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ISSN: 2595-6825
Layara de Assis
Pós-Graduada pelo Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (IPEMED)
Instituição: Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (IPEMED)
Endereço: R. João Patrício Araújo, 179, Veneza, Ipatinga - MG, CEP: 35164-251
E-mail: laayassis@gmail.com
RESUMO
O intuito deste artigo foi analisar a produção científica sobre a Dermatite de Contato
Ocupacional, no que diz respeito à redução das suas implicações através do diagnóstico
precoce, do tratamento adequado para cada caso e de medidas de biossegurança. A Dermatite
de Contato Alérgica (DCA) e Dermatite de Contato Irritante (DCI) são duas classificações para
a inflamação cutânea geralmente induzida por agentes químicos. Suas complicações dependem
do agente contactante, do tempo de exposição, do local da pele e da susceptibilidade do
hospedeiro, podendo interferir temporária ou permanentemente na capacidade produtiva no
meio ocupacional. Nesse sentido, a detecção precoce ajuda a reduzir o tempo de exposição e,
consequentemente, a gravidade da sintomatologia. O teste de contato mostra-se mais confiável,
mas em alguns casos podem ser usados o teste cutâneo, os testes in vitro e o teste de fotopach.
Observou-se também que a administração de corticoides consiste na primeira linha de
tratamento, podendo ser combinados a antibióticos em caso de infecção secundária ou anti-
histamínicos sistêmicos, para tratar o prurido. Ademais, o devido uso dos EPIs e a adequação
das condições de trabalho também se mostram importantes.
ABSTRACT
The purpose of this article was to analyze the scientific production on Occupational Contact
Dermatitis, with regard to reducing its implications through early diagnosis, adequate treatment
for each case and biosafety measures. Allergic Contact Dermatitis (ACD) and Irritant Contact
Dermatitis (INN) are two classifications for skin inflammation usually induced by chemical
agents. Its complications depend on the contacting agent, exposure time, skin site and host
susceptibility, which may temporarily or permanently interfere with the productive capacity in
the occupational environment. In this sense, early detection helps to reduce exposure time and,
consequently, the severity of symptoms. The patch test is more reliable, but in some cases the
skin test, in vitro tests and the fotopach test can be used. It was also observed that the
administration of corticosteroids is the first line of treatment, which can be combined with
antibiotics in case of secondary infection or systemic antihistamines to treat pruritus. However,
the proper use of PPE and the adequacy of working conditions are also important.
1 INTRODUÇÃO
A Dermatite de Contato (DC) é uma inflamação aguda ou crônica da pele causada pelo
contato com agentes químicos e físicos. Pode ser classificada como Dermatite de Contato
Irritante (DCI) ou Dermatite de Contato Alérgica (DCA) (BAINS; NASH; FONACIER, 2018).
A DCI é a forma mais comum, restrita a áreas de contato com irritantes. A DCA apresenta
lesões nas áreas de contato, que podem se disseminar (LAZZARINI et al., 2022).
As Dermatoses Ocupacionais (DOs) são produzidas ou agravadas por agentes existentes
no exercício da atividade profissional, 60% das doenças ocupacionais são dermatoses. São
definidas como alterações de pele, mucosas e anexos direta ou indiretamente causadas,
condicionadas, mantidas ou agravadas por tudo aquilo que seja utilizado nas atividades
profissionais ou exista no ambiente de trabalho (ABREU et al., 2020; MARQUES; SOARES,
2020).
A Dermatite de Contato Ocupacional (DCO) engloba reações alérgicas e imediatas,
consistindo em fator limitante das atividades profissionais e uma causa de desconforto que pode
levar à diminuição da capacidade de trabalho e ao absenteísmo (AFONSO et al., 2021). É a
doença ocupacional de pele mais frequente, representando 95% dos casos, sendo metade dos
casos de origem ocupacional (LAZZARINI et al., 2022).
As principais complicações relacionadas às DOs são infecções secundárias, distúrbios
da pigmentação, cicatrizes, sequelas físicas e emocionais, diminuição ou limitação da produção
e incapacidade profissional, temporária ou permanente. Estima-se que os agentes químicos
estão entre os principais causadores das DOs (MIRANDA et al., 2018).
Este trabalho tem como principal objetivo realizar uma revisão da produção científica
sobre dermatites de contato ocupacionais, enfatizando o diagnóstico precoce para redução da
limitação e incapacitação laboral e melhoria do prognóstico da doença, além de incluir formas
para o tratamento e enfrentamento do problema.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A pele humana, maior órgão do corpo, tende a sofrer modificações estruturais e indução
de respostas imunes ao entrar em contato com os xenobióticos (alérgenos) (LI et al., 2021).
Esse contato resulta em sensibilização cutânea e desencadeia o mecanismo imunológico contra
aquele fator expositor. À medida que ocorrem os processos contínuos de exposição e posteriores
ressensibilizações, a resposta imunológica atinge o nível de tolerância do indivíduo,
manifestando a sintomatologia (OLUSEGUN et al., 2021).
Existem duas fases principais: a fase indução e a fase de elicitação. Esta primeira ocorre
no primeiro contato do alérgeno com a pele através da apresentação aos linfócitos T
inexperientes, que se diferenciam tanto em células de memória celular quanto em células
efetoras, assim o indivíduo se torna hipersensível. Já na segunda fase, a partir de novos contatos
com o alérgeno, as células efetoras produzirão linfocinas e mediadores químicos que resultarão
na sintomatologia do paciente (OLUSEGUN et al., 2021).
