Você está na página 1de 19

1

UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE SÃO PAULO

FLÁVIA SOUZA MALTA R.A 85.079


PRISCILA SIMÕES DA SILVA MONTEIRO R.A 106890
ROSELI EUFLOSINO FERREIRA R.A 11142
WEMELY JESUS DOS SANTOS R.A 114950

A vivência de estresse em profissionais de saúde da linha de frente


durante a pandemia do COVID-19

SÃO PAULO
2021
2

FLÁVIA SOUZA MALTA R.A 85.079


PRISCILA SIMÕES DA SILVA MONTEIRO R.A 106890
ROSELI EUFLOSINO FERREIRA R.A 11142
WEMELY JESUS DOS SANTOS R.A 114950

A vivência de estresse em profissionais de saúde da linha de frente


durante a pandemia do COVID-19

São Paulo

2021

Sumário
3

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................04

2. OBJETIVO .....................................................................................................05

3. METODOLOGIA ............................................................................................06

4. DESENVOLVIMENTO .....................................................................................07

4.1 Pandemia Covid-19.................................................................................07

4.2 Profissionais de saúde da linha de frente ...........................................09

4.3 Estresse e Fatores de Risco .................................................................10

4.4 Fatores de Proteção ...............................................................................12

5. DISCUSSÃO....................................................................................................13

5.1 Estresse e Profissionais de Saúde ......................................................13

5.2 Pandemia e atuação na Linha de Frente ..............................................14

5.3Fatores de Risco e Fatores de Proteção ao Estresse .........................15

6. CONCLUSÃO.................................................................................................16

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................18

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo refere-se à vivência do estresse nos profissionais que


atuam na linha de frente de atendimento a pacientes acometidos com Covid 19. O
4

estresse, segundo Miyazaki e Soares (2020) é uma reação natural do organismo


diante de situações de perigo ou ameaça, que colocam o indivíduo em estado de
alerta, provocando alterações físicas e emocionais.
O estresse é uma atitude biológica necessária para a adaptação às situações
novas, ocorre quando o indivíduo percebe o contexto como prejudicial, ameaçador
ou desafiador e que estaria além de sua capacidade de resolução. Estressor pode
ser uma situação que requer adaptação por meio de estratégias de enfrentamento,
como é o caso da pandemia COVID-19. (MIYAZAKI E SOARES, 2020).
No ano de 2019 a OMS - Organização Mundial da Saúde divulgou o primeiro
caso de uma pessoa infectada em Wuhan na China por um novo vírus denominado
SARS-Cov-2. Após 5 meses a doença tomou proporções mundiais, tornando-se
uma pandemia que chegou ao Brasil no início do ano de 2020. Diante das
demandas de saúde que o Brasil sempre enfrentou, a pandemia trouxe um
agravamento à situação dos sistemas de saúde existentes no país. (RIBEIRO et. al,
2020)
Segundo Ribeiro et. al (2020), os profissionais de saúde que atuam no
enfrentamento ao Covid 19, estão diretamente implicados no atendimento às
pessoas infectadas e, por este motivo, compõem um expressivo grupo de risco de
contágio. O desafio da pandemia é garantir a segurança e a proteção destes
trabalhadores, num contexto de muitas dúvidas e poucas certezas, diante do
insuficiente conhecimento sobre as formas de tratar e controlar a doença, além de
sua alta transmissibilidade e velocidade de disseminação.
Diante da pandemia do Covid 19, os profissionais de saúde que atuam na
linha de frente foram diretamente impactados pelo aumento da demanda de
atendimento gerado pela quantidade de contaminados. Essa nova realidade pode
gerar um aumento no estresse ocupacional. Segundo Melo et. al (2013), o estresse
ocupacional é gerado por fatores específicos da atividade laboral. Sendo o trabalho
um conjunto de atividades preenchidas de valores, intencionalidades,
comportamentos e representações que possibilitam ao indivíduo situações de
crescimento, transformação, reconhecimento e independência pessoal. As
mudanças impostas pelo Covid-19 podem gerar problemas como insegurança,
insatisfação, desinteresse e irritação.
Segundo Miranda et. al (2020) o aumento de desgaste físico e psíquico tem
sido constante entre os trabalhadores. As condições de trabalho dos profissionais
de saúde incluem extensas jornadas de trabalho, com ritmo intenso, conflitos
5

