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Brazilian Journal of Health Review 19064

ISSN: 2595-6825

Dermatite de contato ocupacional e suas implicações

Occupational contact dermatitis and its implications


DOI:10.34119/bjhrv5n5-119

Recebimento dos originais: 23/08/2022


Aceitação para publicação: 19/09/2022

Ana Paula Coelho Marques


Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
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Bianca de Sousa Barros


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Instituição: Centro Universitário de Brasília (CEUB)
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Caroline Ronchetti dos Santos


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Douglas Carneiro Barroso


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E-mail: douglascarneirob@gmail.com

Gabriel Alejandro Herrera Illanes


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Mayse Lima Silva


Graduanda em Medicina pela Faculdade de Medicina de Olinda (FMO)
Instituição: Faculdade de Medicina de Olinda (FMO)
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Monyk Lima Silva


Graduanda em Medicina pela Faculdade de Medicina de Olinda (FMO)
Instituição: Faculdade de Medicina de Olinda (FMO)
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E-mail: monyklima@hotmail.com

Layara de Assis
Pós-Graduada pelo Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (IPEMED)
Instituição: Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (IPEMED)
Endereço: R. João Patrício Araújo, 179, Veneza, Ipatinga - MG, CEP: 35164-251
E-mail: laayassis@gmail.com

RESUMO
O intuito deste artigo foi analisar a produção científica sobre a Dermatite de Contato
Ocupacional, no que diz respeito à redução das suas implicações através do diagnóstico
precoce, do tratamento adequado para cada caso e de medidas de biossegurança. A Dermatite
de Contato Alérgica (DCA) e Dermatite de Contato Irritante (DCI) são duas classificações para
a inflamação cutânea geralmente induzida por agentes químicos. Suas complicações dependem
do agente contactante, do tempo de exposição, do local da pele e da susceptibilidade do
hospedeiro, podendo interferir temporária ou permanentemente na capacidade produtiva no
meio ocupacional. Nesse sentido, a detecção precoce ajuda a reduzir o tempo de exposição e,
consequentemente, a gravidade da sintomatologia. O teste de contato mostra-se mais confiável,
mas em alguns casos podem ser usados o teste cutâneo, os testes in vitro e o teste de fotopach.
Observou-se também que a administração de corticoides consiste na primeira linha de
tratamento, podendo ser combinados a antibióticos em caso de infecção secundária ou anti-
histamínicos sistêmicos, para tratar o prurido. Ademais, o devido uso dos EPIs e a adequação
das condições de trabalho também se mostram importantes.

Palavras-chave: Dermatite de contato, Dermatite ocupacional, doenças ocupacionais, saúde


ocupacional.

ABSTRACT
The purpose of this article was to analyze the scientific production on Occupational Contact
Dermatitis, with regard to reducing its implications through early diagnosis, adequate treatment
for each case and biosafety measures. Allergic Contact Dermatitis (ACD) and Irritant Contact
Dermatitis (INN) are two classifications for skin inflammation usually induced by chemical
agents. Its complications depend on the contacting agent, exposure time, skin site and host
susceptibility, which may temporarily or permanently interfere with the productive capacity in
the occupational environment. In this sense, early detection helps to reduce exposure time and,
consequently, the severity of symptoms. The patch test is more reliable, but in some cases the
skin test, in vitro tests and the fotopach test can be used. It was also observed that the
administration of corticosteroids is the first line of treatment, which can be combined with
antibiotics in case of secondary infection or systemic antihistamines to treat pruritus. However,
the proper use of PPE and the adequacy of working conditions are also important.

Keywords: contact Dermatitis, occupational Dermatitis, occupational diseases, occupational


health.

