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INTRODUÇÃO

Os medicamentos são substâncias químicas amplamente utilizadas na


prevenção e tratamento dos mais variados tipos de patologias. A via escolhida
para sua administração depende de alguns fatores intrínsecos ao fármaco e
relacionados ao paciente.

No ambiente hospitalar a administração de medicamentos é uma atribuição


da equipe de enfermagem nela compreendido o Enfermeiro, o Técnico e o Auxiliar
de enfermagem. A esta equipe compete entre outros, promover uma assistência
livre de danos de quaisquer natureza o que se traduz em garantir que o paciente
seja assistido de modo que nenhum prejuízo seja a ele atribuído durante o seu
tratamento.

A não administração de medicamentos ou a administração em horário via


ou dose errada são exemplos de erros que podem resultar em prejuízos ao
paciente. As consequências de um erro de administração variam em diferentes
níveis de gravidade que vão desde a falha terapêutica até ao aumento das taxas
de mortalidade

A todo tempo, o enfermeiro traz diante da sua equipe a necessidade da


atenção diante de um dos processos de trabalho da enfermagem que requer muita
concentração e presteza, erros diante do preparo e administrações de medicações
são discutidas a todo tempo pelo enfermeiro contribuindo com a sua equipe pra
uma menor incidência nos erros da administração das medicações. Na grande
maioria dos locais de trabalho da enfermagem, lidar com medicações e o preparo
das mesmas é uma das ações do processo de trabalho de enfermagem mais
realizadas pela equipe, exigindo por parte do profissional atenção e checagem do
preparo que ali será feito. A equipe deve ter a ciência da medicação que está
sendo preparada, cabendo ao enfermeiro viabilizar este acesso através da
educação permanente, como também da vivencia diária com sua equipe.
A realidade da sobrecarga de trabalho do enfermeiro é um fator agravante
diante do serviço de supervisão dos processos de trabalho da enfermagem, pois a
mesma inviabiliza muitas das vezes este acompanhamento, como também um
tempo de qualidade com os membros da sua equipe, conhecendo as fragilidades
e a necessidade de treinamento para tal, deixando apta a toda equipe evitando
erros na preparação e administração dos medicamentos.

Para auxiliar na demonstração do trabalho desenvolvido pela enfermagem,


identificar protocolos bem como descrever os desafios enfrentados pela equipe
podem melhorar a prática e delinear ações de cuidados capazes de impedir
possíveis erros e danos frente à assistência prestada. Diante da necessidade de
se garantir a segurança do paciente e a assistência segura para respaldo do
profissional, direcionou-se a terapia medicamentosa a uma sequência de
checagens denominados “certos da enfermagem” que garante que nenhum erro
será repassado ao paciente.

Tal situação demonstra a exigência da notificação de eventos adversos


como forma de comunicação da enfermagem com setores superiores acerca do
ocorrido, proporcionando compreensão das possíveis falhas e dando a
oportunidade da instituição intervir com suporte ao paciente e educação
permanente à equipe colaborando também com as análises quantitativas de
eventos adversos e quantificação percentual da efetividade da assistência. Assim
tendo vista a problemática elaborou-se a seguinte pergunta de partida: quais são
os cuidados de enfermagem na administração de medicamentos em
pacientes do Hospital Regional de Malanje?

Para dar resposta ao problema levantado elaborou-se a os seguintes


objectivos:

Geral

 Conhecer os cuidados de enfermagem prestados na administração de


medicamentos em pacientes do hospital regional de Malanje.
Específicos

 Identificar os cuidados de enfermagem prestados na administração de


medicamentos em pacientes do hospital regional de Malanje;
 Analisar as técnicas de enfermagem durante a administração de
medicamentos em pacientes do hospital regional de Malanje;
 Destacar os principais erros na administração de medicamentos;
 Descrever as complicações que resultam na mal administração de
medicamentos.
CAPÍTULO - I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Definição de Termos e Conceitos

1.1.1. Cuidados

De acordo com Zoboli (2015), a palavra “cuidado” deriva do latim cura ou,
de sua forma mais antiga, mera. Era usada num contexto de relações de amor e
amizade, expressando uma atitude de cuidado, de desvelo, de preocupação e de
inquietação pela pessoa amada ou por um objecto de estimação.

Segundo Houaiss (2009, p. 135) “cuidado é a acção de cuidar


(preservar, guardar, conservar, apoiar, tomar conta)” .

Conforme Silva (2011) o cuidado é ajudar os outros, tentar promover o seu


bem-estar e evitar que sofram de algum mal. Também é possível cuidar de
objectos (como uma casa) para impedir que ocorram danos.

