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Formar Enfermeiros para o Futuro: Horizonte 2030 - 2050

Conference Paper · April 2015

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Aida Maria Oliveira Cruz Mendes Ananda Fernandes


Escola Superior de Enfermagem de Coimbra Nursing School of Coimbra, Portugal
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António Fernando Salgueiro Amaral Maria neto da cruz leitão


Escola superior de Enfermagem de Coimbra - Portugal Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
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Formar Enfermeiros para o futuro: Horizonte 2030 - 2050

Maria da Conceição Bento, Aida Cruz Mendes, Ananda Maria Fernandes, António
Fernando Amaral, Maria Neto Leitão

Introdução

Pensar a formação para o futuro não é tarefa fácil se considerarmos o clima geral de
complexidade, imprevisibilidade e mudança que caracteriza o mundo atual. Mas,
também não podemos esquecer o que aprendemos com António Machado quando diz
“que não existe caminho, o caminho nasce da nossa caminhada”, por isso decidimos
aceitar o desafio.

A evolução social, política, económica, demográfica e epidemiológica, e as


necessidades em cuidados de saúde a que as combinações multidimensionais destes
domínios da vida darão origem, tornam difícil uma previsão do futuro. Mas, também
não temos dúvida que o caminho que hoje começarmos a fazer, a forma como pensamos
e organizamos o presente, influenciará o mundo em que viveremos amanhã (Furter,
1966).

O ensaio que nos propomos fazer é pensar, a partir de cenário(s) que a prospetiva nos
tem oferecido sobre os amanhãs possíveis para o mundo, o país, os cidadãos e a saúde
(Mendes e Rosa, 2012; Almeida, 2012; Barreto, 2012; Pereira, 2012; Haub, 2012), a
formação dos enfermeiros que responda às necessidades que se adivinham.

Para elaborar esta comunicação, contámos com o conhecimento e reflexão partilhada dos
colegas que integraram o grupo de trabalho que constituímos para responder à questão:
“O Enfermeiro da pós-Modernidade: Que Formação?”, colocada pela Direção Geral da
Saúde. Pedimos também emprestadas as ideias de muitos peritos mundiais, reunidas em
documentos orientadores da Organização Mundial de Saúde (OMS) e em relatórios da
Lancet Commission Education of Health Professionals for the 21st Century coordenada
por Julio Frenk, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, como “Desigualdade
económica em Portugal” e “Projeções 2030 e o Futuro”, da Fundação Calouste
Gulbenkian, “Um futuro para a saúde: todos temos um papel a desempenhar”, entre
outros.
Que Mundo?

No momento atual é já possível antever as tensões geradas pelos fenómenos de


globalização/mundialização e o reforço das identidades territoriais. O mundo hoje está
mais pequeno, no sentido de que as decisões tomadas quer por nações específicas quer
por organismos internacionais têm impacto global, rapidamente é conhecido o que se
passa em qualquer parte do globo, a circulação de pessoas e bens está facilitada entre
países e continentes, há uma consciência coletiva das repercussões sistémicas das
mudanças locais e de que não é possível viver isolado.

Por outro lado, e inversamente, assiste-se a um recrudescimento da defesa de interesses


localizados, seja pelo reforço das diferenças culturais seja pela defesa de bens
considerados essenciais para a sobrevivência, como o direito à agua ou ao emprego
(Naciones Unidas, 2014; National Intelligence Council, 2012). Ainda fruto do
desenvolvimento tecnológico e das ligações comunicacionais, as transformações
ocorridas em qualquer segmento das sociedades, tendem a ocorrer num espaço mais
curto de tempo implicando esforços de ajustamento mais exigentes e por vezes
disfuncionais.

As mudanças climáticas, o esgotamento dos recursos naturais, os conflitos económicos,


o crime organizado transfronteiriço e as guerras eletrónicas vêm a somar-se aos
conflitos militares que tendem a adquirir novas formas de expressão, como o terrorismo
organizado em nome de nações. Em consequência, a procura de melhores condições de
vida promove grandes fluxos de mobilidade de pessoas, fugindo da pobreza, da guerra e
de condições indignas de vida.

Persistem desigualdades na saúde, dentro e entre países. Nos países mais pobres
aparecem novos riscos infeciosos, ambientais e comportamentais que ameaçam a
segurança em saúde de todos e exigem profissionais de saúde capazes de promover a
colaboração multissectorial (com engenheiros, polícias, autoridades municipais e outros
profissionais) para modificar alguns determinantes sociais, como a falta de acesso a
água potável e saneamento básico, mas também para trabalharem em equipas
multiprofissionais capazes de prevenção, vigilância, contenção e controlo destas novas
ameaças.

Nos países mais ricos, as doenças não transmissíveis (com particular relevância para as
doenças crónicas e problemas de saúde mental) geram outras necessidades em cuidados
de saúde e particularmente nas transições de casa para o hospital, deste para os centros
de cuidados continuados de convalescença e reabilitação, e de volta para casa. Também
aqui é necessário um conjunto de profissionais organizados em equipas
multidisciplinares, com enfermeiros, médicos, assistentes sociais e outros, que têm de
trabalhar em conjunto para proporcionar uma rede de serviços de saúde articulados.
Estes profissionais, segundo a Lancet Commission Education of Health Professionals
for the 21st Century, terão que saber trabalhar em contextos muito diversos, quer se
trate da superfície brilhante da tecnologia moderna no hospital, ou de tecnologias mais
ou menos complexas no espaço doméstico e de vida das pessoas pois, cada vez mais, a
alta tecnologia é transportada para dentro de casa (veja-se, já hoje, a utilização de
métodos de ventilação não invasiva e outros recursos tecnologicamente avançados em
utilização no domicílio). No entanto, qualquer que seja o contexto de cuidados, o espaço
principal de qualquer sistema de saúde tem que ser ocupado pelo encontro único entre a
pessoa/família/comunidade que necessita dos cuidados e aqueles aos quais será confiado
o mandato para os prestar (Frenk et al., 2010).

