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Farmacologia e adm de

medicamentos

Enf. Profº Scheila Francine Colonetti


São josé 2023
Segurança e Aspectos Legais
O conhecimento teórico sobre farmacologia e
sobre cálculos matemáticos básicos durante o
preparo e administração de medicamentos é
essencial para a prática do enfermeiro. Dentro
desse conhecimento, destaca-se a habilidade em
operações matemáticas, a compreensão sobre o
modo de ação, as reações adversas e as
interações entre medicamentos, bem como a
relação entre vias de administração de
medicamentos, classes farmacológicas e o
quadro clínico do paciente.
Entender os aspectos ético-legais envolvidos no
preparo e administração de medicamentos
contribui para a segurança da assistência e
promove comunicação efetiva sobre direitos e
deveres entre profissionais de saúde e pacientes.
Responsabilidades Ético-legais do Enfermeiro

As responsabilidades ético-legais contribuem para a


conscientização do enfermeiro sobre seus direitos,
responsabilidades, deveres e proibições durante o
exercício profissional e visam garantir que os direitos
do paciente sejam cumpridos, principalmente no que
tange à qualidade e à segurança da assistência.

As responsabilidades legais relacionadas ao preparo e à


administração de medicamentos são orientadas pelo
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e
serão discutidas a seguir, em seções, seguindo sua
estrutura.
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem: Seção 1 - Das
Relações com a Pessoa, Família e Coletividade

 Na Seção 1, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem


discorre sobre as relações com a pessoa, família e coletividade.
Nesse contexto, trata dos direitos, deveres, responsabilidades e
proibições ao exercício profissional, como mostra o esquema a
seguir:
 Direitos: O artigo 10 prevê a recusa do enfermeiro em
executar atividades que não sejam de sua competência
técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam
segurança ao profissional, à pessoa, família e coletividade.

 Responsabilidades e Deveres: O artigo 12, referente às


responsabilidades e deveres do profissional, esclarece que o
enfermeiro deve assegurar à pessoa, família e coletividade
uma assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de
imperícia, negligência ou imprudência.
 Imperícia: A imperícia consiste na falta de
conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para
executar determinada atribuição, expondo o cliente a
riscos e com a possibilidade de acometimento danoso à
integridade física ou moral.
 Negligência: A negligência consiste na passividade ou
omissão aos deveres que as circunstâncias exigem,
entendendo que é negligente quem, podendo ou devendo
agir de determinado modo, por indolência ou preguiça
mental, não age ou se comporta de modo diverso.
 Imprudência: A imprudência decorre da ação
precipitada, insensata e sem a devida precaução. É
imprudente quem expõe o paciente a riscos
desnecessários ou que não se esforça para minimizá-los.
Aspectos legais na administração de medicamentos
 Os artigos 13 e 14 discorrem sobre a competência e os
conhecimentos técnicos, científicos, éticos, culturais e legais do
enfermeiro, de maneira a beneficiar a pessoa, família, coletividade e
o desenvolvimento da profissão. O enfermeiro deve aceitar
encargos ou atribuições, somente quando se julgar capaz de
desempenhá-los de maneira segura para si e para outrem

 Tendo em vista os preceitos éticos discorridos nos artigos 10, 12, 13


e 14, é importante destacar que a administração de medicamentos
deve ser uma prática exercida pelo profissional de enfermagem de
modo adequado e seguro, evitando e prevenindo erros atrelados ao
processo assistencial.
 A enfermagem atua na última etapa do processo da terapêutica
medicamentosa, preparando e administrando o medicamento
prescrito.

 Tal fato aumenta a responsabilidade da equipe de enfermagem, pois


ela é a última oportunidade de interceptar e evitar um erro ocorrido
nos processos iniciais.

 É imprescindível, portanto, que a enfermagem possua visão


ampliada do sistema de medicação e de cada um dos seus processos
e, principalmente, que dê garantias de segurança e qualidade ao
processo que está sob sua responsabilidade.
 Os artigos 17 e 25 esclarecem que o profissional de enfermagem
deve prestar informações adequadas à pessoa, família e coletividade
a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da
assistência de enfermagem, bem como deve registrar no prontuário
do paciente as informações inerentes e indispensáveis ao processo
de cuidar.

 As informações são instrumentos essenciais ao cuidado prestado


em saúde, de forma a sustentar e assegurar ao profissional a
condução das práticas e condutas clínicas.

