Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
RIO DE JANEIRO
2023
I. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
Em 1961 com a LDB, surge uma equivalência entre o ensino técnico e o ensino
propedêutico, portanto, quem optasse pela formação no ensino profissional poderia utilizar
desta formação para ingressar em cursos superiores. Como sintetizado, o ensino propedêutico
preparava as pessoas para ingressar de fato nas universidades, enquanto a educação
profissional era especificamente preparar para o mercado de trabalho. Por exemplo, um
ensino profissional com enfoque em administração, não supriria conhecimentos como
filosofia, sociologia, artes etc.
Como dito acima, em 1996 a nova LDB configura nível técnico, que deixa de ser
obrigatório, dando direito a todos os estudantes autonomia e poder de escolha em qualquer
segmento e as escolas preparatórias para o vestibular e deixam de obrigar o direcionamento
dos estudos para uma área profissional específica. Com isso, o ensino profissional passa a ter
algumas vertentes específicas como o aperfeiçoamento profissional, cursos de qualificação
profissional, curso técnico profissional, tecnólogos profissionais e cursos de pós-graduação.
Cria-se um modelo paralelo de educação em relação ao propedêutico.
Cria-se a lei n.11.892 de 29 de dezembro de 2008, em que “institui a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia”. Isto é, por lei estes institutos têm como premissa dedicar 50% das
vagas do ensino técnico integrado ao ensino médio. Durante a formação, o estudante tem
acoplados ao currículo ensinos generalistas como as artes, a cultura, a ciência etc. Os IFs
atuam como entidade unitária e integral, dispensando a proposta de ensino mecanizado e
direcionado apenas ao mercado de trabalho. Desta forma, o estudante cria durante o seu
desenvolvimento senso crítico e reflexivo sobre si, sobre o mundo e tem a oportunidade de
escolher o caminho profissional que deseja seguir por opção e não por falta dela.
Assim, a Portaria no 649/2018 instituiu o Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio, que
trata-se de normatização para apoiar as Secretarias Estaduais de Educação (SEE) na
elaboração e execução do novo currículo que contemple tanto a formação geral da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) como os diferentes itinerários formativos. Em
conformidade com o acordo de empréstimo de US$ 250 milhões do governo brasileiro com o
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) para implementação do
Novo Ensino Médio, o valor emprestado compõem um processo de financeirização, fazendo
com que a dita reforma represente os interesses dos setores que visam impulsionar seus
negócios comerciais através da política educacional implementada. O ano de 2020 era para
ser o momento de começar a implementar o Novo Ensino Médio, segundo os parceiros
dominantes. Entretanto, o atraso do processo de discussão nos estados e a pandemia de
coronavírus foram os principais impeditivos desse processo. Esta breve contextualização
histórica é necessária pois, a partir daí, toda a execução dos trâmites finais para a
implementação do Novo Ensino Médio se deu por meios remotos, com limitada participação
das secretarias de educação e sem orientação às gestões escolares, docentes e estudantes. E
isso é importante pois o problema não é o incentivo ao Ensino Profissional no Brasil - que
muito pelo contrário, pode realmente abrir portas para muitas pessoas - mas sim a crítica a
como esse Ensino foi implementado, pois nesse processo é quase inexistente a participação e
capacitação docente para ministrar essas aulas, além de que em diversas instituições de
ensino havia falta de professores para alocação nas aulas dos itinerários.
Outro ponto interessante é que o fomento advindo de instituições privadas de ensino visam,
majoritariamente, o incentivo à apenas a formação do curso técnico daquele estudante. Um
exemplo disso, antes mesmo da Reforma, é o Programa Dupla Escola que foi oficializado em
2012 pela Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro (SEEduc-RJ), a partir de um
projeto de escolas da rede estadual com educação profissional técnica de nível médio em
parceria com empresas privadas, como o Instituto Oi Futuro e o Instituto Pão de Açúcar. À
Secretária de Educação caberia assumir as despesas e gestão em relação ao ensino médio, a
cargo das empresas privadas cabia o provimento de recursos para manter os cursos técnicos.
Para a burguesia, a educação é uma esfera a ser mantida sob seu controle, sobretudo, em vista
da produção social da força de trabalho. Afinal, uma qualificação que exceda as funções
demandadas pelas empresas se torna disfuncional para o capital, pois demanda um grau de
complexidade que desperdiçaria tempo e dinheiro para dispor de um contingente substancial
de força de trabalho; ou seja, a formação da força de trabalho deveria, a princípio, caminhar
passo a passo com a demanda das empresas. Por isso não é de se estranhar que essas
instituições privadas estejam tão interessadas em financiar esses experimentos de curso
técnico em escolas públicas. Em seguida, foi expedida a Resolução SEEDUC no 5508, em
fevereiro de 2017, que estabelecia um novo modelo de formação escolar: o Ensino Médio em
Tempo Integral com ênfase em Empreendedorismo, em parceria público-privada com o
Instituto Ayrton Senna.
O início do letivo de 2022 na rede estadual foi extremamente bagunçado, pois havia
disciplinas que não deveriam mais constar na grade horária do primeiro ano e outras
deveriam ser incluídas como obrigatórias. Pelas matrizes curriculares, todas as disciplinas
sofreram redução de carga horária obrigatória nos 3 anos de ensino médio - com exceção de
Artes, que já não havia obrigatoriedade - mantenho somente Matemática e Língua Portuguesa
como disciplinas obrigatórias neste período de tempo. Sociologia e Filosofia foram as
disciplinas com maior redução, já que foram limitadas a um ano letivo com dois tempos
semanais. Por outro lado, disciplinas como Projeto de Vida são ofertadas nos três anos
letivos. Tem sido prática recorrente de que os docentes lecionam sobre aquilo aos quais não
tiveram formação ou qualquer experiência, sobretudo nessas disciplinas novas. Por meio de
suas fundações privadas, setores dominantes continuam atuando na definição da agenda da
educação pública. Vale ressaltar que organizações da classe trabalhadora e os profissionais da
educação constantemente são relegados a uma condição subalterna, a fim de se tornarem
pouco relevantes na definição dos processos, sobretudo porque, nesse caso, colocam-se
frontalmente contrários a essa política educacional.
Em nível nacional a interpretação que podemos tirar desta análise é de que se trata de nítido
projeto educacional que os sentidos da aprendizagem sejam como uma lista de competências,
sem acesso consolidado aos saberes e aos conhecimentos sistematizados, de modo a limitar as
trajetórias escolares e profissionais dos jovens da classe trabalhadora. Continuam cobrando
no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) o mesmo nível altíssimo de conteúdo, mas
não ofertam aulas suficientes, sequer em todos os anos de ensino médio para os estudantes de
escolas públicas. Isso, sem dúvidas, acarreta em uma evasão escolar no ensino superior.
IV. Evasão profissional e superior
V. Conclusão
A evasão no ensino médio técnico está intrinsecamente ligada ao abandono da
continuidade escolar, especialmente no contexto do ensino superior. Compreender os fatores
que contribuem para esse fenômeno é crucial para desenvolver estratégias eficazes que
promovam a conclusão dos estudos e incentivem a busca por uma formação superior.