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Educação Ambiental

Espaços Educadores Sustentáveis

Fernanda Nascimento de Araújo


Maria de Fátima Falcão Nascimento

Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades
Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE BIOLOGIA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
COM ÊNFASE EM ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS

Fernanda Nascimento de Araújo


Maria de Fátima Falcão Nascimento

Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades

Salvador
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Produção de Material Didático Design de Interfaces:
Reitor: João Carlos Salles Pires da Silva Coordenação de Tecnologias Educacionais Raissa Bomtempo; Jessica Menezes
Vice-Reitor: Paulo César Miguez de Oliveira CTE-SEAD
Pró-Reitoria de Extensão Universitária Equipe Audiovisual
Pró-Reitora: Fabiana Dultra Britto Núcleo de Estudos de Linguagens & Direção:
Instituto de Biologia Tecnologias - NELT/UFBA Haenz Gutierrez Quintana

Sumário
Diretor: Francisco Kelmo
Coordenação Produção:
Superintendência de Educação a Prof. Haenz Gutierrez Quintana Daiane Nascimento dos Santos; Victor
Gonçalves
Distância -SEAD
Superintendente Projeto gráfico
Haenz Gutierrez Quintana Câmera, teleprompter e edição:
Márcia Tereza Rebouças Rangel
Foto de capa: Gleyson Públio; Valdinei Matos
Coordenação de Tecnologias Educacionais
Equipe de Revisão: Edição:
CTE-SEAD
Edivalda Araujo Maria Giulia Santos; Sabrina Oliveira Apresentação ....................................................................................07
Haenz Gutierrez Quintana
Julio Neves Pereira
Coordenação de Design Educacional Márcio Matos Videografismos e Animação: Unidade 1 - História da Relação Ser Humano-Natureza ...............09
Lanara Souza Simone Bueno Borges Alana Araújo; Camila Correia; Gean 1.1 Ser humano e natureza nos primórdios do tempo................................ 10
Almeida; Mateus Santana; Roberval
Equipe Design Lacerda; 1.2 A descoberta do fogo: ponto de virada na relação ser humano-
Coordenadora Adjunta UAB natureza ........................................................................................................12
Supervisão: Alessandro Faria Edição de Áudio/trilha sonora:
Andréa Leitão Mateus Aragão; Rebecca Gallinari
Editoração / Ilustração: 1.3 A chegada dos portugueses ao Brasil ......................................................17
Amanda Fahel; Bruno Deminco; Davi 1.4 A consolidação da separação ser humano-natureza ............................19
Educação Ambiental Cohen; Felipe Almeida Lopes; Luana
Coordenadora: Profa. Ivana de Araujo Andrade; Michele Duran de Souza Ribeiro; Unidade 2 - Meio Ambiente e Educação Ambiental:
Rafael Moreno Pipino de Andrade; Vitor
Souza Concepções e Práticas ......................................................................31
2.1 As concepções de meio ambiente............................................................. 31
2.2 As conceituações de Educação Ambiental..............................................33

Esta obra está sob licença Creative Commons CC BY-NC-SA 4.0: esta Unidade 3 - Educação Ambiental e Cultura....................................39
licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu
trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam o devido 3.1 Educação Ambiental e suas relações com a cultura ..............................39
3.2 Constituição de Territórios de Identidade na Bahia ..............................43

REFERÊNCIAS. ....................................................................................50
Sobre as autoras Apresentação
Caro(a) cursista,

Fernanda Nascimento de Araújo Bem-vindo(a) ao nosso segundo componente curricular: “Educação Ambiental,
Sujeitos e Identidades”.
Mestre em História das Ciências e da Saúde em 2015 pela FIOCRUZ/RJ, licencia-
da e bacharel em História pela Universidade Federal da Bahia em 2010. Atualmente Nossa proposta é a de que você faça uma viagem conosco para conhecer um pouco
é professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação e Am- da história da relação que o ser humano estabeleceu com a natureza ao longo do tempo.
biente (NEPEA)/UFBA, tendo participado como professora do Curso de Especiali- Essa viagem nos conduzirá à discussão das concepções de meio ambiente que vem
zação em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis, de subsidiando as práticas da Educação Ambiental. Ao aprofundar essa temática, levaremos
2015 a 2016. Atuou no Programa Petrobras Agenda 21 na Bahia em 2012, no Projeto você a entender a relação entre Educação Ambiental e cultura, refletindo sobre a
Qualidade das Águas e da Vida Urbana em Salvador e na elaboração do livro “ O diversidade sociocultural e os saberes locais das comunidades, sobre a importância dos
Caminho das Águas em Salvador - Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes”, em 2011. territórios como espaços onde as atividades são criadas e realizadas a partir da herança
Participou ainda da equipe editorial das edições n 05 e 06 da revista “Veracidade” cultural do povo que o ocupa. Seguindo esse caminho vamos levar você, por fim, a
em 2010. É autora dos trabalhos “Urbanização e Higienização da Cidade do Salva- conhecer os Territórios de Identidade do nosso Estado.
dor Imperial (1850-1889): uma avaliação do processo com vistas a uma Educação Ao trilhar esse caminho desejamos que você se motive e aprofunde suas reflexões,
Ambiental Crítica” e “Ciência, Práticas Populares de Cura e Meio Ambiente em Sal- pois o entendimento desse processo histórico levará você a dialogar melhor com os
vador (1850 1889)”. conteúdos dos demais componentes curriculares do curso.
Maria de Fátima Falcão Nascimento A metodologia contempla uma abordagem interdisciplinar que possibilita estabelecer
Mestre em Engenharia Ambiental Urbana pela Universidade Federal da Bahia nexos e vínculos existentes entre os vários componentes curriculares, centrando o
(2011), especialista em Gestão Ambiental pela Universidade Católica de Salva- processo educativo no sujeito cognoscente, entendendo os princípios da autonomia e
dor (1995) e graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia da autoformação como fundamentais no processo de formação, valorizando as trocas
(1982). É professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação de experiências, o levantamento dos contextos regionais e a utilização de ampla gama
e Ambiente (NEPEA)/UFBA. Atuou como bióloga e coordenadora/gerente de Edu- de recursos pedagógicos.
cação Ambiental da Prefeitura de Salvador por 20 anos, como professora de Biolo- Assim, trazemos para você atividades que mesclam conhecimentos teóricos e ações
gia em colégios públicos e particulares, como coordenadora do Programa Petro- pedagógicas práticas que devem ser postadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem
bras Agenda 21, como professora bolsista/CAPES em três cursos de pós-graduação Moodle UFBA. Além do texto base, você terá acesso a material complementar para
(aperfeiçoamento) em Educação Ambiental e no primeiro Curso de Especialização aprofundamento. O processo avaliativo deste componente curricular contempla: uma
em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis, de 2015 a atividade e um fórum valendo 2,0 pontos cada e uma prova valendo 6,0 pontos.
2016 no IBIO/ UFBA. Atua como consultora em Educação e Gestão Ambiental para
várias instituições. É coautora dos livros: “Diretrizes Curriculares de Educação Am-
biental para a Rede Municipal de Ensino de Salvador” e do “Atlas Ambiental Infanto Bons estudos! Ótima jornada!
Juvenil de Salvador”, além de ter participado da elaboração do “Almanaque Caminho Coordenação Acadêmica Educação Ambiental
das Águas em Salvador - Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes”.
9

UNIDADE 1 - HISTÓRIA DA RELAÇÃO


SER HUMANO-NATUREZA

Você adentrará pelos caminhos da relação ser humano-natureza e refleti-


rá sobre a mudança que ocorreu no nosso olhar sobre o ambiente ao longo
do tempo.
Para iniciarmos nossa reflexão, trouxemos para você alguns trechos da
música “Absurdo” de Vanessa da Mata

