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Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades
Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE BIOLOGIA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
COM ÊNFASE EM ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS
Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades
Salvador
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Produção de Material Didático Design de Interfaces:
Reitor: João Carlos Salles Pires da Silva Coordenação de Tecnologias Educacionais Raissa Bomtempo; Jessica Menezes
Vice-Reitor: Paulo César Miguez de Oliveira CTE-SEAD
Pró-Reitoria de Extensão Universitária Equipe Audiovisual
Pró-Reitora: Fabiana Dultra Britto Núcleo de Estudos de Linguagens & Direção:
Instituto de Biologia Tecnologias - NELT/UFBA Haenz Gutierrez Quintana
Sumário
Diretor: Francisco Kelmo
Coordenação Produção:
Superintendência de Educação a Prof. Haenz Gutierrez Quintana Daiane Nascimento dos Santos; Victor
Gonçalves
Distância -SEAD
Superintendente Projeto gráfico
Haenz Gutierrez Quintana Câmera, teleprompter e edição:
Márcia Tereza Rebouças Rangel
Foto de capa: Gleyson Públio; Valdinei Matos
Coordenação de Tecnologias Educacionais
Equipe de Revisão: Edição:
CTE-SEAD
Edivalda Araujo Maria Giulia Santos; Sabrina Oliveira Apresentação ....................................................................................07
Haenz Gutierrez Quintana
Julio Neves Pereira
Coordenação de Design Educacional Márcio Matos Videografismos e Animação: Unidade 1 - História da Relação Ser Humano-Natureza ...............09
Lanara Souza Simone Bueno Borges Alana Araújo; Camila Correia; Gean 1.1 Ser humano e natureza nos primórdios do tempo................................ 10
Almeida; Mateus Santana; Roberval
Equipe Design Lacerda; 1.2 A descoberta do fogo: ponto de virada na relação ser humano-
Coordenadora Adjunta UAB natureza ........................................................................................................12
Supervisão: Alessandro Faria Edição de Áudio/trilha sonora:
Andréa Leitão Mateus Aragão; Rebecca Gallinari
Editoração / Ilustração: 1.3 A chegada dos portugueses ao Brasil ......................................................17
Amanda Fahel; Bruno Deminco; Davi 1.4 A consolidação da separação ser humano-natureza ............................19
Educação Ambiental Cohen; Felipe Almeida Lopes; Luana
Coordenadora: Profa. Ivana de Araujo Andrade; Michele Duran de Souza Ribeiro; Unidade 2 - Meio Ambiente e Educação Ambiental:
Rafael Moreno Pipino de Andrade; Vitor
Souza Concepções e Práticas ......................................................................31
2.1 As concepções de meio ambiente............................................................. 31
2.2 As conceituações de Educação Ambiental..............................................33
Esta obra está sob licença Creative Commons CC BY-NC-SA 4.0: esta Unidade 3 - Educação Ambiental e Cultura....................................39
licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu
trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam o devido 3.1 Educação Ambiental e suas relações com a cultura ..............................39
3.2 Constituição de Territórios de Identidade na Bahia ..............................43
REFERÊNCIAS. ....................................................................................50
Sobre as autoras Apresentação
Caro(a) cursista,
Fernanda Nascimento de Araújo Bem-vindo(a) ao nosso segundo componente curricular: “Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades”.
Mestre em História das Ciências e da Saúde em 2015 pela FIOCRUZ/RJ, licencia-
da e bacharel em História pela Universidade Federal da Bahia em 2010. Atualmente Nossa proposta é a de que você faça uma viagem conosco para conhecer um pouco
é professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação e Am- da história da relação que o ser humano estabeleceu com a natureza ao longo do tempo.
biente (NEPEA)/UFBA, tendo participado como professora do Curso de Especiali- Essa viagem nos conduzirá à discussão das concepções de meio ambiente que vem
zação em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis, de subsidiando as práticas da Educação Ambiental. Ao aprofundar essa temática, levaremos
2015 a 2016. Atuou no Programa Petrobras Agenda 21 na Bahia em 2012, no Projeto você a entender a relação entre Educação Ambiental e cultura, refletindo sobre a
Qualidade das Águas e da Vida Urbana em Salvador e na elaboração do livro “ O diversidade sociocultural e os saberes locais das comunidades, sobre a importância dos
Caminho das Águas em Salvador - Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes”, em 2011. territórios como espaços onde as atividades são criadas e realizadas a partir da herança
Participou ainda da equipe editorial das edições n 05 e 06 da revista “Veracidade” cultural do povo que o ocupa. Seguindo esse caminho vamos levar você, por fim, a
em 2010. É autora dos trabalhos “Urbanização e Higienização da Cidade do Salva- conhecer os Territórios de Identidade do nosso Estado.
dor Imperial (1850-1889): uma avaliação do processo com vistas a uma Educação Ao trilhar esse caminho desejamos que você se motive e aprofunde suas reflexões,
Ambiental Crítica” e “Ciência, Práticas Populares de Cura e Meio Ambiente em Sal- pois o entendimento desse processo histórico levará você a dialogar melhor com os
vador (1850 1889)”. conteúdos dos demais componentes curriculares do curso.
