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PROJETO DE DESCARTE CONSCIENTE DE MEDICAMENTOS EM UMA

UNIVERSIDADE PRIVADA (UNIP / CURSO FARMÁCIA) NO MUNICÍPIO DE


MOSSORÓ-RN

Mossoró-RN
2023
Apresentação

Papamed Descarte de medicamentos doméstico, destacando a falta de


conhecimento por parte da população no que diz respeito ao descarte
inadequado e seus impactos ambientais.

Mídia Social Instagram: @papamed_unip

Data de implantação do Projeto Marcço/2023

Orientação Projeto Msc Rodrigo Dias Alves

Local UNIP/Mossoró

Colaboradores/Integrantes Turma Farmácia UNIP 2023.1


1- INTRODUÇÃO

Na era contemporânea a população mundial vem tornando-se cada vez mais notória
quando se trata dos índices de consumo, cada vez mais altos, seja na parte alimentícia,
eletrônicos gerais, vestuário e medicamentos, fazendo com que a produção de resíduos (que é
sinalizada principalmente pelo desperdício) chegue ao limite do que o meio ambiente é capaz
de regenerar. Com o intenso desenvolvimento tecnológico, industrial e com o aumento
populacional, a tendência é que os limites sejam ultrapassados, acarretando sérios problemas
ao planeta e raça humana (SANTOS; ROHLFS, 2012).

Segundo Pinto (2011), dentre as inúmeras fontes que levam ao desperdício, o consumo
de medicamentos tanto de uso humano quanto veterinário implicam na contaminação ambiental
por serem utilizados sem regras e descartados de maneira imprópria. Todo e qualquer resíduo
de medicamento pertence aos resíduos de classe I – perigosos, designando separação, transporte
e destino final adequado (ABNT NBR 10004, 2004).

O Brasil é um dos países que mais consomem medicamentos no mundo,


consequentemente é um grande gerador de resíduos. Este consumo acelerado está relacionado
com as políticas adotadas, que assim elevam a quantidade de fármacos em desuso, os vencidos
e suas respectivas embalagens. Todo este lixo acaba sendo destinado em locais impróprios
como: pias, vasos sanitários, o lixo comum, córregos, lagoas dentre outros. Estas atitudes
indevidas dissipam a contaminação para água, solo e até mesmo os animais, e então pode
retornar ao homem, colocando em risco sua saúde (ALVARENGA ,NICOLETTI, 2010).

Cada vez mais são encontrados medicamentos, produtos cosméticos e veterinários nas
águas subterrâneas e de consumo humano, presumindo-se assim que a maior parte da população
não tem consciência sobre o descarte adequado dos medicamentos. Entre tantas fontes de
contaminação, não se pode dizer que os efeitos toxicológicos decorrentes destes processos são
totalmente esclarecidos, porém vários estudos relatam que os resíduos e seus metabólitos
interferem diretamente no ciclo dos organismos aquáticos e terrestres, desequilibrando assim
seus respectivos metabolismos e alterando o ecossistema. A crescente importância das fontes
de água doce do planeta atualmente ressalta a necessidade de garantir que qualquer impacto
pontual ou acumulativo nos ambientes aquáticos seja minimizado (DAUGHTON, 2003b;
JONES et al., 2005).

A ocorrência de fármacos nas águas naturais e residuais tem sido um importante tópico
de discussão internacional e os medicamentos são uma das mais importantes classes de
poluentes emergentes (BILA & DEZOTTI, 2003). Os fármacos que estão mais presentes nas
análises detectadas são muito consumidos pela população e apresentam maior permanência no
ambiente pertencem à classe de analgésicos, anti-inflamatórios, hormônios, citostáticos,
antiparasitários, agente redutores de lipídeos, beta bloqueadores e antimicrobianos
(CARVALHO, et al, 2009).

Uma grande preocupação por parte dos pesquisadores e cientistas está relacionada com
o grupo dos antibióticos, cujo consumo tem aumentado significadamente, pois são essenciais
para tratamentos de patologias humanas, produção de alimentos de origem animal e demais
aspectos de âmbito veterinário. Essa classe de medicamentos é ampla, complexa e apresenta
diversas características químicas, e embora não se tenha maiores esclarecimentos a respeito dos
efeitos causados ao meio ambiente, sabe-se que são os responsáveis pela resistência bacteriana
ocasionada por práticas irregulares, tanto relacionada às prescrições quanto ao uso. As
legislações e práticas de regulamentação ainda são bastante precárias e através do
aprimoramento das indústrias e suas tecnologias, surgem a todo instante novo poluentes que
podem ser lançados em diversas escalas na atmosfera ambiental (VASCONCELOS, 2011).

De acordo com os dados alarmantes apresentados pela OMS (Organização Mundial da


Saúde) mais de 50% das prescrições aviadas contendo substâncias antimicrobianas são feitas
de maneira incorreta (VASCONCELOS, 2011). O crescimento do uso de antibióticos pela área
veterinária tem se tornado um enorme incômodo, uma vez que são amplamente utilizados para
promover um crescimento acelerado dos animais de forma direta ou indireta (através de
produtos alimentícios que lhes são expostos). Muitos estudos realizados comprovaram valores
excessivos de antimicrobianos presentes nos alimentos de origem animal, presumindo-se que
as boas práticas veterinárias também não estão sendo respeitadas, o que torna isto mais um
agravante para problemas como a resistência bacteriana que pode culminar em superbactérias
e o desenvolvimento de alergias em indivíduos que apresentam hipersensibilidade a algum
componente do produto animal (NUNES, 2013).
No Brasil, não há legislação específica para o descarte correto de medicamentos. O
que se têm são leis, resoluções da diretoria colegiada, normas reguladoras e portarias que
abrangem de uma forma geral sobre o destino final para determinados resíduos. A RDC nº 306
de 2004, por exemplo, dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos
de serviços de saúde quanto a sua separação, acondicionamento e coleta de acordo com sua
classificação, outro exemplo seria a Lei 12.305 de 2010 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos que dispõe sobre a disposição final para resíduos sólidos incluindo os
perigosos, exceto os radioativos que possuem legislação específica (VENTURA; REIS;
TAKAYANAGUI, 2009; ANVISA, 2010).

É provável que este quadro se transforme com o decorrer do tempo. A RDC 44,
(26/10/2010) da ANVISA passa a delimitar como as prescrições e vendas dos antimicrobianos
vão ocorrer impondo prazo de validade às receitas e retenção das mesmas. A PNRS (Política
Nacional de Resíduos Sólidos), a lei no 12.305/2010 e seu decreto no 7.404/2010 destina-se a
aglomerar os objetivos, instrumentos, diretrizes e princípios que foram adotados pelo governo
de formato particular ou em concomitância com os Estados, Municípios, visando o
gerenciamento mais adequado dos resíduos (SANTOS, ROHLFS, 2012). Contudo, o
consumidor final ainda é o que apresenta maior lacuna nas legislações. No Brasil falta muita
infraestrutura, aterros sanitários, incineradores adequados para o procedimento, campanhas
governamentais que orientem a população em como destinar corretamente seus medicamentos
não mais utilizados e/ou vencidos, a fim de minimizar os danos causados ao meio ambiente e
melhorando a qualidade de vida de todos (ALVARENGA, NICOLETTI, 2010). O Ministério
do Meio Ambiente (MMA), conforme Resolução Nº 358/2005, dispõe sobre o tratamento e a
disposição final dos resíduos do serviço de saúde.

Em países como Portugal, Colômbia, México, Austrália e Canadá existem programas


de recolhimentos de medicamentos vencidos e em desuso. No caso de Portugal tem se o
VALORMED, um programa de gestão de resíduos de embalagens e medicamentos que abrange
todo o território nacional por meio de postos de coletas em farmácias. O Canadá possui
programas regionais com características diferentes quanto à administração, monitoramento,
financiamento e prática de recolhimento. No México, em 2009, foi instituído o Programa
Nacional de Recolhimento de Medicamentos Vencidos que dispõe sobre a coleta e identificação
dos medicamentos recolhidos em postos de saúde, clínicas, hospitais, entre outros
(FALQUETO, 2011; ANVISA, 2007).