A confiança nesse encontro único é conquistada através de uma mistura especial de


competência científica, técnica e estética, de orientação para a qualidade do serviço e
dirigida pelo compromisso ético e pela responsabilidade social, que constitui a essência
do trabalho profissional dos enfermeiros (Carper,1978).

Como antevê o relatório da Lancet Commission Education of Health Professionals for


the 21st Century:

“Todos os povos e países estarão num espaço de saúde global cada vez mais
interdependente, e os desafios da formação de profissionais de saúde terão
que refletir esta interdependência. Apesar de todos os países terem que
resolver os problemas locais através da formação dos seus recursos humanos
para o sistema de saúde, muitos desses profissionais da saúde farão parte de
grupos que, reunindo competências avançadas, se movimentarão para além
das fronteiras nacionais. Esse grupo refletirá a crescente interdependência
em todas as áreas da saúde, incluindo a expansão e transferência de riscos e
conhecimentos, a circulação transnacional de trabalhadores e pacientes e a
expansão do comércio de serviços e produtos de saúde.” (Frenk et al., 2010,
trad. do autor)

Os profissionais terão, por isso, obrigações especiais e responsabilidades que impõem o


desenvolvimento de competências transversais que lhes permitam diagnosticar,
compreender e resolver problemas complexos, muito para além de realizar tarefas
meramente técnicas. Serão, assim, exigidas competências tais como, juízo clínico,
trabalho em equipa, comunicação culturalmente sensível, comportamento ético, análise
crítica, decisão na incerteza, mobilização de conhecimento científico, antecipação e
planeamento do futuro e, o mais importante, liderança de sistemas de saúde eficazes.
Cada profissão tem características e competências próprias, que podem ser consideradas
como o núcleo da sua identidade profissional, mas existirá um imperativo para reunir
em complementaridade essas competências em equipas, para um trabalho de saúde inter
e transdisciplinar, tendencialmente centrado nas pessoas, oferecendo com equidade
cuidados personalizados e inclusivos (Frenk et al., 2010).

As interações civilizacionais são um bom exemplo de um sistema aberto, complexo,


onde a imprevisibilidade e a incerteza são dominantes. Mas, também por isso, é possível
afirmar que a ação desenvolvida por pessoas, líderes, organizações e movimentos
governamentais e não-governamentais, pode influenciar positivamente o curso dos
acontecimentos. As iniciativas destes, para poderem fazer a diferença, dependem no
entanto, do envolvimento e comprometimento de todos os cidadãos.

Neste mundo futuro, a educação de todas e de todos para a cidadania, para o


pensamento crítico, para a democracia, para o respeito pela diferença e para os valores
universais da humanidade continuará a ser o componente essencial para que possamos
influenciar o desenvolvimento dos acontecimentos.

Portugal no contexto global

Admitindo que não haja grandes alterações no panorama mundial, podemos prever que
o cenário nacional se venha a caracterizar pela continuação das alterações demográficas,
nomeadamente, o envelhecimento e as alterações da composição das famílias, o
aumento das doenças crónicas e o aumento dos custos com a saúde, as alterações no
mundo do trabalho com maior precarização e relações de trabalho mais efémeras e
autónomas, o agravamento das desigualdades sociais e da iniquidade no acesso aos
cuidados de saúde, a reconfiguração dos sistemas de saúde e novos contextos de
prestação de cuidados. Por outro lado, é também previsível que o desenvolvimento da
ciência e das tecnologias biomédicas melhore as evidências científicas para prevenção
da doença, aumente exponencialmente o acesso de todas as pessoas às tecnologias de
informação e comunicação, à educação e eventualmente traga maior literacia em saúde.

No que diz respeito às alterações demográficas, nos próximos anos adivinha-se que,
mesmo que venha a haver um pequeno aumento do índice de fecundidade, haja uma
diminuição populacional e que esta seja cada vez mais envelhecida, uma vez que o
número de nascimentos tem vindo a diminuir e a esperança média de vida a aumentar,
criando um desequilíbrio na necessária reposição geracional e gerando forte impacto nas
necessidades de saúde e sociais. De acordo com Mendes & Rosa (2012), a população
com mais de 50 anos deverá aumentar e poderá representar quase metade em 2030. Se
atualmente 1 em cada 5 pessoas têm mais 65 anos, em Portugal, em 2030, serão 1 em
cada 4. "O número de pessoas com 65 e + anos poderá, em 2030, representar quase
metade do número de pessoas em idade ativa, quando atualmente equivale a pouco
mais de um quarto" (p.6). Apesar das mudanças no conceito de família, que deixou de
estar fundado nas relações de consanguinidade para passar a realçar o papel de apoio
interpessoal, verificar-se-á um retraimento na sua composição. Tal como refere Almeida
(2012) “Uma impressionante relação de dependência dos idosos surge com toda a
clareza. Nas famílias, cuja dimensão continuará a diminuir, cresce a percentagem de
casais sem filhos, e sobretudo a percentagem de filhos únicos. A tradicional proporção
aritmética entre gerações fica invertida: há mais avós (4) do que pais (2) ou filhos (1).
Os laços geracionais, de sentido vertical, tomam o exclusivo sobre os laços colaterais.
As crianças crescem entre adultos na família, entre pares na escola; mas perdem
experiências e contextos de socialização com irmãos, primos ou tios” (p.13). Apesar do
aumento da esperança de vida e da diminuição da mortalidade em idades precoces dever
ser esperada, a diminuta taxa de fecundidade e os movimentos migratórios da população
em idade ativa fazem prever uma diminuição no número total da população portuguesa,
nos anos mais próximos, com consequências sociais, como as dificuldades de apoio
intergeracional, e económicas.

