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(englobando, portanto, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio), a partir da atual
legislação educacional, representa um avanço extraordinário. Para além de ações pontuais
voltadas à alfabetização de adultos, bem como da realização de exames (supletivos) com o
objetivo de atestar conhecimentos adquiridos informalmente, a EJA passou a figurar como uma
modalidade de oferta permanente, que assegura a elevação do grau de escolaridade dos
estudantes. Isso lhes possibilita a continuidade dos estudos em níveis e etapas subsequentes de
escolarização, além de aumentar as suas chances de inserção em postos de trabalho que colocam
o diploma escolar como requisito para o seu preenchimento.
[...] não receberam o apoio político nem os recursos financeiros suficientes para sua
plena realização. Além disso, seus objetivos estavam voltados para os interesses das
empresas privadas de educação. O discurso pedagógico destes cursos estava, portanto,
muito distante da perspectiva de uma educação integral presente nas concepções atual
de EJA. (p. 32).
No artigo 4º a LDB vigente reitera o dever do Estado com a educação escolar pública,
o qual deverá ser efetivado mediante a garantia de: “VII - oferta de educação escolar regular
para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e
permanência na escola.” (BRASIL, 1996).
Enquanto isso, o artigo 5º evidencia o direito público subjetivo de todos os cidadãos à
educação básica obrigatória. De modo complementar, o parágrafo 3º do artigo 87 assinala que
é dever do Distrito Federal, dos Estados e dos Município e, supletivamente, da União, “[…] II
- prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos insuficientemente escolarizados.”
(BRASIL, 1996).
Ramos e Brezinski (2014) consideram relevante destacar, no texto da LDB, a existência
de uma seção especificamente reservada à EJA (Seção V). Trata-se de um trecho especial da
Lei, contido em dois artigos em especial:
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso
ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que
não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de
vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador
na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a
educação profissional, na forma do regulamento.
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento
de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais
serão aferidos e reconhecidos mediante exames (BRASIL, 1996).
[...] como uma modalidade da Educação Básica de identidade própria, [que] deverá
adotar um modelo pedagógico próprio considerando os perfis dos educandos e suas
faixas etárias. O que implica em estabelecer processos e tempos de ensino que
considerem as particularidades desses sujeitos, suas formas de relacionar-se com o
conhecimento e de atuar e viver na sociedade. (RAMOS; BREZINSKI, 2014, p. 41,
inserção das autoras).
A Resolução nº 01/2000 (BRASIL, 2000b), por seu turno, estabelece em seu artigo 5º
que a construção de uma identidade própria da EJA deverá se pautar pelos princípios da
equidade, diferença e proporcionalidade. A consideração destes princípios, a partir de então,
torna-se condição para a formulação de diretrizes curriculares e a elaboração de uma proposta
pedagógica capaz de contemplar diferentes contextos, assim como as faixas etárias e perfis
diversificados dos estudantes. A adoção de tais princípios, conforme o documento, deveria
garantir:
O ano de 2010 também pode ser considerado um ano importante, do ponto de vista dos
marcos legais da EJA. Em maio daquele ano teve início a vigência da Resolução nº 02/2010,
do Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2010b). O referido documento tem como objeto
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a elaboração de diretrizes nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação
de privação de liberdade em estabelecimentos penais. A partir de um amplo estudo acerca da
situação em que se encontram os apenados no Brasil, o CNE conclui que os métodos
“punitivos” adotados no ambiente prisional, bem como a progressiva desumanização dos
homens e mulheres submetidos ao cárcere implicam em grave descumprimento dos preceitos
legais. O texto do Parecer CNE nº 04/2010, que fundamenta esta resolução, deixa claro o
entendimento de que:
[...] ao se abordar a educação para este público é importante ter claro que os reclusos,
embora privados de liberdade, mantêm a titularidade dos demais direitos
fundamentais, como é o caso da integridade física, psicológica e moral. O acesso ao
direito à educação lhe deve ser assegurado universalmente na perspectiva acima
delineada e em respeito às normas que o asseguram. (BRASIL, 2010a, p. 11).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dicas de leitura
HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de Jovens e Adultos.
Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 14, p. 108-194, maio/ago., 2000.
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n14/n14a07.pdf. Acesso em: 08 ago.
2019.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e
2º graus, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm. Acesso em: 03 nov. 2020.
RAMOS, Elenita Eliete de Lima; BREZINSKI, Maria Alice Sens. Legislação Educacional:
Especialização em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de
Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Florianópolis: IFSC, 2014.