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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS “AMÍLCAR FERREIRA SOBRAL”


CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA BÁSICA
Professoras Ana Paula Cardoso Costa e Cynara Cristhina Aragão Pereira

BACTÉRIAS – morfologia:

1) CARACTERÍSTICAS GERAIS:
As bactérias são formadas por uma única célula (unicelulares), normalmente
de 2 a 5 µm de comprimento, e podem ou não formar colônias. Esses organismos
possuem material genético disperso no citoplasma, sendo, portanto, denominados de
procariontes. São consideradas extremófilas pois se adaptam a qualquer tipo de
ambiente, possuem boa atividade decompositora e são passíveis da alta
mutagenicidade. (Teixeira, 2020).
Na grande maioria das bactérias, além da membrana plasmática encontrada
em todas as células, é possível observar externamente uma parede celular
constituída, principalmente, por peptideoglicano. Essa parede celular apresenta como
principal função manter a forma das células bacterianas e garantir proteção. Além
disso, é possível perceber em algumas espécies uma cápsula polissacarídica
envolvendo a parede. (Teixeira, 2020).
No citoplasma da célula bacteriana, é possível perceber a presença de
apenas um tipo de organela: os ribossomos. Esses ribossomos são menores que
aqueles encontrados em células
eucarióticas, mas desempenham a
mesma função, que é a síntese de
proteínas. Além disso, é possível
perceber a presença de grânulos ou
inclusões que apresentam a função de
armazenamento. (Teixeira, 2020).
Fonte: VIEIRA; FERNANDES, 2012.

2) COLORAÇÃO DE GRAM:
A coloração de Gram é um passo muito importante na caracterização e
classificação inicial das bactérias. Afinal, esse método de coloração permite que as
bactérias sejam visualizadas no microscópio óptico, uma vez que sem a coloração é
impossível observá-las ou identificar sua estrutura. O método de coloração de Gram
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recebeu esse nome em homenagem ao patologista dinamarquês Hans Christian


Joachim Gram que realizou a descoberta em 1884 e, aliás, até hoje continua sendo a
mais utilizada nos laboratórios de análises clínicas e microbiologia. Através da
coloração é possível identificar e diferenciar os dois principais grupos de bactérias,
sejam Gram-positivas ou Gram-negativas. (Teixeira, 2020).

Fonte: Teixeira, 2020.

Fonte: Teixeira, 2020.


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A parede celular de bactérias


Gram-positivas é composta
basicamente por peptideoglicano, que
constitui uma espessa camada ao redor
da célula. Outros polímeros, tais como
ácidos lipoteicóicos e polissacarídeos,
também podem estar presentes nessa
camada. (Vieira; Fernandes, 2012).
O processo de coloração de
Gram é usado para classificar as
bactérias em Gram-positivas ou Gram-
negativas, conforme fixam ou não o
corante. Essa classificação é
importante, pois as bactérias Gram-
positivas são mais sensíveis à
penicilina e à sulfa. Este processo de
coloração é um dos mais importantes
métodos realizados em laboratório de
microbiologia. (Vieira; Fernandes,
2012).

3) ESPOROS BACTERIANOS:
Os esporos são estruturas pequenas produzidas em grande quantidade por
bactérias, fungos e plantas, com capacidade de gerar um novo indivíduo. Por serem
extremamente pequenos e leves, os esporos podem permanecer no ar por longos
períodos de tempo e serem deslocados por grandes distâncias. Além disso, também
podem ser transportados quando aderidos ao corpo de animais. Os esporos são
extremamente desidratados e possuem múltiplas camadas, que o tornam resistentes
ao calor, agentes químicos e físicos e radiação. Os esporos são compartimento
proteicos que armazenam material genético bacteriano. (Teixeira, 2020).
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São formados através da esporogênse ou esporulação e são classificados