Apesar de um debate mais substanciado sobre esse tema ter sido iniciado no Brasil há
apenas alguns anos, a literatura internacional possui uma grande quantidade de publicações
sobre o tema, incluindo revisões como a do autor Kümmerer, 2009, que dá uma visão geral do
conhecimento até aquele momento sobre produtos farmacêuticos no ambiente, apresentando
informações importantes e linhas de discussão sobre o tema. Sant et al., 2010, elaboraram uma
revisão bibliográfica sobre os aspectos ecotoxicológicos relacionados com a presença de
medicamentos no meio aquático. Fatta-kassinos et al., em 2011, forneceram uma visão
integrada da situação e das tendências que prevalecem no tema específico de fármacos que
entram no ambiente. Ainda assim, a emissão de produtos farmacêuticos como poluentes no
meio ambiente é considerada, por diversos autores, uma questão ainda pouco discutida frente a
sua relevância mundial (DAUGHTON, 2003b). Até pouco tempo o problema da contaminação
por resíduos perigosos era focado quase que exclusivamente nos grandes geradores de resíduos,
como indústrias e hospitais (FATTA-KASSINOS et al., 2011). Entretanto, tratando-se de
resíduos químico farmacêuticos, o inerente potencial de risco ambiental estende-se aos
chamados “micropoluidores”, como os consumidores, que contribuem individualmente com
pequenas quantidades de resíduos, que, devido ao efeito acumulativo, acabam gerando grandes
consequências (HEBERER, 2002; DAUGHTON, 2003a). Os medicamentos são considerados
“micropoluentes especiais” por serem introduzidos no ambiente em pequenas quantidades e por
apresentarem características físico-químicas e biológicas que os tornam contaminantes,
diferenciados de outros compostos químicos industriais (FATTA-KASSINOS et al., 2011).

Além dos riscos ambientais causados pelo descarte inadequado, diferentes autores vêm
refletindo sobre a exposição dos catadores de materiais recicláveis a esses medicamentos que
são destinados como resíduos comuns (Grupo D), ou seja, são descartados sem nenhum
tratamento prévio. Para Pinto et al. (2014), o descarte inadequado de medicamentos possibilita
que os catadores de materiais recicláveis consumam de forma inapropriada esses resíduos ou
que os descartem diretamente no solo para o reaproveitamento das embalagens.
2 – JUSTIFICATIVA

Foi comprovado que o impacto que os resíduos de medicamentos causam ao meio


ambiente é um grave problema. De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, 2014) cerca de 60 mil toneladas de medicamentos são jogadas fora por ano pelos
consumidores. Mas o que muitas pessoas desconhecem é que existe um jeito correto de se
desfazer dos medicamentos sem jogá-los no lixo.

Um dos principais objetivos do descarte correto de medicamentos é evitar danos a


saúde e ao meio ambiente, seja na ingestão inadequada causando efeitos colaterais ou na
contaminação do solo e lençóis freáticos. Entretanto, o projeto nos mostrará qual vai ser o grau
de conhecimento adquirido nesse assunto, a conscientização, a fim de se evitar que o destino
dos medicamentos vencidos ou fora de uso seja o lixo doméstico comum e consequentemente
ao lixão municipal.
3 – OBJETIVOS

3. 1. Geral

• Este projeto de extensão no curso de Farmácia, tem como objetivo conscientizar os


alunos da Instituição UNIP Mossoró-RN no processo de descarte de medicamentos
doméstico, destacando a falta de conhecimento por parte da população no que diz
respeito ao descarte inadequado e seus impactos ambientais.

3.2. Específicos

• Levantamento bibliográfico de estudos publicados sobre descarte de medicamentos e


consequências para o meio ambiente;
• Levantamento das regulamentações vigentes no enfoco da pesquisa.
• Elaborar materiais informativos e educativos para divulgação dos objetivos e ações do
projeto;
• Elaborar uma cartilha autoexplicativa para conscientizar os consumidores sobre a
maneira correta de descarte de medicamentos;
• Sensibilizar os alunos para o descarte correto e uso racional dos medicamentos, dos
fármacos com seu prazo de validade vencido ou fora de uso, por meio de campanhas,
palestras e dos materiais elaborados, divulgados em diversas mídias;
• Alertar a população participante contra os perigos de se ter medicamentos dentro de
casa e o uso indevido da composição sem orientação médica.
4 – REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. RESÍDUOS SÓLIDOS
Conforme Kavamoto (2011), a produção de resíduos é um agravante do crescimento
populacional, principalmente com a diversidade de novos produtos, pois este é um dos efeitos
do consumismo na sociedade industrial. Para que ocorra a produção desses produtos,
principalmente os tecnológicos, ocorre a necessidade da busca das matérias-primas que fazem
parte de sua composição, por isso os recursos naturais se esvaem, sendo necessários métodos
que promovam sua destinação correta, bem como a reciclagem, quando possível.

O Brasil está entre os maiores consumidores medicamentos em nível mundial, vista a


demanda populacional que cresce exponencialmente, além de possuir uma economia agregada
a um maior acesso a medicamentos (TES-SEROLLI et al., 2013).Em razão das políticas
governamentais adotadas, a população brasileira tem um aumento do consumo de
medicamentos, o que, consequentemente, traz uma maior quantidade de embalagens e sobras
desses produtos, que, por sua vez, terão como destino o lixo comum, principalmente pelo não
cumprimento da venda de medicamentos fracionados (ALVARENGA; NICOLETTI, 2010).

Segundo Alves (2010) para que ocorra o fracionamento dos medicamentos, deve-se
ater-se a dois fatores importantes: os laboratórios e indústrias farmacêuticas produzirem
conforme os critérios possibilitadores do fracionamento, e as farmácias e drogarias fracionarem
e contratarem profissional habilitado, já que a RDC 80/06 da Anvisa determina que os
medicamentos fracionados não poderão ficar ao alcance do consumidor.

É indiscutível que os destinos dos resíduos das indústrias farmacêuticas tenham grande
influência na saúde pública, pois os efeitos no meio ambiente afetarão a todos em algum
momento, direta ou indiretamente. Com isso, o gerenciamento desses resíduos está
regulamentado na Resolução Conama n. 358/2005, e na RDC n. 306/2004, portanto, cabendo
ao estabelecimento de saúde o seu gerenciamento desde a geração até a sua disposição final.
Salienta-se que os medicamentos são classificados como resíduos do grupo B, compondo todas
as substâncias químicas que oferecem algum risco à saúde pública ou ao meio ambiente,
dependendo de suas características, conforme a NBR 10.004 (ALVA-RENGA; NICOLETTI,
2010).

A Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, ligada à Lei de Crimes Ambientais, foi


criada para controlar as atividades das indústrias farmacêuticas, pois a falta de ações para o
controle de dejetos do processo industrial de produtos farmacêuticos e dos efeitos nocivos de
elementos químicos que são despejados indiscriminadamente gera menor segurança ao meio
ambiente (BRASIL, 1988 apud CHAVES, 2014)

Segundo a Anvisa (2004), os resíduos sólidos de serviço de saúde (RSSS), ou seja, de


origem farmacêutica, englobam os resíduos gerados em todos os serviços relacionados com:

a) O atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e


de trabalhos de campo;

b) Laboratórios analíticos de produtos para saúde;

c)Necrotérios, funerárias e serviços em que se realizem atividades de embalsamento;

d)Serviço de medicina legal; drogarias e farmácias;

e) Estabelecimentos de ensino de pesquisa na área de saúde;

f) Centros de controle de zoonoses;

g) Distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de


materiais e controles para diagnóstico in vitro;

h) Unidades móveis de atendimento à saúde;

i) Serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares.

