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Mossoró-RN
2023
Apresentação
Local UNIP/Mossoró
Na era contemporânea a população mundial vem tornando-se cada vez mais notória
quando se trata dos índices de consumo, cada vez mais altos, seja na parte alimentícia,
eletrônicos gerais, vestuário e medicamentos, fazendo com que a produção de resíduos (que é
sinalizada principalmente pelo desperdício) chegue ao limite do que o meio ambiente é capaz
de regenerar. Com o intenso desenvolvimento tecnológico, industrial e com o aumento
populacional, a tendência é que os limites sejam ultrapassados, acarretando sérios problemas
ao planeta e raça humana (SANTOS; ROHLFS, 2012).
Segundo Pinto (2011), dentre as inúmeras fontes que levam ao desperdício, o consumo
de medicamentos tanto de uso humano quanto veterinário implicam na contaminação ambiental
por serem utilizados sem regras e descartados de maneira imprópria. Todo e qualquer resíduo
de medicamento pertence aos resíduos de classe I – perigosos, designando separação, transporte
e destino final adequado (ABNT NBR 10004, 2004).
Cada vez mais são encontrados medicamentos, produtos cosméticos e veterinários nas
águas subterrâneas e de consumo humano, presumindo-se assim que a maior parte da população
não tem consciência sobre o descarte adequado dos medicamentos. Entre tantas fontes de
contaminação, não se pode dizer que os efeitos toxicológicos decorrentes destes processos são
totalmente esclarecidos, porém vários estudos relatam que os resíduos e seus metabólitos
interferem diretamente no ciclo dos organismos aquáticos e terrestres, desequilibrando assim
seus respectivos metabolismos e alterando o ecossistema. A crescente importância das fontes
de água doce do planeta atualmente ressalta a necessidade de garantir que qualquer impacto
pontual ou acumulativo nos ambientes aquáticos seja minimizado (DAUGHTON, 2003b;
JONES et al., 2005).
A ocorrência de fármacos nas águas naturais e residuais tem sido um importante tópico
de discussão internacional e os medicamentos são uma das mais importantes classes de
poluentes emergentes (BILA & DEZOTTI, 2003). Os fármacos que estão mais presentes nas
análises detectadas são muito consumidos pela população e apresentam maior permanência no
ambiente pertencem à classe de analgésicos, anti-inflamatórios, hormônios, citostáticos,
antiparasitários, agente redutores de lipídeos, beta bloqueadores e antimicrobianos
(CARVALHO, et al, 2009).
Uma grande preocupação por parte dos pesquisadores e cientistas está relacionada com
o grupo dos antibióticos, cujo consumo tem aumentado significadamente, pois são essenciais
para tratamentos de patologias humanas, produção de alimentos de origem animal e demais
aspectos de âmbito veterinário. Essa classe de medicamentos é ampla, complexa e apresenta
diversas características químicas, e embora não se tenha maiores esclarecimentos a respeito dos
efeitos causados ao meio ambiente, sabe-se que são os responsáveis pela resistência bacteriana
ocasionada por práticas irregulares, tanto relacionada às prescrições quanto ao uso. As
legislações e práticas de regulamentação ainda são bastante precárias e através do
aprimoramento das indústrias e suas tecnologias, surgem a todo instante novo poluentes que
podem ser lançados em diversas escalas na atmosfera ambiental (VASCONCELOS, 2011).
É provável que este quadro se transforme com o decorrer do tempo. A RDC 44,
(26/10/2010) da ANVISA passa a delimitar como as prescrições e vendas dos antimicrobianos
vão ocorrer impondo prazo de validade às receitas e retenção das mesmas. A PNRS (Política
Nacional de Resíduos Sólidos), a lei no 12.305/2010 e seu decreto no 7.404/2010 destina-se a
aglomerar os objetivos, instrumentos, diretrizes e princípios que foram adotados pelo governo
de formato particular ou em concomitância com os Estados, Municípios, visando o
gerenciamento mais adequado dos resíduos (SANTOS, ROHLFS, 2012). Contudo, o
consumidor final ainda é o que apresenta maior lacuna nas legislações. No Brasil falta muita
infraestrutura, aterros sanitários, incineradores adequados para o procedimento, campanhas
governamentais que orientem a população em como destinar corretamente seus medicamentos
não mais utilizados e/ou vencidos, a fim de minimizar os danos causados ao meio ambiente e
melhorando a qualidade de vida de todos (ALVARENGA, NICOLETTI, 2010). O Ministério
do Meio Ambiente (MMA), conforme Resolução Nº 358/2005, dispõe sobre o tratamento e a
disposição final dos resíduos do serviço de saúde.
