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I.

INTRODUÇÃO

Os medicamentos curam, prolongam a vida e retardam o aparecimento de complicações


associadas às enfermidades, podendo facilitar o convívio entre o indivíduo e a doença. O
aperfeiçoamento científico dos medicamentos abriu duas vertentes, facilitando esta relação:
uma resultante do processo de prescrição, dando significado a uma importante ferramenta
terapêutica para abrandar o sofrimento humano; outra, relacionada ao seu uso, que traz
prejuízos inestimáveis à população, sendo considerada, também, um problema de saúde
pública mundial (AVORN, 1995; ANACLETO et al., 2010).
Segundo constatações da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), 15% da população
mundial consomem mais de 90% da produção farmacêutica e 50% de todos os medicamentos
são prescritos, dispensados ou usados incorrectamente. Por outro lado, de 25-70% do gasto
em saúde nos países em desenvolvimento correspondem a medicamentos, em países
desenvolvidos, tal percentual é de 15%. Somente 50% dos pacientes, em média, fazem uso
correctamente dos fármacos e os hospitais gastam de 15% a 20% de seus orçamentos para
lidar com complicações causadas pelo mau uso de medicamentos e ainda de todos os
pacientes que dão entrada em pronto-socorro com intoxicação, 40% são vítimas dos
medicamentos (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE - OPAS, 2007).
Jonhston e Bootman (1995) apontam a morbi mortalidade relaccionada ao uso incorrecto de
medicamentos como uma das principais causas de despesas com pacientes. Os dados acerca
do mau uso de medicamentos são alarmantes. Aproximadamente um terço das internacções
ocorridas no país tem como origem o uso incorrecto de medicamentos (AQUINO, 2008).
De forma efectiva, essa problemática poderia ser diminuída através de diagnósticos e
prescrições correctas (JONHSTON; BOOTMAN, 1995). A terapia medicamentosa não pode
ser bem-sucedida se o processo de prescrição, preparação e administração não for realizado
correctamente (BARKER et al., 2002).
Nas últimas décadas, o uso de medicamentos e seus efeitos nos pacientes têm ocupado lugar
de destaque nas investigações, pelo facto de poderem comprometer a segurança dos pacientes
e a qualidade da assistência a eles prestada (OLIVEIRA, 2005).
Segundo estudo realizado em Harvard, as reacções adversas a medicamentos naquele país são
muito mais comuns entre pacientes hospitalizados, podendo superar inclusive os acidentes
automobilísticos e a violência (BRENAN et al., 1991, apud WONG, 2003).

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Estima-se que a prescrição incorrecta pode acarretar gastos de 50 a 70% a mais nos recursos
governamentais destinados a medicamentos (LE GRAND, 1999). Ao contrário, quando
utilizados de forma correcta, os medicamentos representam o recurso terapêutico mais
frequente quanto ao custo efectividade no campo da saúde pública (MARIN et al., 2003).
As não conformidades em prescrição constituem um índice expressivo entre os erros de
medicação e, muitas vezes, essas ocorrências não são detectadas, resultando em deficiência na
terapêutica (ROSA et al., 2009).
A ausência de informações importantes, como dose, via de administração, forma
farmacêutica, posologia, tempo de tratamento, assim como ausência de legibilidade e
prescrições ambíguas podem levar a tratamentos ineficazes e a prejuízos terapêuticos
(ARRAIS; BARRETO; COELHO, 2007; CASSIANI, 2005).

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1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

As receitas médicas escritas, muitas vezes, de maneira incompreensível, representam um sério


risco à saúde, reduzindo a qualidade da assistência à saúde de diversas maneiras, sejam pelo
desperdício de tempo e dinheiro, sejam pelos danos aos pacientes, e, até mesmo, pelas
disputas jurídicas. As letras dos médicos, muitas vezes, são motivos de piadas, porém,
representam um sério problema, à medida que podem gerar riscos à saúde, podendo levar à
morte de pacientes (BRUNER; KASDAN, 2001).
A grande quantidade de fármacos disponíveis no mercado, os frequentes lançamentos e a
amplitude de interacções de medicamentos juntamente com as reacções adversas, suscitam
que essa importante etapa do processo de atendimento seja susceptível a erros (DEL FIOL,
1999).
O aumento na emissão de prescrições médicas erróneas, no que diz respeito aos erros no
preenchimento de informações necessárias e obrigatórias, onde a ausência destas pode causar
grandes danos à saúde e a terapia do paciente, além de impacto na saúde pública.
Com base neste contexto, para evidenciar melhor a nossa pesquisa partimos da seguinte
questão:
Qual é a importância do farmacêutico na leitura da prescrição médica na farmácia
mecofarma?

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1.2. JUSTIFICATIVA

Durante o percurso como funcionaria da mecofarma pude perceber um elevado número de


pessoas que têm passado por erros de prescrição médica. Desta forma, escolhemos este tema
porque constitui uma grande causa de morte.
A importância deste estudo se dá pela existência de erros durante a elaboração da prescrição,
que afecta o seguimento do tratamento medicamentoso, e causa incómodos a diferentes
profissionais da saúde, responsáveis por dar continuidade ao tratamento, A necessidade de
evitar um contacto com prescritor para sanar dúvidas ou colectar informações referentes à
prescrição, são queixas comuns relatadas por estes profissionais.
Além das informações presentes, a legibilidade também irá influenciar na qualidade desta
ferramenta de tratamento. Isso porque, a não compreensão das informações podem gerar
riscos de dispensação errada da medicação por parte das farmácias e uso inadequado por parte
do paciente, uma vez que não compreende o receituário.
Acreditamos que o resultado da nossa investigação poderá contribuir para o melhoramento da
assistência quanto a prescrição médica.