De acordo com Brasil (2004), o gerenciamento dos RSSS é constituído por um


conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas
e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos gerados e
proporcionar a estes um encaminhamento seguro e eficiente, visando à proteção dos
trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. O
gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos e materiais,
além da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSSS.
Conforme estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
no ano 2000, o qual retrata a falta de investimentos em aterros sanitários, apenas 13,8% dos
municípios brasileiros utilizam esse tipo de aterro, e 18,4% utilizam aterros controlados
(provavelmente esse índice aumentou nos últimos anos). A grande maioria dos municípios,
representando um total de 63,6%, ainda destina seus resíduos sólidos, incluindo aqui os
medicamentos, para os lixões. Reforçando esses dados, a Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico (2008) destaca que 50,8% dos municípios brasileiros ainda recorrem a vazadouros a céu
aberto, conhecidos como lixões, como destino principal de seus resíduos, mostrando que muito
tem a ser feito para o devido descarte desses produtos (KALINKE; MARTINS JÚNIOR, 2014)

4.2. AÇÕES INTERNACIONAIS ENVOLVENDO DESCARTE DE MEDICAMENTOS

Em Portugal, a indústria farmacêutica associou-se aos distribuidores e farmácias e


criaram a Valormed – uma sociedade responsável pela gestão dos resíduos de embalagens e
medicamentos fora de uso, com o intuito de associar a experiência da indústria em matéria de
produção, embalagem e acondicionamento de medicamentos, à logística operacional dos
distribuidores potenciada pela adesão de mais de 2700 farmácias, como locais de recolha de
medicamentos e de aconselhamento ao público. A Valormed iniciou seu trabalho em 1997, com
atividades regulamentadas através do Decreto-Lei nº 366-A/97 de 20 de dezembro
(FALQUETO; KLIGERMAN, 2013).

A Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos Ltda é a


responsável pela Valormed e o Instituto de Resíduos é o órgão que realiza um balanço da
atividade e dos resultados obtidos da mesma, podendo propor ao governo medidas corretivas
ao responsável. A prestadora de serviço recebe da indústria e outros participantes um valor
financiado de 0,00504 euro por cada embalagem primária.

Para que o recolhimento dos medicamentos seja realizado, são feitas parcerias com
farmácias comunitárias1, incluindo parafarmácias e comércios ou lojas de grandes superfícies.
Tudo isto compõem os centros de recepção, que por sua vez, devem ser listados seus nomes e
entregues ao Instituto de Resíduos. Interessante ressaltar que a recolha e a armazenagem dos
medicamentos é da competência das empresas de distribuição de medicamentos.
Para medicamentos de uso veterinário, os centros de recepção são os produtores
pecuários, cooperativas agrícolas ou associações de defesa sanitária. As unidades de pecuárias
são responsáveis pelo recolhimento em contentores apropriados fornecidos gratuitamente (para
as farmácias comunitárias também) pela Valormed. Já o transporte é realizado pelos
distribuidores destes medicamentos ou técnicos em veterinária.

O dinheiro que a Valormed recebe deve ser investido também: em pesquisas nacionais
ou internacionais que reduzam o impacto ambiental gerado por esses processos de descarte; e
em campanhas de sensibilização dos consumidores e dos agentes do sistema sobre as medidas
a adotar em termos de gestão de embalagens e resíduos de embalagens. A figura 1 mostra como
funciona o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos –
SIGREM

Na Irlanda, medicamentos (gratuitos ou subsidiados por coparticipação3) são


disponibilizados a uma parte da população que possui o “medical card” ou que pague pelo
tratamento. Houve mudanças na despesa pública com medicamentos que, por sua vez,
aumentou mais de seis vezes, partindo de 300 milhões de euros em 1998 para 1,9 bilhões de
euros em 2008. Assim, havendo uma clara necessidade de um sistema formalizado de descarte,
o país planejou um método de descarte de medicamentos ecologicamente apropriado, por meio
do retorno destes à farmácia. Atualmente, um sistema de anúncio está em vigor na Irlanda pelo
qual algumas farmácias aceitam o retorno de alguns medicamentos que não são mais utilizados
(VELLINGA et al, 2014).

A Sociedade Farmacêutica da Irlanda (agência reguladora) alerta aos membros da


mesma para que avisem ao público sobre o retorno dos medicamentos à farmácia para um
descarte seguro. Em dois condados irlandeses (Cork e Kerry), tem sido feitos esforços para
colocar um sistema estruturado em vigor para a eliminação segura de medicamentos
indesejáveis (VELLINGA et al, 2014).

O Descarte Apropriado de Medicamentos em Desuso (DUMP) foi organizado pelo


Health Services Executive (HSE) em parceria com os farmacêuticos da região. O DUMP tem o
objetivo de incentivar membros do público a retornar medicamentos em desuso ou fora do prazo
de validade, prescritos ou isentos de prescrição para as farmácias locais que, por sua vez, devem
descartar de maneira segura e adequadamente. Esse serviço gratuito pretende reduzir a chance
de envenenamento acidental, overdose, partilha inapropriada de medicamentos e prejuízos ao
meio ambiente, e atualmente, possui mais de 250 farmácias participantes de toda Cork e Kerry
(VELLINGA et al, 2014; HSE, 2016).

Os resíduos farmacêuticos (tais como analgésicos), resíduos médicos (tais como


seringas ou luvas cirúrgicas) e embalagens de medicamentos podem ser devolvidos à farmácia,
mas a legislação ainda não tornou essa coleta obrigatória. Algumas autoridades locais
organizam pontos de coletas, onde resíduos perigosos podem ser deixados (HSE, 2016).

Na Islândia, os resíduos farmacêuticos devem ser retornados às farmácias comunitárias


(IMA, 2017). E no Reino Unido, os resíduos farmacêuticos devem ser devolvidos às farmácias
comunitárias. Porém, resíduos perfurocortantes, como, por exemplo, agulhas, resíduos
produzidos pelos serviços de saúde e resíduos perigosos devem ser eliminados de outras formas,
segundo o Department for Environment, Food and Rural Affairs e o National Health Service
(2015).

Na Dinamarca, os resíduos de medicamentos são considerados perigosos porque são


tóxicos para a saúde humana e ao meio ambiente. Estes resíduos (para uso humano e/ou
veterinário) devem ser devolvidos às farmácias comunitárias, preferencialmente em suas
embalagens originais. Objetos pontiagudos também podem ser devolvidos às farmácias,
ressaltando que devem estar dentro de recipientes aprovados para perfurocortantes, que podem
ser obtidos na farmácia. Já preparações contendo mercúrio, os termômetros e as baterias devem
ser devolvidos separadamente. Demais recipientes vazios podem ser levados aos centros de
reciclagem ou eliminados juntos com os resíduos domésticos. A farmácia é reconhecida como
um centro de recepção para resíduos médicos e farmacêuticos, e o município é responsável
pelos custos da coleta e da eliminação dos resíduos (ASSOCIATION OF DANISH
PHARMACIES, 2015).

Na Noruega, os resíduos farmacêuticos devem ser devolvidos às farmácias


comunitárias, que são obrigadas a recolher medicamentos vencidos ou não mais utilizados,
descartando-os de forma adequada. Entretanto, elas não coletam outros tipos de resíduos dos
pacientes (NOMA, 2015).

Na Suécia, os resíduos farmacêuticos podem ser devolvidos de duas formas: em


qualquer farmácia ou em um ponto de coleta designado no município. As farmácias aceitam
embalagens com medicamentos não utilizados; embalagens vazias, na maioria dos casos,
podem ser tratadas como lixo doméstico comum. Perfurocortantes são gerenciados
separadamente segundo o regimento criado pelos municípios, tendo às vezes a colaboração das
farmácias neste processo (SWEDISH PHARMACY ASSOCIATION, 2012).

