa bactéria no nosso intestino,
basta cultivar fezes em meio de cultura apropriado, em um ambiente com 5 a 10% de oxigênio
e, portanto, são considerados microaerófilos.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
Campylobacter jejuni.
Por último, vamos falar de BGN com células bem pequenas. Dentre eles, a espécie Bordetella
pertussis é importante como agente da coqueluche, uma infecção respiratória conhecida
também como tosse comprida. O diagnóstico dessa doença é feito, principalmente, com base
nos sinais clínicos do paciente. O crescimento da B. pertussis é lento, então, a placa de meio
de cultura deve ser mantida por até sete dias. Em caso de resultados positivos, podemos
coletar uma parte da colônia e visualizar ao microscópio pequenos bastonetes gram-negativos.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
Bordetella pertussis.
Uma espécie bem parecida com a B. pertussis é o Haemophilus influenzae. Também se trata
de um pequeno bastonete gram-negativo que exige nutrientes específicos para o seu
crescimento, mas as colônias são vistas depois de um tempo padrão de 24 horas. Essa
bactéria faz parte da nossa microbiota normal do trato respiratório superior, mas pode causar
infecções respiratórias, como faringite e pneumonias e, nos piores casos, meningites. A
presença de uma cápsula de polissacarídeos (açúcares) envolvendo a célula dessa espécie é
usada para definir os “tipos” de H. influenzae, por exemplo, o H. influenzae tipo b, para qual já
existe vacina disponível.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
Haemophilus influenzae.
Bacilos gram-positivos que causam doenças em humanos podem ser separados entre os
que formam e o os que não formam esporos. Dentre os formadores de esporos, destacam-se
as espécies do gênero Clostridium, como Clostridium botulinum (agente do botulismo),
Clostridium tetani (responsável pelo tétano) e Clostridium perfringens (causa infecções
invasivas como a gangrena gasosa).
Essas espécies são caracterizadas por produzir toxinas potentes que causam sintomas sérios,
como a toxina botulínica que leva a incapacidade de contração da musculatura do pulmão.
Essa toxina é produzida pela espécie C. botulinum, que pode se desenvolver em alimentos
bem vedados, como as conservas vegetais artesanais.
Fonte:Shutterstock
Bactérias do gênero Clostridium são desenvolvidas em ambientes vedados, pois não usam
oxigênio na produção de energia, sendo chamadas de anaeróbicas. Para cultivar essas
bactérias, você precisa garantir que o meio de cultura seja mantido em recipientes que
impeçam a entrada de oxigênio. A cultura não costuma ser necessária para o diagnóstico das
doenças causadas por esses microrganismos, pois ele costuma se basear no quadro clínico e
no histórico do paciente (botulismo e tétano), ou ainda no exame direto da amostra ao
microscópio (C. perfringens).
Um importante patógeno humano deve ser citado entre os bacilos gram-positivos não
formadores de esporos: Corynebacterium diphtheriae. Essa bactéria é o agente da difteria,
grave doença respiratória provocada pela toxina produzida por esse microrganismo. O formato
celular dessa espécie chama atenção: depois de corada, observamos um inchaço em uma
das extremidades da célula, além de grânulos escuros que se distribuem ao longo do bacilo.
Esse inchaço pode estar presente nas duas extremidades e, às vezes, não ser visível, por isso,
C. diphtheriae é uma das poucas espécies bacterianas pleomórficas, com formato celular
variável.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
Corynebacterium diphtheriae.
ATENÇÃO
O diagnóstico da difteria é feito baseado nos sinais clínicos característicos do paciente para
que logo se inicie o tratamento. Porém, cultivamos a amostra clínica em meio de cultura
seletivo e testamos se a bactéria produz toxina para que fique registrado e confirmado
ocorrência dessa doença. Esse registro é importante, pois já existe vacina contra a difteria, e
não é comum sua ocorrência.
ESPIROQUETÍDEOS
O próximo grupo de bactérias que vamos discutir apresenta uma aparência “diferenciada”.
Espiroquetas são bactérias com a célula longa e fina em formato espiral. Elas apresentam
estrutura celular incomum, que está super relacionada a sua intensa movimentação em
ambientes aquosos.
Na parte externa, existe uma bainha de glicosaminoglicana, seguida logo abaixo por camadas
de membranas semelhante ao que vemos em bactérias gram-negativas. Saindo das
extremidades da célula e fazendo um espiral em torno dela encontramos feixes de fibrila, que
recebem o nome de endoflagelos, estruturas que garantem a movimentação típica em torno do
próprio eixo, que lembra um saca-rolhas.
As principais espécies desse grupo que são agentes de doenças em humanos são Treponema
pallidum (responsável pela sífilis) e Leptospira interrogans (agente da leptospirose).
A célula do Treponema pallidum se assemelha a uma mola. O agente da sífilis, uma doença
sexualmente transmissível, é uma bactéria que não pode ser cultivada em meios de cultura.
Sendo assim, as técnicas de diagnóstico envolvem examinar diretamente o material clínico
usando um microscópio. A coloração usada é própria, que deixa os finos espirais mais
espessos ou marcados com fluorescência, para facilitar a observação.
Fonte: WIkimedia
Diferentes técnicas usadas para visualização do Treponema pallidum. Na letra (A) a
bactéria é vista usando microscópio de campo escuro, na letra (B) na microscopia óptica após
coloração por impregnação pela prata.
ATENÇÃO
A sífilis é uma doença com vários estágios, e os testes microscópicos são usados
principalmente na fase primária da doença. Depois dessa fase, o diagnóstico é feito através da
utilização de anticorpos fabricados em laboratório para detectar alvos específicos da bactéria
no sangue da pessoa doente.
Além da sífilis, outra patologia causada por bactérias do grupo das espiroquetas é a
leptospirose. Essa doença é considerada uma zoonose, ou seja, animais contaminados por
bactérias dessa espécie, como a Leptospira interrogans, podem transmiti-la para seres
humanos. A L. interrogans possui uma célula fina e “ondulada”, com as extremidades formando
uma espécie de gancho, lembrando um símbolo de interrogação (por isso interrogans).