interpessoais entre outros fatores que desencadeiam fadiga no ambiente de


trabalho. Por causa da pandemia todas essas condições tiveram uma
potencialização, pelo número de pessoas infectadas e pela escassez de EPIs
adequados, houve também esgotamento devido ao medo de ser infectado e de
transmissão para pessoas próximas (MIRANDA et. al, 2020).
No atual contexto, o cansaço físico e estresse psicológico, insuficiência ou
negligência com relação às medidas de proteção e cuidados à saúde desses
profissionais conduz cada categoria a encontrar um cuidado especializado para
suas demandas. (TEIXEIRA et. al, 2020).
Essa situação leva a necessidade de se identificar fatores de risco aos
estresses inerentes à atividade exercida pelos profissionais da saúde, bem como
fatores de proteção que vão conduzir a maior resiliência nas práticas do dia a dia.
Para tal, faremos uma revisão bibliográfica levantando esses fatores e a importância
do profissional de saúde mental no apoio a estes trabalhadores.

2. OBJETIVO

Objetivo geral será identificar quais são os fatores de risco e proteção


relacionados ao estresse em profissionais de saúde da linha de frente durante a
pandemia do covid-19.

3. METODOLOGIA

Esse estudo se propõe a uma revisão bibliográfica, o que para Gil (2002)
possui como base, a utilização de materiais já elaborados, como artigos científicos e
livros, que consiste no apoio ao pesquisador de uma cobertura de fenômenos mais
6

abrangente, se comparado com outros tipos de pesquisa que poderiam investigar


diretamente. A principal vantagem de realizar uma pesquisa bibliográfica, segundo o
autor, está no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que se poderia pesquisar diretamente, fato
importante quando o problema de pesquisa apresentado requer dados muito
dispersos pelo espaço.

Para esse estudo de natureza teórico e de caráter descritivo, foi realizada


uma revisão de literatura das publicações nacionais nas bases de dados: Scielo,
PepSic, Google Acadêmico e TEDE (sistema de publicação eletrônica de Teses e
Dissertações). Para tanto, optou-se por publicações do período de 2020 a 2021 e
foram utilizados os seguintes descritores: profissionais de saúde, pandemia,
estresse, fatores de risco, fatores de proteção e Covid 19. Esses preditores foram
combinados entre si, a fim de ampliar a especificidade do fenômeno deste estudo. A
partir dessa busca, foram lidos os títulos e resumos, excluindo as publicações que
não apoiavam-se na perspectiva psicanalítica sob o tema, ou ainda que se
afastasse da ideia do singular. Além disso, foram consultados os livros dos autores
citados, para melhor definição dos conceitos.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 Pandemia Covid-19


Segundo Medeiros (2020) os coronavírus pertencem a um grupo familiar de
vírus e já são conhecidos há cerca de 60 anos como responsáveis pelas infecções
respiratórias em seres humanos e animais. O início do vírus é incerto, mas pode
7

estar relacionado com a mutação que infectam morcegos, transpassando


geneticamente para uma adaptação contínua.

A localidade que teve início a transmissão foi um mercado de frutos do mar e


animais vivos na cidade de Wuhan, China. As primeiras pessoas infectadas
provavelmente eram moradores locais, passando assim para familiares e amigos.
(MEDEIROS, 2020).

O coronavírus é extremamente transmissível por gotículas e contato físico.


Pressupõe-se que uma pessoa com infecção o transmita em cerca de duas a quatro
pessoas ao mesmo tempo. Pois a enzima conversora angiotensina II (ECA2),
identificada no trato respiratório inferior de seres humanos, foi encontrada no
receptor celular para SARS-CoV-2 e tem o papel relevante na patogênese e na
transmissão do vírus. (MEDEIROS, 2020).

