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Histórico da Microbiologia e

Estrutura Celular Bacteriana


BS 330 – Revisão Aula 1 – PAD: Amanda Coltro

INVESTIGADOR DATA CONTRIBUIÇÃO


Roberto Hocke 1664 Descoberta dos microrganismos (fungo)
Antoni van Leeuwenhoek 1684 Descoberta da bactéria
Edward Jenner 1798 Vacinação contra varíola
Louis Pasteur +/- 1850 Mecanismos de fermentação, defesa da
geração espontânea, princípios da
imunização
Joseph Lister 1867 Métodos preventivos de infecções durante
cirurgias
Ferdinand Cohn 1876 Descoberta de endósporos
Robert Koch Final dos Postulados de Koch, cultura pura na
anos 1800 microbiologia, descoberta dos agentes da
tuberculose e cólera
Sergei Winogradsky 1800-1900 Fixação de nitrogênio, bactérias sulfurosas
Martinus Beijerinck 1800-1920 Enriquecimento da técnica de cultura,
descoberta de grupos metabólicos de
bactérias, conceito de vírus

Propriedades das Bactérias

➔ Cultura pura: cultura composta de um único microrganismo.


o Para estabelecer a cultura pura, pega-se colônias isoladas – massa de células do
mesmo organismo. Ao transferir essa colônia para uma outra cultura, obtém-se
uma cultura pura.

Propriedade de Todas as Células:


➔ Compartimentalização e metabolismo:
A célula é um compartimento que absorve nutrientes do meio ambiente,
transforma-os e excreta metabólitos para o meio ambiente. A célula também é um
sistema aberto. Em células Gram negativo, há 2 membranas. A membrana é
semipermeável, permitindo que a célula excrete metabólitos não úteis e absorva
nutrientes importantes para seu crescimento (aumento de número de células).

➔ Crescimento:
O crescimento bacteriano – e das células, em geral – está relacionado ao aumento
de número de células (controle do crescimento bacteriano = controle do aumento em
número de bactérias).
➔ Evolução:
As células contêm genes e evoluem para exibir novas propriedades biológicas.
Além disso, as bactérias trocam material genético, o que pode levar à resistência a
medicamentos.

Propriedades de Algumas Células:


➔ Motilididade:
A maioria das bactérias são móveis (flagelos), sendo capazes de próprio-
propulsão.

➔ Diferenciação:
Algumas bactérias podem formas novas estruturas celulares, como os esporos.

➔ Comunicação:
Interação celular por meio de marcadores químicos que são liberados ou
absorvidos.
quorum sensing (ou quorum signalling) → é a habilidade de detecção e resposta a
uma densidade celular populacional por regulação gênica.

Evolução e Distribuição

Em termos de porcentagem, mais da metade dos organismos estão no ambiente


marinho. Quase 1/3 estão no ambiente terrestre, no solo. Os microrganismos são
importantes para a ciclagem de nutrientes no ambiente. O surgimento dos organismo
procarióticos fotossintetizantes (LUCA – primeiro ancestral que deixou descendentes)
permitiu o surgimento do eucarioto, que evoluiu muito ao longo do tempo.

Diversidade

Cultura Pura:
Os organismos cultiváveis representam 5% dos microrganismos do nosso
planeta, em razão da impossibilidade de mimetizar suas condições e interações
ambientais.

Sequenciamento Gene – rRNA:


Organismos não cultiváveis podem ser estudados por meio do sequenciamento
genômico.
1. Isolamento de DNA;
2. PCR (sequencia parte do DNA);
3. Sequenciamento de DNA;
4. Análise da Sequência;
5. Geração da Árvore Filogenética.
Com base no sequenciamento do rRNA, definiu-se 3 grandes grupos de organismos
vivos: Archea (apresenta características em comum com os eucariotos e com as
bactérias), Eukarya e Bacteria. Os principais patógenos encontram-se na Bacteria.

Importância das bactérias

➔ Base de sustentação da vida: ciclagem de nutrientes; relações ecológicas.