como endósporo: esporos que ficam presentes no citoplasma bacteriano e exósporo:
esporos que são liberados no meio ambiente (Teixeira, 2020).
Etapas de esporulação: 1-isolamento do dna recém-replicado  2-membrana
plasmática circunda o DNA isolado  3-formação do pré-esporo  4-fomação da
camada de peptideoglicano  5-formação completa do esporo  6-liberação do
esporo para o meio externo. (Teixeira, 2020).
Os esporos são muito resistentes ao calor e, em geral, não morrem quando
expostos à água em ebulição. Por isso os laboratórios, que necessitam trabalhar em
condições de absoluta assepsia, costumam usar um processo especial, denominado
“autoclavagem”, para esterilizar líquidos e utensílios. O aparelho onde é feita a
esterilização, a autoclave, utiliza vapor de água a temperaturas da ordem de 120ºC,
sob uma pressão que é o dobro da atmosférica. Após uma hora nessas condições,
mesmo os esporos mais resistentes morrem. (Teixeira, 2020).
O esporo é formado no interior da célula e contém DNA bacteriano, uma
pequena quantidade de citoplasma, membrana celular, peptideoglicano, pouquíssima
água e, o mais importante, um revestimento espesso semelhante à queratina,
responsável pela acentuada resistência do esporo ao calor, à desidratação, à radiação
e a compostos químicos. Essa resistência pode ser mediada pelo ácido dipicolínico,
um quelante de íons cálcio, encontrado apenas em esporos. Uma vez formado, o
esporo não exibe qualquer atividade metabólica, podendo permanecer dormente por
muitos anos. (Levinson, 2011).
A importância médica dos esporos reside em sua extraordinária resistência ao
calor e a compostos químicos. Esporos frequentemente não são observados em
espécimes clínicos obtidos de pacientes infectados por organismos formadores de
esporos, uma vez que o suprimento de nutrientes é adequado. (Levinson, 2011).
A esporulação em bactérias não é um meio de reprodução; ou seja, esse
processo não aumenta o número de células, visto que uma célula vegetativa forma
um único endósporo que permanece uma célula única após a germinação (Teixeira,
2020).
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São formas dormentes de células bacterianas, produzidas por certas espécies


de bactérias em situações de escassez de nutrientes. Os esporos representam uma
fase latente (repouso) da célula: são extremamente resistentes aos agentes físicos e
químicos adversos, demonstrando uma estratégia de sobrevivência. O endósporo
resiste até que as condições melhorem e muitos resistem até mesmo à água fervente.
A indústria de alimentos preocupa-se em tomar providências para que os endósporos
não estejam presentes durante o processo de acondicionamento dos alimentos.
Todas as bactérias dos gêneros Bacillus e Clostridium produzem endósporos. (Vieira;
Fernandes, 2012).

4) FORMAS BACTERIANAS:
Embora existam milhares de espécies bacterianas, elas podem ser agrupadas
em três tipos morfológicos gerais: cocos, bacilos e espiralados (Vieira; Fernandes,
2012).
a) Formas de cocos (esféricas) – é o grupo de bactérias mais homogêneo em
relação ao tamanho. Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com o seu
arranjo: (1) micrococos-cocos; (2) diplococos-cocos agrupados aos pares; (3)
tétrades-agrupamentos de quatro cocos; (4) sarcina-agrupamentos de oito cocos em
forma cúbica; (5) estreptococos-cocos
agrupados em cadeias; (6)
estafilococos-cocos agrupados em
grupos irregulares, lembrando cachos
de uva. (Vieira; Fernandes, 2012).
Como exemplos dessas formas
podemos citar os gêneros
Streptococcus e Staphylococcus, que
possuem grande importância médica e
alimentar (Nogueira; Silva Filho, 2015).
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b) Forma de bastonete – são células cilíndricas em forma de bastonete;


apresentam grande variação na forma e no tamanho entre gêneros e espécies. As
células bacterianas cilíndricas ou em bastonetes (bacilos) não apresentam a mesma
disposição dos cocos, mas podem apresentar-se isolados, aos pares (diplobacilos) e
em cadeias (estreptobacilos). Em alguns casos esses arranjos não constituem
padrões morfológicos característicos, mas é devido às etapas de crescimento ou às
condições de cultivo. De um modo
geral, essas duas formas de
bactérias (cocos e bacilos) são as
mais comuns entre as
contaminantes nas indústrias de
açúcar e de álcool. (Vieira;
Fernandes, 2012). Há vários
exemplos de microrganismos nesse grupo como Escherichia coli, que é uma das
bactérias mais estudadas no mundo, pelas questões ambientais, em análises de água,
e pelo seu potencial de ser patogênica. O gênero Bacillus possui várias espécies
importantes, como o agente do antraz, doença causada pelo Bacillus anthracis,
perigoso na fabricação de armas biológicas. (Nogueira; Silva Filho, 2015).
c) Formas espiraladas – caracterizadas por células em espiral; dividem-se em:
(1) espirilos-possuem corpo rígido e movem-se à custa de flagelos externos, por
exemplo, Gênero Aquaspirillium; (2) espiroquetas-são flexíveis e locomovem-se
geralmente por contrações do citoplasma, podendo dar várias voltas completas em
torno do próprio eixo, por exemplo
Gênero Treponema. (Vieira;
Fernandes, 2012). Um exemplo
de espirilo é Rhodospirillum
rubrum e de espiroqueta temos
Spirochaeta stenostrepta
(Nogueira; Silva Filho, 2015).
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(d) Formas de transição: (1) bacilos muito curtos: cocobacilo; (2) unidades
celulares que se assemelham a uma vírgula: vibrião
(Vieira; Fernandes, 2012). Um exemplo de vibrião é a
Vibrio cholerae, causadora da cólera, que mata milhares
de pessoas em áreas com baixa estrutura sanitária
(Nogueira; Silva Filho, 2015).