Com o início do surgimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em dezembro


de 2019, a humanidade tem passado por momentos de crise global pandêmica da
COVID-19. No decorrer do tempo novos casos surgiram de maneira muito rápida
em outros países asiáticos, como Tailândia, Japão, Coréia do Sul e Singapura,
avançando nas regiões Europeias e demais continentes, diante disso a Organização
Mundial de Saúde (OMS) decretou estado de Emergência de Saúde Pública de
âmbito Internacional no dia 30 de janeiro de 2020. No dia 11 de março de 2020
decretou pandemia. (AQUINO et el., 2020).

De acordo com Aquino et al. (2020) os dados disponibilizados em 16 de abril,


mostram que 210 países territoriais no mundo contaram um total de 2,1 milhões de
casos atestados com COVID-19 e um número de mortes que já passava da cifra de
144 mil. Ainda que a essa doença sua letalidade seja mais baixa do que outros
coronavírus, sua alta acessibilidade e fácil transmissão tem causado um maior
número de mortes do que a combinação das epidemias produzidas pelos SARS-
CoV e o MERS-CoV.

Apesar dos trabalhos científicos para saber mais sobre o vírus, Aquino et al.
(2020) menciona que ainda é escasso as bases de conhecimentos sobre a
transmissão e os papéis dos portadores assintomáticos na difusão do SARS-CoV-2.
Tem sido desafiador para pesquisadores, gestores de saúde e governantes lidar
8

com suas variações em expansão pública, tendo que evitar com esgotamento dos
sistemas de saúde.

Vários países construíram meios interventivos para frear a transmissão em


massa, assim diminuindo o número de pessoas infectadas. Algumas medidas
implantadas foram isolamento social e de casos de pessoas já contaminadas,
higienização das mãos, etiquetas respiratórias como os espirros, uso de máscaras
faciais caseiras e distanciamento social. (AQUINO et el., 2020).

Segundo Aquino et al. (2020) para evitar aglomerações foi necessário


fechamentos de instituições escolares de todos os níveis, vedação de eventos
públicos médio e grande porte que gera-se aglomerações, uso frequente de
transportes públicos e viagens a passeio. A conscientização da população para que
pudessem evitar sair e permanecerem mais em casa, exceto para saídas
necessárias como supermercados, farmácias e assistência médica.

Com as implementações das medidas, cada país, cidade e estado têm aplicado
de forma gradual e distinta, pois se diferencia por causas das necessidades
socioeconômicas e culturais de cada local, assim como suas características
administrativas e de saúde. As sustentabilidades dessas medidas preventivas
dependem de como as políticas de proteção social e apoio às pessoas debilitadas.
(AQUINO et el., 2020).

Diante das vigências catalogadas pela pandemia Schmidt et al.(2020) aponta


que a saúde física da população e o conflito ao agente patogênico são os pontos
primários de atenção dos administradores e profissionais de saúde, de modo que as
inferências sobre a saúde mental encaminham para serem negligenciados ou
desvalorizados.

Os profissionais que trabalham na linha de frente relatam medo de contrair a


doença e passá-la para seus familiares, sofrimento pela necessidade do
afastamento nos seus lares, estresse, sensação de perda de controle e
depreciação, além de apreensão pela durabilidade da pandemia. (SCHMIDT et al.,
2020).

Para Medeiros (2020) muitos profissionais de saúde estão adoecendo e sendo


afastados de seus trabalhos, podendo ser um colapso na saúde. De acordo com
Miranda et al. (2020) os estudos demonstram que os profissionais de saúde, entre
9

eles enfermeiros, médicos entre outros, estão sendo acometidos pela COVID-19,
foi produzido um observatório dentro da amostra de profissionais de saúde, o grupo
de enfermagem teve relatos de adoecimentos. “Até o dia 13 de abril de 2020, foram
registrados 1.203 casos de adoecimento e 18 óbitos” segundo (MIRANDA et al.,
2020).

