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FAVENI

FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

Gestão Escolar (Administração, Supervisão, Orientação e Inspeção) 720 Horas

DILAYNE RIBEIRO PIRES

A EDUCAÇÃO BÁSICA DO PONTO DE VISTA DA GESTÃO ESCOLAR

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP


2021
RESUMO

A gestão escolar vem ganhando espaço no contexto educacional brasileiro,


caracterizada pela participação consciente de todos os envolvidos na instituição
escolar. A gestão democrática da educação representou uma grande conquista
constitucional em 1988 por isso é indispensável destacar que a educação é um
direito de todos.
Gestão é o ato de realizar ações que conduzam a realização dos objetivos e
metas propostas. A gestão escolar engloba as incumbências que as unidades
escolares possuem como elaborar e executar a proposta pedagógica, administrar o
pessoal e os recursos materiais e financeiros. O modelo de gestão democrática e
participativa valoriza a participação da comunidade no processo de tomada de
decisão, construindo os objetivos de forma coletiva. Existem elementos
fundamentais no desenvolvimento de uma gestão democrática, como por exemplo, o
Conselho Escolar e o Projeto Político Pedagógico. O Conselho Escolar é um órgão
deliberativo responsável pela tomada de decisão no âmbito escolar. O Projeto
Político Pedagógico define os caminhos a seguir e como alcançá-los. O gestor
escolar é o responsável pela instituição escolar, pelas ações e pelos profissionais
dela. Na gestão democrática o gestor continua sendo o principal responsável pela
escola, no entanto, ele divide suas responsabilidades com a comunidade,
professores, coordenadores e supervisores. Foi realizado um estudo de caso com o
objetivo de verificar a existência de fatores que influenciam no processo de gestão
escolar em escolas de educação básica.

Palavras-Chave: Escola Pública; Organização Administrativa; Gestão Escolar


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. A EDUCAÇÃO

1.1 A EDUCAÇÃO NO BRASI

2. GESTÃO ESCOLAR E SEUS CONCEITOS

2.1 Gestão escolar democrática e participativa

2.2 Principais desafios e dificuldades de implementação da gestão democrática e


participativa na escola

3. CONSELHO ESCOLAR

4. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP)

5. EQUIPE GESTORA

5.1 O diretor

5.2 O coordenador pedagógico

5.3 O supervisor escolar

6. O PAPEL DO PROFESSOR NA GESTÃO DA ESCOLA

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO

As transformações ocorridas na sociedade afetam diretamente o campo


educacional provocando mudanças profundas nas concepções de administração e
gestão escolar. Essas mudanças interferem na organização da escola
contemporânea que precisa estar voltada para as novas realidades. O papel da
educação básica vem sendo modificado ao longo dos anos e por isso faz se
necessário análises sobre as suas atribuições, normas e regulamentos
estabelecidos em cada contexto escolar. Como instituição social, a escola possui
objetivos e metas com características interativa e de integração, buscando reunir
pessoas, processos e resultados que interagem entre si. Além de ser dotada de uma
realidade objetiva, técnica e política que funciona de forma racional e que pode ser
organizada e controlada com o intuito de alcançar níveis de excelência e eficácia no
contexto organizacional (LIBÂNEO, 2001, p.404). A escola é uma organização social
de natureza pública ou privada regulamentada pela política pública de educação. A
determinação da política pública de educação brasileira está contida na sua
Constituição Federal (1988).
Esse artigo complementa o teor do direito constitucional anteriormente
exposto, sobre o compartilhamento do Estado com outros organismos (a família e a
sociedade civil) para execução da política pública de educação.
Na sociedade atual em que nos encontramos, onde tudo acontece de forma
muito acelerada, onde os resultados precisam ser quase que imediatos, onde muitas
das responsabilidades das instituições familiares acabam sendo transferidas para a
escola, é preciso que se tenha um olhar muito atento para esta área de atuação e
principalmente para o bom desenvolvimento da mesma. Criticar, fazer apontamentos
e cobrar se torna muito fácil para quem está de fora. Integrar a equipe de gestão de
uma escola exige muita determinação e qualificação. Para além de cumprir com
suas funções é preciso que se tenha um bom relacionamento com o todo da equipe,
bem como com toda a comunidade escolar.