Maria de Fátima Falcão Nascimento A metodologia contempla uma abordagem interdisciplinar que possibilita estabelecer
Mestre em Engenharia Ambiental Urbana pela Universidade Federal da Bahia nexos e vínculos existentes entre os vários componentes curriculares, centrando o
(2011), especialista em Gestão Ambiental pela Universidade Católica de Salva- processo educativo no sujeito cognoscente, entendendo os princípios da autonomia e
dor (1995) e graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia da autoformação como fundamentais no processo de formação, valorizando as trocas
(1982). É professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação de experiências, o levantamento dos contextos regionais e a utilização de ampla gama
e Ambiente (NEPEA)/UFBA. Atuou como bióloga e coordenadora/gerente de Edu- de recursos pedagógicos.
cação Ambiental da Prefeitura de Salvador por 20 anos, como professora de Biolo- Assim, trazemos para você atividades que mesclam conhecimentos teóricos e ações
gia em colégios públicos e particulares, como coordenadora do Programa Petro- pedagógicas práticas que devem ser postadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem
bras Agenda 21, como professora bolsista/CAPES em três cursos de pós-graduação Moodle UFBA. Além do texto base, você terá acesso a material complementar para
(aperfeiçoamento) em Educação Ambiental e no primeiro Curso de Especialização aprofundamento. O processo avaliativo deste componente curricular contempla: uma
em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis, de 2015 a atividade e um fórum valendo 2,0 pontos cada e uma prova valendo 6,0 pontos.
2016 no IBIO/ UFBA. Atua como consultora em Educação e Gestão Ambiental para
várias instituições. É coautora dos livros: “Diretrizes Curriculares de Educação Am-
biental para a Rede Municipal de Ensino de Salvador” e do “Atlas Ambiental Infanto Bons estudos! Ótima jornada!
Juvenil de Salvador”, além de ter participado da elaboração do “Almanaque Caminho Coordenação Acadêmica Educação Ambiental
das Águas em Salvador - Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes”.
9
Absurdo
Vanessa da Mata
Figura: Stonehenge
10 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
11
1.1 Ser humano e natureza nos primórdios do tempo A relação ser humano-natureza é muito antiga e data do surgimento
de nossa espécie. Ao pensarmos no ser humano como um animal como
os outros, perceberemos que, do ponto de vista ecológico, ele faz parte dos
Você já se perguntou por que o ser humano está cada dia mais distanciado ecossistemas assim como outros seres, possuindo, entretanto, algumas par-
da natureza? E quando começou esse processo de distanciamento? Por que o
nosso olhar sobre o ambiente mudou? ticularidades que o distingue dos demais: a consciência, que o leva, en-
tre outras coisas, a manipular os recursos do ambiente, transformando-os
numa intensidade crescente e constante. Esta capacidade torna o humano
A problemática ambiental diz respeito ao processo pelo qual a socie- um ser cultural, ou seja, de forma consciente e intencional é capaz de repro-
dade, através dos tempos, organiza o acesso e o uso dos recursos naturais duzir o seu mundo como manifestação de sua cultura (CARNEIRO, 2009).
disponíveis. Ou seja, entender a questão ambiental implica considerar o Desta forma podemos dizer que o ser humano é capaz de produzir cultura
modo como a sociedade se relaciona com o meio natural (interação ser porque, entre outras coisas, é capaz de agir no mundo, transformando-o de
humano-natureza) no seio da própria sociedade (interação ser humano - acordo com seus hábitos e costumes.
ser humano). Assim, através da sua capacidade transformadora dos materiais da natu-
Condições históricas específicas moldam a forma como a sociedade se reza, o ser humano passou por diversos estágios da escala evolutiva como
relaciona com o meio natural, transforma-o sucessivamente, artificializan- espécie no planeta. Os momentos que antecedem a invenção da escrita
do-o em grande medida. A evolução da humanidade esteve sempre estrei- (Figura 1), por não possuírem registros de como ocorriam as relações ser
tamente relacionada com as formas de apropriação da natureza. Somente humano e natureza, supostamente foram caracterizados por relações base-
a partir da análise da relação ser humano/natureza, através dos tempos, e, adas no princípio de que a natureza e o ser humano eram um todo e não
consequentemente, da origem da questão ambiental, compreenderemos a se observavam relações de domínio ou posse da natureza pelo ser humano.
importância da Educação Ambiental (EA) na atualidade. Vivia-se da caça (Figura 2), da pesca e da coleta de frutos e raízes.