A situação económica que se espera venha a recuperar, ainda que lentamente, levará à
continuidade dos fluxos migratórios. A saída em massa de jovens para o estrangeiro, a que
assistimos atualmente e que tudo leva a crer se manterá nos próximos anos - homens e
mulheres, em plena idade de procriar, altamente qualificados e profissionalmente ativos –
não pode deixar de vir a ter um impacto expressivo quer na demografia portuguesa das
próximas décadas, quer no número de profissionais de saúde, entre eles enfermeiros com
que poderemos contar.

Tanto mais que esta fuga não é compensada por fluxos de entrada equivalentes – nem em
quantidade, nem em qualidade (Barreto, 2012). É possível que tenhamos menos
enfermeiros, enfermeiros mais velhos, menos jovens a frequentar cursos de enfermagem e
tenhamos que encontrar novos públicos para a formação e novas formas de organização dos
cuidados.

O crescimento exponencial das taxas de desemprego e dos empregos precários, as novas


formas de pobreza, o desmembramento do Estado Social ou do próprio projeto europeu são
ameaças que poderão acentuar este cenário.

Se nada contrariar a tendência atual, o envelhecimento da população e os fluxos


migratórios do interior para o litoral levarão, possivelmente, à construção de mais centros
de saúde, de mais hospitais e mais escolas nas áreas metropolitanas e no litoral, enquanto
deverão fechar muitas dessas instituições no interior; as necessidades em cuidados a
idosos e em cuidados paliativos serão muito maiores; haverá mais instituições públicas e
privadas especializadas no acolhimento e cuidados aos idosos, e mais pessoas dependentes
na satisfação das suas necessidades e na realização das atividades de vida diária, a viverem
sozinhas. Tudo isto, como se disse, num cenário em que o mais provável é que o Estado de
proteção social não seja mais o que conhecemos hoje (Barreto, 2012).

Os sistemas educativos, por seu lado, contarão em princípio, com estudantes com maior
domínio das novas tecnologias de informação e em línguas estrangeiras, que serão
capazes de verificar, em tempo real, através de aparelhos portáteis, a precisão dos
conhecimentos e a informação transmitida por um professor. Os telemóveis prometem
transformar-se numa ferramenta de aprendizagem essencial. Com plataformas globais
de conhecimento como a internet, verificar-se-á uma mudança da memorização de
factos para a localização de informações necessárias para análise, síntese e tomadas de
decisão. A natureza omnipresente da informação obrigará as universidades e instituições
de ensino superior a concentrar os esforços educativos no desenvolvimento da
capacidade de discriminar, interpretar e fazer uso de informações, ao invés de a
transmitir (Frenk et al., 2010)

Os profissionais de saúde terão como sujeitos de cuidados outras pessoas: mais


informadas, mas não necessariamente com maior literacia em saúde; mais vulneráveis,
mais dependentes para o autocuidado de si e de familiares dependentes (quer sejam
crianças ou idosos); mais sozinhas; mais conscientes dos seus direitos, mais capazes de
participar na decisão sobre a sua saúde e sobre os cuidados, mas também mais
exigentes.

Que enfermeiro necessitaremos, considerando os cenários descritos?

O lema proposto para este Encontro Nacional de Enfermagem é “ O Enfermeiro do


Futuro é aquele que faz acontecer”, propomo-nos agora fazer o exercício de o
imaginar.

O Enfermeiro do futuro será, certamente um “Especialista” em Enfermagem, capaz de


mobilizar, integrar e utilizar o conhecimento disponível com uma ampla visão do
mundo, e nunca um técnico de mente estreita e inculto;

O Enfermeiro do futuro terá competências académicas, científicas, técnicas, sociais e


relacionais, flexíveis e transferíveis, e capacidade de raciocínio crítico para recolher,
selecionar e interpretar informação relevante para o juízo clínico e a tomada de decisão,
com vista à resolução de problemas complexos, singulares e que encerram elevado grau
de incerteza;

O Enfermeiro do futuro terá a capacidade de reconhecer e respeitar as diferenças


individuais, os valores e as crenças de todas as pessoas que cuida, de assumir a
responsabilidade pessoal e profissional enquanto cidadã e cidadão, bem como a
capacidade de tomada de decisões éticas, adotando o código de Ética profissional;
O Enfermeiro do futuro será capaz de planear e gerir cuidados de enfermagem
seguros, compassivos, culturalmente competentes e centrados na pessoa;

O Enfermeiro do futuro defenderá que a prática de enfermagem se caracteriza por se


centrar mais na unidade e totalidade do ser humano do que nas suas partes, mais por
ajudar os doentes e suas famílias a lidar com as suas realidades do que a tentar controlar
ou modificar, mais por ajudar as pessoas a autocuidar-se do que apenas a tratar, e mais
pela primazia da dinâmica interpessoal do que da autoridade. Que o cuidar, a pessoa e o
ambiente marcam os elementos unificadores e os princípios fundamentais em
enfermagem;

O Enfermeiro do futuro terá consciência de que as situações com que lida, para além
de únicas, são problemáticas e envolvem muitas vezes conflito de valores entre, por
exemplo, eficácia, equidade e qualidade; e que, se julgadas estritamente do ponto de
vista técnico-científico, podem levar à adoção de procedimentos e tecnologias com
efeitos secundários imprevisíveis e não intencionais. E, por isso, assenta a sua ação num
saber sólido, teórico e prático, inteligente e criativo que lhe permite agir em contextos
instáveis, indeterminados, caracterizados por zonas de indefinição que "de cada
situação fazem uma novidade a exigir uma reflexão e uma atenção dialogante com a
própria realidade que lhe fala" (Alarcão, 1994, p.13);

