Manual do Médico e

Profissional da Saúde
para evitar Processos de
Responsabilidade Civil

BOAS PRÁTICAS DE MÉDICOS

E PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Introdução
O Primeiro Anuário da Segurança Nos últimos anos, a quantidade
Assistencial Hospitalar no de ações judiciais que chegaram
Brasil, produzido em conjunto ao Superior Tribunal de Justiça
pela Faculdade de Medicina da aumentou assustadoramente.
Universidade Federal de Minas
A divulgação dessas informações
Gerais (UFMG) e pelo Instituto de
é muito importante para todos
Estudos de Saúde Suplementar
que estão envolvidos na saúde,
(IESS), apontou que três brasileiros
especialmente porque possibilita
morrem a cada cinco minutos no
enxergar as causas desse aumento
país devido a falhas em hospitais
e as práticas de prevenção dos
que poderiam ter sido evitadas.
problemas.
Essa estatística assusta muito,
Pensando nisso, o objetivo deste
especialmente porque esses
e-Book é apontar boas práticas de
eventos matam mais do que
médicos e profissionais de saúde
a soma de homicídios, câncer,
que evitam processos. Para tanto, é
latrocínio e acidentes de trânsito.
preciso explicar quais as situações
Dentre os eventos comuns,
que podem levar o profissional
destacam-se infecção hospitalar,
a ser demandado administrativa
uso incorreto de equipamentos ou
e judicialmente, bem como as
erros de dosagem ou aplicação de
consequências de um processo
medicamentos.
para sua carreira.
Considerando esses dados
alarmantes, não é difícil imaginar o
motivo do crescimento de processos
contra profissionais de saúde.
Veremos
neste e-book
1) Processos por publicidade indevida
1.1 Erros em anúncio médico
1.2 Autopromoção e sensacionalismo
1.3 Consultoria por meio de blog e redes sociais

2) Processos impetrados pelos pacientes

2.1 Erro médico e responsabilidade civil
2.2 Erro médico e insatisfação com os resultados

3) Consequências de um processo
para o profissional de saúde
3.1 Dicas para se proteger de processos
3.2 Seguro de responsabilidade civil