Neste contexto, para muitos autores, o ser humano caracterizava-se Assim, com a descoberta do fogo, no período Paleolítico, o ser humano garan-
como um “ser ecológico”, pois era totalmente integrado ao ambiente, reti- tiu um grande avanço, pois podia iluminar a caverna, cozinhar a carne, espan-
rando dele apenas o necessário para a sua sobrevivência, sem desorganizar tar os animais selvagens e garantir o aquecimento nas épocas de frio. HARARI
os ecossistemas. A organização social se caracterizava pela existência de (2015) levanta a possibilidade de que os humanos podem até mesmo ter come-
grupos humanos nômades que tinham uma relação de dependência total çado deliberadamente a fazer queimadas em suas áreas, pois um fogo cuidadosa-
com o ambiente, pois a natureza era vista como fonte de alimento. Quando mente manejado podia transformar bosques intransponíveis em campos cheios
os bens naturais escasseavam, o grupo era obrigado a procurar outro local de animais para a caça. Desta forma, o fogo abriu a primeira brecha significativa
para se estabelecer. Segundo essa teoria, as comunidades humanas primiti- entre os humanos e os demais animais. O
vas retiravam da natureza o necessário à sua sobrevivência. controle inicial do fogo foi essencial para
SAIBA MAIS o desenvolvimento de seres humanos no
Entretanto, outros autores questionam a harmonia dessa relação nesse
Assista ao filme “A GUERRA DO FOGO” (1981) Paleolítico e para os primeiros agricultores
período. Para HARARI (2015) as várias espécies de humanos que habi- direção de Jean Jacques Annaud. Filmado do período Neolítico, tornando-se um fa-
tavam o planeta nesse período (como o Homo neanderthalensis, o Homo no Quênia, Escócia, Islândia e Canadá é a
tor preponderante para o desenvolvimento
erectus, Homo soloensis entre outros), durante milhões de anos caçaram história romanceada da descoberta do fogo.
É fundamental que você assista pois na de toda civilização humana.
criaturas menores e coletaram o que podiam, ao passo que eram caçados
avaliação escrita se fará referências a ele
por predadores maiores. Somente há 400 mil anos que várias espécies do Durante 2,5 milhões de anos, os huma-
gênero Homo começaram a caçar animais grandes de maneira regular, e só nos se alimentaram coletando plantas e
nos últimos 100 mil anos – com a ascensão do Homo sapiens – esse homem caçando animais que viviam e procriavam
saltou para o topo da cadeia alimentar. Nessa época o planeta abrigava um sem sua intervenção. Isso mudou há cerca
grande número de mamíferos terrestres que foram sendo drasticamente de 10 mil anos, quando os sapiens passaram a manipular a vida de algumas espé-
eliminados pelos sapiens. Um passo importante rumo ao topo da cadeia cies de plantas e de animais.
alimentar foi a domesticação do fogo. Ao promover queimadas em florestas e matagais, os humanos permitiam que
o trigo e outras espécies monopolizassem o espaço em que viviam.
1.2 A descoberta do fogo: ponto de virada na relação A ascensão da agricultura permitiu que os sapiens abandonassem sua relação
até então relativamente harmônica com a natureza, fazendo com que as popula-
ser humano-natureza
ções aumentassem de maneira extremamente rápida.
O Homo erectus descobriu que ao atritar duas pedras ou pedaços de madeira,
A partir da fixação do ser humano em
ele produzia faíscas que se transformavam em chamas.