O Enfermeiro do futuro acreditará que a enfermagem é uma ciência humana, dirigida


e praticada por sujeitos autorreflexivos, que estudam e trabalham com sujeitos
autorreflexivos e que ambos podem mudar como resultado da investigação e do cuidado
(…); que cuidar não pode ser controlador ou coercivo; só pode ser compreendido e
facilitado. Que cuidar está impregnado de significados e compromissos pessoais e
culturais; e que por isso as estratégias para cuidar e investigar o cuidado de enfermagem
têm que ter em conta esses significados e compromissos. (Benner, 1984: p171)

O Enfermeiro do futuro será um “trabalhador do conhecimento” (Drucker, 1999) e um


prático reflexivo, a sua ação será inteligente e flexível, situada e reativa, produto de uma
mistura integrada de ciência, técnica e arte (Schon, 1994);

O Enfermeiro do futuro será capaz de avaliar a credibilidade das fontes de


informação, incluindo, mas não se limitando, a bases de dados e a recursos online;
será capaz de avaliar os dados de todas as fontes relevantes, decidir sobre a
necessidade de utilização de tecnologia, colaborar na recolha, produção e
disseminação de evidência; e, será capaz de defender a proteção dos sujeitos humanos
no âmbito da investigação e dos cuidados;

O Enfermeiro do futuro contribuirá para a produção de conhecimento em


enfermagem e saúde, utilizará competências de pesquisa, análise e literacia em
informação para abordar as questões complexas que a prática clínica lhe coloca;

O Enfermeiro do futuro defenderá que os enfermeiros não se podem apoiar


unicamente no modelo das ciências naturais, e nos seus métodos quantitativo e de
abordagem experimental, mas considerar as experiências subjetivas da pessoas e, assim,
utilizar igualmente os modelos das ciências sociais e humanas.

O Enfermeiro do futuro demonstrará uma compreensão e capacidade de utilização


dos elementos básicos do processo e dos modelos de investigação; capacidade de
produzir, mobilizar e utilizar na construção da ação o conhecimento empírico - a
ciência de enfermagem e das ciências humanas e da vida; o conhecimento estético – a
arte de enfermagem que trata da compreensão do ser humano e de como cuidar tendo
em conta a pessoa como um todo; o conhecimento pessoal – que está centrado na
relação enfermeiro-doente e nos conceitos de si e do outro; e o conhecimento ético – o
componente valorativo que é baseado na filosofia e procura resolver problemas e
dilemas éticos (Fawcett, 2001).

O Enfermeiro do futuro terá que praticar uma enfermagem baseada na evidência, no


sentido em que esta tem sido definida, processo pelo qual as enfermeiras tomam
decisões clínicas utilizando a melhor evidência empírica, a sua experiência profissional
e as preferências do doente (DiCenso, Cullum & Ciliska, 1998).

O Enfermeiro do futuro será capaz de explicar as inter-relações entre teoria, prática


e investigação e de reconstruir o conhecimento na ação para resolver e (re)construir os
problemas singulares complexos e únicos. Sabe que a prática profissional "envolve
pessoas e que cada pessoa é só por si um universo" (Schon 1994, p.36);
O Enfermeiro do futuro será ator mas também autor nas equipas, organizações e
comunidades onde trabalha, será líder, capaz de conduta ética e advogará a favor da
pessoa que cuida;

O Enfermeiro do futuro será capaz de se responsabilizar pela prestação e gestão de


cuidados de enfermagem e de saúde, como parte de uma equipa interprofissional, às
pessoas, famílias e comunidades ao longo do ciclo de vida (promoção da saúde,
prevenção de doenças, cuidados em fim de vida e/ou cuidados paliativos, em vários
contextos); será educador e facilitador dos, nos e para os processos de transição que as
pessoas vivenciam;

O Enfermeiro do futuro terá capacidade de liderar equipas de saúde, gerir cuidados


e recursos, avaliar resultados, ser motor da melhoria dos cuidados e do avanço da
prática clínica de enfermagem. Contribuirá com a perspetiva única da enfermagem
dentro da equipa interdisciplinar para alcançar os melhores resultados em termos de
cuidados de saúde;

O Enfermeiro do futuro será capaz de analisar, influenciar e intervir nos micro


e macro sistemas que influenciam a prestação de cuidados de saúde, para garantir
cuidados de qualidade ponderando as questões de custo/efetividade;

O Enfermeiro do futuro terá um entendimento claro sobre o processo através do qual


as medidas relacionadas com a avaliação da qualidade dos cuidados e da segurança
dos doentes são desenvolvidas, validadas e implementadas. Será capaz de formular
juízo crítico relativamente à implementação e utilização dos resultados dessas medidas
e resultados.

Que Formação?

Acreditamos que a formação dos futuros enfermeiros deve corresponder a um longo


período de educação em que os estudantes possam viver e conviver, imersos num
contexto que se caracterize ele próprio pelos atributos que pretende ajudar a desenvolver
nos sujeitos que se formam. Advogamos por isso, que a formação dos Enfermeiros
deve ser de natureza universitária e decorrer no mesmo contexto onde se formam
os profissionais de saúde com quem virão a trabalhar em equipa. Contexto onde se
aprenda em conjunto a trabalhar em conjunto, para resolver em colaboração, problemas
complexos de saúde, num mundo, também ele, complexo e que muda permanentemente.

Esta afirmação envolve quatro ideias fundamentais: a exigência do ensino de


enfermagem de nível universitário; a exigência da formação interprofissional em
sistema académico local mas articulado nacional e internacionalmente; a exigência da
formação para a liberdade e o pensamento crítico e complexo; e, a exigência da
modernização e desenvolvimento e integração das inovações tecnológicas. Passaremos a
desenvolver cada uma delas.

A primeira ideia é a de que precisamos de Uma Escola Universitária que garanta o


desenvolvimento, consolidação e legitimação da Disciplina Enfermagem, o que passa,
entre outros aspetos, por termos:

Uma Escola que garanta que o ensino da Enfermagem - 1º, 2º e 3º ciclo - acontece de
forma articulada, num contexto onde se ensina e investiga, que permita aprender na e
pela investigação e que permita a formalização e legitimação, quer dos diplomas
académicos nos graus correspondentes, quer do conhecimento produzido.