5) ESTRUTURAS EXTERNAS DA CÉLULA BACTERIANA:


O tamanho, a forma e o arranjo das bactérias constituem sua morfologia,
sua aparência externa; a observação interna das estruturas celulares permite
conhecer um pouco o funcionamento da bactéria no ambiente (Vieira; Fernandes,
2012).

5.1) Parede celular:


A parede celular é uma estrutura rígida, presente em todas as bactérias
(exceto espécies de Mycoplasma, envoltas por uma membrana celular e não por uma
parede celular) (Levinson, 2011).
Localiza-se acima da membrana citoplasmática. Ela contém polímeros
complexos conhecidos como peptidioglicanos, que são responsáveis pela sua rigidez.
A parede celular impede que a célula estoure em decorrência do grande turgor, atua
como uma barreira de proteção contra determinados agentes químicos e físicos
externos e funciona como suporte de antígenos somáticos bacterianos. (Vieira;
Fernandes, 2012).
A estrutura, composição química e espessura da parede celular diferem em
bactérias gram-positivas e gram-negativas:
(1) A camada de peptideoglicano é muito mais espessa em gram-positivas
que em gram-negativas. Algumas gram-positivas também apresentam fibras de ácido
teicoico que se projetam para fora do peptideoglicano, fato não observado em gram-
negativas;
(2) Contrariamente, os organismos gram-negativos possuem uma camada
externa complexa, consistindo em polissacarídeos, lipoproteínas e fosfolipídeos.
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Situado entre a camada da membrana externa e a membrana citoplasmática encontra-