Absurdo
Vanessa da Mata

Havia tanto pra lhe contar


A natureza
Mudava a forma o estado e o lugar
Era absurdo
Havia tanto pra lhe mostrar Você conhece esta
Era tão belo canção? Se não,
Mas olhe agora o estrago em que está
[...] procure conhecê-la.
Destruição é reflexo do humano Ela trata exatamente
Se a ambição desumana o Ser da relação que o ser
Essa imagem infértil do deserto humano estabeleceu
Nunca pensei que chegasse aqui ao longo do tempo
Autodestrutivos,
Falsas vítimas nocivas? com a natureza.
[...] Depois de ouvi-la,
Desmatam tudo e reclamam do tempo acesse as atividades
Que ironia conflitante ser do componente
Desequilíbrio que alimenta as pragas curricular. Lá você
Alterado grão, alterado pão
Sujamos rios, dependemos das águas encontrará referências
Tanto faz os meios violentos a esta canção.
Luxúria é ética do perverso vivo
Morto por dinheiro [...]
Falsos bens, progresso?
Com a mãe, ingratidão
Deram o galinheiro
Pra raposa vigiar

Figura: Stonehenge
10 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
11

1.1 Ser humano e natureza nos primórdios do tempo A relação ser humano-natureza é muito antiga e data do surgimento
de nossa espécie. Ao pensarmos no ser humano como um animal como
os outros, perceberemos que, do ponto de vista ecológico, ele faz parte dos
Você já se perguntou por que o ser humano está cada dia mais distanciado ecossistemas assim como outros seres, possuindo, entretanto, algumas par-
da natureza? E quando começou esse processo de distanciamento? Por que o
nosso olhar sobre o ambiente mudou? ticularidades que o distingue dos demais: a consciência, que o leva, en-
tre outras coisas, a manipular os recursos do ambiente, transformando-os
numa intensidade crescente e constante. Esta capacidade torna o humano
A problemática ambiental diz respeito ao processo pelo qual a socie- um ser cultural, ou seja, de forma consciente e intencional é capaz de repro-
dade, através dos tempos, organiza o acesso e o uso dos recursos naturais duzir o seu mundo como manifestação de sua cultura (CARNEIRO, 2009).
disponíveis. Ou seja, entender a questão ambiental implica considerar o Desta forma podemos dizer que o ser humano é capaz de produzir cultura
modo como a sociedade se relaciona com o meio natural (interação ser porque, entre outras coisas, é capaz de agir no mundo, transformando-o de
humano-natureza) no seio da própria sociedade (interação ser humano - acordo com seus hábitos e costumes.
ser humano). Assim, através da sua capacidade transformadora dos materiais da natu-
Condições históricas específicas moldam a forma como a sociedade se reza, o ser humano passou por diversos estágios da escala evolutiva como
relaciona com o meio natural, transforma-o sucessivamente, artificializan- espécie no planeta. Os momentos que antecedem a invenção da escrita
do-o em grande medida. A evolução da humanidade esteve sempre estrei- (Figura 1), por não possuírem registros de como ocorriam as relações ser
tamente relacionada com as formas de apropriação da natureza. Somente humano e natureza, supostamente foram caracterizados por relações base-
a partir da análise da relação ser humano/natureza, através dos tempos, e, adas no princípio de que a natureza e o ser humano eram um todo e não
consequentemente, da origem da questão ambiental, compreenderemos a se observavam relações de domínio ou posse da natureza pelo ser humano.
importância da Educação Ambiental (EA) na atualidade. Vivia-se da caça (Figura 2), da pesca e da coleta de frutos e raízes.

Figura 01 - Pinturas rupestres da Toca do Boqueirão da Pedra Furada


Fonte: wikimedia
Figura 02 - Representação do modo de vida no Paleolítico
Fonte: Pinterest
12 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
13

Neste contexto, para muitos autores, o ser humano caracterizava-se Assim, com a descoberta do fogo, no período Paleolítico, o ser humano garan-
como um “ser ecológico”, pois era totalmente integrado ao ambiente, reti- tiu um grande avanço, pois podia iluminar a caverna, cozinhar a carne, espan-
rando dele apenas o necessário para a sua sobrevivência, sem desorganizar tar os animais selvagens e garantir o aquecimento nas épocas de frio. HARARI
os ecossistemas. A organização social se caracterizava pela existência de (2015) levanta a possibilidade de que os humanos podem até mesmo ter come-
grupos humanos nômades que tinham uma relação de dependência total çado deliberadamente a fazer queimadas em suas áreas, pois um fogo cuidadosa-
com o ambiente, pois a natureza era vista como fonte de alimento. Quando mente manejado podia transformar bosques intransponíveis em campos cheios
os bens naturais escasseavam, o grupo era obrigado a procurar outro local de animais para a caça. Desta forma, o fogo abriu a primeira brecha significativa
para se estabelecer. Segundo essa teoria, as comunidades humanas primiti- entre os humanos e os demais animais. O
vas retiravam da natureza o necessário à sua sobrevivência. controle inicial do fogo foi essencial para
SAIBA MAIS o desenvolvimento de seres humanos no
Entretanto, outros autores questionam a harmonia dessa relação nesse
Assista ao filme “A GUERRA DO FOGO” (1981) Paleolítico e para os primeiros agricultores
período. Para HARARI (2015) as várias espécies de humanos que habi- direção de Jean Jacques Annaud. Filmado do período Neolítico, tornando-se um fa-
tavam o planeta nesse período (como o Homo neanderthalensis, o Homo no Quênia, Escócia, Islândia e Canadá é a
tor preponderante para o desenvolvimento
erectus, Homo soloensis entre outros), durante milhões de anos caçaram história romanceada da descoberta do fogo.
É fundamental que você assista pois na de toda civilização humana.
criaturas menores e coletaram o que podiam, ao passo que eram caçados
avaliação escrita se fará referências a ele
por predadores maiores. Somente há 400 mil anos que várias espécies do Durante 2,5 milhões de anos, os huma-
gênero Homo começaram a caçar animais grandes de maneira regular, e só nos se alimentaram coletando plantas e
nos últimos 100 mil anos – com a ascensão do Homo sapiens – esse homem caçando animais que viviam e procriavam
saltou para o topo da cadeia alimentar. Nessa época o planeta abrigava um sem sua intervenção. Isso mudou há cerca
grande número de mamíferos terrestres que foram sendo drasticamente de 10 mil anos, quando os sapiens passaram a manipular a vida de algumas espé-
eliminados pelos sapiens. Um passo importante rumo ao topo da cadeia cies de plantas e de animais.
alimentar foi a domesticação do fogo. Ao promover queimadas em florestas e matagais, os humanos permitiam que
o trigo e outras espécies monopolizassem o espaço em que viviam.
1.2 A descoberta do fogo: ponto de virada na relação A ascensão da agricultura permitiu que os sapiens abandonassem sua relação
até então relativamente harmônica com a natureza, fazendo com que as popula-
ser humano-natureza
ções aumentassem de maneira extremamente rápida.
O Homo erectus descobriu que ao atritar duas pedras ou pedaços de madeira,
A partir da fixação do ser humano em
ele produzia faíscas que se transformavam em chamas.
um determinado território, estabeleceu-se
“Afagar a terra,
uma comunidade, iniciando-se o controle
conhecer os desejos da terra,
dos humanos sobre a natureza. O desen-
cio da terra a propícia estação, volvimento do ser humano permitiu o
e fecundar o chão...” domínio de diversas técnicas para a fabri-
cação de utensílios de caça, pesca, coleta e
Cio da terra – Milton Nascimento/ manufatura de materiais, demonstrando,
Chico Buarque assim, alguma independência em relação à
natureza, sendo o arado e o machado gran-
Figura 03 - Representação de vida no neolítico des exemplos de produtos produzidos por
Fonte: Pixabay
14 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
15