Isto será possível se o ensino como um todo (1º, 2º e 3º ciclos) e o desenvolvimento da


investigação acontecerem no espaço onde tradicionalmente se formam e certificam
academicamente os membros de profissões que são, também elas, disciplinas do
conhecimento, o que, na maioria dos países, tal como em Portugal, é no ensino
universitário e na Universidade, instituição de legitimação das áreas científicas e do
conhecimento científico.

Com mais de meio século de atraso, quando comparado com o percurso efetuado
noutros países, no caso português podemos dizer que a Enfermagem foi reconhecida
como área disciplinar em 2001, quando uma Universidade, instituição socialmente
mandatada para o reconhecimento e legitimação das áreas/ou disciplinas do
conhecimento científico, aceitou a defesa de uma tese de doutoramento em Enfermagem
e criou essa área dentro de si. Outros países iniciaram esse trajeto há muito tempo atrás
e, com isso, toda a enfermagem e as pessoas por si cuidadas, independentemente do país
em que esse cuidado é prestado, têm beneficiado. Contudo, e apesar do conhecimento
em enfermagem desenvolvido pela comunidade científica de enfermagem internacional
ter uma aplicação universal, cabe aos enfermeiros portugueses, no exercício da sua
clínica e academia, um contributo essencial, pois é sabido que as múltiplas experiências
de cuidar, culturalmente sensíveis, são enriquecedoras e vetor essencial para uma
prática baseada na evidência.

Sabemos que a consolidação da área científica passa pelo desenvolvimento do


conhecimento de enfermagem, que acrescente valor aos cuidados, valor esse que possa
traduzir-se por benefício social e como tal ser socialmente reconhecido. O espaço na
Universidade para a Enfermagem permitirá, não apenas a produção de conhecimento
sobre as respostas das pessoas aos processos e transições de vida e sobre a forma de
promover a adequação dessas respostas e a máxima autonomia na realização do
autocuidado, que permita associar diagnóstico de enfermagem, intervenções e
resultados, mas simultaneamente que se opere a transformação do valor intrínseco do
conhecimento, em valor de uso reconhecido socialmente.

Uma Escola que garanta aos professores e estudantes as condições de articulação entre
clínica, ensino e investigação. Para que possamos desenvolver, num espaço e num
tempo (que é, simultaneamente, o tempo da ação, da formação e da produção de
conhecimento) de forma sistematicamente articulada, clínica, ensino e investigação.
Para que isto seja possível é necessário regulamentar esta articulação, tornando os
processos de articulação entre instituições de ensino e as instituições de saúde processos
formais, ao invés de dependentes de protocolos informais e de boas vontades. Do
mesmo modo exige a regulação dos processos de articulação entre os diferentes atores
do ensino e da clínica que legitime o trabalho dos docentes nos Centros Hospitalares
Universitários, e que, entre outros aspetos, formalize a possibilidade dos docentes de
carreira poderem exercer clínica ao mesmo tempo que investigam e ensinam, em
instituições de saúde vocacionadas para o ensino.

Uma Escola que contribua para o reforço das qualificações dos profissionais que forma,
também ao longo da vida, de forma a garantir o desenvolvimento dos conhecimentos e
competências profissionais que permitam dar resposta aos problemas de saúde das
pessoas sensíveis aos cuidados de enfermagem e a contribuir para o ensino e a produção
do conhecimento. O que passa, em nosso entender, por garantir que todo o percurso de
desenvolvimento profissional dos enfermeiros seja legitimado académica e
profissionalmente. Que conhecimentos e competências exigíveis para a profissão, nos
seus diferentes níveis de desenvolvimento, possam ser aprendidas, certificadas e
acreditadas simultaneamente no quadro da obtenção de graus académicos e títulos
profissionais.

A segunda ideia, designá-la-emos pela necessidade de criar condições à formação


interprofissional de profissionais de saúde: Formar em conjunto para trabalhar
em conjunto (Frenk et al., 2010; OMS, 2013), facilitando a prática colaborativa.

Precisamos de uma Escola que seja parte dum sistema académico local,
interdependente e globalmente articulado, quer nacional, quer internacionalmente. Esta
ideia alicerça-se no pressuposto de que a educação universitária dos profissionais de
saúde deve ser uma educação interprofissional. Deste modo, a socialização e
aprendizagem em conjunto para trabalhar em equipa permitirão na vida profissional um
verdadeiro trabalho de colaboração, com ganhos para a saúde das pessoas e aumento da
satisfação profissional.

A Organização Mundial de Saúde (WHO, 2010) tem vindo a defender, com base em
evidência científica disponível que, para que os profissionais de saúde efetivamente
colaborem e melhorem os resultados na saúde, dois ou mais deles, com diferentes
experiências profissionais (por exemplo, enfermeiros e médicos), devem em primeiro
lugar ter oportunidades de aprender sobre os outros, com os outros e entre si. Essa
educação interprofissional é essencial para o desenvolvimento de uma força de trabalho
de saúde preparada para a prática colaborativa.

Segundo a OMS (WHO, 2010), os estudos têm mostrado que a educação


interprofissional proporciona a efetiva prática colaborativa o que, por sua vez, otimiza
os serviços de saúde, fortalece os sistemas de saúde e induz melhorias de resultados na
saúde, tanto no domínio da assistência a situações agudas como crónicas, como nos
cuidados de saúde primários.