se o espaço periplasmático, que, em algumas espécies, corresponde ao sítio de
enzimas denominadas β-lactamases, as quais degradam penicilinas e outros
fármacos β-lactâmicos. (Levinson, 2011).
A parede celular exibe várias outras propriedades importantes: (a) em gram-
negativas, contém a endotoxina, um lipopolissacarídeo; (b) seus polissacarídeos e
proteínas são antígenos úteis na identificação laboratorial; (c) suas proteínas porinas
desempenham papel na regulação da passagem de moléculas pequenas e hidrofílicas
ao interior da célula. As porinas da membrana externa formam um trímero que atua,
geralmente de modo inespecífico, como um canal que permite a entrada de
substâncias essenciais, como açúcares, aminoácidos e metais, assim como vários
fármacos antimicrobianos, como as penicilinas. (Levinson, 2011).
As paredes celulares de bactérias acidorresistentes como as micobactérias,
por exemplo, Mycobacterium tuberculosis, apresentam uma parede celular
impossibilitada de serem coradas pela coloração de Gram. Essas bactérias são
referidas como acidorresistentes, uma vez que resistem à descoloração por álcool-
ácido após serem coradas com carbol-fucsina. Essa propriedade está relacionada à
alta concentração de lipídeos, denominados ácidos micólicos, observada na parede
celular de micobactérias. Em virtude de sua importância, três componentes da parede
celular: peptideoglicano, lipopolissacarídeo e ácido teicoico. (Levinson, 2011).
O peptideoglicano é uma rede complexa e entrelaçada que envolve toda a
célula, sendo composto por uma única macromolécula ligada covalentemente. É
observado apenas nas paredes celulares bacterianas. Confere uma sustentação
rígida à célula, é importante para a manutenção da forma característica da célula e
permite que a célula resista a meios de baixa pressão osmótica, como a água. O termo
“peptideoglicano” é derivado dos peptídeos e açúcares (glicanos) que compõem a
molécula. Mureína e mucopeptídeo são sinônimos de peptideoglicano. Ligado a cada
uma das moléculas de ácido murâmico, há um tetrapeptídeo que consiste em D– e L-
aminoácidos, cuja composição exata difere de uma bactéria a outra. Dois destes
aminoácidos devem ser especialmente mencionados: o ácido diaminopimélico,
específico de paredes celulares bacterianas, e a D-alanina, envolvida nas ligações
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cruzadas entre os tetrapeptídeos, bem como na ação da penicilina. Observe que este
tetrapeptídeo contém raros D-isômeros de aminoácidos; a maioria das proteínas
contêm L isômeros. Outro componente importante dessa rede consiste na ligação
peptídica cruzada entre os dois tetrapeptídeos. As ligações cruzadas variam entre as
espécies; em Staphylococcus aureus, por exemplo, cinco glicinas ligam a D-alanina
terminal à penúltima L-lisina. Por estar presente em bactérias, mas não em células
humanas, o peptideoglicano corresponde a um alvo adequado para fármacos
antibacterianos. Várias desses fármacos, como penicilinas, cefalosporinas e
vancomicina, inibem a síntese de peptideoglicano por inibirem a transpeptidase
responsável pelas ligações cruzadas entre os dois tetrapeptídeos adjacentes. A
enzima lisozima, presente na lágrima, no muco e na saliva de humanos, é capaz de
clivar o arcabouço de peptideoglicano, rompendo suas ligações glicosil, contribuindo,
assim, para a resistência do hospedeiro à infecção microbiana. Bactérias tratadas com
lisozima podem intumescer e romper-se como resultado da entrada de água nas
células, as quais exibem elevada pressão osmótica interna. No entanto, quando as
células tratadas com lisozima se encontram em uma solução com a mesma pressão
osmótica que aquela do interior bacteriano, essas células sobrevivem, assumindo
formas esféricas, denominadas protoplastos, circundadas apenas por uma membrana
citoplasmática. (Levinson, 2011).
O lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa da parede celular de gram-
negativas é uma endotoxina. É responsável por várias características das doenças,
como febre e choque (especialmente hipotensão), causadas por esses organismos. É
denominado endotoxina porque consiste em uma porção integral da parede celular,
contrariamente às exotoxinas, as quais são livremente liberadas pelas bactérias. Os
efeitos patogênicos das endotoxinas são similares, independente do organismo do
qual são derivadas. O LPS é composto por três unidades distintas: (1) um fosfolipídeo
denominado lipídeo A, responsável pelos efeitos tóxicos; (2) um polissacarídeo cerne
de cinco açúcares ligados ao lipídeo A por meio de cetodesoxioctulonato (CDO); (3)
um polissacarídeo externo consistindo em até 25 unidades repetidas de três a cinco
açúcares. Esse polímero externo corresponde ao importante antígeno somático, ou
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O, de várias bactérias gram-negativas, utilizado na identificação de certos organismos


no laboratório clínico. (Levinson, 2011).
O ácido teicoico forma fibras de glicerol fosfato ou ribitol fosfato que se situam
na camada externa da parede celular gram-positiva e estendem-se a partir da parede
celular. Alguns polímeros de ácido teicoico contendo glicerol penetram na camada de
peptideoglicano, ligando-se covalentemente ao lipídeo da membrana citoplasmática
e, nesse caso, recebem a denominação ácido lipoteicoico; outros são ancorados ao
ácido murâmico do peptideoglicano. A importância médica dos ácidos teicoicos reside
em sua capacidade de induzir o choque séptico quando causado por determinadas
gram-positivas; isto é, os ácidos teicoicos ativam as mesmas vias que a endotoxina
(LPS) de gram-negativas. Os ácidos teicoicos também medeiam a ligação de
estafilococos às células mucosas. (Levinson, 2011).