4) Conclusão
1
Processos
por publicidade
indevida

Muitas profissões possuem regras de Um deslize em relação a essas normas, que

marketing para seus profissionais, a fim de
evitar publicidade indevida. A publicidade
de médicos também possuem regras
próprias, estabelecidas na Resolução
CFM nº 1.974/11 – Manual de Publicidade
Médica. Qualquer investimento em
marketing do consultório ou clínica deve
obedecer às principais limitações que a
norma impõe aos profissionais dessa área.
são coerentes com a natureza da profissão,
pode levar o profissional a sofrer processos
administrativos e judiciais. Os erros mais
comuns que esses profissionais cometem
dizem respeito a anúncios médicos,
autopromoção e sensacionalismo, e uso
das mídias sociais.
1.1
Erros em anúncio médico
O médico que deseja anunciar seus serviços
deve saber como deve fazê-lo. Infelizmente,
nem todos os profissionais entendem as
obrigatoriedades de dados profissionais ou
outros pontos.
A ausência de dados obrigatórios é um
dos erros comuns em anúncio médico.
Basicamente, o anúncio deve conter:
• Nome;
• Especialidade/área de atuação
(no máximo duas especialidades
reconhecidas pelo CFM);
• Número da inscrição no CRM;
• Número de registro de qualificação
de especialista (se existir);
• Nome e CRM do responsável técnico,
em caso de pessoa jurídica.
Há dados não obrigatórios que podem
constar no anúncio. É o caso da referência
a títulos acadêmicos relacionados à área de
atuação do médico. Vale lembrar que eles
devem estar registrados no CRM.
Outro erro recorrente na publicidade
médica é a inclusão do nome relacionado
a concursos ou similares. Publicidades
que utilizam as expressões “médico do
ano”, “melhor médico” ou “destaque” não
podem ser utilizados, pois são termos
sensacionalistas que levam à propaganda
enganosa.
Neste sentido, o médico ainda não pode
permitir a inclusão do nome em propaganda
enganosa, permitir a circulação do nome
em matérias desprovidas de rigor científico,
ou fazer propaganda de método ou técnica
não aceito pela comunidade científica.
1.2
Autopromoção
e sensacionalismo
Muitos profissionais de saúde são
chamados para dar entrevistas, prestar
informações e publicar artigos. No caso dos
médicos, é uma prática permitida pelo CFM.
Porém, devem possuir fins estritamente
educativos.
Os enfermeiros, de acordo com o Manual
de Comissão de Ética da Enfermagem nas
Instituições, também só podem se utilizar
de “veículo de comunicação para conceder
entrevistas ou divulgar eventos e assuntos
de sua competência, com finalidade
educativa e de interesse social”.
Se olharmos qual o sentido da norma,
podemos perceber que os Conselhos
proíbem a autopromoção do profissional.
Falas para angariar clientela, auferição de
lucros e concorrência desleal são proibidas.
No mesmo teor, o sensacionalismo também
não pode ser adotado na publicidade. O
marketing dos profissionais de saúde deve
ser comedido. Publicações exageradas
e adulteração de dados estatísticos para
priorizar a atuação pessoal são proibidas.
Dessas normas, derivam outras que limitam
a forma como o conteúdo da propagante é
exposto, tais como:
• É proibido prometer, garantir ou insinuar
bons resultados do tratamento.
• É proibido expor o paciente na divulgação
de técnica, método ou resultado de
tratamento, ainda que autorizado, exceto
se for imprescindível a exposição em
evento ou trabalho científico, mediante
autorização expressa;
• É proibido anunciar a utilização de
técnicas exclusivas.
1.3
Consultoria por meio
de blog e redes sociais
As mídias sociais (blogs, sites e redes
sociais) são ótimos meios de informação.
Os profissionais utilizam tais plataformas
em suas estratégias de publicidade e
marketing. Elas ajudam a disseminar
conhecimento científico relevante para o
público. Entretanto, eles não podem ser
utilizados para prestar consultoria aos
pacientes.
A internet proporcionou formas fáceis
de comunicação. Porém, há limites que
servem para direcionar a boa conduta do
profissional.
Os processos por publicidade indevida
não são raros. Eles correm nos Conselhos
Regionais de cada profissão de forma
administrativa. Em muitos casos, são
impetrados por concorrentes por pura má-
fé. Por este motivo, os profissionais devem
se atentar às limitações para se prevenirem.
Por outro lado, há processos impetrados
pelos pacientes. Em sua maioria, eles
decorrem de erro médico e insatisfação
com os resultados.
2
Processos
impetrados
pelos pacientes