Segundo Schmidt et al.(2020) bem – estar psicológico das pessoas foram


afetadas, como sintomas depressivos, ansiedade e estresse, sendo assim um
aumento significativo por causa da pandemia estando na população geral e, em
particular nos profissionais da saúde. Casos de suicídios também estão sendo
reportados por causa da COVID-19 em alguns países.

4.2 Profissionais de saúde da linha de frente

Neste momento pandêmico, profissionais de saúde estão vulneráveis ao


contágio do Sars-Cov-2 e, além da possibilidade de adquirir a infecção, outros riscos
são apresentados a diferentes profissões ligadas ao bem estar humano, podendo
citar fadiga, estresse, problemas resultantes das condições de trabalho e sequelas
do uso contínuo (e por vezes indevido) de EPI (Teixeira et.al, 2020).
Teixeira et.al, (2020) afirma que estes trabalhadores vêm demonstrando
aumento dos sintomas ligados à ansiedade e depressão, alteração da qualidade do
sono, acentuado uso de drogas (não especificando a legalidade destas), sintomas
psicossomáticos, o receio de obter a infecção por covid-19 e transmitir para aqueles
com quem o profissional convive.
Tendo em vista todos os efeitos adversos ao bem estar mental que a
pandemia gera a estes profissionais, é necessário manter um cuidado redobrado
com o bem estar psicológico (MORAIS et. al, 2021). Além dos problemas citados, há
a possibilidade do proletário na linha de frente adquirir síndrome de Burnout,
transtorno de estresse pós-traumático e depressão (MORAIS et. al, 2021 apud
ORNELL et al., 2020) frente à inegável pressão de lidar dia após dia com um vírus
mortal.
Além do encargo de tomar decisões decisivas para a sobrevivência dos
pacientes, o contexto trás a tona a necessidade de exercer uma maior jornada de
trabalho para dar conta do alto contingente de pacientes e evidencia a ausência de
recursos para prestar o cuidado devido (MORAIS et. al, 2021 apud SCHMIDT et al.,
2020) estes fatores são capazes de levar os membros do staff hospitalares à
10

exaustão física e psicológica, fator que demonstra como é fundamental a ação do


psicólogo nesta circunstância adversa.
O relato de aumento dos sintomas de ansiedade, depressão, perda da
qualidade do sono, aumento do uso de drogas, sintomas psicossomáticos e medo
de se infectar ou transmitir a infecção aos membros da família é recorrente em
trabalhadores da linha de frente, o que demanda preocupação e cuidado dos
envolvidos. (MORAIS et. al, 2021)

4.3 Estresse e Fatores de Risco

A pandemia intensificou ainda mais a rotina de trabalho dos profissionais da


área da saúde. Contendo jornadas excessivas de trabalho, e a maneira
desorganizada de atuação são facilitadores para uma sobrecarga que pode gerar
perturbações psicológicas. Modificando assim o bem estar desses profissionais.
(BORGES et al., 2021).
Segundo Melo et.al (2013) o ambiente hospitalar, por si só, pode ser
considerado como um fator de risco ao estresse, pelas condições insalubres e
periculosas devido o atendimento ao paciente ter de ser rápido e técnico. Outros
fatores de risco que os profissionais enfrentam são: sobrecarga de trabalho, falta de
reconhecimento, condições inadequadas, trabalho exaustivo e desgastante devido
sua complexidade, jornada com turnos excessivos, dor e sofrimento, excesso de
responsabilidade, além do alto nível de sofrimento psíquico devido a dinâmica do
serviço que funciona continuamente.
Valeretto e Alves (2013) em artigo de revisão da literatura apresentou fatores
de risco desencadeantes do estresse em enfermeiros, sendo eles: baixa
remuneração, vários vínculos, jornadas de trabalho intensa e duplicada, sobrecarga
emocional, insatisfação com o trabalho, grande responsabilidade, desgaste
emocional intenso, necessidade constante de qualificação, condições inadequadas
de trabalho, escassez de pessoal, sentimentos de frustração e impotência, contato
com a morte, problemas de relacionamento com a equipe, falta de pessoal.
O estresse excessivo relacionado ao trabalho é denominado burnout ou
síndrome do esgotamento profissional. O burnout é uma condição reconhecida pela
Portaria nº 1.339 do Ministério da Saúde. Em um momento de crise, como a atual
pandemia pelo COVID-19, relatos do estresse excessivo vivido por esses
profissionais estão diariamente na mídia e em dados fornecidos por órgãos
governamentais e de classe. Identificar esses comportamentos auxilia o psicólogo a
11