Fonte: Wikipedia
Leptospira interrogans por micrografia eletrônica.
OUTRAS BACTÉRIAS
As bactérias que apresentam características distintas das espécies que já falamos até aqui
merecem um tópico a parte. Uma delas são bactérias com parede celular atípica e não
podem ser diferenciadas por Gram e, por isso, não se enquadram como gram-positivos ou
gram-negativos. Esse é o caso das micobactérias, conhecidas como agente etiológico de
doenças importantes, como a espécie Mycobacterium tuberculosis que é responsável pela
tuberculose.
Fonte: Wikimedia
Esquema da parede celular (8) das micobactérias. Os ácidos micólicos estão
representados pelo número 2, formando uma barreira hidrofóbica. As demais estruturas são
lipídios (1), polissacarídeos (3), peptidoglicano (4), membrana plasmática (5),
lipoarabinomanano (LAM) (6) e manosídeo de fosfatidilinositol (7).
RECOMENDAÇÃO
Fonte: Artemida-psy/Shutterstock
Mycobacterium tuberculosis.
Outro grupo atípico inclui bactérias que são parasitas intracelulares obrigatórias, ou seja, só
sobrevivem dentro da célula do seu hospedeiro. A espécie Chlamydia trachomatis é uma
delas, responsável por causar doenças como tracoma, uretrite, cervicite e pneumonia infantil.
Dentro das células humanas infectadas, essa bactéria produz inclusões citoplasmáticas
compactas, que, após coloração de Giemsa, são observadas como bolinhas bem coradas no
citoplasma da célula.
Fonte: Shutterstock
Chlamydia trachomatis.
Para o diagnóstico, podemos verificar essas inclusões pela análise do material clínico ao
microscópio, ou ainda, a detecção de anticorpos específicos contra a C. trachomatis, que são
desenvolvidos pelo sistema imune do doente.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A forma da célula bacteriana pode variar bastante entre as espécies de importância clínica
estudadas.
GABARITO
A Vibrio cholerae, um bacilo gram-negativo, causa gastroenterite, mas não pertence ao grupo
das enterobactérias.
MÓDULO 2
Descrever os métodos de diagnóstico laboratorial usados para infecções bacterianas
do trato respiratório
INTRODUÇÃO
O nosso trato respiratório está em constante contato com o meio externo e, por isso, é alvo de
infecções por diferentes microrganismos, principalmente, vírus e bactérias. A frequência
dessas infecções é reduzida por conta das nossas defesas naturais, como cílios, muco,
sistema imunológico e bactérias da microbiota normal. O muco retém partículas de poeira e
microrganismos, que depois são “empurrados” pelos cílios em direção à boca. O nosso sistema
imune nos defende pela ação de macrófagos teciduais e anticorpos de mucosa, entre outras
estratégias. Já a microbiota tem o papel principal de competir por espaço e alimento com
microrganismos que podem causar doenças, impedindo que os “vilões” se sobressaiam.
atmosfera.
VOCÊ SABIA
As infecções do trato respiratório superior costumam ser mais brandas, mas as que acometem
o trato inferior são mais perigosas, pois afetam diretamente a função do sistema respiratório.
Fonte: Dimarion/Shutterstock
Streptococcus pyogenes aumentada x1000 no microscópico.
Outra possível complicação é a glomerulonefrite, que pode se desenvolver entre uma até
quatro semanas após a faringite estreptocócica. Na glomerulonefrite, os anticorpos produzidos
pelo sistema imune do paciente se combinam com antígenos produzidos pela bactéria e depois
depositam na membrana dos glomérulos renais, levando a um processo inflamatório nesse
local.
Também por conta das complicações características da faringite provocada pelo S. pyogenes,
é importante identificar a bactéria a partir de um swab da garganta do paciente.
A forma mais rápida de liberar esse laudo é usando kits de testes rápidos para detecção de
antígenos específicos da bactéria. Esse antígeno é o açúcar da parede celular exclusivo do
grupo A de Lancefild. O antígeno é extraído do swab pela ação de uma enzima ou substância
química, e depois alguma técnica imunológica, como ensaio imunoenzimático ou aglutinação,
permite identificar o antígeno exclusivo de S. pyogenes.
Caso não seja possível a utilização dos kits ou, se o resultado desse teste for negativo, mas a
suspeita ainda persistir, podemos semear o swab em meio de cultura do tipo Ágar Sangue,
considerado o método diagnóstico de referência. A hemolisina produzida pelo S. pyogenes
destrói completamente as hemácias do sangue de carneiro presente nesse meio de cultura.
Onde ocorre o crescimento de colônias, a cor do Ágar Sangue passa de vermelha para
transparente, o que caracteriza β-hemólise, ou hemólise total.
Fonte: Wikimedia
Meio de cultura Ágar Sangue com o crescimento da bactéria Streptococcus
pyogenes.
Na imagem, podemos notar que ao redor da colônia existe um halo translúcido (indicando que
o sangue do meio foi hemolisado), o que caracteriza a β-hemólise.
Depois de obter colônias, podemos fazer a coloração de Gram e confirmar que se trata de um
coco gram-positivo. Dois testes importantes caracterizam o S. pyogenes.
Determina a atividade da enzima PYR, produzida por essa espécie bacteriana, que pode ser
detectada usando um reagente comercialmente disponível.
SENSIBILIDADE À BACITRACINA
ATENÇÃO
A confirmação de faringite bacteriana é muito importante, pois, muitas vezes, os sinais clínicos
são parecidos com a faringite viral. Se o agente for uma bactéria, é necessário tratamento com
antimicrobianos.
A otite média é a infecção da orelha média, ou mais conhecida por dor de ouvido. Já a
sinusite é a infecção da membrana que recobre seios nasais, cavidades que se localizam ao
redor do nariz, maçãs do rosto e olhos. As principais bactérias capazes de causar essas duas
infecções são Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.