Apesar de um debate mais substanciado sobre esse tema ter sido iniciado no Brasil há
apenas alguns anos, a literatura internacional possui uma grande quantidade de publicações
sobre o tema, incluindo revisões como a do autor Kümmerer, 2009, que dá uma visão geral do
conhecimento até aquele momento sobre produtos farmacêuticos no ambiente, apresentando
informações importantes e linhas de discussão sobre o tema. Sant et al., 2010, elaboraram uma
revisão bibliográfica sobre os aspectos ecotoxicológicos relacionados com a presença de
medicamentos no meio aquático. Fatta-kassinos et al., em 2011, forneceram uma visão
integrada da situação e das tendências que prevalecem no tema específico de fármacos que
entram no ambiente. Ainda assim, a emissão de produtos farmacêuticos como poluentes no
meio ambiente é considerada, por diversos autores, uma questão ainda pouco discutida frente a
sua relevância mundial (DAUGHTON, 2003b). Até pouco tempo o problema da contaminação
por resíduos perigosos era focado quase que exclusivamente nos grandes geradores de resíduos,
como indústrias e hospitais (FATTA-KASSINOS et al., 2011). Entretanto, tratando-se de
resíduos químico farmacêuticos, o inerente potencial de risco ambiental estende-se aos
chamados “micropoluidores”, como os consumidores, que contribuem individualmente com
pequenas quantidades de resíduos, que, devido ao efeito acumulativo, acabam gerando grandes
consequências (HEBERER, 2002; DAUGHTON, 2003a). Os medicamentos são considerados
“micropoluentes especiais” por serem introduzidos no ambiente em pequenas quantidades e por
apresentarem características físico-químicas e biológicas que os tornam contaminantes,
diferenciados de outros compostos químicos industriais (FATTA-KASSINOS et al., 2011).
Além dos riscos ambientais causados pelo descarte inadequado, diferentes autores vêm
refletindo sobre a exposição dos catadores de materiais recicláveis a esses medicamentos que
são destinados como resíduos comuns (Grupo D), ou seja, são descartados sem nenhum
tratamento prévio. Para Pinto et al. (2014), o descarte inadequado de medicamentos possibilita
que os catadores de materiais recicláveis consumam de forma inapropriada esses resíduos ou
que os descartem diretamente no solo para o reaproveitamento das embalagens.
2 – JUSTIFICATIVA
3. 1. Geral
3.2. Específicos
Segundo Alves (2010) para que ocorra o fracionamento dos medicamentos, deve-se
ater-se a dois fatores importantes: os laboratórios e indústrias farmacêuticas produzirem
conforme os critérios possibilitadores do fracionamento, e as farmácias e drogarias fracionarem
e contratarem profissional habilitado, já que a RDC 80/06 da Anvisa determina que os
medicamentos fracionados não poderão ficar ao alcance do consumidor.
É indiscutível que os destinos dos resíduos das indústrias farmacêuticas tenham grande
influência na saúde pública, pois os efeitos no meio ambiente afetarão a todos em algum
momento, direta ou indiretamente. Com isso, o gerenciamento desses resíduos está
regulamentado na Resolução Conama n. 358/2005, e na RDC n. 306/2004, portanto, cabendo
ao estabelecimento de saúde o seu gerenciamento desde a geração até a sua disposição final.
Salienta-se que os medicamentos são classificados como resíduos do grupo B, compondo todas
as substâncias químicas que oferecem algum risco à saúde pública ou ao meio ambiente,
dependendo de suas características, conforme a NBR 10.004 (ALVA-RENGA; NICOLETTI,
2010).
Para que o recolhimento dos medicamentos seja realizado, são feitas parcerias com
farmácias comunitárias1, incluindo parafarmácias e comércios ou lojas de grandes superfícies.
Tudo isto compõem os centros de recepção, que por sua vez, devem ser listados seus nomes e
entregues ao Instituto de Resíduos. Interessante ressaltar que a recolha e a armazenagem dos
medicamentos é da competência das empresas de distribuição de medicamentos.
Para medicamentos de uso veterinário, os centros de recepção são os produtores
pecuários, cooperativas agrícolas ou associações de defesa sanitária. As unidades de pecuárias
são responsáveis pelo recolhimento em contentores apropriados fornecidos gratuitamente (para
as farmácias comunitárias também) pela Valormed. Já o transporte é realizado pelos
distribuidores destes medicamentos ou técnicos em veterinária.