escolher e a utilizar estratégias adequadas para o manejo do estresse. (MIYAZAKI


E SOARES , 2020)
Heliotério et al. (2020), afirma que com tantos fatores de risco apresentados
o mais relevante é haver sempre medidas que forneçam a esses profissionais da
área de saúde, segurança para que possa ser possível diminuir significativamente
as cargas estressoras. Os profissionais em tais cargas horárias necessitam dispor
de grande carga física para tais práticas que envolvem a profissão de cada um. Não
somente se pode excluir o cansaço psíquico que cada um dos profissionais
enfrenta, pois, os efeitos mentais afetam de forma total toda a rotina de trabalho
desses trabalhadores.
Diante desse cenário da pandemia e alta disseminação e mortalidade, os
profissionais da saúde que ficaram diretamente ligados aos pacientes
infectados e envolvidos tanto no diagnóstico, tratamento e no atendimento
em geral, Demonstraram altos índices de sofrimento psíquico como medo,
ansiedade, depressão, angústia, sono prejudicado e outros sentimentos
relacionados ao risco da exposição do vírus. (AQUINO et. al, 2020)
Aquino et.al (2020), ainda menciona que os sintomas depressivos e de
ansiedade foram mais comuns entre as mulheres, aquelas que estavam menos
preparadas psicologicamente, falta de auto eficácia percebida e sem apoio
familiar, bem como aquelas com baixa qualidade do sono.

4.4 Fatores de Proteção

Segundo Melo et.al (2013) os fatores de proteção para minimizar os efeitos


do estresse no cotidiano do profissional podem ser: valorização do profissional,
investimento na qualidade das condições de trabalho para aumento da satisfação e
motivação refletindo diretamente sua qualidade de vida. Outros fatores de proteção
propostos é que as instituições de saúde criem momentos e ambientes para que os
profissionais compartilhem experiências e sentimentos vivenciados durante os
plantões.
De acordo com Valeretto e Alves (2013) é importante identificar os fatores de
proteção no cotidiano do enfermeiro para que se torne mais produtivo, menos
desgastante e, possivelmente, valorizá-lo mais como ser humano e como
profissional. Os autores mencionam a necessidade das instituições terem um
planejamento para combate ao burnout, valorização dos colaboradores,
proporcionar ambiente de trabalho harmonioso, recursos técnicos e humanos que
12

favoreçam o desenvolvimento das atividades e suas atribuições, técnicas de


relaxamento, alimentação, atividade física, repouso, lazer, sono, psicoterapia,
autoconhecimento, reavaliação do limite de tolerância e exigência, convivência
menos conflituosa com pessoas e grupos.
Segundo Heliotério et al. (2020), os fatores de proteção que são
apresentados para os profissionais que estão na linha de frente do Covid-19 são as
adaptações que foram feitas para que os mesmos tenham segurança e proteção
enquanto trabalham para assegurar a saúde tanto física quanto mental. Cada
profissional necessita olhar para si como sendo seres humanos que estão sujeitos
ao mesmo vírus, e entender que os cuidados não se tornam somente para os outros
ao redor.

Diante disso foram disponibilizados alojamentos em hotéis para o descanso


dos profissionais, para haver a segurança de seus familiares. Foram estabelecidas
reduções das jornadas de serviço, o que foi proposto ser feito menos de dez horas
por dia para prevenir a exposição às infecções respiratórias. Pois, os riscos que
acomete a cada profissional gera uma incerteza da segurança que cada um procura
para sua família. Cada profissional necessita manter alguns cuidados de forma
consciente com relação a saúde dele mesmo e dos outros.( HELIOTÉRIO et al.,
2020).