➔ Fonte de energia: processos fermentativos → produção de CH4 (fonte de energia).
➔ Produtos do metabolismo: gases, ácidos, produtos da fermentação, antibiótico,
enzimas (biotecnologia).
➔ Agentes de doenças: pneumonia, tuberculose e gastroenterite; doenças
infectocontagiosas; microrganismos super-resistentes.

Teoria da Geração Espontânea X Biogênese

Geração Espontânea:
➔ seres vivos podem se originar a partir de matérias não vivas, por meio de uma força
vital.
➔ experimentos de Louis Pasteur descredibilizaram essa teoria.

Postulados de Koch
➔ associação da doença a um microrganismo.
➔ Animais suscetíveis ao patógeno devem apresentar a doença quando em contato com
o microrganismo. O microrganismo deve ser isolado do indivíduo que está
apresentando a doença. Uma vez cultivado, o microrganismo é introduzido em outro
animal, esse animal ficará doente também.
Coloração de Gram

Há dois tipos de células no mundo microbiano: células Gram positiva e Gram


negativa. A Coloração de Gram é rápida de ser feita e consiste no seguinte processo:
1. obter o esfregaço = espalhar o microrganismo sobre a lâmina;
2. deixar a lâmina secando, o processo pode ser acelerado ao passar a lâmina sobre
uma chama, as passagens devem ser rápidas;
3. adiciona-se corante cristal violeta. O cristal violeta deve ficar em contato com
a lâmina e, em seguida ser dispensado;
4. lavar a lâmina em um fio de água corrente;
5. adicionar iodo, e deixar em contato por 1 min. As células são, então, coradas pelo
cristal violeta, sendo que o iodo auxilia na fixação do cristal violeta em bactéricas
Gram positivas.
6. descoloração em uma solução alcólica: as bactérias Gram positivas são
resistentes a lavagem com álcool, assim, continuam coradas com o cristal violeta;
já as Gram negativas perdem a sua coloração com a lavagem alcóolica, não
permanecendo coradas.
7. coloração com solução de fuscina ou safranina (coloração avermelhada): não
cora as bactérias Gram positivas (pois já estão coradas com cristal de violeta),
mas cora as Gram negativas (que passam a ficar vermelhas).

Morfologia Celular Bacteriana

Formato:
➔ Cocos – célula arredondada;
➔ Bacilos – cilíndrico arredondado/ em formato de bastão;
➔ Vibrio – bacilo em forma de vírgula (curvada);
➔ Espirilo – bacilo com mais de 1 curvatura, mais alongada;
➔ Espiroqueta – Bacilo ondulado/ retorcido;
➔ Bactéria em formato de raquete (esporo terminal);
➔ Bacilos mais longos;

Arranjo Celular:
As bactérias apresentam diferentes arranjos celulares que dependem de como
ocorre a sua divisão:
➔ Divisão em um único plano: diplococos (pares); estreptococos
➔ Divisão em dois planos: formam tétrades;
➔ Divisão em três planos: sarcina;
➔ Divisão em diferentes planos: estafilococos; apresenta aparência de cacho de
uva.
➔ Cocobacilo: não é nem tão redondo quanto um cocos nem tão alongado quanto um
bacilo;
➔ Forma mais comum de bacilo é o isolado;
➔ Pleomorfismo: bactérias que tem diferentes formas ao olhar uma lâmina em
microscopia de luz;
Dimensão Celular
A maioria das bactérias apresentam de 1 a 10m, e a maioria apresenta diâmetro
celular na faixa de 0,5 a 2 m.

Importância de ser pequeno o diâmetro da bactéria: à medida que o tamanho


da célula aumenta, a razão área/volume diminui. Essa relação superfície/volume é
importante, pois elas absorvem nutrientes do meio. Uma área superficial maior é
importante para o processo de absorção e excreção. Assim, as trocas com o meio externo
(absorção e excreção) ficam mais eficientes.

Genoma
➔ DNA circulares – círculos abertos ou superenrolado.
➔ Plasmídeos: moléculas de DNA (também circulares) e desligadas dos cromossomos
circulares; moléculas de DNA extracromossomais com capacidade de replicação
independente. São importantes para a resistência bacteriana a antibióticos.

