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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

THAYS ATAIDE DE MOURA CANUTO

AUTOMEDICAÇÃO
UM ATO BRASILEIRO A SER EXTINTO

BELFORD ROXO/ 2022


GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

THAYS ATAIDE DE MOURA CANUTO

AUTOMEDICAÇÃO
UM ATO BRASILEIRO A SER EXTINTO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial
à obtenção do título especialista
em FARMÁCIA HOSPITALAR.

BELFORD ROXO/ 2022


AUTOMEDICAÇÃO
UM ATO BRASILEIRO A SER EXTINTO

Thays Ataíde de Moura Canuto1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- O uso irracional ou inadequado de medicamentos é um dos maiores problemas em nível


mundial. A OMS estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou
vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente. Este
assunto ganha proporção cada vez maior em esfera mundial. Esta perspectiva, intensifica a necessidade
de informações e conhecimento das diretrizes da Política Nacional de Medicamentos e da Política de
Assistência Farmacêutica e sociedade em geral. Objetivo: Investigar através de pesquisa bibliográfica a
relevância do assunto e alertar os profissionais de saúde da necessidade contínua de processo educativo
sobre o uso racional de medicamentos no sentido de conscientizar consumidores em geral. Método: Foram
utilizadas fonte de pesquisas contidas em artigos da base de dados Scielo artigos, Ministério da Saúde e
Google, usando como palavras chave: uso racional de medicamentos, automedicação. Resultados: A
principal causa da automedicação, talvez esteja relacionada a aspectos culturais, econômicos e políticos.
Entretanto existem vários fatores que influenciam esta prática, como: midiática da indústria farmacêutica
oferecendo variedades de produtos, venda livre de medicamentos. Conclusão: O profissional
farmacêutico é fundamental na promoção do uso consciente de medicamentos, informando a sociedade
sobre as consequências dessa prática.

PALAVRAS-CHAVE: Uso irracional. Medicamentos. Profissionais de saúde

1
E-mail: thaysmouraat@yahoo.com.br
1. INTRODUÇÃO

Conforme Paracelsus, “todo medicamento é um veneno, não há quem não o seja


apenas a dose distingue o veneno do medicamento”
O uso irracional de medicamentos é um grande desafio enfrentado pelos sistemas
de saúde em todo o mundo, além de ser um grave problema de saúde pública, prevalente
em todo o mundo, podendo causar sérios danos à saúde da população (MELO;
PAUFERRO, 2020).
De acordo com o estudo, a automedicação é um hábito comum a 77% dos
brasileiros. As mulheres são as que mais usam medicamentos por conta própria, pelo
menos uma vez ao mês – 53%. Familiares, amigos e vizinhos são os principais
influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição (25%).
(CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2019).
Neste sentido, indaga-se quais os fatores que mais contribuem para que este
panorama prevaleça, apesar dos riscos inerentes desta ação.
Durante a pandemia, tornou-se um problema grave de saúde pública, muitos
medicamentos foram utilizados indiscriminadamente sem eficácia comprovada, trazendo
riscos ao paciente. Diante deste cenário a ANVISA2, divulgou um comunicado alertando
sobre os riscos de automedicar.
A forte tendência à automedicação, justificada pelas condições socioeconômicas
de grande parte da população, colocam o País ainda na perspectiva da busca de
soluções para a precariedade dos órgãos de Vigilância Sanitária em fiscalizar e coibir
práticas inescrupulosas, bem como de criar fronteiras efetivas entre os impactos
mercadológicos da indústria e a ética necessária à manutenção da saúde pública
(MONTE & FILHO, 2008).
Schenkel et al afirmam que a automedicação também ocorre nas classes sociais
mais altas e em países desenvolvidos com sistemas de saúde mais organizados.

