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Descarte inadequado de medicamentos: apresentação de

informações para produção de cartilhas educativas

Sheila Morais¹ Ricardo Oliveira Latini²

Resumo

Medicamentos vencidos ou inutilizados são descartados de maneira inadequada no lixo


comum ou na rede pública de esgoto, gerando contaminação da água, do solo, animais
e da população humana. Várias são as causas das sobras de medicamentos, sendo
necessária a execução de estratégias de gerenciamento dos medicamentos em
desuso. Sendo o consumidor peça fundamental na solução desse problema, é
necessária a adoção de medidas de educação, visando a conscientização e divulgação
da informação à população. Esse trabalho objetiva selecionar, organizar e apresentar
informações para a produção de cartilhas educativas que orientem a população sobre a
destinação adequada de medicamentos. Foram utilizadas pesquisas bibliográficas nos
sites Google Acadêmico, Descarte Consciente e do Conselho Regional de Farmácia do
estado de São Paulo e obtidas informações referentes às causas, consequências e
medidas para minimizar os problemas oriundos do descarte inadequado de
medicamentos. A falta de informações sobre os impactos causados no meio ambiente e
de como fazer o descarte adequado, as sobras de medicamentos nas residências e o
uso irracional de medicamentos são algumas das principais causas do descarte
inadequado de medicamentos. Dependendo do local de descarte, esses medicamentos
geram, entre outros, riscos ao meio ambiente, à saúde da população humana e
resistência bacteriana. Para minimizar o descarte inadequado de medicamentos e,
consequentemente, esses efeitos negativos citados são importantes adoção de
algumas medidas como, o investimento em campanhas de Educação Ambiental, o
fracionamento de medicamentos para a venda e a divulgação e implantação de
coletores de medicamentos em desusos. Foram apresentadas também algumas
sugestões para a confecção de cartilhas educativas, sobre a temática em questão.

Palavras-chave: descarte, descarte inadequado, fármacos, medicamentos e meio


ambiente.

¹ Estudante do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – Campus Praça da Liberdade. E-
mail: sheilinharibeiro@yahoo.com.br
² Professor do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – Campus Praça da Liberdade. Mestre em Ecologia, Conservação e
Manejo da Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: ricardo.latini@izabelahendrix.edu.br
Introdução

