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SEÇÃO 1
AUTORAS
Marlene Ribeiro da Silva Graciano • Cristina Helou Gomide
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Este estudo texto tem como objetivo analisar as atuais políticas educacionais,
especialmente a Lei n. 13.415/2017 e suas relações com políticas anteriores, que
normatizam e orientam a Educação Básica em seus diferentes níveis, buscando
levantar avanços ou retrocessos no direito de todos à educação ministrado em
igualdade de condições, garantido desde a Constituição de 1988 e referendado
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), Lei n. 9.394/1996.
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O Decreto 2.208/97 também foi um decreto que gerou grandes embates teóricos
e críticos e muitas lutas sociais nos anos 80, pela redemocratização do país. Os
docentes e servidores técnico administrativos dos então CEFET’s, atuais IF’s,
realizaram grandes movimentos, incluindo greves de longa duração, visando
combater esse decreto. A insatisfação com a formação técnica no modelo fordista
e taylorista centrados na especialização e segmentação do processo produtivo
não atendia as exigências do mercado no final do século passado, que exigiam
formação geral com base científica e tecnológica.
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Portanto, esta medida não traz grandes mudanças ao cenário do ensino médio,
visto que as condições de acesso, permanência, desempenho escolar e evasão
dificultam o acesso dos alunos à formação técnica, seja na forma concomitante
ou sub seqüente ao ensino médio (MARTIN; CZERNISZ, 2016).
Na visão de Martin e Czernisz (2016, p. 15) esta revisão do Ensino Médio para
acabar com a dualidade estrutural é necessária e urgente, visto que, “da forma
como está estruturado (...), não está preparando os alunos para a inserção na
universidade, nem “qualificando-os” para o mercado de trabalho”.
É o que vem acontecendo com a Reforma do Ensino Médio proposta pela Lei
13.415/2017, que conta com uma grande campanha publicitária em todas as
mídias para que a população veja com bons olhos a reforma e não questione as
ideologias da classe dominante que subjazem esta lei.
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Art. 24 § 1º: Ampliação da carga horária no ensino médio de 800 para 1.400
horas, de forma progressiva sendo que a partir de 2017 já deverá oferecer
no mínimo 1000 h e concluir a progressão para 1.400horas no período de 5
anos.
Art. 24 § 2º: A BNC do ensino médio deverá incluir obrigatoriamente
“estudos e práticas” de educação física, arte, sociologia e filosofia.
Art. 35 em seus vários parágrafos: Flexibilização curricular, tornando a
Língua Portuguesa, Matemática e Inglês obrigatórias. A Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) será composta pelas seguintes áreas do
conhecimento: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas
tecnologias; ciências e suas tecnologias; ciências da natureza e suas
tecnologias e ciências humanas e sociais aplicadas, formação técnica e
profissional. A parte diversificada deverá se harmonizar com a BNCC e com
o contexto sócio-histórico-cultural.
Pergunta-se: por que não disciplinas? Como será estruturado e garantido o tempo
e espaço para o seu desenvolvimento no currículo escolar? Passarão a ser
desenvolvidos como os temas transversais, em momentos estanques ou
simplesmente não irão acontecer? Com a atual configuração, o trabalhador está
contemplado, ou em que medida está contemplado?
Art. 3o, § 5º: A carga horária destinada a BNCC não poderá exceder 1800
horas das 2.400 destinadas ao Ensino Médio, “de acordo com a definição
dos sistemas de ensino”.
Art. 3o, § 7o: Os currículos do Ensino Médio deverão considerar a formação
integral do aluno.
Se o sistema de ensino definir por uma carga bem menor, priorizando a formação
técnica para atender ao mercado de trabalho, prejudicando a formação básica,
isso não contraria a orientação para a formação integral prevista do Art. 3º § 7º da
referida lei?
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Esta parceria não seria para reduzir investimentos nas escolas em sua estrutura
física como laboratórios e aprofundar a política neoliberal de financiamento das
instituições privadas e do segmento industrial e\ou comercial por meio de
parcerias como no Decreto 2.208/97?
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Constata-se, pois, nas recentes mudanças propostas pela Lei 13.415/17 que,
dentre várias reformulações propostas, algumas como flexibilização curricular,
itinerários formativos, módulos, parcerias com outras instituições reforçam ainda
mais a dualidade curricular tecnicista ao fragmentar e hierarquizar o
conhecimento científico, além de atender a um modelo de educação pensado
pelas e para o mercado de trabalho, em uma perspectiva do empresariado.
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Também nesta perspectiva, Gimento Sacristán (1998) afirma que além dos
conhecimentos próprios de cada disciplina é preciso considerar também como
conteúdo habilidades específicas a serem desenvolvidas e necessárias para que
o aluno continue aprendendo ao longo da vida, ou seja, o método, os processos
de pensamento no ato de aprender, os valores relacionados ao conhecimento em
estudo, a inter-relação com a vida real, enfim, atitudes favoráveis à aprendizagem
significativa.
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Analisamos seis propagandas que foram postas nas redes de televisão abertas.
Na primeira, o destaque está para a concepção de liberdade apresentada no
texto e na condução da encenação. O professor, um dos personagens, coloca-se
amigavelmente, como um companheiro de turma, e a cena acontece com um
clima de harmonia que nos lembra “propagandas de margarina”, onde as famílias
se encontram na mesa para o café, e, sorridentes, ingerem o produto a ser
vendido. Vejamos o texto:
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Jovem 2, em uma das últimas falas: “Agora é você quem decide o seu
futuro.”
Ferreti e Silva (2017) apontam questões importantes, como por exemplo, que os
profissionais da educação foram ouvidos. Os próprios educadores trouxeram a
questão do excesso de disciplinas que acabavam se concentrando no ensino
médio, sobrecarregando o aluno. Também temos o ensino técnico, facilitado aí na
possibilidade de fazê-lo logo nessa etapa. Entretanto, levando em consideração
essa tendência neoliberal, posta aqui repetidas vezes, as inquietações desses
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Sobre as autoras
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Referências
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