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1.3 OBJECTIVOS

Geral

 Avaliar a importância do farmacêutico na leitura da prescrição médica na farmácia


mecofarma.
Específico

 Caracterizar os farmacêuticos segundo os dados sociodemográficos: Idade, Género, tempo


de serviço e formação permanente.
 Identificar o conhecimento sobre a prescrição médica;
 Analisar os tipos de receituários atendidos;
 Avaliar a legibilidade das informações prescritas;
 Avaliar a presença de informações essenciais nas prescrições colectadas;

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II REFERENCIALTEÓRICA

2.1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS

A Atenção Farmacêutica é definida como uma actividade pertencente à Assistência. Esta é


uma grande área composta por duas subáreas distintas, porém complementares; uma
relacionada à tecnologia de gestão do medicamento (garantia de acesso) e a outra relacionada
à tecnologia do uso do medicamento (correcta utilização do medicamento), em que se
enquadra uma especialidade privativa do farmacêutico. (Araújo, 2008)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta alguns erros e sugestões de elaboração de
prescrições. Metade de todos os medicamentos é prescrita ou dispensada de forma incorrecta
provocando o uso inadequado por parte dos pacientes (ALMEIDA et al., 2013).

A prescrição é o principal material de terapia do paciente enfermo. Nela, consta a terapia


medicamentosa, essencial para reabilitação do bem-estar do paciente. É elaborada após
avaliação do quadro clínico do paciente, devendo ser de acordo com o diagnóstico.

Erro de medicação é qualquer evento evitável que pode causar ou induzir ao uso
inapropriado do medicamento ou prejudicar o paciente, enquanto a medicação está sob o
controle de um profissional de saúde, paciente ou consumidor.

Medicamento: é produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com


finalidadeprofilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.
Médico é o profissional autorizado pelo Estado para exercer a Medicina; se ocupa da saúde
humana e/ou animal, prevenindo, diagnosticando, tratando e curando as doenças, o que requer
conhecimento detalhado de disciplinas acadêmicas (como anatomia e fisiologia) por detrás
das doenças e do tratamento - a ciência da medicina - e também competência na sua prática
aplicada - a arte da medicina.(DICIONÁRIO DE LINGUA PORTUGUESA)

O farmacêutico é o profissional da área de saúde que possui uma formação académica


voltada para as ciências farmacêuticas, mas também com conteúdo em outras áreas
científicas.

Interacções medicamentosas são tipos especiais de respostas farmacológicas, em que os


efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela administração simultânea ou anterior
de outros, ou através da administração concorrente com alimentos. (SECOLI, 2001)

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2.2 BREVE HISTORIAL SOBRE A LEITURA DA PRESCRIÇÃO
MÉDICA.
A revolução terapêutica surgiu na década de 70, com o desenvolvimento de novos fármacos e
sistemas de liberação, o que obviamente criou grandes expectativas nas actividades da saúde e
vem desde então, produzindo efeitos benéficos. Porém, deve se redobrar a atenção para os
possíveis efeitos adversos da terapia medicamentosa, especialmente quando eles emergem
após uso prolongado nos tratamentos crónicos (SILVA, 2000).

Ao dispensar o medicamento ao usuário, o farmacêutico pode realizar várias actividades.


Avaliar a prescrição sempre foi uma actividade do farmacêutico com a intenção de detectar
possíveis erros, dar a orientação correcta sobre o uso do medicamento, prevenir e resolver
problemas relacionados a medicamentos, educar o usuário para a adesão ao tratamento e
orientá-lo para o auto cuidado em saúde (SILVA, 2007).

A prescrição ou receita médica representa um instrumento essencial para a terapêutica e para


o uso racional de medicamentos. Nela devem constar todas as informações necessárias sobre
o uso correcto do medicamento como: dose, via de administração, frequência, forma
farmacêutica e duração de tratamento, efectuada por um profissional legalmente habilitado. A
prescrição médica vale, portanto, um importante factor para a qualidade do uso de
medicamentos, embora o ato da prescrição sofra influências do conhecimento do prescritor,
das expectativas do paciente e da indústria farmacêutica (MARIN et al., 2003; BRASIL.,
1998, apud FARIAS et al., 2007).

Segundo o Manual de Orientações Básicas para Prescrição Médica, organizado por Madruga e
Souza (2009), a prescrição médica é composta por dados essenciais como:

1. Cabeçalho – impresso que inclui nome e endereço do profissional ou da instituição onde


trabalha (clínica ou hospital); registo profissional e número de cadastro de pessoa física ou
jurídica, podendo conter, ainda, a especialidade do profissional.

2. Super inscrição – constituída por nome e endereço do paciente, idade, quando pertinente, e
sem obrigatoriedade do símbolo ℞ , que significa: “receba”; por vezes, esse último é omitido,
e, em seu lugar, se escreve: “uso interno” ou “uso externo”, correspondentes ao emprego de
medicamentos por vias enterais ou parenterais, respectivamente.

3. Inscrição – compreende o nome do fármaco, a forma farmacêutica e sua concentração.

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4. Subscrição – designa a quantidade total a ser fornecida; para fármacos de uso controlado,
essa quantidade deve ser expressa em algarismos arábicos, escritos por extenso, entre
parênteses.

5. Adscrição – é composta pelas orientações do profissional para o paciente. 6. Data e


assinatura.