 Da mesma maneira, proporcionam o conhecimento do paciente


sobre sua saúde

 O registro de enfermagem precisa ser objetivo, claro, completo,


respaldado no conhecimento científico e nos aspectos éticos e
legais das classes profissionais que prestam assistência direta ao
paciente.
Proibições
 Os artigos 30 e 31 proíbem os enfermeiros de prescreverem
medicamentos e de administrá-los sem conhecerem a ação da droga
e sem se certificarem da possibilidade de riscos.

Uma questão que suscita polêmica é se o enfermeiro possui ou não respaldo ético-legal para
prescrever medicamentos. O COFEN tem buscado normatizar o direito do enfermeiro de
prescrever certos medicamentos. No entanto, existem limites legais para a prática dessa ação
estabelecidos na Lei do Exercício nº7.498/86, segundo a qual apenas o enfermeiro atuante
nas equipes de Saúde da Família pode prescrever medicamentos em rotina aprovada
pela instituição de saúde, mediante protocolos legalmente estabelecidos pelo Ministério
da Saúde.
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem: Seção 2 - Das
Relações com os Trabalhadores de Enfermagem, Saúde e Outros

 Direitos: O artigo 37 garante ao enfermeiro o direito de recusar-se


a executar uma prescrição medicamentosa e terapêutica, em caso de
identificação de erro ou ilegibilidade da prescrição, e onde não
conste a assinatura e o número de registro do profissional, exceto
em situações de urgência e emergência.

 Como documento legal, a prescrição deve ter a identificação não


apenas do paciente, mas também a do emitente, para que seja
possível localizar o responsável pela prescrição, caso seja
necessário esclarecer dúvidas. Além disso, a ausência de padrões
definidos para o uso de abreviaturas e tipos de prescrições enfatiza
a necessidade de normatização desse processo e a utilização de
editores de textos capazes de eliminar as prescrições feitas à mão.
 Erros de Medicação: O erro de medicação é definido como um
evento evitável, ocorrido em qualquer fase da terapia
medicamentosa, que pode ou não causar danos ao paciente. Tal
evento pode estar relacionados à prática profissional, aos produtos
para a saúde, aos procedimentos e aos sistemas, incluindo
prescrição, orientações verbais, rotulagem, embalagem e
nomenclatura de produtos industrializados e manipulados,
dispensação, distribuição, administração, orientação e
monitoramento do paciente após a aplicação do medicamento.

Pesquisas realizadas nas últimas décadas apontam que os erros de medicação


representam uma triste realidade no trabalho dos profissionais de saúde, trazendo
sérias consequências para pacientes e instituições de saúde, e repercutindo em
importantes indicadores de qualidade oriundos da assistência prestada a pacientes
hospitalizados
Veja abaixo cada um deles e suas medidas de prevenção:
 O artigo 37 garante ao enfermeiro o direito de recusar-se a executar
uma prescrição medicamentosa e terapêutica, em caso de
identificação de erro ou ilegibilidade da prescrição, e onde não
conste a assinatura e o número de registro do profissional, exceto
em situações de urgência e emergência.
 Erro de Prescrição: Pode estar associado à escolha incorreta do
medicamento, à prescrição de uma dose e/ou de uma via de
administração inadequada, à velocidade de infusão ou à forma de
apresentação incorreta, e à letra ilegível.
 Medidas de Prevenção: Padronização das prescrições dos
medicamentos em relação ao uso de abreviações, casas decimais,
unidades de medidas, identificação de alergias e sistematização
eletrônica das informações; implantação de dupla checagem do
cálculo de medicamentos; e inclusão de um farmacêutico clínico na
equipe multidisciplinar.
A seguir serão discutidos os erros de medicação descritos com maior
frequência em pesquisas sobre a prática clínica, quais sejam:

 Erro de prescrição.
 Erro de administração não autorizada de medicamento.
 Erro de dispensação.
 Erro de dose.
 Erros de omissão.
 Erro de preparo.
 Erro de horário.
 Erro de administração.
 Erro de Dispensão: Considera-se erro de dispensação a
distribuição incorreta do medicamento prescrito ao paciente. Nessa
situação, os profissionais de saúde que trabalham na área
assistencial ou nos setores farmacêuticos selecionam embalagens,
ampolas e frascos de medicamentos de forma incorreta.
 Medidas de Prevenção: Distribuição de medicamentos por dose
unitária; armazenamento adequado; inclusão de um farmacêutico
clínico na equipe multidisciplinar; implementação de programas de
educação centrados nos princípios gerais da segurança do paciente
e nas diferentes etapas do sistema de medicação; identificação dos
medicamentos nos carros de emergência pelo nome genérico.
 Erro de Omissão: Considera-se erro de omissão não administrar o
medicamento prescrito para o paciente ou não registrar a execução
da medicação.
 Medidas de Prevenção: Implementar a prática de verificação dos
12 certos da terapia medicamentosa; seguir cuidadosamente os
protocolos institucionais de administração de medicamentos; prever
a supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem por enfermeiro
no preparo e administração de medicamentos.
12 Certos
 Paciente certo  Direito ao paciente de recusar
 Medicamento certo
 Compatibilidade
medicamentosa
 Técnica certa
 Hora certa
 Dose certa
 Via certa
 Volume de diluição certo
 Tempo de infusão certo
 Orientação ao paciente
 Registro certo
 Erro de Horário: Considera-se erro de horário a administração do
medicamento fora do intervalo de tempo estabelecido pela instituição,
conforme o aprazamento da prescrição (considera-se hora certa se o
atraso não ultrapassa meia hora, para mais ou para menos).

