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Universidade Federal de São João del-Rey

Núcleo de Educação à Distância

Curso: Graduação à Distância em Filosofia

Aluno: Paulo Roberto de Oliveira Fonseca

Matrícula: 188300104

Título: Prova – Disciplina: Políticas e Organização da Educação Brasileira

Junho 2020

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Políticas para a Organização da Educação Brasileira
1827 - 2020
Uma análise crítica

A Lei de 15 de Outubro de 1827 de mais importante determinou a alfabetização


nos primeiros anos do ensino fundamental e a gratuidade dessa etapa do
ensino. Tornava-se imprescindível o “letramento” da população para atender
aos anseios de uma república incipiente, afinal uma república sem a
participação do povo seria um engodo aos olhos da opinião mundial. A
formação exigida aos professores não ultrapassava o curso normal com
especialização no magistério.
Após mais de um século e meio, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
chega para modernizar a educação no país. Modernizar no sentido de atender
às necessidades do mercado empregador, já que apenas o “letramento” já há
muito não atendia às necessidades do setor.
Importantes avanços são registrados nesta lei. Agora o foco passa a ser o
ensino médio, o ensino médio profissionalizante e o ensino superior. Além
disso, a educação especial e a educação indígena também são contempladas
com sua normatização. Ficou determinada a criação do piso salarial nacional
desobedecido em várias unidades da federação. Os professores são
estimulados a buscar sua graduação, ou pós-graduação a fim de estarem
capacitados, academicamente, para as práticas didático-educacionais.
O ensino fundamental tão valorizado em 1827 cumpriu o seu papel de formador
de “cidadãos especiais” com direito a decidir o futuro de toda uma nação em
formação. A administração das províncias, posteriormente estados da
federação, era dada aos influentes proprietários de terras que, galgando cargos
no legislativo e no executivo, insistem no “letramento” da população ignorante.
Com a chegada das primeiras indústrias, cresce a necessidade da mão de obra
alfabetizada. Esta ocupa os cargos operacionais, enquanto a elite, graduada
muitas vezes no exterior, ocupa os cargos gerenciais.
Em 1996, tardiamente, o governo brasileiro atenta para a necessidade de
especialização da mão de obra. O mundo desenvolvido, já na era tecnológica,
deixava mais uma vez claro para o Brasil que deveríamos formar novos

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consumidores. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 chega para
promover mudanças para atender essa demanda. O acesso a cursos técnicos,
aos cursos de graduação, à educação para todas as faixas etárias e até a
facilitação à pesquisa passou a ser facilitado, mas com o viés político e não
com o viés ideológico.
O resultado parece claro. Não há hoje no Brasil, no início do século XXI,
políticas claras, práticas e eficientes para resolver toda a cadeia educacional –
dos primeiros anos do ensino fundamental a pelo menos a graduação. O
ensino fundamental ficou entregue às intuições dos graduados pelo Estado
logo após a instituição da LDB. O ensino médio entregue às ideologias
individuais e aos cursos autônomos de especialização como Psicopedagogia
buscados pela iniciativa dos professores mais bem intencionados. Já o curso
superior sobrevivendo ao sucateamento a que foi destinado.
Não basta instituir leis, mas criar condições para que elas efetivamente sejam
instituídas, acompanhadas, estimuladas, corrigidas e ampliadas.

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