Tanto para otite média quanto para sinusite, é difícil obter amostras clínicas válidas do
paciente. Nas sinusites e na otite média, o método de referência implica em um procedimento
invasivo, e muitas vezes nenhuma bactéria é detectada. Em ambos os casos, os sinais clínicos
e os sintomas do paciente são a base para o diagnóstico, e para sinusite os exames de
imagem são muito úteis.
Fonte: Maxx-Studio/Shutterstock
Streptococcus pneumoniae.
O esforço para a entrada do ar produz um som uivante na tosse, daí o nome popular “tosse
comprida” dessa doença. Ainda que os casos sejam pouco frequentes, saber o diagnóstico da
coqueluche é muito importante devido à gravidade que a infecção pode assumir.
Fonte: Wikimedia
Bordetella pertussis crescendo em Ágar Regan-Lowe. Isolado a partir de swab nasal de
paciente com coqueluche mostrado crescimento de 7 dias em 10% de CO2.
O crescimento da B. pertussis é lento , por isso, a incubação precisa ser feita por até sete
dias, em ambiente aeróbico e úmido. A célula bacteriana se cora fracamente pelo Gram, e, por
isso, é recomendado deixar o último corante por dois minutos. Depois da coloração,
visualizamos, usando um microscópio, pequenos bacilos gram-negativos corados em
vermelho.
Por conta de demora para cultivar B. pertussis em laboratório, é recomendando aplicar técnicas
que acelerem o diagnóstico. Dentre elas, estão o teste sorológico e o diagnóstico molecular
pela PCR (Reação em Cadeia da Polimerase).
O teste sorológico detecta anticorpos no sangue do paciente que foram produzidos contra a
bactéria, mas eles demoram algumas semanas para aparecer desde o início da infecção.
Fonte: bogdanhoda/Shutterstock
O teste molecular identifica o DNA da bactéria, e é considerado o método mais eficiente de
diagnóstico para coqueluche. A escolha do método dependerá das condições oferecidas pelo
laboratório clínico e o quadro do paciente.
RECOMENDAÇÃO
Bronquite e bronquiolite são infecções limitadas a traqueia e aos brônquios. As formas agudas,
de início rápido, quase sempre são causadas por vírus. O diagnóstico microbiológico, com
cultivo de bactérias por exemplo, não é indicado para essas infecções.
O tratamento é voltado para reverter os sintomas, como o uso de broncodiladores. Pelo menos
nesses casos, você não precisa se preocupar em desvendar dentro do laboratório clínico o
agente etológico!
A pneumonia é a infecção aguda de todo o pulmão, que pode ser causada por diferentes
espécies de bactérias, além de outros microrganismos. O agente bacteriano mais frequente é a
espécie Streptococcus pneumoniae e, nesse caso, a doença recebe o nome de pneumonia
pneumocócica.
Considerada a pneumonia clássica, os sintomas como febre alta, dificuldade de respirar e dor
lombar surgem logo. A ocorrência desse tipo de pneumonia pode diminuir ao longo dos
próximos anos pelo acesso a vacinas disponíveis contra alguns sorotipos de pneumococos,
que têm como alvo o açúcar da cápsula bacteriana.
Pneumonias bacterianas atípicas são aquelas causadas por espécies como Mycoplasma
pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae e Legionella pneumophila. O diagnóstico laboratorial
que define o agente da pneumonia é muito importante, porque é a base para a escolha do
tratamento adequado, diminuindo do risco de óbito.
O material usado para o diagnóstico de pneumonias pode ser escarro, aspirado traqueal,
lavado broncoalveolar, material de biópsia e sangue. Swab das vias aéreas superiores
geralmente não são úteis pois acabam refletindo a microbiota normal. Em relação ao escarro,
deve ser coletado logo pela manhã e encaminhado diretamente ao laboratório. O aspirado está
sujeito a contaminações por microrganismos que colonizam pacientes entubados ou com
ventilação mecânica. Já o lavado broncoalveolar é mais seguro nesse aspecto.
RECOMENDAÇÃO
As biópsias são mais indicadas para imunocomprometidos e crianças que não reagem bem ao
tratamento. A cultura de sangue é usada quando existe suspeita de que a bactéria tenha
atingido no sangue do paciente. Todas as amostras respiratórias podem ser armazenadas por
até 2 horas em temperatura ambiente, e até 24 horas em geladeira.
Fonte: Wikimedia
Crescimento de Streptococcus pneumoniae em Ágar Sangue.
Na imagem, podemos observar a hemólise parcial onde a bactéria cresce, pois a cor do meio
fica esverdeada. Além disso, vemos um disco impregnado com optoquina (OP) que foi
colocado logo após a semeadura e, com isso, inibiu o crescimento bacteriano no seu entorno, o
que indica sensibilidade.
RECOMENDAÇÃO
O teste mais atual para detecção de pneumococos é identificar um antígeno específico dessa
bactéria na urina do paciente, de forma muito rápida e prática. No entanto, o resultado negativo
precisa ser confirmado por cultura do material, como já foi mencionado anteriormente.
Se a causa da pneumonia não for a espécie S. pneumoniae, a próxima suspeita deve ser a
bactéria Haemophilus influenzae. A coloração de Gram direto do escarro é capaz de diferenciar
H. influenzae de S. pneumoniae, pois o primeiro é um cocobacilo gram-negativo, enquanto o
segundo é um coco gram-positivo. Para cultura e observação das colônias, usamos o meio de
cultura Ágar Chocolate, que tem na sua composição hemácias lisadas, uma rica fonte de
nutrientes para bactérias exigentes. Outro teste importante é verificar a necessidade da
bactéria pelo fator X (hemina ou hematina) e pelo fator V (NAD ou coenzima I). Se a espécie
isolada do material for realmente H. influenzae, ela irá crescer na presença desses fatores,
porque precisa deles.
Fonte: Wikimedia
Teste dos fatores X e V para Haemophilus influenzae.
Na imagem, a bactéria foi semeada em meio de cultura simples, mas foram colocados discos
impregnados com os fatores X e/ou V. Perceba que o Haemophilus influenzae só cresce
quando o disco possui os dois fatores ao mesmo tempo.