Salientamos alguns domínios em que a prática colaborativa, decorrente de uma


socialização académica conjunta, se revelou uma mais-valia, segundo a OMS (WHO,
2010). Os pacientes relatam maiores graus de satisfação, melhor aceitação da assistência
prestada e melhoria de resultados de saúde após tratamento por uma equipe colaborativa
(Mickan, 2005). A prática colaborativa pode melhorar o acesso aos serviços de saúde e
a coordenação dos mesmos; o uso adequado de recursos clínicos especializados; os
resultados na saúde de usuários com doenças crônicas; A assistência e segurança dos
pacientes (Lemieux-Charles et al., 2006; Jansson, 1992). A prática colaborativa pode
reduzir: o número de complicações de pacientes, a duração do internamento, a tensão e
o conflito entre os prestadores de cuidados; a rotatividade de profissionais; o número de
reinternamentos; as taxas de erros médicos; as taxas de mortalidade (Yeatts & Seward,
2000; Morey et al., 2002; McAlister et al., 2004; Naylor et al., 2004; Holland et al.,
2005; Mickan, 2005; Lemieux-Charles et al., 2006). Em ambientes de saúde mental
comunitária a prática colaborativa cria condições para: aumentar a satisfação dos
pacientes e dos profissionais; promover melhor aceitação do tratamento; reduzir a
duração do tratamento; reduzir os custos assistenciais reduzir a incidência de suicídios
(Malone et al., 2007); aumentar o sucesso do tratamento de pessoas com perturbações
psiquiátricas (Jackson et al., 1993); reduzir o número de consultas em ambulatório
(Jackson et al., 1993). Pacientes terminais e com doenças crónicas que recebem
assistência domiciliar das equipas: ficam mais satisfeitos com a assistência; relatam
menos visitas às clínicas; apresentam menos sintomas; relatam melhoria do estado geral
de saúde (Hughes et al.,1992; Sommers et al., 2000). A prática colaborativa reduz os
custos de cuidados a pacientes idosos com doenças crónicas (Sommers et al., 2000);
reduz os testes clínicos redundantes e custos associados (Loxley, 1997); reduz custos de
implementação de estratégias multidisciplinares para a gestão de pacientes com
insuficiência cardíaca (McAlister et al., 2004).

Um dos benefícios da implementação da educação interprofissional e da prática


colaborativa é que essas estratégias modificam a forma como os profissionais de saúde
interagem para prestar assistência (Frenk et al., 2010; WHO, 2010). Ao modificar a
forma como os profissionais de saúde pensam e interagem uns com os outros, a cultura
do ambiente de trabalho e as atitudes dos profissionais transformam-se, melhorando a
experiência de trabalho e beneficiando a comunidade como um todo. Profissionais de
saúde que foram formados em conjunto possuem habilidades para colocar o
conhecimento interprofissional em prática e fazem-no com respeito pelos valores e
crenças de seus colegas. Podem interagir, negociar e trabalhar conjuntamente
melhorando os resultados dos cuidados e respeitando a identidade profissional de cada
um. Os profissionais de saúde tornam-se capazes de simultaneamente identificar os
principais pontos fortes de cada membro da equipe de assistência de saúde e de utilizá-
los para lidar com os problemas de saúde complexos. Equipas interprofissionais com
conhecimento e recursos para adaptar as respostas ao ambiente local serão decisivas
para o sucesso dos programas de gestão das doenças, educação e conscientização em
saúde.

A promoção da educação interprofissional deve ter como fim, além do desenvolvimento


das competências técnicas específicas, o desenvolvimento de competências genéricas
interdisciplinares, tais como habilidades analíticas (para uma utilização eficaz das
evidências e da deliberação ética na tomada de decisões), liderança e capacidades de
gestão (para uma manipulação eficiente de recursos escassos em situações de incerteza),
competências de comunicação (para saber ouvir e mobilizar os saberes e perspetivas de
todos os atores, incluindo pacientes e populações), conhecimento sobre os obstáculos ao
trabalho em equipa, compreensão das competências próprias, responsabilidades e
aptidões, bem como sobre as competências e responsabilidades dos outros profissionais
da equipa. Aprender no mesmo espaço, onde se promova o diálogo entre profissões,
participando em seminários partilhados, em que se recorra à aprendizagem baseada na
resolução de problemas que os estudantes têm que resolver em conjunto, em que se
coloquem os estudantes face a problemas que reflitam as experiências da prática da vida
real, onde tenham que desenvolver estudos conjuntos sobre problemas concretos,
ensinos clínicos conjuntos, voluntariado conjunto, entre outras estratégias, permite uma
aprendizagem interprofissional conjunta, resultado de uma vivência académica comum.

A aprendizagem em sistemas académicos interprofissionais pode promover um novo


profissionalismo que utiliza competências como o critério objetivo para a alocação dos
profissionais da saúde aos cuidados.

Pensar a interdependência na formação envolve uma mudança fundamental: passar do


isolamento à integração e complementaridade.

Em consequência, trata-se de passar do pensamento da formação de cada profissional de


forma isolada, para a formação de diferentes profissionais de saúde em conjunto de
forma harmonizada, envolvendo os sistemas de educação e de saúde necessários ao
desenvolvimento; da formação em instituições isoladas para a formação em redes,
alianças e consórcios de instituições/ faculdades/escolas, intencionalmente organizadas
para garantir a formação de profissionais de saúde que terão que trabalhar em equipa;
das preocupações institucionais viradas para dentro, para a mobilização de fluxos
globais de atores e conteúdos educacionais, recursos de ensino, e inovações.

O mesmo é dizer, transformar instituições académicas em sistemas académicos.


Abrangendo redes de instituições de ensino, hospitais e unidades de cuidados primários,
incentivando o trabalho académico e clínico em diálogo, cultivando uma cultura de
investigação crítica. Isto permitirá promover a educação interprofissional e favorecerá
que se quebrem silos profissionais, melhorando as relações interprofissionais, tornando-
as colaborativas e não hierárquicas e tornando as equipas do futuro mais eficazes.