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1 INTRODUÇÃO
A Dermatite de Contato (DC) é uma inflamação aguda ou crônica da pele causada pelo
contato com agentes químicos e físicos. Pode ser classificada como Dermatite de Contato
Irritante (DCI) ou Dermatite de Contato Alérgica (DCA) (BAINS; NASH; FONACIER, 2018).
A DCI é a forma mais comum, restrita a áreas de contato com irritantes. A DCA apresenta
lesões nas áreas de contato, que podem se disseminar (LAZZARINI et al., 2022).
As Dermatoses Ocupacionais (DOs) são produzidas ou agravadas por agentes existentes
no exercício da atividade profissional, 60% das doenças ocupacionais são dermatoses. São
definidas como alterações de pele, mucosas e anexos direta ou indiretamente causadas,
condicionadas, mantidas ou agravadas por tudo aquilo que seja utilizado nas atividades
profissionais ou exista no ambiente de trabalho (ABREU et al., 2020; MARQUES; SOARES,
2020).
A Dermatite de Contato Ocupacional (DCO) engloba reações alérgicas e imediatas,
consistindo em fator limitante das atividades profissionais e uma causa de desconforto que pode
levar à diminuição da capacidade de trabalho e ao absenteísmo (AFONSO et al., 2021). É a
doença ocupacional de pele mais frequente, representando 95% dos casos, sendo metade dos
casos de origem ocupacional (LAZZARINI et al., 2022).
As principais complicações relacionadas às DOs são infecções secundárias, distúrbios
da pigmentação, cicatrizes, sequelas físicas e emocionais, diminuição ou limitação da produção
e incapacidade profissional, temporária ou permanente. Estima-se que os agentes químicos
estão entre os principais causadores das DOs (MIRANDA et al., 2018).
Este trabalho tem como principal objetivo realizar uma revisão da produção científica
sobre dermatites de contato ocupacionais, enfatizando o diagnóstico precoce para redução da
limitação e incapacitação laboral e melhoria do prognóstico da doença, além de incluir formas
para o tratamento e enfrentamento do problema.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A pele humana, maior órgão do corpo, tende a sofrer modificações estruturais e indução
de respostas imunes ao entrar em contato com os xenobióticos (alérgenos) (LI et al., 2021).
Esse contato resulta em sensibilização cutânea e desencadeia o mecanismo imunológico contra
aquele fator expositor. À medida que ocorrem os processos contínuos de exposição e posteriores
ressensibilizações, a resposta imunológica atinge o nível de tolerância do indivíduo,
manifestando a sintomatologia (OLUSEGUN et al., 2021).

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Existem duas fases principais: a fase indução e a fase de elicitação. Esta primeira ocorre
no primeiro contato do alérgeno com a pele através da apresentação aos linfócitos T
inexperientes, que se diferenciam tanto em células de memória celular quanto em células
efetoras, assim o indivíduo se torna hipersensível. Já na segunda fase, a partir de novos contatos
com o alérgeno, as células efetoras produzirão linfocinas e mediadores químicos que resultarão
na sintomatologia do paciente (OLUSEGUN et al., 2021).
A dermatite de contato ocorre tanto devido a fatores ambientais quanto a fatores
ocupacionais, esse por último, intensificado devido à maior exposição de forma contínua e
muitas vezes subestimada (LI et al., 2021). Quando se fala de DCO, as profissões que
apresentam com maior frequência dermatites ocupacionais são profissionais do lar (39%), da
construção civil (33,5%), metalúrgicos (6%), marceneiros (4%) e cabeleireiros (4%). Das DOs
de contato, 91,5% estão relacionadas à atividade laboral em ambiente úmido e o tempo de
evolução varia de 2 meses até 26 anos (ABREU et al., 2020; OLIVEIRA et al., 2020).
As dermatites de contatos ocupacionais são causadas por agentes diversos, tais como
petróleo, metais (cromo, níquel, mercúrio), acrilatos, adesivos, fabricação/manipulação de
cosméticos, medicamentos, corantes, fósforo, alcatrão, parafina, borracha, inseticidas, plásticos
e resinas (AFONSO et al., 2021; BASTOS et al., 2019). As áreas de trabalho correlacionadas
com essa doença também são variadas, como conservação e restauração de obras de arte,
engenharia civil, serralherias, hospitais e salões de beleza (SANTOS; ALMEIDA, 2019;
REICH et al., 2020; SOUSA et al., 2019).
As características clínicas variam a depender do fator irritativo ou alérgeno exposto,
duração da exposição, local da pele e a susceptibilidade do hospedeiro (LI et al., 2021). Em
modo geral, se apresentam com queimação e sensibilidade cutânea, edema, eritema, erupção,
pápulas, prurido, pele escamosa e fissuras. Em sua maioria, se localizam apenas na área de
contato ao fator irritativo, sendo a mão a área corpórea mais afetada (OLUSEGUN et al., 2021;
ALCHORNE et al., 2020).
Detectar essa patologia precocemente é de grande importância para o melhor
prognóstico, visto que quanto maior o tempo de exposição, maior é a gravidade da
sintomatologia. Associa-se, mesmo que raramente, o aparecimento do Linfoma Cutâneo de
células T, onde a confirmação se dá através da biópsia de pele na lesão. Outra associação e
importante diagnóstico diferencial ocorre com o Carcinoma Espinocelular que pode se
apresentar clinicamente semelhante à dermatite de contato, principalmente em mãos (LAMPEL
et al., 2018).

