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SAÚDE
É uma expressão usada para fazer referência a todas as variáveis que envolvem a
saúde e a doença de um indivíduo ou população e considera que ambas estão
interligadas e são consequência dos mesmos fatores. De acordo com esse conceito,
a determinação do estado de saúde de uma pessoa é um processo complexo que
envolve diversos fatores. Diferentemente da teoria da unicausalidade, muito aceita
no início do século XX, que considera como fator único de surgimento de doenças
um agente etiológico – vírus, bactérias, protozoários -, o conceito de saúde-doença
estuda os fatores biológicos, econômicos, sociais e culturais e, com eles, pretende
obter possíveis motivações para o surgimento de alguma enfermidade.
O conceito de multicausalidade não exclui a presença de
agentes etiológicos numa pessoa como fator de
aparecimento de doenças. Ele vai além e leva em
consideração o psicológico do paciente, seus conflitos
familiares, seus recursos financeiros, nível de instrução,
entre outros. Esses fatores, inclusive, não são estáveis;
podem variar com o passar dos anos, de uma região para
outra, de uma etnia para outra.
A pandemia da Covid-19 trouxe, para o cenário nacional e internacional, a
temática dos determinantes sociais da saúde e das desigualdades sociais
e seu impacto na saúde da população e nas possibilidades de proteção e
recuperação.
O debate nacional coloca em pauta desde os impactos dos efeitos nocivos
de modelos de desenvolvimento econômico sobre a biodiversidade de
ecossistemas até as novas dinâmicas territoriais derivadas da globalização
econômica e das tecnologias da informação na produção de saúde e de
doença no Brasil e no mundo.
As situações diferem, dependendo do lugar onde ocorrem e/ou da
posição do indivíduo na hierarquia social.
A pandemia evidenciou, por exemplo:
o despreparo dos governos e das sociedades no
mundo para lidar com eventos epidemiológicos
catastróficos antecipados pela ciência para o século 21;
a concentração da produção de equipamentos e
insumos para o combate a estes agravos em poucos
países do mundo, com consequências para a
organização de respostas locais e proteção dos
profissionais do cuidado; e,
as grandes lacunas na provisão de infraestrutura básica
para assegurar condições sanitárias e sociais essenciais
ao combate ao coronavirus
O processo saúde-doença é um dos pontos centrais para
os profissionais da saúde que buscam promover a saúde,
cuidando para que as pessoas possam ter, tanto quanto
possível, uma boa qualidade de vida, mesmo quando as
limitações se estabelecem. Para essa relação especial com
os usuários, é necessário o aprendizado do uso dos
instrumentos e das tecnologias para o cuidado que
compõe a formação desses profissionais.
É necessário compreender as condições impostas como
passíveis de interferência e atentar para não culpar os
indivíduos quando tais condições são insalubres e interferem
em seu estilo de vida. Trabalhar com as condições de vida
impostas requer um esforço interdisciplinar e intersetorial. A
área da saúde sozinha não consegue assegurar qualidade de
vida e, consequentemente, de saúde. É na esfera da ética que
compreenderemos a necessidade do empenho de parte
significativa da sociedade para assegurar a dignidade da vida
humana.
CUIDADO CENTRADO NO INDIVÍDUO