Sendo que os fatores estabelecidos para a proteção destes trabalhadores foi


os atendimentos especializados para aqueles que são mais suscetíveis ao
adoecimento mental. Como as situações de depressão, ansiedade e suicídio além
de serem oferecidos tratamentos psicológicos para os casos mais graves. Sem
contar no apoio social fornecido aos profissionais de saúde com filhos em idade
escolar. Entende-se que os profissionais atualmente estão passando por graves
sofrimentos psicológicos e que precisam de cuidados com a saúde mental.
(HELIOTÉRIO et al., 2020).
Heliotério et al.(2020) afirma que o mais importante é não somente serem
aplicadas essas medidas, mas outras que também sejam implementadas como a
valorização desses profissionais, melhoria nas condições de trabalho, dentre outras
formas. Isso não pode ser algo apenas temporário, é necessário ter uma
permanência para evitar o aumento do estresse no ambiente em que os
profissionais ficam a maior parte do tempo.
Torna-se cada vez mais importante o profissional ter saúde mental, assim
sendo ele apresentará uma maior e melhor percepção de sua função e cuidados
13

importantes para com o convívio de pessoas portadoras do vírus.

5. DISCUSSÃO

5.1 Estresse e Profissionais de Saúde


Os profissionais de saúde já convivem com uma rotina de trabalho que gera
muito estresse. Diariamente estão de frente com a vida e morte de muitas pessoas
e sentem-se impotentes frente a situação.
A rotina de um pronto socorro traz pacientes acidentados, urgências médicas,
etc, essa vivência já causa estresse no profissional de saúde, sendo que ele não
tem controle e não consegue planejar como será seu dia. Diante da pandemia este
estresse foi potencializado com o risco de contaminação, já que agora além de toda
esta vivência estressante ele tem que se preocupar com a proteção individual e do
outro pelo risco da disseminação do vírus.
Os autores estudados concordam que a pandemia aumentou o índice de
estresse dos profissionais de saúde de um modo geral, visto que diante de tantas
dificuldades ainda tem que decidir qual será o paciente priorizado no tratamento da
Covid 19.
O alto índice de transmissão do vírus do Covid 19 e o desconhecimento das
características da doença, por se tratar de uma patologia recente que tomou
proporções mundiais, mobiliza o profissional de saúde para novas preocupações
que geram ansiedade, angústia e frustrações.
Esses profissionais que já convivem com uma paramentação rígida e
protocolar para atender os pacientes vêem-se com esses cuidados aumentados
diante do risco iminente de contaminação uma vez que inevitavelmente estão em
constante contato com o vírus. No cenário da pandemia saem de plantões extensos
e ainda tem a angústia e a preocupação de carregar consigo o vírus e transmitir a
seus familiares aumentando o índice de estresse vinculado à profissão.

5.2 Pandemia e atuação na Linha de Frente


No cenário da pandemia o que já era estressante se potencializou e os
profissionais que atuam na linha de frente do atendimento se viram agora diante de
um risco ainda maior ao que eles vivenciavam no seu dia a dia, o risco de ser
contaminados com uma doença ainda desconhecida que tem levado a óbito muitas
pessoas.
14

O próprio atendimento prestado pelo profissional de linha de frente é


vulnerável visto que ele tem que atender qualquer pessoa que chegue na unidade
de atendimento sem conhecimento prévio se está contaminada ou não,
manipulando todo tipo de material biológico e altamente contaminante.
Esses profissionais costumam trabalhar em mais de uma unidade
combinando jornadas de trabalho extensivas que comprometem o sono, podendo
trazer prejuízos cognitivos, e hoje diante da pandemia essa situação se agrava, pois
o profissional sente medo, angústia e tem que lidar com esta mesma jornada de
trabalho e com uma demanda muito maior que anteriormente.
O fato da pandemia do Covid não está mapeada e controlada faz com que
surjam novos protocolos que devem ser incorporados frequentemente a rotina dos
profissionais de saúde, bem como as novas cepas e quantidade de pessoas de
diferentes faixas etárias que estão perdendo a vida, mostrando que não existe um
padrão para atuação do profissional.
Muitos colegas de trabalho destes profissionais de saúde têm sido
contaminados e falecendo, fazendo com que esta situação se torne um ciclo cada
vez mais estressante e adoecedor.
Os autores mencionados neste artigo concordam que a pandemia trouxe um
maior sofrimento psíquico para os profissionais que atuam na linha de frente do
tratamento da Covid 19.