VOCÊ SABIA
ATENÇÃO
Bactérias que causam pneumonias atípicas não podem ser detectadas por métodos de
diagnóstico microbiológicos convencionais, como a cultura. Dentre as limitações, podemos citar
o fato de não se corarem pelo método de Gram ou o difícil cultivo em meios de cultura
tradicionalmente usados no laboratório.
Em casos suspeitos, a confirmação pode ser feita através de técnicas imunológicas, que
detectam o anticorpo produzido pelo sistema imune do doente contra a bactéria ou algum
antígeno específico do microrganismo. Podemos contar também com o diagnóstico
molecular, como a PCR, que identifica o material genético da bactéria.
Fonte: Pikist
Diagnóstico molecular.
A tuberculose é uma infecção crônica do trato respiratório inferior, diferente das outras
infecções discutidas até aqui. A doença se inicia quando a bactéria começa a invadir e se
multiplicar dentro dos macrófagos presentes nos alvéolos pulmonares. A doença avança
lentamente, à medida que mais macrófagos são destruídos, o que gera inflamação e lesão do
tecido pulmonar.
O papel do sistema imune é essencial e determina se a doença seguirá para fases mais
graves. A tuberculose passou a se tornar um problema ainda maior com a epidemia de HIV.
Por conta da baixa imunidade desses pacientes, a tuberculose pode evoluir de forma mais
rápida e perigosa. Nesses pacientes, existe mais chance da ocorrência de tuberculose
extrapulmonar, quando outros órgãos além do pulmão são atingidos, através da disseminação
da bactéria pelo sistema linfático e sanguíneo.
A inviabilização com hipoclorito de sódio 5% é uma opção quando o laboratório não tem cabine
de segurança biológica.
Para tuberculose pulmonar, a primeira análise a ser feita é o exame microscópio do escarro
após coloração, conhecido como baciloscopia. O escarro pode ser distendido diretamente na
lâmina ou anteriormente podem sem usados agentes mucolíticos que o tornam mais fluido,
como NaOH. O método de coloração mais usado é Ziehl-Neelsen, onde os bacilos álcool-ácido
resistentes (BAAR), como as micobactérias, adquirem coloração rosa forte, e outras células
ficam coradas em azul, quando vistos ao microscópio óptico.
Fonte:Shutterstock
Baciloscopia de escarro corado por Ziehl-Neelsen mostrando BAAR. A Mycobacterium
tuberculosis aparece em cor vermelha e as outras células do escarro se coram em azul.
Também é possível usar a coloração com auramina como triagem, onde os BAAR coram em
amarelo alaranjado e o restante da lâmina fica escura, mas, nesse caso, é necessário um
microscópio de fluorescência. O resultado da microscopia pode mostrar ausência de BAAR ou
presença. A presença é registrada de acordo com a quantidade de dessas células por campo
de visão, variado de raros (+) até numerosos (++++). A microscopia é simples, rápida e de
baixo custo, mas alguns casos podem não ser detectados por esse método. Por isso, a
confirmação de resultados negativos para casos suspeitos vem através da cultura do
microrganismo, considerado o padrão-ouro para tuberculose pulmonar. Também usamos a
cultura para o diagnóstico de tuberculose extrapulmonar.
precisamos verificar se ocorreu o crescimento de colônias duas vezes nas duas primeiras
semanas, e depois, uma vez por semana. Se forem observadas colônias, seguimos com a
identificação da espécie de Mycobacterium. Essa discriminação baseia-se no tempo necessário
para o crescimento visível, na aparência das colônias, na produção de pigmento quando as
colônias são expostas à luz e na realização de certas análises bioquímicas.
Fonte: Shutterstock
Meio de cultura Lowenstein-Jensen com crescimento de colônias características de
Mycobacterium tuberculosis. As colônias típicas dessa espécie são secas, amontoadas e
amareladas.
Uma outra opção de diagnóstico são os testes automatizados e métodos moleculares, que
são mais rápidos, porém mais caros. O BACTEC é um exemplo de teste automatizado que
identifica a espécie M. tuberculoses através da sua inibição pelo composto NAP (ρ-nitro-α-
acetylamino-β-hydroxypropiophenone), liberando o resultado em aproximadamente cinco dias.
Os testes moleculares incluem a utilização de sondas que se ligam ao RNAr da espécie alvo,
ou ainda a amplificação de determinadas regiões do DNA da bactéria pela técnica de PCR.
Tudo depende dos recursos disponíveis, mas devemos estar preparados e conhecer todas as
possibilidades.
Se o objetivo for rastrear possíveis doentes em uma população de risco para tuberculose,
podemos aplicar o teste imunológico da prova tuberculínica. Chamado de PPD (Purified
Protein Derivative), esse exame verifica se casos suspeitos apresentam reação imunológica
contra uma proteína purificada da M. tuberculosis, que é injetada nas camadas superficiais da
pele do indivíduo.
Fonte: Pixabay
Teste de PPD.
Se ocorrer reação positiva, a área em torno da injeção ficará endurecida e vermelha após
aproximadamente 72 horas. Esse teste não significa que a doença está ativa, e sim um contato
anterior com a bactéria. Por isso, pessoas que já se vacinaram com a vacina BCG apresentam
PPD positivo. O PPD como indicativo de casos ativo de tuberculose é mais usado para
pacientes positivos para o vírus HIV e crianças bem novas, com imunidade baixa.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Streptococcus pneumoniae quando semeado em meio de cultura Ágar Sangue não realiza
hemólise das hemácias, deixando o meio com coloração esverdeada.
B) A Mycobacterium tuberculosis cresce em até uma semana, não é corada pelo método de
Gram, e raramente apresenta-se resistente aos antimicrobianos de primeira linha usados no
tratamento da doença.
C) A Mycobacterium tuberculosis cresce lentamente, não pode ser diferenciada pelo método de
Gram, e tem grandes chances de ser resistente aos antimicrobianos de primeira linha usados
no tratamento da doença.
GABARITO
2. Estudamos que a tuberculose é uma infecção crônica do trato respiratório inferior. Ela
é causada pela espécie Mycobacterium tuberculosis , que apresenta algumas
particularidades em relação à maioria das bactérias. Escolha a opção que resume essas
características corretamente.