Dos mesmos autores, alguns dados são considerados facultativos em uma prescrição médica,
tais como: peso, altura, dosagens específicas como usadas na Pediatria. O verso do receituário
pode ser utilizado para dar continuidade à prescrição, aprazamento de consulta de controle, e
para as orientações de repouso, dietas, possíveis efeitos colaterais ou outras informações
referentes ao tratamento. Inúmeras teorias procuram explicar a prescrição médica. Alguns
médicos usam o símbolo ℞ precedendo suas prescrições, porém, não é um simples “R” e “X”,

e sim, uma derivação das três partes que compõem o Olho de Horus, contendo uma
simbologia com muitas explicações sobre sua origem. “Uma delas é de que o símbolo deriva
do “Olho de Horus” ou “Olho Sagrado”, um símbolo mitológico do Egipto antigo, que
significa protecção, restabelecimento da saúde, intuição e visão” (AMATO, 2011).

Para Wannmacher e Ferreira (1998), O símbolo ℞ faz alusão ao olho esquerdo de Horus,
arrancado por Seth em uma batalha. Ele foi restaurado por um deus, daí sua simbologia de
cura. Usado pelos egípcios para afastar má sorte, perigo e doença, o símbolo tem sido usado
por séculos, representando saúde e proteção. Outra teoria originada do latim é de que
“recipere” significa recuperação, e outra é que ℞ representa uma invocação a um deus romano,
uma prece, para que o tratamento seja efectivo. Para o Conselho Federal de Medicina – CFM
(2006), o ‘olho de Horus’ vem para iluminar o médico no momento de prescrever os
medicamentos capazes de curar.

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2.3 CUIDADOS FARMACEUTIOS NA LEITURA DE PRESCRIÇÃO
MÉDICA.
O cuidado farmacêutico constitui a acção integrada do farmacêutico com a equipe de saúde,
centrada no usuário, para promoção, protecção e recuperação da saúde e prevenção de
agravos. Visa à educação em saúde e à promoção do uso racional de medicamentos prescritos
e não prescritos, de terapias alternativas e complementares, por meio dos serviços da clínica
farmacêutica e das actividades técnico-pedagógicas voltadas ao indivíduo, à família, à
comunidade e à equipe de saúde. (OMS, 2001)

Do ponto de vista histórico, a prática farmacêutica assistencial e centrada no paciente inicia-se


em meados de 60, com o movimento da farmácia clínica nos serviços hospitalares. Algumas
décadas depois, a farmácia clínica passou a abranger, enquanto área de actuação farmacêutica,
todos os pontos e níveis de atenção à saúde, e incluir todas as actividades clínicas do
farmacêutico, tanto de suporte à equipe de saúde, como voltadas ao cuidado directo do
paciente. Assim, a farmácia clínica contemporânea incorpora a filosofia de prática que ficou
conhecida no Brasil como atenção farmacêutica ou cuidado farmacêutico, do termo original
em inglês “pharmaceuticalcare” (AMERICAN COLLEGE, 2008).

O cuidado farmacêutico ao usuário visa promover a utilização adequada dos medicamentos,


com foco no alcance de resultados terapêuticos concretos. Essas acções são desenvolvidas no
interior dos pontos de atenção à saúde, primários, secundários e terciários, de forma
colaborativa com a equipe de saúde, e situam se no campo do uso racional dos medicamentos
(ARAUJO; UETA; FREITAS, 2005; SOLER et al., 2010; CORRER; OTUKI; SOLER, 2011;
GOMES et al., 2010). A participação activa do farmacêutico nas equipes multiprofissionais é
vista como necessidade para o redesenho do modelo de atenção às condições crónicas e para
melhoria dos resultados em saúde, particularmente no nível dos cuidados primários
(MENDES, 2012). Como cita o próprio Ministério da Saúde: “é importante destacar que a
melhoria do sistema de saúde, com ênfase na qualidade da atenção primária em saúde, com
investimentos na educação continuada de recursos humanos, na atenção farmacêutica e em
outras áreas estratégicas, resultará em melhora do manejo para o conjunto das Doenças
Crónicas Não Transmissíveis (DCNT)” (BRASIL, 2011b).

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2.4 AS PRESCRIÇÕES MÉDICAS COMO FACTOR CONTRIBUINTE
PARA O ERRO DE MEDICAÇÃO.

A prescrição de medicamentos é um instrumento de comunicação entre médico/paciente e


médico/profissionais de saúde, devendo conter o máximo de informações possíveis para que
ocorra a sua compreensão de modo a favorecer o entendimento daqueles que a manuseiam. E
por se tratar de uma forma de comunicação, a prescrição hospitalar deve ser legível, clara e
completa, apresentando em geral, o nome, número de registo e leito do cliente, a data, nome
do medicamento a ser administrado, a dosagem, a via, a frequência e/ou horário de
administração, a duração do tratamento (no caso dos antibióticos, por exemplo), a assinatura
legível do médico e o número de seu registo no conselho de classe correspondente (CRM,
2007).

De acordo com Pepe e Castro (2000), a prescrição medicamentosa é o resultado de uma série
complexa de decisões que o profissional vai tomando durante a consulta, após entrar em
contacto com o paciente. Desta maneira ela constitui documento legal pelo qual se
responsabilizam o prescritor (médico, médico-veterinário e cirurgião dentista), Quem
dispensa o medicamento (farmacêutico) e quem o administra (equipe de enfermagem),
estando sujeitos a legislações de controle e vigilância sanitários (GONÇALVES, 2004).

A elaboração de uma prescrição médica não é fácil de dominar com proficiência. Quando se
fala de prescrição adequada, quer-se dizer a prescrição do fármaco apropriado, na dose
correcta de uma formulação adequada, na frequência correcta de administração e por um
período de tempo apropriado (GRAHAME-SMITH; ARONSON, 2004).