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O atendimento deve ser iniciado com uma história bem coletada sobre sua atividade
laboral, agentes contactantes, tempo de exposição, correlacionando com os sinais apresentados.
Perguntas como qual o cargo atual, tempo naquela atividade laboral, uso de roupas de proteção,
se há melhora dos sintomas nos dias de folga e casos semelhantes em colegas de trabalho,
podem ser úteis no diagnóstico precoce e controle de exposição (LAMPEL et al., 2018;
GILISSEN et al., 2019).
Existem diversos tipos de testes diagnósticos estudados e testados para a DC sendo o
teste de contato o padrão ouro (LI et al., 2021). O teste de contato busca provocar uma reação
de hipersensibilidade do tipo retardada, característica da reação alérgica do tipo IV, usando
alérgenos padronizados direcionados à história clínica coletada (LAMPEL et al., 2018). Utiliza-
se adesivo contendo a substância alérgena que permanece na pele por aproximadamente 48
horas, observando a resposta clínica por até 5 a 7 dias após a retirada do adesivo. Caso ocorra
a sintomatologia na forma de lesão eczematosa no local do teste, entende-se o resultado como
positivo para aquele alérgeno (OLUSEGUN et al., 2021).
Dentre os outros tipos de testes diagnósticos, há o teste cutâneo para reações cutâneas
imediatas, que consiste em estimular a reação aguda como teste de fricção, teste de aplicação
de substância e teste do arranhão, porém, há risco de desencadear uma resposta alérgica
exacerbada, podendo gerar danos ao paciente. Já o teste de fotopach consiste em colocar o
alérgeno na pele e realizar a primeira avaliação. Após 24 horas em exposição à luz ultravioleta,
ocorre nova avaliação (LI et al., 2021).
Os resultados são observados pela terceira vez com mais 24 horas e a quarta e última
avaliação com 48 horas. Nos testes in vitro, observa-se a resposta mediada por IgE, sendo em
maior vantagem para alérgenos alimentares, como amendoim, ovos, leite e alérgenos inalantes
(ARNAU et al., 2017).
Além disso, a prevenção é fundamental para o tratamento seguro, sendo de extrema
relevância medidas como o afastamento do agente causal, a utilização de medidas de proteção
coletiva e individual, a adoção de medidas de higiene pessoal e do ambiente de trabalho, e o
evitamento de contato com agentes físicos e químicos irritantes ou alergênicos (MELO, 2018).
Essas medidas, associadas ao tratamento imediato, visam diminuir o tempo de evolução das
lesões, reduzindo complicações (KASHIWABARA et al., 2019).
A avaliação de risco ocupacional pode ser considerada para os trabalhadores, de forma
que a exposição antecipada aos agentes perigosos possa determinar fatores de risco pessoais.
Primeiro, os agentes perigosos são identificados, juntamente com potenciais efeitos dérmicos,
então o ambiente é avaliado para diminuir os riscos. Tais avaliações ambientais incluem

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avaliação de umidade e temperatura no local de trabalho. Assim é estabelecida uma


caracterização de risco, incluindo potencial para desenvolver DCI, resposta à dose de agentes
perigosos, duração e área de contato (JOÃO et al., 2021)
Segundo a NR-6 parágrafo 6.6.1, é responsabilidade do empregador realizar uma
seleção dos tipos mais adequados de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e orientar e
treinar o trabalhador sobre o uso adequado. Um dos aspectos principais deverá ser a motivação
do trabalhador no uso correto do EPI, bem como a sua conservação e manutenção. A
importância da higiene, a fim de garantir aos operários condições adequadas nos locais de
trabalho, deve ser levada em consideração, sendo necessário acesso fácil à água corrente, sabões
ou sabonetes neutros, cremes hidratantes para as mãos, e a limpeza e manutenção adequada de
vestuários e EPIs (ALI et al., 2009).
A escolha do tratamento dependerá da dimensão e da gravidade das lesões. Nas lesões
agudas, isto é, exsudativas, devem ser aplicadas compressas de água boricada a 2% ou 3%, ou
permanganato de potássio a 1:40.000 (KASHIWABARA et al., 2019). O uso regular de
emolientes atua melhorando a função de barreira da pele, sendo eficaz para tratamento da
dermatite de contato, na pele seca e liquenificada. Entre eles, os tradicionais à base de petrolato
são acessíveis e baratos, e demonstraram ser tão eficazes quanto um emoliente contendo lipídios
relacionados à pele (BAINS; NASH; FONACIER, 2018).
A primeira linha de tratamento é a corticoterapia. Os corticóides tópicos são usados para
pequenas regiões. Em lesões agudas são utilizados corticoides em formas de cremes e em lesões
crónicas, corticoides em pomada. Nas áreas de pele fina aplicam-se corticoides menos potentes,
diferentemente das áreas de pele espessa (ROSMANINHO et al., 2016). Em lesões extensas,
usam-se corticoides sistêmicos, de preferência, prednisona, iniciando dose de 0,5mg-
1mg/kg/dia, com redução gradual. Em caso de infecção secundária, deve ser associado
antibiótico tópico e/ou sistêmico como eritromicina, cefalosporina, antifúngicos, fluconazol e
cetoconazol. Os anti-histamínicos sistêmicos podem ser utilizados, a fim de tratar o prurido
(KASHIWABARA et al., 2019).
Também podem ser implementadas medidas secundárias para detectar e tratar os
estágios iniciais da doença, prevenir recaídas ou cronicidade, induzir mudanças
comportamentais, treinar funcionários para proteger sua pele adequadamente e mudar situações
de trabalho inadequadas (AFONSO et al., 2021). Logo, a abordagem proativa concentrada em
educação e treinamento desses indivíduos para aumentar seus cuidados com a pele,
especialmente para trabalhadores de grupos de risco, é essencial (JOÃO et al., 2021).