As redes, alianças e consórcios entre instituições educativas não devem confinar-se ao


local, ou ao país, mas devem alargar-se ao mundo. Aliando a estes sistemas académicos
locais outros centros internacionais de referência, mas também incorporando outros
aliados, como governos, organizações da sociedade civil, empresas e meios de
comunicação social.

A terceira ideia é a de que precisamos de uma Escola Universitária centrada na


aprendizagem, onde se formem Pessoas para a Liberdade e para o Pensamento
Complexo (Nóvoa, 2009; Morin, Motta & Ciurana, 2004; American Association of
Colleges of Nursing [AACN], 2008; Frenk et al., 2010).

Em nosso entender o futuro exige uma formação que na sua natureza e organização seja
Universitária, no sentido de universitas magistrorum et scholarium, comunidade de
mestres e estudantes em que se aprende em liberdade, num contexto em que se cruzam
saberes disciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares e, onde se realiza a
aprendizagem da e na complexidade.

Uma Escola que forme pessoas para virem a agir como profissionais, capazes de
levantar questões a respeito de tudo, a respeito de todo e qualquer poder, a respeito do
próprio valor de verdade, de cidadania, de humanidade, de democracia, de
mundialização; a respeito dos pressupostos, das normas e da axiomática que sustenta em
cada momento as conceções sobre a pessoa e a humanidade, a história, a sua história e a
história do outro de quem cuida, as transformações da sociedade e da e na saúde,
(Derrida, 2003), capazes de construir sentido de si, nas e para as aprendizagens.
Uma Escola que forme pessoas para lidar com a complexidade, a incerteza, a
diversidade e a mudança, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, para agir a
um nível práxico em que a ciência é informada por valores.

Uma Escola em que se formem pessoas que revelem capacidade de aceder e de utilizar
os conhecimentos científicos de enfermagem e transdisciplinares construindo a partir
deles o agir profissional. Pessoas que revelem a capacidade para a utilização de
múltiplos saberes e para a participação ativa na sua produção. Que sejam capazes de
religar o saber científico, o saber ser, e o saber fazer, para com eles saber transformar e
transformar-se.

Uma Escola onde se formem pessoas que revelem capacidades metodológicas de


pensar na ação, tendo em conta a multidimensionalidade dos fatores nela intervenientes
ao conceberem projetos de cuidados, e de pensar sobre a ação conceptualizando-a e
produzindo saberes a partir dela.

Uma Escola que forme pessoas para o exercício da autonomia, para a utilização do
pensamento crítico e criativo, para a análise, compreensão e resolução de problemas.
Para a definição de objetivos e prioridades, para o planeamento e gestão de tempos e
recursos, para a avaliação das ações realizadas.

Uma Escola que forme pessoas com espírito de iniciativa, com capacidade para a
realização precisa e perfeita do trabalho, para a tomada de decisões, para o exercício de
liderança e da criatividade. Onde se formem pessoas que revelem uma atitude positiva
face à mudança e à necessidade de aprendizagem ao longo da vida, capazes do exercício
e respeito pela liberdade e democracia, disponíveis para o encontro de culturas e a
universalidade de comportamentos, no âmbito do exercício profissional.

Uma Escola que forme pessoas autoconfiantes, com autoestima, capacidade de


comunicação e de relação interpessoal. Capazes de assumir as responsabilidades
individuais e de as executar em parceria com outros, quer sejam colegas, enfermeiros,
utentes ou outros profissionais de saúde das equipas com quem de futuro vierem a
trabalhar.

Uma Escola onde acontece uma aprendizagem transformadora, em que se passe de um


ensino de base informativa (aquisição de conhecimentos e competências, destinada a
formar especialistas), à aprendizagem formativa (socialização em tornos de valores,
destinada a produzir profissionais/profissionalismo) e, finalmente, para a aprendizagem
transformadora (desenvolvimento de capacidades de liderança, destinada a produzir
agentes de mudança com visão). A aprendizagem transformadora envolve três
mudanças fundamentais: da memorização para a pesquisa, a análise e a síntese das
informações para a tomada de decisão; da formação para a qualificação para a formação
para a aquisição de competências essenciais para o trabalho em equipa eficaz; e da
adoção acrítica de modelos educacionais para a adaptação criativa dos recursos globais
para atender às prioridades locais (Freire , 1977; Mezirow, 1990).

Uma Escola em que a aprendizagem será facilitada por um currículo pensado como um
projeto de inteligência, orientado para competências, envolvendo a comunidade e o
estudante, com mudança da responsabilidade do professor para o estudante e com a
inclusão da responsabilidade social e igualdade de género. Uma educação baseada em
competências que permita um processo de aprendizagem altamente individualizado, em
que o estudante pode gerir o(s) seu(s) percurso(s), ao invés do programa de estudos
único e tradicional.

Uma Escola onde a avaliação, particularmente a avaliação formativa, com uma grande
variedade de métodos, é parte integrante da abordagem baseada em competências, que
depende desta para promover o desenvolvimento em espiral das aprendizagens
(Fernandes, 2006).

Uma Escola em que se pensem os currículos, como propõe Edgar Morin (2004), numa
lógica que faça a rotura com a tradição do pensamento que ordena que se fragmente, se
reduza o complexo ao simples, que se separe o que está ligado, que se unifique o que é
múltiplo, se elimine tudo aquilo que traz desordens ou contradições para nosso
entendimento. Em que se rompa com a visão determinista, mecanicista, quantitativa,
formalista, que ignora, oculta e dissolve tudo o que é subjetivo, afetivo, livre e criador.
Esta visão tradicional, segundo Morin (2004), destrói todas as possibilidades de
compreensão e reflexão, eliminando na raiz as possibilidades de um juízo crítico e
também as oportunidades de um juízo corretor ou de uma visão a longo prazo.

Precisamos de um currículo que ajude a aprender a globalizar e contextualizar e não a


parcelarizar. Que tenha em conta que o conhecimento progride, principalmente, não por
sofisticação, formalização e abstração, mas pela capacidade de conceituar e globalizar.
A formação deve mobilizar não apenas o conhecimento formal disciplinar, mas também
uma cultura diversificada e a atitude geral do espírito humano para propor e resolver
problemas.