As prescrições médicas hospitalares podem ser classificadas em três tipos: Prescrições


escritas, verbais ou eletrônicas: -Prescrições Escritas (ou Manuais) Padrão podem ser auto
limitadas, ou seja, requerem uma acção imediata, e apenas naquele momento; ou contínua,
abrangendo um período de 24 horas (CASSIANE, 2000a). -Prescrições Verbais são aquelas
cujas informações são transmitidas verbalmente e devem ser evitadas, visto que podem ser
compreendidas erroneamente. Entretanto, em situações de urgência, pode não ser possível
evitá-las. Sendo assim, sugere-se que ela seja repetida em voz alta, de modo que o médico
possa verificar a sua total compreensão (CASSIANE, 2000a; CABRAL, 2002). -Prescrições
Eletrônicas são aquelas nas quais se utiliza um sistema computadorizado, podendo variar em
seu formato, desde sistemas bem estruturados e que alertem o prescritor quanto às alergias,

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interacções medicamentosas e doses máximas, até sistemas mais simples onde as informações
são digitadas pelo médico ou transcritor e enviadas directamente, ou por fax, à farmácia,
evitando-se, desta maneira, as indesejáveis dificuldades com a letra ilegível, ou prescrições
ambíguas e incompletas (CASSIANE et al., 2002; KAUSHAL et al., 2003; FREIRE et al.,
2004).

As prescrições médicas têm papel ímpar na prevenção do erro e, actualmente sabe se que
prescrições ambíguas, ilegíveis ou incompletas, bem como uma falta de padronização da
nomenclatura de medicamentos prescritos (nome comercial x genérico); o uso de abreviaturas
e a presença de rasuras são factores que podem contribuir com os erros de medicação
(WINSLOW et al., 1997; COHEN, 1999; CASSIANE et al., 2003).

Por conseguinte, estudos têm revelado que a maioria destes erros é iniciada nesta fase,
necessitando de serem implantadas melhorias em sua elaboração para que os erros possam ser
minimizados (KAUSHAU et al., 2001a; ALLARD et al., 2002; WINTERSTEIN et al., 2004).

O erro de prescrição refere-se a qualquer erro cometido durante a redacção do nome do


medicamento, da forma farmacêutica, dosagem, via de administração; ou por qualquer
omissão destes itens, além dos erros no cálculo das doses, nos decimais, medicamentos com
nomes similares, uso de abreviações, frequência do regime terapêutico incomum, regimes
terapêuticos complicados, presença de quaisquer interacções medicamentosas e uma pobre
coleta de dados sobre a história do paciente (LESAR et al.,1997; FONTAN et al., 2003).

Os erros de prescrição podem ser classificados da seguinte forma:

1. Nome do medicamento errado;

2. Forma farmacêutica errada;

3. Dose errada;

4. Via de administração errada;

5. Frequência de administração errada;

6. Paciente errado;

7. Prescrição ilegível;

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8. Omissão de informações, incluindo nome e do prescritor e data.

 Prescrição por DCI

Figura 1. Esquema de prescrição por DCI (INFARMED I.P., 2013)

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2.5 USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS E A PRESCRIÇÃO

Uma prescrição pode conter diversos erros. Por isso, a OMS (2002) preconiza indicadores
para correcta elaboração do receituário. Estes indicadores servem como base para promover o
URM. Tais indicadores são uma maneira de descrever e avaliar com segurança os aspectos
que irão afectar a actuação do profissional farmacêutico nos diferentes centros de saúde
(SOUZA et al., 2013).

2.6 USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS


O aumento da média de medicamentos pode relatar uma possível falha quanto ao URM,
devendo assim ser tomada medidas investigativas e, consequentemente acções de
conscientização dos prescritores, quanto as necessidade real de todos os medicamentos
prescritos.

2.7 REQUISITOS OBRIGATÓRIOS

Os indicadores de qualidade estabelecidos pela OMS (2002) são usados para medir a
qualidade das informações contidas na prescrição, mas outras informações de relevância
terapêutica são exigidas nos receituários, auxiliando na terapia do paciente. Estabelece
condições pertinentes ao receituário médico, além das informações essenciais que devem
constar na prescrição elaborada, são eles: nome do paciente, data e endereço da clínica ou
consultório de atendimento, nome do medicamento, concentração, dosagem, posologia, forma
farmacêutica, via de administração, frequência, horário de administração, assinatura e registo
no Conselho do profissional prescritor, e de forma legíveis e sem rasuras. Estes requisitos são
obrigatórios a todos os prescritores. Segundo Abjaude et al. (2012), foram avaliadas as
conformidades destas informações, perante a legislação vigente, foram avaliadas.

Neste estudo foram observadas se as prescrições estavam legíveis, tal como a presença de
informações obrigatórias que são a identificação do profissional; do paciente; das substâncias;
dosagem; forma farmacêutica; posologia; endereço e data da consulta, além das interacções e
aspectos farmacológicos. O estudo demonstrou a má qualidade em relação às prescrições de
medicamentos, o que indica a falta de preparo dos profissionais prescritores ou mesmo a
despreocupação em seguir as normas de prescrição.

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2.7.1 Legibilidade

A legibilidade é o principal requisito durante a elaboração do receituário médico. Uma


prescrição legível auxilia principalmente no URM, uma vez que não gera dúvidas quanto à
medicação a ser dispensada, dosagem, intervalo entre as dosagens e outros factores, quando
feitos de forma coerente. Rasuras também são encontradas nas prescrições. A correcta
prescrição favorece a comunicação entre os profissionais envolvidos nos cuidados da saúde e
bem-estar da população. Em estudos realizados, foi verificado que estes critérios não são
seguidos. Através da análise de prescrições em duas drogarias de uma cidade, constatou-se a
ausência do seguimento destas normas. Apesar das baixas incidências nos receituários, a
ilegibilidade e rasuras podem levar a dúvidas durante a leitura do receituário, resultando em
erros de medicação e possíveis danos ao usuário (BATISTA et al., 2012).