2
ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
Rozenfeld5 constatou que, apesar da evidente relação entre o aumento da idade
e o maior número de medicamentos utilizados, a automedicação entre os idosos é menor
(18%) do que entre pessoas mais jovens (40%)
Para Cella e Almeida (2012), o panorama de utilização irracional de
medicamentos, em especial a automedicação, só poderá ser revertido com campanhas
educativas voltadas à população em todos os seus níveis e faixas etárias.
Conforme Torres (2011), a atenção farmacêutica baseia-se, justamente, na
capacidade de o farmacêutico, com visão e postura interdisciplinar, integradora e
formadora, assumir, frente a seus pacientes, as responsabilidades relacionadas ao uso
racional dos medicamentos e insumos por meio de um acompanhamento sistemático e
documentado.
Diante do exposto, este estudo propõe realizar uma revisão na literatura,
enfatizando o uso irracional de medicamentos, suas causas e como a sociedade e os
órgãos de saúde podem contribuir neste considerado “hábito” do brasileiro.
Para um melhor entendimento, a narrativa será dividida em três capítulos que se
destacam com relevância. A introdução seguida do segundo capítulo que descreve
possíveis fatores que influenciam a prática da automedicação, o terceiro capítulo, as
consequências desta ação e no quarto capítulo, a importância da atenção farmacêutica
para mudança deste comportamento.

2. FATORES QUE INFLUENCIAM A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO.


2.1. Por que ocorre a automedicação?
Dentre os fatores que contribuem para o seu aumento, está o excesso de
propagandas de medicamentos, a própria facilidade da aquisição dos princípios ativos e
a falta de conhecimento sobre os riscos (GALATO et al., 2012).

• A propaganda desenfreada e massiva de determinados medicamentos;


• A dificuldade e o custo de se conseguir uma opinião médica;
• O desespero e a angústia desencadeados por sintomas ou pela possibilidade de se
adquirir uma doença;
• A falta de programas educativos sobre os efeitos muitas vezes irreparáveis da
automedicação;
• Próprio hábito de tentar solucionar os problemas de saúde corriqueiros tomando por
base a opinião de algum conhecido mais próximo ou mesmo de si próprio.

2.2. A influência da propagando sobre o consumidor.

No Brasil, infelizmente, é quase sempre possível adquirir qualquer medicamento


sem receita. Portanto, percebe-se partimos para uma longa e complexa caminhada em
direção à diminuição da automedicação. Passa pela limitação e fragilidades das pessoas
em conscientizar-se a respeito do problema, considerando a despertar o cuidado e o
respeito consigo e com os outros, reivindicado a melhoria da fiscalização e mais rigidez
na execução das leis e um maior controle das publicidades de remédios nos meios de
comunicação. Movimenta-se também em direção pela redescoberta, entre outras coisas,
do importante papel dos farmacêuticos no mundo contemporâneo como agentes de
promoção e prevenção à saúde. Seguidos pela conscientização da importância de um
trabalho mais ajustado entre médicos e farmacêuticos, o que levará, sem dúvida, a um
maior benefício para a saúde. Segue ainda, pela constatação de que as farmácias podem
e devem ser um espaço de promoção e prevenção da saúde, visto que a grande maioria
dos brasileiros dirigem-se as farmácias e não a um posto de saúde, a partir do momento
que as doenças se manifestam.
Entre as classes de medicamentos mais procuradas estão os analgésicos,
antitérmicos, anti-inflamatórios, descongestionantes, antibióticos, anti-helmínticos e
antimicóticos.
É importante enfatizar que a automedicação pode até aliviar sintomas, mas, na
maioria dos casos, pode diferir o diagnóstico, já que o usuário não possui conhecimento
para reconhecer distúrbios, mensurar a gravidade e escolher o tratamento adequado
entre a imensas quantidades de medicamentos disponíveis no mercado.
Lembrando que um medicamento útil para uma pessoa pode fazer mal a outra.
Cada organismo tem características e reações diferentes para um mesmo medicamento,
o que pode gerar risco de vida.
O uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma
doença, uma vez que a utilização inadequada pode esconder determinados sintomas. Se
o remédio for antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada. O uso abusivo destes
produtos pode facilitar o aumento da resistência de micro-organismos, o que compromete
a eficácia dos tratamentos.

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o


Mercado Farmacêutico (ICTQ), em 2017, aproximadamente 72% dos brasileiros
optam pela automedicação e 40% procuram diagnósticos pela internet.

Fig. 1. Remédios mais consumidos na automedicação pelos brasileiros.

Fonte: ICQT3 – Pesquisa Automedicação 2018

No Brasil, 79% das pessoas com mais de 16 anos admitem tomar medicamentos
sem prescrição médica ou farmacêutica. O percentual é o maior desde que a pesquisa
começou a ser feita pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). Em 2014,
76,2% diziam automedicar-se e em 2016, 72%.
Em anúncios e propagandas, remédios são oferecidos como forma milagrosa para
melhoria da saúde, sobretudo em uma época em que a rotina se torna cada vez mais

3
ICQT- Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o mercado farmacêutico.
corrida e estressante. Muitas vezes, são os próprios hábitos, como o sedentarismo e a
alimentação inadequada, que prejudicam a saúde, levando ao uso indiscriminado.