O descarte inadequado de medicamentos em desuso, vencidos ou sobras no lixo


comum ou na rede pública de esgoto, além de ser uma fonte de contaminação da água,
do solo e dos animais, representa risco à saúde das pessoas que possam reutilizá-los
por acidente ou mesmo intencionalmente (MELO et al., 2010). O consumo indevido
desses medicamentos pode levar ao surgimento de reações adversas graves e
comprometer a saúde e a qualidade de vida dos usuários (BILA; DEZOTTI, 2003).
As sobras de medicamentos podem ter várias causas, dentre elas a dispensação
de medicamentos além da quantidade para o tratamento do paciente, a interrupção ou
mudança de tratamento, a distribuição aleatória de amostras-grátis, a facilidade de
aquisição de medicamentos e o gerenciamento inadequado de estoques de
medicamentos por parte das empresas e estabelecimentos de saúde (MELO et al.,
2010).
Segundo De Carvalho (2009), embora os efeitos tóxicos decorrentes da
exposição ambiental aos fármacos ainda não estejam totalmente claros, sabe-se que
eles podem interferir no metabolismo e no comportamento dos organismos aquáticos,
resultando em um desequilíbrio dessas populações. Ele ainda afirma que os resíduos
de vários fármacos podem entrar no ambiente através de uma rede complexa de fontes
e mecanismos, como a excreção após sua ingestão, infusão ou injeção, a remoção
durante o banho e a disposição de medicamentos vencidos ou não utilizados no lixo ou
no esgoto.
Os resíduos de fármacos são classificados de acordo com o seu grau de
periculosidade que oferecem aos profissionais da saúde, ao meio ambiente e a
população. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Resolução
de Diretoria Colegiada, (RDC) n°306/2004, dispõe sobre o Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviço de saúde (RSS). Esse regulamento constitui em
um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de
bases científicas e técnicas, normativas e legais, tendo como objetivo minimizar a
produção de resíduos, proporcionando um encaminhamento seguro e eficiente para os
resíduos gerados, sempre visando á proteção dos trabalhadores, a preservação da
saúde pública, do meio ambiente e dos recursos naturais (BRASIL, 2004;
ALVARENGA; NICOLETTI, 2010).
Considerando que o descarte inadequado de medicamentos seja uma importante
causa de contaminação do meio ambiente e de danos à saúde das pessoas, é
importante que sejam executadas estratégias de gerenciamento de medicamentos em
desuso, como as apresentadas nas diretrizes gerais do Regulamento Técnico para o
gerenciamento dos RSS (BRASIL, 2004) e elaborar outras medidas que minimizem
esse problema (JOÃO, 2011), como aquelas relacionadas com educação.
O consumidor, portanto, torna-se peça fundamental na solução desse problema.
Mas, para que seu papel seja exercido de forma eficiente, é necessário que as
atividades de educação abranjam questões ambientais e informações corretas
(VETTORAZZI; VENAZZI, 2008; BUENO et al., 2009).
Segundo Dias (2004), a Educação Ambiental é vista como um processo contínuo
e permanente, devendo examinar as questões ambientais do ponto de vista local,
regional, nacional e até internacional, sendo avaliado as suas causas, consequências e
suas complexidades. Ela representa um instrumento fundamental para uma possível
alteração do modelo de degradação ambiental vigente. Suas práticas podem assumir
função transformadora fazendo com que os indivíduos depois de conscientizados, se
tornem essenciais para a promoção do desenvolvimento sustentável (SEGURA, 2001).
É importante também, ressaltar a educação em saúde, pois suas ações podem
capacitar indivíduos ou grupos na contribuição da melhoria das condições de vida e de
saúde da população, estimulando a reflexão crítica das causas dos seus problemas
bem como das ações necessárias para sua resolução (KWAMOTO,1995).
Diante a problemática relacionada com descarte inadequado de medicamentos
em desuso e a importância das atividades de educação para contribuir com a solução
desse problema, esse trabalho visa selecionar, organizar e apresentar informações
para a produção de cartilhas educativas que orientem a população sobre a destinação
adequada de medicamentos.
Causas do descarte inadequado de medicamentos

Existem várias causas dos descartes inadequados de medicamentos no meio


ambiente. De modo geral, quando acumulados nas residências os medicamentos são
descartados no lixo doméstico em razão do desconhecimento de informações sobre o
destino correto para se fazer o descarte (BUENO et al., 2009).
As sobras de medicamentos vencidos ou não utilizados nas residências podem
estar associado a vários fatores como a super-prescrição (dispensação de
medicamentos em grande quantidade, além do tratamento), o abandono de
tratamentos, a distribuição de amostras grátis (distribuídas por laboratórios
farmacêuticos como forma de propaganda), a auto-medicação (sem nenhuma
intervenção por parte de um médico ou profissional habilitado) e também pela carência
de informação da população relacionada a prevenção e cuidados básicos com a saúde
(EICKHOFF, et al. 2009).
Os medicamentos são essenciais para a manutenção da saúde da população,
mas a mídia dá um grande incentivo ao consumo excessivo dos mesmos, contribuindo
com o acúmulo daqueles inutilizáveis nas residências (GASPARINI; GASPARINI;
FRIGIERI, 2011).
O consumo de medicamentos, geralmente, é influenciado por vários fatores,
como a oferta de medicamentos, as doenças e o uso da propaganda. Esse último é
considerado um fator predominante para o uso irracional de medicamentos, pois a
indústria farmacêutica gasta uma grande parte de seu orçamento em publicidade
convencendo a população da sua importância e estimulando seu uso (EICKHOFF, et al.
2009).
O consumo excessivo de medicamentos também está relacionado com os
recursos econômicos e humanos destinado ao serviço de saúde, no qual no Brasil
existem programas de saúde que fazem distribuição gratuita da maioria dos
medicamentos básicos para diversos tratamentos de saúde, mas porém a distribuição
deve ser realizada para quem realmente necessita desses medicamentos, sendo
liberada na quantidade adequada conforme a prescrição médica (GASPARINI;
GASPARINI; FRIGIERI, 2011).
A falta de informação e divulgação sobre os danos causados pelos
medicamentos ao meio ambiente e por carência de postos de coleta faz com que a
população descarte de maneira incorreta os medicamentos, sendo na maioria das
vezes em lixo comum ou em vasos sanitários. Sabemos que o descarte inadequado de
medicamentos é realizado pela maioria da população por falta de informação e
divulgação dos danos causados pelos fármacos ao meio ambiente e também pela falta
de postos de coleta (GASPARINI; GASPARINI; FRIGIERI, 2011).