2.8 INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS

Outro factor que deve ser investigado durante a análise da qualidade da receita médica é as
informações que neles devem estar contidas. Este indicador auxiliará tanto a dispensação
correcta da terapia medicamentosa prescrita, quanto à utilização da medicação de maneira
correcta. Alguns itens são importantes constar no receituário, pois, a ausência da informação
pode levar ao uso incorrecto da medicação, podendo levar a danos ainda maiores na saúde de
seu usuário.

Desta maneira, para que não se tenha nenhum equívoco durante o uso da medicação, as
informações constantes nas receitas médicas deve cumprir as seguintes considerações sendo
considerados requisitos obrigatórios:

 Nome do paciente;
 Data de realização da prescrição;
 Nome do medicamento a ser administrado;
 Dosagem;
 Via de administração;
 Forma Farmacêutica;
 Posologia;
 Frequência/horário de administração;
 Assinatura e número de registo do medico na ordem na e da área de actuação.

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Nas prescrições de medicamentos, deve-se conter informações de identificação do paciente e
outras necessárias para que o tratamento medicamentoso seja realizado. Estas informações
contribuem para a correcta dispensação e utilização da medicação.

2.9 INDICADORES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

Além da legibilidade das prescrições manuscritas, as informações nelas contidas são também
de relevância nos estudos quanto ao uso de medicamentos na população. Sendo assim, a OMS
estabelece indicadores para estudos através da análise deste documento. Estes indicadores são
considerados ferramentas de estudo da qualidade de prescrições dispensadas no atendimento à
saúde de uma população. A organização preconiza seguintes indicadores:

 Número médio de medicamento por prescrição;


 Percentagem de medicamentos prescritos pela denominação genérica;
 Percentagem de prescrições com pelo menos um antimicrobiano;
 Percentagem de prescrição com pelo menos um injectável;
 Percentagem de medicamentos prescritos que pertencem a lista de Medicamentos
Essenciais.

Fröhlich & Mengue (2011) sugerem que estes indicadores devem ser revistos, pois, podem
estar ultrapassados. Durante estudo realizado, são feitas as avaliações das prescrições perante
os indicadores propostos como também, são sugeridos novos indicadores para aplicação.

2.10 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA


A Assistência Farmacêutica não está restrita apenas à produção e distribuição de
medicamentos, mas a todo conjunto de procedimentos importantes para amparar, prevenir e
restabelecer a saúde, colectiva e individual, centrado no medicamento. Com esta percepção, a
Assistência Farmacêutica engloba actividades como pesquisa, produção, distribuição,
armazenamento, prescrição e dispensação, onde dispensação consideradas um acto
importantíssimo (ENCONTRO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E
POLÍTICA DE MEDICAMENTOS, 1988).

A principal função da assistência farmacêutica é proporcionar ao paciente uma melhor


compreensão da sua doença ou condição, auxiliar na proposta terapêutica, e como usar
correctamente um medicamento (CFF, 2013).

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A Assistência Farmacêutica é parte indispensável nos processos de atenção à saúde em todos
os níveis de complexidade. Tanto para o âmbito hospitalar e como em outros serviços de
saúde definidos nessa política, dadas às características das acções desenvolvidas e dos perfis
dos usuários atendidos, torna-se essencial que as actividades do serviço de farmácia sejam
executadas de forma que garantam efectividade e segurança no processo de utilização dos
medicamentos, valorizando resultados clínicos e económicos. Ao longo dos anos, vários
esforços têm sido realizados para promover o uso racional de medicamentos, diminuindo os
custos e efeitos adversos decorrentes da utilização incorrecta dos mesmos (GOMES, 2001).

Segundo Marin et al., (2003) para chegar aos resultados positivos e necessárias gerências,
utilizando eficientemente os recursos de assistência farmacêutica, um bom agenciamento é
fruto de conhecimento, os profissionais necessitam ter habilidades e atitudes para resolver
problemas com eficiência. Actuar nas acções de planeamento, execução, acompanhamento e
avaliação dos resultados. Esta é permanente, pois a avaliação dos resultados resultara em
novos planeamentos, novas execuções, novos acompanhamentos e novas avaliações.

Pode-se observar que a Assistência Farmacêutica possui funções e responsabilidades nos


diversos âmbitos da área de saúde, mesmo que todas essas acções sejam importantes por que
garantem o abastecimento e o acesso dos medicamentos aos usuários, não podem ser
desconsideradas as acções que promovam seu uso correcto, e essas iram fortificar o conjunto
de actividades que compõem a Assistência Farmacêutica. Nesse sentido, constata-se a
relevância do processo de dispensação, já que está cria oportunidade de proporcionar aos
usuários condições favoráveis para que sejam informados e orientados sobre os medicamentos
(SILVA et al., 2008)

2.11 Atenção farmacêutica


A atenção farmacêutica é definida como um modelo de prática farmacêutica desenvolvida no
contexto da assistência farmacêutica. Na atenção farmacêutica, busca-se a promoção de
atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e com responsabilidades
na prevenção de doenças e na promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe
de saúde. Para (RODRIGUES et al. 2010), a atenção farmacêutica pressupõe a realização de
condutas por parte do profissional farmacêutico relacionada a intervenções em saúde, que
incluem a intervenção farmacêutica, como aspecto do acompanhamento farmacoterapeutico.
(TORRES, 2011)

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A atenção farmacêutica é uma nova filosofia de prática, na qual o farmacêutico assume a
responsabilidade pelo planeamento, orientação e acompanhamento do tratamento
farmacológico visando a uma terapia efectiva. Neste processo, o profissional farmacêutico
passa a ser corresponsável pela farmacoterapia, uso racional de medicamentos e melhoria da
qualidade de vida do paciente, assim como passa a ter actuação mais activa nas equipes
multiprofissionais. (Martins et al., 2008).