 Medidas de Prevenção: Implementar a prática de verificação dos 12


certos da terapia medicamentosa; realizar prescrição de enfermagem para
o preparo e administração da terapia medicamentosa; estabelecer meios
eficazes de comunicação entre a equipe multiprofissional, paciente e
família; adequar os horários de administração dos medicamentos
conforme a rotina de uso do paciente; prever a supervisão de técnicos e
auxiliares de enfermagem por enfermeiro no preparo e administração de
medicamentos.
 Erro de Administração Não Autorizada de
Medicamento:Considera-se erro de administração não autorizada de
medicamento o caso em que o profissional de enfermagem administra
medicamentos que ainda não foram prescritos, administra o
medicamento ao paciente errado, administra o medicamento errado,
administra o medicamento sem autorização médica ou utiliza
prescrição desatualizada.
 Medidas de Prevenção : Implementar a prática de verificação dos 12
certos da terapia medicamentosa; certificar-se de que todas essas
informações estejam documentadas corretamente; padronizar o
armazenamento adequado e a identificação completa e clara de todos
os medicamentos utilizados na instituição; identificar e destacar a
concentração de um mesmo medicamento de diferentes fabricantes;
assegurar a não administração de medicamentos suspensos pelo
médico; utilizar sistemas de identificação do paciente; administrar
medicamentos prescritos “a critério médico” após a avaliação
presencial de um profissional médico e os medicamentos prescritos
“se necessário” após a avaliação do enfermeiro; prever a supervisão de
técnicos e auxiliares de enfermagem por enfermeiro no preparo e
administração de medicamentos.
 Erro de Dose: Considera-se erro de dose a administração de uma
dose maior ou menor do que a prescrita, de doses extras ou
duplicadas do medicamento.

 Medidas de Prevenção: Implementar a prática de verificação dos


12 certos da terapia medicamentosa; certificar-se de que todas essas
informações estejam documentadas corretamente; instituir a prática
de dupla checagem, (por dois profissionais), dos cálculos de
diluição e administração de medicamentos de alto risco; ter
habilidade na realização de cálculos; utilizar instrumentos de
medida padrão no preparo de medicamentos (copos graduados,
seringas milimetradas) para medir doses com exatidão; prever a
supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem por enfermeiro
no preparo e administração de medicamentos.
 Erro de Preparo: Consideram-se erros de preparo medicamentos com
manipulação ou formulação incorreta antes da administração (por
exemplo, reconstituição ou diluição incorreta) e associação de
medicamentos física ou quimicamente incompatíveis. O armazenamento
inadequado, a falha na técnica de assepsia, a identificação incorreta do
fármaco e a escolha inapropriada dos acessórios para infusão também
são consideradas atitudes errôneas durante o preparo dos medicamentos.

 Medidas de Prevenção: Disponibilizar local adequado para preparo de


medicamentos, sem fontes de distração e que proporcione poucas
interrupções; disponibilizar diretrizes e manuais atualizados e relevantes
aos profissionais, identificar corretamente os medicamentos preparados e
os frascos que serão armazenados com nome do paciente, nome do
medicamento, horário e via de administração, velocidade de infusão,
iniciais do responsável pelo preparo; adquirir conhecimentos
fundamentais sobre farmacologia; ter habilidade na realização de
cálculos; utilizar instrumentos de medida padrão no preparo de
medicamentos (copos graduados, seringas milimetradas) para medir
doses com exatidão; prever a supervisão de técnicos e auxiliares de
enfermagem por enfermeiro no preparo e administração de
medicamentos.
 Erro de Administração: Consideram-se erros de administração a
falha na técnica da assepsia, a falha na técnica da administração do
medicamento, a administração do medicamento por via diferente da
prescrita e a velocidade de infusão incorreta e a falha de
equipamentos.

