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Felipe Facre Stallone, Matricula: 2945375501

Guilherme Correa Ribeiro, Matricula: 2986988901

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDICIPLINAR EM GRUPO, 1º


SEMESTRE 2021, CURSO DE NUTRIÇÃO.

A impossibilidade da aplicação da ética no tratamento dos pacientes de


covid-19 pode ser observada no modo como este ocorre. Muitas vezes esse
procedimento deve ignorar a realidade de cada paciente e receitar uma solução
comum ao todo. Um isolamento social, cujo tempo é o suficiente para que falte
comida dentro de casa e acarrete outros problemas sociais. Porém se não for
feito dessa maneira, o tratamento pode ser ineficaz, e agravar cada vez mais a
situação do paciente e gerando outros novos pacientes de forma
descontrolada. Outro ponto em que se evidencia a ausência da ética é quando
médicos devem escolher a quem salvar devido à falta de recursos para o
acolhimento de todos os infectados à beira da morte indo contra o Art 1º do
capítulo III do código de ética do médico. “É vedado ao médico: Art. 1º
Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia,
imprudência ou negligência.” (CEM, 2018, pág. 21).

Por outro lado também vemos algumas medidas que podem ser
consideradas defensoras da boa ética e moral como por exemplo a criação do
PL 1077/2021 “determina aos fornecedores de oxigênio priorizarem o
atendimento integral da demanda da rede hospitalar pública ou privada durante
a pandemia de covid-19” (Soraya Manato, 2021), PL3932/2020 “torna
obrigatório o afastamento de gestante do trabalho presencial durante o estado
de calamidade pública em razão da pandemia do corona vírus”( Perpétua
Almeida, 2020), PL795/2020 “Suspende os pagamentos mensais de
beneficiários do programa residencial Minha Casa, Minha Vida por 180 dias em
razão das dificuldades financeiras ocasionadas pela pandemia de Covid-19”
(Professor Israel Batista, 2020), entre outras. Todas as medidas citadas
anteriormente foram aprovadas na câmara e estão em análise no senado.
A falta de ética na qualidade de vida do trabalhador pode ser analisada
no esgotamento físico e mental do mesmo, uma vez que de acordo com o Art.
8º do capítulo III do código de ética do médico “Art. 8º Afastar-se de suas
atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro médico
encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou em estado
grave.”, este se vê obrigado a fazer diversos plantões simultâneos tendo em
vista ser um dos poucos habilitados a operar aparelhos específicos para
pacientes de covid-19. Mais uma oportunidade que podemos enxergar a
ausência da ética é quando os profissionais de saúde que estão na linha de
frente hoje, podem estar acamados amanhã, bem como seus familiares.
Nessas duas últimas situações é difícil elencar a pior, se ver acamado ou
assistir a um familiar seu dependendo de aparelhos para sobreviver, sabendo
que sua profissão pode ter sido a responsável por isso.

Analisando as dissertações acima pode-se concluir que o sistema de


saúde deve planejar melhorias, não apenas aos pacientes, mas também para
os profissionais que os tratam. Faz-se necessário um sistema de proteção para
os envolvidos diretamente com os contaminados a fim de que esses possam
voltar à suas casas sem o peso da responsabilidade da morte de um familiar
seu.

Observando a conjuntura atual da pandemia percebe-se a


impossibilidade da desvinculação da vida pessoal e profissional. O médico,
enfermeiro ou até mesmo o responsável pela higienização do ambiente
hospitalar estão reféns de todas a medidas preventivas e do agente patógeno
que assola o mundo. É totalmente inviável o privilégio de desconectar a
atenção e perder o respeito pelos cuidados que devem ser adotados, isso faz
com que, em algum nível, ocorra a minimização da disseminação do covid-19.

Somando à situação anterior, temos também a questão do cumprimento


das obrigações do profissional de saúde previsto no Capítulo III Art 8º do
código de ética do médico. “Art. 8º Afastar-se de suas atividades
profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro médico
encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou em estado
grave.” ( CEM, 2018, pág. 21).
Existe uma escassez muito grande de profissionais habilitados a lidar
com os aparelhos que tratam as vítimas dessa pandemia. Isso implica em
aumento de carga horária para os poucos aptos à função, resultando em
menos tempo para a família e mais risco de contaminação, para si e seu
ambiente familiar.