A interacção directa do farmacêutico com o usuário, visando a uma farmacoterapia racional e


à obtenção de resultados definitivos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de
vida. Nesta interacção também devem estar envolvidas as concepções dos seus sujeitos,
respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, sob a óptica da integralidade das acções
de saúde. (Torres, 2011)

A prática da atenção farmacêutica encontra-se, geralmente, voltada para as acções


programáticas, priorizando grupos específicos como, por exemplo, a criança, o adolescente e
o idoso. Uma das principais preocupações da atenção farmacêutica é o consumo de
medicamentos sem prescrição, porque vem assumindo enormes proporções e recentemente
passa a ser considerado como um importante problema de saúde pública. Na visão de Scarcela
et al. (2011), a atenção farmacêutica é a “provisão responsável do tratamento farmacológico
com o propósito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida dos
pacientes. ” Caracteriza-se, na visão destes autores, como uma prática recente da actividade
farmacêutica, priorizando a orientação e o acompanhamento farmacoterapêutico e a relação
directa entre o farmacêutico e o usuário de medicamentos. (Martins et al., 2008).

A atenção farmacêutica baseia-se, justamente, na capacidade de o farmacêutico, com visão e


postura interdisciplinar, integradora e formadora, assumir, frente a seus pacientes, as
responsabilidades relacionadas ao uso racional dos medicamentos e insumos por meio de um
acompanhamento sistemático e documentado. (SCARCELA et al 2011), actualmente, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras Associações Farmacêuticas de relevância
internacional consideram que a atenção farmacêutica é actividade exclusiva do farmacêutico e
que este deve tê-la como prioridade para o desenvolvimento pleno de sua profissão. (TORRE,
2011).

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3. METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa, que foi realizado
na farmácia Mecofarma.

3.2 Local do estudo

O estudo foi realizado nas redes de farmácia Mecofarma localizado no Talatona, Brisas de
Talatona Bloco 1 Tal-ZR9-GUO 1BURG101 Comuna do Benfica, Município de Belas, Rua
Presidente Marien N´gouabi n.º 47 Bairro da Maianga, estrada lar do patriota s∕n, Galerias
Patriota Belas, Patriota, Luanda. A escolha deste local para a realização deste estudo deveu-se
pelo facto de eu ser funcionário da mesma farmácia.

3.3 População em estudo

O universo foi constituído por 30 farmacêuticos da farmácia Mecofarma e foram


seleccionados uma amostra de 26 farmacêuticos.

3.4- Tipo de amostra e técnicas de amostragem

A amostra foi constituída por 26 farmacêuticos usando amostra por conveniência.

3.5 Variáveis em estudo

Foram estudadas as seguintes variáveis de acordo com os dados sociodemográficos:

 Idade
 Sexo
 Categoria profissional
 Categoria profissional
 Tempo de serviço
3.6 Critérios de inclusão e exclusão

Foram incluídos todos os farmacêuticos da farmácia Mecofarma que aceitaram participar


voluntariamente no estudo.

31
Foram excluídos todos os farmacêuticos que não trabalham na área de atendimento e
isolaram-se por qualquer motivo e não mostraram qualquer interesse.

3.7 ˗ Procedimentos

3.7.1 - Procedimentos éticos

Para autorização de recolha de dados foi apresentado uma credencial passado pelo Instituto
Superior da Ciência da Saúde solicitando á autorização á direcção da farmácia Mecofarma.
Aos Farmacêuticos participantes do estudo foi lhes entregue um termo de consentimento livre
e informado (Apêndice A).

3.7.2 -Procedimentos de recolha de dados

A recolha de dados foi realizado de forma manual com base num questionário (Apêndice B),
com uma parte estruturada para colectar os dados de caracterização dos Farmacêuticos outra
parte semi estruturada com a questão de Avaliar o conhecimento dos farmacêuticos da
farmácia Mecofarma sobre as interacções medicamentosas, no IIº Trimestre de 2018.

3.7.3- Procedimento de análise e processamento de dados

Os dados foram analisados através do programa EPI-INFO e informatizados no programa


Microsoft Office Word 2007 e apresentação dos resultados feitos por meio de tabelas.

32
CAPITULO V- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1˗ Distribuição dos farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo a idade.

IDADE Frequência %
20 24 1 4
25 29 14 54
30 34 2 8
35 39 4 15
40 44 5 19
TOTAL 26 100
A tabela n 1 mostra que dos 26 inqueridos 54% tinham idade compreendida entre os 25 aos 29
anos e 1 tinha idade compreendida entre os 20 aos 24.

Desta realidade, percebe-se que os serviços, particularmente onde o presente estudo foi
realizado, está sendo exercido por profissionais farmacêuticos com idade adequada, e que
pode gerar melhor rendimento. Acreditamos que este facto está relacionado com a constante
renovação da força de trabalho que a farmácia em si tem levado a cabo através de ingresso de
novos funcionários na rede de farmácia Mecofarma.

Para Kurgant, (1991) quanto maior for a idade do profissional, maior será a responsabilidade
e entrega pelo trabalho que presta em prol da sociedade.

A maioria de idades compreendidas entre 25 – 29 anos, justifica – se devido a uma grande


parte da população angolana ser jovem, segundo o censo realizado em Angola em 2014.

33
TABELA 2. Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo o sexo.

SEXO Frequência %

Masculino 10 38

Feminino 16 62

TOTAL 26 100
A tabela n 2 mostra que dos 26 inqueridos 62% eram do sexo feminino e 38% do sexo
masculino.