essas técnicas. O período Neolítico, portanto, tornou-se o momento em que o ser Entretanto, este domínio não era total; podemos, portanto, considerá-lo rela-
humano passou a interferir muito mais na natureza, conforme seus interesses tivo se pensarmos que, para obter boas colheitas, criar animais e manter outros
e necessidades, principalmente através do cultivo de plantas e domesticação de recursos naturais o ser humano precisou e precisa contar com a regularidade dos
animais, modificando as relações ser humano-natureza vistas até então. ciclos naturais, que nem sempre acontecem de forma previsível. Isso determinou
Nesse período a economia era voltada para a autossuficiência da comunidade que, durante a Antiguidade, essa relação de dependência do ser humano com os
que cultivava e criava animais para o seu abastecimento. Os primeiros assen- ciclos naturais fosse o alicerce de muitas crenças religiosas desse período, cujos
tamentos neolíticos eram pequenas vilas que surgiram a partir do processo de povos adotavam diversos elementos da natureza como deuses ou representantes
fixação para cuidar da terra. Além disso, viver em grupo representava proteção de alguma divindade.
mútua, já que, segundo Blainey (2010), por longos períodos os grupos pioneiros Muitas manifestações religiosas
que se fixaram tiveram que coexistir com povos nômades, muitas vezes famintos refletiam os temores e as esperan-
e tentados a atacar os vilarejos. ças em relação ao imenso poder da
A produção controlada de alimentos iniciou o processo de desnaturalização natureza, que tinha que ser adorada
dos espaços naturais originais e a fixação dos grupos humanos em vilas que pos- ou apaziguada a favor dos huma-
teriormente transformaram-se em cidades, as quais eram, ao mesmo tempo, es- nos, lhes beneficiando, por exem-
paços de vivência e de produção (Figura 3). A geração de excedente agrícola e plo, com chuvas, aumento da fertili-
pastoril, além de permitir a manutenção e o incremento da população, possibili- dade do solo, eliminação de pragas,
tou a prática do comércio. etc. (Figura 4). A cultura desses po-
vos mantinha, assim, uma íntima
Como se pode perceber, o desenvolvimento da agricultura e a domesticação relação com a natureza, pois muitos
dos animais foi um decisivo passo para remodelar a dependência que se tinha dos seus ritos e práticas cotidianas
até então do que a natureza podia oferecer, diminuindo-se assim a necessidade eram voltados para a manutenção
de constantes migrações em busca de melhores condições de sobrevivência, per- de seu domínio (BLAINEY, 2010).
mitindo que houvesse cada vez mais indivíduos fixando-se em habitações. Nesse
Apesar desses desdobramentos, Figura 04 - Deméter, deusa da agricultura
ponto do processo evolutivo a relação ser humano x natureza mudou de harmo- Fonte: Wikimedia
niosa para uma relação de domínio, com profundas implicações para o futuro da as sociedades da antiguidade clás-
humanidade. sica não comprometiam de forma
generalizada o equilíbrio do meio
“A humanidade, ela mesma integrante da natureza, (...) substituiu a seleção na-
tural das espécies até então praticada, pela seleção humana. A partir daí, inaugura- ambiente. Os impactos ambientais eram locais e pequenos, pois o desenvolvi-
-se o processo de ameaça à biodiversidade pela via da ação humana. Na criação de mento produtivo e populacional era modesto, embora já tivessem uma estrutura
pastagens, de rebanhos e de lavouras, espécies vegetais desapareciam para assegurar
safras e crescimento dos rebanhos, em garantia à existência humana (QUINTAS, urbana e comercial significativa.
1992, p. 4) .
Na Idade Média, a Igreja ganha uma enorme força de mediação das relações
entre o ser humano e o “divino”. Nesse contexto, a relação entre ser humano e
natureza passa por grandes mudanças tendo como base a “origem divina” da es-
pécie, que passa a exercer sobre a natureza um domínio oficializado pela Igreja
16 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
17

(DIAS, 2009). A Igreja, no entanto, não elimina os cultos e passa a absorver certas A passagem da Idade Média à Idade Moderna foi, particularmente, um perí-
crenças romanas e gregas, transformando os antigos deuses em santos, permitin- odo de profundas mudanças, caracterizado pela transição do feudalismo para a
do o culto às imagens e remodelando os rituais pagãos para o cristianismo. Essa primeira fase do capitalismo (Figura 6).
adaptação e flexibilidade permitiram que a Igreja aumentasse o seu poderio e se
tornasse assim uma força concreta e amplamente aceita pela população.
A forma de encarar a natureza havia mudado, entretanto, no período; a rura-
lização da economia na alta idade média não chegava a ameaçar a sobrevivência
dos sistemas naturais, mesmo tendo sido encontrados registros de desfloresta-
mento e poluição do ar devido às fundições e à queima de carvão (SERRÃO,
2010).
No período da baixa idade média os feudos foram transformando-se em cida-
des, iniciando o processo de renascimento das urbes e de expansão desses cen- Figura 06 - Representação da transição da Idade Média para a Moderna
tros de poder comercial e cultural (Figura 5). Como consequência, a população Fonte: wikimedia

também se concentra em número cada vez maior nesses espaços de vivência e


de produção, refletindo e interferindo diretamente no meio ambiente local. Essas
mudanças decantam pouco a pouco a estrutura medieval da época e o feudalis- 1.3 A chegada dos portugueses ao Brasil
mo. Vale ressaltar que a idade média foi assolada pela peste negra que dizimou A chegada dos portugueses ao Brasil (Figura 7) em 1500 ocorreu no contexto
aproximadamente treze milhões de pessoas na Europa, devido à precariedade das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos (séculos XV e XVI) do
das condições sanitárias das vilas e cidades. final do período medieval e primeiro século da Idade Moderna, trazendo para
Portugal e Espanha a fama de nações poderosas por se lançaram ao mar em bus-
ca de novas terras para suas coroas.
E assim começa a história oficial do nosso país!

Figura 05 - Representação do modo de vida medieval


Fonte: Pixabay

Figura 07 - Representação da chegada dos portugueses à Bahia


Fonte: wikimedia
18 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
19

Você já se perguntou sobre a história oficial


do “descobrimento” do Brasil?
Já se perguntou sobre as relações
estabelecidas entre portugueses e indígenas?
E entre portugueses e a natureza exuberante
que aqui havia?

Os primeiros contatos entre portugueses e nativos aconteceram no dia seguin-


te à chegada dos portugueses. Pero Vaz de Caminha, nomeado para relatar com
detalhes tudo que aqui fosse encontrado, afirmou que os nativos “eram pardos,
todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas vergonhas”. Esses contatos
iniciais foram pacíficos.
Nesse mesmo documento, hoje
conhecido como “Carta de Caminha”
(Figura 8), ele relata: “A terra é toda
chã e muito formosa. O sertão nos Figura 09 - Representação da devastação provocada pelos portugueses no Brasil
Fonte: Wikimedia
pareceu, visto do mar, muito grande;
porque a estender os olhos não podí- O processo de colonização portuguesa no Brasil foi semelhante a outras colo-
amos ver senão terra e arvoredos [...]. nizações europeias, que conquistaram e exterminaram os povos indígenas.
Porém o melhor fruto que dela se pode
tirar me parece que será salvar esta
gente... Parece-me gente de tal ino-
O processo de degradação do meio ambiente no
cência que, se nós entendêssemos a sua Brasil teve início com a devastação da mata atlântica
fala e eles a nossa, eles se tornariam para retirada da árvore que deu o nome ao país: Pau
logo cristãos, visto que não aparentam Brasil
ter nem conhecer crença alguma”. Você já tinha percebido que temos 520 anos de
exploração de nossos recursos naturais?
Mas essa aparente harmonia du-
rou muito pouco. O processo de de-
gradação do meio ambiente no Brasil
teve início com a devastação da Mata 1.4 A consolidação da separação ser humano-natureza
Figura 08 - Imagem da carta de Pero Vaz de
Atlântica para retirada da árvore que Caminha
deu o nome ao país: o Pau Brasil (Fi- A separação do ser humano da natureza se consolida nos séculos XVI e XVII.
Fonte: Wikimedia
gura 9) O Renascimento no século XVI difundiu as ideias antropocêntricas e racionais,
nas quais o ser humano passa a ser o centro, privilegiado por suas habilidades
racionais. Ao contrário do grande peso que Deus e a Igreja tinham na cultura
20 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
21

medieval, nessa época a atenção era toda voltada para o ser humano e este estava às leis da mecânica, esta passa a ser vista como um mero meio de obtenção de
apto a explorar e se apropriar da natureza, utilizando–se, para tanto, da racionali- lucro e de recursos infinitos. Começa, portanto, a construção de uma relação
dade que o diferencia e destaca dos demais animais, implicando, por conseguinte, exploratória do ser humano sobre a natureza, entendida como um recurso, um
numa visão de superioridade dos seres humanos em relação à natureza. meio para se atingir um fim.
A Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII (portanto, já na Idade Mo-
derna), mudou radicalmente a estrutura da sociedade, estabelecendo a expansão
do mercado e a substituição gradativa de seres humanos por máquinas. A econo-
mia foi orientada para o processo de transformação, o que provocou a substitui-
ção crescente dos ecossistemas naturais. Para assegurar maior produtividade na
transformação da matéria-prima foram criadas inovações técnicas e os recursos
naturais foram utilizados numa escala elevada, tanto em quantidade como em
qualidade.
Os recursos naturais não renováveis, como os minérios e combustíveis fósseis
passaram a ser consumidos de forma acelerada, enquanto os animais e vegetais
continuaram a ser muito explorados, favorecendo a extinção de espécies, além da Figura 10 - Inglaterra no século XVIII
degradação de outros recursos como o ar, o solo e a água, ameaçados em grande Fonte: Wikimedia

escala pela primeira vez.