1. A EDUCAÇÃO
A educação é um processo coletivo que vem sendo construído ao longo dos
anos, permitindo que os homens criem padrões de comportamento, assimilem e
compartilhem novos conhecimentos. A partir das relações que estabelecem entre si,
os homens criam padrões de comportamento, instituições e saberes, cujo
aperfeiçoamento é feito pelas gerações sucessivas, o que lhes permite assimilar e
modificar os modelos valorizados em uma determinada cultura.
É a educação, portanto, que mantém viva a memória de um povo e dá
condições para a sua sobrevivência. Por isso dizemos que a educação é uma
instância mediadora que torna possível a reciprocidade entre indivíduo e sociedade.
(ARANHA, 2005, p.15)
No Brasil este processo coletivo iniciou-se já na colonização do Brasil por
Portugal através dos jesuítas que, além dos costumes e religiosidade pertencentes à
cultura europeia, trouxeram também os métodos pedagógicos que deram início ao
sistema educacional brasileiro.
A história da educação no Brasil passou por rupturas marcantes, rupturas
estas que influem até hoje no processo educacional brasileiro. Pode-se dividir a
educação brasileira em três fases principais: educação colonial, educação
republicana e educação contemporânea.
Em março de 1549 quando os primeiros padres jesuítas chegaram no Brasil
interromperam a primeira forma de educação existente, a indígena. Apenas quinze
dias após a chegada ao território brasileiro já construíram, em Salvador, a primeira
escola elementar brasileira. Liderados inicialmente por padre Manoel de Nóbrega, os
jesuítas foram os únicos educadores do Brasil durante 210 anos, de 1549 a 1759,
sendo que este modelo de educação deixou marcas profundas na cultura do Brasil.
Dando início à educação colonial. O modelo de ensino praticado no período jesuítico
começou a produzir uma desigualdade educacional e social, sendo que está se
mantém até os dias de hoje, onde geralmente pessoas que possuem melhores
condições sociais e financeiras tem acesso a um sistema educacional mais
estruturado e de melhor qualidade.
Após a expulsão dos jesuítas a educação passou por um período onde foi
reduzida a praticamente nada, pois de 1760 a 1808 a educação foi praticada por
professores mal pagos e sem preparação, sendo que o sistema jesuítico foi desfeito,
porém nada foi organizado para substituí-lo.
Em seguida, de 1808 a 1821, mesmo com a vinda da família real para o
Brasil, a educação continuou a ter uma importância secundária e até a Proclamação
da República em 1889 o sistema educacional brasileiro continuou abandonado.
Na primeira república, que compreende o período de 1889 a 1929, houve a
intenção de substituir a predominância literária pela científica através da filosofia
positivista, porém este método foi mal interpretado pelo excesso de liberdade e mais
uma vez a educação brasileira saiu prejudicada. Na segunda república 1930 a 1936,
devido a Revolução de 30, o Brasil começa a necessitar de mão-de-obra
especializada e por isso inicia o pensamento de se investir na educação.
A educação contemporânea passou por momentos de retrocessos, como por
exemplo, o golpe militar de 1964, onde muitos professores e estudantes foram
presos e feridos, o que fez com que a educação passasse a ter um caráter muito
mais político que pedagógico. Que a intenção da ditadura em ‘educar’ politicamente
a juventude se revela no decreto-lei baixado pela Junta Militar em 1969, que torna o
ensino de Educação Moral e Cívica obrigatório nas escolas em todos os graus e
modalidade de ensino. No final do grau médio a denominação muda para
Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e no curso superior, para Estudos
de Problemas Brasileiros (EPB). Nas propostas curriculares do governo transparece
o caráter ideológico e manipulador dessas disciplinas. (ARANHA, 2005, p. 211)
Após o período militar e com a nova Constituição, um Projeto de Lei para a
nova Lei de Diretrizes e Bases é enviado à Câmara e em 1996 um novo projeto para
lei finalmente é aprovado, sendo neste período executados muitos projetos a favor
da educação.
A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) é a principal referência legal na medida em que estabelece os
princípios e finalidades da educação nacional.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é, sem dúvida
nenhuma, um grande marco para a educação contemporânea à medida que
promove a universalização do ensino. Nela está garantida a educação de qualidade
para todos, sendo um dever do Estado oferecê-la com igualdade a todos os
cidadãos independente de origem, raça ou religião. A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL,2008)
De acordo com o artigo 8° da Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996a) é de competência
da União a coordenação da política nacional de educação, onde ela exerce a função
normativa articulando assim os diferentes níveis e sistemas. Em nível federal os
órgãos responsáveis pela educação são o Ministério da Educação (MEC) e o
Conselho Nacional de Educação. Em nível estadual os responsáveis são a
Secretaria Estadual de Educação (SEE), o Conselho Estadual de Educação (CEE) e
a Diretoria Regional de Educação (DRE).
Conforme o artigo 21 da Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996a) a educação escolar
brasileira compõe-se da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e
educação superior. Além das modalidades de ensino anteriormente citadas existem
as demais:
a) educação de jovens e adultos;
b) educação profissional ou técnica;
c) educação especial;
d) educação à distância (EAD).