Essa bactéria pode levar até 24 para se dividir, não pode ser diferenciada pelo Gram devido às
extensas camadas externas de ácido micólico e uma preocupação com a resistência é
verdadeira.
MÓDULO 3
Descrever os métodos de diagnóstico laboratorial usados para infecções bacterianas
do trato urinário
Na imagem, de cima para baixo, vemos dois rins, por onde chegam os vasos sanguíneos,
depois, os rins se conectam com a bexiga pelos ureteres e esses desembocam na bexiga. A
bexiga se comunica com o meio externo através da uretra.
Esse funcionamento é muito importante pois elimina substâncias tóxicas ao nosso organismo e
mantém uma quantidade de água suficiente para o nosso corpo. As patologias que afetam
esses órgãos podem, por exemplo, provocar o acúmulo de substâncias indesejáveis ou a
eliminação inadequada de componentes importantes, além de alterações da pressão
sanguínea. Dentre essas patologias, estão as infecções do trato urinário (ITU).
A maioria das infecções do sistema urinário é causada por bactérias. No entanto, outros
microrganismos podem se desenvolver, como, por exemplo, fungos e protozoários. Um
exemplo importante é o fungo da espécie Candida albicans. Esse microrganismo faz parte da
microbiota normal de algumas mulheres, mas pode crescer de forma descontrolada, causando
a candidíase. Quando não tratada, essa infecção da genitália externa tem chances de evoluir
para uma infecção urinária.
As bactérias podem provocar infecções nos diferentes órgãos do sistema urinário, dependo da
sua porta de entrada. Elas podem acessar os rins pelo sangue, por exemplo, a partir de uma
infecção que se originou em outra parte do corpo e se espalhou, chamada de infecção
sistêmica. Um exemplo é a leptospirose, causada pela bactéria Leptospira interrogans.
Essa bactéria pode ser liberada pela urina de animais e contaminar a água, penetrando no
nosso organismo através de pequenas lesões ou por membranas mucosas, como a cavidade
oral em caso de ingestão. Portanto, sempre lave bem produtos que serão colocados
diretamente na boca, como latas de bebidas.
Fonte: Shutterstock
Uma vez dentro do nosso organismo, a L. interrogans penetra dentro das nossas células. Ali
elas encontram “abrigo” para fugir do nosso sistema imune, além de conseguirem acessar
diferentes órgãos. Com isso, a bactéria ganha tempo para se multiplicar e, em algumas raras
vezes, os rins podem ser atingidos gravemente. Essa forma mais grave é conhecida como
Doença de Weil, que pode atingir também o fígado da pessoa doente.
VOCÊ SABIA
A maior causa de mortes por leptospirose é a insuficiência renal aguda, quando os rins perdem
a sua função.
Além do acesso pelo sangue, é importante falarmos da maneira mais comum pela qual
bactérias atingem o sistema urinário: uma fonte externa que entra pelo ureter, chamada de via
ascendente. Devido à proximidade entre o ânus e o início do ureter, bactérias da microbiota
intestinal são famosas agentes de uretrites. Se o tratamento não for feito de forma correta, é
possível que a bactéria tenha acesso a partes mais altas do sistema urinário, podendo chegar
até aos rins. Isso justifica a recomendação de usar o papel higiênico no sentindo da vulva
(popular vagina) para o ânus, diminuindo a chance de contaminação.
O sufixo “ite” é usado para nomear os diferentes tipos de infecções do sistema urinário.
Portanto, usamos uretrite, cistite, ureterite e pielonefrite para nos referirmos a infeções na
uretra, bexiga, ureteres e rins, respectivamente. Em mulheres, a cistite é mais comum, pois o
comprimento da uretra é curto, além de se localizar muito próxima ao ânus, facilitando o
acesso das bactérias a esse órgão. Tanto em homens quanto em mulheres, a espécie mais
comum nesse tipo de infecção é a Escherichia coli, um microrganismo da microbiota
intestinal.
Um tipo especial de E. coli, chamada de uropatogênica, está muito relacionada às ITU por
possuir fatores que facilitam sua aderência à mucosa urinária. Com menos frequência ocorrem
casos de infecção por Staphylococcus coagulase negativo, como S. saprophyticus, que são
integrantes da microbiota da pele. Existem ainda outras espécies possíveis, como bactérias
envolvidas com infecções genitais e o gênero Proteus, uma enterobactéria assim como a E.
coli.
Fonte: OneMashi/Shutterstock
S. saprophyticus.
Os casos mais graves de ITU são aqueles em que a bactéria atinge os rins. Uma vez nesse
órgão, o acesso desse microrganismo à corrente sanguínea é facilitado, o que pode provocar
bacteremia, ou, infecção da corrente sanguínea. Quando existe chance de bacteremia, é
preciso fazer a cultura do sangue do paciente para verificar a existência de qualquer
crescimento bacteriano. Pielonefrites crônicas são um risco para o funcionamento renal, pois
provoca pequenas lesões nos rins. Se você, ou alguma pessoa conhecida, desconfiar de
infecção urinária, procure atendimento médico para evitar a evolução da doença e os riscos
associados.
Agora que você já sabe como funciona o sistema urinário e como as bactérias podem atingi-lo,
vamos começar a discutir de que forma detectamos alterações das funções renais e a
presença de bactérias nesses órgãos. Além da avaliação dos sintomas e dos sinais clínicos do
paciente, a composição da urina pode ajudar muito na hora do diagnóstico. Já que o nosso
foco é a questão laboratorial, chegou a hora de avaliar o material clínico mais usado para trazer
informação sobre o sistema urinário: a urina!
Antes do exame propriamente dito (etapa analítica), precisamos nos atentar para condições
anteriores, que fazem parte da etapa pré-analítica. Se a primeira fase é realizada de forma
incorreta, todas as demais serão afetadas. No exame de urina, precisamos nos importar com a
forma correta de coletar, transportar e armazenar esse material clínico, pois ele é muito instável
e pode sofrer transformações de seus elementos a todo tempo.