5.2) Flagelos:
São organelas especiais (apêndices delgados) responsáveis pela locomoção
das bactérias. De acordo com o número e distribuição dos flagelos, as bactérias
podem ser classificadas como: atríquias (sem flagelos), monotríquias (um único
flagelo), anfitríquias (um flagelo em cada extremidade), lofotríquias (um tufo de
flagelos em uma, ou ambas as extremidades) e peritríquias (apresentando flagelos ao
longo de todo o corpo bacteriano). Algumas bactérias movimentam-se por outros
meios, diversos da atividade flagelar, tais como o deslizamento provocado pelo fluxo
protoplasmático ou pela resposta táxica (fototaxia, quimiotaxia). (Vieira; Fernandes,
2012).
Quando a célula bacteriana vai ao encontro da luz e de alguma substância
química, dizemos que ela tem fototaxia e quimiotaxia positivas, respectivamente. Pode
ocorrer o contrário e elas fugirem de luz ou químicos e então, nesse caso, dizemos
que esses efeitos são negativos. (Nogueira; Silva Filho, 2015).
Exemplos de bactérias que têm flagelos são algumas espécies dos gêneros
Pseudomonas e Vibrio. Helicobacter pylori, uma bactéria que pode formar úlceras no
estômago humano, Caulobacter crescentus, que hoje em dia é estudada na fabricação
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de colas cirúrgicas, e Escherichia coli são outros exemplos interessantes de


microrganismos que têm essas estruturas. (Nogueira; Silva Filho, 2015).
O longo filamento que atua como um propulsor é composto por várias
subunidades de uma única proteína, a flagelina, organizadas em diversas cadeias
entrelaçadas. A energia para a movimentação, a força próton motiva, é fornecida pela
adenosina trifosfato (ATP), derivada da passagem de íons através da membrana. Os
espiroquetas movem-se por meio de uma estrutura semelhante ao flagelo,
denominada filamento axial, que se enrola ao redor da célula espiralada, produzindo
um movimento ondulado. (Levinson, 2011).
Os flagelos exibem importância médica por duas razões:
(1) Algumas espécies de bactérias móveis, por exemplo, E. coli e espécies de
Proteus, são causas comuns de infecções do trato urinário. Os flagelos podem
desempenhar papel na patogênese por propelirem as bactérias ao longo da uretra até
a bexiga;
(2) Algumas espécies de bactérias, por exemplo, espécies de Salmonella, são
identificadas no laboratório clínico pelo uso de anticorpos específicos contra proteínas
flagelares (Levinson, 2011).

5.3) Pêlos (pili ou fímbrias):


São apêndices finos, retos e curtos que estão presentes em muitas bactérias
Gram-negativas. São encontrados tanto nas espécies móveis como nas imóveis e,
portanto, não desempenham papel relativo à mobilidade. Os pêlos originam-se de
corpúsculos basais na membrana citoplasmática e sua função parece estar
relacionada com a troca de material genético durante a conjugação bacteriana (fímbria
sexual) com a aderência às superfícies mucosas. As fímbrias podem ser removidas
sem comprometimento da viabilidade celular e regeneram-se rapidamente. (Vieira;
Fernandes, 2012).
Pili são maiores e menos numerosos que as fímbrias. Outra função é a de
aderência (fímbrias), que ajuda na fixação celular em um tecido que vai infectar ou
causar doença, como no caso de Neisseria gonorrhoea, agente da gonorreia, bastante
importante em países tropicais e de baixas condições de higiene. A Salmonella typhi,
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uma bactéria que causa infecções e intoxicações alimentares também apresenta


muitas fímbrias. A Escherichia coli., muito numerosa no intestino de seres humanos e
animais de sangue quente, pode ter pili e fímbrias. (Nogueira; Silva Filho, 2015).
Os pili desempenham dois papéis importantes:
(1) Medeiam a ligação das bactérias a receptores específicos da superfície de
células humanas, etapa necessária à iniciação da infecção por alguns organismos.
Mutantes de Neisseria gonorrhoeae que não formam pili não são patogênicos;
(2) Um tipo especializado de pilus, o pilus sexual, estabelece a ligação entre
as bactérias macho (doadora) e fêmea (receptora) durante a conjugação (Levinson,
2011).

5.4) Glicocálice (ou cápsula):