2. GESTÃO ESCOLAR E SEUS CONCEITOS

O termo gestão relaciona-se com administração, ou seja, administrar uma


organização conduzindo-a para a concretização de objetivos. Segundo Maximiano
(2007), administrar é um trabalho em que as pessoas buscam realizar seus objetivos
próprios ou de terceiros com a finalidade de alcançar as metas traçadas. Dessas
metas fazem parte as decisões que formam a base do ato de administrar e que são
as mais necessárias. Ainda de acordo com Maximiano (2007), o planejamento, a
organização, a liderança, a execução e o controle são considerados decisões e
funções, sem as quais o ato de administrar estaria incompleto. A administração é
uma das formas de gestão, pois define metas e quais recursos serão necessários
para alcançá-las envolvendo e organizando os colaboradores para o alcance destas
metas, além de a realização das atividades corrigindo-as quando necessário.
Gestão é o ato de gerir, ou seja, realizar ações que conduzam à realização
dos objetivos e metas propostas. O termo gestão deriva do latim gestione e significa
gerir, gerência, administração. Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar
recursos, visando atingir determinado objetivo. Gerir é fazer as coisas acontecerem
e conduzir a organização para seus objetivos. Portanto, gestão é o ato de conduzir
para a obtenção dos resultados desejados. (OLIVEIRA; PEREZ JR.; SILVA, 2002,
p.136)
A gestão escolar engloba as incumbências que as unidades escolares
possuem, tais como: elaborar e executar a proposta pedagógica, administrar o
pessoal e os recursos materiais e financeiros. A gestão escolar constitui uma das
áreas de atuação profissional na educação destinada a realizar o planejamento, a
organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o
monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efetividade das ações
educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos.
(LUCK, 2009, p.23) A gestão educacional não surgiu para substituir a administração
escolar e sim para complementá-la em aspectos até então não contemplados. O
conceito de gestão educacional, portanto, pressupõe um entendimento diferente da
realidade, dos elementos envolvidos em uma ação e das próprias pessoas em seu
contexto; abrange uma série de concepções, tendo como foco a interatividade
social, não considerada pelo conceito de administração, e, portanto, superando a.
(LUCK, 2007, p.55)
No Brasil, a gestão educacional é determinada por orientações previstas na
Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996a), onde a mesma menciona o modelo democrático e
participativo da administração escolar, modelo este que caracteriza a gestão
educacional. O processo de gestão nas instituições de ensino precisa ser global,
sendo de responsabilidade de toda comunidade escolar. Participam deste processo
o diretor de escola, o coordenador pedagógico, o supervisor de ensino, os
professores e todos os demais funcionários, além da família que tem um papel
importante e fundamental neste processo. A gestão escolar tem que ser construída
coletivamente, não pode ser fragmentada e sim participativa e democrática.
A gestão escolar tem como objetivo propiciar aos estabelecimentos escolares
uma administração eficiente, de acordo com Luck (2007), a gestão escolar
evidencia-se na literatura a partir dos anos 90, sendo reconhecida como base
fundamental para a organização significativa e estabelecimento dos processos
educacionais e mobilização de pessoas voltadas para o desenvolvimento e melhoria
da qualidade de ensino que oferecem.
A gestão da educação acontece e se desenvolve em todos os âmbitos da
escola, inclusive e fundamentalmente, na sala de aula, onde se objetiva o projeto
político pedagógico não só como desenvolvimento do planejado, mas como fonte
privilegiada de novos subsídios para novas tomadas de decisões para o
estabelecimento de novas políticas. (CATANI et al, 2009, p.309)