Tab.1. Os principais prescritores leigos e informais no Brasil


PRESCRITORES LEIGOS %
FAMÍLIA 68%
BALCONISTAS DE FARMÁCIAS 48%
AMIGOS 41%
VIZINHOS 27%
ARTISTAS DE TV 16%

Fonte: ICQT - Pesquisa Automedicação 2018

2.2. Regulação da Propaganda de medicamentos

A indústria farmacêutica utiliza a propaganda de medicamentos como principal


instrumento para influenciar prescritores e promover a venda.
Em 1998, pela Lei 9.782, houve a criação da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), órgão de caráter autônomo que tem como uma de suas atribuições,
entre outras, normatizar a propaganda de medicamentos (Lei n° 9.782, 1999).
Respaldada pela Anvisa, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 102/2000 é criada
para instituir a regulação sanitária específica da propaganda de medicamentos (RDC
n°102, 2000). O Regulamento sobre propagandas, mensagens publicitárias e
promocionais e outras práticas, cujo objeto era a divulgação, promoção ou
comercialização de medicamentos. O acontecimento não chegou a receber o destaque
merecido (havia os anteriores fracassos em iniciativas de monitoração de propaganda no
Brasil e a Agência ainda estava em fase de estruturação). No entanto, antes mesmo de
finalizar o prazo de 180 dias para a RDC nº 102 entrar em vigor, começaram as
monitorações em Brasília. Foi criado, em 2002, um projeto em parceria com
universidades públicas denominado Monitoração da Propaganda e Publicidade de
Medicamentos, visando monitorar a legislação vigente (Monitoração de Propaganda,
2005). O objetivo primordial da propaganda é estimular o consumo e uma das principais
estratégias da indústria farmacêutica é oferecer a falsa sensação de autonomia ao
consumidor. Esta falácia decorrente das propagandas, apresenta um produto
simbolicamente valorizado que deixa de ser apenas um produto com potencial risco de
uso e passa a ser a solução imediata para a saúde (Monitoração de Propaganda, 2005).
. Nascimento (2005) descreve sobre estas tendências: Diretamente junto à
população consumidora de produtos farmacêuticos, a propaganda é utilizada como mais
um instrumento de reforço da, já existente, cultura da medicalização. Este fator atua
fortemente associado à ideologia de consumo – disseminada na sociedade – como
caminho mais rápido de se alcançar saúde, bem-estar e, em última instância, a felicidade.
Nessa perspectiva, foi promulgada a RDC nº. 96/2008 da Anvisa que permite a
veiculação da propaganda de medicamentos, desde que as informações contidas nestas
sejam compatíveis com as do registro. Nesta, também há proibição da prática de
propaganda enganosa e abusiva (RDC n° 96, 2008).

2.3. Na propaganda, publicidade e promoção de medicamentos de venda sem


exigência de prescrição é vedado:

• Estimular e/ou induzir o uso indiscriminado de medicamentos e/ou emprego de


dosagens e indicações que não constem no registro do medicamento junto à
Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
• Incluir mensagens de qualquer natureza dirigidas a crianças ou adolescentes;
conforme classificação do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como utilizar
símbolos e imagens com este fim;
• Promover ou organizar concursos, prometer ou oferecer bonificações financeiras ou
prêmios condicionados à venda de medicamentos;
• Sugerir ou estimular diagnósticos aconselhando um tratamento correspondente,
sendo admitido apenas que sejam utilizadas frases ou imagens que definam em
termos científicos ou leigos a indicação do medicamento para sintomas isolados;
• Afirmar que um medicamento é “seguro”, “sem contraindicações”; “isento de efeitos
secundários ou riscos de uso” ou usar expressões equivalentes;
• Afirmar que o medicamento é um alimento, cosmético ou outro produto de consumo,
da mesma maneira que nenhum alimento, cosmético ou outro produto de consumo
possa mostrar ou parecer tratar-se de um medicamento;
• Explorar enfermidades, lesões ou deficiências de forma grotesca, abusiva ou
enganosa, sejam ou não decorrentes do uso de medicamentos;
• Afirmar e/ou sugerir ter um medicamento efeito superior a outro usando expressões
tais como: “mais eficaz”, “menos tóxico”, ser a única alternativa possível dentro da
categoria ou ainda utilizar expressões, como: “o produto”, “o de maior escolha”, “o
único”, “o mais frequentemente recomendado”, “o melhor”. As expressões só
poderão ser utilizadas se comprovadas por evidências científicas, e previamente
aprovadas pela ANVISA;
• Afirmar e/ou sugerir ter um medicamento efeito superior a outro usando expressões
tais como: “mais efetivo”, “melhor tolerado”. As expressões só poderão ser utilizadas
se comprovadas por evidências científicas, e previamente aprovadas pela ANVISA;
• Usar de linguagem direta ou indireta relacionando o uso de medicamento ao
desempenho físico, intelectual, emocional, sexual ou a beleza de uma pessoa,
exceto quando forem propriedades aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária;
• Sugerir que o medicamento possua características organolépticas agradáveis tais
como: “saboroso”, “gostoso”, “delicioso” ou expressões equivalentes. No caso
específico de ser mencionado nome e/ou imagem de profissional como respaldo
das propriedades anunciadas do medicamento, é obrigatório constar na mensagem
publicitária o nome do profissional interveniente, seu número de matricula no
respectivo conselho ou outro órgão de registro profissional.
A propaganda, publicidade e promoção de medicamento de venda sem exigência
de prescrição deverão incluir, além das informações constantes no inciso I do artigo 3°
desta regulamentação o nome comercial do medicamento; o número de registro na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o nome dos princípios ativos segundo a DCB
e na sua falta a DCI. Toda propaganda de medicamentos conterá obrigatoriamente a
advertência indicando que “AO PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ
SER CONSULTADO”.
3. A AUTOMEDICAÇÃO E CONSEGUÊNCIAS
3.1. Interação medicamentosa
Ao misturar medicamentos para diferentes tipos de sintomas e doenças, pode
acarretar uma complicação ainda maior e o organismo do paciente entrar em colapso.
Portanto é comum o médico ou profissional de saúde, perguntar se o paciente faz uso de
algum medicamento contínuo.
Investigando a definição de interação medicamentosa, temos o seguinte,
A interação medicamentosa ocorre quando o efeito de um
fármaco é modificado pela presença de outro, em geral
aumentando a eficácia terapêutica, mas pode, também,
diminuir a eficácia dos medicamentos associados ou mesmo
gerar toxicidade. Interações podem ocorrer entre diferentes
medicamentos, entre medicamentos e alimentos, entre
medicamentos e tabaco, entre medicamentos e bebidas
alcoólicas. Dessa forma, ao indicar um tratamento, deve-se
observar não apenas os demais medicamentos utilizados pelo
paciente, mas também seus hábitos de vida, a distribuição dos
medicamentos ao longo do dia e como costumam ser ingeridos.
(TORRIANI; SANTOS; BARROS, 2013, P.60)

É uma eventualidade clínica que pode ocorrer, caracteriza-se pela interferência de


um medicamento, alimento, ou droga na absorção, ação ou eliminação de outro
medicamento. Por isso quando você receber uma nova receita deve informar ao
profissional de saúde se já está utilizando algum outro medicamento, pois um pode
interferir nos efeitos do outro, tanto aumentando quanto diminuindo-os.
3.2. Intoxicação
A intoxicação é um processo patológico causado por substâncias endógenas ou
exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico, consequente das alterações
bioquímicas no organismo.
A intoxicação por uso inadequado de medicamentos ocupa o 1º lugar Um dos
fatores que contribuem para o aumento de casos de intoxicações medicamentosas no
Brasil são propagandas publicitárias persuasivas, com vocábulo fácil com frases curtas e
objetivas que induzem o consumo de medicamento prometendo alívio rápido para o
doente (CARVALHO et al., 2003).
O processo é evidenciado por sinais e sintomas ou mediante exames laboratoriais,
a intoxicação pode ser aguda (Único ou Múltiplos contatos; Dentro de 24h; Efeitos
imediato ou até 2 semanas) ou crônica (Exposição prolongada; Doses acumulativas; de
3 meses a anos).
Uma das principais fontes de intoxicação no mundo são os medicamentos. Eles
constituem a segunda causa de mortalidade relacionada às intoxicações o que gera um
grande impacto social e econômico (Mathias; Guidoni; Girotto, 2019).
É importante destacar que em qualquer suspeita de intoxicação e busque o pronto-
atendimento mais próximo.
Segundo Hoefler e Galvão (2010), apesar de praticamente metade dos casos de
intoxicação ocorrer em crianças, os casos mais graves e os óbitos são mais rotineiros em
adolescentes e adultos. Entre os idosos, os medicamentos também são os agentes
intoxicantes mais prevalentes e os casos geralmente estão ligados ao uso terapêutico e
contínuo.