A dermatite de contato ocorre tanto devido a fatores ambientais quanto a fatores
ocupacionais, esse por último, intensificado devido à maior exposição de forma contínua e
muitas vezes subestimada (LI et al., 2021). Quando se fala de DCO, as profissões que
apresentam com maior frequência dermatites ocupacionais são profissionais do lar (39%), da
construção civil (33,5%), metalúrgicos (6%), marceneiros (4%) e cabeleireiros (4%). Das DOs
de contato, 91,5% estão relacionadas à atividade laboral em ambiente úmido e o tempo de
evolução varia de 2 meses até 26 anos (ABREU et al., 2020; OLIVEIRA et al., 2020).
As dermatites de contatos ocupacionais são causadas por agentes diversos, tais como
petróleo, metais (cromo, níquel, mercúrio), acrilatos, adesivos, fabricação/manipulação de
cosméticos, medicamentos, corantes, fósforo, alcatrão, parafina, borracha, inseticidas, plásticos
e resinas (AFONSO et al., 2021; BASTOS et al., 2019). As áreas de trabalho correlacionadas
com essa doença também são variadas, como conservação e restauração de obras de arte,
engenharia civil, serralherias, hospitais e salões de beleza (SANTOS; ALMEIDA, 2019;
REICH et al., 2020; SOUSA et al., 2019).
As características clínicas variam a depender do fator irritativo ou alérgeno exposto,
duração da exposição, local da pele e a susceptibilidade do hospedeiro (LI et al., 2021). Em
modo geral, se apresentam com queimação e sensibilidade cutânea, edema, eritema, erupção,
pápulas, prurido, pele escamosa e fissuras. Em sua maioria, se localizam apenas na área de
contato ao fator irritativo, sendo a mão a área corpórea mais afetada (OLUSEGUN et al., 2021;
ALCHORNE et al., 2020).
Detectar essa patologia precocemente é de grande importância para o melhor
prognóstico, visto que quanto maior o tempo de exposição, maior é a gravidade da
sintomatologia. Associa-se, mesmo que raramente, o aparecimento do Linfoma Cutâneo de
células T, onde a confirmação se dá através da biópsia de pele na lesão. Outra associação e
importante diagnóstico diferencial ocorre com o Carcinoma Espinocelular que pode se
apresentar clinicamente semelhante à dermatite de contato, principalmente em mãos (LAMPEL
et al., 2018).
O atendimento deve ser iniciado com uma história bem coletada sobre sua atividade
laboral, agentes contactantes, tempo de exposição, correlacionando com os sinais apresentados.
Perguntas como qual o cargo atual, tempo naquela atividade laboral, uso de roupas de proteção,
se há melhora dos sintomas nos dias de folga e casos semelhantes em colegas de trabalho,
podem ser úteis no diagnóstico precoce e controle de exposição (LAMPEL et al., 2018;
GILISSEN et al., 2019).
Existem diversos tipos de testes diagnósticos estudados e testados para a DC sendo o
teste de contato o padrão ouro (LI et al., 2021). O teste de contato busca provocar uma reação
de hipersensibilidade do tipo retardada, característica da reação alérgica do tipo IV, usando
alérgenos padronizados direcionados à história clínica coletada (LAMPEL et al., 2018). Utiliza-
se adesivo contendo a substância alérgena que permanece na pele por aproximadamente 48
horas, observando a resposta clínica por até 5 a 7 dias após a retirada do adesivo. Caso ocorra
a sintomatologia na forma de lesão eczematosa no local do teste, entende-se o resultado como
positivo para aquele alérgeno (OLUSEGUN et al., 2021).
Dentre os outros tipos de testes diagnósticos, há o teste cutâneo para reações cutâneas
imediatas, que consiste em estimular a reação aguda como teste de fricção, teste de aplicação
de substância e teste do arranhão, porém, há risco de desencadear uma resposta alérgica
exacerbada, podendo gerar danos ao paciente. Já o teste de fotopach consiste em colocar o
alérgeno na pele e realizar a primeira avaliação. Após 24 horas em exposição à luz ultravioleta,
ocorre nova avaliação (LI et al., 2021).
Os resultados são observados pela terceira vez com mais 24 horas e a quarta e última
avaliação com 48 horas. Nos testes in vitro, observa-se a resposta mediada por IgE, sendo em
maior vantagem para alérgenos alimentares, como amendoim, ovos, leite e alérgenos inalantes
(ARNAU et al., 2017).
Além disso, a prevenção é fundamental para o tratamento seguro, sendo de extrema
relevância medidas como o afastamento do agente causal, a utilização de medidas de proteção
coletiva e individual, a adoção de medidas de higiene pessoal e do ambiente de trabalho, e o
evitamento de contato com agentes físicos e químicos irritantes ou alergênicos (MELO, 2018).
Essas medidas, associadas ao tratamento imediato, visam diminuir o tempo de evolução das
lesões, reduzindo complicações (KASHIWABARA et al., 2019).
A avaliação de risco ocupacional pode ser considerada para os trabalhadores, de forma
que a exposição antecipada aos agentes perigosos possa determinar fatores de risco pessoais.
Primeiro, os agentes perigosos são identificados, juntamente com potenciais efeitos dérmicos,
então o ambiente é avaliado para diminuir os riscos. Tais avaliações ambientais incluem
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, infere-se que a Dermatite de Contato Ocupacional é uma doença que
afeta a produtividade em ambiente laboral e está associada ao contato com agentes alérgenos
REFERÊNCIAS
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