O dinheiro que a Valormed recebe deve ser investido também: em pesquisas nacionais
ou internacionais que reduzam o impacto ambiental gerado por esses processos de descarte; e
em campanhas de sensibilização dos consumidores e dos agentes do sistema sobre as medidas
a adotar em termos de gestão de embalagens e resíduos de embalagens. A figura 1 mostra como
funciona o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos –
SIGREM
Existem mais de 800 farmácias na Letônia, porém nem todas aceitam o retorno de
medicamentos vencidos, assim há outra opção, levar os resíduos farmacêuticos aos locais
especiais de recolhimento de resíduos perigosos. São aceitos para devolução de comprimidos,
cápsulas, xaropes, unguentos, ampolas, inaladores e termômetros de mercúrio em ambos os
pontos de coleta, mas as farmácias não recebem agulhas e seringas. Na Letônia se descarta no
vaso sanitário ou no lixo comum somente se recomendado na embalagem. Para devolver os
resíduos devem-se seguir os seguintes critérios: os medicamentos vencidos devem ser retirados
de suas embalagens originais, exceto xaropes, unguentos e ampolas, e colocados em sacos
plásticos seláveis; certificar-se que as tampas dos frascos estão fechadas; não pôr termômetros
de mercúrio velhos juntamente com medicamentos expirados, os termômetros devem ser
devolvidos em um recipiente separado e lacrado (HOUSEHOLD PHARMACEUTICAL
WASTE IN LATVIA, 2012).
A Colômbia deu seu passo inicial em 2005 através de um Decreto que instituiu um
Plano de Gestão de Devolução de Produtos Pós-Consumo de Fármacos ou Medicamentos
(PGDM) com critérios e requisitos que devem ser considerados para sua formulação e
execução. Em 26 de fevereiro de 2009, foi publicada a Resolução nº 371, pelo qual foram
estabelecidos os elementos que devem ser considerados nos referidos Planos de Gestão onde
são também determinadas responsabilidades e metas de recolhimento. Em janeiro de 2010, 106
fabricantes e importadores de medicamentos instalaram em 4 localidades de Bogotá, 15 pontos
de recolhimento de medicamentos vencidos e o programa tem se expandido (FALQUETO;
KLIGERMAN, 2013).
Para que uma campanha de recolhimento de medicamentos não usados seja bem
sucedida, é necessário primeiramente oferecer à população informação para que esta
compreenda a importância do descarte correto e as consequências que advêm de medicamentos
desnecessários acumulados nas residências ou descartados que possam poluir o meio ambiente.
A educação prévia acerca do assunto foi a variável mais associada à devolução de
medicamentos em farmácias, bem como a opinião de que esse é o melhor meio de descarte, em
estudo conduzido em 2006 nos Estados Unidos (SEEHUSEN & EDWARDS, 2006).
Em outro estudo no mesmo país, realizado em 2008, concluiu-se que, apesar de o
método mais comum de descarte ser através do lixo doméstico, pela pia ou vaso sanitário, os
indivíduos que responderam à pesquisa dizendo que estavam mais informados sobre a questão,
estavam menos propensos a utilizar esses meios, mostrando, portanto, que aumentar a aplicação
de esforços para a conscientização implica em afetar as práticas de eliminação de formas
ambientalmente benéficas (Kotchen et al., 2009).
mundo. Dados informam que 15% da população mundial consomem mais de 90% da
produção farmacêutica, sendo que 25 a 70% dos gastos em saúde nos países em
hospitais gastam de 15% a 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações
entre os que ganham até quatro salários mínimos consomem 16% do que se produz”
Os medicamentos de maneira em geral são descartados e lançados no lixo comum, pias, vasos
sanitários e lançados na rede de esgoto, contaminando o solo e água, e mesmo aqueles que
foram consumidos acabam chegando ao meio ambiente através de metabólitos. De acordo com
a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a responsabilidade das vigilâncias
sanitárias dos estados, municípios e do Distrito Federal se limita a serem cumpridas as leis e
regulamentações a órgãos de serviço de saúde tais como: hospital, drogaria, farmácias,
indústrias, mas para o consumidor final (população) ainda não foram editadas normas que
abrangem o descarte doméstico de medicamentos e ressalta que “de acordo com o IBGE, apenas
12,5 % dos municípios brasileiros possuem assento sanitário adequado e o restante tem os
chamados lixões a céu aberto” (AKATU, 2008).
Sabe-se que vários consumidores não seguem o tempo de uso correto de seus
medicamentos deixando-os guardados para uma próxima utilização. Este fato pode culminar no
esgotamento do prazo de validade. Além disso, medicamentos não utilizados em sua totalidade
podem ser descartados posteriormente no lixo doméstico (UEDA, et al ,2009).
Os pesquisadores ambientais têm salientado que quando medicamentos lançados ao
meio ambiente ainda são biologicamente ativos, afetando desta forma organismos aquáticos e
terrestres, mesmo em pequenas concentrações de toxicidade, apresentando risco a saúde.