Os dados obtidos nesta tabela, são semelhante aos encontrados por BARLIM (2003), num
estudo realizado com profissionais de saúde num hospital em Espanha, e outro estudo
realizado por PEDRO (2005), num hospital em Angola, em que o género predominante foi o
feminino, onde a história regista que a maior força de trabalho na área de saúde são as
mulheres.

Padilha e Mancia (2005 apud PIRES e VASCONCELOS 2011) referem que, uma forma de
explicar o porque da grande maioria dos enfermeiros serem do sexo feminino está relacionada
a fundadora ou iniciadora da profissão Florence Nithingale e sem contar que o cuidado
antigamente era tarefa das mulheres-irmãs, mães, tias e avôs, dessa forma a perspectiva de
trabalhar na área ainda foca muito a mulher.

34
Tabela 3. Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo as categorias
profissionais.

Categoria dos profissionais Frequência %

Auxiliar Farmacêutico 1 4
Técnico Médio 13 50
Bacharel 8 31
Licenciado 4 15

TOTAL 26 100
A tabela n 3 mostra que dos 26 inqueridos 50% eram técnico médio e 1 era auxiliar
farmacêutico.

Hoje o mercado espera algo mais dos farmacêuticos, pois os profissionais farmacêuticos da
actualidade requerem um conjunto de conhecimento técnico científicos, é preciso que estes
profissionais saibam com mestria lidar equilibradamente com a razão e a emoção, que tenham
conhecimento e atitudes racionais, que desenvolvam competência de assistir a pessoa,
valorizando enfim, o seu desenvolvimento profissional. NASCIMENTO, (2007)

Tem-se a percepção com os resultados desse estudo, que a população estudada possuía na sua
maioria formação acadêmica média o que pode estar relacionada com o facto de que as
instituições que formam licenciados em ciências farmacêuticas começam a lançá-los para o
mercado de trabalho há menos de 6 anos.

35
Tabela 4˗Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo o tempo de
serviço.

Tempo de Serviço Frequência %

1–5 18 69
6 – 10 5 19
11 – 15 3 12

TOTAL 26 100

A tabela n 4 mostra que dos 26 inqueridos 69% tinham de 1 a 5 anos de tempo de serviço e
12% tinham entre 11 a 15 anos de serviço.

MARQUIS, (2005), refere que a experiência profissional isoladamente não significa


competência, é necessário supervisão e formações no domínio de formação continua e
especializada de modo a melhorar e qualificar a assistência de saúde.

O estudo feito por FIGUEIREDO (2003) refere que, a história revela, que quanto maior for o
tempo de exercício profissional numa determinada unidade, maior será a experiência.

36
Tabela 5˗Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo se têm
conhecimento sobre a leitura da prescrição médica.

se têm algum conhecimento sobre a leitura


da prescrição médica Frequência %

SIM 22 85
NÃO 4 15

TOTAL 26 100
A tabela n 5 mostra que dos 26 inqueridos 85% têm conhecimento sobre conhecimento sobre
a leitura da prescrição médica e 15% afirmaram que não têm conhecimento.

A prescrição médica está entre as principais causas que condicionam o surgimento de um


programa relacionados com medicamentos, visto sua forte influência sobre esses problemas
(GURWITZ et al., 2003) caracterizam programa relacionado com medicamento como uma
falha que pode ocorrer durante os processos de prescrição ou monitorização da
farmacoterapia, somando-se aos custos que geram.

Sobre este aspecto, a análise farmacêutica da prescrição e do uso de medicamentos pode


identificar circunstâncias geradoras de programa relacionado com medicamentos,
possibilitando actuação preventiva anterior à ocorrência do resultado clínico negativo
(ZERMANSKI et al., 2001).

Essa análise baseia-se em parâmetros como a existência de duplicidades e interacções


terapêuticas; a existência de subdose ou sobredose e a prescrição de medicamentos
considerados potencialmente inadequados para todas as faixas etárias (CORRER et al., 2007).

37
Tabela 6˗Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo qual foi a origem
da informação.

Qual foi a origem da informação. Frequência %

Dicionário de Especialidades Farmacêuticas 2 7


Revistas especializadas 1 4.5
Micro computadores 1 4.5
Índice terapêuticos 2 7
Livros de farmacologia 20 77

TOTAL 26 100
A tabela n 6 mostra que dos 26 inqueridos 20% afirmaram que a fonte de informação foi o
livro de farmacologia e 4.5% afirmaram micro computador e revistas científicas.

O acesso à informação nas sociedades modernas é muito maior, o que permite uma difusão
dos saberes periciais para o leigo, por meios de comunicação de massa, escolarização da
população, maior acesso a fontes de saúde, que permitem a incorporação do saber pericial
pelo leigo. Deste modo, o saber não é mais fundamentado apenas em aspectos relativos a
crenças, hábitos, costumes e modo de vida. Estas pessoas passam a assimilar o saber
científico, reinterpretando sua prática, de modo a haver uma troca entre o saber sistematizado
na área e o público leigo. (FIGUEIREDO, 2005).

38
Tabela 7˗Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo o Tipos de
receitas a identificar na prescrição médica.

Tipos de receitas a identificar na Frequência %


prescrição médica

Escrita manual 18 69
Digitada 7 27
Mista 1 4

TOTAL 26 100
A tabela n 7 mostra que nos 26 inqueridos 69% afirmaram que têm alguma percepção a
identificar a prescrição médica escrita e 1 afirmou mista.

Segundo a OMS, 1999 mbora isso não seja comprovado cientificamente, a caligrafia dos
médicos é famosa por ser ilegível. A destreza e o cuidado necessário para uma boa escrita
muitas vezes ficam em segundo plano no momento de prescrever, devido à pressa e ao
estresse das múltiplas jornadas de trabalho do médico. Isso abre espaço para que todas as
possibilidades de estilos e formas de letras estejam presentes nas receitas. Devido à
padronização, a digitação e impressão da receita é a alternativa mais recomendada atualmente.