um determinado território, estabeleceu-se
“Afagar a terra,
uma comunidade, iniciando-se o controle
conhecer os desejos da terra,
dos humanos sobre a natureza. O desen-
cio da terra a propícia estação, volvimento do ser humano permitiu o
e fecundar o chão...” domínio de diversas técnicas para a fabri-
cação de utensílios de caça, pesca, coleta e
Cio da terra – Milton Nascimento/ manufatura de materiais, demonstrando,
Chico Buarque assim, alguma independência em relação à
natureza, sendo o arado e o machado gran-
Figura 03 - Representação de vida no neolítico des exemplos de produtos produzidos por
Fonte: Pixabay
14 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
15
essas técnicas. O período Neolítico, portanto, tornou-se o momento em que o ser Entretanto, este domínio não era total; podemos, portanto, considerá-lo rela-
humano passou a interferir muito mais na natureza, conforme seus interesses tivo se pensarmos que, para obter boas colheitas, criar animais e manter outros
e necessidades, principalmente através do cultivo de plantas e domesticação de recursos naturais o ser humano precisou e precisa contar com a regularidade dos
animais, modificando as relações ser humano-natureza vistas até então. ciclos naturais, que nem sempre acontecem de forma previsível. Isso determinou
Nesse período a economia era voltada para a autossuficiência da comunidade que, durante a Antiguidade, essa relação de dependência do ser humano com os
que cultivava e criava animais para o seu abastecimento. Os primeiros assen- ciclos naturais fosse o alicerce de muitas crenças religiosas desse período, cujos
tamentos neolíticos eram pequenas vilas que surgiram a partir do processo de povos adotavam diversos elementos da natureza como deuses ou representantes
fixação para cuidar da terra. Além disso, viver em grupo representava proteção de alguma divindade.
mútua, já que, segundo Blainey (2010), por longos períodos os grupos pioneiros Muitas manifestações religiosas
que se fixaram tiveram que coexistir com povos nômades, muitas vezes famintos refletiam os temores e as esperan-
e tentados a atacar os vilarejos. ças em relação ao imenso poder da
A produção controlada de alimentos iniciou o processo de desnaturalização natureza, que tinha que ser adorada
dos espaços naturais originais e a fixação dos grupos humanos em vilas que pos- ou apaziguada a favor dos huma-
teriormente transformaram-se em cidades, as quais eram, ao mesmo tempo, es- nos, lhes beneficiando, por exem-
paços de vivência e de produção (Figura 3). A geração de excedente agrícola e plo, com chuvas, aumento da fertili-
pastoril, além de permitir a manutenção e o incremento da população, possibili- dade do solo, eliminação de pragas,
tou a prática do comércio. etc. (Figura 4). A cultura desses po-
vos mantinha, assim, uma íntima
Como se pode perceber, o desenvolvimento da agricultura e a domesticação relação com a natureza, pois muitos
dos animais foi um decisivo passo para remodelar a dependência que se tinha dos seus ritos e práticas cotidianas
até então do que a natureza podia oferecer, diminuindo-se assim a necessidade eram voltados para a manutenção
de constantes migrações em busca de melhores condições de sobrevivência, per- de seu domínio (BLAINEY, 2010).
mitindo que houvesse cada vez mais indivíduos fixando-se em habitações. Nesse
Apesar desses desdobramentos, Figura 04 - Deméter, deusa da agricultura
ponto do processo evolutivo a relação ser humano x natureza mudou de harmo- Fonte: Wikimedia
niosa para uma relação de domínio, com profundas implicações para o futuro da as sociedades da antiguidade clás-
humanidade. sica não comprometiam de forma
generalizada o equilíbrio do meio
“A humanidade, ela mesma integrante da natureza, (...) substituiu a seleção na-
tural das espécies até então praticada, pela seleção humana. A partir daí, inaugura- ambiente. Os impactos ambientais eram locais e pequenos, pois o desenvolvi-
-se o processo de ameaça à biodiversidade pela via da ação humana. Na criação de mento produtivo e populacional era modesto, embora já tivessem uma estrutura
pastagens, de rebanhos e de lavouras, espécies vegetais desapareciam para assegurar
safras e crescimento dos rebanhos, em garantia à existência humana (QUINTAS, urbana e comercial significativa.
1992, p. 4) .
Na Idade Média, a Igreja ganha uma enorme força de mediação das relações
entre o ser humano e o “divino”. Nesse contexto, a relação entre ser humano e
natureza passa por grandes mudanças tendo como base a “origem divina” da es-
pécie, que passa a exercer sobre a natureza um domínio oficializado pela Igreja
16 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
17
(DIAS, 2009). A Igreja, no entanto, não elimina os cultos e passa a absorver certas A passagem da Idade Média à Idade Moderna foi, particularmente, um perí-
crenças romanas e gregas, transformando os antigos deuses em santos, permitin- odo de profundas mudanças, caracterizado pela transição do feudalismo para a
do o culto às imagens e remodelando os rituais pagãos para o cristianismo. Essa primeira fase do capitalismo (Figura 6).
adaptação e flexibilidade permitiram que a Igreja aumentasse o seu poderio e se
tornasse assim uma força concreta e amplamente aceita pela população.
A forma de encarar a natureza havia mudado, entretanto, no período; a rura-
lização da economia na alta idade média não chegava a ameaçar a sobrevivência
dos sistemas naturais, mesmo tendo sido encontrados registros de desfloresta-
mento e poluição do ar devido às fundições e à queima de carvão (SERRÃO,
2010).