Na Finlândia, os resíduos farmacêuticos podem ser levados para qualquer farmácia ou


para algum posto de coleta designado pelo município. Os comprimidos e cápsulas fora da sua
embalagem original devem ser envolvidos num saco plástico transparente e entregues à
farmácia. Diferentemente dos medicamentos líquidos, das pomadas e dos aerossóis, que devem
retornar em suas respectivas embalagens. Já as seringas e agulhas devem ser separadas em uma
garrafa de plástico impermeável ou frasco de vidro (FIMEA, 2017).

Na Estônia, os medicamentos antigamente eram descartados nas pias, hoje não


recomendam mais fazê-lo para que não sobrecarregue no meio ambiente uma quantidade
adicional de resíduos farmacêutico. Se um medicamento caducou, se tornou inutilizável por
algum motivo os cidadãos podem descartar de duas formas, sem agredir o meio ambiente: levar
a uma farmácia ou a um centro de recolhimento de resíduos perigosos local. Em ambos os casos,
o serviço é gratuito, mas é preferível que se leve às farmácias (SAM, 2016).

Existem mais de 800 farmácias na Letônia, porém nem todas aceitam o retorno de
medicamentos vencidos, assim há outra opção, levar os resíduos farmacêuticos aos locais
especiais de recolhimento de resíduos perigosos. São aceitos para devolução de comprimidos,
cápsulas, xaropes, unguentos, ampolas, inaladores e termômetros de mercúrio em ambos os
pontos de coleta, mas as farmácias não recebem agulhas e seringas. Na Letônia se descarta no
vaso sanitário ou no lixo comum somente se recomendado na embalagem. Para devolver os
resíduos devem-se seguir os seguintes critérios: os medicamentos vencidos devem ser retirados
de suas embalagens originais, exceto xaropes, unguentos e ampolas, e colocados em sacos
plásticos seláveis; certificar-se que as tampas dos frascos estão fechadas; não pôr termômetros
de mercúrio velhos juntamente com medicamentos expirados, os termômetros devem ser
devolvidos em um recipiente separado e lacrado (HOUSEHOLD PHARMACEUTICAL
WASTE IN LATVIA, 2012).

Na Lituânia, os resíduos farmacêuticos devem ser devolvidos às farmácias


comunitárias, uma vez que todas devem aceitar gratuitamente os medicamentos não utilizados
dos cidadãos, segundo a Law of Pharmacy, article 42. Na Itália, os resíduos farmacêuticos
devem ser devolvidos às farmácias comunitárias sem a embalagem exterior e a bula. De acordo
com a legislação da Eslováquia, os resíduos farmacêuticos devem ser recolhidos por farmácias
comunitárias. Na Romênia, de acordo com a legislação, os resíduos farmacêuticos devem ser
recolhidos por farmácias comunitárias (MEDSDISPOSAL, 2015).

Na Polônia, os resíduos farmacêuticos podem ser devolvidos à maioria das farmácias


ou aos pontos especiais de coleta de resíduos perigosos estabelecidos pelo município. Farmácias
e pontos de coleta participam voluntariamente na coleta de medicamentos indesejados. Os
resíduos médicos perfurocortante são coletados em ambulatórios (POLAND, 2017).

As diferentes vias de eliminação de medicamentos na Alemanha são ambientalmente


conscientes e seguras. Como o lixo doméstico é incinerado na maior parte da Alemanha (>
80%), o descarte de medicamentos não utilizados ou vencidos por meio de lixo doméstico é,
em sua maioria, a rota mais segura e recomendada. Desde 1º de junho de 2005, o lixo municipal
é queimado pela primeira vez em incineradores ou biologicamente tratados antes de serem
depositados no aterro sanitário da Alemanha. Esses processos destroem ou inativam as
substâncias nocivas que, eventualmente, possam existir nestes resíduos, não trazendo ameaça
às águas subterrâneas. Não é recomendado no país o descarte na pia ou vaso sanitário, uma vez
que contamina a água. Em algumas áreas ou casos especiais são recomendadas as rotas de
descarte de resíduos perigosos ou retorno a uma farmácia. Porém, as farmácias não são
obrigadas a receber e este serviço não está disponível em todo o país (GERMANY, 2017).

Em alguns municípios da Holanda, existe um sistema organizado no serviço


farmacêutico quanto a coleta de resíduos de medicamentos, apresentando nenhum custo. Já em
outros municípios o descarte destes resíduos se dá de forma totalmente diferente e pode
apresentar um custo ao cidadão. Assim, a Koninklijke Nederlandse Maatschappij ter
bevordering der Pharmacie4 (KNMP) defende que exista no país um sistema de recolhimento
gratuito de medicamentos vencidos e em desuso em todo o país. Essa entidade afirma que o
recebimento, separação, descarte adequado de medicamentos indesejáveis faz parte da
responsabilidade social do farmacêutico em defesa do meio ambiente (KNMP, 2017).

Na Bélgica, a indústria farmacêutica incentiva e financia o descarte. Os resíduos


farmacêuticos (tanto humanos como veterinários) devem ser devolvidos exclusivamente às
farmácias comunitárias. As farmácias recebem comprimidos, supositórios, cápsulas não
consumidos dentro das suas embalagens blister ou frasco; sobras de xaropes ou medicamentos
líquidos, como colírio, por exemplo; medicamentos sem embalagem e sem bula; adesivos
transdérmicos em desuso, sobras de pomadas nas bisnagas e sprays e aerossóis. As farmácias
não recebem: embalagens vazias e limpas (frascos de vidro, blister, caixas de papelão,
embalagens de plástico); bula; radiografias; seringas; sobras de produtos químicos e de
cosméticos; alimentação especial para crianças e adultos; vitaminas e fitoterápicos. Eles devem
ser descartados segundo as normas de gestão de resíduos que dependendo do mesmo pode ser
destinado à(o) lixo doméstico, hospital, contêineres municipais, coleta seletiva (PHARMA.BE,
2016).

Em Luxemburgo, os resíduos farmacêuticos podem ser devolvidos às farmácias


comunitárias ou centros especiais de recolhimento de resíduos do Ministério do Meio
Ambiente. As agulhas e seringas usadas são coletadas em caixas especiais de segurança. Já os
produtos narcóticos devem ser devolvidos ao serviço competente do Ministério da Saúde
(ASBL, 2014).

Na França, os produtos farmacêuticos devem ser devolvidos às farmácias comunitárias


e recolhidos pelo Cyclamed, um sistema de recolhimento que abrange apenas medicamentos
humanos vendidos em farmácias comunitárias O Cyclamed é uma associação que busca
descartar os medicamentos não mais utilizados segundo as normas ambientais. O paciente ao
devolver os medicamentos informa se estão vencidos ou não, depois as embalagens de papelão
e bulas são separadas e encaminhadas para reciclagem e os medicamentos entregues ao
farmacêutico. As farmácias recebem o retorno de comprimidos, pós, cápsulas, pomadas,
cremes, géis, xaropes, ampolas, supositórios, óvulos, adesivos transdérmicos, sprays, inaladores
e aerossóis não mais utilizados, consumidos ou não, vencidos ou não. As farmácias não
recebem: seringas, agulhas, produtos químicos, produtos veterinários, cosméticos, óculos,
próteses, termômetros, radiografia, embalagens vazias, resíduos gerados por qualquer
profissional de saúde, visto que este é responsável pela eliminação do seu resíduo
(CYCLAMED, 2017).

Na Espanha, os resíduos farmacêuticos devem ser devolvidos às farmácias


comunitárias, como embalagens ainda que vazias e medicamentos não mais necessários ou
caducados podem ser deixados no coletor SIGRE da farmácia. Agulhas, seringas, gases,
termômetros, radiografias, produtos químicos e veterinários e baterias estão fora do escopo do
sistema de coleta SIGRE. Atualmente, mais de 21.500 farmácias dispõem de um coletor SIGRE,
onde os cidadãos podem depositar as embalagens e sobras de medicamentos de seus domicílios.
Os laboratórios farmacêuticos financiam a sua atividade e são encarregados de inovar e planejar
medidas ambientais para que as futuras embalagens sejam mais ecológicas. Os farmacêuticos
dão assistência, informam e conscientiza o cidadão a descartar as sobras de seus medicamentos
na farmácia. E as distribuidoras são responsáveis pela logística inversa (SIGRE, 2017).