É formado por uma substância mucilaginosa ou gelatinosa (viscosa) e fica
ligada à parede celular como um revestimento externo. Se o glicocálice estiver
organizado de maneira definida e acoplado firmemente à parede celular, recebe o
nome de cápsula; se estiver desorganizado e sem qualquer forma frouxamente
acoplada à parede celular, recebe o nome de camada limosa. O glicocálice pode ser
de natureza polissacarídica (um ou vários tipos de açúcares como galactose,
ramnose, glicana) ou polipeptídica (ácido glutâmico). O glicocálice desempenha papel
importante na infecção, permitindo que a bactéria patogênica se ligue a tecidos
específicos do hospedeiro. (Vieira; Fernandes, 2012).
As suas funções estão associadas à proteção (dessecação e barreira contra
metais pesados, por exemplo), reserva de alimentos e aderência em alguma
superfície que seja do interesse da bactéria. Exemplos de microrganismos que têm
cápsulas são Bacillus anthracis, utilizada na fabricação de armas biológicas, e
Xanthomonas campestris, que secretam polissacarídeos com grande potencial na
indústria de alimentos, como agentes solidificantes e espessantes naturais. (Nogueira;
Silva Filho, 2015).
A cápsula é importante por quatro razões:
(1) É um determinante da virulência de diversas bactérias, uma vez que limita
a capacidade de fagócitos engolfarem as bactérias. Variantes de bactérias capsuladas
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que perderam a capacidade de produzir uma cápsula geralmente não são


patogênicas;
(2) A identificação específica de um organismo pode ser realizada pelo uso
de um antissoro contra o polissacarídeo capsular. Na presença do anticorpo
homólogo, a cápsula sofrerá um intumescimento expressivo. Esse fenômeno de
intumescimento, utilizado no laboratório clínico para identificar certos organismos, é
denominado reação de Quellung;
(3) Os polissacarídeos capsulares são utilizados como antígenos em
determinadas vacinas, uma vez que são capazes de elicitar anticorpos protetores. Por
exemplo, os polissacarídeos capsulares purificados de 23 tipos de S. pneumoniae
estão presentes na vacina atual;
(4) A cápsula pode desempenhar um papel na adesão das bactérias aos
tecidos humanos, a qual consiste em uma etapa inicial importante da infecção
(Levinson, 2011).

6) ESTRUTURAS INTERNAS DA CÉLULA BACTERIANA:

6.1) Membrana plasmática:


Fina membrana que separa a parede celular do citoplasma. Sua espessura é
da ordem de 7,5 nanômetros e é composta principalmente por uma bicamada de
fosfolipídeos (20 a 30%) e proteínas (50 a 70%). (Vieira; Fernandes, 2012).
A membrana desempenha quatro funções importantes: (1) transporte ativo de
moléculas para o interior da célula, (2) geração de energia pela fosforilação oxidativa,
(3) síntese de precursores da parede celular e (4) secreção de enzimas e toxinas
(Levinson, 2011).
Ela difere da membrana plasmática das células eucarióticas por: (a) não
apresentar esteróides em sua composição; (b) ser sede de numerosas enzimas do
metabolismo respiratório das bactérias (mesmas funções das cristas mitocondriais);
(c) controlar a divisão bacteriana através dos mesossomos. Os mesossomos são
invaginações da membrana plasmática que podem ser simples dobras ou estruturas
tubulares ou vesiculares. Alguns autores associam ainda aos mesossomos o valor
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funcional das mitocôndrias, atribuindo a eles o papel na respiração bacteriana. (Vieira;


Fernandes, 2012).

6.2) Citoplasma:
É composto pela porção fluida e contém substâncias e partículas dissolvidas
(Vieira; Fernandes, 2012).
É um meio aquoso, com cerca de 80% de água, onde estão mergulhados os
ribossomos, o cromossomo, íons, nutrientes, grânulos e compostos diversos
produzidos no metabolismo celular. Em algumas células há cristais que são tóxicos
para alguns insetos, é o caso da bactéria Bacillus thuringiensis, que é bastante
estudada no controle biológico de pragas na agricultura. Outro exemplo curioso é a
presença de partículas de magnetita, compostos de ferro, em certas bactérias
aquáticas que podem ser atraídas pelo campo magnético. Essas estruturas são
chamadas de magnetossomos. (Nogueira; Silva Filho, 2015).

6.3) Inclusões citoplasmáticas:


As inclusões são formações não vivas existentes no citoplasma, como grãos
de amido, gotas de óleo, chamadas de grânulos, e podem servir como fonte de
material de reserva ou energia (Vieira; Fernandes, 2012).

6.4) Nucleóide:
As células bacterianas não contêm o núcleo típico das células animais e
vegetais. O cromossomo bacteriano consiste de um cromossomo único e circular e
ocupa uma posição próxima ao centro da célula. Pode ser chamado de nucleóide.
(Vieira; Fernandes, 2012).