A diversificação quantitativa e qualitativa e o ritmo acelerado na utilização dos
SAIBA MAIS!
recursos naturais geraram, por sua vez, a escassez e a saturação dos ambientes,
pois a velocidade de renovação dos recursos num sistema artificial é menor do Veja também o filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, onde há uma
profunda crítica à sociedade industrial. Este filme servirá de subsídio para
que a de consumo. No sistema natural os elementos seguem um caminho cíclico realização da atividade escrita.
(ciclo da água, do carbono, do nitrogênio), o que assegura velocidades idênticas
https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=HAPilyrEzC4
aos processos de degradação e renovação.
No sistema artificial, o ser humano utiliza a matéria-prima segundo seu ritmo
próprio e atribui à natureza o papel de renovar esta matéria-prima e degradar
os resíduos industriais, atuando na última etapa do processo de decomposição.
Dessa forma, “a quantidade de matérias-primas torna-se precária e os resíduos
acumulados ultrapassam a capacidade de limite dos ambientes, causando a escas-
sez e a poluição” (LIMA, 1990).
Com a rápida e vertiginosa industrialização iniciada no século XVIII, iniciou-
-se um aumento da velocidade do trabalho humano, propiciado pelas novas
máquinas surgidas desde então. Alicerçada na visão mecanicista do mundo que
comparava o funcionamento da natureza ao de uma máquina, composta de peças
ligadas entre si que funcionavam de forma regular e que poderiam ser reduzidas
Figura 11 - Chaplin em Tempos Modernos
Fonte: Wikimedia
22 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
23

Como se pode perceber, o surgimento do capitalismo industrial representou As relações de trabalho e de propriedade no capitalismo (Figura 12) definem
um “divisor de águas” na história da humanidade, trazendo consigo o surgimento as formas de apropriação da natureza e o acesso dos grupos sociais aos recursos
de uma nova forma de organização social e de apropriação da natureza. Centrada do ambiente, evidenciando o relacionamento desigual das classes com a riqueza
no espaço urbano e baseada numa tecnologia altamente consumidora de energia natural dos lugares onde estão inseridas, na medida em que garante a alguns o
e matérias-primas, essa economia industrial supõe um mercado em permanente domínio sobre porções de espaço terrestre e dos recursos aí contidos, vedando
expansão, onde produzir cada vez mais passa a ser uma necessidade inerente ao a outros a possibilidade de usufruí-los. Ou seja, a relação do ser humano com a
próprio sistema, no sentido de garantir o processo de acumulação de capital, no natureza é função das relações estabelecidas pelos seres humanos e entre os seres
interior do capitalismo. humanos num dado modo de produção.
Para garantir a sua manutenção, o sistema produtivo não pode se limitar à sa- Nesse contexto, a industrialização, ao invés de gerar a abundância para todos e
tisfação das necessidades percebidas diretamente, mas também tem que criar no- erradicar a pobreza, a aprofundou, visto que o padrão de produção foi determi-
vas necessidades. O aumento da variedade de produtos que transcende o atendi- nado pela demanda de uma burguesia e uma classe média com o mesmo padrão
mento das necessidades básicas significa o aumento na criação de necessidades. de consumo de seus equivalentes nos países desenvolvidos, restringindo a esse
Ou seja, cada produto lançado no mercado cria mais necessidade do que satisfaz. grupo o acesso aos bens produzidos. Ou seja, um nível de produção mais elevado
A expansão da produção e das necessidades se converte em uma expectativa não significa o atendimento das necessidades da população.
consumista que parece determinar a vida, de tal forma que o ser humano passa a Outro resultado da distribuição desigual dos recursos é a distribuição social
ser governado pelas necessidades e desejos criados pelo sistema de acumulação dos impactos ambientais, ou seja, as consequências negativas do processo pro-
de capital, constituindo uma relação com o mundo centrada no sentido do “ter” dutivo afetam principalmente os setores mais desfavorecidos da população, que
em contraposição ao sentido do “ser”. menos influenciam nas decisões sociais:
“Não é coincidência que sejam os trabalhadores, dentro ou fora das fábricas, nas
favelas, nos barracos e nas cidades operárias, as maiores vítimas da poluição; que
sejam os camponeses e trabalhadores agrícolas os primeiros a sofrerem os efeitos
dos agrotóxicos que manipulam; ou os pescadores que, com a morte da flora e fauna
dos rios, perdem o seu meio de sustento” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO — INEP,
1992, p. 22).

SAIBA MAIS!
Para um maior aprofundamento sobre Justiça Ambiental, leia
https://revistas.ufpr.br/made/article/view/22116/14480

A industrialização levou a um rápido crescimento urbano, gerando cidades


com deficiência em planejamento urbano e com grandes concentrações popu-
lacionais, tendo como consequência inúmeros problemas, como a destinação e
tratamento de resíduos industriais e residenciais, esgotamento de recursos, des-
Figura 12 - O trabalho no capitalismo matamentos, queimadas, uso indiscriminado de agrotóxicos e transgênicos, ame-
Fonte: Wikimedia
aça a biodiversidade, caos na mobilidade urbana, mudanças climáticas, fome, mi-
séria, desigualdade social e econômica.
24 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
25

Com a aceleração do processo de urbanização, a dinâmica social e espacial Neste âmbito, a globalização se refere tanto ao incremento do fluxo financei-
no âmbito das cidades se caracteriza por uma relação de distanciamento do ser ro de bens de consumo, recursos e serviços através das fronteiras entre nações,
humano da natureza, como se dela nunca tivesse feito parte. Como a maioria das como a emergência de conjunto de estruturas de gestão dessa rede de atividades
pessoas interage, principalmente, com o meio artificial representado pelas cida- econômicas internacionais. A apropriação dos bens naturais sob o controle das
des, que se interpõe crescentemente entre o homem e a natureza, se cria a ilusão multinacionais orientou processos de homogeneização do consumo no sentido
de que cada vez se depende menos dela. Apesar da sua aparente independência, de atender à necessidade de ampliação dos mercados e à transferência de padrões
travestida na visão de que a satisfação das necessidades básicas do indivíduo (luz, culturais.
calor, alimento, lazer, comércio, etc.) nada tem a ver com o ecossistema natural, Loureiro (2007) coloca que nesta fase contemporânea do capitalismo, observa-
a cidade é um consumidor especializado em recursos naturais (Figura 13). A fa- -se o aprofundamento do nível de intervenção na natureza e paralelamente, a ex-
lácia sobre o isolamento do ser humano urbano da ambiência natural é revelada ploração do ser humano pelo ser humano, compondo um cenário de incertezas
quando observamos que “todos os objetos e todas as atividades desenvolvidas quanto ao futuro da vida planetária e de acirramento dos conflitos em torno do
pelos citadinos estão intrinsecamente determinados pelos diversos produtos ofe- uso, apropriação e distribuição dos recursos naturais e de busca de alternativas
recidos pelos ecossistemas” (LIMA, 1990). ecologicamente corretas e socialmente justas de superação da problemática am-
biental atual, conforme pode ser claramente observado na Figura 14.