Assim conceituamos o cuidado como sendo uma acção que será realizada
para ajudar um paciente a regressar ao seu estado normal

1.1.2.Enfermagem

Segundo a etimologia, a enfermagem quer dizer ato ou efeito de tratar os


enfermos. Enfermo é palavra derivada do latim infirmus, ou seja, doente, doentio,
fraco, débil, achacoso, imperfeito. A enfermagem nasceu das necessidades
humanas em relação aos cuidados de saúde” (Cunha, 2016, p. 122).
Conforme Nigthingale (2009), a enfermagem é a arte de assistir o ser
humano no atendimento de suas necessidades básicas de torná-lo independente
desta assistência através da educação, de recuperar, manter e promover sua
saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais
A enfermagem é a ciência e a arte de assistir ao ser humano, no
atendimento de suas necessidades básicas; de torna-lo independente
desta assistência, quanto possível .pelo ensino do auto cuidado, de
recuperar, manter e promover sua saúde em colaboração com outros
profissionais (Wanda, 2016, p. 24)

Conceituamos a enfermagem como a profissão do cuidado, e a que mais


tem produzido conhecimentos para fundamentar as diversas dimensões do
cuidado

1.1.3. Medicamento

Conforme Hovelacque (2010) a palavra medicamento tem a sua etimologia


do latim mederi, “tratar, curar, dar atenção médica a”, originalmente “saber o
melhor caminho para”, de uma fonte Indo-europeia med-, “medir, limitar, orientar”.

A Organização Mundial da Saúde (1984) é todo produto utilizado para


modificar ou investigar sistemas fisiológicos ou estados patológicos, em benefício
da pessoa que o utiliza. Este possui papel relevante na restauração e manutenção
da saúde.

Segundo Rissato (2016, p. 22) Um medicamento “é uma droga usada para


diagnosticar, curar, tratar ou prevenir doenças. A terapia medicamentosa
(farmacoterapia) é uma parte importante da área médica e depende da ciência da
farmacologia para o avanço contínuo e da farmácia para o manejo adequado”.

1.2. Cuidados que a equipe de enfermagem deve ter com o paciente na


administração de medicamentos

Conforme Forte, Machado (2016), a ligação da enfermagem com os erros


de medicação são fortes e tem relação direta no processo de trabalho o que
implica reproduzindo adversidades próprias da profissão advindas de
conhecimentos que não foram adequadamente absorvidos na formação e o
estresse causado pelas horas extras e duplas jornadas de trabalho, são causadas
também pela falha comunicativa entre a equipe e a distração associada ao
trabalho sendo feito automaticamente e com muita repetição. Assim para se
realizar a admistração com exatidão é necessário se ter em conta os seguintes
cuidados:

a) Paciente Certo: perguntar o nome completo do paciente antes de


administrar o medicamento, utilizar no mínimo dois indicadores pra
confirmar o paciente correto (completo completo, data de nascimento, nome
identificado no prontuário, nome identificado no leito;
b) Medicamento Certo: conferir se a medicação que tem em mãos é o
mesmo que está prescrito, perguntar para o paciente se ele não é alérgico
quanto algum tipo de medicamento;
c) Via Certa: identificar se a via de administração esta correta, verificar a via
de administração prescrita, recomendada pelo determinado medicamento;
d) Hora certa: preparar o medicamento de modo garantir sua administração
sempre no horário correto, para garantir a resposta terapêutica;
e) Dose Certa: conferir sempre a dose antes de ser administrada, conferir
atentamente a dose do medicamento prescrito;
f) Registro certo: registrar o horário que foi administrado o medicamento,
realizar todas ocorrências relacionadas aos medicamento, tais como
eventos adversos, adiantamento do medicamento, cancelamento;
g) Orientação correta: orientar o paciente sobre o medicamento que está
sendo administrado, o nome do medicamento, esclarece duvidas
relacionado a indicação do medicamento;
h) Forma Certa: realizar a checagem do medicamento a ser administrado,
verificar a forma farmacêutica e a via de administração prescritas são
apropriadas para o paciente;
i) Resposta Certa: observar atentamente o paciente para verificar se o
mesmo está tendo o efeito desejado, registrar no prontuário e informar o
prescritor todos os efeitos diferentes relacionados a resposta esperada do
medicamento.

1.3. Dificuldades da equipe de enfermagem na administração de


medicamentos

Martins (2022) discorra que sabe-se que uma das funções mais
importantes da enfermagem dentro de um ambiente de saúde é o cuidado com o
paciente, e dentro desse cuidado está inserida a terapia medicamentosa que é
composta pela prescrição médica, checagem da situação de saúde dos pacientes,
checagem da medicação, preparo, comunicação e administração desse
medicamento. Diante disto vê-se que a falta de atenção e a sobrecarga de
trabalho podem excluir algumas dessas fases e associar esse momento de terapia
a um evento adverso traumático para o paciente e sem retorno administrativo e
educacional para o profissional que cometeu o erro. Na tentativa de minimizar
esses eventos, faz-se necessário organizar essa assistência.

