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UNINASSAU

NÚCLEO DE SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E SUA IMPORTÂNCIA NA


AUTOMEDICAÇÃO

RILZA VERONICA RODRIGUES DOS ANJOS


ROSENI DE FREITAS SILVA
RUI GONÇALVES BARBOSA

JOÃO PESSOA, PB
Agosto/2019
RILZA VERONICA RODRIGUES DOS ANJOS
ROSENI DE FREITAS SILVA
RUI GONÇALVES BARBOSA

Artigo Científico, desenvolvido na disciplina de Trabalho de


Conclusão de Curso – TCC e apresentado ao Curso de Farmácia,
como requisito parcial para a conclusão do Curso.

Orientador(a): Profª, Drº. Fabiola Nobrega Silva

João Pessoa
2019.2
1 INTRODUÇÃO

Fazer uso de medicamentos dispensados sem receita é uma pratica


constante e permitida no nosso sistema de saúde. Segundo Filho et al (2002), a
automedicação trata-se de uma forma de autoatenção à saúde, que consiste no
consumo de produtos industrializados ou caseiros, visando tratar ou aliviar sintomas
ou doenças percebidas, ou promover a saúde independentemente da prescrição
profissional. Segundo Lima (2008), essa prática quando executada de maneira
correta, pode contribuir para aliviar financeiramente os sistemas de saúde pública,
porém, com o incentivo a indústria da automedicação, o que ocorre é o uso
indiscriminado dos medicamentos.

Essa questão de automedicação, no Brasil, tem um agravante por termos


umas políticas públicas médicas de difícil acesso. Sendo assim uma grande fatia da
sociedade que está na faixa da pobreza, não tem recursos para pagar um plano.
Como consequência, a prática da automedicação torna-se bastante comum. Vale
salientar que somente este fator não é o suficiente para explicar a prática desta
automedicação. Alguns pontos como: escolaridade, classe social, acesso às
informações a respeito dos medicamentos e, principalmente, o fator cultural também
entram nesse contexto (NASCIMENTO, 2005).

De acordo com os dados disponibilizados pela Organização de Saúde (MS),


juntamente com o Ministério da Saúde, os mercados brasileiros contem certa de 32
mil medicamentos. Dentre estes vários medicamentos, deveriam ser utilizados
somente com prescrição médica, sendo que são vendidos de forma indiscriminada.
Tal fato é agravado devido a farmácia, no Brasil, ser um estabelecimento comercial
e não uma unidade de saúde, e por fatores culturais e socioeconômicos a população
é motivada a tratar de doenças com este processo da automedicação. (CERQUEIRA
etal., 2005).

Sendo assim, a automedicação está cada vez mais inserida no dia a dia da
sociedade, devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde como pelas
classes mais abastadas, que buscam uma solução para seus problemas de saúde a
fim de evitar que as suas atividades diárias fiquem impedidas (NASCIMETNO,
2003). Desta forma, o presente trabalho visa apresentar um estudo que conscientize
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o profissional de saúde formado em farmácia a importância de incentivar e promover
a reflexão, orientação e a discussão junto a população sobre o medicamento
visando à diminuição de risco e a maior eficácia possível. Segundo FCC (2013), é
imprescindível ao farmacêutico ter conhecimento de sua competência e limites no
processo saúde-doença, sendo assim ter como assumir uma postura correta no
momento adequado.
A automedicação de maneira equivocada pode ter efeitos indesejáveis, como
enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas. Sendo desta
forma um problema a ser prevenido (ARRAIS, 1997).

Segundo Morais (2001), o Brasil é o quinto país em uma lista mundial de


consumo de medicamentos. Sendo que na América Latina se encontra em primeiro
lugar, ocupando o nono lugar no mercado mundial em volume financeiro. Esses
apontamentos podem estar diretamente ligados às 24 mil mortes anuais no país por
intoxicação de medicamentos.

Dalquano et al (2008) comenta um aumento elevado no padrão de


consumo de medicamentos pela população, esse uso incorreto ou
desnecessário, pode resultar em consequências sérias como efeitos colaterais
indesejados, reações alérgicas, intoxicações, etc. Estas manifestações raras
vezes são conhecidas pelo paciente, e este, quando não utiliza todo o
medicamento adquirido, vai o armazenando em “farmácias domésticas” para
posterior utilização.