A coleta ideal depende do tipo de exame que será realizado e das características do paciente.
Para suspeitas de ITU pode ser necessário apenas a verificação de componentes da urina
através de testes rápidos, mas a melhor forma de confirmar o diagnóstico é identificando o
crescimento bacteriano a partir da urina. Em relação ao paciente, condições associadas à
idade e ao estado de saúde podem impedir que um determinado tipo de coleta seja feito. Cada
uma dessas situações tem suas particularidades, e devemos estar atentos para recomendar a
forma mais adequada, para que isso não afete o resultado que será liberado. Os métodos de
coleta podem variar entre as seguintes opções:
Uso de bolsa coletora em pacientes que não controlam o momento de eliminar a urinar,
como crianças.
Cateteres vesicais, que são procedimentos feitos usando cateteres inseridos através da
uretra até a bexiga. São usados quando o paciente não consegue urinar
espontaneamente ou outras situações que dificultem a coleta tradicional usando frascos.
Punção suprapúbica, feita pela introdução de uma agulha no interior da bexiga pela
parede do abdômen.
De todas essas formas, provavelmente, você já realizou pelo menos uma vez na vida a coleta
de jato médio por frascos coletores, já que esse tipo de coleta faz parte de um check-up
médico de rotina. A primeira urina da manhã coletada em frascos é usada, por exemplo, para
checar “Elementos Anormais e Sedimentos”, exame conhecido como EAS. O EAS permite
analisar imediatamente vários componentes desse material clínico, como hemácias, leucócitos
e proteínas.
O exame de escolha para confirmação da ITU deve ser a urinocultura, ou cultura de urina.
Queremos com esse exame verificar o crescimento em meio de cultura da bactéria responsável
pela infecção, usando para isso a amostra de urina.
ATENÇÃO
É muito importante que material clínico não seja contaminado com microrganismos externos ao
sistema urinário durante a coleta, porque isso irá confundir a interpretação do exame. Se
bactérias da microbiota da pele ou da região genitália crescem no meio de cultura, elas se
confundem com a verdadeira espécie responsável pela infecção.
Quando o objetivo é realizar uma urinocultura, a urina pode ser coletada por jato médio, pela
utilização de bolsas coletoras, através de cateter urinário ou punção suprapúbica. Em
todos os casos, deve-se diminuir ao máximo as chances de contaminação. A punção
suprapúbica, apesar de invasiva, é o método padrão-ouro para garantir maior esterilidade da
amostra. Dentre as opções não invasivas, a coleta de jato urinário médio usando frasco estéril
é o método mais usado.
SACO COLETOR
Realizar a limpeza de toda região que terá contato com o saco coletor usando água e
sabão, e após secar adequadamente.
CATETER VESICAL
Higienizar a entrada da vagina.
Fonte: meboonstudio/Shutterstock
PUNÇÃO SUPRAPÚBICA
Higienizar a pele com substâncias antissépticas antes da coleta.
A bexiga deve estar cheia.
Para realizar a maioria dos exames de urina, é preciso que ela seja encaminhada rapidamente
ao laboratório quando a coleta for feita em casa. Nesses casos, é importante proteger a
amostra da luz solar direta, e evitar que durante o transporte ela seja exposta a temperaturas
maiores que 25°C. O primeiro motivo é que esse material é rico em nutrientes que possibilitam
o rápido crescimento bacteriano após a coleta. Além disso, os componentes da urina podem
sofrer alterações, como se precipitarem ou mudarem sua composição química. Por isso, a
urina deve ser preferencialmente coletada quando o paciente já estiver no laboratório.
RECOMENDAÇÃO
Existem diferentes tipos de conservantes, mas todos têm seus pontos fracos, portanto, devem
ser a última opção. Um exemplo é o ácido bórico, que pode matar algumas espécies de
microrganismos patogênicos, impossibilitando que eles sejam detectados pela cultura. O tempo
que a urina pode permanecer em geladeira ou sob a ação de conservantes pode variar entre o
tipo de exame que será realizado ou de acordo com a norma padronizada para cada
laboratório, mas, em geral, esse período não pode ser superior a 24 horas.
TESTES RÁPIDOS
O EAS ou urina do tipo I são sinônimos para um método indireto de diagnóstico ITU. Isso quer
dizer que alguns componentes avaliados indicam a presença de bactérias ou de uma resposta
inflamatória, mas não é possível confirmar a infecção bacteriana só com essa etapa.
Trata-se de um exame muito solicitado pelos médicos, porque permite a liberação rápida do
resultado, considerado que o método de coleta e os testes feitos são simples de serem
executados.
Dentre as características da urina que podem ser rapidamente avaliadas, estão as
propriedades físicas, presença de substâncias químicas e a visualização de componentes da
urina. Vamos falar um pouco de cada uma dessas análises voltadas para o diagnóstico de ITU,
mas é importante ter em mente que elas também auxiliam na confirmação de outras doenças,
como cálculos renais e diabetes.
As propriedades físicas da urina incluem sua cor, cheiro e aparência. Em relação a cor, nos
indivíduos sadios ela varia entre diferentes tons de amarelo dependendo da quantidade de
água ingerida. Não existe uma cor característica de ITU, mas em alguns casos pode estar
vermelha devido a presença de hemácias. O cheiro da urina de um paciente com ITU pode ter
aromas característicos, mas a origem do odor não é clara. Considerando a aparência, uma
pessoa saudável deve ter urina com aspecto transparente, porém, em casos de ITU ela pode
ser tornar turva por conta do excesso de alguns elementos.
Enzimas do grupo das esterases são comuns no interior de leucócitos, que são as células de
defesa do nosso corpo. Detectar uma grande quantidade dessas enzimas aponta para uma
intensa atividade dos leucócitos, que é característica de um estado de infecção.
O nitrito é um composto produzido por algumas espécies de bactérias, como a E.coli e, por
isso, detectar a sua presença nos leva a acreditar que existem bactérias em intensa atividade
naquele sistema urinário.