Consequências do descarte inadequado de medicamentos

A realização do descarte incorreto de medicamentos pode trazer vários riscos à


saúde da população e ao meio ambiente devido, entre outros, às intoxicações de
pessoas causadas pela reutilização desses resíduos de medicamentos e a
contaminação ambiental, respectivamente.
Na maioria das cidades brasileiras, os resíduos domésticos coletados são
despejados em lixões, o que possibilita a coleta e consumo de medicamentos
descartados por catadores e a disponibilização dos mesmos diretamente no solo,
comprometendo a saúde e a qualidade de vida dos usuários (ANVISA, 2014).
As substâncias presentes nos medicamentos são muito resistentes e quando não
tratadas retornam para a nossa casa, trazendo contaminação na água com resto
desses resíduos (NASCIMENTO, 2008). A descoberta de compostos farmacêuticos no
meio aquático tem desencadeado, na última década, no desenvolvimento de vários
estudos em torno dos impactos gerados (CALDEIRA; PIVATO, 2010).
Embora as consequências do descarte de medicamentos nesse tipo de ambiente
ainda não sejam muito conhecidas, existe uma grande preocupação em relação aos
efeitos desses medicamentos sobre a saúde animal quando presentes em ambientes
aquáticos. As substâncias químicas presentes nos medicamentos, quando expostas às
condições adversas de temperatura, umidade e luz, podem transformar-se em
substâncias tóxicas e afetar o equilíbrio do meio ambiente, sendo que alguns grupos
merecem uma atenção especial, como os antibióticos e os estrogênios (EICKHOFF;
HEINECK; SEIXAS, 2009).
Os antibióticos são encontrados frequentemente em efluentes de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETE’s) e, por serem muito persistentes, não são totalmente
removidos por tratamentos convencionais de água. Esses medicamentos podem
proporcionar resistência em alguns micro-organismos, como as bactérias, que, quando
presente em um rio contendo traços do antibiótico, pode tornar-se resistente a essa
substância (BILA; DEZOTTI, 2003).
Já os estrogênios, podem afetar o sistema reprodutivo de organismos aquáticos,
como a feminização de peixes machos presentes em rios contaminados com descarte
de efluentes de estações de tratamento de esgoto. Outros produtos que também
requerem atenção especial são os antineoplásicos e imunossupressores utilizados em
quimioterapia, que são conhecidos como potentes agentes mutagênicos (EICKHOFF;
HEINECK; SEIXAS, 2009).