Silva (2016) diz que o enfermeiro deve prestar assistência de forma


responsável e livre de danos consequentes de imprudência, imperícia e
negligencia a pessoa, família ou coletividade. Informar adequadamente o familiar
de riscos e benefícios acerca de qualquer procedimento relacionado à assistência
ao paciente é dever da equipe, reiterando sobre intercorrências possíveis e
direitos da pessoa e família.

É considerado evento adverso quando acontece uma ação potencialmente


perigosa, súbita e indesejável dentro de uma instituição de saúde. É considerado
desafiador estabelecer a ocorrência desses erros, pois é baixa a aceitação do
profissional notificar e gerar dados para alimentação de notificações para
publicação em boletins.

Peres (2016) diz que diante da recorrência de eventos adversos evitáveis


relacionados a preparo e administração de medicamentos, apontar as dificuldades
nesse processo e falhas próprias do enfermeiro podem contribuir diretamente com
mudanças eficazes, comunicação intersectorial e medidas de prevenção de erros.
A gestão atuante deve usar de estratégias para que haja motivação de melhorias
no processo, usando de ferramentas como a sintonia de comunicação no
ambiente de trabalho, trazendo como resultado efetividade em equipe, segurança
para o paciente e para o profissional diante da execução do trabalho e dos
protocolos instaurados naquela instituição.

Os profissionais e as instituições devem quebrar barreiras mediante o


processo de registro de eventos adversos visto que a intenção é identificar
onde ocorrem falhas e erros e conceder uma assistência bem estruturada e
livre de danos não ter atitudes punitivas ou identificar culpados.
Compreender como o cuidado com o paciente e com a medicação pode ser
uma das evoluções presentes e treinar a equipe para reconhecer o
processo pode ajudar a estruturar essa assistência. (Mascarenhas, 2019, p.
27)
1.4. Os erros de medicação

O medicamento deve ser um importante aliado na prevenção, cura, alívio


de sintomas e também para fins diagnósticos, como contrastes utilizados em
alguns exames. Conforme Nascimento (2016), os medicamentos são, portanto,
substâncias ativas, naturais ou sintéticas, estranhas ao organismo que, se bem
indicadas e administradas em doses adequadas, por vias corretas, no momento
certo e pelo tempo necessário, têm grande valor à saúde.

Como leciona Fuchs (2017), os medicamentos são utilizados com o objetivo


de diminuir o desconforto e o sofrimento do paciente, encurtar a duração da
doença, favorecer a cura ou evitar complicações e mortes. Desta forma, os
medicamentos são de grande importância para a população no processo
saúde/doença, fato determinante para o Estado que tem o dever de garantir a
saúde da população através de Políticas Públicas, assegurando assim o acesso
seguro aos medicamentos, uma vez que estes são importantes para manter ou
recuperar a saúde.

No contexto da saúde, lidar com erros de medicação é um assunto bastante


delicado, pois assumir tal falha soa como atestar a incapacidade profissional.
Conforme expõe Wanmacher (2015) , calar sobre os erros é por si só um erro que
é preciso evitar, pois é mais fácil negar e esquecer do que assumir a culpa, mas
reconhecer os erros é a melhor forma de melhorar a qualidade e a segurança das
atividades ligadas ao cuidado com a saúde dos indivíduos. Aprender a olhar o erro
de frente e falar sobre ele sem medo faz cessar a crítica estéril sobre quem o
cometeu e faz dele fonte de análise sistemática e de ensinamento em situações
futuras. Assim destaca-se como erros de medicação os seguintes:

a) A escolha errônea de um fármaco ou a prescrição errônea de dose,


frequência ou duração;
b) Erro na leitura da prescrição pelo farmacêutico, de forma que o fármaco
ou a dose errada é dispensado pelo farmacêutico:
c) Erro na leitura do rótulo do frasco do fármaco pelo cuidador, de tal forma
que a dose errada é administrada:
d) Orientações incorretas ao paciente:
e) Administração incorreta pelo profissional de saúde, pelo cuidador ou pelo
paciente;
f) Armazenamento incorreto do fármaco pelo farmacêutico ou pelo paciente,
alterando a potência do fármaco:
g) O uso de um fármaco superado, alterando sua potência:
h) Confusão do paciente de tal modo que o fármaco é tomado
incorretamente:
i) Transmissão imprecisa de informações sobre a prescrição entre diferentes
profissionais.