Embora o estudo de Berwick e Winickoff (1996) não tenha sido conclusivo sobre a qualidade
da letra dos prescritores, ele trouxe um dado interessante: as letras irreconhecíveis tinham
relação com a pressa em escrever, resultado similar ao de outro estudo que aponta relação
com a alta quantidade de pacientes atendidos em um setor de emergência (DAWDY,
MUNTER et al., 1997).

39
Tabela 8˗Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo como é feita a
avaliação a legibilidade das informações prescritas.

Como é feita a avaliação a legibilidade Frequência %


das informações prescritas

Legível 17 65
Legibilidade 3 12
Ilegível 2 8
Pouco legível 4 15

TOTAL 26 100
A tabela n 8 mostra que dos 26 inqueridos 65% afirmaram que avaliam a legibilidade das
informações prescrita legível e 2 que representa 8% afirmaram ilegível.

As principais causas de erros, relacionadas às prescrições medicamentosas são: má qualidade


da grafia médica, prescrições incompletas e confusas, transcrição da prescrição, falhas de
comunicação para suspensão de medicamentos prescritos, utilização de abreviaturas não
padronizadas, falta de conhecimento sobre estabilidade, incompatibilidade e armazenamento
de medicamentos, diferentes sistemas de pesos e medidas, especialidades farmacêuticas e
genéricas com grafias semelhantes, ordens médicas verbais e dificuldade de correlacionar à
nomenclatura genérica com as especialidades farmacêuticas e vice-versa (SILVA, 2009).

As prescrições devem ser legíveis, não apresentar nenhum equívoco, sere, datadas e assinadas
com clareza para comunicação entre o prescritor, o farmacêutico e o enfermeiro. Além disto,
uma boa prescrição deve conter informações suficientes para permitir que o farmacêutico ou o
enfermeiro detectem possíveis erros antes de o fármaco ser fornecido ou administrado ao
paciente (AGUIAR et al., 2006).

40
Tabela 9˗ Distribuição dos Farmacêuticos da farmácia Mecofarma segundo como é avaliado
a presença de informações essenciais nas prescrições colectadas na farmácia mecofarma.

como é avaliado a presença de informações essenciais


nas prescrições colectadas na farmácia mecofarma Frequência %

BOM 19 73
MAL 1 4
RAZOAVEL 6 23

TOTAL 26 100
A tabela n 9 mostra que dos 26 inqueridos 73% afirmaram que a presença de informação
essenciais nas prescrições colectadas na farmácia mecofarma é bom e 4% afirmaram mal.

No papel da assistência farmacêutica, ressalta-se o recebimento, a correcta interpretação e


dispensação da prescrição médica, como sendo um digno papel do profissional farmacêutico
(GUZATO; BUENO, 2007).

Este facto se deve porque a prescrição é uma ordem escrita e conduzida ao farmacêutico, onde
se define como o medicamento deve ser entregue ao paciente, e a este, indicando as devidas
condições em que o fármaco deve ser usado (GUZATO; BUENO, 2007). É documento
legalíssimo pelo qual se comprometem o prescritor e quem dispensa a medicação
(farmacêutico), estando sujeito à legislação de controlo e vigilância sanitários (GUZATO;
BUENO, 2007).

É importante uma comunicação efectiva entre os profissionais de saúde com o propósito de


esclarecer as dúvidas perante a uma prescrição de medicamentos e assegurar uma
administração de medicamentos de forma correcta (SANTANA et al., 2012).

Actualmente já se vem usando sistemas de prescrições medicamentosas informatizados, o que


pode diminuir os erros, pois o receituário é escrito de forma legível e padronizado, tornando
assim, o sistema medicamentoso mais seguro (SANTANA et al., 2012).

41
5- CONCLUSÕES

Conclui-se que há grande relevância científica no estudo sobre a importância do farmacêutico


na leitura da prescrição médica na farmácia mecofarma no II° semestre de 2018.
Do total dos farmacêuticos que participaram do estudo tinham idade compreendido entre os
25 aos 29 anos de idade, a maioria era do sexo feminino e eram técnicos médio, tinham mais
de 5 anos de serviço, e a maioria afirmou que têm conhecimento sobre a sobre a leitura da
prescrição médica, quanto a fonte a maioria relatou o livro de farmacologia, sobre o tipos de
receitas a identificar na prescrição médica a maioria afirmou escrita manual, quanto a
pergunta como é feita a avaliação a legibilidade das informações prescritas a maioria afirmou
legível, sobre como é avaliado a presença de informações essenciais nas prescrições
colectadas na farmácia mecofarma a maioria afirmou bom, conclui-se que os profissionais
farmacêuticos onde foi feito o presente estudo têm conhecimento sobre a importância do
farmacêutico na leitura da prescrição médica.

42
6. - SUGESTÕES

Para a direcção da farmácia Mecofarma sugere-se que haja mais formação contínua nos
técnicos farmacêuticos de forma a melhoria a atenção farmacêutica em relação a prescrição
médica.

A direcção do Instituto Superior de Ciências de Saúde (ISCISA), deve construir um


laboratório de farmácia equipados com os materiais laboratoriais essenciais para melhorar a
formação no que diz respeito as aulas práticas; e aumentar o corpo docente afecto ao
departamento de curso de ciências farmacêuticas, de forma a termos profissionais
farmacêuticos qualificados e competentes.

A direcção do Ministério da Saúde que se criem mecanismo para a valorização dos


profissionais farmacêuticos sendo ainda pouco o número de vaga nos concursos públicos.

43
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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