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RESUMO
Para o uso terapêutico as pessoas adquirem medicamentos que, em muitos casos, não são
consumidos por completo. Ao perderem o prazo de validade, tais medicamentos são
descartados no esgoto residencial, sem nenhum cuidado, o que contribui para gerar um
passivo ambiental. Além da população em geral, outros entes são responsáveis por produzir
esse tipo de resíduo, entre os quais estão as indústrias farmacêuticas, farmácias, os hospitais,
as clínicas e unidades de saúde. Todos esses entes são responsáveis pelo destino do resíduo
produzidos. A presente revisão bibliográfica objetiva contribuir com a discussão sobre riscos
do descarte impróprio de medicamentos vencidos, bem como, apresentar os recentes avanços
em relação ao processo de descarte. Por ser um assunto pouco familiar à população em geral,
deve haver uma preocupação das autoridades sanitárias sobre a comunicação dos riscos bem
como prover informações quanto às normas e da logística que pode dar suporte ao descarte
correto dos medicamentos vencidos.
ABSTRACT
For therapeutic use people acquire drugs which in many cases are not completely consumed.
Losing the expiration date, such drugs are discarded in residential sewage, without any care,
which contributes to generate an environmental liability. Besides the general population, other
entities are responsible for producing this type of waste, among which are the pharmaceutical
companies, pharmacies, hospitals, clinics and health units. All these entities are responsible
for the fate of the waste produced. This literature review aims to contribute to the discussion
about risks of improper disposal of expired products, as well as present recent advances in
relation to the disposal process. Being a subject unfamiliar to the general population, there
should be a concern of health authorities on risk communication as well as provide
information about the standards and logistics that can support the proper disposal of expired
products.
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Janeiro de 2013
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1. INTRODUÇÃO
Parte dos resíduos domiciliares possui características que fazem com que se
assemelhem aos resíduos de serviços de saúde. Como é o caso, de seringas e agulhas
utilizadas por pacientes portadores de diabetes, usuários de drogas, entre outros. Geram
resíduos sólidos perfurocortantes que se assemelham ao resíduo hospitalar e estes são
descartados em lixo domiciliar comum (GARCIA, 2004).
Segundo Garcia (2004) os termos chaves que devem ser utilizadas para orientar o
gerenciamento dos resíduos são: a) reduzir, b) segregar e c) reciclar. Esses princípios devem
ser incorporados ao Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS) de
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Este artigo tem como objetivo objetiva contribuir com a discussão sobre riscos do
descarte impróprio de medicamentos vencidos, bem como, apresentar os recentes avanços em
relação ao processo de descarte.
2. METODOLOGIA
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso racional de medicamentos de medicamentos deve ser o grande foco para evitar
que sobrem medicamentos e que são indevidamente descartados. Porém, cabem alguns
questionamentos sobre os motivos que levam à sobra medicamentos. Seria devido às
mudanças de tratamento do paciente em relação ao medicamento? À distribuição de
amostras? Ao gerenciamento inadequado? À carência de informações por parte da população?
São várias as questões que precisam ser respondidas para que não se gere muitas sobras que
serão descartadas.
Assim, antes de discutir a descarte de medicamentos vencidos, especula-se que entre
as principais razões que levam a sobra de medicamentos no Brasil estejam:
a) A dispensação de medicamentos além da quantidade exata para o tratamento do
paciente, isto é, as apresentações dos medicamentos não condizentes com a duração do
tratamento dos pacientes;
b) A ausência de uma política de fracionamento de medicamentos pela cadeia
farmacêutica;
c) A interrupção ou mudança de tratamento – por vezes os pacientes interrompem o
tratamento ou são orientados a alterar o tratamento, o que implica em sobra do medicamento
que estava em uso;
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Todos estes entes são geradores de resíduos de serviços de saúde todos os serviços
relacionados com o atendimento à saúde humana, drogarias e farmácias de manipulação e
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uso mais restrito, como injetáveis, aparecem menos entre os medicamentos descartados
(ROCHA et. al. 2009).
Apesar de não existir um estudo representativo para todo Brasil, o estudo de Rocha et
al. (2009) serve de indicador para o que acontece com o descarte de medicamentos vencidos e
qual o comportamento da população brasileira em geral tanto do ponto de vista das classes de
medicamentos como também das formas de medicamentos descartados.
Quando descartado no lixo comum, o medicamento vai parar nos aterros sanitários e aí
há outro problema social grave que é a situação de quem vive dos lixões no Brasil. Ao revirar
o lixo em busca de algo que possa render algum dinheiro, pessoas que frequentam lixões,
encontram os medicamentos descartados e podem ingeri-los, colocando sua saúde em sério
risco. Além disso, medicamentos vencidos representam um perigo potencial para crianças.
Então estamos falando de um problema social grave, sendo por isso, uma questão de
vigilância sanitária e ambiental.
Neste contexto a farmacovigilância tem também um papel importante, pois,
acompanha o medicamento quando do uso em larga escala, permitindo a identificação de
efeitos adversos quando está no mercado, assim como, detecta precocemente reações adversas
conhecidas, e efeitos do uso indevido dos mesmos e interações medicamentosas, além de
identificar fatores de risco (ADAMI, 2008).
O tema descarte de medicamentos é prioritário na agenda política sanitária em
ambiental no Brasil. Além da RDC nº 44/2009, que estabelece os critérios e condições
mínimas para o cumprimento das Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do
funcionamento, da dispensa, comercialização de produtos e prestação de serviços
farmacêuticos em farmácias e drogarias, em seu artigo 93 menciona que: “é permitido às
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A vigilância ambiental em saúde pode ser definida como “o conjunto de ações que
proporcionam o conhecimento e a detecção de fatores de risco do meio ambiente que
interferem na saúde humana” (FUNASA, 2002). Criada com a finalidade de proteger o meio
ambiente contra possíveis riscos de contaminação por elementos químicos, tais como os
medicamentos, as atribuições da vigilância ambiental estão diretamente ligadas ao Sistema
Único de Saúde. Com a integração de diversos setores públicos e privados, tendo como
objetivo prevenir e controlar os fatores de risco de doenças e de outros agravos à saúde,
decorrentes do ambiente e das atividades produtivas.
Tendo em conta o papel da vigilância ambiental, quanto ao perigo do descarte
inadequado dos medicamentos no esgoto ou lixo comum, parando nos aterros sanitários, é
importante os entes da vigilância ambiental sejam incluídos na esfera das discussões da PNRS
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS
ANVISA. Regulamento técnico das Boas Práticas para a Fabricação de Medicamentos. Diário
Oficial, Leis decretos – RDC nº. 210. Agência Nacional de Vigilância Sanitária: Dispõe sobre
a República Federativa do Brasil, Brasília, 04 de agosto de 2003.
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seleção de indicadores de contaminação ambiental relacionados aos resíduos dos
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