No período da baixa idade média os feudos foram transformando-se em cida-
des, iniciando o processo de renascimento das urbes e de expansão desses cen- Figura 06 - Representação da transição da Idade Média para a Moderna
tros de poder comercial e cultural (Figura 5). Como consequência, a população Fonte: wikimedia
medieval, nessa época a atenção era toda voltada para o ser humano e este estava às leis da mecânica, esta passa a ser vista como um mero meio de obtenção de
apto a explorar e se apropriar da natureza, utilizando–se, para tanto, da racionali- lucro e de recursos infinitos. Começa, portanto, a construção de uma relação
dade que o diferencia e destaca dos demais animais, implicando, por conseguinte, exploratória do ser humano sobre a natureza, entendida como um recurso, um
numa visão de superioridade dos seres humanos em relação à natureza. meio para se atingir um fim.
A Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII (portanto, já na Idade Mo-
derna), mudou radicalmente a estrutura da sociedade, estabelecendo a expansão
do mercado e a substituição gradativa de seres humanos por máquinas. A econo-
mia foi orientada para o processo de transformação, o que provocou a substitui-
ção crescente dos ecossistemas naturais. Para assegurar maior produtividade na
transformação da matéria-prima foram criadas inovações técnicas e os recursos
naturais foram utilizados numa escala elevada, tanto em quantidade como em
qualidade.
Os recursos naturais não renováveis, como os minérios e combustíveis fósseis
passaram a ser consumidos de forma acelerada, enquanto os animais e vegetais
continuaram a ser muito explorados, favorecendo a extinção de espécies, além da Figura 10 - Inglaterra no século XVIII
degradação de outros recursos como o ar, o solo e a água, ameaçados em grande Fonte: Wikimedia
Como se pode perceber, o surgimento do capitalismo industrial representou As relações de trabalho e de propriedade no capitalismo (Figura 12) definem
um “divisor de águas” na história da humanidade, trazendo consigo o surgimento as formas de apropriação da natureza e o acesso dos grupos sociais aos recursos
de uma nova forma de organização social e de apropriação da natureza. Centrada do ambiente, evidenciando o relacionamento desigual das classes com a riqueza
no espaço urbano e baseada numa tecnologia altamente consumidora de energia natural dos lugares onde estão inseridas, na medida em que garante a alguns o
e matérias-primas, essa economia industrial supõe um mercado em permanente domínio sobre porções de espaço terrestre e dos recursos aí contidos, vedando
expansão, onde produzir cada vez mais passa a ser uma necessidade inerente ao a outros a possibilidade de usufruí-los. Ou seja, a relação do ser humano com a
próprio sistema, no sentido de garantir o processo de acumulação de capital, no natureza é função das relações estabelecidas pelos seres humanos e entre os seres
interior do capitalismo. humanos num dado modo de produção.
Para garantir a sua manutenção, o sistema produtivo não pode se limitar à sa- Nesse contexto, a industrialização, ao invés de gerar a abundância para todos e
tisfação das necessidades percebidas diretamente, mas também tem que criar no- erradicar a pobreza, a aprofundou, visto que o padrão de produção foi determi-
vas necessidades. O aumento da variedade de produtos que transcende o atendi- nado pela demanda de uma burguesia e uma classe média com o mesmo padrão
mento das necessidades básicas significa o aumento na criação de necessidades. de consumo de seus equivalentes nos países desenvolvidos, restringindo a esse
Ou seja, cada produto lançado no mercado cria mais necessidade do que satisfaz. grupo o acesso aos bens produzidos. Ou seja, um nível de produção mais elevado
A expansão da produção e das necessidades se converte em uma expectativa não significa o atendimento das necessidades da população.
consumista que parece determinar a vida, de tal forma que o ser humano passa a Outro resultado da distribuição desigual dos recursos é a distribuição social
ser governado pelas necessidades e desejos criados pelo sistema de acumulação dos impactos ambientais, ou seja, as consequências negativas do processo pro-
de capital, constituindo uma relação com o mundo centrada no sentido do “ter” dutivo afetam principalmente os setores mais desfavorecidos da população, que
em contraposição ao sentido do “ser”. menos influenciam nas decisões sociais:
“Não é coincidência que sejam os trabalhadores, dentro ou fora das fábricas, nas
favelas, nos barracos e nas cidades operárias, as maiores vítimas da poluição; que
sejam os camponeses e trabalhadores agrícolas os primeiros a sofrerem os efeitos
dos agrotóxicos que manipulam; ou os pescadores que, com a morte da flora e fauna
dos rios, perdem o seu meio de sustento” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO — INEP,
1992, p. 22).