RNA ribossômico:
➔ Procariotos: subunidade menor (30s) e a maior (50s). Ribossomo 70s.
➔ Eucariotos: subunidade menor (40s) e a maior (60s). Ribossomo 80s.

Algumas drogas antimicrobianas inibem a síntese proteica ao se associarem


ao ribossomo, provocando quase nenhum efeito adverso no eucarioto, em vista da
diferença seletiva entre ribossomos. Ou seja, antibióticos apresentam ação limitada ou
não tem ação em eucarioto, apenas em procarioto.

Membrana Citoplasmática
A membrana citoplasmática da maioria das bactérias é composta por uma
bicamada lipídica (8nm), formando um mosaico fluido.

Funções da membrana:
➔ Barreira de permeabilidade: impede a saída/ extravasamento de nutrientes +
permite entrada de nutrientes e a secreção de moléculas;
➔ Ancoragem de proteínas: sítio de muitas proteínas envolvidas no transporte, na
bioenergética e na quimiotaxia;
➔ Conservação de energia: sítio de geração e utilização da força próton motiva.

Transportadores de membrana:
Permitem que haja o transporte de moléculas não permeáveis: uniporte,
antiporte, simporte.

Membrana citoplasmática de Bacteria x Archea x Eukarya


➔ Bacteria e Eukarya → as cadeias lipídicas da membrana citoplasmática são
compostas por ácidos graxos ligados ao glicerol por ligações ester.
➔ Archaea → as cadeias lipídicas laterais são cadeias de hidrocarbonetos ligadas ao
glicerol por ligações éter.
Nas bactérias que não apresentam parede celular, há a presença de hopanoides:
são moléculas parecidas com a molécula de colesterol, conferinfo rigidez à membrana.

Membrana citoplasmática: Gram positivas X Gram negativas

➔ Gram positivas: externamente à membrana citoplasmática de bactérias Gram


positivas, há uma espessa camada de peptideoglicano e ácido teicóico, formando uma
parede celular. A superfície dessa parede é mais lisa – quando comparada à superfície
rugosa das Gram negativas.
Devido à camada espessa de
peptídeoglicanos, o cristal violeta
com o iodo se fixa nessa parede e
a lavagem com álcool não é
suficiente para descorar essas
células.

➔ Gram negativas: nas bactérias Gram negativas, além da membrana citoplasmática,


há uma segunda membrana (membrana externa, composta de lipídios, que apresenta
estruturas particulares: proteína
transmembrânica e lipopolisacarídeo
em sua porção externa). Entre a
membrana citoplasmática e a externa é
formado o espaço periplasmático, onde
localizam-se uma série de proteínas e
enzimas localizadas, que se ligam a
nutrientes ou estão relacionadas à
atividade enzimática. Por apresentar
uma espessura menor e uma camada
mais delgada de peptideoglicanos, a
bactérica Gram negativa é descorada em
solução alcóolica: o álcool dissolve os
lipídios e penetra na Gram negativa,
descorando a célula.

o Estrutura de lipopolissacarídeo de Gram negativas: A composição química do


lipídeo A e dos polissacarídeos variam entre isolados e espécies, mas a sequência
dos principais componentes (lipídeo A – CDO-core polissacarídeo – antígeo O)
é uniforme. Os polissacarídeos O são bastante variáveis. O antígeno O específico
pode ser utilizado para sorologia para estudos epidemiológicos. Já o lipídio A
confere toxicidade ao lipopolissacarídeo, quando este apresenta-se em em
grande quantidade.

➔ Estrutura das unidades repetitivas do peptideoglicano de parede celular: N-


acetilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico.
Ligações cruzadas entre as diferentes cadeias:
➔ Gram-negativas: ligação lipídica cruzada é feita entre uma DAP e uma alanina;
➔ Gram-positiva: ligação lipídica cruzada é feita entre uma lisina e uma alanina, sendo
composta por uma pentaglicina: manutenção de uma parede de estrutura rígida –
sem entrada de muita água na célula; inibição das ligações laterais entre os resíduos
dos aminoácidos, sendo assim, a célula pode sofrer lise.

As penicilinas atuam inibindo as ligações laterais que ocorrem entre os aminoácidos


(ligação de transpeptidação). Assim, a bactéria que cresce na presença do antibiótico
forma uma parede debilitada, sofre lise e acaba morrendo.