Na Suíça, os resíduos farmacêuticos devem ser devolvidos às farmácias comunitárias


ou a outros pontos de recolhimento, visto que são considerados como resíduos perigosos.
Alguns produtos, como chás para constipação, podem ser descartados no lixo doméstico por
não oferecerem risco ambiental. Eles são incinerados apesar de haver questionamentos sobre
isso, visto que o lixo convencional também sofre incineração, ou seja, porque um programa de
recolhimento? Único acordo em comum, é não recomendação de descarte no vaso sanitário ou
pia, para que não haja contaminação das águas. Quanto aos citostáticos e suas embalagens
devem ser levados à incineradores especiais que devem queimá-los a uma temperatura muito
superior (HENGGI, 2012). Segundo a Lei nº 378/2007 seção 88 e 89, da República Tcheca,
estabelece a obrigação das farmácias em aceitar o retorno de medicamentos não mais utilizados.

Segundo a mesma lei, conceitua “medicamentos inutilizáveis” aqueles com qualidade


insatisfatória, com prazo de validade expirado, armazenados ou preparados sob condições
diferentes da prescrição, obviamente danificados ou não utilizados (SUKL, 2017). Na Áustria,
os resíduos farmacêuticos podem ser levados para qualquer farmácia comunitária ou centros
comunitários de reciclagem e/ou coleta coletiva, devendo ser coletados pelo menos duas vezes
por ano em cada comunidade. Estes coletam também objetos perfurocortantes (agulhas e
seringas), que devem ser devolvidos separadamente (DEPARTMENT OF ENVIRONMENTAL
PROTECTION, 2017).

Na Hungria, os resíduos farmacêuticos podem ser devolvidos às farmácias


comunitárias. Algumas farmácias aceitam agulhas e seringas, mas a regulamentação sobre
resíduos não abrange os perfurocortantes, apenas medicamentos (MEDSDISPOSAL, 2015).

Na Eslovênia, os resíduos farmacêuticos são recolhidos separadamente e com suas


embalagens originais pelos centros de recolhimento de resíduos urbanos, por farmácias, por
lojas especializadas ou durante campanhas específicas por instituições autorizadas, sem
qualquer custo para o consumidor individual. Essas campanhas ocorrem uma vez por ano e são
divulgadas através dos meios de comunicação, mas são coletados os medicamentos com
prescrição médica. Embalagens de papelão e bulas são recolhidas para reciclagem. Agulhas
usadas pelos indivíduos são classificadas e recolhidas como resíduos de metal nos centros de
recolhimento de resíduos, levados em recipientes de plástico fechados. As farmácias não podem
receber objetos cortantes, acessórios médicos, produtos químicos, radiofármacos ou materiais
com sangue e plasma (SLOVENE, 2017).

Na Croácia, os resíduos farmacêuticos são recolhidos gratuitamente por farmácias


comunitárias, centros de saúde, consultórios médicos e centros de reciclagem. Antes de
depositar resíduos farmacêuticos em recipientes, os consumidores devem ler as instruções
postadas na farmácia. Perfurocortante são coletados apenas por centros de saúde e clínicas
médicas. Em casos excepcionais, quando os consumidores depositam objetos cortantes em
resíduos urbanos não triados, o que é proibido, recomenda-se que sejam entregues em
recipientes de plástico duro ao destino correto (MEDSDISPOSAL, 2015).

O ministro da saúde Andreas Loverdos, da Grécia, anunciou medidas para gestão de


medicamentos vencidos. A coleta de resíduos farmacêuticos encontrados nos domicílios devem
ser colocados temporariamente em recipientes especiais deixados em locais visíveis e de fácil
acesso aos cidadãos nas farmácias comunitárias. Estes coletores são fornecidos pelo Instituto
de Pesquisa Farmacêutica e Tecnologia - IFET (MEDSDISPOSAL, 2015).
Medicamentos vencidos são considerados resíduos perigosos em Malta. Locais Civic
Amenity são instalações onde o público pode trazer e descartar vários tipos de resíduos
domésticos volumosos, resíduos domésticos perigosos, bem como materiais recicláveis. Os
locais de Civic Amenity também atendem à eliminação de medicamentos expirados e seringas
usadas. Nas instalações atuais para coleta, armazenamento, tratamento e eliminação de resíduos
perigosos neste país são limitados (WASTESERV, 2017).

A Colômbia deu seu passo inicial em 2005 através de um Decreto que instituiu um
Plano de Gestão de Devolução de Produtos Pós-Consumo de Fármacos ou Medicamentos
(PGDM) com critérios e requisitos que devem ser considerados para sua formulação e
execução. Em 26 de fevereiro de 2009, foi publicada a Resolução nº 371, pelo qual foram
estabelecidos os elementos que devem ser considerados nos referidos Planos de Gestão onde
são também determinadas responsabilidades e metas de recolhimento. Em janeiro de 2010, 106
fabricantes e importadores de medicamentos instalaram em 4 localidades de Bogotá, 15 pontos
de recolhimento de medicamentos vencidos e o programa tem se expandido (FALQUETO;
KLIGERMAN, 2013).

O Canadá é um dos países que tem demonstrado maior preocupação a respeito do


gerenciamento de resíduos. Em 1996, a indústria farmacêutica em British Columbia (província
canadense) voluntariamente estabeleceu o EnviRX Program com o objetivo de orientar o
consumidor (EICKHOFF; HEINECK; SEIXAS, 2009; DAUGHTON, 2003).

No ano seguinte, o governo expandiu o seu programa de regulação de resíduos para


aceitar todos os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e alguns com prescrição e não
aceitar amostras grátis. As farmácias de Britsh Columbia participam do programa de retorno de
medicamentos desde 2001, tendo como justificativa: a prevenção de envenenamento acidental
de crianças em contato com medicamentos vencidos, a redução de custos, evitar automedicação
e a poluição ambiental (EICKHOFF; HEINECK; SEIXAS, 2009; DAUGHTON, 2003).

Na Austrália, em 1998, um programa de coleta foi lançado em parceria entre o


governo de New South Wales e diversas indústrias farmacêuticas (EICKHOFF; HEINECK;
SEIXAS, 2009; DAUGHTON, 2003).

No México, a Comissão Federal para Proteção contra Riscos Sanitários (COFEPRIS)


realizou um programa piloto nos estados de Morelo e Querétaro, com o objetivo de estabelecer
um esquema para o recolhimento de medicamentos vencidos entre a população das cidades de
Cuernavaca e Santiago de Querétaro. O recolhimento se realizou em centros de saúde, clínicas,
hospitais e farmácias privadas selecionadas previamente. Durante a realização do piloto, os
medicamentos coletados foram classificados para identificar quais são descartados com mais
frequência, quantos eram amostras médicas e quantos eram falsificados. Em junho de 2009, foi
anunciado um Programa Nacional de Recolhimento de Medicamentos Vencidos a ser
paulatinamente implementado (FALQUETO; KLIGERMAN, 2013).

Nos Estados Unidos, na Carolina do Norte, a regulação preconiza que substâncias de


controle especial devem ser descartadas por incineração, pelo sistema de esgoto ou devolvido
à farmácia para ser destruído. Existem controvérsias quanto ao descarte de medicamentos por
meio de descarga do sanitário, porque se tem verificado que a água é contaminada pelo sistema
de esgoto (EICKHOFF; HEINECK; SEIXAS, 2009; DAUGHTON, 2003).