Entretanto aqueles que são jogados diretamente nas pia e vasos sanitários chegam às estações
de tratamento de esgoto (ETE) em sua forma original, sem sequer sofrer algum tipo de alteração
metabólica no corpo humano, podendo assim provocar uma contaminação acentuada
(CARVALHO, et al, 2009).
Sabe-se que uma pequena porção ativa do fármaco é excretado através da urina ou em
menor quantidade nas fezes, sem sofrer alteração, sendo que a quantidade dependerá muito do
medicamento e do indivíduo. De maneira geral a porta principal da entrada de fármacos no
meio ambiente é através da água pelos efluentes provenientes das ETEs (Estação de Tratamento
de Esgoto), pois as tecnologias convencionais de tratamento apresentam limitações na remoção
de uma diversidade de fármacos presente na água (ZHOU, et al, 2009).
Em relação a estes compostos, a preocupação recai sobre seus possíveis efeitos futuros
na saúde humana e ambiental, como câncer de testículo, próstata e mama, diminuição da taxa
de espermatozóides, deformidades dos órgãos reprodutores e disfunções da tireóide e alterações
no sistema neurológico. Além dos interferentes endócrinos, a preocupação dos cientistas estão
voltadas também ao grupo de antibióticos pelo seu potencial em desenvolver a resistência
bacteriana e por sua utilização em grande massa, seja em humanos ou de uso veterinário
(GHISELLI, et al, 2007).
Em 2008 foi realizado nos Estados Unidos uma pesquisa que confirmou que cerca de
41 milhões de cidadãos americanos recebem água potável contaminada por algum produto
farmacêutico e entre eles se destaca a classe dos antimicrobianos. A poluição por conta dos
antibióticos gera de alguma maneira genes resistentes que no meio ambiente causam certo
impacto, na própria estrutura e atividade de populações de microorganismos resultando-os em
um enriquecimento do ambiente com bactérias resistentes capazes de infectar o homem, visto
que são oriundos nas estações de tratamento de esgotos ou mesmo nos corpos receptores em
ambientes onde o antibióticos são lançados diretamente, como lagos de criação de peixes,
esterco de aves e outros (CARVALHO, et al, 2009).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) verificou que mais de 50% das receitas de
antibióticos prescritas são inadequadas, aumentando a chance assim da resistência bacteriana
(ANVISA, 2010)
Os aterros sanitários são os locais para onde muitos resíduos sólidos são destinados,
sendo construídos adequadamente com materiais inativos, ou seja, que não promovem agressão
ao meio ambiente, minimizando os riscos de contaminação, danos e impactos ao ecossistema.
Existem também aterros sanitários que são construídos para dispor os resíduos de classe I ou
perigosos que são classificados pela NBR 10.004 (ABNT, 2004). Estes aterros vão englobar os
resíduos em uma camada do solo onde vai estar impermeabilizado tendo o controle de todos os
efluentes líquidos e as emissões gasosas, uma camada de solo deve ser posta todos os dias
recobrindo o local, evitando assim disseminação e contaminação das águas pelos resíduos, que
podem da mesma forma atrair insetos e outros animais indesejados (FISCHER;FREITAS,
2011).
5 – METODOLOGIA
O início da realização do projeto está previsto para Fevereiro de 2023, com duração
estimada de oito meses prorrogáveis, podendo a estender até fim de 2023.
Os coletores têm aberturas do tipo “boca de lobo” e portas com fechamento à chave,
impedindo a retirada do material depositado. Antes de fazer o descarte, o consumidor registra
o tipo do medicamento que irá depositar, por meio de um livro ao lado do próprio equipamento.
Esse sistema permite o rastreamento de remédios, evitando que esse tipo de medicação seja
desviado para fins ilegais, tais como os controlados.
A coleta nos pontos de recebimento deverá ser solicitada pelo responsável técnico da
farmácia junto à Prefeitura, assim que verificar o atingimento do limite de capacidade de
recebimento de medicamento do coletor. Estima-se que a frequência de coleta seja mensal,
porém poderão ocorrer coletas extras, caso se faça necessário.
A Prefeitura irá enviar pessoa habilitada para coleta dos descartáveis e acionará a
empresa de coleta dos resíduos de medicamentos domiciliares que irá transportá-los a empresa
responsável pelo tratamento e destinação final.
O projeto piloto terá sua divulgação efetuada em diferentes mídias abordando aspectos
relativos a responsabilidade compartilhada do cidadão em descartar o seu resíduo de
medicamento de forma correta.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sem dúvida, o farmacêutico é o profissional da área de saúde com perfil para atuar
diretamente nas ações destinadas à melhoria do acesso e promoção do URM, e este pode
desempenhar um papel fundamental na minimização do impacto ambiental, decorrido do uso
de medicamentos.