Figura 13 - Um supermercado como representação da “independência” dos ecossistemas naturais


Fonte: Pixabay

Figura 14 - Processo desigual de urbanização


O processo de urbanização se intensifica cada vez mais, com eventos que con-
Fonte: Wikimedia
tribuíram para agravar os problemas que tiveram sua origem nos períodos ante-
riores, principalmente a partir da Revolução Industrial. A revolução tecnológica Esse cenário começou a se delinear a partir de meados do século XX, com o
da informação conduziu a humanidade a um processo de globalização, caracte- surgimento dos movimentos ambientalistas com o objetivo de despertar o inte-
rizado pela mundialização do setor financeiro, ou seja, a criação de um mercado resse pelo meio ambiente e pela valorização da natureza.
financeiro global de magnitude planetária, incomparável na história do capitalis-
mo ( SILVA,1999).
26 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
27

Aliadas a ideias de grupos como hippies, pacifistas feministas, socialistas e co-


letivos relacionados aos direitos das minorias (Figura 15), as ideias “ecologistas”
passaram a ser uma das muitas a serem defendidas na década de 1960.
SÍNTESE
Trilhamos até aqui os caminhos históricos que estabeleceram as relações de
nossa espécie com a natureza e o planeta que habitamos. Para melhor sintetizar
nossa viagem, analise a linha do tempo abaixo e responda ao que está sendo pe-
dido nas atividades do componente curricular.
Na próxima unidade discutiremos as diferentes concepções de meio ambiente.

PERÍODO PALEOLÍTICO
até 10.000 a.C.

PERÍODO NEOLÍTICO E
Figura 15 - John Lennon e o Movimento Pacifista
DOS METAIS até 4.000 a.C.
Fonte: Pixabay

Os movimentos ambientalistas trouxeram para o debate questões de interes-


se da humanidade como o uso desenfreado dos recursos da natureza, o uso de
energia nuclear, a extinção de espécies animais e vegetais, além da necessidade de
se discutir sobre as múltiplas visões da relação do ser humano com a natureza.
No decorrer da história o que se pode perceber é uma mudança na visão de
mundo do ser humano e, por consequência, de sua ação no meio natural, uma
vez que a natureza não está dissociada da história da humanidade nem tampouco
das manifestações culturais que a cercam, se entendermos que a cultura é uma
manifestação da intervenção humana no meio natural (GONÇALVES, 2008)
28 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
29

IDADE ANTIGA IDADE MODERNA


até o Século V d.C. até o Século XVIII

IDADE MÉDIA
até o Século XIV
IDADE CONTEMPORÂNEA
até os tempos atuais
31

UNIDADE 2 - MEIO AMBIENTE E


EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONCEPÇÕES
E PRÁTICAS

“Terra, Terra, por mais distante o errante navegante,


quem jamais te esqueceria”

Terra – Caetano Veloso

Figura 16 - Representação da responsabilidade do ser humano com o meio ambiente


Fonte: Pixabay

2.1 As concepções de meio ambiente


Apesar do reconhecimento da sua importância, conceituar a Educação
Ambiental (doravante EA) constitui uma tarefa complexa, pois pode ser
apresentada em diferentes concepções, a depender do conceito de meio
ambiente que fundamenta a prática pedagógica do educador ambiental.
Dessa forma, podemos afirmar que, para desenvolver atividades em EA, é
preciso explicitar claramente qual o nosso conceito de meio ambiente.

Figura: Representação de educação ambiental


32 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
33

Concepção Cognoscente: aponta a falta de conhecimento acerca das leis


da natureza como determinante dos problemas ambientais. Esse conheci-
Então, pense e responda: qual o seu conceito de mento promove a mediação na relação ser humano-natureza de maneira
meio ambiente?
automática e mecânica. O acesso aos conhecimentos técnicos e científicos
permitirá usar de maneira mais eficaz os recursos naturais, numa visão uti-
De modo geral, as pessoas conceituam meio ambiente como natureza litarista que controla o uso dos recursos naturais.
(plantas e animais) ou como o conjunto dos fatores bióticos (seres vivos) e
Concepção Histórica: na relação ser humano-natureza estão presentes
abióticos (fatores físico-químicos). Esta concepção de meio ambiente en-
as condições históricas, sociais e políticas. Portanto, o ser humano se con-
contra-se baseada na ecologia. Contudo, os estudos sobre a problemática
sidera um integrante da natureza, que atua transformando-a e a si próprio.
ambiental têm demonstrado que é uma visão muito simplista considerar o
Essa relação é construída pelas relações sociais, tendo como mediadores e
meio ambiente reduzido somente aos aspectos naturais / ecológicos.
condicionantes a história e a cultura, conferindo-lhe um caráter sócio his-
tórico. As relações sociais irão determinar as transformações na sociedade
e na natureza.
Então, o que vem a ser meio ambiente?
Como é possível perceber, as definições de meio ambiente variam de
acordo com as fontes de consulta, e isso ratifica que o meio ambiente é
Reigota (1994) considera que o meio ambiente é uma representação so- uma representação social. O modo como este ainda é percebido, como evi-
cial, ou seja, é o senso comum que se tem sobre um determinado tema, no denciado em algumas delas, reduzido aos aspectos naturais, não permite
qual se incluem também os preconceitos, ideologias e características espe- apreender a interdependência dinâmica e permanente entre os elementos
cíficas das atividades cotidianas das pessoas. Esse autor propõe o seguinte naturais e os elementos sociais, nem a contribuição das ciências sociais à
conceito de meio ambiente: compreensão do meio ambiente (DIAS, 2004).
[...] o lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em
constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações implicam proces- Por isso é importante que o educador se aproprie do conceito de meio
sos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transforma- ambiente que contemple todas as suas dimensões de modo a evitar uma
ção do ambiente
abordagem reducionista da EA em sala-de-aula.
Ele evidencia que a interação sociedade/natureza é determinada por con-
dições históricas, sociais e políticas, e isto significa que quando falamos em 2.2 As conceituações de Educação Ambiental
meio ambiente estamos nos referindo às dimensões naturais (natureza),
mas também às dimensões históricas, sociais e políticas que o explicitam. Como afirmamos anteriormente, a concepção de meio ambiente funda-
Apesar da discussão acerca do conceito de meio ambiente ter avançado, menta a prática da E A. Condizente com os conceitos de meio ambiente,
distintas concepções sobre o mesmo podem coexistir e ser identificadas encontramos uma diversidade de concepções de Educação Ambiental, sin-
nos diferentes discursos e práticas atuais da Educação Ambiental. Tozoni-
-Reis (2004, p. 33 a 49) identificou três concepções de meio ambiente, base- a) Natural — relacionada ao processo de formação individual, valoriza o
adas na relação do ser humano com o meio natural: educando como sujeito do conhecimento. Os valores e atitudes apontados
como importantes no conteúdo da educação ambiental são os valores uni-
Concepção Natural: refere-se ao caráter romântico da relação ser hu- versais (respeito, sobrevivência, satisfação, prazer) e o processo pedagógico
mano-natureza. Os seres humanos são representados como vilões que de- deve contribuir para a interiorização destes.
gradam o ambiente natural, porém buscam reencontrar o seu lugar nesse
ambiente.
34 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
35

b) Racional — relacionada à valorização de conhecimentos técnicos de decisão sobre o futuro do nosso planeta. Em síntese, um processo de
e de suas formas de transmissão. A aquisição do conhecimento sobre o aprendizagem permanente, visando “[...] a consolidação de uma nova ra-
ambiente, com ênfase no conhecimento da legislação ambiental, conduz cionalidade ambiental e civilizatória” (MEDINA, 1996, p. 18).
à conscientização, que resulta da preparação estritamente intelectual do O processo educativo atuará na modificação de atitudes do indivíduo
educando. que passará a identificar, situar e atuar perante os problemas ambientais de
c) Histórica — enfatiza os aspectos sociais, históricos e culturais, defen- forma crítica, partindo de um conhecimento real das dimensões do pro-
dendo a visão de educação como conscientização. A sua abordagem valo- blema. A ação educativa vai operar, concomitantemente, em dois níveis: no
riza as ideias de integração, trabalho coletivo, interdisciplinaridade, com nível individual, orientando o uso adequado do meio, e no nível societá-
predominância de uma abordagem sociopolítica. A expressão da intencio- rio, criando uma consciência crítica, capaz de lutar pela racionalização na
nalidade humana no ambiente, a percepção da dimensão reflexiva, a va- utilização dos recursos naturais, do meio como um todo, e, sobretudo, de
lorização do pensar e do agir autônomos constituem os fundamentos do apontar as distorções do sistema em relação ao ambiente.
processo educativo. O documento final da Conferência de Tbilisi estabeleceu as finalidades,
os objetivos e princípios básicos para o desenvolvimento da EA no mundo,
tetizadas por Tozoni-Reis (2004, p. 75 a 100) da seguinte maneira: indicados a seguir (TBILISI, 1977).
Numa perspectiva que contempla a complexidade do meio ambiente
(incluindo as dimensões naturais, históricas, sociais e políticas), Medina
(1997) propõe a E A como o processo educativo Finalidades