Minimização dos problemas oriundos do descarte inadequado de medicamentos

O descarte correto de medicamentos no Brasil é normatizado pelo Ministério da


Saúde e do Meio Ambiente, sendo ambos responsáveis pelas propostas de
instrumentos para que os autores envolvidos em atividades que geram resíduos dessa
natureza possam dar lhes a disposição final adequada (FALQUETO et al., 2006).
Porém, nem sempre esses instrumentos são implementados havendo necessidade,
portanto, da iniciativa privada, do envolvimento da sociedade e da realização de
pesquisas acadêmicas voltadas para a questão.
São várias as medidas a fim de tentar minimizar os possíveis problemas gerados
pelo descarte inadequado de medicamentos, sendo algumas delas aqui apresentadas.
Uma das medidas é o investimento em campanhas de educação ambiental,
informando a população sobre a importância do descarte correto e os possíveis riscos
de não se fazê-lo (BORRELY et al., 2012), visto que a população é considerada uma
peça chave na solução dos problemas causados pelo descarte inadequados de
medicamentos no meio ambiente (GASPARINI; GASPARINI; FRIGIERI, 2011).
Segundo Borrely (2012), a adoção obrigatória em todo o país do fracionamento
de medicamentos para a venda também é considerada de extrema importância para
minimizar seus descartes. Caso essa estratégia fosse adotada, na embalagem
constaria apenas a quantidade adequada para um determinado tratamento, evitando
possíveis sobras. No entanto, ocorre uma certa resistência por parte das indústrias na
produção de medicamentos fracionados, pois gera aumento de custo, sendo necessário
a modificação da produção para se adequar aos novos tipos de embalagens (FREITAS,
2004).
A implantação de coletores de medicamentos e sua divulgação para a população
também é fundamental para minimizar os descartes inadequados. No entanto, para que
essa medida seja efetivada é necessário que haja um trabalho coletivo por parte das
Organizações governamentais, não governamentais e da população envolvida, como
também a publicação de legislações específicas que abranja questões referentes ao
descarte de medicamentos.
A falta de legislações e os custos gerados para a implantação dos coletores em
drogarias e farmácias, são fatores que não contribuem para a possível solução para
esse problema de impacto ambiental tão importante (BUENO; WEBER; OLIVEIRA,
2009). Porém, alguns programas de descarte de medicamentos, como o Programa
Descarte Consciente, possuem pontos de coleta de medicamentos em desuso já
instalados em determinados locais que devem ser divulgados em atividades de
educação, conhecidos e utilizados pela população.
O Programa Descarte Consciente, foi criado no ano de 2010 e, atualmente, conta
com cerca de 300 pontos de coleta de medicamentos distribuídos em mais de 100
municípios brasileiros, entre eles, Belo Horizonte, em Minas Gerais. Esses pontos de
coleta possuem máquinas coletoras, chamadas ECOMED (Figura1), com alta
tecnologia e segurança, que visam á coleta de medicamentos domésticos e vencidos
atendendo as exigências sanitárias e facilitando o descarte correto.
Além disso, essas máquinas garantem o registro dos medicamentos por meio do
código de barras e o acondicionamento correto até a sua coleta pelas empresas
responsáveis. O registro realizado através do código de barras proporciona a geração
de dados, que podem ser úteis para identificação das prováveis causas da geração de
resíduos. Dispõe também de um compartimento específico para o descarte de bulas e
embalagens dos medicamentos.
Figura 1: Ecomed: coletor de medicamentos vencidos ou inutilizados.
Fonte: Ecocidades, 2015; Ifronteira, 2015.

Vale também ressaltar a importância da logística reversa como medida para


minimizar os problemas gerados pelo descarte inadequado de medicamentos. Essa
estratégia pode ser definida como um segmento especializado da logística focado na
movimentação e gestão de recursos pós-venda e pós-consumo, sendo ainda um
processo de retorno de produtos ou resíduos do ponto de consumo até o ponto de
origem (LEITE, 2009).
Referente à destinação final dos resíduos gerados, a incineração vem sendo um
dos métodos mais utilizados atualmente. Segundo Bidone (2005), a incineração é um
processo de oxidação a alta temperatura que destrói, reduz o volume ou recupera
materiais ou substâncias, transformando os rejeitos em materiais inertes, reduzindo,
assim, o peso e o volume. Porém, conforme Alvarenga e Nicoletti (2010), a incineração
não é o método ideal, pois gera emissão de gases tóxicos à atmosfera, embora,
atualmente, seja o método mais indicado para o destino e diminuição do volume dos
medicamentos inutilizados, evitando seus descartes no meio ambiente.
Silva (2005) ressalta que para tentar solucionar a questão da quantidade de lixo
gerado é necessária uma mudança no comportamento social, sendo realizado
principalmente nos padrões de produção e consumo.