5.3 Fatores de Risco e Fatores de Proteção ao Estresse


Com a chegada desse vírus os profissionais se depararam com uma
realidade, muito maior do que haviam sido preparados no contexto acadêmico,
sendo um desafio fortemente enfrentado diariamente.

Algumas instituições hospitalares tiveram que adotar medidas protetivas para


esses colaboradores, contribuindo positivamente para melhor adaptação dos
mesmos, possibilitando uma diminuição do aumento de cargas psíquicas. Visando
uma possível efetivação nos resultados oferecidos em suas atividades cotidianas.

Apesar de ser importante ter equipamentos básicos e horários flexíveis para


os trabalhadores, na realidade ainda falta apoio governamental que possibilite esse
suporte, que forneça de forma constante esses equipamentos, para que essas
atividades laborais possam ser bem executadas. Diante dos aspectos citados acima
15

é relevante apontar o aumento do nível de estresse desses trabalhadores por


vivenciar essas situações.

Segundo os autores, a falta de profissionais dentro do sistema de saúde no


Brasil, intensificam o grau de estresse, ansiedade, depressão e suicídio, pois essas
complicações só trazem prejuízos em grandes escalas. Com isso é importante ter
uma equipe que trabalhe de forma integral, conectada e envolvida. Os mesmos
apontam que um ambiente que possibilite um espaço de compartilhamento das
vivências experienciadas no ofício pode agregar e beneficiar ao clima
organizacional.

Nesse período as emoções e sentimentos se tornaram mais contundentes


entre os profissionais, pelo risco de causar contaminação e proliferação do vírus,
podendo assim potencializar o nível emocional dos mesmos provando um
adoecimento psíquico, pois o medo e a insegurança interferem consideravelmente
no biopsicossocial.

Diante disso esse contato mais constante e frequente com a morte de


seus pacientes trouxe uma mobilização interna muito grande nesses profissionais,
apesar de estarem acostumados com a morte, essas experiências entraram em
choque com uma percepção de que apenas um vírus estava sendo capaz de matar
muitas pessoas, mais do que outras doenças, à vista disso pode acarretar-se um
pico de desgaste emocional e físico. Essa realidade fez com que muitos
profissionais se depararem com a fragilidade do ser humano e de suas capacidades
como pessoa e profissional. O cuidado com a saúde mental desses colaboradores
ajudaria nesse enfrentamento de forma mais assertiva.

Desse modo os fatores riscos sempre estiveram presentes no cotidiano, por


isso é extremamente significativo a presença de novos métodos preventivos para
diminuição dessas doenças emocionais, levando assim diminuição desses riscos
eminentes.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não só os profissionais de saúde, mas toda população mundial está torcendo


pela estabilização do contágio do Covid 19.
Nunca os cientistas foram tão rápidos em desenvolver tratamentos para
combate a um vírus, vimos mobilização de toda a comunidade científica ao redor do
16

mundo unido na busca de um objetivo comum: a imunização e contenção do vírus.


Estamos no segundo ano da pandemia e em algumas localidades do planeta
já existe um percentual considerável de pessoas vacinadas que estão aos poucos
voltando à vida normal, com retomada das atividades sociais e eventos com grande
concentração de pessoas.

Essa pandemia trouxe grandes transformações à sociedade como um todo.


Tem se pensado sobre um uma nova fase “Novo Normal”, pois com isolamento
social, sem contato físico, com as perdas das pessoas e com a incerteza de um
futuro, é evidente que foi necessário e ainda continuará sendo importante o
processo de ressignificações das relações e como enxergamos o mundo. Com
essas perspectivas se tornou relevante a valorização da proteção à saúde como um
todo.