[...] que consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do Am- a. Ajudar a fazer compreender, claramente, a existência e a importância da
biente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma interdependência econômica, social, política e ecológica, nas zonas urbanas e rurais;
posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a con-
servação e adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade
b. Proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os conhecimentos,
de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. (MEDI- o sentido dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e
NA, 1997, p. 16). melhorar o meio ambiente;
c. Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade
A despeito do tempo transcorrido entre a Conferência de Tbilisi (1977) em seu conjunto, a respeito do meio ambiente.
que definiu os objetivos, características, princípios e estratégias da E A e da
realização de vários outros encontros internacionais sobre E A, suas orien-
tações mantêm a atualidade, consolidando o evento como o marco mais
importante da evolução da E A. Dessa forma, a Educação Ambiental como Categorias de objetivos
definida pela Unesco na Conferência de Tbilisi:
a. Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem
[...] é uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a consciência do meio ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizarem-se
resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques inter-
disciplinares, e de um a participação a¬ti¬va e responsável de cada indivíduo e da por essas questões.
coletividade. (DIAS, 2004, p. 31). b. Conhecimento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem
Ou seja, a Educação Ambiental nada mais é do que educação. Entendida diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio
dessa forma, a Educação Ambiental constitui-se no principal instrumento ambiente e dos problemas anexos.
para a conscientização do ser humano, para maior aquisição de conheci-
mentos e para o desenvolvimento de atitudes e habilidades que lhe permi-
tam atuar como cidadão e participar, ativa e responsavelmente, na tomada
36 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
37

i. Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em consequência, a


c. Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver
tais problemas.
comprometerem-se com uma série de valores, e a sentirem interesse e
j. Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos
preocupação pelo meio ambiente, motivando-os de tal modo que possam para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente,
participar ativamente da melhoria e da proteção do meio ambiente. acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.
d. Habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as
habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas
ambientais.
SÍNTESE
e. Participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a
possibilidade de participarem ativamente nas tarefas que têm por Depois de trilharmos os caminhos da relação o ser humano com a natu-
objetivo resolver os problemas ambientais. reza, discutimos as concepções de meio ambiente que subsidiam a prática
da EA. Na próxima unidade analisaremos as relações entre a EA e a cultura.

Princípios básicos
a. Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais
e criados pelo homem (tecnológico e social, econômico, político, histórico cultural,
moral e estético).
b. Constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar e
continuando através de todas as fases do ensino formal e não formal.
c. Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada
disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.
d. Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional,
nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as
condições ambientais de outras regiões geográficas.
e. Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a
perspectiva histórica.
f. Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional
para prevenir e resolver os problemas ambientais.
g. Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de
desenvolvimento e de crescimento.
h. Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais.
39

UNIDADE 3 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E


CULTURA

Refletiremos, nesta unidade, sobre a intrínseca relação entre a Educação


Ambiental e as questões culturais dos territórios, enquanto espaços ocupa-
dos e constantemente transformados pelos seres humanos.

3.1- Educação ambiental e suas relações com a cultura

“Você tem sede de quê?


Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer”
(Titãs)

Figura: Meio Ambiente e cultura


40 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CULTURA
41

E é justamente o estilo de vida que determina o padrão de demanda em


relação aos recursos ambientais.
O estilo de vida perdulário que prevalece na maioria dos países desen-
volvidos compromete os recursos do planeta, gerando a clássica situação
em que muitos consomem pouco e poucos consomem muito. Cultura, por-
tanto, é todo conhecimento que uma sociedade tem de si mesma, do meio
material em que vive, abarcando também as maneiras do ser humano exis-
tir, pensar e se expressar, suas manifestações simbólicas, seus saberes, seus
valores e tradições.
Figura 17 - Samba de roda
O patrimônio cultural das sociedades está vinculado à memória, uma
Fonte: Wikipedia vez que os bens culturais são preservados em função dos sentidos que des-
pertam e dos vínculos que mantêm com as identidades culturais. Na me-
mória são guardados aspectos de uma dada localidade, que a população re-
Certamente você já se deu conta de que uma ação conhece como elementos próprios da sua história, do espaço onde vive, das
educativa, por melhor que possa parecer, nunca paisagens naturais ou construídas, estabelecendo um vínculo entre aquela
é válida para tudo e todos, pois as sociedades
humanas diferem muito umas das outras e cada sociedade e o tempo histórico que a acompanha, possibilitando aos cida-
uma dessas ações deve ser contextualizada na dãos perceberem-se como “sujeitos da história” (PELEGRINI 2006).
realidade de cada comunidade. A cultura é construída historicamente, de forma dinâmica, sendo alte-
rada e ampliada a partir do contato com outros saberes. Pelegrini (2006)
Você já refletiu sobre a importância de se respeitar coloca que no século XXI, o reconhecimento das chamadas populações
a cultura e adequar a linguagem com a qual nos tradicionais e da sua possível contribuição para a conservação e manuten-
comunicamos com os grupos, quando queremos ção da biodiversidade e do equilíbrio de alguns ecossistemas, levou ao sur-
falar sobre Educação Ambiental?
gimento de um movimento ambientalista diferenciado daquele emergente
nos países industrializados que cultuavam o mito da “natureza intocada”.
Ao traçar a trajetória da espécie humana sobre a Terra, constata-se que Esse movimento ambientalista elegeu a diversidade cultural e a união entre
há uma progressiva ruptura na relação dos seres humanos com a natureza, o ser humano e a natureza como uma de suas premissas, de modo a garan-
passando, como já dito anteriormente, de uma relação harmônica à procla- tir a gestão democrática dos espaços territoriais e o adequado manejo das
mação de “superioridade”, iniciada no Renascimento. Entretanto, a contem- áreas de proteção ambiental.
poraneidade trouxe outra interpretação dessa relação, caracterizada tam-
bém por uma maior complexidade, onde os impasses referentes à perda da
biodiversidade e as mudanças ambientais globais provocaram uma maior
reflexão sobre essa temática, criando demandas cada vez maiores para pro-
teção do patrimônio natural e cultural da humanidade.
Ao analisar a relação entre cultura e meio ambiente, Sachi (2000) coloca
que cultura é todo conhecimento do meio em que vivemos, sendo, portan-
to, um mediador entre a sociedade e a natureza. Ele também a define como Figura 18 - Festa de São João
o conjunto de valores de uma sociedade, determinados pela história e pelo Fonte: Wikimedia
peso do passado, influenciando na existência de diferentes estilos de vida.
42 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
43