1.5. Factores potenciais de ocorrência de evento adverso na administração


de medicamentos

Conforme Cordeiro (2017) podem ser destacados como factores potenciais


de ocorrência de evento adverso na medicação os seguintes:

a) Nomes de medicamentos semelhantes ao de outras drogas;


b) Prescrição com letra ilegível e/ou uso de siglas e abreviaturas;
c) Embalagem ou rotulagem semelhante;
d) Aprazamentos incorretos:
e) Conhecimento parcial/total dos profissionais sobre as drogas.
f) Falta de atenção;
g) Cansaço
h) Estresse
i) Negligencia ou imprudência

1.6. Consequências do erro da administração

Carvalho e Cassiani (2019) referem que os medicamentos administrados


erroneamente podem afetar os pacientes, e suas consequências podem causar:

a) Prejuízos/danos,
b) Reações adversas,
c) Lesões temporárias,
d) Permanentes e até a morte do paciente,

Assim tendo em cinta as consequências Carvalho e Cassiani (2019)


ressaltam ainda seis pontos para evitar erros na medicação:

1. Apoiar uma cultura de segurança;


A cultura de segurança é essencial para que nós possamos corrigir o
problema de erro frequente e danos. Não podemos eliminar o erro totalmente, é
uma função humana e todos nós somos falíveis, mas não intencionalmente. A
cultura dos valores fundamentais da segurança demonstra um compromisso
coletivo e sustentado para enfatizar a segurança com relação aos objetivos
concorrentes, de acordo com a Associação Americana de Enfermeiros. Estas
culturas estão abertas, apoiam a confiança, fornecem recursos adequados,
aprendem com os erros e são baseadas em transparência.

2. Comunicar-se bem

Tudo gira em torno da comunicação e da colaboração. A enfermagem deve


falar se observa algo inseguro prestes a acontecer, tal como o equipamento não
funcionar ou se precisa de ajuda para movimentar um paciente. Às vezes, os
enfermeiros podem trazer essas questões através da governança compartilhada,
quando a administração realiza rounds em unidades assistenciais. A comunicação
entre os turnos pode ser repleta de informações perdidas. Passagens de plantão
são definitivamente momentos onde os riscos são altos.

3. Executar cuidados básicos e seguir listas de verificação

Coisas muito simples, como o fornecimento de cuidados orais e a mudança


de decúbito dos pacientes, são muito importantes e não devem ser
ignoradas. “Existe uma associação entre a atenção dispensada e aumentou de
erro e danos.. “A maioria das pessoas diz que um evento adverso aconteceu
porque elas não tiveram tempo para fazer tudo.” Estudos mostram que a boa
higiene bucal pode reduzir o risco de pneumonia. E um paciente sem mudança de
decúbito adequada pode desenvolver uma úlcera de pressão. O Memorial
Healthcare utiliza técnicas de gestão dos recursos da equipe, tais como listas de
verificação e pedidos de tempo antes de procedimentos e descobriu que isso
reduziu erros assistenciais. E tem focado que os os enfermeiros controlem
a necessidade do paciente usar o banheiro, ser reposicionado ou prover o alívio
da dor

4. Envolver os seus pacientes


Não há dúvida, melhorar o engajamento do paciente melhora a segurança
dos cuidados. . Isso inclui questionar o paciente sobre seus objetivos e escutar
quando surgem perguntas do paciente sobre o cuidado que está sendo dado. Por
exemplo, verifique se o paciente diz: Eu nunca tinha usado esse medicamento”, ou
“Esse medicamento não me parece familiar”. O Memorial tomou um passo além,
criando um registro de administração de medicamentos “amigável”, que é
oferecido ao paciente a cada dia. Isso tem servido bem como uma verificação
cruzada. Pacientes e famílias do Memorial estão habilitadas para chamar um
sistema de “ajuda de alerta”, se eles sentem que seus cuidadores não estão
abordando as suas necessidades atuais. As chamadas são triadas e atribuídas à
pessoa apropriada. Isso faz com que os pacientes e suas famílias se sintam
seguros. Uma das maiores coisas para evitar erros é fazer com que o paciente o
seu aliado.
5. Aprender com os incidentes e quase-erros
Para evitar erros, precisamos entender o que os provocou,recomendado
uma abordagem baseada no sistema, utilizando um diagrama espinha de peixe
para a análise de causa raiz, metodicamente para todos os eventos. Enfermeiros
podem obter treinamento para aprender mais sobre o processo. A discussão e
investigação sobre uma queda ou outro acidente deve acontecer
imediatamente,de modo que os detalhes não são esquecidos.

6. Envolver-se
Enfermeiros interessados na segurança podem se transformar em agentes
de segurança do paciente, ou atuar em equipes de gestão de segurança. A
enfermagem à beira do leito tem algumas das melhores e mais criativas ideias e
pode reconhecer o que poderia dar errado.

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