Desta forma, são necessárias medidas para prevenir visando a diminuição


das automedicações e, assim, diminuir os riscos diários por essa prática e
consequentemente tornar visível a conscientização da população quanto ao perigo
dos efeitos adversos que certos medicamentos podem causar. Sendo assim este o
objetivo deste trabalho é averiguar na literatura se há evidências de que a
assistência farmacêutica possa auxiliar no controle e conscientização na
automedicação de remédios

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 AUTOMEDICAÇÃO

A automedicação trata-se do uso de um determinado produto com visando


tratar ou aliviar sintomas, doenças, ou mesmo de promover a saúde,
independentemente de sua prescrição profissional. Para atingir esse objetivo podem
se fazer uso de medicamentos industrializados ou caseiros. Os medicamentos
podem ser adquiridos de várias formas: sem receita, compartilhados entre a família
ou círculo social ou utilizar sobras de prescrições, reutilizar receitas antigas,
prolongar a prescrição profissional prolongando ou interrompendo precocemente a
dosagem e o período de tempo indicados na receita (ARRAIS, 1997).

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas


(ABIFARMA), aproximadamente 80 milhões de pessoas fazem uso da
automedicação, a má qualidade da oferta de medicamentos, o não
cumprimento da obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a falta de
informação e instrução na população em geral justificam a preocupação com a
qualidade da automedicação no Brasil (ARRAIS, 1997).

Segundo Monteiro (2002), a questão de automedicação no país tem um


destaque maior graças a crise no setor da saúde. Contraditoriamente a
automedicação também aumenta o risco das interações medicamentosas, as quais
podem reduzir o efeito terapêutico ou aumentar a toxicidade do medicamento,
levando a problemas graves de saúde.

Fernandes e Cembranell (2015), comenta que há uma diversidade de fatores


que fazem as pessoas a se automedicarem. Alguns desses pontos são receitas
antigas onde uma pessoa indica por ter utilizado e ter obtido um bom resultado.

Outro ponto bastante preocupante são as farmácias caseiras, de acordo com


Fernandes (2000) uma pesquisa sobre esse tema informa que aproximadamente
97% das residências visitadas, tinham ao menos um medicamento a disposição e a
quantidade de estocagem variou entre 01 até 89 itens, com média de 20 itens.
Aproximadamente 55% dos fármacos estocados tiveram aquisição sem a devida

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prescrição médica. Na totalidade, 25% dos medicamentos estavam com data de
validade vencida e desses, 24% ainda eram usados pelas pessoas.

2.2 RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO

A preocupação com esse tema consiste do hábito que a população, a


automedicação é uma pratica comum tanto com fármacos quanto com remédios
naturais, essa prática independe de nível escolar, classe social ou gênero a questão
que deve ser considerada está nos efeitos que a automedicação podem trazer ao
organismo, e os transtornos à saúde.(NASCIMENTO, 2013).

Ao prescrevermos ou recomendarmos fármacos sempre existem riscos de


reações adversas. Sendo assim acarretamos um grande problema para a área da
saúde, que implica em sofrimento e piora da qualidade de vida, perda da confiança
nos médicos, necessidade de exames diagnósticos e tratamentos adicionais e
dificuldades no manejo de diferentes condições clínicas, além de aumento
de custos, número de hospitalização, tempo de permanência no hospital e
eventualmente mortalidade. (FUCHS et al., 2006).

Segundo Lima (2008), esse uso indiscriminado pode acarretar em resultados


indesejáveis, tais como: aumento da resistência bacteriana aos antibióticos pelo uso
incorreto e até mesmo uma hemorragia cerebral devido à combinação de um
anticoagulante com um simples analgésico. Outro fator é que a pessoa pode ser
alergia a um determinado ingrediente da fórmula e em consequência pode vir a
adquirir uma intoxicação.

Musial et al (2007), comenta que os sintomas mais comuns no ato de


automedicação são infecções respiratória alta, dor de cabeça e dispepsia/má
digestão. Podendo causar dependência do medicamento sem a precisão real;
hemorragias digestivas; dentre outros. Ressaltando que alívio momentâneo dos
sintomas pode vir a mascarar a doença de base, podendo está se agravar.