Metodologia

Para cumprir com os objetivos desse trabalho foram realizados pesquisas


bibliográficas no site da empresa Google (http://scholar.google.com.br), Google
Acadêmico, no site Descarte Consciente (http://www.descarteconsciente.com.br/) e no
site do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP)
(http://portal.crfsp.org.br/campanhas.html).
As pesquisas bibliográficas foram realizadas utilizando combinações dos
descritores: descarte, descarte inadequado, fármacos, medicamentos e meio ambiente.
Entre os artigos encontrados foram selecionados aqueles que cujo título, resumo e/ou
objetivos abordavam temas relacionados com o descarte de medicamentos.
Já no site Descarte Consciente, foram consultadas informações do Programa
Descarte Consciente, que é uma gestão da Brasil Health Service (BHS), empresa de
tecnologia e inovação em saúde, que administra a responsabilidade compartilhada
entre as empresas da cadeia produtiva, órgãos públicos, patrocinadores e
consumidores. Esse programa objetiva coletar medicamentos em desuso de posse da
população buscando evitar que os mesmos sejam descartados de maneira inadequada
nas residências. Além de informações relacionadas com o funcionamento desse
programa, foram consultadas informações sobre as empresas participantes, os pontos
de coleta e as instruções para descarte.
Por último, no site do CRF-SP foram consultadas informações das Campanhas
de Educação em Saúde, que buscam, entre outros, proporcionar esclarecimentos à
população sobre os meios de prevenção dos fatores de riscos. Nesse site estão
disponíveis para download várias cartilhas para a realização de campanhas de
educação em saúde em estabelecimentos farmacêuticos, que foram utilizadas como
fonte de informações, modelos de estrutura e para auxiliar na determinação do
conteúdo a ser abrangido numa cartilha.
Entre os artigos encontrados durante as buscas bibliográficas, foram
selecionados treze artigos, que abrangem as causas, consequências e/ou medidas
para minimizar os problemas provenientes do descarte inadequado no meio ambiente.

Resultados e Discussão

Como resultados foram apresentadas algumas sugestões para a confecção das


cartilhas sobre a temática abordada, causas, consequências e medidas para minimizar
os problemas gerados com o descarte inadequado.
Antes da abordagem das informações específicas, sobre a destinação adequada
de medicamentos, conforme consulta realizada em outras cartilhas, é desejável que a
cartilha apresente uma breve introdução sobre o assunto, medicamentos e os riscos
que seus resíduos podem vim a trazer se não forem descartados de maneira adequada.
Pois essas informações poderão contribuir com a sensibilização do leitor para a
questão, estimular a continuidade da leitura e influenciar suas atitudes quanto ao
descarte de medicamentos.
Na sequência apresentar as temáticas sugeridas nesse estudo, que foram
organizadas de acordo com as causas, consequências e medidas para minimizar os
problemas provenientes do descarte inadequado de medicamentos, pois trazem as
informações sobre a importância da sua utilização.
Quanto á linguagem ela dever ser simples e clara, apresentando os conceitos e
ações numa ordem lógica e incluir apenas as informações necessárias, para uma
melhor compreensão do leitor.
É desejável ainda que a cartilha apresente ilustrações sobre as temáticas
apresentadas, causas, consequências do descarte inadequado de medicamentos no
meio ambiente e sobre as medidas que podem minimizar esse problema. Essa
estratégia é comumente utilizada nas cartilhas consultadas nas Campanhas de
Educação em Saúde do CRF-SP, visto que facilita a compreensão das informações
pela população leitora e também para dar ênfase em um determinado assunto.
O layout e o design, também são itens que devem ser considerados importantes
para a produção das cartilhas, pois tornam o material mais fácil e mais atraente para o
leitor. Segue abaixo (figura 2) alguns aspectos da linguagem, ilustração e layout que
devem ser considerados na elaboração de cartilhas educativas.

Quanto á linguagem

 Deve ser simples e clara.

 Desenvolver uma idéia por vez.

 Apresentar os conceitos e ações numa ordem lógica.

 Incluir apenas as informações necessárias, para uma melhor

compreensão do leitor.

Quanto á ilustrações

 Selecionar ilustrações que ajudem a explicar ou enfatizar pontos e idéias

importantes do texto.

 Ilustrar apenas os pontos mais importantes a fim de evitar material muito

denso.

 Colocar as ilustrações próximas aos textos aos quais elas se referem.