Deixando os cuidados necessários de lado, o profissional da saúde, e todos


os envolvidos em qualquer nível de atuação dentro dos hospitais, colocam
em risco toda a sociedade em que vive: seus familiares, círculo de amigos,
frenquentantes do mesmo ambiente como mercado, centros religiosos,
transporte público etc. Isso atrasa drasticamente o fim da calamidade que
estamos vivendo enquanto surgem mais casos de óbitos a cada dia. A
negligência da população pode ser considerada um atentado contra a
segurança pública.

Contudo é possível ver a preocupação do governo federal com esses


profissionais na transformação da PL 1409/2020 em lei ordinária 1423/2020
“Dá prioridade para fazer testes de diagnóstico da Covid-19 aos
profissionais considerados essenciais ao controle da doença e à
manutenção da ordem pública, como médicos, enfermeiros, policiais e
agentes funerários” (Dr. Zacharias Calil, 2020).

Em um universo cada vez mais tecnológico, globalizado e conectado


virtualmente, fica extremamente fácil enxergar o descaso das pessoas
com a grave situação sanitária do mundo. Essa realidade gera revolta e
estresse nos combatentes que se encontram na linha de frente dessa
pandemia. A situação complica ainda mais quando se perde amigos de
trabalho cujas histórias, na maioria das vezes, se aproximam da
realidade dos profissionais que ali permanecem em combate, sempre
ciente que o próximo da vez pode ser ele ou um de seus familiares.
Todo esse contexto tornou o ambiente dos profissionais de saúde
uma área extremamente promissora para o desenvolvimento da
síndrome de Burnout. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem
sofreram um aumento de 83% nos casos da síndrome em relação aos
anos anteriores. As queixas dos especialistas, quase sempre agentes do
SUS, geralmente são referentes as quantidades de baixas que
passaram pelas suas mãos, pensamentos que os fazem lembrar que
cada óbito registrado poderia ter sido um de seus familiares, a distância
e o tempo que o isolamento tem exigido das mães e pais de seus filhos
e a abdicação demandada da parte deles.
Frente a um cenário tão alarmante, cabe a todos a responsabilidade de
abrandar os efeitos da pandemia a fim de atenuar a circunstância crítica
que devasta a vida dos especialistas da área de saúde. Algumas ações
são simples de pô-las em prática, outras nem tanto. As acessíveis são: o
uso alternado de máscaras e a correta limpeza delas, higienizar as
partes do corpo com maior capacidade de transmissão do vírus,
desinfectar tudo que se coloca dentro de casa proveniente de fora dela,
evitar aglomerações dentro e fora do âmbito familiar e fiscalizar
indivíduos que não as cumpram. Já as mais complexas são aquelas que
gerem transtornos a quem as executam como o isolamento cujas
consequências são a falta do trabalho, a distância de entes queridos e
familiares que demandam cuidados especiais, o fechamento de
comércios que sustentam diversos lares familiares, o desenvolvimento
de doenças psicológicas, entre várias outras.
A possível solução encontra-se no cumprimento do máximo de
responsabilidades cabíveis a cada ambiente. Das mais simples às mais
complexas, tudo aquilo que minimiza os efeitos da pandemia e contém
os problemas causados aos profissionais da saúde deve ser executado,
uma vez que as consequências da negligência à essas medidas podem
ser interpretadas como desrespeito aos cuidadores da população.
Segundo Lorraine Cichowicz Marques, as equipes de saúde
móvel trabalham em diversas situações, das quais muitas impossibilitam
saber se são casos suspeitos e/ou confirmados de Covid-19 ou não, isso
torna essencial o desenvolvimento de amplas medidas de segurança
antes, durante e após o prestamento de socorro. Em ocasiões cuja
equipe acionada é para atender um caso suspeito ou confirmado de
Covid-19, torna-se preponderante a adaptação da ambulância para o
serviço a ser prestado e o treinamento adequado aos profissionais.
Lorraine afirma ainda que a para que ocorra a promoção da
proteção das equipes e a confiabilidade da assistência adequada aos
pacientes, foram realizadas algumas mudanças nos procedimentos do
atendimento, especialmente em casos suspeitos ou confirmados de
infecção pelo vírus. Um exemplo dado por Cichowicz é a higienização
das ambulâncias que passou a ser realizada por profissionais
terceirizados.
Por outro lado Carmen Fontes de Souza Teixeira cita uma outra
limitação sobre os estudos revisados que relata um conjunto de
trabalhadores que fazem parte da força de trabalho em saúde sem
formação adequada para área específica, os responsáveis pelos
chamados “serviços gerais”, ou seja, pessoal de limpeza, motoristas de
ambulância, maqueiros, manutenção de equipamentos e pessoal dos
serviços de alimentação, contando ainda com o contingente de operários
envolvidos nos serviços de sepultamento e cremação dos pacientes que
foram a óbito. Segundo Carmen, esses trabalhadores estão
parcialmente envolvidos com os protocolos de segurança da pandemia e
correm o risco de contaminação. Por isso devem ser considerados nos
estudos dos efeitos do COVID-19 na saúde dos profissionais de saúde.
Huang et al.foi verificado em um hospital da china China
responsável pelo tratamento de mais de 35 casos confirmados e mais de
260 casos suspeitos de COVID-19, não é incomum que os profissionais
de saúde fraquejem com os protocolos de segurança exposição
enquanto cuidam de pacientes, mesmo com intensos treinamentos,
especialmente quando se se encontram em situação de alto nível de
estresse ou exaustos, situação que mais recorrente após longas
jornadas de expediente, a famosa síndrome de Burnout , e isso pode
amentar o risco de contaminação drasticamente. É inegável o
comprometimento da integridade da saúde da maior parte dos
profissionais de saúde em virtude do contato direto com pacientes,
portanto estes possuem especial vulnerabilidade ao COVID-19, por isso,
faz-se necessário a elaboração de protocolos de segurança específicos
a fim de reduzir riscos de contaminação deles nas interações com os
pacientes portadores do vírus.
Por fim, para Adalgisa Peixoto Ribeiro a testagem de espécimes,
consagra-se uma estratégia coerente no planejamento para o controle e
redução a exposição entre profissionais e pacientes. Estudos apontam
que a testagem dos trabalhadores em contato com o vírus contribui com
a otimização da força de trabalho. Os profissionais que testarem positivo
devem ter afastamento subsidiados a fim de oferecer segurança aos que
testarem negativo. Adalgisa reforça que não somente médicos,
enfermeiros ou qualquer profissional envolvido com a possibilidade de
contaminação, mas também a testagem dos familiares deles contribui
com a redução do absenteísmo ocasionado pelo contato ou da
necessidade de prestação de cuidados à família. Adalgisa salienta que a
pandemia tem sido responsável por grande redução na força de trabalho
da saúde, resultando em perdas na eficiência do atendimento à
população.