Já Vitor et al (2008), comenta que mesmo drogas consideradas banais, como


os analgésicos, quando usados incorretamente pela população, podem vir a
acarretar várias consequências como por exemplo dependência, sangramento
digestivo, sintomas de retirada e ainda aumentar o risco para determinadas
neoplasias.
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2.3 A PARTICIPAÇÃO DO FARMACÊUTICO NA AUTOMEDICAÇÃO

Por volta do início do século XX, o farmacêutico era uma referência para a
sociedade na questão de medicamentos, pois o mesmo atuava e exercia influência
sobre todas as etapas no ciclo do medicamento. Sendo responsável por guardar,
distribuir e manipular (GOUVEIA, 1999).

Gouveia (1999), comenta que na década de 50 teve uma descaracterização da


função do farmacêutico junto à sociedade. Sendo que sua prática se resumiu
apenas a distribuição de medicamentos industrializados, sem que houvesse nenhum
tipo de orientação.

Hoje em dia o farmacêutico é peça fundamental para proporcionar uma melhor


orientação do uso de medicamentos junto com a sociedade.

Segundo Serafim et al (2007), o farmacêutico integra a equipe de saúde, desta


forma ele deve ser visto dentro da comunidade como um agente promotor de saúde,
que tem com dever orientar técnicas confiáveis sobre fármacos. Já Vidotti, (2006)
comenta que o farmacêutico é um profissional de fácil acesso a população, desta
forma não deve limitar-se apenas a dispensação de fármacos, pois deve ser atuante
conforme o seu vasto conhecimento, que seja favorável ao indivíduo

Galato et al, (2008) comenta que a saúde no Brasil tem início na farmácia, local
este onde o farmacêutico é procurado antes de ir em serviços médicos e
hospitalares. Desta forma o profissional de farmácia tem o dever de se preparar para
a atuação adequada na execução da atenção farmacêutica. A atenção farmacêutica
é uma maneira do profissional farmacêutico, de promover o uso racional de
medicamentos e conscientizar a população sobre a importância dessa prática, desta
forma ressalta a necessidade da presença desse profissional em todas as farmácias
e drogarias do país (SOUSA et al., 2008).
Orientar e informar os pacientes sobre o uso correto de medicamentos não é
uma atribuição, mas devido ao seu vasto conhecimento, compete a ele tal tarefa
para atuar a favor do uso racional (POSSAMAI; DECOREGGIO, 2008),
Desta forma a assistência farmacêutica é uma maneira de facilitar a
conscientização do uso de medicamentos, pois com essa prática o paciente vem a
obter informações e orientações com o objetivo de maximizar a farmacoterapia.
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Sendo assim o farmacêutico deve assumir a responsabilidade de promotor da saúde
e contribuir par o uso racional de medicamentos, favorecendo desta forma a
população brasileira e desafogando a saúde pública do país. (FERNANDES E
CEMBRANELL ,2015)

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3 METODOLOGIA
Nesta etapa visa-se fortalecer a base de conhecimento por meio de uma
revisão de estudos anteriores acerca do tema em questão. Desta maneira será
realizada um estudo quantitativo e qualitativo das publicações na área fazendo-se
uso da metodologia de revisão sistemática proposta em Petersen et al., (2008).

Tal método consiste em um esquema de classificação dos estudos


sistemáticos, pois requer um processo repetitivo e controlado de investigação. O
processo é apresentado na figura 1.

Figura 1 : Processo de RSL. Fonte: adaptado de Petersen et al. (2008).

Observando a Figura 1, esse método compreende cinco etapas e os


resultados como produto de cada etapa. Segundo Petersen et al. (2008), as etapas
para se realizar a revisão sistemática compreendem: a) identificação de um tema a
ser investigado; b) definição de perguntas a serem respondidas, do inglês Research
Questions; c) especificar um protocolo e um processo de busca, como por exemplo
se será manual ou automático; d) determinar, no caso da busca automática, os
portais de busca; e) construir as palavras-chave utilizadas, que são as strings de
busca, e; f) definir os critérios para inclusão e exclusão dos trabalhos encontrados.

Para isso, o estudo de revisão na literatura está motivado pelo intuito de


responder a seguinte pergunta: Os profissionais da área de farmácia têm contribuído
para ajudar no controle a automedicação?