SAIBA MAIS!
Para um maior aprofundamento sobre Justiça Ambiental, leia
https://revistas.ufpr.br/made/article/view/22116/14480
Com a aceleração do processo de urbanização, a dinâmica social e espacial Neste âmbito, a globalização se refere tanto ao incremento do fluxo financei-
no âmbito das cidades se caracteriza por uma relação de distanciamento do ser ro de bens de consumo, recursos e serviços através das fronteiras entre nações,
humano da natureza, como se dela nunca tivesse feito parte. Como a maioria das como a emergência de conjunto de estruturas de gestão dessa rede de atividades
pessoas interage, principalmente, com o meio artificial representado pelas cida- econômicas internacionais. A apropriação dos bens naturais sob o controle das
des, que se interpõe crescentemente entre o homem e a natureza, se cria a ilusão multinacionais orientou processos de homogeneização do consumo no sentido
de que cada vez se depende menos dela. Apesar da sua aparente independência, de atender à necessidade de ampliação dos mercados e à transferência de padrões
travestida na visão de que a satisfação das necessidades básicas do indivíduo (luz, culturais.
calor, alimento, lazer, comércio, etc.) nada tem a ver com o ecossistema natural, Loureiro (2007) coloca que nesta fase contemporânea do capitalismo, observa-
a cidade é um consumidor especializado em recursos naturais (Figura 13). A fa- -se o aprofundamento do nível de intervenção na natureza e paralelamente, a ex-
lácia sobre o isolamento do ser humano urbano da ambiência natural é revelada ploração do ser humano pelo ser humano, compondo um cenário de incertezas
quando observamos que “todos os objetos e todas as atividades desenvolvidas quanto ao futuro da vida planetária e de acirramento dos conflitos em torno do
pelos citadinos estão intrinsecamente determinados pelos diversos produtos ofe- uso, apropriação e distribuição dos recursos naturais e de busca de alternativas
recidos pelos ecossistemas” (LIMA, 1990). ecologicamente corretas e socialmente justas de superação da problemática am-
biental atual, conforme pode ser claramente observado na Figura 14.
PERÍODO PALEOLÍTICO
até 10.000 a.C.
PERÍODO NEOLÍTICO E
Figura 15 - John Lennon e o Movimento Pacifista
DOS METAIS até 4.000 a.C.
Fonte: Pixabay
IDADE MÉDIA
até o Século XIV
IDADE CONTEMPORÂNEA
até os tempos atuais
31
b) Racional — relacionada à valorização de conhecimentos técnicos de decisão sobre o futuro do nosso planeta. Em síntese, um processo de
e de suas formas de transmissão. A aquisição do conhecimento sobre o aprendizagem permanente, visando “[...] a consolidação de uma nova ra-
ambiente, com ênfase no conhecimento da legislação ambiental, conduz cionalidade ambiental e civilizatória” (MEDINA, 1996, p. 18).
à conscientização, que resulta da preparação estritamente intelectual do O processo educativo atuará na modificação de atitudes do indivíduo
educando. que passará a identificar, situar e atuar perante os problemas ambientais de
c) Histórica — enfatiza os aspectos sociais, históricos e culturais, defen- forma crítica, partindo de um conhecimento real das dimensões do pro-
dendo a visão de educação como conscientização. A sua abordagem valo- blema. A ação educativa vai operar, concomitantemente, em dois níveis: no
riza as ideias de integração, trabalho coletivo, interdisciplinaridade, com nível individual, orientando o uso adequado do meio, e no nível societá-
predominância de uma abordagem sociopolítica. A expressão da intencio- rio, criando uma consciência crítica, capaz de lutar pela racionalização na
nalidade humana no ambiente, a percepção da dimensão reflexiva, a va- utilização dos recursos naturais, do meio como um todo, e, sobretudo, de
lorização do pensar e do agir autônomos constituem os fundamentos do apontar as distorções do sistema em relação ao ambiente.
processo educativo. O documento final da Conferência de Tbilisi estabeleceu as finalidades,
os objetivos e princípios básicos para o desenvolvimento da EA no mundo,
tetizadas por Tozoni-Reis (2004, p. 75 a 100) da seguinte maneira: indicados a seguir (TBILISI, 1977).