2.1 GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA

A administração da educação é vinculada aos princípios administrativos


empresariais, devido a sua característica de sociedade capitalista, na qual os
interesses do capital são presenças constantes nas metas e nos objetivos das
organizações que devem se adequar ao formato impostos pela sociedade. Assim, o
gestor escolar tem por função básica organizar e administrar, no sentido de que, “na
sociedade dominada pelo capital, as regras capitalistas vigentes na estrutura
econômica tendem a se propagar por toda a sociedade, perpassando as diversas
instâncias do campo social” (PARO, 1990, p. 48). A administração da educação,
vista como um contíguo de decisões de interesse da vida escolar, precisa de uma
nova aparência quanto a sua estruturação, no sentido de não se voltar para
processos centralizadores, fragmentados, burocráticos que acabam por corroborar
com o controle do capitalismo, e se abrir para decisões ancoradas na articulação
dos interesses e das percepções dos vários segmentos sociais. Por isso, a
conquista da cidadania requer um esforço dos educadores em estimular instâncias e
práticas de participação popular. A participação da comunidade possibilita o
conhecimento, a avaliação dos serviços oferecidos e a intervenção organizada na
vida da escola, podendo influenciar na democratização da gestão e na melhoria da
qualidade de ensino (LIBÂNEO, 2001). Esse movimento significou uma maior
participação no que se refere às escolhas e caminhos consolidados para efetivação
da proposta educacional das instituições de ensino, bem como das especificidades
que são resultantes em prol de uma maior autonomia das escolas. Porém, a
consolidação das lutas em defesa da participação de um maior número de pessoas
nos processos decisórios que se faziam presentes no país em relação à educação,
deuse no ano de 1996, com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB), n. 9394/96. Parte dessas lutas acabou tendo como resultado, algumas
discussões que contemplavam a organização do trabalho a ser desenvolvido pelas
instituições de ensino no que se refere aos objetivos que devem estar presentes no
Projeto Político Pedagógico da escola, como a referência para o alinhamento das
ações coletivas a serem desenvolvidas na escola.
A autonomia por parte das instituições de ensino nos processos decisórios
que competem a diferentes sujeitos presentes nesse espaço deve-se dar de forma
espontânea e coletiva, de modo que a escola possa lidar com o oferecimento de
práticas democráticas na instituição. Para Freire (1999), a autonomia necessária às
instituições de ensino nos processos decisórios, requer por parte de todos os
envolvidos, um princípio de criatividade e de colaboração, para se consolidar
diferentes caminhos que poderão ser trilhados pela instituição. Para tanto, o diálogo
entre os sujeitos envolvidos nesse processo torna-se imprescindível na medida em
que possibilita sua intervenção nas ações que serão desenvolvidas nas instituições
de ensino.