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3.1 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS-CHAVE

Para realizar a busca automática nos engenhos de busca, as palavras chaves


escolhidas que melhor abrange o tema em questão

Para a construção do conjunto de termos utilizados na busca automática, os


conceitos-chave são identificados a partir da questão motivadora do estudo,
compreendida pela questão:

 Farmacêuticos e automedicação
 Como combater a automedicação
 As causas da automedicação
 Assistência farmacêutica
 Uso racional de medicamentos

O nosso processo de busca usando as strings foi realizado em portais de


buscas. Os portais escolhidos foram conforme a relevância na área de farmácia:

 SCIELO (https://www.scielo.org/)
 Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br/)

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4 TRABALHOS RELACIONADOS
Há inúmeras iniciativas no estudo sobre automedicação visando conscientizar
profissionais de farmácia e pacientes sobre a importância do uso racional de
medicamentos. A seguir, veremos alguns destes trabalhos.

4.1 FATORES ASSOCIADOS À AUTOMEDICAÇÃO

Thais Rodrigues Marques, apresentou um trabalho denominado de Fatores


associados à automedicação no ano de 2014 em Goiás na Faculdade de Ciências
e Educação Sena Aires como quesito obrigatório para a obtenção do grau de
Bacharel em Farmácia.

O trabalho referido a cima comenta que a automedicação é uma prática comum


em todos os tipos de classes sociais, afirma também que a participação do
farmacêutico tem influencia positivas em tratamentos e ajuda a minimizar na
ministração de medicamento, tal fato se deve ao profissional de farmácia poder
reafirmar as orientações quanto ao uso suscitado pelos prescritores e avalia os
aspectos farmacêuticos e farmacológicos que possam representar um dano em
potencial para os pacientes

Sendo assim o trabalho defende que há a necessidade de aumentar mais o


número de promotores de saúde, garantir um melhor atendimento de qualidade no
SUS (Serviço Único de Saúde) e a atenção farmacêutica.

O trabalho de Marques (2014) trata-se de uma revisão da literatura, que se


utilizou de 37 artigos nas bases de dados do Scielo e Lilacs. Desta forma objetivou-
se demostrar a relação, os fatores e as doenças relacionadas à automedicação e ao
mesmo tempo demonstrar o real valor do profissional de saúde que é o farmacêutico
pode atuar satisfazendo as necessidades dos usuários.

Marques (2014), conclui que o elevado índice da automedicação no Brasil está


associado ao mercado ocupado pela indústria farmacêutica, as pessoas conseguem
medicamentos com muita facilidade contribuindo desta forma para a automedicação.

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4.2 CONTRIBUIÇÃO DO FARMACÊUTICO PARA A AUTOMEDICAÇÃO
RESPONSÁVEL

No trabalho de Tamires (2017) intitulado, Contribuição do Farmacêutico para


a Automedicação Responsável na Revista Especialize On-line IPOG, podemos ver
que o autor trata a automedicação como um uso irracional de medicamentos e
afirma que essa prática é comum entre nossa população, sendo assim acarretando
em vários problemas.

Neste trabalho o autor fala das classes farmacológicas que estão


constantemente envolvidas nessa prática de automedicação que são: fármacos de
venda livre de prescrição (MIPs). Aborda temas como: reação adversa ao
medicamento e o papel do farmacêutico no combate ao uso irracional de
medicamentos,

Tamires (2017) defende que essa prática é fruto de fatores financeiros,


culturais, sociais, nível de escolaridade. Afirma que o farmacêutico tem papel
fundamental na questão de orientador e agente sanitário. Visando desta forma
conscientizar o uso de medicamentos, amenizando assim problemas relacionados a
essa prática.

Em seu trabalho Tamires conclui que o profissional de farmácia é o profissional


de saúde mais acessível à população e o que mais detém conhecimento referente
ao medicamento. Sendo assim de sua responsabilidade orientar a população sobre
todos os riscos que o uso incorreto de medicamentos pode provocar. Afirma também
que essa participação do farmacêutico pode reduzir gastos com a saúde pública. Tal
fato ocorre devido à redução de gastos como internação hospitalar causadas por
reações adversas ao medicamento.