Diante do exposto, na maioria destes países acima relatados, a conduta mais


comumente adotada é de retornar às farmácias comunitárias os medicamentos vencidos e/ou
em desuso, por vezes como uma medida obrigatória e o farmacêutico como o profissional
responsável em educar os cidadãos sobre o descarte ecologicamente adequado de
medicamentos indesejáveis.

4.3. PROGRAMAS DE COLETA DE MEDICAMENTOS PARA DESCARTE APROPRIADO

Programas de recolhimento de medicamentos são serviços oferecidos por farmácias


comerciais, ou farmácias das unidades básicas de saúde e farmácias ambulatoriais de hospitais
da rede pública, que disponibilizam um sistema de gerenciamento de resíduos através do qual
a população pode descartar seus medicamentos não usados ou vencidos gratuitamente e de
forma segura, evitando que estes sejam jogados no lixo comum e na rede de esgotos, ou fiquem
acumulados nas residências. O processo inicia-se no usuário de medicamentos que realiza o
descarte dos medicamentos nos locais de recebimento. Lá, os medicamentos são recebidos pelos
funcionários da farmácia ou depositados em recipientes apropriados. Após o recolhimento, os
resíduos de medicamentos são armazenados até que sejam coletados por empresa especializada
e com isso seja dada destinação final apropriada, seja por incineração ou em aterros de resíduos
perigosos (PINTO, 2011; PIPPONZI, 2011; SESI, 2013).
A incineração é um método seguro e ambientalmente correto para o tratamento final
de resíduos desta natureza, desde que seja dotada de sistemas sofisticados e seguros, de
constante monitoramento, e de análise e tratamento de efluentes gasosos e líquidos. Consiste
em um processo de degradação térmica com consequente redução de peso e volume através da
combustão controlada dos resíduos. No caso dos medicamentos, a incineração promove a
inativação dos princípios ativos. Dessa forma, a incineração constitui um processo aliado na
proteção do meio ambiente, adequado como uma solução ambientalmente segura de problemas
de disposição final de resíduos (Falqueto et al., 2010). As recomendações da Organização
Mundial de Saúde (OMS), acerca do descarte de medicamentos, são direcionadas às grandes
corporações e autoridades nacionais e, apontam para a incineração (ABAHUSSAIN & Ball,
2007).

A maioria das campanhas de devolução de medicamentos existentes no Brasil e no


mundo funciona com a implantação da logística reversa em suas atividades (Awad et al., 2010;
PINTO, 2011; PIPPONZI, 2011). A logística reversa, citada na Política Nacional de Resíduos
Sólidos consiste no fluxo inverso de materiais, utilizando os mesmos processos de um
planejamento logístico convencional - armazenagem, coleta, transporte, destinação final,
porém, de maneira inversa. Esse sistema baseia-se no princípio da extensão da responsabilidade
do produtor pela poluição ao meio ambiente através do efeito pós-consumo dos seus produtos
(BRASIL, 2010). A partir desse pensamento, cabe ao produtor responsabilizar-se pela coleta e
destinação adequada dos resíduos dos seus produtos pós-consumo que trazem risco ao meio
ambiente (VETTORAZZI & VENAZZI, 2008). Esse sistema é comumente utilizado entre
farmácias e seus fornecedores para medicamentos não vendidos ou com prazo de validade
vencido (DAUGHTON, 2003b).

A legislação ambiental tende a caminhar no sentido de tornar as empresas legalmente


responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, inclusive pelo destino final após a
entrega dos produtos aos consumidores e o impacto que estes produzem no meio ambiente
(LACERDA, 2009). Em muitos países, os programas de recolhimento de medicamentos
envolvem a parceria público-privada, com a responsabilidade compartilhada entre os setores
(Falqueto et al,. 2010).

Os programas de coleta de medicamentos reduzem a quantidade de medicamentos que


chegam ao meio ambiente como poluentes e propiciam o uso racional de medicamentos. O
acúmulo de medicamentos não necessários nas residências contribui para o uso inadequado de
medicamentos, aumentando o risco de acidentes, intoxicação com medicamentos vencidos ou
indevidamente indicados, inclusive em crianças (Bueno et al., 2009; ELHAMAMSY, 2011). Os
medicamentos são a principal causa de intoxicações no Brasil, ocupando o primeiro lugar nas
estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (BORTOLETTO &
BOCHNER, 1999; Margonato et al., 2008)

Em contrapartida, cria-se uma oportunidade de elaborar um vínculo entre o paciente e


o estabelecimento com a oferta de um serviço complementar na farmácia. Uma frequência
maior de visitas à farmácia foi relacionada com uma maior devolução de medicamentos
(SEEHUSEN & EDWARDS, 2006). Ou seja, gera-se uma fidelização do cliente. A partir do
funcionamento de programas de recolhimento e da análise dos medicamentos recolhidos, o
farmacêutico tem a possibilidade de emitir relatórios com perfil de devolução de medicamentos,
análise econômica, avaliação da não adesão, bem como os eventos adversos.

Na literatura encontram-se estudos que têm como objetivo identificar os hábitos de


descarte de medicamentos e conhecer quais são os métodos mais comumente utilizados pela
população para descartar sobras de medicamentos; conhecer e quantificar os motivos que levam
ao acúmulo de medicamentos em desuso nas residências; determinar a quantidade, os tipos e os
custos dos medicamentos recolhidos; identificar o conhecimento da população sobre os
diferentes métodos de descarte e suas repercussões; avaliar a efetividade das campanhas
educacionais relacionadas ao tema e avaliar a complacência das pessoas com a ideia da
implantação do programa, assim como a disposição em pagar para contribuir com a manutenção
do mesmo (Abahussain et al., 2006; EKEDAHL, 2006; SEEHUSEN & EDWARDS, 2006;
ABAHUSSAIN & BALL, 2007; Braund et al., 2008; Coma et al., 2008; Bueno et al., 2009;
Kotchen et al., 2009; Persson et al., 2009; Rocha et al., 2009; ELHAMAMSY, 2011).

Para que uma campanha de recolhimento de medicamentos não usados seja bem
sucedida, é necessário primeiramente oferecer à população informação para que esta
compreenda a importância do descarte correto e as consequências que advêm de medicamentos
desnecessários acumulados nas residências ou descartados que possam poluir o meio ambiente.
A educação prévia acerca do assunto foi a variável mais associada à devolução de
medicamentos em farmácias, bem como a opinião de que esse é o melhor meio de descarte, em
estudo conduzido em 2006 nos Estados Unidos (SEEHUSEN & EDWARDS, 2006).
Em outro estudo no mesmo país, realizado em 2008, concluiu-se que, apesar de o
método mais comum de descarte ser através do lixo doméstico, pela pia ou vaso sanitário, os
indivíduos que responderam à pesquisa dizendo que estavam mais informados sobre a questão,
estavam menos propensos a utilizar esses meios, mostrando, portanto, que aumentar a aplicação
de esforços para a conscientização implica em afetar as práticas de eliminação de formas
ambientalmente benéficas (Kotchen et al., 2009).

A abordagem educativa não deve se limitar a apenas um método de informação e


também deve ser adequada à população alvo. Distribuição de folhetos e informação nos sacos
plásticos ofertados pelas farmácias são exemplos de meios de comunicação que podem ser
utilizados, mas que não são suficientes para o sucesso da divulgação, além de produzirem outro
tipo de resíduos (papel, plástico) (ABAHUSSAIN & BALL, 2007; Persson et al., 2009). A
intervenção deve ser ativa, no sentido de orientar o paciente no momento do contato direto com
o profissional de saúde, incluindo o médico, o odontólogo, o enfermeiro e principalmente o
farmacêutico (El-HAMAMSY, 2011). Todos os profissionais de saúde envolvidos no ciclo de
vida do medicamento devem estar conscientes da importância do seu descarte apropriado
(DAUGHTON, 2003a).