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O prognóstico e o desenvolvimento da doença não estão somente associados com o tipo


ou com a intensidade da exposição, visto que também dependem de fatores de suscetibilidade
individual. A grande maioria dos eczemas de contato corresponde a dermatites irritativas, em
que a substância irritante causa a ceratólise (perda da camada córnea), penetrando, assim, nas
camadas mais profundas da epiderme e lesando os queratinócitos. Tratando-se das dermatites
de contato alérgicas, as lesões cutâneas são causadas, na maioria dos casos, por uma reação de
hipersensibilidade tardia (tipo IV), não sendo incomum a ocorrência sequencial de dermatite de
contato irritativa precedendo à dermatite de contato alérgica (FRANÇA et al., 2019).
O uso prolongado de luvas e outros equipamentos derivados de látex encontra-se
também associado a dermatite de contato irritativa. A título de exemplificação, a DCA
relacionada aos aditivos químicos (tiarum e carbamatos) da borracha das luvas médicas é a
causa mais comum de dermatite alérgica ocupacional das mãos em pronto-socorro. O contato
com as proteínas do látex ocorre através do contato da pele com as luvas e através do contato
das mucosas com partículas aerossolizadas, podendo desencadear uma reação alérgica
sistémica. Perante eczema das mãos, é sugerido o uso de luvas de algodão por baixo das luvas
de borracha, uma vez que absorvem o suor e mantêm a pele seca. (VASQUES et al., 2022).
Das diversas substâncias que podem causar DCI, uma delas são os solventes orgânicos
que têm ação desengordurante e podem agir sobre a pele causando remoção do manto lipídico,
aumentando a perda de água pela epiderme levando-a ao ressecamento. Dependendo de sua
concentração, os solventes inorgânicos têm ação corrosiva sobre a pele do trabalhador exposto.
As exposições frequentes da pele para alguns solventes causam a remoção do manto lipídico na
pele, promovendo o ressecamento e as fissuras com sangramento e dor (ALI et al., 2009).
O eczema das mãos pode conduzir a distúrbios do sono, depressão, absentismo e
diminuição da produtividade individual laboral, dessa forma os profissionais podem ter de
alterar as rotinas de trabalho de modo a minimizar o impacto da doença. Pode, ainda, constituir
uma barreira na adesão à higienização das mãos. Assim, diante de uma agudização do eczema,
deve ser recomendada a utilização diária de dermocorticóides de maior potência, como o
aceponato de metilprednisolona e anti-histamínicos, de modo a aliviar o prurido. Um plano de
manutenção inclui o uso diário de emolientes (creme ou pomada) e o uso intermitente de um
dermocorticóide de potência (VASQUES et al., 2022).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, infere-se que a Dermatite de Contato Ocupacional é uma doença que
afeta a produtividade em ambiente laboral e está associada ao contato com agentes alérgenos

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ou irritativos em diversas áreas de trabalho. Ressalta-se também a importância do diagnóstico


precoce, por meio, por exemplo, do teste de contato considerado padrão ouro, visando impedir
o quanto antes a exposição ao agente causal e buscar a melhor alternativa de tratamento. Como
primeira linha de tratamento tem-se a corticoterapia, cuja forma farmacêutica, dosagem e
possibilidade de associação com outros medicamentos depende da gravidade e da dimensão das
lesões. Por fim, a melhoria nas condições de trabalho e utilização de EPI também mostra-se
importante no combate da problemática.

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