2.2 PRINCIPAIS DESAFIOS E DIFICULDADES DE IMPLEMENTAÇÃO DA


GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NA ESCOLA

A consolidação de uma gestão democrática na escola não ocorre de forma


automática ou espontânea. A dinâmica das relações de poder interfere no avanço do
processo, sendo preciso um esforço coletivo e direcionado para as decisões
coletivas, que superem os interesses individuais. Segundo Paro (1990), a gestão
democrática da educação requer mais do que mudanças simples, precisa de uma
mudança de paradigmas que sustentam a construção de uma proposta educacional
e o desenvolvimento de uma gestão distinta da que é praticada nos dias de hoje em
muitas instituições. Ela necessita estar além dos padrões vigentes, que são
desenvolvidos pelas organizações burocratizadas. O intuito é que toda a prática
seja consolidada através de ações embasadas na parceria dos sujeitos no interior da
escola, bem como da instituição escolar com a família e a comunidade como um
todo, visando realizar princípios e missão adotados pela escola, dentro de uma
atuação de prudência, porque “o PPP é a própria organização do trabalho
pedagógico da escola” (VEIGA, 2004, p. 22).
Compreende-se a partir do exposto, que a Lei garante a relevância da
participação significativa de professores das diferentes áreas, bem como da gestão
escolar nos processos decisórios que perpassam o âmago das instituições de
ensino. Deste modo, a referida Lei ainda enfatiza a participação na elaboração, no
cumprimento diário dos planos e metas apontados no projeto implementado na
instituição. A qualidade da construção final do projeto será resultado e reflexo da
atuação ativa de uma instituição pautada em um trabalho de gestão democrática.
Porém, a gestão da maioria das escolas nos processos de elaboração e
implementação de práticas democráticas nos diferentes espaços, vivência
dificuldades, e uma delas diz respeito à pouca participação efetiva dos demais
profissionais, no trabalho coletivo com a gestão escolar.
Desta maneira, se parte do entendimento de que a gestão democrática é uma
necessidade, e que para existir deve haver diálogo entre funcionários, professores,
gestores, alunos e familiares, enfim, todos aqueles que participam da instituição
escolar, no sentido de que se possam estabelecer parâmetros para a melhor
execução do trabalho pedagógico na escola.

3. CONSELHO ESCOLAR

O conselho escolar é composto por pais, professores, funcionários, alunos e


a comunidade em geral. É um órgão deliberativo responsável pela tomada de
decisão de questões no âmbito escolar, sendo um instrumento de democratização
da escola.
As atribuições do Conselho Escolar dependem das diretrizes do sistema de
ensino e das definições das comunidades local e escolar. O importante é não perder
de vista que o Regimento, a ser construído coletivamente na escola, constitui a
referência legal básica para o funcionamento da unidade escolar e, desse modo, é
fundamental que a instituição educativa tenha autonomia para elaborar seu próprio
regimento. Dentre as principais atribuições do Conselho destacamos a sua função
de coordenação do coletivo da escola e a criação de mecanismos de participação.
(BRASIL, 2004, p.45)
O conselho escolar ser um instrumento de democratização da escola também
auxilia na aprendizagem da função política da educação à medida que os alunos se
organizam para formar os grêmios estudantis que também possuem poder decisório
dentro da unidade escolar.
Os Conselhos escolares tornam-se, neste contexto, instrumentos importantes
para a desejada prática democrática. A escolha democrática dos dirigentes
escolares e a consolidação da autonomia das escolas alinham-se aos colegiados
com a finalidade de desvendar os espaços de contradição gerados pelas novas
formas de articulação dos interesses sociais. A partir do conhecimento destes
espaços, certamente presentes no cotidiano da vida escolar e das comunidades, é
que será possível ter os elementos para a proposição e construção de um projeto
inclusivo. (AZEVEDO; GRACINDO, 2005, p.34)
Os Conselhos escolares são órgãos de democratização das escolas à medida
que representam as opiniões e sugestões da comunidade e, com isso, dividem as
responsabilidades com os gestores escolares sobre decisões pertinentes à escola
tornando-se assim um elemento fundamental para uma gestão participativa e
democrática.

4. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP)

A proposta pedagógica representa a escola, ou seja, é a identidade da


instituição de ensino. Define os objetivos e quais caminhos seguir para alcançá-los.
Deve ser fruto de todos os participantes da comunidade escolar, isto é, deve ser
formulado pelo diretor, coordenador, professores, funcionários da unidade escolar,
pais e alunos.
O Projeto Político Pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser
entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento
participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada, que define claramente o
tipo de ação educativa que se quer realizar a partir de um posicionamento quanto à
sua intencionalidade e de uma leitura da realidade. (VASCONCELOS, 2009, p.17)
O principal objetivo do PPP é democratizar a escola, definindo sua identidade
baseado no perfil de todos que participam das atividades da escola e na
comunidade a sua volta. Orienta os profissionais da escola e as famílias a como
concretizar as ações previstas na proposta pedagógica.
Através do projeto político pedagógico a escola busca um ideal a alcançar de
uma forma planejada o que proporciona resultados mais eficientes e seguros, ou
seja, é um conjunto de princípios que norteiam a elaboração e execução do
planejamento e que implica que este planejamento seja realizado em todas as
atividades escolares e após a execução das ações previstas haja a avaliação do
processo e mudança caso seja necessário. O PPP é uma obrigação legal descrita
na Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996a), no inciso I do art.12 que estabelece que os
estabelecimentos de ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua
proposta pedagógica.
O PPP é um instrumento de transformação da realidade, envolve tudo que
estiver relacionado com o processo de ensino-aprendizagem dentro e fora da
escola, sendo necessário que o mesmo esteja comprometido com as necessidades
culturais e sociais da comunidade e fazendo com que a mesma se sinta parte na
elaboração e nas ações desenvolvidas e não apenas produto destas ações.

5. EQUIPE GESTORA

A equipe gestora é composta pelo diretor, coordenador pedagógico e


supervisor escolar. Precisa agir em conjunto, de forma bem estruturada, pois para
que a escola alcance bons resultados faz-se necessário um trabalho cooperativo
bem realizado. Conforme Andrade (2004), para organizar melhor o seu trabalho e a
escola, o gestor e sua equipe poderão começar classificando as questões mais
desafiadoras da eficácia do processo de mudança rumo ao crescimento
organizacional. Para que haja uma gestão democrática verdadeira cada membro da
equipe gestora deve realizar suas funções de forma crítica posicionando-se de
acordo com suas concepções e discutindo novas posturas sempre que necessário.
A possibilidade da gestão democrática na/da escola exige do diretor e da equipe
diretiva da escola retomar a especificidade da administração da educação escolar,
vinculada à natureza da educação, observando três princípios norteadores da nova
organização do trabalho pedagógico e da administração escolar: projeto político-
pedagógico curricular da escola; trabalho coletivo dos atores da escola;
conhecimento da ciência pedagógica. (RIBEIRO; MENIN, 2005, p.67) Ainda de
acordo com Menin e Ribeiro (2005), no processo de gestão democrática
participativa, o diretor e o coordenador pedagógico da escola tem papéis
fundamentais, para que a escola cumpra seu papel atingindo seus objetivos. A
equipe gestora deve trabalhar vinculada à comunidade e às necessidades de
ensino-aprendizagem dos alunos. Cada membro da equipe gestora possui
atribuições diferenciadas, porém estas atribuições devem ser cumpridas de forma
coordenada a fim de atingir as metas propostas. O diretor e o coordenador
pedagógico, geralmente, estão todos os dias na escola e, portanto, possuem um
contato direto com os alunos, os professores e os demais funcionários da escola. Já
o supervisor escolar tem a responsabilidade de cuidar da formação dos gestores,
auxiliando os diretores e coordenadores, informando a Secretaria de Educação das
necessidades destes gestores