Nas campanhas de coleta de medicamentos, o custo de operação é um fator importante


a ser considerado. Esse fator costuma ser uma das principais limitações que as farmácias
encontram na implantação desse tipo de projeto. Programas de recolhimento de medicamentos
descartados pela população possuem custo de implantação inicial (planejamento e
infraestrutura), e custos com administração contínua do programa, recursos humanos,
transporte e eliminação dos medicamentos recolhidos (Kotchen et al., 2009). É importante
considerar que, para o programa ser bem sucedido, deve atender toda a população e ter
continuidade, e, para isso, deve ser economicamente viável (MACKRIDGE & MARRIOTT,
2007).

Falqueto et al. (2010), sugeriram diretrizes para a implantação de um programa de


recolhimento de medicamentos no Brasil, que envolve: corresponsabilidade na cadeia de
fabricação e distribuição do medicamento; minimização de resíduos como estratégia; realização
de programa piloto; investigação e classificação dos resíduos gerados; intersetorialidade entre
diferentes esferas do governo e campanhas de sensibilização e conscientização da comunidade.
Em alguns países, programas de descarte de medicamentos já foram implementados há muitos
anos (Tabela 1).

4.4. DESCARTE INADEQUADO

De acordo com o avanço da tecnologia, as indústrias farmacêuticas desenvolvem e


produzem novos medicamentos com a promessa de inovar os tratamentos já existentes no
mercado, sendo uma grande geradora de resíduos através dos seus investimentos bilionários em
propaganda que incentivam a população ao consumo, muitas vezes sem necessidade. Com o
consumo desenfreado aumentam-se os índices da geração de resíduos, através de sobras ou
esgotamento do prazo de validade dos medicamentos que se acumulam por diversos fatores
como: gerenciamento inadequado de estoques que através da má administração culmina em
várias perdas para os estabelecimentos de saúde e gastos elevados, prescrições realizadas
erroneamente ou desnecessárias, amostras-grátis com finalidade propagandista para os
prescritores e consumista para a população e também a automedicação pela utilização de
medicamentos que não são prescritos pelos profissionais habilitados e de venda não controlada.
Todos de alguma maneira contribuem para a geração de resíduos e descarte inadequado, porém
as legislações necessitam ser mais precisas quanto ao destino final dos medicamentos para que
as indústrias e todos os prestadores de serviço de saúde se enquadrem e a informação seja
repassada para a população de forma simples e clara, uma vez que ela é o consumidor final
tendo papel fundamental em todo o processo (HOPPE, ARAÚJO, 2012).
Sendo assim, o descarte doméstico de medicamentos, além de sua consequência para
a geração dos resíduos deve ser amplamente discutido em nível de saúde pública para haver a
correta atenção e responsabilidade coletiva quanto aos danos que futuramente podem ocasionar
(ALVARENGA, NICOLETTI, 2010).

“Segundo Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2005, o uso

inadequado de medicamentos é um problema de Saúde Pública prevalente em todo o

mundo. Dados informam que 15% da população mundial consomem mais de 90% da

produção farmacêutica, sendo que 25 a 70% dos gastos em saúde nos países em

desenvolvimento correspondem a medicamentos e, nos desenvolvidos, esse percentualé


de 15%. Das consultas médicas, 50 a 70% geram prescrição medicamentosa. De

todos os medicamentos, 50% são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente;

somente 50% dos pacientes, em média, tomam corretamente seus medicamentos. Os

hospitais gastam de 15% a 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações

causadas pelo uso inadequado de medicamentos. De todos os pacientes atendidos em

prontos-socorros com intoxicação, 40% são vítimas dos medicamentos. No Brasil,

15% da população consomem 50% do que se produz de medicamentos, enquanto 51%

entre os que ganham até quatro salários mínimos consomem 16% do que se produz”

(BRUM et. al., 2007).

Os medicamentos de maneira em geral são descartados e lançados no lixo comum, pias, vasos
sanitários e lançados na rede de esgoto, contaminando o solo e água, e mesmo aqueles que
foram consumidos acabam chegando ao meio ambiente através de metabólitos. De acordo com
a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a responsabilidade das vigilâncias
sanitárias dos estados, municípios e do Distrito Federal se limita a serem cumpridas as leis e
regulamentações a órgãos de serviço de saúde tais como: hospital, drogaria, farmácias,
indústrias, mas para o consumidor final (população) ainda não foram editadas normas que
abrangem o descarte doméstico de medicamentos e ressalta que “de acordo com o IBGE, apenas
12,5 % dos municípios brasileiros possuem assento sanitário adequado e o restante tem os
chamados lixões a céu aberto” (AKATU, 2008).

4.5. FÁRMACOS E O MEIO AMBIENTE

Sabe-se que vários consumidores não seguem o tempo de uso correto de seus
medicamentos deixando-os guardados para uma próxima utilização. Este fato pode culminar no
esgotamento do prazo de validade. Além disso, medicamentos não utilizados em sua totalidade
podem ser descartados posteriormente no lixo doméstico (UEDA, et al ,2009).
Os pesquisadores ambientais têm salientado que quando medicamentos lançados ao
meio ambiente ainda são biologicamente ativos, afetando desta forma organismos aquáticos e
terrestres, mesmo em pequenas concentrações de toxicidade, apresentando risco a saúde.
Entretanto aqueles que são jogados diretamente nas pia e vasos sanitários chegam às estações
de tratamento de esgoto (ETE) em sua forma original, sem sequer sofrer algum tipo de alteração
metabólica no corpo humano, podendo assim provocar uma contaminação acentuada
(CARVALHO, et al, 2009).

Sabe-se que uma pequena porção ativa do fármaco é excretado através da urina ou em
menor quantidade nas fezes, sem sofrer alteração, sendo que a quantidade dependerá muito do
medicamento e do indivíduo. De maneira geral a porta principal da entrada de fármacos no
meio ambiente é através da água pelos efluentes provenientes das ETEs (Estação de Tratamento
de Esgoto), pois as tecnologias convencionais de tratamento apresentam limitações na remoção
de uma diversidade de fármacos presente na água (ZHOU, et al, 2009).

4.6. EFEITOS AMBIENTAIS


Entre os efeitos ambientais mais severos tem-se observado os interferentes
endócrinos (hormônio 17 α estradiol ocasionando a efeminação em peixes) e antibióticos
(FENT, et al, 2006).

O termo “interferente endócrino” é a definição de uma substância química que


interfere no funcionamento natural do sistema endócrino de espécies animais e seres humanos.
Hormônios sintéticos e naturais, fitoestrógenos, pesticidas, compostos utilizados na indústria,
subproduto de processos entre outros podem ser citados como interferentes endócrinos
(CARVALHO, et al, 2009).

Em relação a estes compostos, a preocupação recai sobre seus possíveis efeitos futuros
na saúde humana e ambiental, como câncer de testículo, próstata e mama, diminuição da taxa
de espermatozóides, deformidades dos órgãos reprodutores e disfunções da tireóide e alterações
no sistema neurológico. Além dos interferentes endócrinos, a preocupação dos cientistas estão
voltadas também ao grupo de antibióticos pelo seu potencial em desenvolver a resistência
bacteriana e por sua utilização em grande massa, seja em humanos ou de uso veterinário
(GHISELLI, et al, 2007).