 Medidas de Prevenção Erro: Adquirir conhecimentos


fundamentais sobre farmacologia; implementar a prática de
verificação dos 12 certos da terapia medicamentosa; certificar-se de
que todas essas informações estejam documentadas corretamente;
seguir cuidadosamente os protocolos institucionais, realizar
prescrição de enfermagem para o uso de bombas de infusão; utilizar
materiais e técnicas estéreis para administrar medicamentos por via
intravenosa; prever a supervisão de técnicos e auxiliares de
enfermagem por enfermeiro no preparo e administração de
medicamentos.
Eventos Adversos a Medicamentos
 De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), evento
adverso a medicamentos é qualquer ocorrência médica indesejável
que ocorra com um paciente que tenha recebido um produto
farmacêutico e que não necessariamente tenha relação causal
estabelecida com este tratamento.

 Já o evento adverso grave é qualquer ocorrência médica


indesejável que resulte em morte, ameaça à vida, hospitalização ou
prolongamento de uma hospitalização preexistente, incapacidade
persistente ou significativa, anomalia congênita e malformação ao
nascimento, e eventos clinicamente significantes que necessitem de
intervenção médica.
 NearMiss: Um quase acidente é um evento imprevisto
que não resultou em lesão, doença ou dano para pessoas,
equipamentos ou ambiente, mas que tinha o potencial
para o fazer.
 Nos Estados Unidos, 31% dos pacientes vivenciam um evento
adverso de medicação durante a hospitalização, sendo 0,31%
eventos adversos fatais. Cerca de 7.390 norte americanos morreram
devido a erros de medicação no ano de 1993.

 Um estudo brasileiro realizado em 2007 relatou que cerca de 16%


dos eventos adversos ocorridos em um hospital geral do Rio de
Janeiro estavam associados a erros de medicação, provocando dano
temporário ao paciente.

 Infelizmente, apenas 25% dos erros de medicação são notificados e,


em sua maior parte, são relatados apenas quando algum dano é
causado ao paciente.
Cuidados de Enfermagem no Preparo e Administração de
Medicamentos

 Leitura e Interpretação da Prescrição Médica: A prescrição médica


é uma ferramenta de comunicação da equipe multiprofissional e
visa facilitar e promover o preparo e a administração de
medicamentos.
 A prescrição médica deve conter informações: como a data em que
a prescrição foi realizada, o nome completo do paciente e
prontuário e dados do paciente, o nome e a dose dos medicamentos
prescritos, os horários em que esses medicamentos devem ser
administrados e as vias de administração dos medicamentos.
 A forma de identificação do profissional que elaborou a prescrição,
assinatura, carimbo contendo nome completo, categoria
profissional e registro do conselho regional.
 As informações da prescrição médica devem ser descritas com letra
legível, usando abreviaturas e siglas padronizadas e sem rasura.

Prescrições verbais ou telefônicas devem ser sempre evitadas devido à possibilidade


iminente de erros. As instituições de saúde devem definir e implementar medidas de
segurança durante a prescrição verbal ou telefônica em situações de emergência, tais como
repetir de modo completo e em voz alta a informação dada pelo emissor. Além disso, é
recomendado que se faça uma documentação do procedimento realizado, com prazo para a
validação da prescrição e conferência com outro profissional.
A seguir veremos um exemplo de prescrição médica formulada de maneira adequada:
 A leiturae interpretação da prescrição médica é uma
tarefa muitas vezes complexa, pois exige conhecimento
das classes de medicamentos, suas funções no
organismo, conceitos de preparo e administração, bem
como a fisiopatologia dos pacientes, suas características
individuais e a abordagem terapêutica.
Procedimentos de Enfermagem para o Preparo e Administração de Medicamentos
 O aprazamento dos medicamentos é o estabelecimento de prazos
para a administração de medicamentos em horários estabelecidos na
prescrição médica, conforme as rotinas institucionais ou habituais
do paciente e da equipe multiprofissional.
ESTUDOS DE CASO COMENTADOS