O entendimento a respeito de patrimônio cultural mudou a partir do ao fato de que os referidos projetos têm sido elaborados sem conhecer os
final do século XX, passando a abarcar também as noções de modos de objetivos, problemas, prioridades e valores da comunidade envolvida.
viver, formas de linguagem, celebrações, gastronomia, natureza, festas (Fi-
gura 18), enfim, maneiras de usar os bens, os espaços físicos e a paisagem,
portanto, bens simbólicos. Até então, a acepção de patrimônio estava vin- Como você enxerga essa questão?
culada aos bens arquitetônicos, artísticos e arqueológicos. Essa mudança
foi fundamental para garantir o reconhecimento de grupos étnicos e socie-
dades tradicionais, para que os mesmos não perdessem suas identidades Que estratégias você utilizaria em Educação
Ambiental para valorizar a diversidade sociocultural
em um mundo onde os costumes e tradições dissipam-se em um processo e os saberes locais da comunidade onde você vive?
cada vez mais veloz de globalização de hábitos e estilos de vida. Dessa for-
ma, torna-se fundamental o incentivo à proteção do patrimônio local, para
que as raízes plurais dos povos e suas tradições culturais sejam conservadas Acesse as atividades do componente curricular para
responder a essas questões
e suas identidades mantidas.
A relação entre a cultura e o meio ambiente é o que distingue um espaço
de outro, permitindo a percepção daquilo que se convencionou chamar de a
“alma do lugar”, que está vinculada à paisagem e às manifestações culturais Uma proposta de Educação Ambiental deve levar em conta as significa-
daquele território. O conceito de territorialidade relacionado à questão do ções que os indivíduos têm e produzem para conhecer, explicar e resolver
patrimônio foi bem definido por Milton Santos, ao dizer que os territórios problemas específicos que constituem sua situação social, outorgando-lhes
se delineiam a partir do uso que lhes é atribuído pelos grupos humanos que o poder de criador de suas próprias respostas e fortalecendo suas instâncias
os criaram ou que os herdaram das gerações anteriores (SANTOS, 1997). organizativas para realizá-las.
O grande desafio na defesa dos bens culturais está relacionado ao de- Os estudos que não se fundamentam no sentir, no pensar e no atuar dos
senvolvimento da Educação Ambiental através de processos que possibi- protagonistas por julgar pouco científicas, pouco técnicas, tratam a ques-
litem o despertar da consciência e do respeito a esses bens patrimoniais, tão ambiental dentro de uma perspectiva determinista, como se a realidade
tendo como base uma nova percepção sobre a temática, onde a noção de fosse assim, e assim continuasse, independente do que desejam os prota-
patrimônio não é restrita a determinados bens culturais (como monumen- gonistas e do que vá se delineando através da análise comprometida com a
tos, igrejas, museus, prédios históricos ou edifícios públicos), mas abarca realidade.
o meio ambiente e a natureza, e todas as formas de manifestações culturais Se assim for, o discurso teórico, a construção de teorias e o resultado dos
imateriais. trabalhos de pesquisa serão completamente inúteis e os processos de Edu-
Assim, a Educação Ambiental deve reconhecer as populações como pro- cação Ambiental serão superficiais e exíguos.
dutoras de cultura, valorizando, para tanto, os costumes tradicionais, as
expressões de linguagem, a gastronomia, as festas, os artesanatos locais e
os modos de viver de cada sociedade. Além disso, deve priorizar as inter- 3.2- CONSTITUIÇÃO DE TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE NA BAHIA
-relações do meio natural com o social, numa perspectiva de sustentabili-
dade socioambiental, buscando trazer à tona as potencialidades dos bens
culturais e naturais de cada comunidade, fortalecendo os sentimentos de Você sabe o que é um Território de Identidade? Que tal fazer essa
identidade e pertencimento e estimulando o exercício da cidadania ativa leitura e se apropriar um pouco desse conceito e conhecer os
local. Segundo Dias (1992), apesar da diversidade de propostas, observa- Territórios de Identidade da Bahia?
-se uma ineficiência dos projetos de Educação Ambiental, o que ele atribui
44 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
45

“Os territórios vão além de um espaço geográfico delimitado por re- as comunidades, através de suas representações, foram convidadas a opinar
gras político-administrativas e representam nosso espaço de vida. Ele no processo de identificação desses territórios.
é um espaço construído pelas relações que estabelecemos e a partir das O conceito dos territórios de identidade refere-se aos agrupamentos
quais é possível alcançar nossos objetivos, assim como contribuir com identitários municipais formados de acordo com critérios sociais, culturais,
os objetivos dos outros” (BAHIA, 2013) econômicos e geográficos, reconhecidos pela sua população como espaços
historicamente construídos. Nesse contexto, o Governo do Estado da Bahia
reconheceu estas unidades territoriais por entender que o desenvolvimento
equilibrado e sustentável entre as regiões depende da identificação de prio-
ridades temáticas a partir da realidade local.

Figura 19 - Lavadeiras
Fonte: Flicker

O conceito de território geográfico foi pensado por Santos (1985) como


algo vivo e dinâmico, como um espaço ocupado e transformado, “indivi-
sível dos seres humanos e de suas ações”. Para ele o território não se apre-
senta como forma definitiva e organizada do espaço, porém, há sinais que
permitem acreditar que o território corresponde ao palco onde se realizam
as atividades criadas a partir da herança cultural do povo que o ocupa. É
a partir do território que os indivíduos observam e se relacionam com o
mundo. A existência do território não se define por si, depende do uso que
cada grupo social faça dele. Além disso, a existência do território está in-
timamente associada a questões históricas que possibilitem sua formação,
por meio de diferentes processos, originando, portanto, características es-
pecíficas distintas.
Com o objetivo de identificar prioridades temáticas definidas a partir da
realidade local, possibilitando o desenvolvimento equilibrado e sustentá-
vel entre as regiões, o Governo do Estado da Bahia passou a reconhecer a
existência de 27 Territórios de Identidade, constituídos a partir da especifi-
cidade de cada região (Figura 20). A metodologia de definição desses terri- Figura 20 - Mapa dos Territórios de Identidade da Bahia
Ilustração: Bruno Deminco.
tórios foi desenvolvida com base no sentimento de pertencimento, em que
46 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
47

Territórios de Identidade e seus municípios Território Municípios


O Estado da Bahia possui 27 territórios de identidade, os quais estão lis- Sertão do São Fran- Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Curaçá, Ju-
tados a seguir: cisco (10) azeiro, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé, Sobradinho, Uauá.
Bacia do Rio Grande Angical, Baianópolis, Barreiras, Buritirama, Catolandia,
(11) Cotegipe, Cristópolis, Formosa Do Rio Preto, Luís Eduardo
Território Municípios Magalhães, Mansidão, Riachão Das Neves, Santa Rita De
Cássia, São Desiderio, Wanderley.
Irecê (1) América Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum,
Canarana, Central, Gentio do Ouro, Ibipeba, Ibititá, Ipupia- Bacia do Paramirim Boquira, Botuporã, Caturama, Érico Cardoso, Ibipitanga,
ra, Irecê, Itaguaçu da Bahia, João Dourado, Jussara, Lapão, (12) Macaúbas, Paramirim, Rio do Pires.
Mulungu do Morro, Presidente Dutra, Uibaí, São Gabriel, Sertão Produtivo Brumado, Caculé, Caetité, Candiba, Contendas do Sincorá,
Xique-Xique. (13) Dom Basílio, Guanambi, Ibiassucê, Ituaçu, Iuiu, Lagoa Real,
Velho Chico (2) Barra, Bom Jesus da Lapa, Brotas de Macaúbas, Carinhanha, Livramento de Nossa Senhora, Malhada de Pedras, Palmas
Feira da Mata, Ibotirama, Igaporã, Malhada, Matina, Morpa- de Monte Alto, Pindaí, Rio do Antônio, Sebastião Laranjei-
rá, Muquém do São Francisco, Oliveira dos Brejinhos, Para- ras, Tanhaçu, Tanque Novo, Urandi.
tinga, Riacho de Santana, Serra do Ramalho, Sítio do Mato. Piemonte do Para- Boa Vista do Tupim, Iaçú, Ibiquera, Itaberaba, Itatim, Lajedi-
Chapada Diamantina Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Boninal, Bonito, Ibicoara, guaçu (14) nho, Macajuba, Mundo Novo, Piritiba, Rafael Jambeiro, Ruy
(3) Ibitiara, Iramaia, Iraquara, Itaetê, Jussiape, Lençóis, Marcio- Barbosa, Santa Terezinha, Tapiramutá.
nílio Souza, Morro do Chapéu, Mucugê, Nova Redenção, Bacia do Jacuípe (15) Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Capim Grosso, Gavião,
Novo Horizonte, Palmeiras, Piatã, Rio de Contas, Seabra, Ipirá, Mairi, Nova Fátima, Pé de Serra, Pintadas, Quixabeira,
Souto Soares, Utinga, Wagner. Riachão do Jacuípe, São José do Jacuípe, Serra Preta, Várzea
Sisal (4) Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição da Roça, Várzea do Poço.
do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Piemonte da Dia- Caém, Jacobina, Miguel Calmon, Mirangaba, Ourolândia,
Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santaluz, São Domin- mantina (16) Saúde, Serrolândia, Umburanas, Várzea Nova.
gos, Serrinha, Teofilândia, Tucano, Valente. Semiárido Nordeste Adustina, Antas, Banzaê, Cícero Dantas, Cipó, Coronel João
Litoral Sul (5) Almadina, Arataca, Aurelino Leal, Barro Preto, Buerare- II (17) Sá Euclides da Cunha, Fátima, Heliópolis, Jeremoabo, Nova
ma, Camacan, Canavieiras, Coaraci, Floresta Azul, Ibicaraí, Soure, Novo Triunfo, Paripiranga, Pedro Alexandre, Ribei-
Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Itaju do Colônia, Itajuípe, Itapé, ra do Amparo, Ribeira do Pombal, Santa Brígida, Sítio do
Itapitanga, Jussari, Maraú, Mascote, Pau-Brasil, Santa Luzia, Quinto.
São José da Vitória, Ubaitaba, Uma, Uruçuca. Litoral Norte e Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal
Baixo Sul (6) Aratuípe, Cairu, Camamu, Gandu, Ibirapitanga, Igrapiúna, Agreste Baiano (18) da Silva, Catu,- Conde, Crisópolis, Entre Rios, Esplanada,
Ituberá, Jaguaripe, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Presidente Inhambupe, Itanagra, Itapicuru, Jandaíra, Olindina, Ouriçan-
Tancredo Neves, Taperoá, Teolândia, Valença, Wenceslau gas, Pedrão, Rio Real, Sátiro Dias.
Guimarães. Portal do Sertão (19) Água Fria, Amélia Rodrigues, Anguera, Antônio Cardoso,
Extremo Sul (7) Alcobaça, Caravelas, Ibirapoã, Itamaraju, Itanhém, Jucuruçu, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Coração de Ma-
Lajedão, Medeiros Neto, Mucuri, Nova Viçosa, Prado, Teixei- ria, Feira de Santana, Ipecaetá, Irará, Santa Bárbara, Santanó-
ra de Freitas, Vereda. polis, Santo Estêvão, São Gonçalo dos Campos, Tanquinho,
Médio Sudoeste da Caatiba, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Itambé, Itapetinga, Ita- Teodoro Sampaio, Terra Nova.
Bahia (8) rantim, Itororó, Macarani, Maiquinique, Nova Canaã, Potira- Sudoeste Baiano (20) Anagé, Aracatu, Barra do Choça, Belo Campo, Bom Jesus da
guá, Santa Cruz da Vitória. Serra, Caetanos, Cândido Sales, Caraíbas, Condeúba, Cor-
Vale do Jiquiriçá (9) Amargosa, Brejões, Cravolândia, Elísio Medrado, Irajuba, deiros, Encruzilhada, Guajeru, Jacaraci, Licínio de Almeida,
Itaquara, Itiruçu, Jaguaquara, Jiquiriçá, Lafayette Coutinho, Maetinga, Mirante, Mortugaba, Piripá, Planalto, Poções,
Laje, Lajedo do Tabocal, Maracás, Milagres, Mutuípe, Nova Presidente Jânio Quadros, Ribeirão do Largo, Tremedal,
Itarana, Planaltino, Santa Inês, São Miguel das Matas, Ubaíra. Vitória da Conquista.
48 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades HISTÓRIA DA RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA
49