ATENÇÃO
Nem toda espécie de bactéria que pode causar ITU produz nitrito, como aquelas causadas por
cocos gram-positivos, portanto, o resultado negativo não descarta esse diagnóstico. Os testes
para a presença de esterase e nitrito são feitos usando fitas com marcadores que reagem à
presença desses componentes através da mudança de cor.
As fitas usadas nos testes de componentes químicos da urina são chamadas de fitas
reagentes. É importante armazenar esse material da forma sugerida pelo fabricante, por isso,
sempre leia antes os rótulos e instruções técnicas. Essas condições incluem temperatura, luz e
exposição ao ar. Nesses rótulos, você também encontra informações sobre quanto tempo a fita
deve ficar em contato com a urina, o que é determinante para muitos testes. Além disso, para
relacionar a alteração de cor com um determinado resultado, usamos uma espécie de escala
comparativa que vem na embalagem das fitas reagentes.
Fonte: Lothar Drechsel/Shutterstock
Teste da fita reativa para EAS de urina.
Na imagem, cada quadradinho de papel filtro que está preso à fita possui um reagente químico
diferente, que irá alterar de cor de acordo com a concentração de uma determinada substância
na urina. Um desses quadradinhos detecta nitrito, e outro esterase leucocitária.
Outra característica importante que pode ser facilmente analisada é a composição da urina.
Para ITU, focamos na identificação de leucócitos e bactérias, que serão vistos usando um
microscópio óptico e, nesses casos, não centrifugamos a urina. Lembrando que, normalmente,
a sedimentoscopia é feita após centrifugação, mas, para ITU, essa não é uma técnica indicada.
Durante a pesquisa por leucócitos, podemos colocar uma pequena quantidade de urina sobre
uma lâmina de vidro e por cima uma lamínula. Usando a lente objetiva de 40x, se forem vistos
mais de cinco leucócitos por campo de visão, informamos a presença de leucocitúria ou piúria.
Para a identificação de bactérias, usamos 10 µl de urina medida por uma alça bacteriológica
calibrada.
Essa pequena quantidade será colorida através do método de Gram. Depois disso, a presença
de uma ou mais células de bactérias por campo usando a objetiva de 100x, será relatado
bacteriúria.
Fonte: Wikimedia
Bacterúria e piúria observadas em um exame microscópico da urina. Os leucócitos
são as células grandes e arredondadas, enquanto as bactérias são os pequenos traços finos
(bastões).
Por outro lado, a bacteriúria é bastante específica para ITU, ainda que bactérias da microbiota
possam causar confusão em alguns casos. Um outro ponto negativo é a difícil observação da
bactéria e, por isso, casos confirmados de ITU podem ter bacteriúria negativa no exame
microscópico.
URINOCULTURA
Por conta das limitações dos testes rápidos, a urinocultura é o exame de referência para
confirmar infecções do trato urinário (ITU). Diferentes meios de cultura podem ser usados para
urinocultura, mas todos com consistência sólida, porque só assim é possível visualizar
colônias.
Os três principais meio de cultura são Ágar Sangue de Carneiro, Ágar MacConkey (ou Ágar
Eosina Azul de Metileno -EMB-, que tem as mesmas propriedades) e Ágar Cistina Lactose
Eletrólito Deficiente (CLED). Podemos destacar algumas diferenças importantes entre esses
meios de cultura:
Fonte: Pixnio
O Ágar Sangue tem como qualidade marcante a presença de hemácias inteiras, que são
fontes ricas em nutrientes e podem ser usados para o cultivo de diferentes espécies
bacterianas. Outra vantagem é a visualização de hemólise por ação de certas espécies de
bactérias, como alguns Streptococcus e o Staphylococcus aureus.
Fonte: AnaLysiSStudiO/Shutterstock
Sobre o Ágar MacConkey, é importante saber que se trata de um meio seletivo para bactérias
gram-negativas, portanto, gram-positivos não crescem nesse ambiente. Além disso, o Ágar
MacConkey possui corantes na sua composição que diferenciam, através da cor, bactérias que
realizam ou não a fermentação do açúcar lactose.
Apesar de mais caros, não podemos esquecer dos meios cromogênicos, que permitem a
identificação presuntiva de alguns agentes de ITU pela sua coloração característica após
crescimento, graças à ação de certos substratos do meio.
Uma abordagem possível é semear a amostra de urina em dois tipos de meio, um seletivo e
outro não seletivo, porque direciona a identificação da espécie bacteriana responsável pela
infecção. Por exemplo, se houver crescimento em MacConkey já sabemos que é um gram-
negativo e elimina a necessidade do Gram. Por outro lado, se não ocorre crescimento de
colônias no Ágar MacConkey mas elas aparecem em CLED ou Ágar Sangue, provavelmente, a
espécie bacteriana é um gram-positivo. Se o responsável pela ITU for um Staphylococcus
coagulase negativo, não veremos colônias no Ágar MacConkey, mas sim em Ágar Sangue e
em Ágar CLED. Se a bactéria isolada for uma Escherichia coli, veremos colônias em qualquer
um desses meios, além do que as colônias terão uma coloração rosa pink em MacConkey,
devido à fermentação da lactose.
No entanto, o gasto com meios de cultura aumenta muito, e usar o meio seletivo associados ao
resultado da coloração de Gram é a opção mais comum e de menor custo.
Depois de conhecer os meios de cultura, precisamos falar das principais técnicas de cultivo de
bactérias usando amostras de urina: contagem de colônias por técnica de semeadura
superficial, contagem de colônias por técnica de semeadura em profundidade e o
lamino-cultivo.
Para contagem de colônias por técnica de semeadura superficial, utilizamos uma alça
calibrada, que já foi citada na parte de microscopia da urina.
Fonte: Douglas Olivares/Shutterstock
Profissional manipulando uma alça bacteriológica. Na foto, a alça não é descartável.
Essa alça serve para pegarmos uma quantidade definida de urina, e assim, padronizamos o
nosso teste. O material da alça deve ser platina ou plástico descartável para evitar
interferentes. No caso de utilizar alça de platina, ela deve ser exclusiva para esse
procedimento, além de ter a calibração checada com frequência. A alça deve ser inserida no
frasco contendo urina homogeneizada, na posição vertical. Com a alça carregada de urina,
fazemos uma linha reta no centro da placa, e depois, devemos estriar o material de modo que
as estrias formem um ângulo de 90°C com a linha central.