Em 2008 foi realizado nos Estados Unidos uma pesquisa que confirmou que cerca de
41 milhões de cidadãos americanos recebem água potável contaminada por algum produto
farmacêutico e entre eles se destaca a classe dos antimicrobianos. A poluição por conta dos
antibióticos gera de alguma maneira genes resistentes que no meio ambiente causam certo
impacto, na própria estrutura e atividade de populações de microorganismos resultando-os em
um enriquecimento do ambiente com bactérias resistentes capazes de infectar o homem, visto
que são oriundos nas estações de tratamento de esgotos ou mesmo nos corpos receptores em
ambientes onde o antibióticos são lançados diretamente, como lagos de criação de peixes,
esterco de aves e outros (CARVALHO, et al, 2009).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) verificou que mais de 50% das receitas de
antibióticos prescritas são inadequadas, aumentando a chance assim da resistência bacteriana
(ANVISA, 2010)

4.7. LEGISLAÇÕES BRASILEIRAS VIGENTES

As legislações vigentes no Brasil não são específicas quando se trata dos


medicamentos e seu destino final gerando dúvidas para a população, e tem como principais
órgãos responsáveis por este assunto o Ministério da Saúde, o CONAMA e ANVISA. A RDC
no 306/04 (ANVISA, 2004) regulamenta o gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde,
dispondo que todo gerador deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços
de Saúde, o PGRSS, levando em consideração as características e classificação dos mesmos
(EICKHOFF, et al, 2009).

O PGRSS faz parte da resolução da ANVISA RDC no 306/04 sendo um documento


necessário para todo estabelecimento prestador de serviço de saúde, no qual enfatiza etapas
pertencentes ao gerenciamento dos resíduos como a identificação, manejo e segregação,
acondicionamento, armazenamento, tratamento, transporte e destino final.

• Identificação: é um processo de bastante muito importante, pois auxilia no diagnóstico


dos resíduos gerados e qual é a melhor maneira de manejá-los com segurança;
• Segregação: etapa onde os resíduos vão ser selecionados e então separados de acordo
com sua respectiva classificação, além de reduzir a quantidade de resíduos é um alerta
para o desperdício;
• Acondicionamento: após a segregação dos resíduos, estes vão ser acondicionados em
embalagens ou sacos apropriados, que possam evitar possíveis rupturas e
contaminações. Os resíduos sólidos devem ser mantidos em sacos resistentes e
impermeáveis adequando-se as características e estado físico das substâncias químicas.
Já os resíduos líquidos devem ser colocados em recipientes que sejam compatíveis com
o que está sendo armazenado, ter tampas vedadas para evitar vazamentos;
• Armazenamento: pode ser temporário onde ficarão armazenados em recipientes
apropriados, geralmente são localizados próximos às fontes de geração e nesta etapa os
resíduos não podem ser retirados dos respectivos recipientes em que foram colocados
anteriormente. Há também o armazenamento externo onde os resíduos são armazenados
em locais de fácil acesso para os veículos da coleta externa;
• Transporte: quando são retirados do ponto gerador e levados a um armazenamento
temporário é denominado o transporte interno, o transporte externo é aquele que vai
remover os resíduos do último local onde foram retidos e levar até o destino final.
Ambos os transportes devem obedecer a um roteiro, ser realizado por pessoas treinadas
com as devidas vestimentas;
• Tratamento: visa minimizar os riscos de contaminação e acidentes no manuseio dos
resíduos, pode ser realizado pelo estabelecimento que os gerou ou por uma instituição
que seja licenciada pelo CONAMA e passível de fiscalização pela vigilância sanitária;
• Disposição final dos resíduos: onde os resíduos vão ser destinados no solo, que foi
devidamente preparado para recebê-los de acordo com as características físicas e
químicas do que está sendo depositado, tudo de acordo com o licenciamento ambiental
determinado pela resolução no 237/97 prevista pelo CONAMA (ANVISA, 2004).

Os aterros sanitários são os locais para onde muitos resíduos sólidos são destinados,
sendo construídos adequadamente com materiais inativos, ou seja, que não promovem agressão
ao meio ambiente, minimizando os riscos de contaminação, danos e impactos ao ecossistema.
Existem também aterros sanitários que são construídos para dispor os resíduos de classe I ou
perigosos que são classificados pela NBR 10.004 (ABNT, 2004). Estes aterros vão englobar os
resíduos em uma camada do solo onde vai estar impermeabilizado tendo o controle de todos os
efluentes líquidos e as emissões gasosas, uma camada de solo deve ser posta todos os dias
recobrindo o local, evitando assim disseminação e contaminação das águas pelos resíduos, que
podem da mesma forma atrair insetos e outros animais indesejados (FISCHER;FREITAS,
2011).
5 – METODOLOGIA

O início da realização do projeto está previsto para Fevereiro de 2023, com duração
estimada de oito meses prorrogáveis, podendo a estender até fim de 2023.

5.1. Dispositivo coletor

A produção da estação coletora de resíduos de medicamentos será custeada pela


parceria da Prefeitura e a UNIP Mossoró-RN. O dispositivo coletor possui dois compartimentos
de depósito: um para medicamentos (líquidos, comprimidos, spray, pomadas) e outro para
caixas e bulas, que devem ser rasgadas antes do descarte, com o objetivo de descaracterização
da embalagem e para evitar uso inadequado. Os resíduos recicláveis deverão ser encaminhados
para a reciclagem. Desta forma, apenas os resíduos de medicamentos deverão receber
tratamento.

Os coletores têm aberturas do tipo “boca de lobo” e portas com fechamento à chave,
impedindo a retirada do material depositado. Antes de fazer o descarte, o consumidor registra
o tipo do medicamento que irá depositar, por meio de um livro ao lado do próprio equipamento.
Esse sistema permite o rastreamento de remédios, evitando que esse tipo de medicação seja
desviado para fins ilegais, tais como os controlados.

Os dados registrados no equipamento serão utilizados para a elaboração do relatório


qualitativo e quantitativo dos resíduos de medicamentos domiciliares recolhidos.

5.2. Logística de Coleta, Tratamento e Destinação Final dos resíduos de medicamentos


domiciliares

A coleta nos pontos de recebimento deverá ser solicitada pelo responsável técnico da
farmácia junto à Prefeitura, assim que verificar o atingimento do limite de capacidade de
recebimento de medicamento do coletor. Estima-se que a frequência de coleta seja mensal,
porém poderão ocorrer coletas extras, caso se faça necessário.

A Prefeitura irá enviar pessoa habilitada para coleta dos descartáveis e acionará a
empresa de coleta dos resíduos de medicamentos domiciliares que irá transportá-los a empresa
responsável pelo tratamento e destinação final.

5.3. Programa de Sensibilização do Cidadão

O projeto piloto terá sua divulgação efetuada em diferentes mídias abordando aspectos
relativos a responsabilidade compartilhada do cidadão em descartar o seu resíduo de
medicamento de forma correta.

A campanha de divulgação e sensibilização é apresentada de forma detalhada em


mídias sociais através de cartazes entre outros. A Campanha compreenderá duas etapas, sendo
o primeiro voltado ao público em geral e o segundo de cunho educativo e realizado em parceria
com a Secretaria Municipal de Educação.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora existam muitas publicações referindo o impacto do descarte de medicamentos


em relação ao ambiente, os referidos artigos apenas se preocupam com a necessidade de
métodos analíticos para monitorar o nível de tais contaminantes no meio ambiente, e não com
a orientação à população sobre os riscos dessa contaminação.

Desse modo, o presente projeto, permiti propor a implementação de ações estratégicas


em etapas educativas progressivas, direcionadas a cada um dos subgrupos da comunidade
acadêmica, possibilitando a geração de conhecimento pelos alunos do curso de Farmácia
envolvidos no projeto e a conscientização da comunidade. Esta comunidade poderá então, servir
de multiplicador atingindo uma fração da população significativamente maior.

Sem dúvida, o farmacêutico é o profissional da área de saúde com perfil para atuar
diretamente nas ações destinadas à melhoria do acesso e promoção do URM, e este pode
desempenhar um papel fundamental na minimização do impacto ambiental, decorrido do uso
de medicamentos.

Portanto, esta atividade de extensão universitária terá importância ímpar na formação


do estudante de Farmácia, pois permitiu aos alunos desenvolverem censo crítico com relação
ao URM, além de identificar o importante papel do farmacêutico na promoção do URM e no
descarte correto de medicamentos beneficiando assim a população local e o meio ambiente.
ANEXO

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