Necessitamos de um paradigma de formação que permita distinguir, separar, opor e,


portanto, disjuntar os domínios científicos, mas que, também, possa fazê-los comunicar
entre si, sem operar a redução. Torna-se necessário um paradigma de complexidade que
ao mesmo tempo disjunte e associe, que conceba os níveis de emergência da realidade
sem reduzi-los às unidades elementares e às leis gerais (Morin 1982, 1990, 2004). Um
paradigma em que os objetos e sujeitos estão ligados uns aos outros no interior de uma
organização ou sistema e que entende que as propriedades dos mesmos só emergem
graças a uma auto-organização complexa. É preciso religar o que era considerado como
separado. Ao mesmo tempo, é preciso aprender a fazer com que as certezas interajam
com a incerteza. O conhecimento é, com efeito, uma navegação que se efetiva num
oceano de incerteza salpicado de arquipélagos de certeza (Morin 1982, 1990, 2004).

Uma Escola com uma visão global para a formação, que englobe uma perspetiva
integrada da disciplina de enfermagem e multiprofissional numa abordagem sistémica, e
que aponte, simultaneamente, para uma aprendizagem transformadora e para a
interdependência na educação. Este enquadramento global deve otimizar as relações
entre os sistemas de formação (escola(s)/faculdades da área da saúde) e as instituições
do sistema de saúde e da comunidade (Frenk et al., 2010).

A quarta ideia é que precisamos de uma Escola Universitária que não perca de
vista o poder das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na e para a
aprendizagem

As tecnologias de informação e comunicação mudaram a relação entre alunos e


professores e também estão a mudar rapidamente as relações entre os profissionais de
saúde e as pessoas/famílias/comunidades que cuidam.

A exploração do poder das TICs para aprendizagem é enorme, desde o acesso à


informação e às evidências científicas, ao aumento da capacidade de recolha e análise
de dados, às possibilidades que traz à simulação de situações clínicas cada vez mais
complexas em laboratório, ao ensino à distância, ao potenciar da conectividade entre
docentes e estudantes, facilitando a colaboração entre todos, a partilha e gestão do
aumento do conhecimento. As instituições de ensino não podem deixar de explorar as
novas formas de aprendizagem transformadora possibilitadas pela revolução da internet,
indo além da tarefa tradicional de transmitir informações para um papel mais desafiador
quanto ao desenvolvimento das competências para aceder, discriminar, analisar e
utilizar o conhecimento. Mais do que nunca, as instituições têm o dever de ajudar os
alunos a aprender a pensar de forma criativa para dominar os grandes fluxos de
informação em busca de soluções.

A contribuição mais importante dos profissionais de saúde para que as tecnologias de


informação e comunicação possam concorrer para a saúde das pessoas, consiste
frequentemente em pôr à disposição destas, competências aperfeiçoadas de julgamento
e tomada de decisões sobre a informação disponível. As tecnologias de informação
avançadas são importantes não só para uma educação mais eficiente dos profissionais de
saúde, mas também para que estes possam fazer chegar a informação em saúde as
populações. Assim, a sua existência também exige uma mudança das competências
esperadas. Em suma, a educação dos profissionais da saúde deve concentrar-se menos
em memorizar e transmitir factos, e mais na promoção do raciocínio e de competências
de comunicação que permitam ao profissional ser um parceiro, facilitador, conselheiro,
advogado eficaz e mediador da utilização da informação.

Tal como acontece com todas as tecnologias, os condutores de mudança construtiva não
são o hardware ou o software em si mesmos, mas sim a transformação institucional que
as tecnologias permitem, incluindo o que tem sido chamado humanware (isto é, os seres
humanos que operam em hardware e software). Uma aprendizagem possibilitada pelas
TICs já é uma realidade para a geração mais jovem no nosso país e na maioria dos
países e, em muitos casos, a utilização de novas tecnologias digitais tem sido mais
rápida e mais generalizada nos países pobres do que nos ricos. A Escola não pode deixar
de se adaptar a esta mudança, caso contrário corre o risco de ser ultrapassada. Na
verdade, o uso das TICs pode ser o condutor mais importante na aprendizagem
transformadora. Um aspeto particularmente promissor da revolução das tecnologias da
informação e da comunicação está na possibilidade de utilizar e disponibilizar recursos
educativos abertos, usando o potencial da TICs para expandir o acesso global aos
materiais didáticos, à informação em saúde e mesmo a cuidados de vigilância e
promoção do autocuidado e da gestão da doença a distância.

Outra possibilidade importante que as TICs permitem é serem usadas para a construção
de consórcios internacionais de instituições de ensino de saúde, para potenciar recursos,
potenciar sinergias e transformar oportunidades educativas num bem global, promotor
do desenvolvimento da Enfermagem e da sua formação.

Por último importa lembrar que as Instituições de Ensino Universitário da Saúde não
podem no futuro deixar de cumprir a sua missão de explorar e investigar em conjunto o
potencial das TICs para melhorar a cobertura Universal de Cuidados de Saúde.

Esta são algumas reflexões possíveis que fomos levados a fazer a partir do
questionamento do que existe e que já conhecemos, procurando ao mesmo tempo olhar
para o futuro, certos de que, como diz o poeta, temos:

“a profunda convicção que o futuro não está escrito em nenhuma parte.


E o destino? O destino é para o Ser Humano, aquilo que o vento é para o
veleiro.

Embora o timoneiro não possa decidir de onda sopre o vento, nem com
que força, pode, em contrapartida, orientar a vela.

E isso Implica por vezes uma enorme diferença”.

O desafio é começar já hoje a ensaiar novas formas de navegar habilmente.

Coimbra, 7 de Abril de 2015


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