RECOMENDAÇÃO
O meio de cultura com o material semeado deve ser incubado em estufa de 35-37°C durante
24 horas. Esse tempo pode ser maior em situações específicas. Após o crescimento
bacteriano, passamos para a etapa de contagem que colônias.
1.000 colônias para a urina diluída 100 vezes, o resultado será 105 UFC/mL. Percebe-se que
essa técnica é muito trabalhosa e, por isso, ela é pouco usada, apesar de ser confiável para
um resultado quantitativo.
Fonte: Wikimedia
Técnicas de semeadura para contagem de colônias. Na primeira linha, é representado a
técnica de semeadura em profundidade (Pour Plate). Já na segunda, a semeadura em
superfície (spread plate), com auxílio da alça de Drigalski, alça que pode ser utilizada para o
espalhamento da amostra na placa.
Devemos nos atentar para a possível diversidade na aparência das colônias, porque isso pode
indicar contaminação. O crescimento de colônias com aspectos distintos significa que
diferentes microrganismos se desenvolveram a partir da amostra de urina. Para contagens
entre 104 e 105 UFC/mL, se dois ou mais tipos de colônias se sobressaem, é provável que
se três ou mais colônias se destacam na contagem de 105 UFC/ml, assumimos que houve
contaminação grosseira da amostra. Em casos de contaminação, é preciso solicitar uma nova
amostra e refazer a urinocultura. Então, lembre-se de instruir muito bem o paciente ou
profissional que irá fazer a coleta, para evitar essa trabalheira toda!
O lamino-cultivo é uma técnica mais simples que a contagem de colônias em placa de Petri,
usado no diagnóstico de ITU. Para realizá-la, a urina deve ser coletada usando um frasco cuja
tampa está ligada a um suporte plástico em formato de lâmina. O suporte plástico possui duas
faces com meios de cultura diferentes, como Ágar MacConkey e Ágar CLED. Ao tampar o
frasco após a coleta, a lâmina entra em contato com a urina e depois é incubada na estufa de
35-37°C durante 24 horas.
Fonte: GoYong/Shutterstock
Frasco para lamino-cultivo.
Fonte: Frawash/Shutterstock
Urinocultura semeada em agar cromogênio positivo com crescimento de apenas um tipo de
bactéria (Klebesiella pneumonaie).
Fonte: Reddress/Shutterstock
Urinocultura semeada em agar MacConkey negativo com crescimento de vários tipos
bacterianos.
O teste de suscetibilidade aos antimicrobianos (TSA), também chamado de antibiograma,
apontará os medicamentos com maior chance de sucesso no tratamento de uma infecção
bacteriana. O método mais usado para os patógenos que costumam causar ITU é o método de
disco difusão. Nesse teste, discos impregnados com antimicrobianos são depositados sob o
meio de cultura, onde previamente já foi semeada a bactéria. Basicamente, verificaremos após
18 a 24 horas, se a bactéria consegue ou não crescer perto dos discos.
Fonte: Wikimedia
Meio de cultura com resultado do teste de sensibilidade aos antimicrobianos pelo método
de disco-difusão.
Para realizar esse exame, é importante seguir toda a padronização recomendada pelos órgãos
oficiais, incluindo a utilização do meio de cultura apropriado, Ágar Mueller-Hinton. O resultado
desse teste nos mostrará se a bactéria resiste ou não a ação dos antimicrobianos testados, e
isso guiará a melhor terapia para o paciente, evitando os casos em que o antimicrobiano é
ineficiente e a infecção pode avançar para partes superiores do sistema urinário.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS QUE A COLETA, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE
URINA PARA O DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO É
UM PASSO MUITO IMPORTANTE DO PROCESSO. ANALISE AS
AFIRMATIVAS ABAIXO E INDIQUE AQUELA QUE ESTÁ DE ACORDO COM
O CUIDADO NECESSÁRIO COM ESSA AMOSTRA CLÍNICA.
A) No momento da coleta por jato médio, não se deve higienizar a região genital, pois isso
eliminaria a bactéria responsável pela infecção.
B) A urina pode ficar armazenada em ambiente por até 24 horas, pois isso facilita a
visualização de bactéria.
C) A coleta por punção suprapúbica é o padrão-ouro, pois garante que a amostra não será
contaminada com microrganismos externos ao trato urinário.
D) O ideal é armazenar a urina na temperatura de 36°C até o momento da análise, pois essa é
a temperatura na qual a bactéria vive no nosso corpo.
B) Lamino-cultivo
C) Microscopia da urina
D) Urinocultura
GABARITO
A urinocultura é o método mais preciso e com maior chance de detectar casos de infecção
urinária.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acabamos de ter uma visão ampla da importância das bactérias como agentes de infecções
em humanos e mergulhamos no diagnóstico das infecções respiratórias e urinárias.
Percebemos que existem muitas variações entre as abordagens diagnósticas, principalmente,
porque as bactérias têm características particulares e diversas. Além disso, a ciência não para,
e a todo tempo novas opções estão aparecendo.
Agora, você está preparado para avançar ainda mais dentro da microbiologia, com a certeza de
que o conhecimento adquirido aqui é muito aplicável e útil na rotina de trabalho.
REFERÊNCIAS
ALBINI, C. A.; SOUZA, H. A. P. H. M.; SILVEIRA, A. C. O. Infecções Urinárias: uma
abordagem multidisciplinar. Curitiba: CRV Ltda, 2012.
BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed. McGraw
Hill. 2013.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12 ed. Porto Alegre: Artmed,
2017.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema:
Leia o artigo “Presença de analitos químicos e microscópicos na urina e sua relação com
infecção urinária”, de autoria de Lenir Alves Bortolotto e colaboradores, publicado em
2016.
CONTEUDISTA
Melise Chaves Silveira
CURRÍCULO LATTES