4.3 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA SAÚDE DO IDOSO

No trabalho de Costa (2017) denominado de Assistência Farmacêutica na


Saúde do Idoso, o autor comenta que os medicamentos estão diretamente
relacionados à qualidade de vida dos idosos. Afirma que a faixa etária que mais
cresce em relação ao uso de medicamentos são os idosos. O trabalho aborda temas
como: ciclos da assistência farmacêutica, o papel do farmacêutico na
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automedicação, índices da automedicação nos idosos, Relevâncias da Análise da
Prescrição e Dispensação de Medicamentos,
O fato de ter uma idade avançada e fazer uso dos mais variados
medicamentos, torna difícil a distinção dos medicamentos que podem trazer riscos à
saúde. Desta forma o autor afirma que o profissional de farmácia é essencial para a
aderência da prescrição terapêutica. Ressaltando assim a importância da
assistência farmacêutica que tem como objetivo conscientizar os usuários em
relação ao correto uso de medicamentos e sobre os seus mais variados problemas
caudados por uso incorreto.
Em seu trabalho Costa conclui que a assistência farmacêutica na promoção da
saúde do idoso é extremamente relevante, podendo intervir para que haja uma
grande redução na automedicação por essa parcela da população. Afirma também
que o farmacêutico deve sempre interagir com as equipes de saúde e orientar os
demais profissionais de saúde, sempre que possível, para que atuem de maneira
correta na administração e no compartilhamento de informações junto à população
idosa.

4.4 AUTOMEDICAÇÃO: O USO INDISCRIMINADO DE MEDICAMENTOS

Fábio Alves Fernandes, apresentou um trabalho denominado de


automedicação: o uso indiscriminado de medicamentos no ano de 2017 em
Goiás na Faculdade de Araguaia como quesito obrigatório para a obtenção do título
de Licenciado em Ciências Biológicas. O trabalho de Fernandes (2017) trata-se de
uma revisão da literatura sobre a automedicação visando descrever o que é a
automedicação; relatar as causas, efeitos e os riscos da automedicação.

Segundo Fernandes (2017) milhares de pessoas utilizam medicamentos sem o


devido conhecimento prévio, afirma que todo e qualquer medicamento apresenta
efeito colateral, mesmo quando esse efeito não é percebido. Um dos primeiros
efeitos colaterais é a dor que ocorre quando existe algum processo de inflamação,
essa dor trata-se do organismo tentando remover o agente causador do dano.
Diante de tal fato geralmente a população de imediato procura logo tomar um
analgésico que pode mascarar os sintomas da inflamação.

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Fernandes (2017) comenta em seu trabalho que o acesso a medicamentos é
muito fácil, isso contribui para a automedicação. O autor afirma que deveria existir
com maior frequência medidas educacionais para combater esse uso indiscriminado
de medicamentos, pois o conhecimento é fundamental para conscientizar o uso de
maneira correta. Fernandes (2017), lamenta que tal processo só é capaz de ocorrer
com a atenção maior do poder público e também com a atenção da própria
população em se conscientizar de que a automedicação pode lhe trazer riscos.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo Matos (2005), o primeiro sintoma que incomoda uma pessoa e a dor,
desta forma o analgésico é uma solução quase imediata. O resultado dessa atitude
pode vir a mascarar os outros sintomas da inflamação.
Tal fato e ressaltado por Angelucci (2004) e Marques (2014) que comentam
que o corpo envia sinais como: dor, calor, rubor, tumoração, diante de processos de
inflamação que trata-se de uma forma de manter a homeostase corporal. Neste
processo o sistema imunológico age destruindo e removendo o agente causador,
seja ele físico ou biológico. Sendo assim o organismo envia sinais como: dor, calor,
rubor e etc...
Podemos citar diferentes tipos de analgésicos: o de fácil acesso, os adjuvantes
que precisam de uma prescrição, o opioide de uso exclusivo em ambiente hospitalar.
Os fármacos anti-inflamatórios são classificados como: anti-inflamatórios não
esteroidais (AINE), anti-inflamatórios esteroidais (AIE) ou glicocorticoides. (SÁ, 2007;
MARQUESINI, 2011).
Flores (2012) apresenta alguns fármacos com ação analgésica e anti-
inflamatória e suas características e efeitos colaterais:
 Ácido acetilsalicílico (Aspirina): um fármaco do grupo dos AINE, utilizado
como anti-inflamatório, antipirético, analgésico e também como
antiplaquetário.