5.1 O diretor

A direção é a responsável principal pela gestão da escola. Compete a ela


coordenar as demais áreas da escola, sendo a principal articuladora para o
desenvolvimento de uma gestão democrática dentro da escola. Conforme
Vasconcelos (2009), a direção tem por função ser o grande elo integrador dos vários
segmentos – internos e externos – da escola, cuidando da gestão das atividades,
para que venham a acontecer e a contento (o que significa dizer, de acordo com o
projeto).
O diretor deve ser um indivíduo motivador no ambiente escolar, além de ser o
responsável por liderar, gerenciar e articular o trabalho dos funcionários da escola. A
direção é um atributo da gestão, mediante à qual é canalizado o trabalho conjunto
das pessoas, orientando-as e integrando-as no rumo dos objetivos. A direção põe
em ação o processo de tomada de decisões na organização e coordena os trabalhos
de modo que sejam executados da melhor maneira. (RIBEIRO; MENIN, 2005, p.67
O diretor deve valorizar o trabalho coletivo, respeitando e incentivando as
contribuições, sugestões e ideias de todos os que fazem parte da comunidade
escolar. “Portanto, a grande tarefa da direção, numa perspectiva democrática, é
fazer a escola funcionar pautada num projeto coletivo”. (VASCONCELOS, 2009,
p.61)

5.2 O coordenador pedagógico

O coordenador pedagógico é o profissional responsável pela formação dos


professores, além de auxiliar o diretor na gestão escolar e relacionamento com os
pais e a comunidade. O coordenador pedagógico deve ser o especialista nas
diversas didáticas e o parceiro mais experiente do professor. É ele quem responde
por esse trabalho junto ao diretor, formando assim uma relação de parceria – e
cumplicidade – para transformar a escola num espaço de aprendizagem. O que
ocorre em muitos casos é que, sem formação adequada, ele acaba assumindo
funções administrativas – e a formação permanente fica em segundo plano ou
desaparece.
Poderíamos dizer que a coordenação pedagógica é articuladora do Projeto
Político-Pedagógico da instituição no campo pedagógico, organizando a reflexão, a
participação e os meios para a concretização do mesmo, de tal forma que a escola
possa cumprir sua tarefa de propiciar que todos alunos aprendam e se desenvolvam
como seres humanos plenos, partindo do pressuposto de que todos tem direito e
são capazes de aprender. (VASCONCELOS, 2009, p.87) O profissional que exerce
a função de coordenador pedagógico tem papel fundamental dentro de uma gestão
democrática e participativa à medida que muitas vezes faz a ligação entre as
necessidades dos professores e alunos com a direção.
O coordenador pedagógico tem o papel, assim como o diretor, de construir
uma gestão democrática e participativa dentro da escola, incentivando a participação
dos professores, funcionários e da comunidade a participarem das ações
desenvolvidas no ambiente, integrando, assim, todos os envolvidos no processo
ensino aprendizagem.

5.3 Supervisor escolar

O supervisor de ensino é o representante da Secretaria de Educação que dá


apoio técnico, administrativo e pedagógico às escolas. As redes mais bem
estruturadas dispõem de uma equipe de supervisores que divide responsabilidades
e se articula para fazer a orientação dos diretores e apoiá-los nas questões do dia a
dia, formar os coordenadores pedagógicos e os professores e garantir a
implementação das políticas públicas, que são as orientações oficiais que dão
unidade a rede. Conforme Silva Júnior; Rangel (1997), em seu início a Supervisão
Escolar foi praticada no Brasil em condições que produziam o ofuscamento e não a
elaboração da vontade do supervisor. E esse era, exatamente, o objetivo pretendido
com a supervisão que se introduzia.
Conforme Rangel (2001), o supervisor escolar faz parte do corpo de
professores e tem sua especificidade do seu trabalho, caracterizado pela
coordenação das atividades didáticas e curriculares e a promoção e o estímulo de
oportunidades coletivas de estudo. Em uma ótica democrática e participativa, o
supervisor escolar não funciona apenas como formador e mediador, mas deve
trabalhar de forma articulada com diretores e coordenadores, sendo que todos os
membros da equipe gestora devem cumprir suas tarefas interagindo com as demais
áreas. No processo de gestão democrática e participativa faz-se necessário um
trabalho conjunto que almeje um único plano, onde todos caminhem na mesma
direção, onde a aprendizagem dos alunos seja a meta principal a ser alcançada.