Uma cirurgia plástica cujo resultado
não correspondeu à expectativa do
paciente. Um paciente que não seguiu
as recomendações do médico e culpa o
profissional pelas complicações em seu
tratamento. Você certamente já ouviu
alguma história assim.
Situações como essas e diversas outras
podem ocasionar processos administrativos
e judiciais.
Para compreender a natureza dos
processos, é preciso saber os conceitos de
erro médico e responsabilidade civil.
2.1
Erro médico e
responsabilidade civil
Responsabilidade civil é a obrigação de
reparar um dano (material ou moral)
causado a alguém. Ela existe quando há um
ato (ação ou omissão), um prejuízo ou dano
(material ou moral) e o nexo causal (ligação
entre o ato e o dano). Sua apuração é feita
perante a Justiça.
Erro médico é, conforme o Conselho
Federal de Medicina, a “conduta profissional
inadequada que supõe uma inobservância
técnica capaz de produzir um dano à vida
ou à saúde de outrem, caracterizada por
imperícia, imprudência ou negligência”.
O médico que executa algo de forma
errada (imperícia), faz algo que não deveria
ser feito (imprudência) ou deixa de agir
quando deveria (negligência) comete erro
médico. Ele não se confunde com acidente
imprevisível ou resultado incontrolável.
O acidente imprevisível é um resultado ruim
que provém de caso fortuito ou força maior.
Ele é imprevisível ou inevitável para qualquer
profissional que se encontre nas mesmas
circunstâncias. O resultado incontrolável
decorre de situação incontornável. É o que
acontece na evolução de uma doença cuja
solução não é conhecida pela ciência ou
pela competência profissional.
O erro médico pode causar a
responsabilização ética e administrativa, que
é apurada pelos órgãos de classe. Da mesma
forma, pode causar responsabilidade civil,
conforme já explicado. Em alguns casos,
também causa responsabilidade penal. Isso
acontece quando o erro se configura como
crime culposo (sem intenção de dano).
Lesões, óbito ou incapacitação do paciente
que decorre de tratamento médico são
exemplos.
2.2
Erro médico e insatisfação
com os resultados
Imagine que um paciente se submeteu
à cirurgia de retirada de próstata. O
médico, antes do procedimento, explicou
as possíveis consequências. O paciente
concordou com a operação. Apesar do
sucesso da cirurgia e da melhora da saúde,
ele se mostrou insatisfeito diante de uma
impotência. Por isso, processou seu médico
por erro médico.
Essa situação é apenas um retrato de como
os pacientes confundem erro médico com
insatisfação com os resultados. É um dos
motivos de banalização de processos
contra médicos e profissionais da saúde. A
insatisfação decorrente de um tratamento,
por si só, não gera responsabilidade. É
importante lembrar que os tratamentos de
saúde geram obrigação de meio, não de
resultado.
O profissional deve, sim, atuar eticamente
da melhor forma para tentar melhorar
a saúde de seu paciente. Mas não pode
garantir o resultado. Ainda assim, pessoas
insatisfeitas ingressam na Justiça para
conseguir uma reparação. Isso também
ocorre pela facilidade de acesso a
informações médicas pelo paciente.
Outras situações em que ocorre isso são as
cirurgias plásticas. Alguns pacientes sentem-
se prejudicados quando o resultado da
cirurgia plástica não corresponde às suas
expectativas.
Apesar das diferenças conceituais, os
pacientes iniciam seus processos contra
os profissionais de saúde. E é fundamental
entender quais suas consequências para,
então, saber a importância da prevenção.
3
Consequências
de um processo
para o profissional
de saúde
As consequências de um processo para
profissionais de saúde são relevantes. Elas
atingem não só a carreira, mas provoca
abalos psicológicos e financeiros:
• Perda da licença profissional: os
Conselhos Profissionais podem retirar a
licença profissional diante de determinadas
situações após procedimento
administrativo. O médico, por exemplo,
pode ter seu exercício profissional
suspenso se cometerem faltas graves.
• Abalo moral e psicológico: diante
do aumento de número de processos,
os profissionais adquirem medo de
exercer sua profissão. Esse abalo moral
e psicológico pode levar até mesmo ao
abandono da profissão.
• Pagamento de indenização: a
responsabilização civil costuma envolver
uma indenização para reparar os danos
materiais e suavizar os danos morais.
Essas indenizações costumam ter valores
altos, causando perda considerável do
patrimônio.
• Cumprimento de pena judicial: em caso
de erro considerado crime, o profissional
é julgado na esfera penal e está sujeito
a penas. Elas podem ir desde o serviço
comunitário até à privação de liberdade.
• Desgaste da imagem e da reputação
do profissional da saúde: os processos
são públicos, salvo exceções. Por isso,
qualquer pessoa pode consultar para
saber mais sobre o profissional. Basta
que o médico ou enfermeiro figure como
réu em uma ação para ter sua qualidade
questionada, independentemente de
condenação. Além disso, há parte da
imprensa que é sensacionalista. Ela ataca a
imagem e a reputação do profissional sem
conhecimento.
 Dicas para se proteger
de processos
Os profissionais de saúde devem adotar práticas
3.1
para se protegerem dos processos.
Protegendo-se de processos de
publicidade indevida
Quando falamos de publicidade indevida,
basta que o profissional obedeça às normas
próprias de cada profissão. Para o médico,
em caso de dúvida, ele pode consultar a
Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos
(Codame). Esses órgãos dos Conselhos
Regionais de Medicina ajudam a enquadrar a
propaganda aos dispositivos legais e éticos.
Protegendo-se de processos
impetrados pelos pacientes
No que diz respeito aos processos impetrados
pelos pacientes, é preciso adotar uma série
de cuidados. Eles envolvem principalmente o
atendimento. Veja:
•Anamnese completa: para mapear todos
os eventos ou fatores que interferem na
saúde de uma pessoa, é preciso realizar uma
anamnese completa (física e psicológica). Ela
documenta dados, características pessoais
do paciente e histórico clínico familiar.
Isso confere subsídios para o exercício
da medicina, garantindo mais eficácia no
tratamento e contribuindo para evitar
processos.
•Atendimento humanizado: respeito,
compreensão, carinho e empatia são a
chave para um excelente atendimento. Com
isso, é possível estabelecer uma relação
de confiança entre profissionais da saúde
e pacientes. Para tanto, não se esqueça de
usar uma linguagem próxima a eles e escute
bastante. A proximidade e a conexão pessoal
são fatores que podem evitar processos dos
pacientes.
•Prontuário médico completo: é o maior
aliado dos profissionais nos processos
judiciais. Essa burocracia é o único meio de
provar que a garantia de melhor tratamento
foi cumprida. Por este motivo, além de evitar
processos dos pacientes, o documento é um
meio de prova. Eles podem conter registros
fotográficos das fases do tratamento (antes,
durante e depois).
•Acompanhamento em exames: muitos
exames exigem contato mais próximo com o
paciente. Isso pode dar margem para ações
na Justiça com base em assédio. Para evitá-
los, é recomendado solicitar a presença de
acompanhantes ou da equipe de enfermagem
ao realizar exames.
Além dessas práticas que podem ser adotadas
no exercício da profissão, existe ainda uma
ótima forma de se prevenir de processos: o
seguro de responsabilidade civil.
3.2