Numa perspectiva que contempla a complexidade do meio ambiente
(incluindo as dimensões naturais, históricas, sociais e políticas), Medina
(1997) propõe a E A como o processo educativo Finalidades
[...] que consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do Am- a. Ajudar a fazer compreender, claramente, a existência e a importância da
biente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma interdependência econômica, social, política e ecológica, nas zonas urbanas e rurais;
posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a con-
servação e adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade
b. Proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os conhecimentos,
de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. (MEDI- o sentido dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e
NA, 1997, p. 16). melhorar o meio ambiente;
c. Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade
A despeito do tempo transcorrido entre a Conferência de Tbilisi (1977) em seu conjunto, a respeito do meio ambiente.
que definiu os objetivos, características, princípios e estratégias da E A e da
realização de vários outros encontros internacionais sobre E A, suas orien-
tações mantêm a atualidade, consolidando o evento como o marco mais
importante da evolução da E A. Dessa forma, a Educação Ambiental como Categorias de objetivos
definida pela Unesco na Conferência de Tbilisi:
a. Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem
[...] é uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a consciência do meio ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizarem-se
resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques inter-
disciplinares, e de um a participação a¬ti¬va e responsável de cada indivíduo e da por essas questões.
coletividade. (DIAS, 2004, p. 31). b. Conhecimento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem
Ou seja, a Educação Ambiental nada mais é do que educação. Entendida diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio
dessa forma, a Educação Ambiental constitui-se no principal instrumento ambiente e dos problemas anexos.
para a conscientização do ser humano, para maior aquisição de conheci-
mentos e para o desenvolvimento de atitudes e habilidades que lhe permi-
tam atuar como cidadão e participar, ativa e responsavelmente, na tomada
36 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
37
Princípios básicos
a. Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais
e criados pelo homem (tecnológico e social, econômico, político, histórico cultural,
moral e estético).
b. Constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar e
continuando através de todas as fases do ensino formal e não formal.
c. Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada
disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.
d. Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional,
nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as
condições ambientais de outras regiões geográficas.
e. Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a
perspectiva histórica.
f. Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional
para prevenir e resolver os problemas ambientais.
g. Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de
desenvolvimento e de crescimento.
h. Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais.
39
O entendimento a respeito de patrimônio cultural mudou a partir do ao fato de que os referidos projetos têm sido elaborados sem conhecer os
final do século XX, passando a abarcar também as noções de modos de objetivos, problemas, prioridades e valores da comunidade envolvida.
viver, formas de linguagem, celebrações, gastronomia, natureza, festas (Fi-
gura 18), enfim, maneiras de usar os bens, os espaços físicos e a paisagem,
portanto, bens simbólicos. Até então, a acepção de patrimônio estava vin- Como você enxerga essa questão?
culada aos bens arquitetônicos, artísticos e arqueológicos. Essa mudança
foi fundamental para garantir o reconhecimento de grupos étnicos e socie-
dades tradicionais, para que os mesmos não perdessem suas identidades Que estratégias você utilizaria em Educação
Ambiental para valorizar a diversidade sociocultural
em um mundo onde os costumes e tradições dissipam-se em um processo e os saberes locais da comunidade onde você vive?
cada vez mais veloz de globalização de hábitos e estilos de vida. Dessa for-
ma, torna-se fundamental o incentivo à proteção do patrimônio local, para
que as raízes plurais dos povos e suas tradições culturais sejam conservadas Acesse as atividades do componente curricular para
responder a essas questões
e suas identidades mantidas.
A relação entre a cultura e o meio ambiente é o que distingue um espaço
de outro, permitindo a percepção daquilo que se convencionou chamar de a
“alma do lugar”, que está vinculada à paisagem e às manifestações culturais Uma proposta de Educação Ambiental deve levar em conta as significa-
daquele território. O conceito de territorialidade relacionado à questão do ções que os indivíduos têm e produzem para conhecer, explicar e resolver
patrimônio foi bem definido por Milton Santos, ao dizer que os territórios problemas específicos que constituem sua situação social, outorgando-lhes
se delineiam a partir do uso que lhes é atribuído pelos grupos humanos que o poder de criador de suas próprias respostas e fortalecendo suas instâncias
os criaram ou que os herdaram das gerações anteriores (SANTOS, 1997). organizativas para realizá-las.