 Dispor as ilustrações de modo fácil, para um melhor entendimento do

leitor.

Quanto ao layout e design

 Fontes, cores e sombreamentos usar com cautela.

 Capa de efeito atrativo (imagens e cores).

 Organização da mensagem para facilitar a ação desejada e a

lembrança.

 Limitar a quantidade de texto e imagens na página.

Figura 2 – Alguns aspectos de linguagem, ilustração e layout que devem ser considerados nas cartilhas
educativas. Fonte – Adaptação do artigo de Moreira MF, Nóbrega MML, Silva MIT (2003)
Considerando a síntese de informações relacionadas com as causas,
consequências e medidas minimizadoras dos problemas provenientes do descarte
inadequado de medicamentos, abaixo estão apresentados três esboços com uma
síntese de informações sugeridas para serem incluídas em cartilhas educativas que
abranjam a temática em questão (Figuras 3, 4 e 5). Considerando sua elaboração,
sugere-se que as cartilhas sejam distribuídas nos estabelecimentos de saúde, postos
de saúde, farmácias e drogarias, sendo necessária também a realização de campanhas
sobre o assunto através do Ministério da Saúde.

Principais causas do descarte inadequado de medicamentos

 Falta de informação e divulgação dos impactos causados no meio

ambiente;

 Sobras de medicamentos;

 Falta de informação de como se fazer o descarte;

 Carência de postos de coleta;

 Uso irracional de medicamentos.

Dicas para reduzir a quantidade de medicamentos em desuso nas


residências

 Comprar medicamentos apenas quando for necessário;

 Não interromper o tratamento por conta própria;

 Comprar a quantidade exata ou, a mais próxima do tratamento

prescrito;

 Antes de ir ao médico relacionar os medicamentos que já possui em

casa para verificar a possibilidade da utilização caso necessite.

Figura 3 - Principais causas do descarte inadequado de medicamentos; orientações para a redução de


medicamentos vencidos ou inutilizados nas residências.
Principais consequências do descarte inadequado de medicamentos

 Risco ao meio ambiente e a saúde da população (contaminação,

intoxicação);

 Resistência bacteriana (antibióticos);

 Feminização de peixes (hormônios).

Figura 4 – Principais consequências do descarte inadequado de medicamentos.

Principais medidas para minimizar os problemas oriundos do descarte


inadequado de medicamentos

 Investir em campanhas de Educação Ambiental;

 Fracionamento de medicamentos;

 Implantação de coletores;

 Uso racional de medicamentos;

 Logística reversa.

Dicas de como proceder com os medicamentos em desuso e ou/vencidos


nas residências

 Não jogar na pia ou no vaso sanitário.

 Não jogar no lixo seco ou orgânico.

 Guardar em local separado, seguro, fora do alcance de crianças.

 Procurar por postos de coleta na sua cidade para o descarte correto.

Figura 5 – Principais medidas para minimizar os problemas oriundos do descarte inadequado de


medicamentos; orientações para descarte correto de medicamentos nas residências
Considerações Finais

De acordo com as principais causas do descarte inadequado de medicamentos


inventariadas nesse estudo, os resultados apresentados indicam a relevância da
divulgação de informações sobre as consequências negativas dessa ação e as medidas
que podem ser adotadas para minimizar esse problema. É importante ainda que em
programas de educação sejam divulgadas informações referentes às causas do
descarte, como as inventariadas nesse estudo. Essas informações podem levar a
população humana a pensar maneiras que contribuam com a diminuição das causas,
como a adoção de atitudes que reduzam a quantidade de medicamentos vencidos ou
inutilizados nas residências. É necessário melhorar o acesso da população às
informações referentes á essa problemática, trabalhando questões da Educação
Ambiental, visto que é fundamental na construção de valores, vindo a apresentar
resultados importantes em relação ao desenvolvimento sustentável. Sugere-se que
esse trabalho, por meio das informações apresentadas, possa ajudar na composição de
cartilhas educativas e que futuros trabalhos possam avaliar se a aplicação dessa
estratégia de educação gera resultados satisfatórios em relação ao problema
apresentado.

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