Referencias

CAPÍTULO III ART 1º. CEM, Brasília, 2019. Disponível em:


https://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf . Acesso em: 20 de abril de
2021.

MANATO, Soraya. Projeto de Lei 1077/2021. Câmara dos Deputados, Brasília,


2021. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/741333-DEPUTADOS-
APROVAM-PRIORIDADE-PARA-VENDA-DE-OXIGENIO-A-HOSPITAIS .
Acesso em: 21 de abril de 2021.

ALMEIDA, Perpétua. Projeto de Lei 3932/2020. Câmara dos Deputados,


Brasília, 2020. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/687826-
CAMARA-APROVA-AFASTAMENTO-DE-GESTANTES-DO-TRABALHO-
PRESENCIAL-DURANTE-A-PANDEMIA . Acesso em: 21 de abril de 2021.

BATISTA, Israel. Projeto de Lei 795/2020. Câmara dos Deputados, Brasília,


2020. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/677791-CAMARA-
APROVA-SUSPENSAO-DE-PRESTACOES-DO-MINHA-CASA,-MINHA-VIDA-
DURANTE-PANDEMIA. Acesso em: 21 de abril de 2021.
CAPÍTULO III ART 8º. CEM, Brasília, 2019. Disponível em:
https://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf . Acesso em: 21 de abril de
2021.

CALIL, Zacharias. Lei Ordinária 1423/2020. Câmara dos Deputados, Brasília,


2020. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/674797-NOVA-LEI-
PRIORIZA-PROFISSIONAIS-ESSENCIAIS-NA-REALIZACAO-DE-TESTES-
PARA-COVID. Acesso em: 21 de abril de 2021.

CICHOWICZ , LORRAINE. COVID-19: CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA


SEGURANÇA NO ATENDIMENTO DE SERVIÇO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL.
Florianópolis 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-07072020000100202&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.
Acesso em: 02 de maio de 2021.

FONTES DE SOUZA, CARMEN. A saúde dos profissionais de saúde no


enfrentamento da pandemia de Covid-19. Rio de Janeiro 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020 . Acesso em: 02 de maio
de 2021.

PEIXOTO RIBEIRO, ADALGISA. Saúde e segurança de profissionais de saúde


no atendimento a pacientes no contexto da pandemia de Covid-19: revisão de
literatura. São Paulo 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S0303-76572020000101600&script=sci_arttext . Acesso em: 02 de maio
de 2021.

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