 Ácido isobutilpropanoicofenólico (Ibuprofeno): um fármaco do grupo dos


AINE, utilizado para o tratamento da dor, febre e inflamação. Medicamento de
primeira escolha com menor incidência de efeitos adversos.

 Paracetamol (Tylenol): um fármaco com propriedades analgésicas, mas sem


propriedades anti-inflamatórias. O uso regular de altas doses pode causar
lesão renal e hepatotoxicidade.

 Diclofenaco: fármaco AINE, com ação principalmente analgésica e anti-


inflamatória, com pouca ação antipirética. Apresenta efeitos adversos no trato
gastrointestinal.

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Segundo Aquino (2008), aproximadamente 35% dos fármacos negociados em
drogarias são através de automedicação, sem que haja a orientação técnica de um
profissional.

O governo sabe que o uso indevido destes medicamentos é capaz de causar


males ao ser humano. Diante disto é feito investimento para conter a
automedicação. Desta forma grupos realizam estudos sobre a utilização de
medicamentos, na tentativa de auxiliar a conscientização do uso adequado de um
medicamento (MELO,2006).

Segundo Bortolon et al. (2008), comenta que essas práticas ainda estão
restritas as universidades e a automedicação ocorrem em aproximadamente um
terço da população

Tabela 1: Casos Registrados de Intoxicação Humana, por Agente Tóxico. Brasil, 2017.

Agente Nº Casos Percentual


Medicamentos 6880 25,18
Agrotóxicos/Uso Agrícola 1085 3,97
Agrotóxicos/Uso Doméstico 221 0,81
Produtos Veterinários 245 0,90
Raticidas 314 1,15
Domissanitários 1376 5,04
Cosméticos 371 1,36
Produtos Químicos Industriais 724 2,65
Metais 24 0,09
Drogas de Abuso 693 2,54
Plantas 239 0,87
Alimentos 294 1,08
Animais Peç./Serpentes 1578 5,78
Animais Peç./Aranhas 967 3,54
Animais Peç./Escorpiões 9846 36,04
Outros Animais Peç./Venenosos 1464 5,36
Animais não peçonhentos 697 2,55
Desconhecido 170 0,62
Outro 134 0,49
Total 27322 100

Fonte: MS / FIOCRUZ / SINITOX (Adaptado)

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Na tabela 1 podemos ver os casos de intoxicação humana por agentes. A
intoxicação por medicamentos ocupa o segundo lugar com 25% do ranking, ficando
somente atrás de intoxicação por animais peçonhentos/escorpiões. Tal dado
confirma a grande ameaça da automedicação, pois ela representa 1/4 de totós os
casos de intoxicação. Valendo ressaltar que a distribuição de informação e
autoconsciente era para ser um fator mais que suficiente para erradicar esses
números.

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6 CONCLUSÃO

Diante dos trabalhos pesquisados e dos dados apresentados podemos


perceber que grande parte da população brasileira tem o hábito de praticar a
automedicação, tal procedimento é muitas vezes relacionado a critérios como
pobreza, falta de condições para um financiamento de plano de saúde, falta de
estudos etc. Sendo assim podemos observar que o farmacêutico pode ser
considerado o profissional da área de saúde que se encontra, mas próximo a
população, sendo também o profissional que retém conhecimento específico sobre o
uso de medicamentos.

Desta forma podemos considerar que este tipo de profissional pode sim ter
um diferencial enorme junto com a população na questão de orientar em relação aos
riscos que o uso abusivo e incorreto de medicamentos pode vir a acarretar no ser
humano. Sua participação é imprescindível no combate a automedicação sendo
considerado uma ferramenta do poder público para o combate a esta pratica.

Vale salientar que erradicar com a automedicação é uma tarefa quase


impossível, no entanto é possível minimizá-la e para isto, basta o governo realizar
campanhas para o estreitamento da relação entre profissionais de saúde
(principalmente o farmacêutico) e o paciente, garantindo assim uma melhor
qualidade de vida para a população.

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Referências

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