3.3. Outros riscos comuns da automedicação:

• Dependência
Ao serem consumidos em grandes quantidades ou por um período maior do que o
recomendado, alguns medicamentos podem levar ao vício, fazendo com que a pessoa
se torne uma dependente química;
• Resistência de microrganismos
Quem faz uso de alguns medicamentos de maneira exagerada pode fazer com que os
microrganismos presentes no corpo se tornem mais resistentes, fazendo com que seja
necessário utilizar medicamentos mais fortes para combatê-los posteriormente;
• Atraso do diagnóstico correto
Apesar de “resolver” rapidamente o problema, medicamentos de alívio imediato da dor
podem mascarar os sintomas de doenças mais sérias, fazendo com que o diagnóstico
seja tardio ou que essa enfermidade não seja tratada corretamente.
4. A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA PARA MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO.

4.1. o papel do farmacêutico no uso racional de medicamentos.

O uso consciente e adequado dos medicamentos na verdade, deve ser


responsabilidades de todos os envolvidos: prescritores, pacientes e farmacêuticos.
No entanto compete aos farmacêuticos, a responsabilidade na conscientização do uso
de medicamentos, ajudando a educar, instruir, orientando sobre a importância do seu
uso, sua posologia, efeitos colaterais, reações adversas, e promovendo, assim, o uso
racional.
O papel ativo do profissional farmacêutico se faz indispensável por ser o
profissional habilitado no que se refere ao uso de medicamentos, sendo responsável pela
produção, controle de qualidade, conservação, distribuição, eficácia terapêutica,
acompanhamento, promoção do uso seguro e racional e sendo capacitado para instruir
e promover ações em prol da saúde das pessoas.
Lei 13.021/2014, que transforma farmácias e drogarias em Estabelecimentos de
Saúde, e determina a permanência do farmacêutico como responsável técnico durante
todo o horário de funcionamento. Estímulos que resgatam o papel do farmacêutico e o
colocam como membro indispensável da equipe multiprofissional de saúde.
É sempre bom alertar a população que a Lei 13.021 se aplica tanto às farmácias
privadas quanto às públicas (do SUS) e que, tanto em uma como outra, ela deve exigir a
presença do farmacêutico no momento da dispensação.
É importante ressaltar que tão importante quanto o acesso aos medicamentos é a
avaliação da segurança e efetividade dos medicamentos dispensados e administrados,
numa lógica do trabalho multiprofissional, que objetiva a promoção e a recuperação da
saúde.
CONCLUSÃO

É lamentável, mas os fatos mostram que o brasileiro possui e pratica a cultura da


automedicação. Ao decorrer desta pesquisa percebe-se que existem várias
possibilidades que facilitam o acesso ao uso abusivo. observou-se uma preferência pela
automedicação em relação à consulta médica, baseada na rapidez e facilidade da
aquisição dos medicamentos e na economia do valor da consulta. Ficou evidente a
desinformação dos problemas associados ao uso de medicamentos por parte da
população muitos confundem até as dosagens. Uma das preocupações são as pessoas
que possuem alguma doença crônica e faz uso de medicamentos contínuos, geralmente
idosos.
Entendemos que cada corpo possui uma reação diferente ao medicamento, por
isso é importante a procura de profissionais da saúde habilitados a orientar e acompanhar
o correto uso, pois se utilizado de forma negligente causa prejuízos à saúde, e pode até
mascarar ou agravar uma doença.
Revelou-se neste também que situações externas como o excesso de trabalho, a
falta de tempo e o excesso de estímulos, por exemplo, advindos da tecnologia,
contribuem com essa cultura de uso abusivo de medicamentos.
Portanto, fica evidente a notoriedade dos profissionais da saúde neste cenário,
abrangendo os médicos que prescrevem o medicamento e os farmacêuticos que o
dispensam, podendo este último utilizar de importantes ferramentas como a atenção
farmacêutica no momento da dispensação informando ao paciente as devidas
informações sobre o medicamento e esclarecendo as supostas dúvidas, combatendo
assim com as práticas indevidas referente a saúde.
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