6.5) Plasmídeos:
Várias bactérias apresentam também moléculas de DNA extracromossomal,
denominadas plasmídeos, as quais são geralmente circulares, contendo muitas vezes
genes que conferem características adaptativas vantajosas ao microrganismo. As
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bactérias são importantes nos processos biotecnológicos – na indústria, agricultura e


na medicina. (Vieira; Fernandes, 2012).
A célula bacteriana tem apenas um cromossomo que, em linhas gerais, é uma
longa fita ou molécula enrolada. Em adição ao cromossomo único, em certas
bactérias, há um pequeno DNA circular, que é chamado de plasmídeo. Eles
apresentam de 5 a 100 genes, que são ligados à sobrevivência a certos fatores
ambientais. Esses plasmídeos são também importantes na reprodução celular.
(Nogueira; Silva Filho, 2015).
Os plasmídeos carreiam os genes envolvidos nas seguintes funções e
estruturas de importância médica: (1) resistência a antibióticos, a qual é mediada por
uma variedade de enzimas; (2) resistência a metais pesados, como mercúrio (o
componente ativo de alguns antissépticos, como Merthiolate e Mercúrio-cromo) e
prata, sendo mediada por uma enzima redutase; (3) resistência à luz ultravioleta,
mediada por enzimas de reparo de DNA; (4) pili (fímbrias), que medeiam a adesão
das bactérias às células epiteliais; (5) exotoxinas, incluindo diversas enterotoxinas.
Outros produtos de interesse codificados por plasmídeos são os seguintes:
(1) Bacteriocinas são proteínas tóxicas produzidas por determinadas
bactérias, letais para outras bactérias. Dois mecanismos de ação comuns de
bacteriocinas são (A) a degradação das membranas das células bacterianas por meio
da produção de poros na membrana, e (B) degradação do DNA bacteriano pela
DNAse. Exemplos de bacteriocinas produzidas por bactérias de importância médica
são as colicinas, produzidas por Escherichia coli, e as piocinas, produzidas por
Pseudomonas aeruginosa. As bactérias que produzem bacteriocinas exibem
vantagem seletiva na competição por fontes alimentares, quando comparadas
àquelas que não as produzem. Entretanto, a importância médica das bacteriocinas
está na possibilidade de serem úteis no tratamento de infecções causadas por
bactérias resistentes a antibióticos;
(2) Enzimas de fixação de nitrogênio de Rhizobium, nos nódulos radiculares
de leguminosas;
(3) Tumores causados por Agrobacterium em plantas;
(4) Vários antibióticos produzidos por Streptomyces;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CAMPUS “AMÍLCAR FERREIRA SOBRAL”
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA BÁSICA
Professoras Ana Paula Cardoso Costa e Cynara Cristhina Aragão Pereira

(5) Uma variedade de enzimas degradativas, produzidas por Pseudomonas e


capazes de promover a limpeza de riscos ambientais, como derramamentos de óleo
e sítios de despejo de compostos químicos tóxicos. (Levinson, 2011).

6.6) Ribossomos:
São estruturas arredondadas de cerca de 0,0025 µm de diâmetro e compostos
de RNA e proteínas. São locais onde são sintetizadas as proteínas da célula, a partir
de informações contidas no material genético, o cromossomo, e estão, também,
mergulhados no citoplasma. Os ribossomos são descritos pela sua taxa de
sedimentação em centrífugas, através da unidade Svedberg. Os ribossomos de
células procarióticas são denominados 70S e os de células eucarióticas 80S.
(Nogueira; Silva Filho, 2015).
Vários antibióticos atuam na inibição na síntese protéica, através da fixação
dessas substâncias nas unidades 30S. É o caso de estreptomicina e gentamicina.
(Nogueira; Silva Filho, 2015). As diferenças nas proteínas e RNAs ribossomais
constituem a base para a ação seletiva de vários antibióticos que inibem a síntese
proteica de bactérias, mas não de humanos (Levinson, 2011).

REFERÊNCIAS

LEVINSON, Warren. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2011.

NOGUEIRA, Alexandre Verzani; SILVA FILHO, Germano Nunes. Microbiologia.


Florianópolis: Biologia, EaD, UFSC, 2015.

TEIXEIRA, Daniel de Azevedo. Microbiologia básica. Teófilo Otoni: Núcleo de


Investigação Científica e Extensão (NICE), 2020.

VIEIRA, Darlene Ana de Paula; FERNANDES, Nayara Cláudia de Assunção


Queiroz. Microbiologia geral. Inhumas: Instituto Federal de Goiás, 2012.

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