 CASO 1: Hospitalar – Unidade Clínica Cirúrgica Cenário: Em


8/10, na cidade de Serrote em um hospital municipal, na unidade
clínica cirúrgica de ortopedia, coordenada pela Enfermeira Laís,
foi internada a criança Gabriela, sexo feminino, 5 anos de idade,
em bom estado geral, no leito 1.003, 10º andar, em razão de uma
cirurgia ortopédica eletiva a ser realizada no dedo indicador da
mão direita. Sua mãe, Silvia, 35 anos, casada, professora de
educação física, mãe de mais 2 filhos gêmeos, meninos de 3 anos,
acompanhou-a. A cirurgia foi realizada em 09/10, sem
intercorrências, e Gabriela permaneceu internada por mais dois
dias no pós-operatório. Em 10/10, o auxiliar de enfermagem João,
da unidade de clínica médica, com mais de dez anos na
instituição, foi remanejado para o setor no qual a criança estava
internada, para cobrir a ausência de outro profissional, assumindo
a medicação da Gabriela e demais pacientes internados.
Ao chegar à unidade, o auxiliar João encontrou as medicações dos
pacientes em fase de preparação. Alguns dos medicamentos prescritos já
estavam nas seringas, sem etiqueta de identificação, tendo sido preparados
pela técnica de enfermagem Márcia, que atuava há oito meses neste setor.
O auxiliar prosseguiu com o preparo dos medicamentos, etiquetando as
seringas com as drogas já preparadas pela técnica de acordo com as
informações verbais passadas. Gabriela no 2º dia de pós-operatório, às
vésperas da alta, deveria receber o antibiótico Kefazol® intravenoso, às 9h.
João foi administrar o fármaco e, durante o procedimento, conversava com
a mãe sobre a internação e brincava com a criança, quando percebeu que a
mesma começou a apresentar sonolência e apatia. Neste momento, o
profissional lembrou-se de ter visto caixas de Kefazol® e Ketamin® sobre
a bancada de preparo de medicação, imediatamente interrompeu a
administração, supondo a possibilidade da troca do Kefazol® com o
Ketamin®, e dirigiu-se ao posto de Enfermagem para rever a prescrição.
Ao verificar as prescrições, João constatou que neste mesmo dia e horário,
estava prescrito Ketamin® para um paciente de outro leito no mesmo setor,
e imediatamente comunicou o fato a enfermeira.
Após avaliação clínica da criança realizada pelo médico, constatou-se que
não houve outras complicações além do episódio de sonolência. A
enfermeira e o médico conversaram com a mãe sobre o ocorrido e
registraram a notificação do IRM conforme PNSP, RDC nº 36/2013.
Incidente: IRM durante o preparo e a administração do medicamento.
Consequências para o paciente: Alteração fisiológica temporária.

Fatores contribuintes do caso 1:


 Remanejamento de profissional não planejado;
 Inexistência ou descumprimento de política institucional de avaliação
de potenciais riscos, protocolos ou rotinas no preparo de
medicamentos;
 Quebra de normas básicas de segurança, pois a profissional preparou
os medicamentos, sem etiquetar as seringas;
falha de comunicação entre os profissionais no
processo de trabalho para a correta etiquetagem das
seringas;
 Ausência de sinalização de alerta para MPP1, no caso,
o Ketamin
Ausência de lista de medicamentos com nomes
semelhantes na grafia ou som, para facilitar sua
diferenciação;
Ausência de sistema de dose unitária para dispensação;
Quebra de normas básicas de segurança, pois o
profissional administrou medicamento preparado por
outra pessoa baseando-se apenas em informação
verbal;
Não utilização da conferência dos 12 certos.
Para Próxima aula.
Qual a importância da Resolução – RDC nº 36, de 25 de julho de
2013 para a segurança do paciente? https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0036_25_07_2013
.html

Porque criaram as 06 Metas Internacionais de Segurança do


Paciente ?
 Identificar o paciente corretamente
 Melhorar a eficácia da comunicação
 Melhorar a segurança dos medicamentos de alta-vigilância
 Assegurar cirurgias com local de intervenção correto, procedimento
correto e paciente correto
 Reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde
 Reduzir o risco de danos ao paciente, decorrente de quedas ou LPP.
Referencia Bibliográfica.
 Segurança do Paciente: prescrição, uso e administração de medicamentos. Portaria
SES-DF Nº 31 de 16.01.2019 , publicada no DODF Nº 17 de 24.01.2019 .

 SEGURANÇA NA PRÁTICA E NO USO NA ADMINISTRAÇÃO DE


MEDICAMENTOS , INSTITUTO BRASILEIRO SOU ENFERMAGEM – https
://souenfermagem.com.br

 Potter e Perry, Fundamentos da enfermegem, 9º Edição, Rio de Janeiro: Elsevier,


2017.

 Brasil. Ministério da Saúde. Documento de referência para o Programa Nacional


de Segurança do Paciente / Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz;
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
40 p. : il.

 Uso seguro de medicamentos: guia para preparo, administração e monitoramento /


Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. – São Paulo: COREN-SP, 2017.

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