Seguro de
Responsabilidade Civil
O seguro de responsabilidade civil é uma
das formas que os profissionais de saúde
possuem de diminuir o impacto frente
a demandas judiciais. Ele é aplicado a
qualquer profissão. Seu principal objetivo
é reembolsar os valores despendidos nas
ações administrativas ou judiciais.
Os principais gastos incluem despesas com
defesa jurídica (honorários advocatícios
e custas judiciais) e indenização. É bom
lembrar que o profissional pode ser
responsabilizado a pagar pelos danos
materiais e morais causados a um
paciente. O segurado eventualmente
responsabilizado a pagar terá recursos
até o limite da apólice contratada. As
indenizações podem chegar a centenas de
milhares de reais.
 4 Conclusão

O aumento de 1600%, na última década, no Diante dessas dificuldades, os profissionais

número de processos contra profissionais
da saúde, segundo o Supremo Tribunal de
Justiça, é assustador. Pacientes frustrados
e insatisfeitos, e concorrentes com má
fé contribuíram para esse crescimento.
O acesso ao conhecimento permite que
as pessoas tenham acesso a conteúdos
descontextualizados, que podem ser mal
interpretados.
de saúde devem se atentar à sua conduta
e às consequências que um processo pode
trazer para sua carreira. Por isso, é preciso
tomar alguns cuidados para se prevenirem.
Dentre eles, o seguro de responsabilidade
civil surge como ótima opção. Ele resguarda
o profissional, amenizando os efeitos de um
possível processo. Caso deseje conhecer
mais sobre ele, entre em contato conosco!

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