Território Municípios definidos pelo relevo ou pela combinação entre rio e relevo, alguns pela po-
Recôncavo (21) Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Con- sição geográfica ou pela influência irradiada da principal cidade ou ainda
ceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, em razão de uma cultura agrícola ou bioma predominante. Tendo em vista
Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, a importância do planejamento territorial dos espaços, faz-se necessária
Muritiba, Nazaré, Salinas da Margarida, Santo Amaro, Santo a valorização e fortalecimento desses Territórios de Identidade enquanto
Antônio de Jesus, São Felipe, São Félix, Sapeaçu, Saubara, espaços de gestão. No que se refere a E A, esse fortalecimento só enriquece
Varzedo.
as ações educativas nesses espaços.
Médio Rio de Contas Aiquara, Apuarema, Barra do Rocha, Boa Nova, Dário Mei-
(22) ra, Gongogi Ibirataia, Ipiaú, Itagi, Itagibá, Itamari, Jequié,
Jitaúna, Manoel Vitorino, Nova Ibiá, Ubatã.
Bacia do Rio Corren- Brejolandia, Canápolis, Cocos, Coribe, Correntina, Jabo- SÍNTESE
te (23) randi, Santa Maria da Vitória, Santana, São Felix Do Coribe,
Serra Dourada, Tabocas do Brejo Velho. Continuamos nossa trilha no caminho da relação ser humano-natureza
Itaparica (24) Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso, Rodelas. falando, nesta unidade, da intrínseca relação entre a E A e a cultura, culmi-
Piemonte Norte do Andorinha, Antônio Gonçalves, Caldeirão Grande, Cam- nando com uma visão geral dos territórios de identidade do nosso Estado,
Itapicuru (25) po Formoso, Filadélfia, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto Novo, Esperamos que, ao final do nosso componente curricular, você querido
Senhor do Bonfim.
(a) cursista tenha desfrutado dessa viagem histórica e conceitual que em-
Metropolitano de Camaçari, Candeias, Dias D'Ávila, Itaparica, Lauro de Frei-
basará seus estudos nos próximos componentes.
Salvador (26) tas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São
Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho, Grata pela convivência!
Vera Cruz.
Abraço
Costa do Descobri- Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itape-
mento (27) bi, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália.

Fonte: Seplan

Conhecer os Territórios de Identidade do nosso Estado e a forma como


foram delimitados implica em compreender a importância dessa delimi-
tação, onde foi possível traçar um perfil de cada território com base numa
caracterização socioeconômica e ambiental que buscou, segundo a Su-
perintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, identificar as
principais potencialidades e vulnerabilidades para atender à demanda dos
municípios e subsidiar o planejamento estadual.
O conhecimento dos problemas e suas causas, bem como as potenciali-
dades de cada território podem permitir descortinar soluções e oportuni-
dades circunscritas no planejamento territorial. As definições de nomes,
agrupamentos de municípios e certas caracterizações foram feitas em vá-
rias oficinas com a participação dos governos estadual e municipais e re-
presentações da sociedade civil. Assim, a maioria dos Territórios definiu
o nome pela influência do rio que passava nos municípios; outros foram
50 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades
51

REFERÊNCIAS vacionistas na esfera do patrimônio cultural e ambiental Rev. Bras. Hist.


vol.26 no.51 São Paulo Jan./June 2006

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PELEGRINI , S.C. A. Cultura e natureza: os desafios das práticas preser-
52 Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Pinturas rupestres da Toca do Boqueirão da Pedra Furada


Figura 2: Representação do modo de vida no Paleolítico
Figura 3: Representação da vida no período neolítico
Figura 4: Deméter, deusa da agricultura
Figura 5: Representação do modo de vida medieval
Figura 6: Representação da transição da Idade Média para a Moderna
Figura 7: Representação da chegada dos portugueses à Bahia
Figura 8: Imagem da carta de Pero Vaz de Caminha
Figura 9: Representação da devastação provocada pelos portugueses no
Brasil
Figura 10: Inglaterra no século XVIII
Figura 11: Chaplin em Tempos Modernos
Figura 12: O trabalho no capitalismo
Figura 13: Um supermercado como representação da “independência”
dos ecossistemas naturais
Figura 14: Processo desigual de urbanização
Figura 15: John Lennon e o movimento pacifista
Figura 16: Representação da responsabilidade do ser humano com o
meio ambiente
Figura 17: Samba de roda
Figura 18: Festa junina
Figura 19: Lavadeiras
Figura 20: Mapa dos Territórios de Identidade da Bahia
Educação Ambiental, Sujeitos e Identidades
Nossa proposta é a de que você faça uma viagem conosco para conhecer um
pouco da história da relação que o ser humano estabeleceu com a natureza
ao longo do tempo. Essa viagem nos conduzirá à discussão das concepções
de meio ambiente que vem subsidiando as práticas da Educação Ambiental.
Ao aprofundar essa temática, levaremos você a entender a relação entre

e os saberes locais das comunidades, sobre a importância dos territórios


como espaços onde as atividades são criadas e realizadas a partir da herança
cultural do povo que o ocupa. Seguindo esse caminho vamos levar você,

PROEXT Instituto de Biologia


PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

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