6. O PAPEL DO PROFESSOR NA GESTÃO DA ESCOLA

O professor tem papel determinante na gestão democrática e participativa da


escola. Ele é o profissional que está em contato direto com os alunos e o indivíduo
que representa a postura da escola diante dos pais, por isso é um grande agente de
mudanças podendo estreitar o contato da comunidade com a escola.
O gestor educacional deve, sobretudo, valorizar a atividade do professor
dentro da escola, abrindo espaços para sua autonomia e incentivando que o mesmo
participe ativamente do planejamento escolar com propostas, sugestões e
levantamento de questões que, muitas vezes, só ele é capaz de visualizar devido
sua prática na sala de aula. Deve mobilizar o professor para que realize suas
atividades com responsabilidade e prazer, sabendo que faz diferença dentro da
equipe, o que certamente contribui positivamente em sua ação educativa no dia a
dia. O educador é, sem dúvida, o elemento fundamental da comunidade educativa,
pois desempenha a função de formar a alma do educando. Em função disso, não
pode limitar-se a um mero transmissor de conhecimento ou ser apenas alguém que
faz de educação um meio de ganhar a vida. Antes disso o educador deve irradiar
entusiasmo, vibrando com a ação educativa. (MARTINS, 1999, p.136)
Para que o professor participe ativamente da gestão da escola faz-se
necessário uma formação constante, pois esta favorece uma vontade e um desejo
de mudança e de transformação do ambiente escolar e de todos que fazem parte
dele. A Lei n° 9.394 (BRASIL, 1996a), em seu artigo 13 cita as seguintes atribuições
dos docentes:
I – Participar da elaboração da proposta pedagógica de estabelecimento de
ensino;
II – Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III – zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV – Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento;
V – Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI – Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade.
Os professores são agentes de mudança e transformação o que os
transforma em peças fundamentais para difundir esta nova visão de gestão da
educação.

CONCLUSÃO

O estudo realizado demonstrou que a gestão participativa é uma opção para


as escolas envolverem a comunidade e todos os funcionários, o que certamente
auxiliará para atingir o objetivo principal da escola que é um ensino aprendizagem
de qualidade. Os autores usados como referência ao longo do trabalho destacaram
a gestão democrática e participativa como sendo um instrumento de mudança e
transformação de professores, funcionários, pais, alunos, comunidade e
principalmente à equipe gestora que para realizar uma verdadeira gestão
democrática e participativa deve romper com práticas com autoritarismo,
individualismo, centralização de tarefas e passar a ser um gestor que reforça o
trabalho em equipe, delega tarefas, confia na equipe e divide a tarefa da tomada de
decisões com todos os agentes da comunidade escolar. Através da pesquisa
bibliográfica houve o aprofundamento sobre o tema e o despertar para conceitos
ainda desconhecidos e a reflexão sobre a importância dos mesmos na prática dos
profissionais envolvidos na educação. Buscou-se trabalhar no capítulo I o contexto
histórico pelo qual passou, e no qual se encontra a educação brasileira, ficando
evidente que a educação é um processo que evolui constantemente e que a forma
como se iniciou este processo no Brasil influiu na educação que se pratica
atualmente no Brasil. O estudo de caso, baseado em uma pesquisa de campo onde
foram aplicados questionários nos sujeitos da pesquisa permitiu a visualização da
relação dos estudos teóricos com a prática desenvolvida nas escolas. Diante da
realização da pesquisa, a pergunta problema foi respondida e foi registrado como
fatores que influenciam no processo de gestão os seguintes: a falta de
conhecimento da comunidade e até mesmo de alguns funcionários sobre o que é
verdadeiramente uma gestão democrática e participativa, o que dificulta a realização
da mesma na escola e a dificuldade com que todos cheguem a um consenso a
respeito das decisões a serem tomadas, pois muitas vezes não aceitam opiniões
contrárias às suas. No entanto, existem atitudes positivas que também influenciam
diretamente no processo de gestão, como, por exemplo, um gestor que confia,
acredita e delega à sua equipe, isso faz com que todos se sintam parte da escola e
trabalhem mais motivados e em torno de um objetivo comum: uma educação com
qualidade para todos

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