O grande desafio na defesa dos bens culturais está relacionado ao de- Os estudos que não se fundamentam no sentir, no pensar e no atuar dos
senvolvimento da Educação Ambiental através de processos que possibi- protagonistas por julgar pouco científicas, pouco técnicas, tratam a ques-
litem o despertar da consciência e do respeito a esses bens patrimoniais, tão ambiental dentro de uma perspectiva determinista, como se a realidade
tendo como base uma nova percepção sobre a temática, onde a noção de fosse assim, e assim continuasse, independente do que desejam os prota-
patrimônio não é restrita a determinados bens culturais (como monumen- gonistas e do que vá se delineando através da análise comprometida com a
tos, igrejas, museus, prédios históricos ou edifícios públicos), mas abarca realidade.
o meio ambiente e a natureza, e todas as formas de manifestações culturais Se assim for, o discurso teórico, a construção de teorias e o resultado dos
imateriais. trabalhos de pesquisa serão completamente inúteis e os processos de Edu-
Assim, a Educação Ambiental deve reconhecer as populações como pro- cação Ambiental serão superficiais e exíguos.
dutoras de cultura, valorizando, para tanto, os costumes tradicionais, as
expressões de linguagem, a gastronomia, as festas, os artesanatos locais e
os modos de viver de cada sociedade. Além disso, deve priorizar as inter- 3.2- CONSTITUIÇÃO DE TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE NA BAHIA
-relações do meio natural com o social, numa perspectiva de sustentabili-
dade socioambiental, buscando trazer à tona as potencialidades dos bens
culturais e naturais de cada comunidade, fortalecendo os sentimentos de Você sabe o que é um Território de Identidade? Que tal fazer essa
identidade e pertencimento e estimulando o exercício da cidadania ativa leitura e se apropriar um pouco desse conceito e conhecer os
local. Segundo Dias (1992), apesar da diversidade de propostas, observa- Territórios de Identidade da Bahia?
-se uma ineficiência dos projetos de Educação Ambiental, o que ele atribui
44 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
45
“Os territórios vão além de um espaço geográfico delimitado por re- as comunidades, através de suas representações, foram convidadas a opinar
gras político-administrativas e representam nosso espaço de vida. Ele no processo de identificação desses territórios.
é um espaço construído pelas relações que estabelecemos e a partir das O conceito dos territórios de identidade refere-se aos agrupamentos
quais é possível alcançar nossos objetivos, assim como contribuir com identitários municipais formados de acordo com critérios sociais, culturais,
os objetivos dos outros” (BAHIA, 2013) econômicos e geográficos, reconhecidos pela sua população como espaços
historicamente construídos. Nesse contexto, o Governo do Estado da Bahia
reconheceu estas unidades territoriais por entender que o desenvolvimento
equilibrado e sustentável entre as regiões depende da identificação de prio-
ridades temáticas a partir da realidade local.
Figura 19 - Lavadeiras
Fonte: Flicker
Território Municípios definidos pelo relevo ou pela combinação entre rio e relevo, alguns pela po-
Recôncavo (21) Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Con- sição geográfica ou pela influência irradiada da principal cidade ou ainda
ceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, em razão de uma cultura agrícola ou bioma predominante. Tendo em vista
Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, a importância do planejamento territorial dos espaços, faz-se necessária
Muritiba, Nazaré, Salinas da Margarida, Santo Amaro, Santo a valorização e fortalecimento desses Territórios de Identidade enquanto
Antônio de Jesus, São Felipe, São Félix, Sapeaçu, Saubara, espaços de gestão. No que se refere a E A, esse fortalecimento só enriquece
Varzedo.
as ações educativas nesses espaços.
Médio Rio de Contas Aiquara, Apuarema, Barra do Rocha, Boa Nova, Dário Mei-
(22) ra, Gongogi Ibirataia, Ipiaú, Itagi, Itagibá, Itamari, Jequié,
Jitaúna, Manoel Vitorino, Nova Ibiá, Ubatã.
Bacia do Rio Corren- Brejolandia, Canápolis, Cocos, Coribe, Correntina, Jabo- SÍNTESE
te (23) randi, Santa Maria da Vitória, Santana, São Felix Do Coribe,
Serra Dourada, Tabocas do Brejo Velho. Continuamos nossa trilha no caminho da relação ser humano-natureza
Itaparica (24) Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso, Rodelas. falando, nesta unidade, da intrínseca relação entre a E A e a cultura, culmi-
Piemonte Norte do Andorinha, Antônio Gonçalves, Caldeirão Grande, Cam- nando com uma visão geral dos territórios de identidade do nosso Estado,
Itapicuru (25) po Formoso, Filadélfia, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto Novo, Esperamos que, ao final do nosso componente curricular, você querido
Senhor do Bonfim.
(a) cursista tenha desfrutado dessa viagem histórica e conceitual que em-
Metropolitano de Camaçari, Candeias, Dias D'Ávila, Itaparica, Lauro de Frei-
basará seus estudos nos próximos componentes.
Salvador (26) tas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São
Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho, Grata pela convivência!
Vera Cruz.
Abraço
Costa do Descobri- Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itape-
mento (27) bi, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália.
Fonte: Seplan
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52 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades
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