Com os profissionais de saúde não será diferente, pois os mesmos estão


continuamente tendo que se adaptar e encontrar formas de contenção desses
sintomas. Com tudo a forma de olhar e se relacionar com o paciente fez com
pudessem compartilhar mais humanidade e empatia sobre outro, para com a família
e consigo mesmo.

Os profissionais que estão ligados à atuação em linha de frente devem


procurar atividades que favoreçam a criatividade como pintura, música, arte,
artesanato, atividade física, alimentação saudável. Essas atividades vão fortalecer a
construção da subjetividade do sujeito para que este possa suportar o estresse
causado pelas atividades.

Portanto mesmo que estejamos ainda tendo que lidar com todos esses
fatores é importante que os profissionais de saúde busquem formas e mecanismos
adaptativos que contribuam na sua diminuição do estresse e de outras
comorbidades, pois na atuação diária sempre haverá desafios que impedem de
terem saúde biopsicossocial desses colaboradores.
17

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Aquino, Estela M. L. et al. Medidas de distanciamento social no controle da


pandemia de COVID-19: potenciais impactos e desafios no Brasil. Ciência & Saúde
Coletiva [online]. v. 25, pp. 2423-2446. 2020.

BORGES, Francisca Edinária de Sousa et al. Fatores de risco para a Síndrome de


Burnout em profissionais da saúde durante a pandemia de COVID-19. Revista
Enfermagem Atual. v. 95 n. 33, pp- 15, 2021.

HELIOTÉRIO, Margarete Costa et al. Covid-19: Por que a proteção de


trabalhadores e trabalhadoras da saúde é prioritária no combate à pandemia?
Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n. 3, 2020.

Medeiros, Eduardo Alexandrino Servolo. CHALLENGES IN THE FIGHT AGAINST


THE COVID-19 PANDEMIC IN UNIVERSITY HOSPITALS. Revista Paulista de
Pediatria [online]. v. 38, pp. 02, 2020.

MELO, Marcio Vieira de et al. Estresse dos Profissionais de Saúde nas Unidades
Hospitalares de Atendimento em Urgência e Emergência. Caderno de Graduação
Ciências Biológicas de Saúde Facip, v. 1, n. 2, ed. 2, p. 35-42, 2013.

MIRANDA, Fernanda Moura D’Almeida et al. Condições de trabalho e o impacto na


saúde dos profissionais de enfermagem frente a COVID-19. Cogitare Enfermagem,
[S.l.], v. 25, 2020.

MIYAZAKI, Maria Cristina de Oliveira Santos Santos; SOARES, Maria Rita Zoéga.
Estresse em Profissionais da Saúde que atendem pacientes com Covid 19.
Sociedade Brasileira de Psicologia - SBP, São Paulo, ano 2020, v. 1, n. 1, p. 1-7,
1 mar. 2020.
18

MORAIS, Camila Piantavini Trindade et al. Impacto da pandemia na saúde mental


dos profissionais de saúde que trabalham na linha de frente da Covid-19 e o papel
da psicoterapia. Brazilian Journal of Development. v. 7, n. 1, p. 1660–1668, 2021.

RIBEIRO, Adalgiza Peixoto et al. Saúde e Segurança de Profissionais de Saúde no


Atendimento a Pacientes no Contexto da Pandemia de Covid 19: Revisão de
Literatura: Dossiê Covid 19 e Saúde do Trabalhador. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional, v. 1, n. 1, ed. 1, p. 1-12, 2020.

VALERETTO, Fernanda Aparecida; ALVES, Dhyeisiane Freire. Fatores


Desencadeantes do Estresse Ocupacional e da Síndrome de BURNOUT em
Enfermeiros. Revista Saúde Física & Mental. v. 3, n. 2, pp-11, 2013.
SCHMIDT, Beatriz et al. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da
pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estudos de Psicologia (Campinas)
[online]. v. 37, pp. 26. 2020

TEIXEIRA, Carmen Fontes de Souza et al. A saúde dos profissionais de saúde no


enfrentamento da pandemia de Covid-19. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 9, p.
3465–3474, set. 2020.


19

Você também pode gostar