Micobactéria
As micobactérias apresentam uma parede de estrutura de gram e internamente à
parede, uma camada de lipídios e ceras, com um grau importante de impermeabilização.
Além disso, sua camada externa é rica em ácido micólico. Essas bactérias apresentam
crescimento lento, uma vez que desestruturar a forma organizada dessa camada externa
é uma situação complexa. Assim, essas bactérias são mais resistente a soluções
antissépticas e à dessecação. Desse modo, o corante de Gram é impermeável a essa
estrutura. Por isso, as micobactérias são coradas com fuscina através do método Ziehl
Neelsen de coloração.

Método Ziehl Neelsen de coloração:


1. aquecimento da lâmina. O aquecimento da lâmina liquefaz a camada de
lipídio da parede celular, permitindo a entrada no corante.
2. resfriamento da lâmina. Com o resfriamente da lâmina, a camada lipídica se
refaz.
3. refazer de 3 a 5 vezes esse procedimento descrito a cima.
4. lavagem da lâmina com solução alcóolica. O álcool é um ácido que não
penetra na camada. Assim, a coloração com fuscina permanece impregnada à
micobacteroa.
5. coloração com azul de etileno. Apenas as estruturas que não são a
micobacteria (BAAR = bacilos ácool-ácidos resistentes) serão coradas
em azul.

Flagelo

O flagelo é um polímero de flagelina que está associada ao gancho que associa o corpo
principal flagelar a uma estrutura de anéis. Essa estrutura de anéis atravessa a
membrana externa e interna. A rede de anéis é responsável por imprimir o movimento
de rotação flagelar por meio do uso de ATP ou da força próton motiva.

Organizações flagelares extracelulares:


➔ único flagelo em um polo → movimentação dos flagelos em círculos (hélice de
helicóptero);
➔ único flagelo em cada um dos polos;
➔ flagelos espalhados ao longo de toda superfície → todos flagelos batem na mesma
direção, para que seja possível sua movimentação.
➔ vários flagelos em apenas 1 polo.

As espiroquetas têm flagelos intracelulares (e não extracelular). O flagelo intracelular


é envolto por uma membrana externa (endoflagelos: vibrações fazem com que as
bactérias girem sobre o próprio corpo - movimento em saca-rolha).

Movimento glinding motility


O movimento glinding motility independente de flagelos. Proteínas na
membrana funcionam como uma esteira de rotação que permite a movimentação da
bactéria sobre uma superfície sólida.

Fímbrias
As fímbrias tem função de adesão a superfícies – vivas ou não. Além disso, o pili
(fímbria) é responsável pela conjugação.

Cápsula
A cápsula não é corada na microscopia de luz. Normalmente, é polissacarídica e
algumas apresentam proteínas em sua composição. Muitas das bactérias que causam
infecção sistêmica têm cápsulas, apresentando essas propriedades imunológicas.
Algumas cápsulas são pouco imunogênicas, são uma camada protetora para a ação
complemento e impede a fagocitose.

Cianobactérias
Cianobactérias → “submarino” → organizam-se de acordo com a profundidade
onde a incidência da luz é ideal para realização de fotossíntese.

Formação de esporos

O esporo bacteriano é uma estrutura rígida, pois é envolto por uma cada de
componentes rígidos. A bactéria, na forma de esporo, está em uma forma inativa e é
altamente resistente. O esporo é formado em situação em que a sobrevivência do
microrganismo é colocada em cheque. O esporo, portanto, é uma forma de resistência.
Primeiramente, ocorrem invaginações da membrana celular, começando a formar
uma estrutura celular independente da célula, com DNA e todos os componentes
necessários para sobrevivência da célula. Essa estrutura é envolta por carapaça externa
rígida e resistentes. A célula que originou o esporo morre, e há a formação das carapaças.
O esporo permanece em uma forma metabolicamente inativa. Esporos são riscos em
ácido dipicolínico, que se associa ao cálcio, dando rigidez às estruturas externas do
esporo. O esporo pode ser terminal, subterminal ou central.

p. ex. Clostridium tetani

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